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Nota de aula - Meios unilaterais e bilaterais de resolução de conflitos

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Universidade	
  Federal	
  Rural	
  de	
  Semiárido	
  
Curso	
  de	
  Direito	
  
Arbitragem	
  e	
  Mediação	
  
Prof.	
  Me.	
  José	
  Albenes	
  Bezerra	
  Jr.	
  
Nota	
  de	
  aula:	
  Meios	
  unilaterais	
  e	
  bilaterais	
  de	
  resolução	
  de	
  conflitos	
  
	
  
	
  
1.	
  INTRODUÇÃO	
  
	
  
	
   A	
   cultura	
   demandista	
   ou	
   judiciarista	
   traz,	
   como	
   perverso	
   efeito	
   colateral,	
   a	
  
(falsa)	
   percepção	
   de	
   que	
   todo	
   e	
   qualquer	
   prejuízo	
   temido	
   ou	
   sofrido	
   tem	
   que	
   ser	
  
necessariamente	
  reparado,	
  não	
  podendo	
  ser	
  relevado	
  ou	
  renunciado,	
  num	
  discurso	
  de	
  
tolerância	
   zero	
   que	
   só	
   faz	
   aumentar	
   as	
   tensões	
   e	
   as	
   insatisfações	
   ao	
   interno	
   da	
  
coletividade.	
  	
  
	
   A	
   vida	
   na	
   sociedade	
   contemporânea,	
   massificada	
   e	
   conflitiva,	
   impõe	
   a	
  
consciência	
   de	
   que	
   é	
   preciso	
   abrir	
   algumas	
   concessões	
   e	
   tolerar	
   certos	
  
comportamentos,	
   não	
  havendo	
   como	
  como	
  converter	
   cada	
   interesse	
   contrariado	
  ou	
  
insatisfeito	
   numa	
   lide	
   judicial,	
   sob	
   pena	
   de	
   se	
   acentuarem	
   as	
   animosidades	
   e	
   de	
   se	
  
generalizar	
  a	
  conflituosidade,	
  com	
  repercussão	
  no	
  assombroso	
  número	
  de	
  processos	
  
judiciais.	
  
	
   Pergunta:	
  Esse	
  ambiente	
  acaba	
  redundando	
  num	
  perverso	
  círculo	
  vicioso	
  onde	
  
só	
  resultam	
  perdedores.	
  Quem	
  seriam,	
  então,	
  esses	
  perdedores?	
  
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________	
  
	
   É	
   preciso	
   aceitar	
   a	
   inclusão,	
   no	
   conceito	
   de	
   jurisdição,	
   de	
   mecanismos	
   não	
  
judiciais	
  de	
  solução	
  de	
  conflitos,	
  permitindo,	
  assim,	
  	
  uma	
  interpretação	
  mais	
  próxima	
  
das	
   finalidades	
   na	
   norma	
   de	
   inafastabilidade.	
   Afinal,	
   o	
   objeto	
   do	
   legislador	
  
constitucional	
   não	
   é	
   outro	
   do	
   que	
   aquele	
   de	
   propiciar	
   uma	
   resposta	
   adequada	
   a	
  
qualquer	
  ameaça	
  ou	
  lesão	
  a	
  direito.	
  
Arbitragem	
  e	
  Mediação	
  (Prof.	
  José	
  Albenes	
  Bezerra	
  Júnior)	
  
Nota	
  de	
  aula:	
  Meios	
  unilaterais	
  e	
  bilaterais	
  de	
  resolução	
  de	
  conflitos	
  
2	
  	
  
	
   A	
   jurisdição	
   estatal,	
   nesse	
   aspecto,	
   precisa	
   ser	
   vista	
   como	
   um	
   recurso	
   final,	
  
uma	
   maneira	
   de	
   obter	
   uma	
   palavra	
   final	
   acerca	
   de	
   determinada	
   controvérsia.	
   A	
  
alternativa	
   judicial	
   deixa	
   de	
   significar,	
   entretanto,	
   a	
   saída	
   melhor	
   ou	
   necessária	
   de	
  
solucionar	
   uma	
   controvérsia.	
  O	
  modo	
   judicial	
   de	
   solução	
   de	
   conflitos	
   deve	
   ser	
   visto	
  
como	
  uma	
  das	
   formas	
  dentro	
  de	
  um	
  universo	
  de	
  alternativas	
  parcial	
  ou	
  totalmente	
  
direcionadas	
  aos	
  mesmos	
  fins.	
  
	
   Pergunta:	
   “O	
   acesso	
   à	
   justiça	
   precisa	
   ser	
   visualizado	
   como	
   uma	
   cláusula	
   de	
  
reserva”	
  (MANCUSO,	
  2014,	
  p.200).	
  O	
  que	
  seria	
  isso?	
  E	
  qual	
  é	
  sua	
  visão	
  acerca	
  disso?	
  
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________	
  
	
   A	
  política	
  de	
   crescimento	
   físico	
  do	
   Judiciário,	
   sobre	
  não	
  resolver	
  o	
  problema	
  
do	
  excesso	
  de	
  demanda,	
  ao	
  final	
  se	
  traduz	
  em	
  frustração	
  aos	
  jurisdicionados,	
  que,	
  ou	
  
se	
  resignam	
  ao	
  acompanhar	
  o	
   lento	
  e	
  estressante	
  trâmite	
  dos	
  processos,	
  ou	
  aceitam	
  
antecipar	
  seu	
  término,	
  não	
  raro	
  firmando	
  acordos	
  insatisfatórios	
  ou	
  mesmo	
  ruinosos.	
  
E	
  nesse	
   contexto,	
   a	
   função	
   judicial	
   do	
  Estado	
   sai	
   como:	
   lenta,	
   onerosa,	
   imprevisível,	
  
massificada	
  e	
  “injusta”.	
  
	
   A	
   concepção	
   de	
   um	
   serviço	
   de	
   distribuição	
   de	
   justiça	
   monopolizado	
   pelo	
  
Estado,	
  acompanhado	
  de	
  uma	
  concepção	
  prodigalizada	
  e	
  incondicionada	
  de	
  prestação	
  
judiciária,	
   deve	
   ser	
   gradualmente	
   afastada,	
   até	
   porque	
   reporta	
   a	
   uma	
   realidade	
  
judiciária	
   defasada,	
   sem	
   mais	
   correspondência	
   com	
   a	
   atualidade,	
   revelando-­‐se:	
  
IRREALISTA	
  e	
  ATÉCNICA.	
  
	
   O	
  que	
  você	
  entende/compreende	
  como	
  irrealista	
  e	
  atécnica?	
  
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Arbitragem	
  e	
  Mediação	
  (Prof.	
  José	
  Albenes	
  Bezerra	
  Júnior)	
  
Nota	
  de	
  aula:	
  Meios	
  unilaterais	
  e	
  bilaterais	
  de	
  resolução	
  de	
  conflitos	
  
3	
  	
  
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________	
  
	
   Não	
   há	
   como	
   negar	
   que	
   o	
   chamado	
  monopólio	
   estatal	
   da	
   distribuição	
   da	
  
Justiça	
  não	
  guarda	
  aderência	
  à	
  realidade	
  atual,	
  devendo	
  ser	
  devidamente	
  revistada	
  e	
  
contextualizada	
   para	
   se	
   compatibilizar	
   com	
   as	
   novas	
   necessidades	
   e	
   interesses	
  
emergentes	
  na	
  contemporânea	
  sociedade	
  massificada	
  e	
  conflitiva.	
  
	
   A	
  função	
  judicial	
  do	
  Estado	
  não	
  é	
  imposta	
  aos	
  jurisdicionados,	
  mas	
  na	
  verdade	
  
é	
   uma	
   prestação	
   ofertada	
   a	
   quem	
   dela	
   necessite,	
   em	
   face	
   de	
   controvérsias	
  
insuscetíveis	
  de	
  composição	
  entre	
  os	
  diretamente	
  interessados.
2.	
  MEIOS	
  UNILATERAIS	
  EM	
  ESPÉCIE	
  
	
  
2.1	
  Renúncia	
  
	
   Há	
  casos	
  de	
  renúncia	
  pura	
  e	
  simples,	
  quando	
  o	
  titular	
  do	
  direito	
  simplesmente	
  
abre	
   mão	
   do	
   que	
   lhe	
   é	
   devido	
   (direito	
   subjetivo	
   é	
   um	
   poder	
   de	
   agir	
   e	
   não	
   uma	
  
obrigação	
  de	
  fazer),	
  excluindo-­‐se	
  desse	
  contexto	
  as	
  situações	
  excepcionais,	
  justificadas	
  
ora	
  pela	
  natureza	
  da	
  situação,	
  ora	
  pela	
  qualidade	
  das	
  pessoas	
  envolvidas.	
  
	
   Segundo	
   Petrônio	
   Calmon	
   (2007,	
   p.63),	
   a	
   renúncia	
   “é	
   um	
   dos	
   resultados	
  
possíveis	
  da	
  autocomposição,	
  ocorrendo	
  quando	
  o	
  titular	
  da	
  pretensão	
  dela	
  abre	
  mão	
  
totalmente,	
   em	
  uma	
  atitude	
  que	
   se	
  pode	
   considerar	
   altruísta,	
   sem	
  qualquer	
   tipo	
  de	
  
contrapartida	
  dos	
  demais	
  envolvidos	
  no	
  conflito”.	
  
	
   A	
   renúncia	
   é	
   uma	
   das	
  espécies	
   de	
   autocomposição	
   unilateral,	
   e	
   como	
   há	
   o	
  
total	
  abandono	
  da	
  pretensão,	
  sem	
  qualquer	
  exigência,	
  prescinde	
  da	
  concordância	
  da	
  
parte	
   contrária.	
   Pode	
   ocorrer	
   sem	
   que	
   haja	
   processo	
   judicial	
   ou	
   em	
   seu	
   curso,	
  
considerando	
   a	
   lei	
   como	
   o	
   ato	
   em	
   que	
   o	
   autor	
   renuncia	
   ao	
   direito	
   sobre	
   o	
   qual	
   se	
  
funda	
  a	
  ação.	
  
	
   No	
   ordenamento	
   jurídico	
   a	
   irrenunciabilidade	
   apresenta-­‐se	
   de	
   forma	
  
excepcional,	
  tipificando	
  situações	
  que	
  envolvem	
  direitos	
  indisponíveis.	
  	
  
	
  
2.2	
  Desistência	
  
	
   Ao	
   contrário	
   da	
   renúncia,	
   que	
   pressupõe	
   uma	
   conduta	
   omissiva,	
   em	
  
contemplação	
   de	
   ato	
   ou	
   conduta	
   ainda	
   não	
   praticados,	
   a	
   desistência	
   implica	
  
neutralizar	
  os	
  efeitos	
  de	
  ato	
  ou	
  conduta	
  já	
  praticados	
  ou	
  mesmo	
  em	
  andamento,	
  mas	
  
ainda	
  não	
  consumados.	
  	
  
Arbitragem	
  e	
  Mediação	
  (Prof.	
  José	
  Albenes	
  Bezerra	
  Júnior)	
  
Nota	
  de	
  aula:	
  Meios	
  unilaterais	
  e	
  bilaterais	
  de	
  resolução	
  de	
  conflitos	
  
4	
  	
  
	
   Enquanto	
   a	
   renúncia	
   é,	
   precipuamente,	
   referenciada	
   à	
   própria	
   pretensão	
  
material	
   ou	
   à	
   prova	
   dos	
   fatos,	
   a	
   desistência	
   contempla	
   situações	
   eminentemente	
  
processuais	
   e	
   é	
   por	
   isso	
   que,	
   se	
   a	
   relação	
   processual	
   já	
   está	
   aperfeiçoada	
   com	
   a	
  
citação	
  do	
   réu,	
  o	
  autor	
  não	
  pode,	
   sem	
  o	
  consentimento	
  deste,	
  desistir	
  da	
  ação.	
   Isso	
  
porque	
  ambas	
  as	
  partes	
  têm	
  direito	
  ao	
  processo,	
  até	
  porque	
  poderia	
  interessar	
  ao	
  réu	
  
a	
  continuidade	
  da	
  relação	
  processual.	
  
	
   Segundo	
  Petrônio	
  Calmon	
  (2007,	
  p.	
  63),	
  “fala-­‐se	
  em	
  renúncia	
  quando	
  se	
  abre	
  
mão	
  do	
  direito	
  material	
  e	
  fala-­‐se	
  em	
  desistência	
  quando	
  se	
  refere	
  apenas	
  ao	
  processo	
  
em	
  curso.	
  Em	
  ambos	
  os	
  casos	
  o	
  processo	
  é	
  extinto.	
  No	
  primeiro,	
  com	
  julgamento	
  do	
  
mérito.	
  No	
  segundo,	
  a	
  sentença	
  que	
  põe	
   fim	
  ao	
  processo	
  é	
  apenas	
   terminativa,	
  pois	
  
aquele	
   que	
   deduziu	
   sua	
   pretensão	
   em	
   juízo	
   poderá	
   iniciar	
   novo	
   processo	
   com	
   o	
  
mesmo	
  objeto,	
  bastando	
  que	
  cumpra	
  as	
  regras	
  elementares	
  de	
  procedibilidade”.	
  
	
  	
   	
  
2.3	
  Confissão	
  
	
   A	
  propalada	
  imparcialidade	
  	
  do	
  juiz	
  hoje	
  não	
  pode	
  mais	
  ser	
  vista	
  no	
  sentido	
  de	
  
um	
   distanciamento	
   olímpico	
   com	
   as	
   partes	
   e	
   suas	
   pretensões.	
   Quanto	
   à	
   confissão,	
  
prevista	
  entre	
  os	
  meios	
  probatórios,	
  apesar	
  de	
  tradicionalmente	
  ser	
  conhecida	
  como	
  a	
  
rainha	
   das	
   provas,	
   limita-­‐se	
   à	
   admissão	
   da	
   matéria	
   de	
   fato	
   (art.348,	
   CPC),	
   não	
  
abrangendo	
   sua	
   avaliação	
   jurídica,	
   tampouco	
   a	
   aceitação	
   das	
   consequências	
   que	
   a	
  
contraparte	
  possa	
  extrair	
  dos	
  fatos.	
  
	
   Segundo	
  Humberto	
  Theodoro	
  Júnior	
  (2014,	
  p.502),	
  “pode	
  muito	
  bem	
  ocorrer	
  a	
  
confissão	
  e	
  a	
  ação	
  ser	
  julgada,	
  mesmo	
  assim,	
  em	
  favor	
  do	
  confitente.	
  Basta	
  que	
  o	
  fato	
  
confessado	
   não	
   seja	
   causa	
   suficiente,	
   por	
   si	
   só,	
   para	
   justificar	
   o	
   acolhimento	
   do	
  
pedido”.	
  
	
   A	
  confissão	
  é	
  um	
  ato	
  de	
  disposição,	
  ou	
  mesmo	
  de	
  liberalidade,	
  e	
  atua	
  com	
  mais	
  
uma	
  finalidade:	
  no	
  plano	
  material,	
  prova	
  o	
  negócio	
   jurídico	
   (art.212,	
   I,	
  CC);	
  no	
  plano	
  
processual	
   cível	
   é	
   um	
   elemento	
   acelerador	
   do	
   processo,	
   na	
   medida	
   em	
   que	
   torna	
  
incontroversos	
  os	
  fatos	
  confessados,	
  que	
  assim	
  se	
  têm	
  como	
  contrários	
  ao	
  confitente	
  
e	
  favoráveis	
  à	
  contraparte	
  (arts.	
  334,	
  II	
  e	
  338,	
  CPC).	
  
	
  
2.4	
  Reconhecimento	
  do	
  pedido	
  
	
   É	
   figura	
   precipuamente	
   endoprocessual,	
   de	
   sorte	
   que	
   apenas	
  
excepcionalmente	
   será	
   formalizado	
   em	
   documento	
   à	
   parte,	
   a	
   ser,	
   na	
   sequência,	
  
juntado	
  aos	
  atos	
  judiciais.	
  
Arbitragem	
  e	
  Mediação	
  (Prof.	
  José	
  Albenes	
  Bezerra	
  Júnior)	
  
Nota	
  de	
  aula:	
  Meios	
  unilaterais	
  e	
  bilaterais	
  de	
  resolução	
  de	
  conflitos	
  
5	
  	
  
	
   Segundo	
  Humberto	
  Theodoro	
  Júnior	
  (2014,	
  p.504),	
  “reconhecida	
  a	
  procedência	
  
do	
  pedido,	
  pelo	
  réu,	
  cessa	
  a	
  atividade	
  especulativa	
  do	
  juiz	
  em	
  torno	
  dos	
  fatos	
  alegados	
  
e	
  provados	
  pelas	
  partes.	
  Só	
   lhe	
  restará	
  dar	
  por	
   findo	
  o	
  processo	
  e	
  por	
  solucionada	
  a	
  
lide	
  nos	
  termos	
  do	
  próprio	
  pedido	
  a	
  que	
  aderiu	
  o	
  réu”.	
  
	
   Na	
  realidade,	
  o	
  reconhecimento	
  acarreta	
  o	
  desaparecimento	
  da	
  própria	
  lide,	
  já	
  
que	
   sem	
   resistência	
   de	
   uma	
  das	
   partes	
   deixa	
   de	
   existir	
   o	
   conflito	
   de	
   interesses	
   que	
  
provocou	
  sua	
  eclosão	
  no	
  mundo	
  jurídico.	
  Em	
  se	
  tratando	
  de	
  forma	
  de	
  autocomposição	
  
do	
   litígio,	
   o	
   reconhecimento	
   do	
   pedido	
   pelo	
   réu	
   só	
   é	
   admissível	
   diante	
   de	
   conflitos	
  
sobre	
  direitos	
  disponíveis.	
  
	
  
3.	
  MEIOS	
  BILATERAIS	
  DE	
  PREVENÇÃO	
  OU	
  RESOLUÇÃO	
  DE	
  CONFLITOS
3.1	
  Introdução	
  
	
  
	
   O	
  notório	
   crescimento,	
   quantitativo	
  e	
  qualitativo,	
   dos	
  meios	
   alternativos	
   se	
  
verifica	
   em	
  proporção	
   inversa	
   à	
  perda	
  de	
  eficiência	
   e	
  prestígio	
  do	
   serviço	
  estatal	
   de	
  
distribuição	
   da	
   Justiça,	
   comprometendo	
   a	
   credibilidade	
   do	
   Judiciário	
   ao	
   interno	
   da	
  
coletividade.	
  
	
   A	
  facilidade	
  de	
  acesso	
  aos	
  Juizados,	
  por	
  exemplo,	
  acabou	
  por	
  retroalimentar	
  a	
  
demanda	
  por	
  justiça.	
  A	
  criação	
  dos	
  Juizados	
  não	
  necessariamente	
  reduz	
  o	
  número	
  de	
  
demandas,	
   podendo	
   chegar	
   a	
   um	
   crescimento	
   desse	
   número	
   e	
   a	
   visibilidade	
   de	
  
demandas	
  que	
  antes	
  não	
  chegavam	
  ao	
  Judiciário.	
  
	
   Dessa	
  forma,	
  partindo	
  da	
  premissa	
  de	
  que	
  ambas	
  as	
  vertentes	
  de	
  distribuição	
  
de	
  Justiça	
  buscam	
  objetivo	
  comum,	
  ou	
  seja,	
  a	
  justa	
  composição	
  dos	
  conflitos,	
  então	
  é	
  
fundamental	
  que	
  as	
  duas	
  funcionem	
  bem.	
  
	
   Quanto	
   aos	
   meios	
   auto	
   e	
   heterocompositivos	
   ditos	
   alternativos,	
   devem	
   se	
  
justificar	
  de	
  per	
  si	
  e	
  buscar	
  seu	
  próprio	
  espaço,	
  não	
  devendo,	
  pois,	
  esses	
  outros	
  meios	
  
buscar	
  afirmação	
  social	
  apostando	
  na	
  deficiência	
  da	
  justiça	
  oficial,	
  num	
  deletério	
  jogo	
  
de	
  soma	
  zero.	
  
	
  
3.2	
  Conciliação	
  
	
  
	
   É	
   relevante	
   para	
   a	
   compreensão	
   do	
   termo	
   conciliação	
   ter	
   presente	
   que	
   os	
  
dispositivos	
   legais	
   colocam-­‐na	
   como	
   uma	
   atividade	
   cometida	
   ao	
   juiz	
   da	
   causa,	
   que	
  
despassa	
  seu	
  clássico	
  conteúdo	
  ocupacional	
  de	
  destinatário	
  da	
  prova,	
  para,	
  indo	
  além,	
  
assumir	
  uma	
  postura	
  pró-­‐ativa,	
  atuando	
  como	
  um	
  vetor	
  de	
  possível	
  solução	
  negociada	
  
Arbitragem	
  e	
  Mediação	
  (Prof.	
  José	
  Albenes	
  Bezerra	
  Júnior)	
  
Nota	
  de	
  aula:	
  Meios	
  unilaterais	
  e	
  bilaterais	
  de	
  resolução	
  de	
  conflitos	
  
6	
  	
  
da	
   lide,	
   numa	
   evidência	
   de	
   que	
   não	
   são	
   autoexcludentes	
   as	
   técnicas	
   impositiva	
   e	
  
suasória.	
  
	
   Fernanda	
   Tartuce	
   (2011,	
   p.68),	
   define	
   a	
   conciliação	
   como	
   a	
   técnica	
   de	
  
autocomposição	
   pela	
   qual	
   um	
   profissional	
   imparcial	
   intervém	
   para,	
   mediante	
  
atividades	
  de	
  escuta	
  e	
  investigação,	
  auxiliar	
  os	
  contendores	
  a	
  celebrar	
  um	
  acordo,	
  se	
  
necessário	
   expondo	
   vantagens	
   e	
   desvantagens	
   em	
   suas	
   posições	
   e	
   propondo	
   saídas	
  
alternativas	
  para	
  a	
  controvérsia	
  sem,	
  todavia,	
  forçar	
  a	
  realização	
  do	
  pacto.	
  O	
  objetivo	
  
da	
   sua	
   atuação	
   é	
   alcançar	
   um	
   acordo	
   que	
   não	
   plenamente	
   satisfatório,	
   evite	
  
complicações	
  futuras	
  com	
  dispêndio	
  de	
  tempo	
  e	
  dinheiro.	
  
	
   A	
   indeclinabilidade	
   da	
   jurisdição	
   e	
   o	
   monopólio	
   estatal	
   da	
   distribuição	
   da	
  
justiça	
  passam	
  por	
  severa	
  releitura	
  e	
  por	
  uma	
  correção	
  de	
  rumos,	
  como	
  se	
  extrai	
  de	
  
tantas	
  passagens	
  em	
  que	
  o	
  próprio	
  ordenamento	
  positivo	
  prevê	
  ou	
  mesmo	
  incentiva:	
  	
  
ü A	
  não	
  formação	
  do	
  processo	
  judicial	
  (Art.217,	
  CF);	
  
ü O	
  trancamento	
  daqueles	
  apenas	
  iniciados	
  (Art.295,	
  CPC);	
  
ü A	
  aferição	
  administrativa	
  do	
  objeto	
   litigioso	
  em	
  ação	
   judicial	
  dirigida	
  contra	
  a	
  
União,	
   em	
   ordem	
   a	
   verificar	
   a	
   plausibilidade	
   da	
   pretensão,	
   para	
   o	
   fim	
   de	
  
possível	
   resolução	
   homogênea	
   do	
   conflito	
   em	
   face	
   de	
   outros	
   casos	
  
semelhantes.	
  
	
   Pergunta:	
   A	
   crise	
   numérica	
   dos	
   processos	
   judiciais,	
   segundo	
   MANCUSO,	
  
haveria	
   de	
   ser	
   enfrentada	
   por	
   duas	
   vertentes,	
   que	
   não	
   se	
   excluem,	
   mas	
   se	
  
complementam.	
  Você	
  saberia	
  (ou	
  imaginaria)	
  responder	
  quais	
  são	
  essas	
  vertentes?	
  
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________	
  
	
  
3.3	
  Heterocomposição	
  de	
  conflitos	
  
	
  
	
   A	
  heterocomposição	
  caracteriza-­‐se	
  pelo	
  fato	
  de	
  a	
  resolução	
  da	
  controvérsia	
  ser	
  
alcançada,	
   não	
   diretamente,	
   pelos	
   próprios	
   interessados,	
   mas	
   pelo	
   consenso	
   em	
  
submeter	
  a	
  pendência	
  a	
  uma	
  tertius,	
  um	
  interveniente,	
  que	
  tanto	
  pode	
  ser:	
  
ü Um	
  órgão	
  judicial;	
  
Arbitragem	
  e	
  Mediação	
  (Prof.	
  José	
  Albenes	
  Bezerra	
  Júnior)	
  
Nota	
  de	
  aula:	
  Meios	
  unilaterais	
  e	
  bilaterais	
  de	
  resolução	
  de	
  conflitos	
  
7	
  	
  
ü Um	
  órgão	
  paraestatal.	
  
	
   Pergunta:	
   O	
   que	
   seria	
   a	
   heterocomposição	
   através	
   de	
   órgãos	
  
parajurisdicionais?	
  
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________	
  
	
  
4.	
  EXPANSÃO	
  DOS	
  MEIOS	
  PARAESTATAIS	
  DE	
  DISTRIBUIÇÃO	
  DE	
  JUSTIÇA	
  
	
  
4.1	
  Introdução	
  
	
  
	
   A	
   heterocomposição	
   quando	
   realizada	
   nas	
   instâncias	
   parajurisdicionais,	
  
distingue-­‐se	
  daquela	
  promovida	
  pelo	
  Estado-­‐juiz	
  pelos	
  seguintes	
  motivos:	
  
ü Pela	
  origem	
  ou	
  qualidade	
  dos	
  seus	
  promoventes;	
  
ü Pela	
  natureza	
  da	
  decisão	
  proferida;	
  
ü Resolve,
a	
  um	
  tempo,	
  a	
  crise	
  jurídica	
  e	
  sociológica	
  subjacente;	
  
ü É	
   prospectiva,	
   valorizando	
   o	
   aspecto	
   da	
   continuidade	
   das	
   relações	
   fáticas	
   e	
  
jurídicas	
  entre	
  os	
  contraditores;	
  
ü Ela	
   compõe	
   a	
   controvérsia	
   e	
   encerra	
   o	
   processo,	
   sem	
   deixar	
   resíduos	
  
conflitivos.	
  
Pergunta:	
  E	
  os	
  meios	
  de	
  heterocomposição	
  parajurisdicional	
  em	
  espécie?	
  
ARBITRAGEM:___________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Arbitragem	
  e	
  Mediação	
  (Prof.	
  José	
  Albenes	
  Bezerra	
  Júnior)	
  
Nota	
  de	
  aula:	
  Meios	
  unilaterais	
  e	
  bilaterais	
  de	
  resolução	
  de	
  conflitos	
  
8	
  	
  
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________	
  
MEDIAÇÃO:_____________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________	
  
	
  
ESPAÇO	
  PARA	
  ANOTAÇÕES	
  COMPLEMENTARES	
  (Conceitos,	
  artigos	
  e	
  jurisprudência)	
  
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Arbitragem	
  e	
  Mediação	
  (Prof.	
  José	
  Albenes	
  Bezerra	
  Júnior)	
  
Nota	
  de	
  aula:	
  Meios	
  unilaterais	
  e	
  bilaterais	
  de	
  resolução	
  de	
  conflitos	
  
9	
  	
  
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________	
  
	
  
O	
  conteúdo	
  aqui	
  previsto	
  não	
  é	
  suficiente	
  para	
  a	
  total	
  compreensão	
  da	
  matéria.	
  Não	
  
deixe	
  de	
  assistir	
  às	
  aulas,	
  bem	
  como	
  pesquisar	
  e	
  analisar	
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