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Aula 10 introdução ao estudo da História

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Aula 10: História e Memória 
 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 
 
1. Entender como a História trabalha com a memória; 
 
2. reconhecer os conceitos como memória individual e memória coletiva; 
 
3. observar o diálogo dos principais autores que trabalharam com a 
temática. 
 
Embora esta aula vá trabalhar mais com a memória coletiva do que com a 
memória individual, é de fundamental importância que apresentemos a 
questão da memória no campo científico global. 
Segundo Myers, a memória funciona como uma espécie de arquivo da 
mente, onde as informações e tudo o que aprendemos fica armazenado. 
Sem a memória não seríamos capazes de recordar nossas alegrias ou 
tristezas, de desenvolver sentimento de culpa ou angústia. E até mesmo 
nossas atividades cotidianas como vestir, cozinhar, andar e etc., seriam 
percebidas como um desafio, teríamos que reaprendê-las todos os dias. 
MYERS, David. Introdução à psicologia geral. São Paulo: LTC, p.191. 
 
Além de arquivar as informações, a memória também é entendida, dentro 
da psicologia, como o sinal pelo qual percebemos que aprendemos algo, a 
nossa capacidade de recuperar as informações, ou seja, a persistência da 
aprendizagem. 
A nossa memória funciona como um sistema de computador. Para 
atingirmos a fase de recuperação de uma memória, precisamos “dar 
entrada” na informação, depois conservá-la para então recuperá-la. 
Somos capazes de arquivar memórias de longo e curto prazo, e depois de 
um tempo de inatividade, as memórias “não consultadas” são eliminadas. 
Para que se mantenham ativas, é necessário que elas sejam utilizadas ou 
reconstruídas. 
O processo de codificação da memória ocorre de duas maneiras: 
automaticamente ou com esforço. 
As atividades mais básicas e cotidianas, como o caminho que você utiliza 
para ir ao trabalho, são processadas de forma automática. Basicamente, as 
noções de tempo, espaço e frequência. 
Constantemente somos capazes de recordar a página de um livro do qual 
esquecemos a matéria principal. 
Esse tipo de processamento ocorre com pouco ou nenhum esforço e é algo 
que escapa à nossa percepção. 
Já o entendimento de um livro ou aula caracteriza um processamento de 
esforço. 
Ou seja, novas ideias, nomes, atividades recentes, inclusive a maior parte 
do processamento de significado, imagem e organização, exigem um 
esforço e concentração do qual estamos conscientes, intencional. 
Para esse tipo de memória fixar em nossa mente é comum recorrermos ao 
ensaio, onde ficamos repetindo a informação desejada até que ela seja 
lembrada automaticamente. 
Quando repetimos as informações até que seja lembrada automaticamente. 
O ensaio pode ocorrer a curto prazo ou a longo prazo, quando, por 
exemplo, estamos em um novo ambiente de trabalho e precisamos decorar 
o nome de nossos colegas e superiores 
Em um estudo realizado por Elizabeth Loftus e John Palmer, ficou 
determinado como testemunhas oculares reconstroem suas memórias de 
forma semelhante quando interrogadas. 
Foi apresentado um vídeo de um acidente de trânsito seguido de uma 
pergunta sobre o acidente. 
 
O grupo teve de responder à pergunta “Com que velocidade iam os carros 
quando se arrebentaram um contra o outro?”. As respostas a esta pergunta 
apresentaram estimativas de velocidade bem maiores que as respostas à 
pergunta “Com que velocidade iam os carros quando bateram um no 
outro?”. 
Além disso, uma semana depois foi perguntado aos espectadores se 
haviam visto vidro quebrado no filme. E embora o vídeo não mostrasse 
vidro quebrado, os que responderam à pergunta com arrebentar mostraram 
mais probabilidade de recordar do vidro do que os que responderam à 
pergunta com bater. 
Além das nossas memórias individuais, existe a memória social. 
O autor Le Goff trabalha com a ideia de memória social, seu estudo é um 
dos meios para abordar questões do tempo e da história, mesmo porque a 
memória ora está em retraimento e ora em transbordamento. 
GOFF, Jacques Le. História e memória. Campinas: Ed. Da Unicamp, 1994. 
P. 426. 
A origem de várias ideias, reflexões, sentimentos, paixões que atribuímos a 
nós são, na verdade, inspiradas pelo grupo. 
A questão central na obra de Halbwachs consiste na afirmação de que a 
memória individual existe sempre a partir de uma memória coletiva, posto 
que todas as lembranças são constituídas no interior de um grupo. 
 
A origem de várias ideias, reflexões, sentimentos, paixões que atribuímos a 
nós são, na verdade, inspiradas pelo grupo. 
Essa análise tem sempre que levar em consideração o lugar que o sujeito 
ocupa no grupo e, portanto, refere-se a um ponto de vista da memória 
coletiva. 
Segundo Maurice Halbwachs, as lembranças poderiam ser reconstruídas ou 
simuladas. 
Ou seja, o indivíduo pode criar representações do passado assentadas na 
percepção de outras pessoas, no que imaginamos ter acontecido ou pela 
internalização de representações de uma memória histórica. Assim, a 
lembrança “é uma imagem engajada em outras imagens”. 
Em Halbwachs, a memória histórica é compreendida como a sucessão de 
acontecimentos marcantes na história de um país. A memória coletiva é 
pautada na continuidade e deve ser vista sempre no plural (memórias 
coletivas), justamente porque a memória de um indivíduo ou de um país 
estão na base da formulação de uma identidade, que a continuidade é vista 
como característica marcante. 
Os escritos de Halbwachs foram de extrema importância na década de 1920 
e, para dialogar mais profundamente com ele, o historiador Pierre Nora 
escreveu em 1984 a obra Entre memória e História. 
Na obra Entre memória e História Pierre Nora desenvolve a problemática 
dos lugares: a afirmativa de que não existe mais memória, que esta só é 
revivida e ritualizada numa tentativa de identificação por parte dos 
indivíduos e que a sociedade utiliza-se hoje da história para lhe conferir 
lugares onde pode pensar que não somos feitos de esquecimentos, mas, de 
lembranças: "Os lugares de memória são, antes de tudo, restos. A forma 
extrema onde subsiste uma consciência comemorativa numa história que a 
chama, porque ela a ignora". 
 
Para Pierre Nora, a memória se enraíza no espaço, no gesto, na imagem e 
 no objeto. A história só se liga a continuidades temporais, às evoluções, e 
às relações das coisas. 
A memória é o absoluto e a história o relativo". 
Para Michael Pollak, as memórias marginalizadas abriram novas 
possibilidades no terreno fértil da História Oral. Não se trata de historicizar 
memórias que já deixaram de existir, e sim, trazer à superfície memórias 
“que prosseguem seu trabalho de subversão no silêncio e de maneira quase 
imperceptível” e que “afloram em momentos de crise em sobressaltos 
bruscos e exacerbados”. 
POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, 
Rio de Janeiro, vol.2, nº 3, 1989. 
Nessa aula você: 
 Entendeu como funciona a memória; 
 aprofundou as relações entre História e memória; 
 compreendeu o conceito de memória coletiva

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