Buscar

competência tributária1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FISCOSoft
Impresso
Impressão gerada em 06/08/2012
Artigo - Federal - 2002/0143
Competência tributária
Augusto Cesar Ramos*
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho, por certo, não pretende investigar à exaustão o tema ora proposto, senão, com um mínimo de
diligência, suscitar algumas anotações pontuais relevantes. Assim, uma percuciente investigação do tema será deixada aos
experts, cujo cabedal de conhecimento jurídico transcende o desse neófito estudante.
Nessa perspectiva, mister esclarecer que o estudo da competência tributária encontra-se jungido ao princípio da Federação,
cujos entes políticos, detentores de autonomia, que não se confunde com soberania (afeta apenas à União), detêm uma série
de competências, dentre as quais a competência tributária, que se subordina "às normas constitucionais, que, como é
pacífico, são de grau superior às de nível legal, que prevêem as concretas obrigações tributárias"(1).
Com efeito, pode-se asseverar que a Constituição Federal é a "lei tributária fundamental, por conter as diretrizes básicas
aplicáveis a todos os tributos"(2). E, certamente, por essa razão, muito se fala em sistema constitucional tributário, pelo qual
se entende "o conjunto de princípios constitucionais que informam o quadro orgânico de normas fundamentais e gerais do
direito tributário, vigentes em determinado País. Se 'sistema é um conjunto ordenado de elementos segundo uma perspectiva
unitária', o sistema constitucional tributário é o conjunto ordenado das normas constitucionais que tratam da matéria
tributária, matéria esta tomada como princípio de relação que as unifica"(3).
Do acima articulado decorre que o estudo da competência tributária é um tema exclusivamente constitucional, na medida
em que o assunto foi esgotado pelo constituinte.
2. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
2.1 Conceito
Cumpre, inicialmente, consignar que a acepção do termo competência tributária não se confunde com poder tributário, ainda
que haja conexidade entre ambos. Primeiro, porque competência tributária é "a manifestação da autonomia da pessoa
política que a detém"(4), com suporte no princípio da Federação, consubstanciado no art. 1º da Carta Política de 1988, em
que cada uma das pessoas políticas internas possui autonomia. Segundo, porque o poder tributário "se opera tão-somente no
âmbito dos Estados unitários, nos quais existe uma única pessoa política central, imbuída do poder absoluto de tributar, sem
quaisquer restrições"(5).
Não obstante o acima expendido, a doutrina mais abalizada rechaça essa diferenciação acadêmica baseada no autoritarismo
do Estado, haja vista entenderem que "o poder de tributar nada mais é que um aspecto da soberania estatal, ou uma parcela
desta", de modo que "a idéia mais generalizada parece ser a de que os indivíduos, por seus representantes, consentem na
instituição do tributo, como de resto na elaboração de todas as regras jurídicas que regem a nação"(6).
A expressão competência tributária pode ser definida como sendo o poder, atribuído pela Constituição Federal, observadas
as normas gerais de Direito Tributário, de instituir, cobrar e fiscalizar o tributo, compreendendo a competência legislativa,
administrativa e judicante. Noutras palavras, pode-se definir competência tributária como sendo "a parcela do poder de
tributar conferida pela Constituição a cada ente político para criar tributos"(7), ou, ainda, "a aptidão para criar, in abstracto,
tributos" (8). Não destoa o entendimento segundo o qual se conceitua competência tributária "como o limite do poder fiscal
para legislar e cobrar tributos"(9).
FISCOSoft On Line 1 
FISCOSoft Impresso
2.2 Distribuição da competência tributária
Não se pode olvidar que em razão do princípio Federativo adotado pelo Brasil, o que denota uma carga de autonomia aos
entes políticos, exige uma distribuição, repartição ou mesmo discriminação de competências tributárias. Isso, a propósito,
vem explícito no art. 145 da Constituição Federal, quando estatui que a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão instituir tributos.
Por evidente, tal competência há de ser distribuída e delimitada, sob pena de instaurar-se o caos tributário, administrativo e
jurídico no país. Nesse sentido, a Constituição Federal em seus arts. 153, 155 e 156, sob as epígrafes "Dos impostos da
União", "Dos impostos dos Estados e do Distrito Federal" e "Dos impostos dos Municípios", estabeleceu a competência
desses entes políticos. Há de se atentar ainda para a competência residual da União, em observância ao art. 154 da Carta
Constitucional.
Diante do exposto, infere-se que a repartição de competências tributária decorre "da própria estrutura do Estado Federado e,
para que tenha condições de plena eficácia, deve ser rígida e exaustiva, objetivando prevenir os conflitos e invasões de uma
pessoa política por outra"(10). Em outras palavras, "a distribuição de competência tributária, ou seja, a divisão das áreas
dentro das quais a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem criar e cobrar tributos, é taxativa, isto é, não
admite qualquer invasão de uns pelos outros"(11).
2.3 Espécies de competência tributária
A doutrina não é harmônica quanto ao número de espécies de competência tributária. De qualquer sorte, no âmbito da
repartição de competências, corolário do princípio Federativo, menciona-se as seguintes:
Competência cumulativa ou comum, inserta no art. 145, II e III, da Constituição da República, é aquela atribuída a uma ou
mais entidades políticas, como por exemplo a que "possibilita a cobrança das 'taxas' e 'contribuição de melhorias' pela
União, Estados Distrito Federal e Municípios, evidentemente dentro das respectivas competências de atuação"(12).
A competência privativa ou exclusiva é a atribuída específica e exclusivamente a um ente político, ou seja, "ocorre quando
apenas uma pessoa política pode tributar determinado fato, excluindo-se a competência dos demais entes (ex.: IPI)"(13).
Isso equivale dizer que "também é excludente, uma vez que constitui uma obrigação negativa para as outras entidades, que
não podem invadir aquela área própria e privativa do ente político beneficiado"(14).
Competência residual é o poder de instituir outros tributos não previstos na Constituição Federal, em seus artigos arts. 153,
154 e 155. No Brasil, somente a União detém a competência residual, nos termos do art 154.
Competência legislativa plena é o poder de legislar sobre todos os aspectos do tributo, tais como fato gerador, base de
cálculo, alíquota, contribuintes etc., consoante disposto no art. 6º do Código Tributário Nacional - CTN, observando-se as
normas gerais de direito tributário. Isso quer dizer que "no que se refere à competência federal, o legislador federal sofre as
restrições previstas na Constituição Federal e na Lei Complementar (CTN); o legislador estadual, além das normas referidas
para a União, sofre as restrições da Constituição Estadual; e o legislador municipal, além das normas referidas para a União
e os Estados-membros, sofre restrições previstas na Lei Orgânica dos Municípios"(15).
Competência legislativa supletiva ou suplementar é a atribuída aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para, nas
suas respectivas esferas, editarem normas complementares, nos termos do art. 24, § 2º, da Constituição Federal.
Competência concorrente é a competência atribuída pela Constituição Federal aos três níveis de governo para legislar sobre
direito tributário, consoante a dicção do art. 24.
Como se pôde observar, é a Constituição Federal quem atribui competência em matéria tributária, que, sintetizando o pacto
federativo, traça os contornos gerais do Estado nas suas três esferas de poder. Como expressão pura desse pacto ela distribui
as competências tributárias entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, formando, juntamente com os
princípios e as normas de direito tributário, o Sistema Tributário Nacional.
3. LIMITES CONSTITUCIONAIS À COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
As limitações à competência tributária, previstasnos artigos 9º a 11 do CTN, consistem-se em princípios e normas jurídicas,
consubstanciadas em vedações constitucionais, que têm por objetivo a garantia do cidadão contra o abuso do poder de
tributar do Estado.
Nesse diapasão, cumpre registrar que princípios constitucionais são "aqueles que guardam os valores fundamentais da
FISCOSoft On Line 2 
FISCOSoft Impresso
ordem jurídica. Isto só é possível na medida em que estes não objetivam regular situações específicas, mas sim desejam
lançar a sua força sobre todo o mundo jurídico"(16).
São exemplos de princípios albergados pelo ordenamento jurídico pátrio, a saber: o republicano, o federativo, da legalidade,
da anterioridade, da ampla defesa, dentre outros. Para efeitos do presente estudo, consentâneo tecer algumas considerações
acerca de princípios tributários expressos que constituem limites de índole constitucional à competência tributária.
3.1 Da Legalidade
Também denominado de princípio da reserva legal (arts. 5º, II e 150, I, da Constituição Federal, e o art. 97, do CTN),
preceitua que não há tributo sem lei que o institua ou o majore. Esse princípio tem raízes na história da humanidade,
encontrando sua expressão máxima na soberania popular, na medida em que limitou o poder real, impedindo-o de instituir
tributo de forma arbitrária, sem o consentimento dos cidadãos (parágrafo único do art. 1º da Constituição Federal).
A magnitude de sua importância é tamanha que se encontra sob a égide do título "Dos direitos e garantias fundamentais",
firmando-se, assim, como cláusula pétrea (art. 60, § 4º, da Constituição Federal).
Com efeito, "está implícita como princípio de direito tributário a exigência da lei como fundamento da tributação"(17), de
sorte que não há falar em criar, majorar ou extinguir tributo senão por intermédio de lei.
Não é demais lembrar que Medida Provisória não é lei em sentido estrito-formal, entendendo-se por esta a regularmente
aprovada pelo Poder Legislativo e sancionada pelo Executivo, o que afasta, em tese, a sua utilização no âmbito tributário.
3.2 Da isonomia
Inserto no art. 150, inciso II, da Constituição da República, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situações equivalentes. Esse princípio é corolário do princípio geral de que todos são iguais perante a lei, sem qualquer
distinção, conforme disposto no art. 5º da Carta Política.
Não por acaso o aludido princípio é também denominado de princípio da igualdade tributária, uma vez que "em matéria
tributária, mais do que em qualquer outra, tem relevo a idéia de igualdade no sentido de proporcionalidade. Seria verdadeiro
absurdo pretender-se que todos pagassem o mesmo tributo. Assim, no campo da tributação, o princípio da isonomia às vezes
parece confundir-se com o princípio da capacidade contributiva"(18).
3.3 Da irretroatividade e da anterioridade
Os princípios da irretroatividade e da anterioridade encontram-se sob o abrigo do art. 150, III, alíneas 'a' e 'b', da
Constituição Federal, respectivamente.
O primeiro, como cediço, é basilar no sistema jurídico, e decorre dos princípios gerais que estatuem que "a lei não retroage,
exceto para beneficiar" e que "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada" (art. 5º,
XXXVI, CF).
Notadamente na seara do Direito Tributário o aludido princípio veda a cobrança de tributos relativos a fatos geradores
ocorridos antes da vigência da lei. Em conseqüência, a legislação tributária aplica-se, imediatamente, aos fatos geradores
futuros e aos pendentes, "com o fim de garantir a estabilidade jurídica e a segurança nos negócios e fatos jurídicos"(19), nos
termos do art. 105 do CTN.
Já o princípio da anterioridade, previsto no art. 150, III, 'b', da CF, e no o art. 9º, II, do CTN, tem o escopo de assegurar a
previsibilidade das normas tributárias, evitando-se surpresas ao contribuinte, de sorte que "para ser validamente incidente
sobre os fatos jurídicos ocorridos num determinado período (geralmente no período fiscal, que coincide com o ano civil)
deve ser publicada no exercício financeiro anterior"(20).
Constituem, todavia, exceção a esse princípio os impostos de importação, de exportação, sobre produtos industrializados,
sobre operações financeiras, extraordinário por motivo de guerra, contribuições para o financiamento da seguridade social
etc., conforme os artigos 148, 149, 150 e 195, todos da Constituição Federal.
3.4 Da vedação do efeito confiscatório, da imunidade e isenção tributária
O primeiro, previsto no art. 150, IV, da Constituição da República, expurga do ordenamento jurídico a possibilidade de
FISCOSoft On Line 3 
FISCOSoft Impresso
ocorrer uma tributação extorsiva correspondente à absorção, total ou parcial, da propriedade pelo Estado, sem que haja a
devida indenização ao contribuinte. Todavia, não se trata de confisco a cobrança do ITR a razão de 20% ao ano incidente
sobre o valor da terra nua em área rural, ainda que matematicamente conclua-se que ao final de 5 anos o contribuinte terá
pagado o equivalente a 100% do valor da terra. Em verdade, o que se pretende com esse imposto é atender ao preceito
constitucional do fim social da propriedade (art. 5º, XXIII, CF), de modo a compelir o proprietário de terras rurais
improdutivas torná-las produtivas socialmente.
No que tange aos princípios da imunidade e da isenção tributária, faz-se necessário uma distinção entre ambos, ainda que
perfunctória, no sentido de que as primeiras "vêm expressas no texto constitucional e por isso denominam-se imunidades;
se, por outro lado, forem objeto de disposição legal, tratar-se-á de isenção"(21).
São exemplos de imunidade tributária "instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos
de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais...; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão" (art. 150, VI, CF).
De acordo com o art. 175 do CTN a isenção é modalidade de exclusão do crédito tributário e pode ser concedida a qualquer
tributo (imposto, taxa, contribuição de melhoria etc.), ao contrário da imunidade que está adstrita aos impostos. Ainda nesse
passo, o art. 184, § 5º, da Constituição Federal esclarece que "são isentas de impostos federais, estaduais e municipais as
operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária". Em sendo "exclusão, fácil é concluir
que o crédito tributário existiu e o fato gerador ocorreu efetivamente, fazendo nascer a obrigação tributária. A isenção,
podemos dizer, é a dispensa do pagamento do tributo a partir do nascimento da obrigação respectiva. Essa a posição
doutrinária dominante"(22).
De outra parte, certo é que somente quem pode tributar poderá isentar, não prescindindo a isenção tributária de previsão
legal (art. 150, § 6º, da CF).
4. CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
4.1 Inalterabilidade
A Constituição Federal atribuiu competência tributária, por exemplo, aos Estados-membros para instituir impostos sobre
"causa mortis" (art. 153, I, CF), e, à União para instituir impostos sobre importação de produtos. É fato inconteste que a
alteração de competência só será admissível por meio de Emenda Constitucional, não se permitindo assim que o princípio
da Federação seja abalado por modificações advindas da vontade do legislador infraconstitucional.
4.2 Indelegabilidade e Irrenunciabilidade
Com efeito, o art. 7º do CTN dispõe que a competência tributária é indelegável, o que, não obstante, inviabiliza a delegação
de uma pessoa jurídica de direito público a outra, mediante convênio, as funções de arrecadar, fiscalizar, executar leis,
serviços. A referida delegação compreende as garantias e os privilégios processuais (art. 7º, § 1º, do CTN), podendo ser
revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral de quem a delegou, porquanto é sempre em caráter precário.
A irrenunciabilidade, ao contrário, estabelece que "a pessoa política detentora da competênciatributária não poderá
renunciar a ela, no todo ou em parte"(23).
4.3 Incaducabilidade
Com efeito, a distribuição de competências insculpida na Constituição da República em momento algum fez menção, ainda
que implicitamente, a um lapso temporal para o exercício da competência tributária conferida a um ente político. In casu, a
doutrina de forma sucinta e clara tem reverberado o entendimento segundo o qual "o art. 8º do CTN diz que o eventual
não-exercício da competência tributária não a defere a qualquer outra pessoa jurídica de Direito Público diversa daquela a
quem a Constituição haja entregue referida competência"(24).
4.4 Facultatividade
FISCOSoft On Line 4 
FISCOSoft Impresso
A facultatividade do exercício da competência é um dos pressupostos da competência tributária, "em razão do que a falta de
seu exercício não lhes afasta o direito assegurado pela Constituição, que não estabeleceu qualquer espécie de perda em
razão de mera inércia legislativa"(25). Assim, o fato de a União não ter instituído o Imposto sobre Grandes Fortunas não lhe
retira a faculdade de exercer a sua competência para tal, em qualquer oportunidade.
4.5 Privatividade
Em razão da titularidade de competência tributária que os entes políticos detêm por expressa determinação constitucional,
por óbvio que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios gozam de privatividade para instituir, cobrar e
fiscalizar o tributo de sua competência. Essa assertiva, por conseguinte, "implica a exclusividade e conseqüente proibição de
seu exercício por quem não tenha sido consagrado com esse direito"(26).
5. CONFLITOS DE COMPETÊNCIA
Como já observado no item 2.2 deste trabalho, a competência tributária é matéria eminentemente constitucional, taxativa e
exaustivamente prevista, de sorte que haverá conflito de competência na medida em que um ente político arvorar-se de
competência alheia.
Nesse sentido, reiterando a assertiva de que todas as competências tributárias são previstas na Constituição Federal,
conclui-se que "a pessoa política não pode usurpar competência tributária alheia, nem aquiescer que sua própria
competência tributária venha a ser utilizada por outra pessoa política"(27). Noutros termos, pode-se "enxergar o conflito de
competência como uma situação de efetivo esbulho de um direito outorgado privativamente a terceiros"(28).
Desse quadro duas situações merecem destaque, embora não se confundam com o conflito de competência, a saber: a
hipótese do bis in idem e da bitributação.
5.1 Bis in idem e bitributação
A clássica diferença entre a hipótese do bis in idem e a bitributação está na particularidade de que o primeiro ocorre quando
uma única pessoa política institui tributos diversos sobre o mesmo fato gerador e o mesmo contribuinte, mas pela incidência
de duas normas legais distintas.
A bitributação, por seu turno, ocorre quando a dupla tributação tem origem em pessoas políticas distintas, de modo que "são
duas normas, cada qual emanada de um legislativo, incidindo sobre o mesmo fato jurídico e onerando o mesmo
contribuinte"(29).
6. COMPETÊNCIA RESIDUAL
É pacífico o entendimento segundo o qual a competência tributária encontra-se exaustivamente delineada na Constituição
Federal. Nessa esteira de raciocínio, com fulcro nos arts. 153, 155 e 156 Carta Política de 1988, que atribui competência
tributária à União, aos Estados e ao Distrito Federal, e, por fim, aos Municípios, respectivamente, eventual "sobra, se existir
algum fato econômico passível de tributação, será da competência da União"(30) (art. 154, CF).
A União, no exercício de sua competência residual, não poderá instituir impostos que figuram entre aqueles constantes no
art. 153 da Constituição Federal, exigindo-se, ademais, expressa previsão em lei complementar(31) para sua instituição e
cobrança, devendo ser ainda não-cumulativo e não ter base de cálculo e fato gerador próprio dos impostos já discriminados
na Constituição.
Do acima articulado infere-se que a União, no exercício da competência residual, "não poderá valer-se de materialidades
que tenham sido indicadas e autorizadas pelo texto constitucional para impostos de competência das demais pessoas
políticas de direito público interno, sob pena de violação ao princípio federativo"(32).
De qualquer sorte, as limitações impostas ao exercício da competência residual pela União configuram-se "requisitos de
técnica jurídica, e não interferem no tamanho da competência residual, mas sim no modo de utilizá-la"(33).
Por derradeiro, oportuno registrar que não somente quanto aos impostos a União poderá exercer a sua competência residual,
mas, também, quanto a "contribuições sociais não incidentes sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro (art. 195, §
FISCOSoft On Line 5 
FISCOSoft Impresso
4º, CF)"(34).
7. CONCLUSÃO
De todo o exposto, considerando que a tributação visa à consecução de "recursos para que o Estado possa pagar as despesas
necessárias à realização das suas finalidades"(35), pode-se asseverar que a competência tributária só é atribuída às pessoas
jurídicas de direito público como a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, uma vez que os tributos devem ser
destinados, exclusivamente, para fins públicos e nunca particulares.
De outra parte, há de se considerar o fato de que "na tributação, o princípio da segurança jurídica como diretriz, aponta para
uma direção; em seus desdobramentos aparecem os princípios da competência, da submissão da ação estatal à lei, da
supremacia da Constituição, do respeito aos direitos e garantias individuais, entre outros"(36).
Impende consignar que a Constituição Federal fixa a competência em matéria tributária, deixando, não obstante, a União
exercê-la de forma privativa (art. 153, CF) ou residual (art. 154, CF), que, em verdade, também é privativa quanto à
titularidade do exercício, sendo residual quanto à materialidade da hipótese de incidência.
Como se pôde observar, ante a possibilidade do exercício da competência residual, "a lista de situações materiais que
ensejam a incidência de impostos da União (art. 153) não é exaustiva, dado que outras situações podem ser oneradas por
impostos federais"(37).
Não é demais registrar que aos impostos oriundos do exercício da competência residual da União aplicam-se as mesmas
"regras relacionadas com as limitações ao poder de tributar, notadamente o princípio da estrita legalidade"(38).
8. NOTAS
1.CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 287.
2.CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 287.
3.ATALIBA, Geraldo. Sistema constitucional tributário brasileiro. São Paulo: RT, 1968, p. 8.
4.SABBAG, Maristela Miglioli. In RT. Competência tributária. São Paulo, jun. 1996, v. 728, p. 682.
5.SABBAG, Maristela Miglioli. In RT. Competência tributária. São Paulo, jun. 1996, v. 728, p. 682.
6.MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 25.
7.ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio Franco da. Manual de direito financeiro & direito tributário. 14. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2000, p. 255.
8.CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 288.
9.ICHIHARA, Yoshiaki. Direito tributário. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1994, p. 89.
10.SABBAG, Maristela Miglioli. In RT. Competência tributária.São Paulo, jun. 1996, v. 728, p. 684.
11.DECOMAIN, Pedro Roberto. Anotações ao código tributário nacional. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 44.
12.ICHIHARA, Yoshiaki. Direito tributário. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1994, p. 32.
13.SABBAG, Maristela Miglioli. In RT. Competência tributária. São Paulo, jun. 1996, v. 728, p. 683.
14.ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio Franco da. Manual de direito financeiro & direito tributário. 14. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2000, p. 259.
15.ICHIHARA, Yoshiaki. Direito tributário. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1994, p. 90.
16.BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional.13. ed. São Paulo: Saraiva, 1990, p. 143.
17.ICHIHARA, Yoshiaki. Princípio da legalidade tributária na Constituição de 1988. São Paulo: Atlas, 1994, p. 72.
18.MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 1993, p. 185.
19.PIRES, Adilson Rodrigues. Manual de direito tributário. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 11.
20.SABBAG, Maristela Miglioli. In RT. Competência tributária. São Paulo, jun. 1996, v. 728, p. 688.
21.SABBAG, Maristela Miglioli. In RT. Competência tributária. São Paulo, jun. 1996, v. 728, p. 688.
22.PIRES, Adilson Rodrigues. Manual de direito tributário. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p. 16.
23.SABBAG, Maristela Miglioli. In RT. Competência tributária. São Paulo, jun. 1996, v. 728, p. 690.
24.DECOMAIN, Pedro Roberto. Anotações ao código tributário nacional. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 47.
25.MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. São Paulo: Dialética, 1997, 85.
26.MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. São Paulo: Dialética, 1997, 84.
27.CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 301.
FISCOSoft On Line 6 
FISCOSoft Impresso
28.SABBAG, Maristela Miglioli. In RT. Competência tributária. São Paulo, jun. 1996, v. 728, p. 690.
29.SABBAG, Maristela Miglioli. In RT. Competência tributária. São Paulo, jun. 1996, v. 728, p. 695.
30.ICHIHARA, Yoshiaki. Direito tributário. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1994, p. 54.1."Também neste particular, o constituinte
quis pôr freios à multiplicação de impostos federais. A fórmula que encontrou foi justamente esta: exigir que os novos
impostos só pudessem ser validamente instituídos por meio de lei complementar, ato normativo que exige quorum
qualificado de aprovação" (CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 13. ed. São Paulo:
Malheiros, 1999, p. 591).
32.MARQUES, Márcio Severo. Classificação constitucional dos tributos. São Paulo: Max Limonad, 2000, p. 214.
33.SILVA MARTINS, Ives Gandra da (Coord.). Curso de direito tributário. 2. ed. Belém: CEJUP, 1993, 138.
34.ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio Franco da. Manual de direito financeiro & direito tributário. 14. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2000, p. 261.
35.DECOMAIN, Pedro Roberto. Anotações ao código tributário nacional. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 18.
36.ICHIHARA, Yoshiaki. Princípio da legalidade tributária na Constituição de 1988. São Paulo: Atlas, 1994, p. 69.
37.AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 95.
38.BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito financeiro e de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 253.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
ATALIBA, Geraldo. Sistema constitucional tributário brasileiro. São Paulo: RT, 1968.
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 1990.
___________. Curso de direito financeiro e de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 1991.
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 1997.
___________. Curso de direito constitucional tributário. 13. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.
DECOMAIN, Pedro Roberto. Anotações ao código tributário nacional. São Paulo: Saraiva, 2000.
ICHIHARA, Yoshiaki. Direito tributário. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
___________. Princípio da legalidade tributária. São Paulo: Atlas, 1994.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Malheiros, 1993.
___________. Curso de direito tributário. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 1997.
MARQUES, Márcio Severo. Classificação constitucional dos tributos. São Paulo: Max Limonad, 2000.
MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. São Paulo: Dialética, 1997.
PIRES, Adilson Rodrigues. Manual de direito tributário. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio Franco da. Manual de direito financeiro & direito tributário. 14. ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 2000.
SABBAG, Maristela Miglioli. In RT. Competência tributária. São Paulo, jun. 1996, v. 728.
SILVA MARTINS* Ives Gandra da (Coord.). Curso de direito tributário. 2. ed. Belém: CEJUP, 1993.
 Nota:
Augusto Cesar Ramos*
Acadêmico de Direito na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)
E-mail: acramos@intergate.com.br
$this->htmlftable(' 
 Texto publicado originalmente no Jus Navigandi (www.jus.com.br), reproduzido mediante permissão expressa do site
e de seu autor. ');�
FISCOSoft On Line 7

Outros materiais