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G es tã o Es tra té gi ca d e Ar m az en ag em Irineu de Brito Junior Washington Spejorim Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-1100-1 www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 2012 GESTÃO ESTRATÉGICA DE ARMAZENAGE Irineu de Brito Junior Washington Spejorim Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. © 2010 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: IESDE Brasil S.A. B862 Brito Junior, Irineu de; Spejorim, Washington. / Gestão estratégica de Armazenagem. / Irineu de Brito Junior; Washington Spejorim. — Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2012. 320p. ISBN: 978-85-387-3305-8 1. Administração de materiais. 2. Distribuição física de bens. 3. Canais de Dis- tribuição. 4. Armazenamento e Transporte de cargas. 5. Logística empresarial. I. Título. CDD 658.7 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Irineu de Brito Junior Mestrado em Engenharia de Sistemas Logísti- cos (POLIUSP). Graduação em Engenharia de Produção Mecânica pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. Professor universitário na Faculdade de Tecno- logia de São José dos Campos (FATEC-SJC) e na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), ministrando as seguintes disciplinas de gradu- ação e pós-graduação: Custos e Tarifas Logís- ticas, Métodos Quantitativos de Gestão, Pes- quisa Operacional, Gerência da Armazenagem, Gerenciamento de Transportes e Frotas, Gestão de Parceiros Logísticos. Washington Spejorim Especialização em Logística pela Université Paris Dauphine – França. MBA em Gerência de Sistemas Logísticos pela Universidade Federal do Paraná. Graduação em Engenharia de Produ- ção Civil pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Atuou como Engenheiro de plane- jamento na área de logística industrial da em- presa Embraer, além de ter obtido experiência internacional nas empresas Renault, na França e BMW, na Alemanha. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 15 | Histórico da armazenagem 16 | As decisões sobre armazenagem 17 | Funções de um armazém 20 | As operações em um armazém 22 | As interfaces com outras funções logísticas 23 | Tipos de armazenagem 25 | Indicadores de desempenho de um armazém 28 | Inventário de materiais Localização geográfica de armazéns e centros de distribuição 40 | Custos nas decisões de localização 43 | Fatores determinantes nas decisões de localização 46 | Métodos de localização Dimensionamento e configuração das instalações 67 | Distinguir o armazém 69 | Projetar ou reformar um armazém 80 | Dimensionamento de armazéns Capacidade dos depósitos e leiaute do espaço físico 93 | Leiaute do espaço do armazém Projeto de docas, localização e endereçamento de produtos 115 | Projeto das docas 127 | Decisões sobre o leiaute do armazém 13 39 67 93 115 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Sistemas de armazenagem de materiais e separação de pedidos 141 | Sistemas de armazenagem 155 | Seleção dos sistemas de armazenagem 157 | Sistemas de separação de pedidos Escolha, manutenção e substituição de equipamentos de movimentação 174 | Escolha do equipamento de movimentação 182 | Manutenção 184 | Substituição 184 | Comentários finais Sistemas de gestão da armazenagem 190 | Sistema de informações logísticas 194 | Gerenciamento da armazenagem 202 | Comentários finais Softwares de controle de armazéns – WMS 209 | Funções de um WMS 211 | Gestão de estoques e gestão da armazenagem 211 | Base de dados técnicos 141 173 189 209 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io 213 | Gestão de atividades 214 | Rastreabilidade 215 | Gestão da entrada 217 | Alocação de endereços de armazenagem 218 | Gestão de movimentos internos 219 | Inventários 220 | Preparação de pedidos 222 | Expedição 223 | Comentários finais Embalagens logísticas: proteção do produto na movimentação e armazenagem 229 | Classificação das embalagens 231 | Objetivos de uma embalagem 235 | Características das embalagens 236 | Projeto de embalagens 239 | Materiais empregados na confecção de embalagens 240 | Unitização 241 | Embalagens na logística 244 | Comentários finais Custeio do depósito e dos equipamentos 249 | Conceitos básicos de custos 251 | Métodos de custeio 255 | Custos logísticos 263 | Lei Sarbanes-Oxley – SOX 264 | Comentários finais 229 249 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Proteção, segurança e manutenção de armazéns e depósitos 269 | A segurança no processo de armazenagem 271 | Os riscos associados às atividades logísticas 277 | Identificação de produtos perigosos 281 | Pontos a serem verificados em um projeto logístico 282 | Manutenção de armazéns e depósitos Gabarito Referências Anotações 269 291 311 319 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução G estão E stratégica de A rm azenagem Este trabalho aborda os principais assun- tos relativos à gestão estratégica de armaze- nagem, o que inclui o estudo da infraestru- tura necessária para a realização do processo de estocagem de produtos, equipamentos de movimentação, instalações físicas e sistemas. Através do conhecimento dos autores e de re- ferências bibliográficas consagradas, o conteú- do deste livro tem por objetivo trazer aos leito- res aspectos práticos, critérios para tomada de decisões, além de outros pontos necessários para a concepção e implementação de arma- zéns, buscando compartilhar experiências vi- venciadas em grandes indústrias, empresas de transporte e de armazenagem. Dessa maneira, o livro encontra-se dividi- do em 12 capítulos. No capítulo 1 são apresentados conceitos básicos sobre armazenagem e sua importân-cia no contexto logístico, além de demonstrar o valor que a armazenagem proporciona aos processos. Esses conceitos são importantes para que custos desnecessários não ocorram em empresas por não abordarem convenien- temente o assunto. Localizar instalações ao longo de uma cadeia de suprimentos é um importante problema de decisão que dá forma, estrutu- ra e contornos ao conjunto completo dessa cadeia. O estudo de localização é o foco do capítulo 2. Localizar significa determinar o local onde será a base de operações, onde serão prestados os serviços e/ou onde se fará a administração do armazém. O capítulo 3 apresenta aspectos que mos- tram as razões pelas quais um armazém deve ser projetado para facilitar o fluxo lógico dos produtos. Depósitos modernos devem Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br G estão E stratégica de A rm azenagem permitir o uso eficiente e eficaz de cada metro cúbico de espaço e de cada equipamento de ma- nuseio de materiais. No capítulo 4 é abordado o projeto da distri- buição interna do armazém. Elaborar o leiaute do armazém significa distribuir eficientemente no espaço físico disponível todas as atividades ope- racionais. A relevância dessa distribuição está no impacto que ela proporciona na produtividade do armazém. Os conceitos e características construtivas para o projeto de docas de carga e descarga de merca- dorias são abordados no capítulo 5. Nesse capítu- lo fala-se também sobre o dimensionamento das áreas necessárias para a operacionalização e movi- mentação de materiais nessas docas. O capítulo 6 apresenta sistemas de armazena- gem e sistemas de separação de pedidos, caracte- rísticas físicas e construtivas e critérios para seleção. Esses sistemas são extremamente importantes para armazéns modernos, pois proporcionam ganhos de produtividade, objetivando sempre ocupar o máximo do espaço com o mínimo de recursos. No capítulo 7 é abordado o tema escolha, manutenção e substituição de equipamentos de movimentação, tendo por objetivo apresen- tar os equipamentos de movimentação de ma- teriais usados na função manuseio, critérios de escolha e variedades. Sistemas de gestão da armazenagem são mos- trados no capítulo 8, e têm por objetivo explicar suas entradas, saídas, operações, relacionamen- to com outros sistemas da cadeia logística, bem como sua importância para o bom funcionamento de uma estrutura de armazenagem. O capítulo 9 apresenta o tema softwares de controle de armazéns (WMS), objetivando explicar o que é, suas funcionalidades e importância para a gestão da cadeia de suprimentos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br O capítulo 10 fala sobre embalagens lo- gísticas e sua função de proteção do produ- to na movimentação e armazenagem. Nele explica-se como funcionam as embalagens destinadas à proteção dos produtos durante os processos de movimentação e armazena- gem, suas funções e importância para todo o processo. No capítulo 11 é abordado o tema cus- teio do depósito e dos equipamentos, tendo por objetivo apresentar metodologias de custeio, bem como os custos relacionados aos processos de armazenagem e movimen- tação de materiais. Finalmente, o capítulo 12 traz o tema pro- teção, segurança e manutenção de armazéns e depósitos, e apresenta as questões relati- vas à proteção e manutenção de instalações, quais são os pontos a serem observados du- rante a fase de projeto, além do desenvolvi- mento das atividades operacionais de uma estrutura logística. G estão E stratégica de A rm azenagem Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação Irineu de Brito Junior É importante para todo profissional de logística responder à seguinte questão: A armazenagem agrega valor ao produto? Comumente podem-se ouvir diversas respostas do tipo: “não, a armaze- nagem não agrega valor ao produto, agrega somente custos”. Para reforçar ainda mais esse tipo de resposta, a disciplina Custos classifica os custos de armazenagem como sendo custos indiretos, ou seja, não aplicados direta- mente aos produtos fabricados. Para se convencer do valor da armazenagem, considere a geladeira de sua residência. Sua geladeira pode ser considerada como um armazém. Você adquire alimentos em um supermercado, armazena em sua geladeira, faz o picking de produtos quando necessita e entrega no local em que vai ser processado ou consumido. Então, qual valor sua geladeira agrega? Qual o valor de possuir, por exemplo, um litro de leite na hora e no momento em que você deseja? Imagine que tenha que ir ao supermercado ou a uma pa- daria toda vez que desejar tomar um copo de leite. Qual seria o custo de se deslocar toda vez que desejar consumir o produto? Percebe-se, dessa forma, a importância de possuirmos itens armazenados em nossa geladeira e a re- dução de custos que isso proporciona (TOMPKINS; SMITH, 2009). O valor que a armazenagem proporciona consiste no produto certo, no local certo, no momento certo. Sem um completo entendimento desse con- ceito, empresas falham ao considerar a armazenagem como atividade que não agrega valor, incorrendo então em custos desnecessários por não abor- dar convenientemente o assunto. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br tereza cristina Realce 14 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação Segundo Lambert, Stock e Ellran (1998), armazenagem é o processo empresarial que estoca produtos (matérias-primas, componentes, produ- tos em processo, produtos finais) entre o ponto de origem e o ponto de consumo e fornece informações gerenciais da condição e disposição dos itens armazenados. Na cadeia de suprimentos1 de uma organização observa-se a logís- tica de suprimentos, que gerencia os materiais entre as fontes de supri- mentos e a empresa; a logística industrial, que administra as operações de abastecimento das atividades produtivas e a logística de distribuição, que gerencia as operações entre os pontos de processamento da empre- sa e seus clientes. A função armazenagem tem como objetivo promover a disponibi- lidade de materiais para a indústria e para seus clientes, contribuindo, assim, com a funcionalidade da cadeia de suprimentos. Na figura a seguir, é exemplificada a atividade de armazenagem dentro de uma cadeia de suprimentos. Cliente Fornecedores Transporte Transporte Armazenagem Armazenagem Transporte Transporte Fábrica Logística de Aquisição Logística de Distribuição Logística Industrial (B A LL O U , 2 00 6. A da pt ad o. ) Figura 1 – Cadeia de suprimentos imediata da empresa. 1 Fluxo que compreende todos os processos logís- ticos, desde o fornecedor à internacionalização de insumos e matéria-prima, o abastecimento das li- nhas de produção até a distribuição de bens para o mercado consumidor, envolvendo transportes, análises de demanda, gestão de estoques e o alinhamento de todo esse processo com a estratégia da empresa, o marketing, a gestão de finanças, pes-soas e demais áreas. Dis- ponível em: <www.fdc. org.br/pt/cadeia_supri- mentos/Paginas/apresen- tacao.aspx>. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 15 Histórico da armazenagem A armazenagem evoluiu ao longo dos anos, de uma parte integrante da organização que proporcionava custos, para uma parte extremamente im- portante do sistema logístico, desempenhando um papel fundamental entre fornecedor e cliente que objetiva atender níveis de serviço ao cliente (cada vez mais exigentes) ao menor custo possível. Armazenagem é algo recente? Um exemplo bastante antigo sobre armazenagem é contado na Bíblia, no livro de Gênesis, quando em 1700 a.C., José do Egito interpretou alguns sonhos do faraó, que previam sete anos de fartura e, posteriormente, um pe- ríodo também de sete anos de seca e escassez muito grande na região. José organizou o armazenamento de todo o trigo excedente durante os sete anos de boas colheitas. Ele determinou que um quinto da colheita de cada ano deveria ser solicitada dos agricultores e armazenada para o governo. O trigo foi então armazenado. No começo do período de seca os armazéns foram abertos e as pessoas puderam comprar os grãos. Quando a situação piorou, gado, trabalho e terras eram aceitos em troca do trigo. As pessoas de países vizinhos podiam comprar trigo também, demonstrando assim os benefícios comercial e social da armazenagem. Na era mercantil, com o desenvolvimento do comércio com o oriente, especialmente de especiarias, os armazéns passaram a ser entrepostos co- merciais e eram locais onde se negociava tudo que pudesse ser comprado ou vendido. Eram unidades estáticas, localizadas ao longo de caminhos cujo objetivo era colocar produtos ao alcance dos compradores. Não existia o en- tendimento do papel do armazém no contexto logístico. Questões relacio- nadas a ciclos e rotação de estoques sequer existiam. A partir da Revolução Industrial o armazém passa a ser considerado como um “reservatório” para produtos de fabricação em massa. Quando a deman- da por produtos era desconhecida, os fabricantes instalavam armazéns de produtos acabados que pudessem atender a qualquer demanda. Por exem- plo: se você quisesse adquirir um eletrodoméstico de qualquer cor, poderia encontrar disponível. Não havia o conceito de custo de capital e just in time. A filosofia de marketing era garantir que nenhuma venda pudesse ser perdi- da devido à falta de produtos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce 16 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação Segundo Bowersox e Closs (2001), a armazenagem sempre foi um aspecto importante do desenvolvimento econômico. Anteriormente à era industrial, as residências eram unidades econômicas autossuficientes. Os consumido- res faziam a estocagem e assumiam os riscos respectivos. A carne era manti- da em instalações de defumação e os produtos perecíveis eram guardados, protegidos, em locais construídos para esse fim. Muitas vezes o produto era fabricado na própria residência como, por exemplo, roupas, sabão e café. Com o aprimoramento dos meios de transporte e a especialização das atividades econômicas, a residência deixou de ser autossuficiente e o consu- midor passou a buscar em varejistas os produtos para abastecer seus lares, armazenando em seu lar somente o necessário para seu consumo de curto prazo. O estoque deixa as residências e passa para as instalações de varejistas, atacadistas e fabricantes, dando início ao conceito de cadeia de suprimentos. As decisões sobre armazenagem Cada vez é mais importante para a empresa a redução de seus estoques. A tendência é que os clientes aumentem a quantidade de pedidos e esses pedidos com quantidades cada vez menores de itens, objetivando possuir em estoque somente o necessário. Segundo Ballou (2006), o planejamento logístico deve buscar respos- tas sobre o quê, quando e como realizar as operações. Ele acontece em três níveis: estratégico; � tático; � operacional. � O gerenciamento efetivo da armazenagem deve compreender as funções da armazenagem conforme o nível de decisão e seu horizonte de tempo. Decisões estratégicas devem estar de acordo com as diretrizes da organi- zação, pois são decisões de longo prazo e que afetam todo o desempenho operacional da cadeia logística. Como exemplo de decisões estratégicas a serem tomadas em um armazém, podemos citar a sua localização, a opera- ção própria ou terceirizada de um armazém, a decisão sobre a tecnologia a ser adotada para o processamento do pedido ou ainda o grau de automação do armazém. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 17 Decisões táticas são, na maioria das vezes, consequências das decisões estratégicas definidas. Possuem um horizonte temporal menor e possibili- tam que a estratégia estabelecida seja refletida na operação efetiva do ar- mazém. Por exemplo, uma decisão estratégica da empresa define que não seriam estabelecidos armazéns para comportar todos os itens de produtos sazonais com picos de demanda. Estes seriam armazenados durante o perí- odo necessário em armazém terceirizado. A decisão tática a ser tomada em função dessa decisão estratégica é a seleção e contratação de armazéns para o período de pico de demanda. Decisões operacionais em armazenagem são decisões sobre a atividade rotineira desempenhada pelo armazém. São decisões de curto prazo, ocor- rem no dia a dia e possuem um histórico de dados preciso. No exemplo da armazenagem terceirizada de produtos com sazonalidade, podemos de- finir como decisão operacional, a definição do armazém que irá atender a determinado pedido ou sequência da reposição dos estoques em cada armazém estabelecido. Funções de um armazém Qual a diferença entre estocagem e armazenagem? Segundo o Novo Dicionário Aurélio (2009), as definições de armazenar e estocar são as seguintes: Armazenar – depositar provisoriamente mercadorias em armazém, � em entreposto. / Pôr em depósito, conservar. / Fig. Acumular: arma- zenar energias. Estocar – pôr no estoque; formar estoques de mercadorias: estocar gê- � neros alimentícios. A função armazenar é relativa à guarda e preservação do material e a função estocar é relativa à disponibilidade do material. Por exemplo: um determinado material possui uma não conformidade e foi direcionado para uma área de segregação, não estando disponível para consumo ou comercialização. Esse material encontra-se armazenado nesse local segregado, porém não se encontra estocado, pois não está dis- ponível para uso. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 18 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação Segundo Ackerman (1997), o armazenamento na atividade comercial é relativo à sua função no ciclo de negócio. Pode-se consideraras seguintes funções da armazenagem: estocagem de materiais; � combinações de produto; � consolidação; � distribuição; � satisfação do cliente. � Estocagem de materiais Estocagem de materiais é o uso do armazém como um reservatório para segurar o excesso de matéria-prima ou de produção. Tais reservatórios de excesso são necessários em duas situações: uma quando a produção é sazo- nal e a demanda sazonal e outra quando a produção é sazonal e a demanda regular. Por exemplo, o fabricante de extrato do tomate estabelece um esto- que no tempo de colheita, enquanto a demanda do cliente para o produto é razoavelmente regular durante o ano. Para um fabricante de brinquedos, a demanda mais elevada ocorre em períodos do ano (dia das crianças, Natal), mas a fabricação é aproximadamente regular ao longo do ano. Então, esse fabricante necessita da estocagem para equilibrar produção e demanda. Combinações de produto Um fabricante que tenha diversas fábricas e produza em locais diferentes seus produtos, tem a oportunidade de usar um armazém para combinar seus produtos conforme a necessidade dos clientes. Por exemplo, um fabricante de cestas básicas tem fábricas em diversas localidades, onde cada fábrica produz uma linha de produtos distinta e outros produtos que são adquiridos de fornecedores. Em um armazém, ele monta suas cestas básicas conforme a solicitação dos clientes, a partir dos produtos ali estocados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 19 Figura 2 – Combinação de produtos em armazém. Fábrica A Fábrica B Fábrica C Armazém Produto D A B C D A B C A B (B O W ER SO X; C LO SS , 2 00 1. Ad ap ta do .) Consolidação A consolidação é o uso do armazenamento para recolher produtos e en- viá-los ao destino final. Os custos desse armazenamento são justificados por economias nos custos de transporte obtidos através do volume de cargas. Por exemplo: empresas que estão localizadas no interior possuem locais de en- trega para suas matérias-primas em grandes centros, e a partir desses locais o transporte é realizado em veículos maiores até a unidade fabril. Figura 3 – Armazém de consolidação. Fábrica A Fábrica B Fábrica C Armazém de consolidação A B C (B O W ER SO X; C LO SS , 2 00 1. Ad ap ta do .) Distribuição A distribuição é o reverso da consolidação. Como a consolidação, é justi- ficada primeiramente pelas economias do frete conseguidas em expedições de volume mais elevado. A distribuição envolve o posicionamento dos pro- dutos acabados pelo fabricante próximo ao mercado consumidor, fracionan- do as entregas somente em curtas distâncias. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 20 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação Figura 4 – Armazém de distribuição. (B O W ER SO X; C LO SS , 2 00 1. Ad ap ta do .) Cliente A Cliente B Cliente C Armazém de distribuição Fábrica Satisfação do cliente A melhoria na satisfação do cliente pode ser a força motriz para estabe- lecer um armazém. Todas as cinco funções de armazenamento considera- das relacionam-se à produção, ao mercado e aos custos do transporte. Um armazém de distribuição, por exemplo, proporciona redução nos custos de frete, porém a proximidade e a agilidade em atender aos pedidos dos clien- tes são fatores decisivos para sua implantação. Por vezes, um armazém é jus- tificado somente por exigência do cliente, que durante o processo de con- corrência para a aquisição de um produto determina que o fabricante deve estabelecer um armazém nas instalações do cliente. Nesse caso, não existe opção, ou é instalado um armazém na unidade do cliente, ou não participa da concorrência. As operações em um armazém Segundo Bowersox e Closs (2001), um armazém típico possui matérias- -primas, peças e produtos acabados. As operações de um armazém consis- tem em recebimento, armazenagem, separação de pedidos e expedição, além de, em alguns casos, pequenas montagens. O conceito de fluxo contí- nuo de materiais deve ser coordenado para garantir o eficiente manuseio e armazenagem de materiais. O conceito de fluxo contínuo pode ser resumido na fluidez do material, isto é, o material deve fluir através das operações em um armazém. Fluir tem o significado de correr, circular, ou seja, o fluxo do material não deve possuir interrupções ou barreiras, nem ocorrer em etapas de pequenos movimentos. O material não pode ser manuseado em demasia sob risco de danos e a ava- rias. O leiaute é fundamental para essa característica. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 21 O manuseio de materiais Economias de escala justificam o movimento de grandes quantidades ao invés de pequenas quantidades. Procedimentos de manuseio devem ser estabelecidos para movimentar materiais em paletes, contêineres ou outro meio de unitização. As atividades de manuseio de materiais são: recebimen- to, armazenamento e expedição. Recebimento de materiais Geralmente as mercadorias chegam aos armazéns em grandes quanti- dades ou embarques. O primeiro manuseio é a descarga de materiais, que é realizada utilizando processo manual e empilhadeira. Quando, no rece- bimento, o material estiver no assoalho do veículo de transporte, o proce- dimento típico é colocar manualmente produtos em paletes e utilizar um transporte. Quando o produto já estiver em paletes, empilhadeiras podem ser usadas para facilitar o recebimento. Um benefício de receber cargas paletizadas é a possibilidade de utilizar mais rapidamente o equipamento de movimentação. Manipulação no armazém Consiste em movimentos dentro do armazém. Normalmente existem três movimentos de manipulação em um armazém: após o recebimento até a posição de armazenagem; � retirada de uma posição de armazenagem durante a separação do pedido; � expedição. � Expedição Consiste na verificação do pedido e embarque. A utilização de embala- gens de unitização também proporciona ganhos no carregamento do veícu- lo, bem como na descarga no destino. Armazenagem de materiais É a essência de um armazém, a sua atividade principal. As característi- cas a serem observadas para um plano de armazenagem são giro, peso e Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 22 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação requisitos de armazenagem. O giro do produto e a velocidade são fatores que direcionam o leiaute de um armazém. Produtos de alto giro devem estar posicionados no armazém de modo que a movimentação seja a mínima possível como, por exemplo, próximo às docas, nos corredores principais e nos níveis mais baixos das estantes de armazenagem. Outros aspectos como peso e características de armazenagem devem ser levados em consideração. Itens pesados devem ser designados a posições próximas ao piso para mini- mizar movimentos de elevação. Itens de baixa densidade (grande volume e pequeno peso) que ocupam muito espaço devem ficar próximos às paredes. Itens pequenos devem ser armazenados em estantes, bins plásticos ou ga- vetas. Produtos com característicasdiferenciadas, tais como refrigerados ou com necessidade de controle de temperatura e umidade, ou ainda, produtos perigosos devem ficar em áreas preparadas adequadamente para esse fim. O plano de armazenagem deve considerar as características de cada produto. As interfaces com outras funções logísticas Em logística, as funções não podem ser consideradas isoladamente, pois estão interligadas. Qualquer movimento em um dos componentes tem efeito sobre os outros componentes do sistema. A tentativa de otimização de cada um dos componentes, isoladamente, pode não levar à otimização de todo o sistema, e sim à subotimização. A função armazenagem é vital dentro de um sistema logístico e está interligada às outras funções desse sistema, das quais se destacam: Transporte A instalação correta de uma rede de armazéns pode proporcionar econo- mias de transporte. Lambert, Stock e Ellran (1998) exemplificam que um ar- mazém próximo a fornecedores pode consolidar o recebimento de produtos adquiridos desses fornecedores e enviar a unidade de consumo através de transporte de grande volume, reduzindo, assim, o valor unitário de frete. Compras A quantidade adquirida de materiais impacta o dimensionamento dos armazéns. Para um comprador, quanto maior o lote de aquisição, melhor a condição comercial que pode obter, porém, a necessidade de área de arma- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 23 zenagem pode inviabilizar essa vantagem, podendo, inclusive, transformá-la em desvantagem. Os objetivos das áreas de compras e armazenagem em uma organização devem ser comuns e a informação sobre a capacidade de armazenagem necessita estar disponível ao comprador. Produção O objetivo da indústria é, cada vez mais, reduzir o material em processo, também conhecido por work in process. Para isso, os lotes de produção são cada vez menores e a preparação de máquinas, também conhecida por set up, mais frequentes. Isso resulta em aumento da quantidade de solicitações de matérias-primas ao almoxarifado e abastecimento de linhas de produção e redução de quantidade de materiais em cada solicitação. A movimentação interna e o abastecimento de materiais aumentam sua frequência de opera- ção para atender às solicitações de materiais em lotes menores. Serviço ao cliente Um atendimento ao cliente diferenciado, capaz de atender as necessida- des de entrega 24 horas ao dia pode ser uma vantagem competitiva para a empresa. Muitas vezes, o mercado não consegue prever com precisão a de- manda e a reposição imediata e urgente de produtos pode ser necessária. A localização de armazéns e a rede de atendimento para reposição nos pontos de consumo, assim como a agilidade no transporte são fatores críticos para o pronto atendimento às necessidades dos clientes. Tipos de armazenagem Segundo Ackermam (1997), pode-se considerar três tipos de armazéns diferenciados pela extensão do controle do usuário. Estes são: o armazém próprio, o armazém geral e o armazém contratado ou dedicado. Muitas em- presas usam uma combinação dos três métodos. O armazém próprio é operado pelo usuário, em suas instalações, e oferece vantagem do controle total. Caso o volume do armazenamento seja grande e a quantidade manuseada seja constante ou existam requisitos de segu- rança ou higiene em que o controle deve ser rigoroso, o armazém próprio é normalmente a forma mais econômica de operação. Por exemplo, se um Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 24 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação fabricante está distribuindo os produtos farmacêuticos em que a penalidade para um erro de expedição poderia ser vítimas fatais, o controle total sobre o armazém é a única alternativa aceitável. As desvantagens dão-se pois, um armazém possui custos fixos e requer gerenciamento especializado, que muitas vezes não faz parte do negócio da empresa. O armazém geral é um prestador de serviços de armazenagem que oferta seus serviços a diversos usuários. O armazém geral não possui a propriedade da mercadoria que é armazenada e geralmente é independente das empre- sas proprietárias do material. Por possuir diversos clientes, o armazém geral pode equilibrar as variações do inventário ou balancear a carga de trabalho do pessoal. Um armazém geral é indicado para empresas que não possuem pessoal especializado em armazenagem ou empresas que possuem altas osci- lações de demanda (picos e vales), não sendo viável economicamente possuir área para a necessidade de armazenagem no momento do pico de demanda, visto que essa área ficaria ociosa em momentos que não exista tal demanda. Por exemplo: uma empresa que comercialize artigos natalinos possui um pico de demanda ao final do ano, não necessitando de locais para armazenagem fora desse período. A desvantagem da operação em armazém geral é o custo elevado para empresas que possuem grande volume armazenado ou eleva- do giro de estoques, visto que a cobrança da armazenagem é realizada em função da área ocupada e da movimentação de materiais. Pode ser considerada também como uma forma de armazenagem tercei- rizada o armazém alfandegado. Nesse tipo de armazém as empresas arma- zenam seus produtos importados e recolhem as taxas ou tarifas aduaneiras somente quando da retirada do material ou armazenam os materiais desti- nados à exportação que já cumpriram as formalidades aduaneiras e aguar- dam embarque ao destino. O armazém contratado ou armazenamento dedicado é uma combinação de armazenagem geral e própria. Nesse caso, um armazém é contratado para realizar as operações do cliente em local destinado exclusivamente para esse fim, sem o compartilhamento da área com outros usuários do armazém e com operadores treinados conforme as necessidades do cliente. Ao contrário do armazém geral, cuja contratação é geralmente através de uma negociação de curto ou médio prazo, o armazém contratado tem geralmente uma negocia- ção de longo prazo. Esse contrato pode ser usado também para prestação de serviços de logísticos suplementares, tais como o fracionamento do material, a formação de kits, embalagem ou ainda pequenas montagens. Possui a van- tagem de a empresa não necessitar de pessoal especializado em armazena- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 25 gem e não ter que investir em armazéns ou equipamentos de movimentação. Esse tipo de armazém requer uma parceria com a empresa contratada e um contrato de longo prazo, com cláusulas que não permitam que o contratante possa ficar dependente do armazém contratado e evitar alguma dificuldade para que o contratante possa buscar outros prestadores de serviços. Indicadores de desempenho de um armazém Segundo a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ, 2008) “a definição de indicadores de desempenho para a avaliação da implementação das estra- tégias propicia elementos para o gerenciamento do seu progresso com base em fatos”. Desse entendimento vem a máxima: “aquilo que não pode ser medido, não pode ser avaliado” e, consequentemente, não há como decidir sobre ações a tomar. Em um armazém o estabelecimento de indicadores de desempenho ou KPIs, do inglês Key Performance Indicator, é parte essencial para seu gerencia- mento. Estabelecer e implantar um sistema de medição em um armazém não é uma tarefa corriqueira. Uma metodologiaeficaz e consistente deverá consi- derar vários aspectos para a escolha desses indicadores, evitando-se armadi- lhas que podem comprometer sua eficácia. As principais armadilhas a serem evitadas e as formas para evitá-las estão mencionadas na tabela a seguir. Tabela 1 – Principais Armadilhas a Serem Evitadas no Estabelecimento e Implantação dos Indicadores Armadilha Formas para evitar “Quanto mais informações melhor” (Excesso de dados, muitas informa- ções, muitos sistemas). Considerar os poucos vitais e evitar os muitos triviais. “O que realmente conta é o lucro” (Foco exclusivo ou predominante- mente financeiro). Considerar que o lucro é um indicador resultante e, por- tanto, dependente dos indicadores direcionadores, que incluem todas as partes interessadas. “O importante é controlar os pro- cessos de produção” (Foco nos pro- cessos internos, sem correlação com as necessidades das partes interessadas). Estabelecer uma “árvore de indicadores” de forma a con- siderar os processos de agregação de valor. “Todos os indicadores relevantes devem ser utilizados para avaliar o desempenho” (nem todos os indica- dores relevantes possuem adequada correlação com o sistema de conse- quências da organização). Cada pessoa procura agir com base na forma como seu desempenho é avaliado. Verificar se o indicador, embora adequado a um processo em particular, não direciona as pessoas para um comportamento não alinhado às estra- tégias da organização. Não desconsiderar a visão sistêmi- ca, focando exclusivamente no processo. (F N Q , 2 00 8) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 26 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação Segundo Frazelle e Sojo (2006) os principais indicadores de desempenho de um armazém podem ser divididos em: indicadores financeiros; � indicadores de produtividade; � indicadores de qualidade; � tempos de ciclo. � É interessante observar que os indicadores podem ser estabelecidos através das médias, de limites máximo ou mínimo ou uma combinação de ambos. Por exemplo: um indicador de recebimento de materiais foi definido como uma média de três horas e que 90% dos recebimentos sejam feitos em menos de seis horas. Isso significa que, apesar da média dos recebimentos ser menor que três horas, cerca de 10% desses recebimentos ocorreram em tempo superior a seis horas, a situação não é a ideal. Indicadores financeiros Os indicadores financeiros são elaborados principalmente a partir de um programa de custos das atividades do armazém (recebimento, armaze- nagem, separação do pedido, expedição). Os custos por atividade tornam- -se a base para preparação de propostas comerciais e fixação de preços de um armazém, ou ainda, avaliar se um armazém próprio está em desvanta- gem competitiva em relação a um armazém terceirizado. Alguns valores de custos são importantes também para o dimensionamento das instalações de armazenagem. Indicadores de produtividade Produtividade é basicamente definida como a relação entre a produção e os insumos utilizados para essa produção. Os principais recursos de um armazém são: mão de obra, equipamentos de manuseio e armazenagem, espaço e sistemas de informação. Frazelle e Sojo (2006) estabelecem que a produtividade pode ser medida através de quantidade ou linhas de pedidos Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 27 e mão de obra despendida para a operação do armazém. Utilizados individu- almente, indicadores de produtividade da mão de obra podem ser engano- sos, pois pode-se alcançar altos índices de ocupação de mão de obra através de sistemas de manuseio de materiais e de informação inadequados. Outros indicadores de produtividade são relacionados à densidade de armazenagem, ou seja, entre a capacidade de armazenamento e o volume total do armazém. Uma densidade de armazenagem muito alta pode indi- car condições de saturação, e uma densidade de armazenagem muito baixa pode indicar instalações subutilizadas. Indicadores de qualidade Quatro indicadores-chave da qualidade de um armazém são utilizados (FRAZELLE; SOJO, 2006). Dois para armazenagem: Acurácia de armazenagem – porcentagem de itens armazenados na � posição correta. Acurácia de estoque – percentual de itens sem divergências entre o � saldo físico e o saldo contábil. E dois para a separação de pedidos: Divergências no pedido – percentual de pedidos separados sem erros. � Divergências na expedição – percentual de pedidos expedidos sem erros. � Tempos de ciclo Os tempos de ciclo referem-se aos tempos gastos entre o início e o final de uma atividade. Para os tempos de ciclo, dois indicadores são importantes: ciclo do recebimento do material até a posição de armazenagem; � ciclo do recebimento do pedido até sua expedição. � A tabela a seguir resume os indicadores-chave para o desempenho de um armazém. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 28 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação Tabela 2 – Indicadores-chave de desempenho de um armazém Processo Financeiro Produtividade Qualidade Tempo de ciclo Recebimento Custo de linha ou item recebido Recebimentos por homem / hora % de recebimento processados correta- mente Tempo de ciclo do processo de recebimento Armazenagem Custo de linha ou item armazenado Armazenagens por homem / hora % de itens armaze- nados na posição correta (acurácia de armazenagem) Tempo de ciclo do processo de armazenagemCusto do espaço por item armaze- nado Itens armazenados por m2 % de itens sem diver- gências de inventário (acurácia de estoque) Separação de pedidos Custo de linha ou item separado Linhas ou itens separados por homem / hora % de linhas ou itens separados correta- mente Tempo de ci- clo da separa- ção dos pedi- dos Expedição Custo do pedido expedido Pedidos prepara- dos por homem / hora % de pedidos expe- didos corretamente Tempo de ciclo da ex- pedição dos pedidos (F RA ZE LL E; S O JO , 2 00 6. A da pt ad o. ) Inventário de materiais Inventário é um processo para certificar que o estoque físico corresponde ao estoque contábil. É uma ferramenta que proporciona indicadores de de- sempenho da qualidade de um armazém. Segundo o IMAM (2002) pode-se dividir o inventário nos seguintes tipos: Inventário geral � – trata-se de um processo de contagem física de to- dos os itens armazenados. Normalmente é realizado uma vez por ano, no fechamento contábil da empresa a “portas fechadas” (Ex.: lojas em fim de ano). Inventários específicos � – são contagens empregadas para fiscaliza- ção mais rígida sobre itens específicos, tais como remédios controla- dos (barbitúricos, alucinógenos etc) ou produtos de alto valor agrega- dos (joias, por exemplo). Podem ser semanais ou diárias. Inventário rotativo � – é uma rotina semanal ou diária que distribui a contagem de uma parcela dos itens ao longo de um período. É ge- ralmente utilizado pelas empresas que possuem milhares de itens e é mais produtivo e eficaz que o inventário geral. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução e conceitos fundamentaisde armazenagem e movimentação 29 Acurácia dos estoques Acurácia é o indicador gerencial da proporção das informações corretas. A acurácia dos estoques é calculada pela relação entre o número de con- tagens físicas com divergência fora da tolerância e o número de contagens físicas efetuadas no período (em %). quantidade de informações corretas Acurácia = . 100 quantidade de informações verificadas Divergências e tolerâncias Divergência: grau de desvio do saldo físico em relação ao saldo contábil. quantidade medida – quantidade contábil Divergência = . 100 quantidade contábil Tolerância é o grau de aceitação do erro de divergência, sem que seja considerada uma diferença. Por vezes, a capacidade de medição impossibi- lita que se tenha uma acurácia detalhada. Por exemplo: parafusos normal- mente são estocados e abastecidos através da pesagem. Caso a balança que realiza essa pesagem tenha uma imprecisão de 1%, a tolerância para desvios de contagem deve ser, no mínimo, 1%. Valores de referência para acurácia: Abaixo de 90% – Inaceitável � Entre 90% e 98% – Requer melhorias � Acima de 98% – Ideal � 99,7 % – � Benchmarking Exemplo: Em um armazém foi feito um inventário nos materiais. O saldo contábil era de 1 000 unidades (100 unidades de cada um dos 10 itens) . Encontrou-se os seguintes resultados: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 30 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação Item 1 – 99 unidades, item 2 – 101 unidades, item 3 – 100 unidades, item 4 – 100 unidades, item 5 – 105 unidades, item 6 – 100 unidades, item 7 – 99 unidades, item 8 – 101 unidades, item 9 – 99 unidades, item 10 – 100 unidades. Admite-se uma tolerância de 1% devido aos desvios de pesagem. Qual a acurácia de estoque? A tabela a seguir resume os resultados encontrados. Item Contagem física Estoque contábil Divergência Tolerância Aceitácel? 1 99 100 –1% 1,0% sim 2 101 100 1% 1,0% sim 3 100 100 0% 1,0% sim 4 100 100 0% 1,0% sim 5 105 100 5% 1,0% não 6 100 100 0% 1,0% sim 7 99 100 –1% 1,0% sim 8 101 100 1% 1,0% sim 9 99 100 –1% 1,0% sim 10 100 100 0% 1,0% sim Dos 10 itens inventariados, nove estão dentro dos limites aceitáveis e um não está, portanto a acurácia é 90%. Inventário rotativo No inventário rotativo as contagens estão distribuídas ao longo de um período estabelecido, geralmente 1 ano. Os materiais são classificados (po- de-se utilizar classificação ABC2) e a cada tipo de material é estabelecida uma frequência. Tabela 3 – Comparativo Inventário Geral X Rotativo (IM A M , 2 00 2)Geral Rotativo � Esforço concentrado (pico de custo) � Paralisação de atividades � Causas não identificadas � Pessoal não especializado � Acurácia não melhora � Sem grandes esforços (custo linear) � Baixo impacto na operação � Causas identificadas rapidamente � Equipe se especializa � Aprimoramento da acurácia � Ações preventivas 2 A classificação ABC con- siste da separação dos itens de estoque em grupos de acordo com o valor mone- tário, consumo e giro. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 31 Exemplo: Itens classe “A” três vezes por ano � Itens classe “B” duas vezes por ano � Itens classe “C” uma vez por ano � Itens classe “D” uma vez a cada dois anos � Ciclo Na tabela a seguir é exemplificada a distribuição num período de 2 anos, os ciclos de contagem de todos os materiais conforme sua classe. Ano 1 Ano 2 Iri ne u de B rit o Ju ni or . A B C D Dimensionamento do inventário rotativo Definições definir, em semanas, o período do inventário; � estimar a produtividade das contagens (contagens/dia/homem) � (sugestão: 40 a 60 contagens/dia/homem); determinar a quantidade de itens A, B, C, D; � determinar quantas contagens serão feitas dos itens A, B, C, D � por período; definir a quantidade de dias úteis por semana. � Metodologia de cálculo definir o total de contagens por classe no período (∑ quantidade de � itens . quantidade de contagens) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 32 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação determinar a quantidade semanal a ser contada (total de contagens � / semanas) determinar a quantidade de pessoas necessárias para o inventário � (total de contagens / (contagens/dia . dias úteis)) Exemplo: Uma empresa possui em seu armazém 5 000 itens classe A � 10 000 itens classe B � 59 000 itens classe C � 20 000 itens classe D � Foi estabelecido que: Os itens A serão contados três vezes ao ano � Os itens B, duas vezes ao ano, � Os itens C, uma vez ao ano, � Os itens D, 0,5 vezes ao ano (uma vez a cada dois anos). � Cada trabalhador do inventário é capaz de realizar 50 contagens ao dia e trabalha 5 dias por semana no inventário. Considerando um ano de 52 semanas, qual o tamanho da equipe necessária para realizar o inven- tário rotativo? Solução: Os materiais classe A são contados três vezes ao ano, portanto são necessárias 5 000 . 3 = 15 000 contagens anuais para esses itens. Os materiais classe B são contados duas vezes ao ano, portanto são necessárias 10 000 . 2 = 20 000 contagens anuais para esses itens. Os materiais classe C são contados uma vez ao ano, portanto são necessárias Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 33 59 000 . 1 = 59 000 contagens anuais para esses itens. Os materiais classe D são contados 0,5 vezes ao ano, portanto são necessárias 20 000 . 0,5 = 10 000 contagens anuais para esses itens. O total de contagens anuais será de: 15 000 + 20 000 + 59 000 + 10 000 = 104 000. Sabendo-se que um ano possui 52 semanas, então são 104 00052 = 2 000 contagens semanais. A empresa trabalha 5 dias por semana, logo são 2 0005 = 400 contagens por dia. Se cada trabalhador de inventário é capaz de realizar 50 contagens ao dia, é necessário então 40050 = 8 pessoas na equipe. Ampliando seus conhecimentos Cross docking (OLIVEIRA; PIZZOLATO, 2002) O cross docking é um sistema de distribuição no qual a mercadoria recebi- da num armazém ou centro de distribuição não é estocada, mas sim imedia- tamente preparada para o carregamento e para a distribuição ou expedição, a fim de ser entregue ao cliente ou consumidor. Os produtos são transferidos do ponto de recebimento diretamente para o ponto de expedição e entrega, com tempo de estoque limitado ou se possível nulo, permitindo que os res- ponsáveis pelos centros de distribuição se concentrem no fluxo de produtos ou mercadorias e não na armazenagem das mesmas. As instalações que operam o cross docking recebem carretas completas de diversos fornecedores e realizam, dentro das instalações, o processo de se- paração dos pedidos através da movimentação e combinação das cargas, da área de recebimento para a área de expedição. Os veículos de entrega partem com a carga completa formada por diversos fornecedores, conforme as solici- tações dos clientes. Vide figura a seguir. Este material é parte integrante do acervo doIESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 34 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação (O LI VE IR A ; P IZ ZO LA TO , 2 00 2. Ad ap ta do .) Centro de Distribuição Fabricante A Varejo 1 Fabricante B Varejo 2 Fabricante C Varejo 3 A C B A/B/C A/B /C A/B/C Figura 1 – Esquema de operação do cross docking. A aplicação desse sistema busca reduzir ou eliminar, se possível, duas das atividades mais caras realizadas em um armazém. Segundo Schaffer (1998), estas seriam a estocagem e o picking. Assim, ao buscar redução de custos atra- vés da redução do manuseio de materiais, e redução do nível de estoques, o cross docking trabalha com pedidos de ordens dos clientes em menores quan- tidades, entregues em ritmo mais frequente, mantendo o nível de serviço ao cliente. Essa técnica proporciona diversas vantagens tanto para o fornecedor quanto para o cliente. Dentre as diversas vantagens identificadas, destacam-se, segundo EAN International: Redução de custos – todos os custos associados com o excesso de es- � toque e com distribuição são reduzidos, já que o transporte é feito de forma mais frequente. Redução da área física necessária no CD – com a redução ou eliminação � do estoque, a área necessária no centro de distribuição é reduzida. Redução da falta de estoque nas lojas dos varejistas – devido ao ressu- � primento contínuo, em quantidades menores e mais frequentes. Redução do número de estoques em toda a cadeia de suprimentos – o � produto passa a fluir pela cadeia de suprimentos, não sendo estocado. Redução da complexidade das entregas nas lojas – é realizada uma úni- � ca entrega formada com toda a variedade de produtos dos seus diver- sos fornecedores, em um único caminhão. Aumento do � turn-over no CD – a rotatividade dentro do centro de dis- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação 35 tribuição aumenta, já que o sistema opera com entregas em menores quantidades e com maior frequência. Aumento da � shelf-life do produto. Aumento da disponibilidade do produto – devido ao ressuprimento � contínuo ao varejo. Suaviza o fluxo de bens – torna-se constante devido às encomendas � frequentes. Redução do nível de estoque – mercadoria não para em estoque. � Torna acessível os dados sobre o produto – devido ao uso de tecno- � logias de informação que proporcionam a intercomunicação entre os elos da cadeia como, por exemplo, o EDI, que unifica a base de dados. Sendo o cross docking um sistema complexo, para se obter sucesso com o seu uso, fabricantes, distribuidores e varejistas devem trabalhar em constante e sincronizada integração do fluxo de materiais com o fluxo de informação. Além disso, o uso de um programa de implementação passo a passo também deve ser seguido, já que essa tarefa não é simples. Além disso, pelo fato do cross docking operar em tempo real, ou seja, tendo o material chegado ao armazém ou centro de distribuição, ele deve se mover rapidamente através da instalação, por isso o acesso à informação deve ser o mais rápido possível, com maior exatidão e sem interrupções. Segundo o artigo da revista Modern Materials Handling (1998), o fluxo de informações é utilizado como um substituto do estoque. Assim, existem algumas questões-chave que devem ser levadas em consideração para o melhor aproveitamento desse sistema de distribui- ção como o uso de sistemas de informação adequados, equipamentos e mão de obra treinados, seleção dos produtos capazes de suportar o siste- ma, criação de uma parceria entre os elos da cadeia de suprimentos, entre outros fatores que foram apresentados neste artigo, com o intuito de me- lhorar o sistema de distribuição, tornando-o mais eficiente e atingindo as reduções de custo esperadas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 36 Introdução e conceitos fundamentais de armazenagem e movimentação Atividades de aplicação 1. Quais são os níveis de decisão no planejamento logístico e qual a hie- rarquia tomadora de decisão e o horizonte de tempo? 2. Como podem ser divididas as atividades de manuseio de materiais dentro de um armazém? Comente resumidamente cada uma delas. 3. Quais são as funções logísticas que possuem interface com a armaze- nagem? 4. Qual a principal diferença entre armazenagem própria e armazena- gem contratada? 5. Como são divididos os principais indicadores de desempenho de um armazém? Cite exemplos de cada um deles. 6. Quais são as principais vantagens do inventário rotativo? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Localização geográfica de armazéns e centros de distribuição Irineu de Brito Junior Localizar significa determinar o local onde será a base de operações, onde serão prestados os serviços e/ou onde se fará a administração do armazém (MOREIRA, 2009). Segundo Ballou (2006), localizar instalações ao longo de uma cadeia de suprimentos é um importante problema de decisão que dá forma, estrutura e contornos ao conjunto completo dessa cadeia. Essa for- mulação define as alternativas, juntamente com os custos e níveis de inves- timentos a elas associados, usadas para operar o sistema. Decisões sobre localização envolvem a determinação do número, local e proporções das instalações a serem utilizadas. Essas instalações incluem pontos nodais da rede como fábricas, portos, vendedores, armazéns, pontos de varejo e pontos centrais de serviços na rede da cadeia de suprimentos em que os produtos param temporariamente a caminho dos consumidores finais. As decisões sobre localização são estratégicas e fazem parte integral do processo de planejamento. Em matéria de localização, nada pode ser negligenciado. Às vezes, detalhes aparentemente pequenos, quando não levados em conta, podem trazer desvantagens sérias. Aspectos negativos da localização devem provavelmente receber tanta atenção quanto os as- pectos positivos. Cada empresa tem suas particularidades, fazendo com que o problema de localização seja específico a cada situação. Algumas empresas considerarão mais importante estarem próximas aos clientes, outras serão atraídas pela proximidade das matérias-primas e/ou dos com- ponentes. Outras, ainda, se dirigirão para locais onde a mão de obra seja abundante e/ou bem treinada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce tereza cristina Realce 40 Localização geográfica de armazéns e centros de distribuição A figura a seguir resume o posicionamento de um ou mais armazéns em uma cadeia de distribuição. (B A LL O U , 2 00 6. A da pt ad o. ) Fábricas Armazéns Clientes Figura 1 – Localização de armazéns na cadeia de distribuição.À primeira vista, as decisões de localização parecem aplicar-se prioritaria- mente a novos empreendimentos. Entretanto, sem negar a importância desses casos, empresas já existentes e operando também enfrentam problemas de localização. Isso acontece, por exemplo, quando os insumos básicos à opera- ção da empresa se esgotam, tornam-se insuficientes ou muito caros. Às vezes, o crescimento da demanda não pode ser satisfeito com a mera expansão da capacidade da localização existente, tornando necessária a busca de um novo local de operações. Em outros momentos, por estratégias de mercado, a em- presa pode se ver obrigada a selecionar locais para adicionar novas instalações (lojas ou depósitos, por exemplo). De qualquer forma, tanto para empresas novas como para as já existentes, as decisões sobre localização levam a um compromisso de longo prazo, que exigem grandes esforços de projeto e im- plantação, que devem durar vários anos. É desneces sário dizer que o impacto sobre os custos e as receitas é bastante significativo. Custos nas decisões de localização Segundo Bowersox (2001) os custos de armazenagem podem ser dividi- dos em três componentes principais: Custos de manuseio � – composto de mão de obra e equipamentos proporcionalmente ao fluxo anual de produtos através do armazém. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Localização geográfica de armazéns e centros de distribuição 41 Custos fixos � – capturam todos os componentes de custo que não são proporcionais ao fluxo de produtos através do armazém. Os custos fi- xos variam na forma de escada proporcional ao tamanho dos arma- zéns ou a abertura deles. Custos de manutenção de estoques � – trata-se dos custos de oportu- nidade de manter estoques, sendo proporcionais aos níveis de esto- que em cada armazém. O principal objetivo na localização de instalações em uma rede logística é a identificação da configuração de armazéns/fábricas que resulte no menor custo total relevante para a cadeia de suprimentos, sujeito às restrições de serviço ou qualquer outro fator considerado importante. O gráfico mostrando os trade-offs1 de custos logísticos mostra que os custos com o transporte diminuem de acordo com o número de armazéns presentes no sistema de distribuição. À medida que mais armazéns são colo- cados no sistema, eles estão mais próximos dos clientes. Assim, os custos de materiais que chegam ao armazém aumentam devido ao aumento da dis- tância da origem até o armazém, mas os custos dos materiais expedidos se reduzem de maneira muito mais significativa que o aumento dos materiais que chegam. A curva do custo do transporte continua a diminuir até que o número de armazéns usados na rede seja tal que deixe de ser viável o envio de cargas fechadas para todos os armazéns. 0 0 Número de armazéns Cu st o Transporte de matéria- -prima e produto acabado Produção/compra e processamento de pedidos Manutenção de estoques e armazenagem Fixo do armazém Custo total Figura 2 – Trade-offs de custos genéricos no problema da localização de uma instalação de armazenagem. (B A LL O U , 20 06 . A da pt ad o. ) 1 Trocas compensatórias. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 42 Localização geográfica de armazéns e centros de distribuição A curva do custo de manutenção de estoques e de armazenagem apre- senta um crescimento menor à medida que aumenta o número de armazéns na rede. Trata-se de um resultado primário da política de estoque da empre- sa e também da maneira pela qual essa política é posta em prática. Segundo Ballou (2006): O giro e o nível de estoque estão diretamente relacionados ao número e à quantidade de armazéns numa rede logística. A alocação dos estoques por diversos armazéns pode oferecer o potencial para disponibilizar elevados níveis de serviço. Para os clientes, isso também pode significar ressuprimentos mais frequentes de menores quantidades, implicando em menores níveis de estoque para esses clientes. Por outro lado, um maior número de armazéns no sistema logístico acarreta impactos substanciais no estoque em trânsito e no estoque de segurança. Quanto maior o número de armazéns, menores são os níveis de estoque em trânsito, por que o tempo total de produtos em trânsito para atender o cliente é reduzido. O mesmo não se aplica aos estoques de segurança, com maior número de armazéns, aumenta-se o total de estoque de segurança na rede logísti- ca. A regra da raiz quadrada para o aumento de estoque permite à empresa estimar essa quantidade. Exemplo: Suponha que uma empresa possui um único armazém e o valor de seu estoque de segurança para determinado material seja de $1.000,00. Caso a empresa aumente para 2 ou 3 depósitos, quais seriam os novos valores desse estoque de segurança? Para 2 armazéns: 1 000 . 2 = $1.414,2 Para 3 armazéns: 1 000 . 3 = $1.732,1 Outros componentes de custos que influenciam a curva são os custos fixos e o custo de processamento de pedidos. Os custos fixos para abertura de um armazém são originados da infraestrutura mínima para a operação do depósito como, por exemplo, atividades administrativas, segurança pa- trimonial, manutenção predial. Os custos de processamento de pedidos são pouco influenciados pelo aumento ou redução da quantidade de armazéns em função de sistemas informatizados que distribuem esses pedidos inde- pendentemente da localidade. Melachrinoudis e Hokey (2007) observam que uma rede de armazéns corretamente estabelecida pode gerar uma economia de 5 a 10% de custos totais da logística. Todas as empresas buscam melhorar o giro de inventário Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br tereza cristina Realce Localização geográfica de armazéns e centros de distribuição 43 através da adoção de práticas de gestão mais eficazes como cross docking2, métodos de previsão de demanda, métodos mais eficazes de gestão de in- formação do tipo radiofrequência e de autoidentificação (Radio-Frequency Identification – RFID). Fatores determinantes nas decisões de localização Segundo Moreira (2009), existe uma lista muito grande de fatores que podem, de alguma forma, influenciar nas decisões sobre localização. Nem todos possuem a mesma importância em quaisquer circunstâncias, pois a localização é um problema específico para cada empresa. Por exemplo, de- pósitos de matérias-primas de atividades industriais são, de modo geral, for- temente orientadas por local onde estão os recursos: matérias-primas, água, energia e mão de obra. Prestação de serviços de armazenagem, sejam públi- cas ou particulares, irão orientar-se mais para fatores como proximidade dos clientes, acessibilidade, tráfego e localização dos concorrentes. Vejamos alguns dos principais fatores separadamente. Localização das matérias-primas Um primeiro motivo para que as firmas procurem se localizar junto às fontes de matéria-prima é a condição da mesma. Se a matéria-prima, uma vez obtida, não puder ser transportada por distâncias razoáveis, ou se as condições são muitos onerosas para o transporte, isso tenderá a atrair a em- presa para perto do depósito ou fonte dessas matérias-primas. Por exem- plo: o cimento possui como principal matéria-prima o calcário, um mineral utilizado em grande quantidade e de baixo valor agregado (em relação ao produto dele derivado). O transporte de todo calcário lavrado até a proxi- midade dos mercados consumidores é inviáveleconomicamente, então o depósito dessa matéria-prima, bem como a fábrica, se localizam próximas às fontes do minério. Um outro exemplo são algumas fábricas de alimen- tos processados onde a diferença entre o volume de matéria-prima e de produto acabado é muito grande como óleo de soja, onde é muito mais vantajoso transportar o óleo de soja até os mercados consumidores, que a soja in natura. 2 Método de movimenta- ção no qual a mercadoria recebida é redirecionada sem armazenagem prévia. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 44 Localização geográfica de armazéns e centros de distribuição Há casos em que a empresa possui inúmeros fornecedores. É impossível à empresa localizar-se perto de todos eles ou dos mais importantes. Nessas circunstâncias, uma solução possível seria buscar a otimização do custo total de transporte de matérias-primas e de produtos acabados, por meios de téc- nicas que serão apresentadas ainda neste capítulo. Mão de obra Uma empresa deve verificar se os locais pré-selecionados para a localiza- ção possuem oferta de mão de obra em quantidade e qualidade suficientes. Algumas não desejam altos custos de treinamento de pessoal, embora para outras isso seja relativamente comum, dadas as atividades muito específicas que realizam. A força dos sindicatos pode operar contra uma determinada localização, pois em algumas regiões, onde (por quaisquer motivos históri- cos) os sindicatos locais influenciam fortemente os trabalhadores, dando-lhes uma consciência de classe e, principalmente, poder significativo junto aos empregadores. Muitas empresas realizam análise bastante criteriosa antes de se localizarem nesses locais, temendo problemas futuros. Atitudes da mão de obra que dependem da cultura da região, tais como absenteísmo eleva- do e rotação de pessoal, também têm influência, pois as empresas podem não estar dispostas a investir na educação para o trabalho, principalmente se contam com outras opções igualmente satisfatórias onde o problema não se manifesta. Quando se está mudando um local ou instalando uma nova unidade, surge a questão da transferência de empregados. Além do custo que isso represen- ta, em termos de pagamento extra pela legislação vigente no Brasil, muitos funcionários valorizam o local onde moram e o estilo de vida que levam e, portanto, não desejarão se transferir. Sempre é temida, também, a mudança para uma localidade onde o custo de vida é maior. É claro que, no final, o pro- blema depende, em grande parte, de onde se está e para onde se vai. Outro fator a ser considerado é a relativa dominação que a empresa exer- cerá sobre a comunidade. Quanto maior essa dominação, ou seja, quanto mais a cidade depender da empresa em questão, mais dificuldades serão cria- das para a redução da produção e demissão de empregados, se necessário, gerando problemas sociais que qualquer companhia gostaria de evitar. Esse tipo de problema é comum principalmente em empresas que produzem produtos de origem mineral, pois muitas vezes toda uma comunidade é ins- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br Localização geográfica de armazéns e centros de distribuição 45 talada em função da criação da empresa. Caso a empresa resolva encerrar suas atividades por motivos econômicos ou pelo fim das atividades de mine- ração, toda a comunidade é prejudicada. Localização dos mercados consumidores No caso de atividades industriais é muito difícil estar ao mesmo tempo próximo dos mercados fornecedores e dos mercados consumidores. Os custos de transporte de matérias-primas em relação aos produtos acabados e à estratégia competitiva estarão entre os fatores decisórios. Hospitais, postos de correio, delegacias e agências para atendimento de cidadãos, por exemplo, se localizarão onde esses serviços não existam ou sejam insuficientes para atender uma dada população. Também as ativida- des privadas de serviços se localizam perto dos mercados que servem, tanto quanto possível, onde existam facilidades de acesso e estacionamento. No caso de armazéns que atendam a atividades industriais devem atender às estratégias de armazenagem de matéria-prima e de distribuição. Por exem- plo: uma indústria de óleo de soja possui fábricas no interior do país, porém o armazém de distribuição pode ser localizado próximo aos mercados con- sumidores, para pronto atendimento aos pedidos. As atitudes da comunidade e o local definitivo Após a escolha das alternativas possíveis para a localização, a busca será então pelo local definitivo. Nesse momento, além dos fatores apresentados anteriormente, será relevante também considerar as atitudes da comunidade quanto à instalação de novas empresas. Existem comunidades que procuram atrair empresas, inclusive oferecendo incentivos, tais como cessão de terreno, isenção de impostos por certo tempo, construção imediata da infraestrutu- ra e assim por diante. A presença das empresas é vista como desejável, pela geração de empregos, pelos impostos que serão arrecadados e pelos efeitos em cadeia no sentido do desenvolvimento econômico da comunidade. De outro lado, existem comunidades que colocam restrições à entrada de novas empresas, principalmente se estiverem associadas a riscos ambientais. Do ponto de vista da empresa que vai se instalar, é importante que a comunidade tenha o melhor grau de instrução possível, facilidades educa- cionais, serviços médicos, de transporte e de recreação, comércio, igrejas, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Para assistir as videoaulas deste livro, assine o site www.planoeducacao.com.br 46 Localização geográfica de armazéns e centros de distribuição segurança policial, bombeiros, serviço de saneamento básico, moradias, dis- ponibilidade de terrenos, rodovias de acesso etc. Deve-se considerar, ainda, que áreas de armazenagem e residências não se dão muito bem. Empresas de logística precisam de facilidades especiais como ferrovias e grandes rodovias, criando sempre um tráfego muito inten- so de caminhões e muito barulho. Precisam, além disso, de redes elétricas de alta tensão. Por esses motivos, uma opção a considerar é a de se instala- rem em parques ou distritos com destinação industrial e comercial distantes dos bairros residenciais. Nesses locais, em geral, já existem terrenos pré-pre- parados, o que leva a menores custos de construção. Do lado negativo, às vezes os terrenos dão poucas possibilidades para expansão e podem existir problemas com a arquitetura dos prédios, quando os projetos devem seguir normalizações locais. Além disso, a própria proximidade de empregados de diversas empresas pode espalhar, com facilidade, os movimentos reivindica- tórios gerados em qualquer instalação do local. Métodos de localização Dadas várias localizações alternativas, muitos modelos têm sido desen- volvidos para auxiliar na escolha final. Alguns desses modelos consideram como problema a localização de uma só unidade enquanto outros traba- lham com diversas unidades ao mesmo tempo. Por outro lado, os modelos também variam em relação aos dados que exigem, indo desde os que usam apenas informações qualitativas até os que partem para apurações numé- ricas rigorosas. No entanto, mesmo com dados puramente qualitativos é comum usar algum sistema de quantificação e ponderação. A localização de instalação única, devido à sua simplicidade, pode ser so- lucionada de maneira mais fácil, com uso de fórmulas matemáticas ou uso de programas computacionais, pelo fato de considerar somente os custos com transportes.
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