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Aula 8 introdução ao estudo da História

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Aula 8: Terceira Geração dos Annales 
 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Compreender os desdobramentos da Terceira Geração da Escola dos Annales; 
2. destacar os principais historiadores do movimento; 
3. problematizar as principais mudanças ocorridas na história e na historiografia na 
terceira fase do movimento. 
 
Podemos pensar no surgimento da Terceira geração de Annales quando, em 1969, nomes como 
Jacques Revel e André Burguière assumem a administração da escola, seguidos por Jacques Le 
Goff. 
Embora as mudanças administrativas nesse período sejam bem claras, o campo intelectual é 
difícil de ser descrito. Observamos, então, o rompimento com a metodologia utilizada por 
Braudel, fazendo com que a História fosse estudada com grande auxílio de disciplinas como a 
Antropologia, a Literatura e até mesmo a Psicologia. 
Outro ponto importante é que podemos perceber que nessa geração não encontramos nenhuma 
forma de liderança como observamos nas anteriores com Bloch, Febvre e Braudel. 
 
Os historiadores da terceira geração foram bastante influenciados por ideias estrangeiras, 
principalmente americanas. Muitos deles viveram nos Estados Unidos por algum tempo e até 
mesmo escreveram em inglês. 
Os campos de pesquisa também se ampliaram, alguns historiadores voltaram a se dedicar ao 
estudo da história política enquanto outros seguiam pela história quantitativa. Novas abordagens 
como nova história econômica, psico-história, história da cultura popular, entre outras, também 
surgiram durante a terceira geração. 
Essa renovação historiográfica possibilitou à história enxergar a vivência humana a partir de 
elementos que antes não eram considerados, como o corpo, a infância e os sonhos. 
Observamos também o espaço dado às mulheres, o que não aconteceu nas gerações anteriores. 
Historiadoras como Christiane Klapisch, Arlette Farge, Michelle Perrot e Mona Ozouf, que 
estudaram temas como a família, a mulher e o trabalho. 
 
 
 
Christiane Klapisch Zuber 
ARBRE DES FAMILLES, L 
HISTÓRIA DAS MULHERES NO OCIDENTE, V.2 
IDADE MÉDIA, A 
 
Arlette Farge 
Lugares para a História 
A mais bela história da felicidade 
O sabor do arquivo 
Délinquance et criminalité : le vol d’aliments à Paris au XVIII 
 
Michelle Perrot 
História dos quartos 
Minha história das mulheres 
As sombras da história. Crime e castigo 
no século XIX 
 
Mona Ozouf 
L'École, l'Église et la République 1871–1914 
La Fête révolutionnaire 1789–1799 
L'École de la France essai sur la Révolution, l'utopie et l'enseignement 
 
 
Os trabalhos oriundos da terceira geração ficaram caracterizados pelo estudo das mentalidades. 
A mentalidade é filha direta da escola dos Annales e, desde o começo dos Annales, esteve na 
preocupação dos historiadores, como diz Ronando Vainfas: 
A preocupação com “os modos de sentir e pensar” ocupou a atenção dos annalistes desde os 
primórdios da revista Annales, quando não antes, nos estudos de Marc Bloch e de Lucien 
Febvre produzidos na década de 1920. 
Além do mais, é preciso lembrar que, apesar das várias mudanças por que passou a 
historiografia francesa nos últimos 60 anos, os estudiosos das mentalidades sempre se 
reconheceram como herdeiros contemporâneos de Bloch e de Febvre, por muitos chamados de 
“pais fundadores” da chamada Nova história produzida na França. 
Inicialmente o conceito de mentalidades era marcado pela indefinição e, segundo Le Goff, a 
indefinição era importante para a fase de assimilação de um novo campo de investigação pelos 
historiadores. 
Assim, “A historia das mentalidades (...) dirige a atenção exclusiva para o não conscientizado, o 
cotidiano, os automatismos do comportamento, os aspectos extrapessoais da consciência 
individual, para aquilo que foi comum a César e ao último soldado das suas legiões, a São Luís 
e ao camponês (...) 
 
Um dos primeiros a contestar a história quantitativa e se aventurar na história das mentalidades 
foi Philippe Ariès. Seu trabalho era voltado para as relações entre natureza e cultura, como a 
cultura enxerga fenômenos como a infância e a morte, por exemplo. 
 
 
 
 Ao tratar da morte, Philippe Ariès também utilizou a perspectiva da morte como fenômeno 
da natureza e como o homem reage diante desse fenômeno. 
O livro L’Homme devant la mort – o homem diante da morte - trabalha um período de quase 
mil anos abordando as atitudes do homem diante da morte em diversos períodos da história. 
BURKE, Peter. Op. cit. p.83. 
Segundo Peter Burke: 
L’Homme devant la mort tem os mesmos méritos e defeitos do livro L’Enfant et la vie familiale 
sous l’Ancien Regime. Nele se encontram a mesma audácia e a mesma originalidade, o mesmo 
uso de uma ampla variedade de evidências, que incluiu literatura e arte, mas não a estatística, e a 
mesma vontade de não tratar cartas regionais ou sociais de diferenças. 
 
O livro de Ariès levou vários historiadores a darem mais atenção às “mentalidades”, dando 
início à aproximação da história e literatura, mostrando que as fontes literárias podiam ser 
utilizadas no estudo da história. 
Podemos destacar a figura de Alphonse Dupront, que elaborou sua tese de doutorado em torno 
do estudo das Cruzadas como uma guerra santa para a conquista de lugares sagrados. 
Outro importante historiador do período foi Robert Mandrou, 
o principal historiador a seguir pelo caminho de Febvre no 
estudo da psicologia histórica. Madrou também trabalhou 
com história cultural. 
Além desse trabalho, Le Roy Ladurie também escreveu sobre história climática e sobre história 
rural, trabalhando com largos períodos de tempo, característica dos historiadores de Annales. 
Embora a vasta gama de interesses, historiadores e diferentes métodos de estudo da história 
utilizada pela terceira geração tenha sido benéfica para a historiografia, podemos observar que a 
história estudada através da longa duração não é uma alternativa viável quando trabalhamos 
com a história moderna, devido à rapidez com que novos acontecimentos aparecem. 
 
 
 
 
 
 
Um dos importantes legados da terceira geração dos Annales foi o tipo de história que 
produziam. A reunião com a antropologia, com a psicologia e uma nova narrativa histórica 
tornou esse tipo de história bastante popular na França. 
Enquanto o clássico livro de Braudel – O mediterrâneo – lançado anos antes, não vendeu muitas 
cópias, o livro de Montaillou ficou na lista dos mais vendidos durante semanas. 
 
Nessa aula você: 
 Compreendeu a história da Terceira Geração da Escola dos Analles; 
 analisou as principais características desse momento da história; 
 apreendeu sobre os principais autores que compuseram a Terceira Geração dos Annales.

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