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1 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Aula 8 – Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar: Imunidades Tributárias Professora Eveline Lima Não é princípio, mas uma limitação ao poder de tributar, uma regra constitucional que impede a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de tributar alguns entes. INTRODUÇÃO Para entender o termo “imunidade tributária”, pode-se fazer um paralelo com a Medicina: quando uma criança é vacinada contra determinada doença, torna-se imune e, a partir daí, mesmo em contato com o microrganismo que provoca aquela enfermidade, seu organismo não será afetado, porque está imunizado. Em matéria tributária, as pessoas imunes entram em contato com o fato gerador, que as obriga a pagar o tributo, mas não adquirem a obrigação tributária, pois aquele fato gerador não as afeta a ponto de tributá-las. ExemploExemplo:: se uma igreja é proprietária de imóvel urbano onde pratica suas atividades religiosas, realiza o fato gerador do IPTU, mas não está obrigada a pagá-lo, em razão da imunidade tributária constitucional, ou seja, “contraiu o vírus do IPTU” (ser proprietário de imóvel urbano), mas “não adquiriu a doença” (pagar o tributo). Para melhor esclarecer, veja-se a ilustração abaixo: ** CCAMPOAMPO DEDE INCIDÊNCIAINCIDÊNCIA TRIBUTÁRIATRIBUTÁRIA:: demarcado legalmente, de acordo com o princípio da legalidade, ou seja, a lei deve dizer sobre quais situações, fatos ou circunstâncias o tributo incide. ** CCAMPOAMPO DADA NÃONÃO INCIDÊNCIAINCIDÊNCIA TRIBUTÁRIATRIBUTÁRIA:: alcançado por exclusão, ou seja, o que não estiver no campo de incidência, estará no campo da não incidência. A Constituição Federal não criou nenhum tributo, mas apenas autorizou a criação, distribuindo a competência entre os entes que compõem a federação a criar seus tributos, entretanto impediu a incidência de tributação sobre as pessoas descritas no art. 150, VI, senão veja-se: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI – instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. OOBJETIVOBJETIVO DASDAS IIMUNIDADESMUNIDADES:: atender princípios gerais definidos constitucionalmente, senão veja-se: � Imunidade recíproca: resguarda o princípio federativo (art. 18, CF), pois os entes federativos tem autonomia financeira e orçamentária. Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. � Templo religioso: assegura a liberdade de crença religiosa (art. 5°, CF). � Partido político: assegura a organização político-partidária e divulgação de idéias políticas (art. 5°, CF). � Instituição educacional e de assistência social sem fins lucrativos: assegura o direito à educação, saúde, habitação etc., que são direitos fundamentais. Exemplo: se a iniciativa privada organiza uma instituição para educar pessoas de baixa renda sem nenhum lucro, o Estado não pode tributar esta atividade, pois a instituição está atuando em uma área que o Estado deveria atuar com qualidade. � Livros: assegura o direito à educação, informação e cultura, pois são instrumentos que levam à coletividade ampliação de conhecimentos. 2 Imunidade recíproca (art. 150, VI, “a”, CF) Nenhum ente político poderá exigir imposto sobre o patrimônio, a renda ou os serviços de outro ente. A CF/88 estendeu essa imunidade recíproca às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, porém, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados às suas finalidades essenciais ou às dela decorrentes. Contudo, o princípio não terá aplicação quando se tratar de exploração das atividades. Art. 150... a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; (...) §2°. A vedação do inciso VI, “a”, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Exemplos: UECE (fundação estadual mantida com dinheiro público do estado); IPEC (autarquia estadual); UFC (autarquia federal); Fundação Nacional de Saúde (fundação pública mantida com dinheiro público), IPM (autarquia municipal). Imunidade dos Templos Religiosos (art. 150, VI, “b”, CF) Tal imunidade visa a proteção dos valores espirituais. A expressão “templos de qualquer culto” abrange não só o edifício onde se realiza a prática religiosa, como também o próprio culto, sem qualquer distinção de ritos. Alguns autores incluem na imunidade o convento, os anexos, inclusive a residência do pároco ou pastor, assim como a embarcação, o avião ou o veículo utilizado como templo móvel exclusivamente para a prática do culto. Enfim, tudo aquilo que se volta ao atendimento da atividade fim destes templos. Se o templo se distanciar de sua atividade- fim, pagará tributo normalmente. EEXEMPLOXEMPLO:: quando o padre casa alguém, cobra dinheiro por este serviço religioso, mas o Município não poderia sobrar ISS sobre o casamento que ele realizou, pois faz parte da atividade da igreja casar seguidores. A CF/88 só coloca sob a proteção da imunidade o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais dos templos (art. 150, §4°), não estendendo o benefício às atividades decorrentes de finalidades essenciais, como ocorre na hipótese de imunidade recíproca. Isto quer dizer que determinado prédio de propriedade de uma igreja, que não esteja sendo utilizado para fins religiosos, sujeita-se, por exemplo, à incidência do IPTU, não importando saber se o produto do aluguel desse prédio está ou não sendo aplicado na consecução da finalidade religiosa. Art. 150... (...) b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; (...) §4°. As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. Imunidade dos partidos políticos e das demais entidades (art. 150, VI, “c”, CF) Refere-se não só aos partidos políticos e instituições de assistência social e educacional, como também às fundações instituídas pelos partidos políticos e às entidades sindicais dos trabalhadores.Porém, a exemplo do que fez em relação aos templos de qualquer culto, a CF/88 restringiu o gozo da imunidade ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com as finalidades essenciais dessas entidades (art. 150, §4°). Os bens e serviços não vinculados às finalidades essenciais, ainda que delas decorrentes, não estão protegidos pela imunidade. Assim, os imóveis alugados por entidades assistenciais, como SESI, SESC, SENAI etc. sujeitam-se ao IPTU. Observe-se que há dois tipos de sindicatos: trabalhadores e patronal. O sindicato patronal paga tributo normalmente, enquanto o de trabalhadores não paga impostos que incidem sobre patrimônio, rendas e serviços. Isto acontece porque exigir tributos do sindicato dos trabalhadores amesquinharia o princípio da liberdade de organização sindical. As instituições educacionais e de assistência social sem fins lucrativos também são imunes de impostos sobre patrimônio, rendas e serviços, desde que demonstrem ao Poder Público não ter como finalidadeo lucro. Tudo que foi dito até então somente se aplica aos impostos sobre patrimônio, rendas e serviços, logo, não há imunidade em relação a taxas e empréstimo compulsório. Imunidade dos livros, revistas, jornais, periódicos e papel utilizado para confeccionar estes objetos (art. 150, VI, “d”, CF) A Carta Magna, ao imunizar livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua impressão, teve por objetivo incentivar a cultura em geral e garantir a livre manifestação do pensamento e do direito de crítica. Tal imunidade é objetiva, de modo que não interessa o conteúdo do livro ou periódico. Ressalta-se, ainda, que o conceito de livro deixou de considerar o aspecto físico, apegando-se ao objeto cultural, em razão do avanço da informática, portanto, os periódicos em CD-ROM também são imunes, pois a Constituição Federal não afirma que o material tem que ser em forma de papel. A imunidade recai sobre o objeto, portanto, o dono de uma livraria não é imune, mas sim o produto que ele vende, então, é importante fazer distinção entre bem imune e a pessoa que o produz e comercializa. OOBSERVAÇÃOBSERVAÇÃO:: Súmula 657, STF ���� “A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos”.
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