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Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Engenharia Mecânica Grupo de Análise e Projeto Mecânico CURSO DE MECÂNICA DOS SÓLIDOS B Prof. José Carlos Pereira SUMÁRIO 9 – REVISÃO DE TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E CRITÉRIOS DE RUPTURA 4 9.1 – Equações para transformação de tensão plana.............................................4 9.2 - Círculo de tensões de Mohr............................................................................6 9.3 – Construção do círculo de tensões de Mohr....................................................8 9.4 - Importante transformação de tensão.............................................................13 9.5 – Tensões principais para o estado geral de tensões.....................................15 9.6 – Círculo de Mohr para o estado geral de tensões..........................................17 9.7 - Critérios de escoamento e de fratura............................................................18 9.7.1 – Observações preliminares............................................................................................18 9.7.2 – Teoria da máxima tensão de cisalhamento (Tresca) (mat. dúcteis)...............................19 9.7.3 – Teoria da máxima energia de distorção (von Mises) (mat. dúcteis)...............................22 9.7.4 – Teoria da máxima tensão normal (mat. frágeis)............................................................26 10 – VASOS DE PRESSà O.....................................................................................29 10.1 – Vasos cilíndricos.........................................................................................29 10.2 – Vasos esféricos..........................................................................................31 11 – DEFLEXÃO DE VIGAS ....................................................................................39 11.1 – Introdução..................................................................................................39 11.2 – Relação entre deformação-curvatura e momento-curvatura......................39 11.3 – Equação diferencial para deflexão de vigas elásticas................................41 11.4 – Condições de contorno...............................................................................42 11.5 – Solução de problemas de deflexão de vigas por meio de integração direta ..............................................................................................................................43 11.6 – Introdução ao método de área de momento...............................................49 11.7 – Dedução dos teoremas de área de momento............................................49 11.8 – Método da superposição............................................................................56 11.9 – Vigas estaticamente indeterminadas- método de integração.....................60 11.10 – Vigas estaticamente indeterminadas - método de área de momento.......64 11.11 – Vigas estaticamente indeterminadas - método da superposição..............69 12 – MÉTODO DA ENERGIA...................................................................................74 12.1 – Introdução..................................................................................................74 12.2 – Energia de deformação elástica.................................................................74 12.3 – Deslocamentos pelos métodos de energia.................................................78 12.4 – Teorema da energia de deformação e da energia de deformação complementar........................................................................................................84 13.5 – Teorema de Castigliano para deflexão.......................................................88 12.6 – Teorema de Castigliano para deflexão em vigas........................................91 12.7 – Teorema de Castigliano para vigas estaticamente indeterminadas...........94 12.8 – Método do trabalho virtual para deflexões..................................................98 12.9 – Equações do trabalho virtual para sistemas elásticos..............................100 13 - MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS..........................................................110 13.1 – Matriz de rigidez de um elemento de barra..............................................110 13.2 – Matriz de rigidez de um elemento de barra num sistema arbitrário.........113 13.3 – Força axial nos elementos........................................................................115 13.4 – Técnica de montagem da matriz de rigidez global...................................116 13.6 – Matriz de rigidez de um elemento de viga................................................128 13.7 – Propriedades da matriz de rigidez de um elemento de viga.....................131 13.7 – Vigas com carga distribuida.....................................................................136 14 – FLAMBAGEM DE COLUNAS ........................................................................150 14.1 – Introdução................................................................................................150 14.2 - Carga crítica..............................................................................................150 14.3 – Equações diferenciais para colunas.........................................................152 14.4 – Carregamento de flambagem de Euler para colunas articuladas.............155 14.5 – Flambagem elástica de colunas com diferentes vínculos nas extremidades ............................................................................................................................158 14.5.1 - Coluna engastada-livre.............................................................................................158 14.5.2 - Coluna engastada-apoiada.......................................................................................161 14.5.3 - Coluna engastada-engastada....................................................................................161 14.6 – Limitação das fórmulas de flambagem elástica........................................166 14.7 – Fórmula generalizada da carga de flambagem de Euler..........................167 14.8 – Colunas com carregamento excêntrico....................................................169 14.9 – Fórmulas de colunas para cargas concêntricas.......................................172 Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 4 9 – REVISÃO DE TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E CRITÉRIOS DE RUPTURA 9.1 – Equações para transformação de tensão plana Uma vez determinado as tensões normais sx e sy, e a tensão de cisalhamento txy num ponto de um corpo solicitado no plano x,y, é possível determinar as tensões normais e de cisalhamento em qualquer plano inclinado x ’, y ’. Figura 9.1 – Elemento infinitesimal sendo solicitado no plano Impondo o equilíbrio de forças na direção x ’, temos: sx ´ tx´y ´ txy tyx sy sx x ´ y ´ q dA sx´ dA tx´y ´dA tyx dA senq sx dA cosq x ´ y ´ q sy dA senq tyx dA cosq x y sx sy txy tyx txy tyx sx sy x ´ y ´ + q + q A B C q Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 5 ® 0F 'x =å , 0cossendAsensendA sencosdAcoscosdAdA xyy xyx'x =qqt-qqs -qqt-qqs-s (9.1) Simplificando a eq. (9.1): qqt+qs+qs=s sencos2sencos xy 2 y 2x'x (9.2) Sabendo-se que: q+q= q-q=q qq=q 22 22 sencos1 sencos2cos cossen22sen (9.3) Trabalhando com as eqs. (9.3), tem-se: 2 2cos1 sen 2 2cos1 cos 2 2 q- =q q+ =q (9.4) Substituindo a eqs. (9.4) e a expressão de sen 2q da eq. (9.3) na eq. (9.2), temos; qt+ q- s+ q+ s=s 2sen 2 2cos1 2 2cos1 xyyx'x (9.5) Reagrupando a eq. (9.5): qt+q s-s + s+s =s 2sen2cos 22 xy yxyx 'x (9.6) 0F 'y =å , 0sensendAcossendA coscosdAsencosdAdA xyy xyx'y'x =qqt+qqs -qqt-qqs+t (9.7) Simplificando a eq. (9.7): Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 6 qt+q÷ ÷ ø ö ç ç è æ s-s -=t 2cos2sen 2 xy yx 'y'x (9.8) As eqs (9.6) e (9.8) são as equações de transformação de tensão de um sistema de coordenadas a outro. 9.2 - Círculo de tensões de Mohr Sejam as equações de transformação de tensão (9.6) e (9.8) onde a eq. (9.6) é colocada da seguinte forma: qt+q s-s = s+s -s 2sen2cos 22 xy yxyx 'x (9.9) Elevando ao quadrado as eqs. (9.8) e (9.9) e somando-as, tem-se: 2 xy 2 yx2 'y'x 2 yx 'x 22 t+÷ ÷ ø ö ç ç è æ s-s =t+÷ ÷ ø ö ç ç è æ s+s -s (9.10) A eq. (10) pode ser colocada de maneira mais compacta: ( ) 22xy2m'x R=t+s-s (9.11) A eq. (9.11) é a equação de um círculo de raio: 2 xy 2 yx 2 R t+÷ ÷ ø ö ç ç è æ s-s = (9.12) e centro: 0 2 m yx m =t s+s =s (9.13) Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 7 O círculo construído desta maneira é chamado círculo de tensões de Mohr, onde a ordenada de um ponto sobre o círculo é a tensão de cisalhamento t e a abcissa é a tensão normal s. Figura 9.2 – Círculo de Tensões de Mohr Conclusões importantes: Ø A maior tensão normal possível é s1 e a menor é s2. Nestes planos não existem tensões de cisalhamento. Ø A maior tensão de cisalhamento tmax é igual ao raio do círculo e uma tensão normal de 2 yx s+s atua em cada um dos planos de máxima e mínima tensão de cisalhamento. Ø Se s1 = s2, o círculo de Mohr se degenera em um ponto, e não se desenvolvem tensões de cisalhamento no plano xy. Ø Se sx + sy = 0, o centro do círculo de Mohr coincide com a origem das coordenadas s - t, e existe o estado de cisalhamento puro. tmax t A(sx, txy) B(sx, -txy) s1 s2 s q = 0° |tmin|=tmax 2 q1’ 2 yx m s+s =s 2 yx s-s Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 8 Ø Se soma das tensões normais em quaisquer dos planos mutuamente perpendiculares é constante: sx + sy = s1 + s2 = sx ´+ sy ´= constante. Ø Os planos de tensão máxima ou mínima formam ângulos de 45° com os planos das tensões principais. 9.3 – Construção do círculo de tensões de Mohr Exemplo 9.1: Com o estado de tensão no ponto apresentado abaixo, determine as tensões principais e suas orientações e a máxima tensão de cisalhamento e sua orientação. As tensões no sistema de coordenadas x,y são: sx = - 20 MPa , sy = 90 MPa , txy = 60 MPa Procedimento de análise: a – Determinar o centro do círculo (sm, tm): 0 MPa35 2 9020 2 m yx m =t = +- = s+s =s b – Determinar o raio do círculo R: x y 60 MPa 90 MPa 20 MPa Ponto A Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 9 MPa4,8160 2 9020 2 R 2 2 2 xy 2 yx =+÷ ø ö ç è æ --=t+÷ ÷ ø ö ç ç è æ s-s = c – Localizar o ponto A(-20,60): d – Calcular as tensões principais: s1 = 35 + 81,4 = 116,4 MPa , s2 = 35 - 81,4 = -46,4 MPa e – Determinar as orientações das tensões principais. °=÷ ø ö ç è æ + =q 7,47 3520 60 2tgarc2 ''1 , q1 ’’ = 23,85° 2 q1’’ + 2 q1’ = 180° Þ q1’ = 66,15° x y s1 = 116,4 MPa 2 1 q1 = 66,15° s2 = 46,4 A(-20,60) B(90, -60) tmax = 81,4 s2 = 35-81,4 = -46,4 s (Mpa) t (Mpa) 2 q2’ s1 = 35+81,4 = 116,4 35 20 60 2 q1’ 2 q1’’ 2 q2’’ Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 10 f – Tensão máxima de cisalhamento: tmax = R = 81,4 Mpa g – Orientação da tensão máxima de cisalhamento: 2 q1’’ + 2 q2’ = 90° Þ q2’ = 21,15° Exemplo 9.2: Para o estado de tensão abaixo, achar a) as tensões normais e de cisalhamento para q = 22,5°, b) as tensões principais e suas orientações, c) as tensões máxima e mínima de cisalhamento com as tensões associadas e suas orientações. As tensões no sistema de coordenadas x,y são: x y s´ = 35 MPa x ´ y ´ q2 = 21,25° tmax = 81,4 x y 2 kgf/mm2 1 kgf/mm2 3 Ponto A x’ 22,5° Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 11 sx = 3 kgf/mm2 , sy = 1 kgf/mm2 , txy = 2 kgf/mm2 Procedimento de análise: a – Determinar o centro do círculo (sm, tm): 0 mm/kgf2 2 13 2 m 2yx m =t = + = s+s =s b – Determinar o raio do círculo R: 22 2 2 xy 2 yx mm/kgf24,22 2 13 2 R =+÷ ø ö ç è æ -=t+÷ ÷ ø ö ç ç è æ s-s = c – Localizar o ponto A(3,2): No ponto A’ temos: 4,63 23 2 tgarc'2 1 =÷ ø ö ç è æ - =q sx’ = 2 + 2,24 cos(63,4 - 45) , sx’ = 4,13 kgf/mm2 tx´y ´ = 2,24 sen(63,4 - 45) , tx´y ´= 0,71 kgf/mm2 A(3,2) B(1, -2) tmax = 2,24 s2 = 2-2,24 = -0,24 s (kgf/mm 2) t (kgf/mm2) 2 q2’ s1 = 2+2,24 = 4,24 2 3 2 A’ 45° B’ 2 q1’ Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 12 No ponto B’ temos: sy’ = 2 - 2,24 cos(63,4 - 45) , sy’ = - 0,13 kgf/mm2 d – Tensões principais: s1 = 4,24 kgf/mm2 (tração) , s2 = -0,24 kgf/mm2 (compressão) 2 1 2 2tg 1 ==q 2 q1´ = 63,4° Þ q1´ = 31,7° 2 q1´´ = 2 q1´ + 180° Þ q1´´ = 121,7° e - Tensão máxima de cisalhamento: tmax = R = 2,24 kgf/mm2 2 q2´ + 2 q1´ = 90° Þ q2´ = 13,3° 2 q2´´ = 2 q2´ + 180° Þ q2´´ = 76,7° x y 4,24 kgf/mm2 -0,24 kgf/mm2 1 2 q1’ = 31,7° q1’’ = 121,7° x y x ´ y ´ q = 22,5° 0,71 kgf/mm2 0,13 kgf/mm2 4,13 kgf/mm2 Ponto A’ Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura13 Observe que: q1’ - q2’ = 31.7 – (-13.3) = 45° e q1’’ - q2’’ = 121.7 – 76.7 = 45° 9.4 - Importante transformação de tensão Seja um elemento sujeito à um estado de tensão de cisalhamento puro (caso de um eixo em torção). Figura 9.3 – Estado de tensões de um elemento infinitesimal num eixo em torção pura Para este caso, tem-se que sx = 0 e sy = 0. Logo o centro do círculo de Mohr está na origem do sistema de coordenadas s-t, e o raio do círculo é R = txy. x y 2,24 kgf/mm2 2 kgf/mm2 x ´ y ´ q2´ = 13,3° q2´´ = 76,7° x y txy txy T Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 14 Figura 9.4 – Círculo de Tensões de Mohr para elemento infinitesimal num eixo em torção pura As tensões principais são neste caso: xy2 xy1 t-=s t+=s (9.14) As orientações das tensões principais são: ¥=q12tg Þ î í ì °-=°=q °=q )compressão(45135´´ )tração(45´ 1 1 (9.15) Assim, a representação gráfica das tensões principais e suas orientações é da seguinte forma, Fig. 9.5: tmax = txy s t s1 = txy 2 q1 ’ 2 q1 ’’ s2 = -txy Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 15 Figura 9.5 – Representação gráfica das tensões principais para elemento infinitesimal num eixo em torção pura 9.5 – Tensões principais para o estado geral de tensões Considere um elemento infinitesimal sob um estado de tensão tridimensional e um elemento infinitesimal tetraédrico sobre o qual atua uma tensão principal sn no plano obliquo ABC, paralela ao vetor normal unitário, Fig. 9.6. Figura 9.6 – Tensão principal sn num plano oblíquo de um elemento infinitesimal tetraédrico sx sz sy sxy szx sxy szy syz x z y sx sy y x z sx txz txy sn sy sz txy tyz txz tyz A B C x y s1=|txy| 1 2 q1’ = 45° q2’ = 135° s2=|txy| Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 16 O vetor normal unitário é identificado pelos seus cosenos diretores l, m e n, onde cos a = l, cos b = m, cos g = n. Da Fig. 9.7, nota-se que: l2 + m2 + n2 = 1 (9.16) Figura 9.7 – Vetor normal e seus cossenos diretores O plano oblíquo tem área dA e as projeções desta área nas direções x, y e z são dA.l, dA.m e dA.n. Impondo o equilíbrio estático nas direções x, y e z, temos: 0mdAldAndAn)dA(F 0ldAndAmdAm)dA(F 0ndAmdAldAl)dA(F yzxzznz xyyzyny xzxyxnx =t-t-s-s= =t-t-s-s= =t-t-s-s= å å å (9.17) Simplificando e reagrupando a eq. (9.17) em forma matricial, temos: ï þ ï ý ü ï î ï í ì = ï þ ï ý ü ï î ï í ì ú ú ú û ù ê ê ê ë é s-stt ts-st tts-s 0 0 0 n m l nzyzxz yznyxy xzxynx (9.18) Como visto anteriormente, l2 + m2 + n2 = 1, os cosenos diretores são diferentes de zero. Logo, o sistema terá uma solução não trivial quando o determinante da matriz de coeficientes de l, m e n for nulo. 0 nzyzxz yznyxy xzxynx = s-stt ts-st tts-s (9.19) y x z Vetor normal m n l A a g b Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 17 A expansão do determinante fornece um poninômio característico do tipo: 0IIIIII n 2 n 3 n =-s+s-s sss (9.20) onde: )(2III )()(II I 2 xyz 2 xzy 2 yzxxzyzxyzyx 2 xz 2 yz 2 xyxzzyyx zyx ts+ts+ts-ttt+sss= t+t+t-ss+ss+ss= s+s+s= s s s (9.21) As eqs (9.20) e (9.21) são invariantes, independentemente do plano oblíquo que é tomado no tetraedro. Logo, as raízes do polinômio característico já são as tensões principais. 9.6 – Círculo de Mohr para o estado geral de tensões Qualquer estado de tensão tridimensional pode ser transformado em três tensões principais que atuam em três direções ortogonais, Fig. 9.8. Figura 9.8 – Tensões principais num elemento solicitado triaxialmente Admitindo que s1 > s2 > s3 > 0, temos: 3 1 2 s1 s2 s3 sx sz sy sxy szx sxy szy szy x z y Þ Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 18 Figura 9.9 – Círculo de Tensões de Mohr para num elemento solicitado triaxialmente 9.7 - Critérios de escoamento e de fratura 9.7.1 – Observações preliminares A resposta de um material à tensão axial ou tensão de cisalhamento puro, pode ser convenientemente mostrada em diagramas de tensão-deformação. Tal aproximação direta não é possível, entretanto, para um estado complexo de tensões que é característico de muitos elementos de máquina e de estruturas. Desta forma, é importante estabelecer critérios para o comportamento dos materiais com estados de tensão combinados. s3 s1 s2 s3 s1 s2 s3 s1 s2 tmax s3 s2 s t s1 Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 19 Nesta parte do estudo serão discutidos dois critérios para análise do comportamento das tensões combinadas em materiais dúcteis, e em seguida será apresentado um critério de fratura para materiais frágeis. Figura 9.10 – Diagramas tensão/deformação para materiais dúcteis e frágeis 9.7.2 – Teoria da máxima tensão de cisalhamento (Tresca) (mat. dúcteis) A teoria da máxima tensão de cisalhamento, resulta da observação de que, num material dúctil, ocorre deslizamento durante o escoamento ao longo dos planos criticamente orientados. Isso sugere que a tensão de cisalhamento máxima executa o papel principal no escoamento do material. Para um teste simples de tração onde s1 = sesc, s2 = s3 = 0, tem-se: Figura 9.11 – Círculos Tensões de Mohr para um ensaio de tração simples s e material frágil srup s e material dúctil sesc tmax = (s1)/2 s2 = s3 s t s1 Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 20 Observa-se que dois círculos são concentricos, (s1, s2) e (s1, s3) e o terceiro resulta num ponto (s2, s3). Do Círculo de Tensões de Mohr neste caso, a tensão de cisalhamento máxima é: 2 esc críticomax s =tºt (9.22) Para aplicar o critério da máxima tensão de cisalhamento para um estado de tensão biaxial devem ser consideradosdois casos: Caso 1: Os sinais de s1 e s2 são iguais. Figura 9.12 – Círculos Tensões de Mohr para um estado de tensão biaxial - s1 e s2 têm iguais onde, para: esc212 esc121 s£sÞs>s s£sÞs>s (9.23) Caso 2: Os sinais de s1 e s2 são diferentes. s1 s2 tmax = (s1)/2 s3 s2 s t s1 Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 21 Figura 9.13 – Círculos Tensões de Mohr para um estado de tensão biaxial - s1 e s2 têm diferentes Para este caso, a tensão de cisalhamento máxima no ponto analisado não deve exceder a máxima tensão de cisalhamento do material (ver Fig. 9.11). 22 esc21 s£ s-s ± (9.24) Na iminência de ocorrer o escoamento, tem-se: 1 esc 2 esc 1 ±= s s - s s (9.25) A eq. (9.25) pode ser colocada de maneira gráfica da forma, Fig. 9.14: s1 s2 tmax = (s1- s2)/2 ss2 s t s1 tmax = -(s1- s2)/2 Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 22 Figura 9.14 – Representação gráfica de um ponto na iminência de escoar - Tresca 9.7.3 – Teoria da máxima energia de distorção (von Mises) (mat. dúcteis) A expressão de energia de deformação elástica total por unidade de volume (densidade de energia de deformação elástica) em um material isotrópico para um estado triaxial de tensões considerada num sistema de coordenadas arbitrário x, y e z é da seguinte forma: ( ) ( ) ( )xz2yz2xz2 xzzyyx 2 z 2 y 2 xtotal G2 1 EE2 1 U t+t+t+ ss+ss+ss n -s+s+s= L L (9.26) Esta energia de deformação elástica total, considerada nos eixos principais é da forma: ( ) ( )133221232221total EE2 1 U ss+ss+ss n -s+s+s= (9.27) A energia de deformação elástica total acima, é dividida em duas partes: uma causando dilatação do material (mudanças volumétricas), e outra causando distorsões de cisalhamento. É interessante lembrar que em um material dúctil, admite-se que o escoamento do material depende apenas da máxima tensão de cisalhamento. s1/sesc 1.0 1.0 -1.0 -1.0 B( -1.0, 1.0) A( 1.0, 1.0) s2/sesc Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 23 Figura 9.15 – Energias de dilatação e de distorção num elemento A fim de facilitar a compreensão, somente oestado de tensão uniaxial será considerado. A passagem para um estado de tensão triaxial é automática. Desta forma, para um estado de tensão uniaxial, as energias de dilatação e de distorção são representada da seguinte forma: Figura 9.16 – Energias de dilatação e de distorção num elemento solicitado axialmente Os Círculos de Tensão de Mohr para os estados de tensão com somente energia de distorção são, Fig. 9.17. s1 Energia de deformação elástica total = Energia de distorção s1 Energia de dilatação s1/3 s1/3 s1/3 + s1/3 s1/3 + s1/3 s1/3 s1 s3 s2 Energia de deformação elástica total = Energia de dilatação + Energia de distorção s-s2 s-s1 s-s3s s s Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 24 Figura 9.17 – Círculos de Tensão de Mohr para No tensor correspondente a energia de dilatação, os componentes são definidos como sendo a tensão “hidrostática” média: 3 321 s+s+s=s (9.28) onde: s1 = s2 = s3 = p = s (9.29) A energia de dilatação é obtida substituindo a eq.(9.29) na eq. (9.27), e em seguida substituindo a eq. (9.28) na equação resultante. Assim: ( )2321dilatação E6 21 U s+s+s n- = (9.30) A energia de distorção é obtida sustraindo da energia de deformação elástica total, eq. (9.27) a energia de dilatação, eq.(9.30): ( ) ( ) ( )[ ]213232221distorção G12 1 U s-s+s-s+s-s= (9.31) tmax = s1/3 s t s1/3 s1/3 0 tmax = s1/3 s t s1/3 s1/3 0 Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 25 A energia de distorção em um ensaio de tração simples, onde neste caso s1 = sesc e s2 = s3 = 0 é da forma: G12 2 U 2 esc distorção s = (9.32) Igualando a energia de distorção do ponto em análise, eq. (9.31), com a energia de distorção num ensaio à tração simples, (9.32), estabelece-se o critério de escoamento para tensão combinada, eq. (9.33). ( ) ( ) ( ) 2esc213232221 2 s=s-s+s-s+s-s (9.33) A eq. (9.33) pode também ser apresentada da forma: 1 esc 1 esc 3 esc 3 esc 2 esc 2 esc 1 2 esc 3 2 esc 2 2 esc 1 =÷÷ ø ö çç è æ s s s s - ÷÷ ø ö çç è æ s s s s -÷÷ ø ö çç è æ s s s s -÷÷ ø ö çç è æ s s +÷÷ ø ö çç è æ s s +÷÷ ø ö çç è æ s s L L (9.34) A eq. (9.35) é conhecida como sendo o critério de Von Mises para um estado triaxial de tensões para materiais isotrópicos. Para um estado plano de tensão, s3 = 0, tem-se: 1 2 esc 2 esc 2 esc 1 2 esc 1 =÷÷ ø ö çç è æ s s +÷÷ ø ö çç è æ s s s s -÷÷ ø ö çç è æ s s (9.35) A eq. (9.35) pode ser colocada de maneira gráfica da forma, Fig. 9.18: Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 26 Figura 9.18 – Representação gráfica de um ponto na iminência de escoar – von Mises 9.7.4 – Teoria da máxima tensão normal (mat. frágeis) A teoria da máxima tensão normal estabelece que a falha ou fratura de um material ocorre quando a máxima tensão normal em um ponto atinge um valor crítico, independentemente das outras tensões. Dessa forma, apenas a maior tensão principal deve ser considerada para aplicar esse critério. rup321 ouou s£sss (9.36) A eq. (9.36) também pode ser colocada de maneira gráfica da forma, Fig. 9.19. Figura 9.19 – Representação gráfica de um ponto na iminência de romper s1/sesc 1.0 1.0 -1.0 -1.0 B( -1.0, 1.0) A( 1.0, 1.0) s2/sesc s1/srup 1.0 1.0 -1.0 -1.0 B( -1.0, 1.0) A( 1.0, 1.0) s2/srup Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 27 Exemplo 9.5: As tensões calculadassobre o ski são como mostrada na figura abaixo. Utilizando critérios de ruptura adequados, verifique se os pontos mostrados sobre a seção transversal do ski suportam o carregamento abaixo. Tome sesc aço = 250 Mpa, srup mad = 26 MPa e trup mad = 6,2 Mpa com um fator de segurança de 2. Estado de tensão nos pontos da seção transversal: Ponto A (aço): sA = 24,05 Mpa , tA = 0 Ponto B (aço): sB = 18,99 Mpa , tB = 0,11 MPa Ponto C (madeira): sC = 1,14 Mpa , tC = 0,11 Mpa Ponto D (madeira): sD = 0 , tD = 0,12 MPa Ponto A (aço – material dútil): sx = sA = 24,05 Mpa , sy = 0 , txy = 0 s1 = sx = 24,05 Mpa Pelo critério de máxima tensão de cisalhamento: P 1 m 0,5 m 0,5 m 1 m w w A B D E C madeira aço aço A B C D y z Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 28 s1 = 24,05 Mpa < sesc = 250/2 Mpa (ok) Ponto B (aço – material dútil): sx = sB = 18,99 Mpa , sy = 0 , txy = tB = 0,11 MPa s1 = 18,99 Mpa Pelo critério de máxima tensão de cisalhamento: s1 = 18,99 Mpa < sesc = 250/2 Mpa (ok) Ponto C (madeira – material frágil): sx = sC = 1,14 Mpa , sy = 0 , txy = tC = 0,11 MPa Pelo critério de máxima tensão normal: s1 = 1,15 Mpa < srup = 26/2 Mpa (ok) tmax = 0,11 Mpa < trup = 6,2/2 Mpa (ok) Ponto D (madeira – material frágil): sx = sD = 0 , sy = 0 , txy = tD = 0,12 MPa Pelo critério de máxima tensão normal: tmax = 0,12 Mpa < trup = 6,2/2 Mpa (ok) Vasos de pressão 29 10 – VASOS DE PRESSà O Vasos cilíndricos e esféricos são comumente utilizados na indústria para servir como caldeiras, tanques, etc. Quando os vasos são submetidos à uma pressão interna, o material com o qual são feitos estes vasos, é submetido à esforços em todas as direções. Normalmente a relação raio/espessura do vaso é r/t ³ 10, podendo assim ser considerado de parede fina. Neste caso a distribuição de tensão normal à parede do vaso pode ser desprezível. 10.1 – Vasos cilíndricos Considere um vaso de pressão cilíndrico de espessura t e raio interno r submetido à uma pressão interna p devido a um gás ou a um fluido considerado de peso desprezível, Fig. 10.1. Figura 10.1 – Vaso de pressão cilíndrico Onde: s1 = tensão circunferencial (hoop) s2 = tensão longitudinal (axial) A magnitude da tensão circunferencial s1, é determinada a partir de um elemento infinitesimal de comprimento dy, longe o suficiente das extremidades do vaso, Fig.10.2. s1 s2 t x y z Vasos de pressão 30 Figura 10.2 – Elemento infinitesimal de vaso cilíndrico Impondo o equilíbrio estático no elemento infinitesimal na direção x, temos: 0F x =å , 2[s1(t dy)] – p (2r dy) = 0 (10.1) Logo, a expressão que fornece a tensão circunferencial num vaso cilíndrico é da forma: t rp 1 =s (10.2) A magnitude da tensão longitudinal s2, é determinada a partir de um corte do vaso cilíndrico na direção circunferencial, Fig. 10.3. Figura 10.3 – Corte circunferencial de um vaso cilíndrico Impondo o equilíbrio estático no elemento infinitesimal na direção y, temos: s1 s1 dy 2r p t t s2 p t r Vasos de pressão 31 0F y =å , s2 (2p r t) – p (pr2 ) = 0 (10.3) Logo, a expressão que fornece a tensão circunferencial num vaso cilíndrico é da forma: t2 rp 2 =s (10.4) Observe que se a tensão normal à parede do vaso no seu lado interno é s3 = -p e a tensão normal à parede do vaso no seu lado externo é s3 = 0. Logo, se a relação raio/espessura do vaso é r/t ³ 10, a tensão circunferencial é s1 ³ 10.s3 e s2 ³ 5.s3. Assim, o Círculo de Tensões de Mohr para um vaso de pressão cilíndrico em um ponto situado no lado externo da parede é: Figura 10.4 – Círculo de Tensões de Mohr em um vaso cilíndrico 10.2 – Vasos esféricos Considere um vaso de pressão esférico de espessura t e raio interno r submetido à uma pressão interna p devido a um gás ou a um fluido considerado de peso desprezível, Fig. 10.5. tmax = s1/2 s t s1 s3 s2 Vasos de pressão 32 Figura 10.5 – Vaso de pressão esférico Devido a simetria s1 = s2. A magnitude da tensão circunferencial s2 é determinada a partir de um corte do vaso na direção circunferencial, Fig. 10.6. Figura 10.6 – Corte circunferencial de um vaso esférico Impondo o equilíbrio estático no elemento infinitesimal na direção y, temos: 0F y =å , s2 (2p r t) – p (pr2 ) = 0 (10.5) Logo, a expressão que fornece a tensão circunferencial num vaso esférico é da forma: t2 rp 2 =s (10.6) s1 s2 t x y z r p t r s2 Vasos de pressão 33 Com estas considerações, a tensão radial s3 é considerada desprezível em relação a s1 e s2, pois s3 = -p no lado interno da parede do vaso, e s3 = 0 no lado externo da parede do vaso. Assim, o Círculo de Tensões de Mohr para um vaso de pressão esférico em um ponto situado no lado externo da parede é: Figura 10.4 – Círculo de Tensões de Mohr em um vaso cilíndrico Exemplo 10.1: Um vaso de pressão cilíndrico tem raio r = 1000 mm e espessura t = 10 mm. Calcule as tensões circunferencial e longitudinal e a variação de diâmetro do cilindro causados por uma pressão interna de 0,80 MPa. Tome E = 200 Gpa e n = 0,25. a – Cálculo das tensões MPa80 10 100080,0 t rp 1 ===s MPa40 10.2 1000.80,0 t2 rp 2 ===s b – Cálculo da deformação circunferencial ( )[ ]3211 E 1 s+sn-s=e Considerando a tensão radial s3 = 0. [ ] mm/mm .10 0,35 40.25,080 10.200 1 3- 31 =-=e r r r2 r2)rr(2 L L o 1 D = p p-D+p = D =e Þ 1000 r 10.35,0 3 D =- Dr = 0,35 mm tmax = s1/2 s t s1=s2 s3 Vasos de pressão 34 Exemplo 10.2: Um vaso de pressão cilíndrico de 3 m de diâmetro externo, usado no processamento de borracha, tem 10 m de comprimento. Se a parte cilíndrica do vaso é feita de chapa de aço de 25 mm de espessura e o vaso opera a pressão interna é de 0,1 kgf/mm2, determinar o alongamento total da circunferência e o aumento de diâmetro provocados pela pressão de operação. E = 20 000 kgf/mm2 e n = 0,3. a – Cálculo das tensões 2 3 1 kgf/mm 6 25 10.5,1.1,0 t rp ===s 21 2 kgf/mm 3 2 = s =s b – Cálculo da deformação circunferencial ( ) 1 1 211 L L E 1 D =ns-s=e Þ ( ) 3 1 10.3 L 3.3,06 00020 1 p D =- DL1 = 2,4 mm ( ) d d d ddd L L 1 1 1 D = p p-D+p = D =e Þ ( ) 310.3 d 3.3,06 00020 1 D =- Dd = 0,765 mm Exemplo 10.3: Um vaso de pressão de aço, cilíndrico fechado, de 2,5 m de diâmetro médio, com espessura de parede de 12,5 mm, tem costura soldada topo a topo ao longo de um ângulo de hélice a = 30°. Durante a pressurização, a medida de deformação através da solda,isto é, em uma linha medida de a + 90°, é de 430x10-6 mm/mm. (a) Qual a pressão no vaso? (b) Qual era a tensão de cisalhamento ao longo da costura? Considerar E = 20 000 kgf/mm2, G = 8 000 kgf/mm2. a – Cálculo do coeficiente de poisson s1 s2 30° 30° s2 s1 longitudinal transversal Vasos de pressão 35 ( )n+= 12 E G Þ n = 0,25 b – Cálculo da deformação transversal ( )LTT E 1 ns-s=e Þ ( )LT6 25,000020 1 10.430 s-s=- LT 25,06,8 s-s= (10.7) c – Cálculo das tensões p100 5,12 10.25,1p t rp 3 1 ===s p50 t2 rp 2 ==s d – Círculo de Tensões de Mohr e – Tensão de cisalhamento máxima ( ) p25 2 p50p100 2 21 max = - = s-s =t f – Tensão normal média ( ) p75 2 p50p100 2 21 m = + = s+s =s g – Tensões transversal e longitudinal p5,8760cos.p25p75T =+=s o (10.8) p5,6260cos.p25p75L =-=s o (10.9) tmax = (s1-s2)/2 s t s1 s2 sL 60° sT sm Vasos de pressão 36 Substituindo as eqs. (10.8) e (10.9) na eq. (10.7), determina-se a pressão interna p: 8,6 = 87,5 p – 0,25.62,6 p Þ p = 0,12 kgf/mm2 e consequentemente a tensão de cisalhamento atuante na solda: t = tmax sen 60° = 25 . 0,12 . sen 60° Þ t = 2,59 kgf/mm2 Exemplo 10.4: Uma caldeira é construída com placas de aço de 8 mm de espessura que são rebitadas nas extremidades juntamente com duas contra-placas de 8 mm de espessura. Os rebites tem diâmetro de 10 mm e são espaçados de 50 mm. Se a caldeira tem diâmetro interno de 0,75 m e a pressão é de 1,35 MPa, determine (a) a tensão circunferencial na parede da caldeira numa posição distante da união entre elas, (b) a tensão circunferencial na contra-placas e (c) a tensão de cisalhamento em cada rebite. a – Cálculo da tensão circunferencial na parede da caldeira MPa6,126 8 10.75,0.35,1 t rp 3 1 ===s 50 mm 8 mm 750 mm s1 s1 dy 2r p t t Vasos de pressão 37 b – Cálculo da tensão circunferencial das contra placas Do equilíbrio estático: 0F x =å , 2[(s1)cp (tcp dy)] +s1 (t dy) – p (2r dy) = 0 MPa 63,3 8.2 10.75,0.35,1 t2 rp )( 3 cp cp1 ===s c – Cálculo da tensão de cisalhamento em cada rebite å = 0Fcircunf , (s1)cp.tcp.dy - t b dy = 0 Þ (s1)cp.tcp.dy = t.b.dy = dF (s1)cp t dy b tcp s1 (s1)cp dy 2r p t t tcp s1 (s1)cp dy 2r p t t tcp Vasos de pressão 38 )tocisalhamendefluxo(q dy dF t)( cpcp1 ==s q dy dF mm8 mm N 3,63 2 == q = 506,4 N/mm força cortante que deve resistir cada rebite= fluxo de cisalhamento x espaçamento entre os rebites V = q.e = V = q.e = 506,4 . 50 = 25320 N Tensão de cisalhamento em cada rebite 4 10 25320 4 d V 22 p = p =t Þ t = 322,4 MPa Deflexão de Vigas 39 11 – DEFLEXÃO DE VIGAS 11.1 – Introdução A ação de forças aplicadas provoca deflexão do eixo de uma viga em relação a sua posição inicial. Devido a isto, deve-se frequentemente limitar os valores de deflexão de maneira a impedir desalinhamentos em elementos de máquinas, e deflexões excessivas de vigas em prédios na construção civil. Neste contexto, serão discutidos métodos de determinação de deflexão e inclinações em pontos específicos da viga. 11.2 – Relação entre deformação-curvatura e momento-curvatura No desenvolvimento da teoria de deflexão de vigas, deve-se considerar a hipótese fundamental da teoria da flexão na qual as seções planas de uma viga, tomadas normalmente a seu eixo, permanecem planas após a viga ser submetida à flexão, Figs. 11.1 e 11.2. Figura 11.1 – Viga em flexão pura centróide A D B C x Dx M M A D’ B C’ r O y z r = raio de curvatura Dq Ds Deflexão de Vigas 40 Figura 11.2 – Rotação da seção A variação de comprimento Du das fibras pode ser expressa por: qD-=D yu (11.1) Dividindo a eq. (11.1) por Ds, comprimento das fibras sobre a superfície neutra, e levando ao limite, tem-se: Äs 0 Äs 0 Äu Ä lim y lim Äs Äs ou du d y ds ds ® ® q = - q = - (11.2) onde du/ds é a deformação linear de uma fibra da viga a uma distância y do eixo neutro. Assim: ds du =e (11.3) Da Fig. 11.2, tem-se a relação: Äs Ä ou Ä 1 Äs = r q q = r (11.4) Analisando a eq. (11.4) no limite quando Ds®0: A D’ D a b Du superfície neutra r B C C’ c f Dx -y Dq Ds Deflexão de Vigas 41 Äs 0 Ä d 1 lim Äs ds® q q = = r (11.5) Substituindo as eqs. (11.3) e (11.5) na eq. (11.2), tem-se: y 1 e -=k= r (11.6) onde k é definido como sendo a curvatura. A eq. (11.6) pode ser usada tanto em problemas elásticos como em problemas inelásticos, já que na sua dedução não foram utilizadas as propriedades do material. Para o caso elástico, sabe-se que: x x E s e = (11.7) x M y I s = - (11.8) Substituindo as eqs. (11.7) e (11.8) na eq. (11.6), temos: IE M1 = r (11.9) 11.3 – Equação diferencial para deflexão de vigas elásticas A curva elástica da viga pode ser expressa matemáticamente por v = f(x). Para obter esta equação, é preciso representar a curvatura (1/r) em termos da deflexão v e x que é da forma: ( ) 2/32 2 2 dx dv1 dx vd 1 úû ù êë é + = r Þ ( ) IE M dx dv1 dx vd 1 2/32 2 2 = úû ù êë é + = r (11.10) A eq. (11.10) é chamada de elástica, cuja solução dá a solução exata da curva elástica. Como para a maioria das vigas usadas em engenharia a curva elástica a deflexão é pequena, a inclinação dv/dx também é pequena, podendo ser considerada desprezível comparada com a unidade. Com esta simplificação, a equação da curva elástica pode ser expressa por: Deflexão de Vigas 42 2 2 2 2 d v M E Idx ou d v E I M dx = = (11.11) Substituindo a eq. (11.11) na eq. (11.8), uma nova expressão para se determinar a tensão pode ser determinada: 2 x 2 d v E y dx s = - (11.12) Considerando que )x(V dx dM -= e )x(w dx dV -= , temos: )x(w dx vd IE dx d )x(V dx vd IE dx d 2 2 2 2 2 2 =÷ ÷ ø ö ç ç è æ-=÷ ÷ ø ö ç ç è æ (11.13) Para o caso da rigidez em flexão EI ser constante: )x(w dx vd IE )x(V dx vd IE 4 4 3 3 = -= (11.14) 11.4 – Condições de contorno Para a solução dos problemas de deflexão de vigas, além das equações diferenciais, devem ser prescritas as condições de contorno. Alguns tipos de condições de contorno são as seguintes: Deflexão de Vigas 43 v = 0 M = 0 Rolete (extremidade da viga) v = 0 M = 0 Pino (extremidade da viga) v = 0 Rolete (posição qualquer ao longo da viga) v = 0 Pino (posição qualquer ao longo da viga) v = 0 dv/dx=0 Suporte fixo ou engastado V = 0 M = 0 Extremidade livre M = 0 Articulação onde v = deflexão, M = momento fletor e V = cortante. MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO DIRETA 11.5 – Solução de problemas de deflexão de vigas por meio de integração direta Como um exemplo geral de cálculo de deflexão de vigas, pode-se considerar uma viga com carga distribuida. A deflexão neste caso é obtida após quatro integrações sucessivas. Deflexão de Vigas 44 4 4 x3 13 0 x x2 1 22 0 0 x x x 2 1 2 3 0 0 0 x x x x 3 2 1 2 3 4 o 0 0 0 d v E I w(x) dx d v E I w(x) dx C dx d v E I dx w(x) dx C x C dx dv x E I dx dx w(x) dx C C x C dx 2 x x E I v dx dx dx w(x) dx C C C x C 6 2 = = + = + + = + + + = + + + + ò ò ò ò ò ò ò ò ò ò (11.15) As constantes C1, C2, C3 e C4 são determinadas impondo as condições de contorno. Para o caso de w(x), V(x) e M(x) discontínuos, a solução pode ser achada para cada segmento da viga onde as funções são contínuas, impondo a continuidade de deflexão nos contornos comuns de cada segmento da viga. Exemplo 11.1: Achar a equação da curva elástica para uma viga simplesmente apoiada de comprimento L e de constante EI, com um carregamento uniforme wo. (a) determinar a deflexão a partir da equação de segunda ordem. (b) determinar a deflexão a partir da equação de quarta ordem. Caso (a): 1 – Determinar as reações de apoio e a função de momento M(x). w = - wo L v(L)=0 M(L)=0 v(0)=0 M(0)=0 x y,v wo L L RA RB Deflexão de Vigas 45 A M 0=å , ( )B o LR L w L 02- = , o B w L R 2 = y F 0=å , ( ) oA o w LR w L 02- + = , o A w L R 2 = M 0=å , ( )A o xR x w x M 02- + + = , 2 o ow L x w xM 2 2 = - 2 – Partindo da equação da curva elástica, e integrando duas vezes e aplicando as condições de contorno: 22 o o 2 2 3 o o 3 3 4 o o 3 4 w L x w xd v E I M 2 2dx w L x w xdv E I C dx 4 6 w L x w x E I v(x) C x C 12 24 = = - = - + = - + + Para x = 0, v(0) = 0 , C4 = 0 Para x = L, v(L) = 0, 3 4 o o 3 w L L w L E I v(L) C L 0 12 24 = - + = , 3 o 3 w L C 24 = - ( )3 3 4owv(x) L x 2Lx x 24 E I = - - + wo x x RA V M vmax 0 x v L/2 Deflexão de Vigas 46 Devido a simetria, a maior deflexão ocorre em x = L/2. Para casos mais gerais, dv 0 dx = . Assim, vmax é: 4 o max 5 w L v 384 E I = - A inclinação da curva elástica, dv dx q = , é da forma: 2 3 3 o o ow L x w x w Ldv 1(x) dx E I 4 6 24 æ ö q = = - -ç ÷ è ø Para x = 0, 3 ow L(0) 24E I q = - Para x = L, 3 ow L(L) 24E I q = Caso (b): 4 o4 d v E I w(x) w dx = = - 3 o 13 d v E I w x C dx = - + 2 2 o 1 22 d v x E I w C x C M 2dx = - + + = Para x = 0, M(0) = 0, C2 = 0 Para x = L, M(L) = 0, 2 o 1 L M(L) w C L 0 2 = - + = , 1 o L C w 2 = -woL3/24EI 0 x q woL 3/24EI Deflexão de Vigas 47 22 o o 2 w L x w xd v E I M 2 2dx = = - O restante do problema é o mesmo que no caso (a). Neste caso nenhum cálculo preliminar das reações e da equação de momento é necessário. Este método pode ser vantajoso para alguns problemas estaticamente indeterminados. Exemplo 11.2: Achar a equação da curva elástica para uma viga simplesmente apoiada suporta uma força concentrada P, a uma distância a da extremidade A como mostra a figura abaixo. A rigidez em flexão E I é constante. Para o segmento AD (0 < x < a): 2 2 d v P b E I M x Ldx = = 2 2 2 1 3 1 2 d v P b x E I Ldx dv P b x A dx E I L 2 P b x v A x A E I L 6 = = + = + + Condições de contorno: P L v(L)=0 M(L)=0 v(0)=0 M(0)=0 x y,v B A b a RB = Pa/L RA = Pb/L D x Pb/L V M Deflexão de Vigas 48 Para x = 0, v(0) = 0, A2 = 0, 3 1 P b x v A x E I L 6 = + Para o segmento DB (a < x < L): 2 2 d v P a E I M (L x) Ldx = = - 2 2 2 1 2 3 1 2 d v P a P a x E I E I Ldx dv P a P a x x B dx E I E I L 2 P a x P a x v B x B E I 2 E I L 6 = - = - + = - + + Condições de contorno: Para x = L, v(L) = 0, 0BLB 3 L IE aP )L(v 21 2 =++= Para x = a, v(segmento AD) = v(segmento DB) 3 2 3 1 1 2 P b a P a a P a a A a B a B E I L 6 E I 2 E I L 6 + = - + + Para x = a, ( dv dx q = (segmento AD)) = ( dv dx q = (segmento DB)) 2 2 1 1 P b a P a P a a A a B E I L 2 E I E I L 2 + = - + Solução: ( )2 21 P bA L b6 E I L= - - , ( ) 2 2 1 P b B 2L a 6 E I L = - + , 3 2 P a B 6 E I = Equação da curva elástica para o segmento AD: x Pa/L M Deflexão de Vigas 49 ( )3 2 2P bv x L b x 6 E I L é ù= - -ë û Equação da curva elástica para o segmento DB: ( ) 2 3 3 2 2P a x P a x P b P av 2L a x E I 2 E I L 6 6 E I L 6 E I = - - + + Se a > b, a maior deflexão se dará no segmento AD, logo: dv 0 dx = (segmento AD) Þ ( )2 2L b x 3 - = A maior deflexão será então: ( ) ( ) 3 / 22 2 max P b L b v 9 3 E I L - = Se a força P fosse aplicada no centro do vão onde a = b = L/2, a maior deflexão seria: 3 max P L v 48 E I = MÉTODO DE ÁREA DE MOMENTO 11.6 – Introdução ao método de área de momento O método de área de momento é um método alternativo para a solução do problema da deflexão, onde o carregamento é complexo e as áreas das seções transversais da viga variam. O método é usualmente empregado para obter apenas o deslocamento e a rotação num único ponto da viga. Ele possui as mesmas aproximações e limitações discutidas anteriormente, com a determinação da deflexão apenas devido à flexão, a deflexão devido ao cortanteé desprezada. 11.7 – Dedução dos teoremas de área de momento Deflexão de Vigas 50 Os teoremas necessários se baseiam na geometria da curva elástica e no diagrama associado (M/EI). Para a dedução dos teoremas, a equação diferencial da curva elástica deve ser reescrita como: 2 2 d v d dv d M dx dx dx E Idx ou M d dx E I qæ ö= = =ç ÷ è ø q = (11.16) Figura. 11.3 – Representação gráfica do Teorema de área de momento w A B dx qB/A A Tan B Tan A curva elástica dq M M dx x M/EI B A dx M/EI Deflexão de Vigas 51 Se o diagrama de momento fletor da viga é dividido pelo momento de inércia I e pelo módulo de elasticidade E, então dq é igual a área sob a curva M/EI para o segmento dx. Integrando do ponto A até o ponto B tem-se: B B / A A M dx E I q = ò (11.17) A eq. (11.17) representa o primeiro teorema de área de momento, que diz: o ângulo entre as tangentes em dois pontos sobre a curva elástica é igual a área sob a curva M/EI entre estes dois pontos. Figura. 11.4 – Tangentes em pontos da viga Se o desvio vertical da tangente de um elemento dx medido a partir de uma linha vertical passando por A é dt, então, como é assumido que as deflexões são pequenas, tem-se que ds’ = dt, logo: dt x d= q (11.18) Integrando esta expressão de A até B, o desvio vertical da tangente de A com relação a tangente B é determinada por: w A B dx dq A Tan B B Tan A tA/B x dx dsdt Deflexão de Vigas 52 B A /B A M t x dx E I = ò (11.19) Da equação que fornece o centróide de uma área temos: x dA x dA=ò ò (11.20) Como aintegral, M dx E Iò , representa a área sob a curva M/EI, pode-se escrever: B A /B A M t x dx E I = ò (11.21) A distância x é a distância do ponto A até o centróide da área sob a curva M/EI de A até B. A equação acima representa o segundo teorema de área de momento. Figura 11.5 – Centróide de uma área de momento O desvio vertical da tangente de B com relação a tangente A pode ser determinada de maneira análoga e é dada por: B ' B / A A M t x dx E I = ò (11.22) A distância x ' é a distância do ponto B até o centróide da área sob a curva M/EI de A até B. x M/EI B A x Deflexão de Vigas 53 Exemplo 11.3: Determine a inclinação no ponto C da viga abaixo. EI é constante. C 2 C C/D D áreaR áreaT M PL L 1 PL PL L 3 PL dx EI 8EI 4 2 4EI 8EI 4 64 EI æ öæ ö æ öæ öq = q = = + - =ç ÷ç ÷ ç ÷ç ÷ è øè ø è øè øò 14243 144424443 Exemplo 11.4: Determine a inclinação no ponto C da viga abaixo. Tome Eaço = 200 Gpa, I = 17.10 6 mm4. P L/2 B A C D L/4 L/4 qC/D D Tan C C Tan D qC 16 A 2 m B C 4 m 2 x M/EI C D PL/4EI PL/8EI L/4 Deflexão de Vigas 54 Para pequenas deflexões, podemos considerar: B / A C A C / A C / A t | | | | | | | | 8 q = q - q = - q Pelo primeiro teorema de área de momento: 2 C / A áreadoT 1 8 kNm 8 kNm (2m) 2 E I E I æ ö q = =ç ÷ è ø144424443 Pelo segundo teorema de área de momento: B / A cent.T cent.TáreaT áreaT 1 1 24kNm 2 1 24kNm t 2m 6m 6m 2m 2m 3 2 EI 3 2 EI é ù é ùæ ö æ ö æ ö æ ö= + +ç ÷ ç ÷ ç ÷ ç ÷ê ú ê úè ø è ø è ø è øë û ë û1442443 14243144424443 144424443 2 B / A 320 kN m t E I = 2 2 2 B / A C C / A t 320 kN m 8 kN m 32 kN m | | | | 8 8 E I E I E I q = - q = - = 2 C 6 2 6 4 32 kN m | | 0,00941 rad 200.10 kN/m 17.10 m- q = = x M/EI 8/EI 24/EI 2 m C 4 m 2 m qC/A Tan C Tan A qA Tan B tB/A Deflexão de Vigas 55 Exemplo 11.5: Determine o deslocamento do ponto C da viga abaixo se EI é constante. A M 0=å , B oR L M 0- = , oB MR L= yF 0=å , oA MR L= - M 0=å , o oM x M M 0L - + = , o o M M M x L = - A /B c C/B t v t 2 = - Mo A L/2 B L/2 C tC/B Tan C C Tan A vC Tan B tA/B RB RA x Mo Mo/L V M 2L L x Mo/2EI M/EI Mo/EI Deflexão de Vigas 56 2 o o A /B M M L1 1 t L L 3 2 EI 6EI é ùæ ö= =ç ÷ê úè ø ë û 2 o o C/B M M L1 L 1 L t 3 2 2 2EI 2 48EI é ùæ ö= =ç ÷ ê úè ø ë û 2 2 o o c M L M L v 12EI 48EI = - 2 o c M L v 16EI = O mesmo resultado pode ser obtido a partir de B / Ac C / A t v t 2 = - 11.8 – Método da superposição A equação diferencial 4 4 d v E I w(x) dx = satisfaz duas condições necessárias para aplicar o princípio da superposição, isto é, w(x) é linear com relação a v(x) e o carregamento é assumido não mudar a geometria original da viga. Logo, as deflexões devido a uma série de carregamento atuando na viga, podem ser superpostas. Exemplo 11.6: Determine o deslocamento no ponto C e a inclinação no suporte A da viga apresentada abaixo. EI é constante. 8 kN 4 m A B 4 m 2 kN/m vC qA = Deflexão de Vigas 57 A partir de tabelas (ver Hibbeler), o deslocamento no ponto C e a inclinação no ponto A são: Para a carga distribuida: ( ) 3 3 2 A 1 3 w L 3 (2 kN/m) (8 m) 24 kNm 128 E I 128 E I E I q = = = ( ) 4 4 3 C 1 5 w L 5 (2 kN/m) (8 m) 53,33 kNm v 768 E I 768 E I E I = = = Para a carga concentrada: ( ) 2 2 2 A 2 P L (8 kN) (8 m) 32 kNm 16 E I 16 E I E I q = = = ( ) 3 3 3 C 1 P L (8 kN) (8 m) 85,33 kNm v 48 E I 48 E I E I = = = O deslocamento total no ponto C e a inclinação no pontoA é a soma algébrica de cada carregamento calculado separadamente: ( ) ( ) 2 A A A1 2 56 kNm E I q = q + q = ( ) ( ) 3 C C C1 2 139 kNm v v v E I = + = (qA)1 4 m A B 4 m 2 kN/m (vC)1 + (qA)2 4 m A B 4 m 8 kN (vC)2 Deflexão de Vigas 58 Exemplo 11.7: Determine o deslocamento na extremidade C da viga apresentada abaixo. EI é constante. Como tabelas não incluem vigas com extremidades em balanço, a viga pode ser separada numa viga simplesmente apoiada e em outra engastada-livre. Viga simplesmente apoiada com carga distribuida:( ) 3 3 2 B 1 w L (5 kN/m) (4 m) 13,33 kNm 24 E I 24 E I E I q = = = Como o ângulo é pequeno, (qB)1 » tan (qB)1, o deslocamento no ponto C é: ( ) 2 3 C 1 13,33 kNm 26,67 kNm v (2m) E I E I æ ö = =ç ÷ è ø A força concentrada aplicada no ponto C pode ser aplicada no ponto B além de um binário: 10 kN 4 m A C 2 m 5 kN/m = B (qB)2 4 m A 10 kN 2 m + B (vC)2 (qB)2 20 kN/m (qB)1 4 m A C 2 m 5 kN/m + B (vC)1 (qB)1 Deflexão de Vigas 59 ( ) 2 o B 2 M L (20 kN.m) (4 m) 26,67 kN.m 3 E I 3 E I E I q = = = Considerando o ângulo pequeno, (qB)2 » tan (qB)2, o deslocamento no ponto C é: ( ) 2 3 C 2 26,67 kN.m 53,33 kNm v (2m) E I E I æ ö = =ç ÷ è ø A força concentrada aplicada no ponto C para uma viga engastada-livre: ( ) 3 3 3 C 3 P L (10 kN.m) (2 m) 26,67 kN.m v 3 E I 3 E I E I = = = O deslocamento total no ponto C é a soma algébrica de cada carregamento calculado separadamente: ( ) ( ) ( ) 3 C C C C1 2 3 26,7 53,3 26,7 53,3 kN.m v v v v E I E I E I E I = + + = - + + = Exemplo 11.8: Determine a rigidez K da mola de maneira que não haja deflexão no Ponto C. EI é constante. 10 (vC) C 2 m B w b L A B C RB K Deflexão de Vigas 60 deflexão do Ponto C considerando a viga rígida: AM 0=å , B w LR 2= RB = K . vB , B w L v 2 K = Por semelhança de triangulos: C1 B (L b) v v L + = , C1 w v (L b) 2 K = + Deflexão do Ponto C considerando a viga deformável: Da tabela: 3 B w L 24 EI q = , 3 C2 B w L b v b 24 EI = q = Vc1 – Vc2 = 0 , 3w w L b (L b) 0 2 K 24 EI + - = , 3 12 EI K (L b) L b = + 11.9 – Vigas estaticamente indeterminadas- método de integração Vigas estaticamente indeterminadas são aquelas que apresentam um número de reações incógnitas maior doque o número de equações de equilíbrio. As reações excedentes são chamadas de redundantes e não são necessárias para manter o w b L A B C RB K vC1 w b L A B C RB K vC2 Deflexão de Vigas 61 equilíbrio estático. O número de reações redundantes classifica o grau de redundância da viga. Para determinar as reações nas vigas estaticamente indeterminadas, é preciso especificar as reações redundantes e determina-las a partir das condições de compatibilidade da viga. Feito isto, as reações restantes são determinadas pelo equilíbrio estático. O método da integração parte da equação diferencial: 2 2 d v M E Idx = , onde M pode ser expresso em termos das redundantes. Após a integração, as constantes de integração e as redundantes podem ser determinadas pelas condições de contorno e continuidade do problema. Exemplo 11.9: Determine a reação em A para a viga estaticamente indeterminada como apresentada abaixo. EI é constante. Diagrama de corpo livre: A reação no ponto A pode ser considerada redundante e o momento interno pode ser expresso em função desta reação: L A B wo 2L/3 A B woL/2 L/3 RAy RBy RBx MB Deflexão de Vigas 62 M 0=å , 2 o Ay w x x M . R .x 0 2L 3 + - = , 3 o Ay w x M R .x 6L = - Aplicando a equação do momento interno na equação diferencial da curva elástica: 32 o Ay2 w xd v E I R .x 6Ldx = - 2 4 o Ay 1 wdv x x E I R . C dx 2 6L 4 = - + 3 5 o Ay 1 2 wx x E I v R . C x C 6 24L 5 = - + + As incógnitas RAy, C1 e C2 são determinadas a partir das condições de contorno: Para x = 0, v = 0; C2 = 0 Para x = L, dv 0 dx = ; 2 4 o Ay 1 wdv L L E I (x L) R . C 0 dx 2 6L 4 = = - + = Para x = L, v = 0; 3 5 o Ay 1 wL L E I v R . C L 0 6 24L 5 = - + = A solução é: o Ay w L R 10 = , 3 o 1 w L C 120 = - Aplicando as equações de equilíbrio estático, as reações restantes são: x A wox2/2L RAy V M Deflexão de Vigas 63 BxR 0= , o By 4 w L R 10 = , 2 o B w L M 15 = Exemplo 11.10: Determine as reações nos suportes para a viga estaticamente indeterminada como apresentada abaixo. EI é constante. Diagrama de corpo livre: Devido a simetria, da equação de equilíbrioyF 0=å tem-se que: A B w L R R 2 = = A única redundante é M’, a qual pode ser expressa em função do momento interno M: M 0=å , x w LM w x x M' 02 2+ - + = , 2w L w x M x M' 2 2 = - - w L A B wL MB=M’ RB RA MA=M’ x A wx RAy=wL/2 V M MA=M’ Deflexão de Vigas 64 Substituindo na equação diferencial da curva elástica: 2 2 2 d v w L w x E I x M' 2 2dx = - - 2 3 1 dv w L x w x E I M'x C dx 2 2 2 3 = - - + 3 4 2 1 2 w L x w x x E I v M' C x C 4 3 6 4 2 = - - + + As incógnitas M’, C1 e C2 são determinadas a partir das condições de contorno: Para x = 0, v = 0; C2 = 0 Para x = 0, dv 0 dx = ; C1 = 0 Para x = L, v = 0; 3 4 2w L L w L L E I v M' 0 4 3 6 4 2 = - - = , 2w L M' 12 = A condição dv 0 dx = para x = L pode ser verificada substituindo o valor de M’ na curva de inclinação da viga. 11.10 – Vigas estaticamente indeterminadas - método de área de momento Se o método de área de momento é usado para determinar as redundantes em uma viga estaticamente indeterminada, o diagrama M/EI deve ser representado pelas redundantes que são incógnitas do problema. Como no método de área de momento é necessário calcular a área sob a curva M/EI e o centróide da área, o método é mais convenientemente utilizado quando aplicado juntamente com o método da superposição, onde as áreas e os centróides das áreas são facilmente determinados. Exemplo 11.11: Determine as reações de apoio para a viga apresentada abaixo. EI é constante. Deflexão de Vigas 65 Diagrama de corpo livre devido a força P: Diagrama M/EI devido a força P é: Diagrama de corpo livre devido a redundante RBy: Diagrama M/EI devido a redundante RBy: P A L B L P RAy L B L RAx MA 2L L x -2PL/EI -PL/EI M/EI RBy RAy L B L RAx MA Deflexão de Vigas 66 A curva elástica da viga é da forma: Como DB = 0 ; tB/A = 0: { { { By B / A cent.T cent.R cent.TáreaR áreaTáreaT R2 1 L PL 2 1 PL t L L (L) L (L) 0 3 2 EI 2 EI 3 2 EI é ùæ ö é ù- -æ ö æ ö é ù æ ö æ ö= + + =ê úç ÷ç ÷ ç ÷ ç ÷ ç ÷ê úê úè ø è ø ë û è ø è øë ûè øë û 14243 14424431442443 RBy = 2,5 P Das equações de equilíbrio, temos: RAx = 0 , RAy = 1,5 P , MA = 0,5 P L Exemplo 11.12: Determine as reações de apoio para a viga apresentada abaixo.EI é constante. Diagrama de corpo livre: Tan A A B tB/A = 0 Tan B Mo A L B L C 2L L x RByL/EI M/EI Deflexão de Vigas 67 O diagrama M/EI devido a redundante RBy e o momento Mo é construido da seguinte maneira. Devido a redundante RBy: B M 0=å , RCy L – RAy L = 0 , RCy = RAy y F 0=å , RAy – RBy + RCy = 0 , RAy = RBy /2 M 0=å , By R M x 0 2 - = , By R M x 2 = Devido ao momento Mo: y F 0=å , RAy + RCy = 0 , RAy = - RCy A M 0=å , - Mo + RCy 2L = 0 , RCy = Mo/2L , RAy = - Mo/2L Mo RAy L L RAx RBy RCy A RBy/2 M x A -Mo/2L M x 2L L x RByL/2EI M/EI Deflexão de Vigas 68 M 0=å , oMM x 02L+ = , oMM x 2L = - A curva elástica da viga é da forma: Da figura acima, temos: DA = DB = DC = 0 e B /C A / C 1 t t 2 = { { { By o o B /C cent.T cent.T cent.QáreaT áreaQáreaT R L M M1 1 2 1 1 1 t L (L) L (L) L (L) 3 2 2EI 3 2 2EI 2 2 2EI é ùæ ö é ù é ù- -æ ö æ öæ ö æ ö æ ö= + +ê úç ÷ç ÷ ç ÷ ç ÷ç ÷ ç ÷ê ú ê ú è ø è ø è øè ø è øë û ë ûè øë û 1442443 14424431442443 { By By o A / C cent.T cent.T cent.T áreaTáreaT áreaT R L R M2 1 1 1 2 1 t L (L) L L (L) 2L (2L) 3 2 2EI 3 2 2EI 3 2 EI é ù é ùæ ö æ ö é ù-æ öæ ö æ ö æ ö= + + +ê ú ê úç ÷ ç ÷ç ÷ ç ÷ ç ÷ ç ÷ê úè ø è ø è ø è øë ûè ø è øë û ë û14243 123 14424431442443 1442443 A solução é: o By 3M R 2L = Aplicando as equações de equilíbrio, determina-se as reações restantes: RAx = 0 , oAy M R 4L = , oCy 5M R 4L = 2L L x -Mo/2EI M/EI -Mo/EI Tan C A L B L C tB/C tA/C Tan B Tan A Deflexão de Vigas 69 O problema pode também ser resolvido da seguinte maneira: De onde, tem-se: B / A C / A 1 t t 2 = 11.11 – Vigas estaticamente indeterminadas - método da superposição Para a aplicação do método da superposição é necessário identificar as redundantes e aplicar as forças externas separadamente. As redundantes são determinadas impondo as condições de compatibilidade nos apoios. Exemplo 11.13: Determine as reações para a viga abaixo escolhendo RBy como sendo redundante. EI é constante. Removendo a RBy: Tan C A L B L C tB/A tC/A Tan B Tan A P A L/2 B L/2 = Deflexão de Vigas 70 B 5 P L v 48 E I = Removendo a força P: 3 By B R L v ' 3 E I = Condições de compatibilidade 0 = - vB + vB’ , 3 ByR L5 P L0 48 E I 3 E I = - + , By 5 R P 16 = Aplicando as equações de equilíbrio estático, determina-se as reações restantes: AxR 0= , Ay 11 R P 16 = , A 3 M P L 16 = Exemplo 11.14: Determine as reações para a viga abaixo escolhendo MA como sendo redundante. EI é constante. P A L/2 B L/2 + vB A L/2 B L/2 vB’ RBy P A L/2 B L/2 = Deflexão de Vigas 71 Removendo a MA: 2 A P L 16 E I q = Removendo a força P: A A M L ' 3 E I q = Condições de compatibilidade 0 = - qA + qA’ , 2 AP L M L0 16 E I 3 E I = - + , A 3 M P L 16 = Exemplo 11.15: Determine para a viga abaixo as reações de apoio. Devido a simetria: RA = RB = 5400 kgf e MA = MB. A L/2 P L/2 B qA A L/2 MA L/2 B qA’ 6 000 kgf/m RA 1,8 m A RB MA MB 1,8 m 1,8 m B C D Deflexão de Vigas 72 a) 3 3 D w L 6000 .3,6 6 EI 6 EI q = = , 4 4 D w L 6000 .3,6 v 8 EI 8 EI = = vB = vD + qD. 1,8 , 4 3 B 6000 .3,6 6000 .3,6 v .1,8 8 EI 6 EI = + b) 3 3 C w L 6000 .1,8 6 EI 6 EI q = = , 4 4 C w L 6000 .1,8 v 8 EI 8 EI = = vB = vC + qC. 3,6 , 4 3 B 6000 .1,8 6000 .1,8 v .3,6 8 EI 6 EI = + c) 3 3 B B R L 5400 .5,4 v 3 EI 3 EI = = d) 6 000 kgf/m 1,8 m A 1,8 m 1,8 m B D vB1 6 000 kgf/m 1,8 m A 1,8 m 1,8 m B C vB2 RB 1,8 m A 1,8 m 1,8 m B vb3 1,8 m A 1,8 m 1,8 m B MB vB4 Deflexão de Vigas 73 2 2 B B B M L M 5,4 v 2 EI 2 EI = = vB1 – vB3 – vB3 + vB4 = 0 MA = MB = 7020 kgf m Método de Energia 74 12 – MÉTODO DA ENERGIA 12.1 – Introdução Nos capítulos anteriores, as formulações se apoiam no método newtoniano da mecânica dentro do qual o equilíbrio estático é representado de maneira vetorial. Uma outra alternativa, é utilizar o método lagrangeano que usa funções escalares, baseados em conceitos de trabalho e energia. 12.2 – Energia de deformação elástica O trabalho interno armazenado em um corpo deformável como energia elástica de deformação ou energia de deformação elástica é o produto da força média que atua sobre o corpo enquanto ocorre a deformação, multiplicada pela distância na qual ela age. Seja então o elemento de volume dx, dy, dz solicitado axialmente na direção x, Fig, 12.1: Figura 12.1 – Elemento solicitado axialmente na direção x A energia de deformação elástica para esta solicitação é da forma: ( )x x x x 1 1 dU dy. dz . .dx dV 2 2 æ ö = s e = s eç ÷ è ø (12.1) A densidade de energia de deformação Uo é interpretada graficamente como sendo a área sob linha inclinada do diagrama tensão deformação, Fig. 12.2. dy dx dz sx sx x y z Método de Energia 75 Figura 12.2 – Densidade de energia de deformação elástica x x o dU U dV 2 s e = = (12.2) No caso de um elemento de volume dx, dy, e dz submetido a um cisalhamento no plano xy, a energia de deformação é do tipo: ( )xy xy xy xy xy xy ocis cis 1 1 dU dx. dz . .dy dV 2 2 ou dU U dV 2 æ ö = t g = t gç ÷ è ø t gæ ö = =ç ÷ è ø (12.3) Para o caso de um corpo submetido à tensões normais sx, sy e sz e à tensões de cisalhamento txy, txz e tyz, a energia de deformação total é da forma: o x x y y z z xy xy yz yz xz xz dU 1 1 1 1 1 1 dU dV 2 2 2 2 2 2 = = s e + s e + s e + t g + t g + t g (12.4) Substituindo a lei de Hooke que relaciona deformação com tensão na eq. (12.4), temos: ( ) ( ) ( )2 2 2 2 2 2xz yz xzo x y z x y y z z x1 1U 2E E 2G u = s + s + s - s s + s s + s s + t + t + t (12.5) De uma forma mais ampla, para um corpo elástico sob tensão, a energia de deformação total é obtida pela integração volumétrica: ex sx E Método de Energia 76 ( ) o x y zV x x y
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