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1 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Aula 4 – Tributo Professora Eveline Lima CONCEITO CTN – Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. a) Contribuição pecuniária: é uma prestação paga em dinheiro. Nenhum tributo é pago em dias de serviço, trabalho ou gêneros alimentícios. Se o indivíduo produz arroz, é necessário vender o arroz, transformando-o em dinheiro para, então, pagar o tributo. Não há direito subjetivo ao pagamento in natura (com bens) ou in labore (com trabalho). b) Prestação compulsória (obrigatória): não é possível discutir se quer, ou não, pagar o tributo. O tributo é uma imposição da lei, independentemente da vontade do indivíduo (contribuinte). TRIBUTO Por esta razão, uma criança de dois meses de idade, se registrada, terá capacidade tributária, embora não tenha capacidade civil c) Prestação que não constitui sanção da ato ilícito: tributo não é penalidade, pois sempre decorre de atividades lícitas, portanto, não é possível instituir ICMS, por exemplo, sobre a circulação de cocaína (atividade ilícita). Por outro lado, se o indivíduo ganha dinheiro decorrente da venda desta droga ou no jogo do bicho, por exemplo, terá que pagar Imposto de Renda. Diferença • No primeiro caso, a tributação recai sobre a atividade ilícita • No segundo caso, a tributação recai sobre o dinheiro ganho, sobre o produto da venda. Com isto, o Estado não está sendo convivente com crime e obtendo recursos de uma atividade que ele mesmo proíbe, mas deixando de conceder uma imunidade ao criminoso e sendo justo com aquele que trabalha honestamente. EXEMPLO: A este respeito, veja-se o HC 77.530-4/RS ���� o STF julgou um caso de tráfico ilícito de entorpecentes e entendeu que, antes de ser agressiva à moralidade, a tributação do resultado econômico de atividades desta natureza decorre do princípio da isonomia fiscal, de clara inspiração ética. ⇩⇩⇩⇩ Esta possibilidade é conhecida na doutrina como “PRINCÍPIO DO PECUNIA NON OLET” (dinheiro não cheira) PROIBIÇÃO DE TRIBUTO COM CARÁTER DE SANÇÃO X PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO EFEITO DE CONFISCO Art. 5°, XLVI, “b”, CF ���� admite a pena de perda de bens, logo, é uma autorização formal para confisco, mas somente como punição. Tributo não pode configurar sanção por ato ilícito e o confisco só é admitido como pena ⇔⇔⇔⇔ logo, o tributo não pode ter caráter confiscatório. FONTE: ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 6. ed. São Paulo: Método, 2012, p. 12. d) Prestação instituída em lei: não pode ser obrigação decorrente de contrato. Não há tributo sem LEI anterior que o defina e especifique como será cobrado. ⇩⇩⇩⇩ Lei complementar ou ordinária ou ato normativo de igual força (Medida Provisória) Isto decorre do princípio democrático: a lei é aprovada pelos representantes do povo, portanto, o povo só paga os tributos que aceitou pagar. OBSERVAÇÃO: uma pessoa paga IR + multa pelo atraso na entrega da Declaração do Imposto ���� são duas coisas distintas: o tributo (Imposto de Renda) e a sanção (multa pela ilicitude, pelo ato contrário à lei: atraso na entrega da declaração). e) Cobrança mediante atividade administrativa plenamente vinculada: o administrador público somente pode cobrar o tributo na forma que está prevista na legislação, ou seja, ele está vinculado aos termos da lei. Não há margem para discricionariedade da autoridade fiscal. FUNÇÕES a) Fiscal: objetiva arrecadar receita para os cofres públicos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), ou seja, a exação (tributo) é instituída com o fim de prover o Estado dos meios necessários ao desempenho de sua atividade de atender ao bem comum, às necessidades coletivas. A finalidade fiscal não exclui a finalidade extrafiscal, embora esta seja secundária. Exemplo: o IR é um tributo fiscal, mas possui alíquotas progressivas que variam de acordo com a renda do contribuinte, o que representa um efeito social interessante, pois quem ganha pouco não paga nada (é isento) e quem ganha muito contribui sob uma alíquota de 27,5%. 2 A função principal do IR é fiscal (arrecadar), mas tem uma função extrafiscal embutida, pois redistribui a renda, haja vista que parte da arrecadação é utilizada para prestar serviços públicos (educação e saúde, por exemplo) e, em regra, quem utiliza estes serviços são pessoas isentas (que não pagam IR), pois aquelas que possuem maior renda, normalmente, custeiam educação particular e plano de saúde. b) Extrafiscal: o Estado visa, além da arrecadação, a intervenção no domínio econômico, corrigindo situações econômicas ou sociais, alterando alíquotas, a depender das diretrizes instituídas pelas políticas econômica e fiscal. Exemplo �: majoração da alíquota do II – Imposto de Importação, para inibir as operações de importação e estimular o desenvolvimento da indústria automobilística nacional. Exemplo �: grande montadora anuncia demissão em massa ou férias coletivas, em virtude de estagnação econômica que cause queda nas vendas. Nestas situações, o governo negocia com os representantes da indústria e dos empregados, propondo redução da alíquota do IPI, para baratear o veículo, retomar o curso normal das vendas e manter os empregos. Exemplo �: lei que isenta de impostos as empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, com o intuito de promover o desenvolvimento sócio- econômico da zona norte do País. O incentivo fiscal, em matéria tributária, é função extrafiscal. c) Parafiscal: objetiva custear atividades que, em princípio, não são próprias do Estado, mas este as desenvolve através de entidades específicas, como a previdência social, a organização sindical etc. Esta função é bastante perceptível no caso das contribuições pagas aos Conselhos de Regulamentação Profissional (OAB, Conselho de Medicina, Engenharia, Farmácia, Contabilidade, Administração etc.) ���� a União é a entidade competente para instituir a contribuição mas define como sendo sujeito ativo, na lei correspondente, a entidade autárquica encarregada da fiscalização daquela profissão. CF, Art.149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. FATO GERADOR: situação fática que, se concretizada, faz nascer a obrigação jurídica de pagar um tributo determinado. NATUREZA JURÍDICA: determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevante o nome que se atribua ou a destinação legal do produto de sua arrecadação. Assim, independentemente do nome atribuído ao tributo, é necessário verificar suas características, a fim de identificar de qual espécie tributária se trata. CTN Art. 4º. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. CLASSIFICAÇÕES 3 ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Existe controvérsia entre os tributaristas acerca da classificação dos tributos em espécie. Apenas para efeito de conhecimento sobre o assunto, cita-se as seguintes correntes: 1) Dualista, bipartida ou bipartite: são espécies tributárias ���� impostos e ���� taxas. 2) Tripartida, tricotômica ou tripartie: são tributos ���� impostos, ���� taxas e ���� contribuições de melhoria. 3) Quadripartida, tetrapartida ou tetrapartite: são tributos ���� impostos, ���� taxas e ���� contribuições (especiais e de melhoria) e ���� empréstimos compulsórios4) Pentapartida ou quinquipartida: são tributos ���� impostos, ���� taxas,���� contribuições de melhoria, ���� empréstimos compulsórios e ���� contribuições especiais. Apesar desta discussão, não examinaremos suas especificidades, tratando as espécies tributárias de forma ampla, como sendo impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais. De toda forma, vale salientar que as duas teorias de maior relevância no Direito Tributário são da pentapartição e tripartição: QUESTÕES 1ª Questão (CESPE – OAB/RJ – 2007.1) A parafiscalidade consiste: A) na utilização do tributo como instrumento de proteção da indústria nacional e não como instrumento de arrecadação de recursos financeiros para o tesouro público. B) no repasse de recursos financeiros à fazenda pública, independentemente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte. C) na arrecadação de tributos que serão recolhidos ao fisco respectivo e, após, transferidos a pessoa jurídica de direito privado para o fim de cumprir uma finalidade social, de assistência social ou cultural. D) na transferência, pela pessoa de direito público competente, da titularidade de tributo a pessoa diversa do Estado, a fim de que passe a dispor da arrecadação em benefício de suas próprias finalidades. 2ª Questão (CESPE – OAB/RJ – 2007.1) Quando tem por fato gerador uma situação que independe de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte, diz-se que o tributo é não-vinculado. Nesse sentido, é tributo não-vinculado: A) a CIDE. B) a contribuição de melhoria. C) a contribuição de iluminação pública. D) o imposto de renda. 3ª Questão (OAB/DF – 2006.3) Assinale a alternativa INCORRETA: A) segundo o CTN, a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação. B) tributo é toda prestação pecuniária compulsória, instituída em lei, em moeda ou cujo o valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito. C) nenhum tributo, sem exceções, pode ser instituído ou majorado senão mediante lei. D) o imposto sobre grandes fortunas exige lei complementar para sua instituição. 4ª Questão (OAB/SP – 131°) O Código Tributário Nacional – CTN – estabelece que a natureza jurídica específica do tributo é determinada: A) pela destinação legal do produto da sua arrecadação. B) pela denominação e demais características formais adotadas pela lei. C) pelo fato gerador da respectiva obrigação. D) pelo órgão fiscalizador. 4 1ª Questão – D 2ª Questão – D 3ª Questão – C 4ª Questão – C GABARITO
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