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Aula Balanço de pagamentos

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Capitulo 2 Aula 3 
 
BENEVIDES PINTO, D. ; VANCONCELLOS, M. A.S. Manual de economia, 4 ed. 
São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
BALANÇO DE PAGAMENTOS 
 
O balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as transações de um 
país com outros países do mundo. Assim, no balanço de pagamentos estão 
registradas todas as importações que o Brasil faz de outros países, todas as 
exportações brasileiras, os fretes pagos a navios estrangeiros, os empréstimos 
que o Brasil recebe em moeda estrangeira, o capital das firmas estrangeiras que 
abrem filiais no Brasil, o capital das firmas estrangeiras que saem do Brasil, 
entre outros. 
Como pode-se concluir dos exemplos anteriores, no balanço de pagamentos 
estão registradas todas as compras e vendas de moeda estrangeira. As 
compras de moedas estrangeiras são efetivadas ou para importar mercadorias 
de outros países, ou para pagar serviços prestados por estrangeiros a 
brasileiros, ou para que as firmas estrangeiras possam enviar seus lucros aos 
países de origem, ou para pagamento de juros de empréstimos estrangeiros, ou 
para pagamento de royalties e patentes a outras nações do mundo. As vendas 
de moedas estrangeiras são efetivadas pelos exportadores que receberam suas 
receitas em dólares pelas firmas estrangeiras que estão montando filiais no 
Brasil e precisam de reais ou pelas entidades que receberam empréstimos de 
outros países e precisam convertê-los em reais para realizar seus pagamentos. 
Todas as compras de moeda estrangeira são registradas no lado esquerdo do 
ba lanço de pagamentos, isto é, são lançadas a débito. Por outro lado, todas as 
vendas de moeda estrangeira são registradas no lado direito do balanço de 
pagamentos, isto é, sã, lançadas a crédito. 
Esquematicamente, teremos, então: 
 
 
 
 
O total de compras de moeda estrangeira deve ser sempre exatamente igual 
ao total de vendas de moeda estrangeira, pois, sempre que alguém está 
vendendo alguma coisa, outra pessoa está comprando essa mesma coisa. Em 
outras palavras, o balanço de pagamentos, assim como qualquer registro 
contábil , precisa estar sempre em equilíbrio, ou seja, o montante de débitos 
deve sempre coincidir com o montante de créditos, da mesma forma que 
qualquer registro contábil de lançamentos por partidas dobradas. 
Desse modo, apresentado, o balanço de pagamentos não fornece nenhuma 
informação sobre o comércio internacional de uma nação. Na realidade, para 
Do lado esquerdo – Débito Do lado direito - Crédito 
Compra de moeda estrangeira Venda de moeda estrangeira 
que essas informações possam ser obtidas, é necessário subdividir o balanço 
de pagamentos em algumas categorias mais importantes. Geralmente, ele é 
dividido em três grandes categorias relativas a três tipos de transações. Em 
primeiro lugar, existe a chamada balança comercial, que registra todas as 
exportações de mercadorias brasileiras e todas as importações de mercadorias 
do resto do mundo. Depois, existe a chamada balança de serviços, que 
registra o montante pago pelo Brasil por serviços prestados por estrangeiros, 
como serviços de transportes, serviços de assistência técnica, os juros que o 
Brasil paga pelos empréstimos fornecidos por outras nações do mundo, bem 
como os lucros remetidos pelas multinacionais aqui localizadas. Registra 
também os recebimentos do Brasil por serviços prestados a estrangeiros. 
Dessa forma, o balanço de pagamentos poderia ser representado como na 
Tabela a seguir: 
 
Balança Comercial = 
Débito 
 
Crédito 
Importações Exportações 
Balança de serviços = 
(Do lado esquerdo) = Débito (Do lado direito) = Crédito 
Fretes pagos a navios estrangeiros Fretes recebidos por navios 
brasileiros 
Prêmio de seguro de companhias 
estrangeiras 
Prêmios de seguro de companhias 
brasileiras 
Juros de empréstimos estrangeiros 
Lucros remetidos ao exterior Lucros recebidos do exterior 
 
A balança comercial e a balança de serviços, consideradas conjuntamente, 
formam a chamada balança de transações correntes, a qual não registra 
os capitais das firmas estrangeiras que entram e saem do Brasil, os 
empréstimos que o Brasil recebe de entidades e nações internacionais, e 
outros. Todas essas transações que não se referem à produção e venda de 
serviços ou bens, ou seja, todas as transações que não se referem à produção 
corrente são registradas na terceira divisão do balanço de pagamentos, a 
balança de capitais. Nessa balança, são registrados o capital das firmas 
estrangeiras que ingressam no país, o capital estrangeiro que ingressa sob a 
forma de empréstimos, os empréstimos de outros governos ao Brasil, os 
empréstimos do FMI, entre outros. 
Apesar de termos afirmado que o balanço de pagamentos está sempre em 
equilíbrio, isto não significa de forma alguma que as diversas divisões do 
balanço de pagamentos também estejam em equilíbrio; não é necessário que o 
montante de importações brasileiras seja igual ao de exportações brasileiras, e 
que o montante de renda de serviços pago aos brasileiros seja igual ao de 
serviços pago a estrangeiros, ou que o montante de capital que ingressou no 
país seja igual ao que abandonou o país. O que afirmamos é que a soma dos 
débitos das três balanças, conjuntamente, deve ser igual à soma dos créditos 
das três balanças conjuntamente. 
Um exemplo auxiliará na compreensão desse fato. Suponhamos que o Brasil 
tenha exportado $ 15 bilhões durante um determinado ano, que neste mesmo 
ano tenha importado $ 17 bilhões e que os serviços prestados pelo Brasil 
chegassem ao montante de $ 3 bilhões, ao passo que os serviços de transporte 
e de juros devidos aos estrangeiros fossem elevados a $ 5 bilhões. Neste caso, 
teríamos a situação mostrada na Tabela abaixo. 
 
Balança Comercial (em milhões de dólares) 
Débito Crédito 
Importações 17.000 Exportações 15.000 
 Saldo devedor 2.000 
Balança de Serviços 
Transportes e juros 5.000 Transportes 3.000 
 Saldo devedor 2.000 
Tabela de Transações Correntes 
 Saldo devedor 4.000 
 
Como afirmamos que o balanço de pagamentos está sempre em equilíbrio, 
isto é, que sempre o montante de dólares recebidos precisa ser exatamente igual 
ao montante de dólares pagos, o saldo devedor de $ 4 bilhões precisa ser 
coberto de alguma forma. Se o Brasil importou $17 bilhões e pagou $ 5 bilhões 
de transportes, precisa de $ 22 bilhões para cobrir seus pagamentos. Recebeu 
pelas exportações $ 15 bilhões e pelos serviços $ 3 bilhões, tendo um montante 
de $ 18 bilhões. Mas, para pagar $ 22 bilhões, faltam ainda $ 4 bilhões. 
Suponha que algumas firmas estrangeiras tenham ingressado no país e para 
isto tenham vendido $ 1 bilhão em troca de reais para realizar suas compras no 
Brasil. Faltam, mesmo assim, $ 3 bilhões. Uma das formas de cobertura desta 
diferença poderia ser por meio de um empréstimo do FMl de, digamos, $ 1 
bilhão. Outra forma poderia ser por meio da venda de dólares que o governo 
possuísse em reserva exatamente para essas situações. E, finalmente, $ 1 
bilhão restante deveria ser obtido por empréstimos tomados pelas firmas 
brasileiras no mercado financeiro internacional. 
Dessa forma, portanto, estaria o balanço de pagamentos em equilíbrio. O 
superávit da balança de capitais se compensa pelo déficit do balanço de 
transações correntes, como não poderia deixar de ser, pois o montante de 
dólares pagos pelo Brasil precisava ser exatamente igual ao montante de dólares 
recebidos pelo Brasil. 
Cabem, agora, algumas explicações adicionais sobre o significado do saldo 
devedor da balança de transações correntes, apresentado no exemplo anterior. 
Em primeiro lugar. é muito comum falar em desequilíbrio no balanço de 
pagamentos ou em saldo negativo desse saldo. Como ficou demonstrado, não 
pode existir desequilíbrio no balanço de pagamentos, já que o montante de 
recebimentos é igual ao de pagamentos. O que acontece é que na prática, por 
saldo devedor do balanço de pagamentos quer se referir a saldo devedor na 
balança de transações correntes ou nabalança de capitais e não no balanço de 
pagamentos como um todo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em segundo lugar, é preciso compreender o significado do saldo negativo na 
balança de transações correntes. Suponha que, no exemplo anterior, as 
relações apresentadas se referissem somente ao comércio entre o Brasil e os 
Estados Unidos. Nesse caso, o Brasil teria produzido um total de $18 bilhões 
($15 bilhões de exportação e $ 3 bilhões de serviços), isto é, teria auferido uma 
renda de $18 bilhões no comércio internacional. Em troca dessa produção, 
entretanto, o Brasil recebeu $ 22 bilhões, isto é, $ 4 bilhões a mais. Os Estados 
Unidos, por outro lado, produziram $ 22 bilhões e receberam somente $18 
bilhões, isto é, $ 4 bilhões a menos. Esses $ 4 bilhões de diferença são renda 
dos Estados Unidos colocada à disposição da economia brasileira. É um 
montante de renda que não foi consumido nos Estados Unidos, isto é, foi 
poupado, mas que foi transferido para o Brasil. Trata-se, portanto, de uma 
transferência de poupanças dos Estados Unidos para o Brasil. 
Esse mesmo raciocínio pode ser explicado para as relações comerciais do 
Brasil com todas as nações do mundo. Se houver um saldo negativo na balança 
de transações correntes, trata-se de uma transferência de poupanças do resto 
do mundo para o Brasil. 
Balança de pagamentos (em milhões de dólares) 
1. Balança de transações correntes 
1.1 Balança comercial 
Importações 17.000 Exportações 15.000 
 Saldo (déficit) 2.000 
1.2 Balança de serviços 
Fretes pagos 5.000 Fretes recebidos 3.000 
 Saldo (déficit) 2.000 
1.3 Saldo da balança de transações correntes (déficit) 4.000 
2. Balança de capitais 
Ingressos de capitais 1.000 
Empréstimos do exterior 1.000 
Diminuição de reservas 1.000 
Empréstimo FMI 1.000 
2.1 saldo da balança de capitais (superávit) 4.000 
Em terceiro lugar, é necessário compreender como se relaciona o balanço de 
pagamentos com as contas nacionais, analisadas na seção de macroeconomia. 
É preciso lembrar que, quando medimos o produto nacional de uma nação, 
estamos medindo a produção corrente de bens e serviços. Assim, a venda de 
uma casa produzida há dois anos não entra no cômputo do produto. 
Analogamente, em relação ao balanço de pagamentos, não são incluídos os 
itens que se referem à produção de bens e serviços ou de renda relativa a 
períodos anteriores. Só deve ser incluída a produção corrente de bens e 
serviços exportados. Se uma firma estrangeira, por exemplo, transfere seu 
capital, isto é, suas máquinas para o Brasil, essa operação não deve ser 
considerada no PIB, pois se trata da produção de anos passados. Se o Brasil 
contrai empréstimos, estes não devem ser incluídos no PIB, pois não se trata de 
produção. Conclusão: só devem ser incluídas no cômputo do PIE as transações 
correntes e não as transações de capital, já que o PIE mede o produto corrente 
de uma nação. 
Formalmente, o PIB é definido como: 
PIB = C+I+ G+X-M, 
em que: 
C = montante de bens consumidos; 
I = montante de investimentos; 
G = despesas governamentais; 
X = exportações; 
M = importações. 
A diferença de X - M é exatamente o saldo positivo ou negativo da balança de 
transações correntes. 
Agora pode-se dar uma nova explicação para o significado do saldo negativo 
na balança de transações correntes. A condição de equilíbrio em macroeconomia 
é: 
Demanda agregada = RN 
ou 
C+I+G+X-M=C+S+T, 
em que S é a poupança agregada, e T o nível de arrecadação do governo. 
Cortando C, vem: 
I + G + X - M = S + T ou I = S + (T - G) + (M - Xl. 
M - X é o saldo negativo da balança de transações correntes que é somado à 
poupança interna (privada e pública), permitindo, portanto, um investimento 
maior. 
Muitos países em desenvolvimento apresentam saldo negativo na balança de 
transações correntes. Normalmente, esses países têm um volume de poupanças 
pequeno, já que sua renda é pequena, e complementam a poupança interna com 
saldo negativo na balança de transações correntes. Isso não significa que o 
saldo negativo seja sempre favorável ao país subdesenvolvido: se o saldo 
negativo for compensado pela entrada de capitais estrangeiros que venham a 
montar firmas no Brasil, por exemplo, mais tarde serão remetidos os lucros 
dessas firmas para o país de origem. Isso não constitui um problema muito grave 
no balanço de pagamentos, pois, se houver escassez de divisas para a remessa 
dos lucros, quem pagará taxas de câmbio mais elevadas serão as próprias 
firmas. Se o saldo negativo for coberto por empréstimos, a situação pode ser 
mais prejudicial, pois os juros desse empréstimo podem se tornar elevados, 
agravando num período posterior a situação da balança de transações correntes. 
Se essa situação for muito delicada, podem ser contraídos empréstimos a juros 
muito altos e prazos muito curtos, o que fatalmente agravará a situação no ano 
seguinte. 
De qualquer forma, um saldo negativo na balança de transações correntes 
representa uma transferência de poupanças do resto do mundo para o Brasil. 
Além disso, é necessário considerar custos desta transferência e suas 
conseqüências na situação do balanço de pagamentos nos anos seguintes.

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