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AÇÃO INDENIZATÓRIA CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

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Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP.  
    
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
XXXXXXXXXXXXXX pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº XXXXXXXXXX, com sede na Rua XXXXXX, n.º xx, bairro, Cidade, Estado, CEP: XXXXX-XXX e XXXXXXXXX, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da cédula de identidade n.º XXXXXXXX, inscrita no CPF/MF sob o n.º XXXXXXXXXX, residente e domiciliada na Rua XXXXX,n.º XX, Bairro, Cidade, Estado, CEP: XXXXX-XXX, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, propor a presente  
  
AÇÃO INDENIZATÓRIA CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER COM               PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA  
  
em face XXXXXXXXXXXXX, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº desconhecido, com sede na Rua XXXXXXXX, n.ºXX – Bairro – Cidade – Estado – CEP XXXXX-XXX, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir aduzidos:  
        
  
 
DA JUSTIÇA GRATUITA  
  
                             Inicialmente a autora requer seja deferido o pedido de concessão do benefício da Gratuidade de Justiça, disposto no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e com as Leis n.º.: 7.510/86 e Lei n.º 1060/50, eis que não dispõe de meios financeiros para suportar as custas processuais, sem prejuízo do seu próprio sustento e da sua família.
  
  
PRELIMINARMENTE  
  
                                      De início, a Autora esclarece que a propositura desta demanda se deu na Comarca de São Bernardo do Campo – Juizado Especial Cível, porque, diante da sua  qualidade de consumidora, lhe assegura o art. 101, I, da Lei n.º 8.078/90 o direito de escolha do foro competente para a demanda.  
  
DOS FATOS  
  
Em 24 de outubro de 2014, a autora fez a compra de 30 (trinta) caixinhas de madeira com medidas de 11cm por 11cm pelo valor total de R$ 342,00 (trezentos e quarenta e dois reais), da empresa Ré através de sua sócia Célia Nunes Reis.  
  
Conforme pactuado, a entrega das caixinhas, que seriam utilizadas para presentear as clientes do salão da autora no final do ano de 2014, foi realizada no dia 05 de dezembro de 2014.  
  
Ocorre que, no momento a autora estava trabalhando e, portanto, não conseguiu conferir a mercadoria, e como forma de pagamento entregou o cheque de n.º XXXXXX do Banco Caixa Econômica Federal, Agência XXXX e Conta corrente n.º xxxx-xx no valor de R$ 342,00 (trezentos e quarenta e dois reais), de sua pessoa jurídica (XXXXX).  
  
Algumas horas depois e ainda na presença de clientes, conseguiu abrir a caixa para conferir a encomenda e para sua surpresa, as caixinhas estavam fora das medidas solicitadas e com péssimo acabamento.  
  
Insatisfeita com o produto, haja vista que o mesmo estava fora do combinado, entrou em contato com a sócia da Empresa-Ré e informou o problema em questão.  
  
Na ocasião a Sra. XXXXXXXXXXX ofendeu a Autora e afirmou que a mesma estava insatisfeita por não ter como efetuar o pagamento e informou que iria solicitar que as caixinhas fossem retiradas e devolvido o cheque da Autora.  
  
Desta sorte, a  Autora acreditou na boa-fé e aguardou que as caixinhas fossem retiradas e seu cheque entregue, porém mais uma vez foi surpreendida, quando ao realizar compras em uma loja de produtos para salão de cabeleireiro recebeu a informação de que não poderia pagar com cheque, pois foi inscrita no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos - CCF.  
  
Assim, a Autora descobriu que a Ré apresentou seu cheque ao banco e, obviamente que não teria saldo, pois haviam pactuado a devolução do cheque e portanto a Requerente não havia motivos para depositar dinheiro para cobrir o cheque.  
  
Em sua residência a Autora efetuou uma consulta ao SERASA e descobriu que era exatamente o cheque que lhe deveria ter sido devolvido pela Empresa Ré, que foi apresentado ao banco, saliento que em nenhum momento a Autora foi notificada pelo SERASA para efetuar a quitação de seu débito, bem como, de que seu nome seria incluído na lista de devedores.  
  
A Autora tentou por diversas vezes solucionar o problema amigavelmente, mas não obteve sucesso.  
  
Posteriormente às tentativas amigáveis a  Autora foi  novamente surpreendida com o recebimento da intimação do  2º Tabelião de Protesto de Letras e Títulos desta comarca da importância de R$ 342,00 (trezentos e quarenta e dois reais), oriunda do cheque em questão :  
  
	  
	Número  
	Agência  
	Conta Corrente  
	Valor (R$)  
	Cheque  
	  
	  
	 
	 
  
  
Imperioso consignar que o episódio em referência, traz severos prejuízos ao desenvolvimento das atividades habituais da Autora, que sempre honrou com suas obrigações e, neste momento, encontra-se com restrição creditícia.  
  
Na qualidade de cabeleireira, não tem conseguido adquirir mercadorias a prazo junto aos grandes fornecedores que, consoante se depreende da pesquisa colacionada aos autos (doc.), efetuam consultas ao crédito da Autora em cada transação comercial com eles firmada.  
  
O protesto em questão é manifestamente indevido, razão pela qual, socorre-se a Autora ao Poder Judiciário para que seja declarada a inexistência do débito e, por consequência, a anulação do aludido protesto, pleiteando, ademais, seja a Ré condenada ao pagamento de danos morais pelo ilícito praticado.  
  
DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS  
DA LEGITIMIDADE ATIVA DA SÓCIA – LITISCONSÓRCIO ATIVO 
 
A legitimidade ativa da sócia da empresa Autora, especialmente no que tange aos danos morais, não pode ser afastada, já que atingida diretamente pela reprovável conduta da Ré.  
 
Segundo a doutrina, os legitimados ao processo são os titulares dos interesses em conflito, havendo legitimidade ativa ad causam quando o autor é o possível titular do direito pretendido, e passiva se o réu é a pessoa indicada para sofrer os efeitos da sentença em caso de procedência do pedido.  
 
No caso em análise, a sócia da empresa e co-Autora suportou pessoalmente os problemas havidos entre a Autora pessoa jurídica, de quem é sócia e representante legal, e a Ré, de modo que não pode ser tido como parte ilegítima para figurar no pólo ativo da demanda. Aliás, foi a sua tranquilidade e até mesmo a sua honra que restaram atingidas pelo ato discutido.  
 
 
Assim, é plenamente legitimado, eis que, conforme plenamente demonstrado, encontra-se inserido na relação jurídica em que se baseia a pretensão. 
 
DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
 
 
O artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor – Lei n.º 8.078/90 conceitua o consumidor como sendo “toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. 
 
		 No caso em análise, a empresa co-Autora figura como consumidora final dos produtos e serviços ofertado pela Ré, razão pela qual, tem-se que a relação entre as partes, incontestavelmente encontra-se sujeita às disposições constantes na legislação em comento. 
 
DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA 
 
                            Pela Teoria do Risco do Empreendimento, todo aquele, que se disponha a exercer alguma atividade no campo do fornecimento de bens e serviços, tem o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do empreendimento, independente de culpa. 
                            A responsabilidade decorre do simples fato de dispor-se alguém a realizar atividade de produzir, distribuir e comercializar produtos ou executar determinado. 
                            No caso em tela, a Ré , ao produzir e distribuir produto assumiu o risco do empreendimento. 
                            De acordo com o preceituado no Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 18, o fornecedor e o fabricante de produtos viciados respondem solidariamente, in verbis: 
 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveisrespondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. 
        § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
        I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 
        II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; 
        III - o abatimento proporcional do preço. 
 
                            Nestes termos, o seguinte precedente do TJRJ: 
2009.001.18502 - Apelação 
Des. CHERUBIN HELCIAS SCHWARTZ – Julgamento: 09/06/2009 – Décima Segunda Câmara Cível. 
APELAÇÃO CÍVEL. SUMÁRIO. OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA. APARELHO DE TELEVISÃO. RELAÇÃO DE CONSUMO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Com fundamento na teoria do Risco do Empreendimento, aquele que se disponha a exercer qualquer atividade no mercado de consumo deverá suportar os ônus decorrentes dos vícios e defeitos do produto ou do serviço oferecido. Responsabilidade que somente poderá ser ilidida, verificada a ocorrência de uma das hipóteses de excludente de responsabilidade. De acordo com o art. 18 do CDC, quando o produto adquirido pelo consumidor apresentar vício de qualidade, em que impeça o seu uso normal, tanto o fabricante quanto o comerciante são responsáveis pelo ressarcimento dos danos ocasionados. Considerando, entendo que o quantum arbitrado observou os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Sentença que se mantém. Recurso improvido. 
                            Registre-se, ainda, que a Autora tem direito de exigir a  restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos  uma vez que já se passaram mais de 30 dias sem o vício do produto ser sanado, conforme o art. 18, § 1º, II do CDC. 
                            Assim, não há dúvidas quanto à responsabilidade da Ré pelo vício do produto comprado pela autora. 
  
DA APLICAÇÃO DO ART. 18 e 49 DA LEI 8.078/90  
 
  
                                           	Inegavelmente a relação havida entre Autora e Ré é de consumo, ensejando, portanto, a aplicação das normas consumeristas ao caso em tela.  
  
 Como exposto, as caixinhas de madeira adquiridas pela autora, apresentou defeitos, e não seria necessária uma perícia para perceber que os tamanhos não estavam em conformidade com o pedido e que o acabamento estava péssimo, privando a autora de presentear suas clientes, afinal não entregaria um regalo nas condições em que estão as caixinhas  .  
  
 Como já demonstrado, a autora, apesar de muito buscar uma solução, não obteve êxito no saneamento do vício apresentado pelo bem comprado, nem recebeu novas caixinhas de igual valor, ou mesmo, recebeu o cheque dado como forma de pagamento, apesar de ter postulado neste sentido.  
  
 O já citado §1º, inciso II do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor, prevê a possibilidade da restituição da quantia paga, mas nesse caso, o que se espera é a devolução do cheque, bem como, a sustação dos efeitos do protesto no 2º Tabelião de Protesto de Letras e Títulos desta Comarca. 
Outrossim, o §6º, inciso II do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor assim esclarece:
Art. 18 – Omissis(...)
§6º - São impróprios ao uso e consumo:
III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim que se destinam.
  
   
 Portanto, percebe-se, in casu, que o prazo máximo para saneamento de vício, de 30 (trinta) dias, contado desde a detecção do defeito nas caixinhas se expirou, pois, até o presente momento, não houve a reparação satisfatória dos defeitos.
   
 Vejamos o que o ilustre mestre ZELMO DENARI discorre acerca do tema:  
 
  
“Embora o art. 18 faça referência introdutória às duas espécies de vícios (qualidade e quantidade), seus parágrafos e incisos disciplinam, exclusivamente, a responsabilidade dos fornecedores pelos vícios de qualidade dos produtos, ou seja, por aqueles vícios capazes de torná-los impróprios, inadequados ao consumo ou lhes diminuir o valor.”  
(...)  
“A propósito, vejamos quais são as sanções previstas no §1º do aludido dispositivo, para reparação dos vícios de qualidade dos produtos.  
Em primeira intenção, o dispositivo concede ao fornecedor a oportunidade de acionar o sistema de garantia do produto e reparar o defeito no prazo de 30 dias.   
Não sendo sanado o vício, no prazo legal, o consumidor poderá exigir, à sua escolha, três alternativas:  
I – a substituição do produto por outro da mesma espécie em perfeitas condições de uso;  
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;  
III – o abatimento proporcional do preço.  
(...)  
Quanto à segunda alternativa do consumidor, que determina “a restituição imediata da quantia paga”, tenha presente que o conceito de imediatismo é relativo e, sendo certo que numa conjuntura inflacionária, essa restituição deve ser corrigida monetariamente, prevalecendo a data-base do efetivo pagamento do produto.”(Código Brasileiro de Desefesa do Consumidor. Comentado Pelos Autores do Anteprojeto, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2001, p. 186).  
  
 SENDO ASSIM, A AUTORA FAZ JUS A DEVOLUÇÃO DO CHEQUE DADO COMO FORMA DE PAGAMENTO, BEM COMO, A SUSTAÇÃO DOS EFEITOS DO PROTESTO EM SEU NOME, HAJA VISTA OS DEFEITOS APRESENTADOS PELO PRODUTO.
   
 OUTROSSIM, DEPREENDE-SE DO ART. 18 DA LEI 8.078/90, QUE INDEPENDENTEMENTE DE SE UTILIZAR DESTE DISPOSITIVO, O USO DE SUAS ALTERNATIVAS NÃO IMPEDE A COBRANÇA DE REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS PELO FORNECEDOR.  
Ademais, o artigo 49 da Lei º 8.078/90 faculta ao consumidor desistir do contrato no prazo de sete (07) dias, a contar de sua assinatura ou do recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio, o que se identifica com a hipótese dos autos.
Tal artigo foi concebido com o propósito de blindar o consumidor que, muitas vezes, exposto a práticas comerciais mais agressivas, pode ter limitado o seu discernimento para manifestar sua vontade. Portanto, a lei faculta-lhe a possibilidade de analisar, de maneira mais serena e sem nenhum tipo de interferência externa, se a compra efetuada consulta a suas expectativas e, ainda, avaliar se não atuou por impulso, sendo direcionado a realizar negócio apenas pela pressão exercida pelo vendedor. E esse direito de arrependimento é puro e simples. Reclama, tão somente, a presença de dois requisitos legais: venda fora do estabelecimento comercial; e o cumprimento, pelo consumidor, do exíguo prazo de 07 (sete) dias para manifestar sua desistência.
Em casos tais o consumidor tem o direito de liberar-se da avença sem que a ele seja imposto qualquer ônus, porquanto diante do exercício regular de direito, não há como responsabilizá-lo por eventuais prejuízos que o fornecedor possa experimentar em decorrência do desfazimento do negócio, porque isso se traduz no risco inerente à atividade daqueles que optam por realizar a venda em domicílio.
No presente caso, a Autoraentrou em contato com a sócia da Ré no dia seguinte e manifestou seu descontentamento e a vontade de desfazer o negócio e acreditou na boa-fé da Ré, quando esta informou que devolveria seu cheque e iria retirar as caixinhas no dia seguinte.
  
A INCLUSÃO DO NOME DA AUTORA NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES 
 
 Conforme dispõe o artigo 186, do Código Civil, é preciso caracterizar os seguintes elementos para a imputação da responsabilidade civil: a ação ou omissão culposa do agente, o dano e o nexo de causalidade entre ambos. Confira-se:
Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar prejuízo a outrem, ainda; que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
 
 
 No presente caso, como se demonstrará, esses elementos estão presentes, razão pela qual imputa-se de plano a responsabilidade civil da Ré. 
 
 Conforme já explicado, a Ré agiu com má-fé ao entregar mercadoria diversa da pactuada. Como se não bastasse, quando o cheque foi devolvido por falta de provimento de fundos, simplesmente protestou o referido cheque no  2º Tabelião de Protesto de Letras e Títulos desta Comarca. 
 
 O CCF, assim como o SPC, o SERASA e demais órgãos de restrição cadastral, visam garantir a concessão de crédito perante o mercado. Quando apontam o nome de uma pessoa física ou jurídica, significa que ela está inadimplente com as suas obrigações. Contudo, essa situação não condiz com a realidade da Autora, uma vez que a empresa Co- Autora estava em dia com as suas obrigações e não esperava vivenciar tamanho vexame perante seus fornecedores. 
 
 Desse modo, devido a atitudes negligentes da Ré, a Autora ficou injustamente incluída entre os maus pagadores, entre aqueles que deixam dolosa ou culposamente de cumprir com as obrigações assumidas. 
 
DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR OS DANOS  
  
Com o advento da Constituição Federal de 1988, a reparação dos danos patrimoniais e morais ganhou tutela especial, quando em seu art. 5º, inciso V, consagrou-se, como proteção aos direitos individuais, a responsabilidade civil do dever de indenizar os danos sofridos, “in verbis”:  
"Art. 5º, CF – (...)  
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem;  
(...)”  
  
Consoante estabelece o artigo 186 do C.C., “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”, e tal ato ilícito é indissociável da responsabilidade do infrator que tem o dever de indenizar.  
  
Tal dever se encontra expresso no artigo 927 do mesmo diploma legal:  
  
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”  
  
No caso em epígrafe restou evidente o ilícito praticado pela Ré, já que a Autora não possui qualquer obrigação de pagar o débito por ela exigido. Como consequência, é o decreto de reparação pecuniária dos danos morais causados, consoante a seguir passará a delinear. 
 
DO DANO MORAL – DEFESA DA PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA  
  
Reputa-se salutar tecer algumas considerações preliminares acerca do dano moral, com o escopo de conceituá-lo à luz do nosso ordenamento jurídico.  
  
Ensina a boa doutrina que a expressão dano moral tecnicamente qualifica o prejuízo extra-patrimonial, possuindo um sentido mais amplo e genérico, pois representa a lesão aos valores morais e bens não patrimoniais, reconhecidos pela sociedade, tutelados pelo Estado e protegidos pelo ordenamento jurídico.  
  
Maria Cristina da Silva Carmignani, em trabalho publicado na Revista do Advogado n.º 49, editada pela conceituada "Associação dos Advogados de São Paulo", ensina que:  
  
"(...) a concepção atual da doutrina orienta-se no sentido de que a responsabilidade de indenização do agente opera-se por força do simples fato da violação (danun in re ipsa). Verificado o evento danoso, surge a necessidade da reparação, não havendo que se cogitar de prova do dano moral, se presentes os pressupostos legais para que haja a responsabilidade civil (nexo de causalidade e culpa)".  
  
A própria Constituição Federal, aliás, impondo sua supremacia sobre todo o ordenamento jurídico, confirmou o princípio da reparação dos danos morais, previsto no capítulo dos direitos e deveres individuais e coletivos, conforme já mencionado anteriormente.  
  
E mais, tal direito de reparação é estendido às pessoas jurídicas, a teor do que dispõe a Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça:  
  
Súmula n.º 227 – “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.  
 
Tendo seu nome indevidamente protestado e negativado junto aos órgãos de proteção ao crédito, encontra-se com restrição creditícia que a impede de adquirir mercadorias à prazo para seu comércio.  
  
A Autora, boa pagadora e com reputação ilibada perante a coletividade, até então, nunca tendo experimentado as conseqüências da negativação de seu bom nome, sofre inúmeros transtornos com este episódio, fato este que não poderá ser qualificado apenas como “mero dissabor”.   
  
É óbvio que a empresa que se vê privada de crédito, sofre constrangimento indevido.  
 
Assim, ainda que a conduta indevida da Ré tenha atingido diretamente a pessoa da sócia Autora, é plausível a hipótese de ocorrência de prejuízo reflexo à pessoa jurídica, em decorrência de ter tido seu crédito negado, considerando a repercussão dos efeitos desse mesmo ato ilícito. Destarte, ostenta a autora pretensão subjetivamente razoável, uma vez que a legitimidade ativa ad causam se faz presente quando o direito afirmado pertence a quem propõe a demanda e possa ser exigido daquele em face de quem a demanda é proposta. 
 
O abalo de crédito desponta como afronta a direito personalíssimo - a honradez e o prestígio moral e social da pessoa em determinado meio - transcendendo, portanto, o mero conceito econômico de crédito. 
  
Acerca do argumentado, vale transcrever o entendimento consubstanciado no Tribunal de Justiça de São Paulo:  
  
“DECLARATÓRIA- NULIDADE DE TITULO – DANOS MORAIS – PROVA - Dano moral, na hipótese, puro, que independe de comprovação. Ação procedente. Apelos improvidos. DANOS MORAIS – PROTESTO INDEVIDO - QUANTUM - Indenização que deve ser fixada face à proporção do dano. Dano moral de média intensidade Indenização fixada pela r. sentença em R$14.250,00 que se mostra suficiente para indenizar a autora e, ao mesmo tempo, coibir os réus de atitudes semelhantes. Apelos improvidos”.   
(TJ/SP – Apelação nº 1281964-2 – 24ª Câm. Dir. Privado. Rel. Des. Salles Vieira. J. 04/12/2008)  
  
O dano moral em situações como essas, é evidente e deve ser indenizado, independentemente de mais provas. Sua quantificação, ademais, deverá ser em montante razoável a servir de advertência para que o causador do dano se abstenha de praticar novamente tais atos.  
  
Desta forma, estima-se o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), valor que não enriquecerá a Autora, mas a acalentará da dor experimentada e, tampouco levará a causadora do ato ilícito à ruína, mas sim o desestimulará de repetir a mesma conduta.  
  
DA TUTELA ANTECIPADA  
  
Em razão dos fatos e fundamentos jurídicos expostos, restam inequívocos a verossimilhança das alegações e o dano de difícil reparação, oriundos da inserção indevida do nome da Autora nos cadastros de inadimplentes, abalando o prestígio creditício que gozava e ainda, acarretando, prejuízos ao exercício de suas atividades, já que encontra-se impossibilitada de desenvolver suas compras a crédito.  
  
Permanecer nesta situação até o deslinde do presente feito, certamente acarretará prejuízos ainda maiores ao seu prestígio no mercado,que já se encontra bastante maculado.  
  
Aliás, é de conhecimento notório que toda negativação ou protesto indevido geram dano de difícil reparação, constituindo abuso e grave ameaça.  
  
Assim, presentes os requisitos ensejadores da tutela antecipada, nos termos do artigo 273 do CPC, justifica-se sua concessão para o fim de que seja deferida a exclusão do nome da Autora do cadastros restritivos de crédito, expedido ofício ao 2º Tabelião de Protesto de Letras e Títulos desta Comarca, a fim de determinar que suspenda os efeitos relativos ao protesto do cheque emitido pela Autora, até decisão final.    
  
A cobrança em apreço é manifestamente indevida, devendo as restrições junto aos órgãos de proteção ao crédito serem suspensas até que se comprove o ora argumentado.  
  
Por uma questão de segurança do juízo e até mesmo demonstração de boa fé, neste ato a Autora oferece efetuar o depósito da quantia, supostamente devida, em juízo até o deslinde do feito.  
 
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
                                    Em regra, o ônus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito mencionado ou a quem o nega fazendo nascer um fato modificativo, conforme disciplina o artigo 333, incisos I e II do Código de Processo Civil. 
                                                  O Código de Defesa do Consumidor, representando uma atualização do direito vigente e procurando amenizar a diferença de forças existentes entre pólos processuais onde se tem num ponto, o consumidor, como figura vulnerável e noutro, o fornecedor, como detentor dos meios de prova que são muitas vezes buscados pelo primeiro, e às quais este não possui acesso, adotou teoria moderna onde se admite a inversão do ônus da prova justamente em face desta problemática. 
                                            Havendo uma relação onde está caracterizada a vulnerabilidade entre as partes, como de fato há, este deve ser agraciado com as normas atinentes na Lei no. 8.078-90, principalmente no que tange aos direitos básicos do consumidor, e a letra da Lei é clara. 
Ressalte-se que se considera relação de consumo a relação jurídica havida entre fornecedor (artigo 3º da LF 8.078-90), tendo por objeto produto ou serviço, sendo que nesta esfera cabe a inversão do ônus da prova quando: 
 
“ O CDC permite a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, sempre que foi hipossuficiente ou verossímil sua alegação. Trata-se de aplicação do princípio constitucional da isonomia, pois o consumidor, como parte reconhecidamente mais fraca e vulnerável na relação de consumo (CDC 4º,I), tem de ser tratado de forma diferente, a fim de que seja alcançada a igualdade real entre os participes da relação de consumo. O inciso comentado amolda-se perfeitamente ao princípio constitucional da isonomia, na medida em que trata desigualmente os desiguais, desigualdade essa reconhecida pela própria Lei.” (Código de Processo Civil Comentado, Nelson Nery Júnior et al, Ed. Revista dos Tribunais, 4ª ed.1999, pág. 1805, nota 13). 
 
Diante exposto com fundamento acima pautados, requer o autor a inversão do ônus da prova, incumbindo o réu à demonstração de todas as provas referente ao pedido desta peça. 
 
  
DOS PEDIDOS  
  
Ante todo o exposto, requer:  
  
a) A concessão da tutela antecipada, “inaudita altera pars”, com o fim colimado de que seja expedido o competente ofício ao 2º Tabelião de Protesto de Letras e Títulos desta Comarca, a fim de determinar que suspenda os efeitos relativos ao protesto do cheque emitido pela Autora, de número xxxxxx, agência xxxx e conta corrente xxxx, no valor de R$ 342,00 (trezentos e quarenta e dois reais);   
  
b) A citação da Ré, para contestar a presente, sob pena de revelia;  
  
c) Seja julgada totalmente procedente a presente ação, declarando a inexigibilidade do débito lançado pela Ré em face da Autora, representado pelo cheque acima discriminado, oficiando-se ao 2º Tabelião de Protesto de Letras e Títulos desta Comarca para que proceda ao cancelamento definitivo do protesto;  
  
d) Seja a Ré, condenada ao pagamento de indenização pelos danos morais causados à Autora e a Pessoa Jurídica, ora sugeridos em R$ 5.000,00 (cinco mil reais); 
 
e) Que seja determinada a inversão do ônus da prova, conforme art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor.  
  
DAS PROVAS  
  
A Autora provará o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas, sem qualquer exceção.  
  
Requer, desde já, seja a Ré intimada a apresentar as notas fiscais de venda, bem como, o contrato de compra e venda das mercadorias, observando-se o disposto no artigo 359 do Código de Processo Civil – CPC.  
  
DO VALOR DA CAUSA  
  
Dá-se à causa o valor de R$ 5.342,00 (cinco mil trezentos e quarenta e dois reais), para fins de alçada.  
  
  
Termos em que,  
Pede deferimento.  
  
S. B. do Campo, 27 de maio de 2015.  
  
  
  
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