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�PAGE � �PAGE �3� REGIMES DE GOVERNO: Autocracias e Democracias I – NOÇÃO PRELIMINAR: Os regimes de governo traduzem o modo pelo qual o poder (governo) é efetivamente exercido. Em geral, fala-se em regimes democráticos quando se reconhece o povo como fonte da autoridade política = soberania popular; e, em regimes autocráticos, quando se quer designar toda a sorte de governos antidemocráticos. A oposição entre autocracia e democracia está na direção em que é transmitida a autoridade, e no grau de autonomia dos subsistemas políticos (os partidos, os sindicatos e todos os grupos de pressão em geral). Autocracias = Governantes Povo Democracias = Governantes Povo II – DEMOCRACIA 1) Conceito: De acordo com Norberto Bobbio (O futuro da democracia), democracia – numa definição mínima – é um conjunto de regras e procedimentos que possibilitam ao maior número possível de interessados participar das atividades de exercício do poder político. Etimologicamente democracia significa governo popular. Demo (radical grego = povo) Cracia (governo) 2) Pressuposto fundamental: o Estado de Direito O Estado de Direito nasce como a face jurídica do Estado Liberal burguês. 2.1) Origem nos séculos XVII e XVIII Fim dos regimes absolutistas (monarquias ocidentais caracterizadas pela centralização e arbitrariedade no exercício do poder político pelo monarca) Revoluções Liberais: Revolução Gloriosa – Inglaterra 1688 Declaração de Independência das colônias britânicas da América do Norte – EUA 1776-1787 Revolução Francesa – França 1789 A nova classe social (burguesia) detentora do pode econômico reivindica e conquista liberdade para exercer atividade econômica sem a interferência do Estado, cuja função passa a ser primordialmente conferir segurança jurídica aos contratos e à propriedade privada e dar segurança aos cidadãos. 2.2) Inspiração: Séc. XVIII – Iluminismo: racionalismo / individualismo Iluminismo: movimento filosófico que se desenvolve particularmente na França no séc. XVIII. Caracteriza-se pela defesa da ciência e da racionalidade crítica, contra a fé, a superstição e os dogmas da Religião Católica, dominantes na Idade Média. Ex. Galileu Galilei (italiano): defensor da tese de Nicolau Copérnico (polonês), para quem a Terra girava em torno do Sol, e não o contrário, como pregava a Igreja. O homem passa a acreditar na força da razão contra o obscurantismo da fé. A filosofia iluminista defende as liberdades individuais contra o autoritarismo e o abuso do poder real. O iluminismo influenciou os revolucionários do século XVIII (França, EUA, Inconfidência mineira...). Esta visão é fonte do liberalismo político, que enaltece os direitos naturais do homem (vida, liberdade e propriedade) e busca limitar o poder político, a fim de assegurar a manutenção dessas liberdades. Um dos pilares da idéia de limitação do poder é a teoria da separação dos poderes, concebida por Montesquieu, no século XVIII. Constitucionalismo: princípios da isonomia, da legalidade, da separação dos poderes, previsão e garantias de direitos individuais (vida, liberdade e propriedade privada). 2.3) Governos representativos Sufrágio restrito aos proprietários (cidadãos ativos) – John Locke / Sieyès No Brasil, sufrágio censitário na época do Império. 3) Democracias modernas O Estado de Direito, em sua origem, não é ainda Estado democrático. A democracia pressupõe ampliação do direito de participação política (sufrágio), o que só vem a ocorrer após a Revolução Industrial, com o surgimento de uma nova classe social: o proletariado, que, apercebendo-se de sua condição social e econômica, por força das novas teorias socialistas e comunistas do século XIX, ganha consciência da sua importância no processo produtivo, bem como da importância da participação política para a conquista de novos direitos. A ampliação do sufrágio, processo desencadeado em meados do século XIX, vai se desenvolver durante um século até meados do século XX, quando também as mulheres passam a fazer parte da massa de votantes. Tem-se aí o início do desenvolvimento das democracias modernas, que se fundamentam no princípio da soberania popular. Este, por sua vez, repousa na afirmação de que o poder político emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente. Com efeito, as democracias modernas apóiam-se fundamentalmente no instituto da representação política, mas, atualmente, não podem prescindir da existência de instrumentos de participação popular direta. 3.1) A democracia pressupõe a existência conjugada de alguns elementos caracterizadores do regime: a) Sufrágio universal; b) Eleições livres, com garantia de voto secreto e igual; c) Liberdades de manifestação, de opinião, de reunião, de associação, de ir e vir, de imprensa etc; d) Pluralismo político (pluralismo partidário); e) Possibilidade de alternância no poder; f) Respeito à oposição; g) Observância da regra da maioria; h) Respeito e garantias aos direitos das minorias; i) Previsão de mecanismos e efetiva possibilidade de participação popular direta no exercício do poder político. III – AUTOCRACIA 1) Conceito: Autocracia é o governo que encontra fundamento na pessoa ou no grupo que exerce o poder. Auto (prefixo grego = próprio, de si mesmo) Cracia (radical grego = governo) 2) Características dos regimes autocráticos: a) Ausência de parlamento e de eleições livres (ou, quando essas instituições existem, pelo seu caráter meramente cerimonial); b) Predomínio do poder executivo no exercício governamental; c) Ausência de liberdades públicas (manifestação, associação, reunião, ir e vir, imprensa etc.); d) Supressão ou redução da oposição; e) Proibição de pluralismo partidário; f) Autonomia reduzida dos subsistemas políticos. 3) Alguns autores distinguem duas espécies de regimes autocráticos: os autoritarismos e os totalitarismos. 3.1) Autoritarismo Categoria muito geral que compreende grande parte dos regimes políticos autocráticos (despotismo, tirania, ditadura, absolutismo etc.). Ex. No Brasil, o Estado Novo (1937-1945) e a Ditadura militar (1964-1984). 3.2) Totalitarismo O totalitarismo caracteriza-se por ser monopartidário, por demandar alto grau de mobilização política e por professar uma ideologia oficial e fortemente dinâmica. Trata-se geralmente de regimes violentos, baseados no terror. Ex. Nazismo, Fascismo, Stalinismo.
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