Buscar

7 DIREITO CONSTITUCIONAL I - CASO CONCRETO SEMANA 7 - 2º SEM 15

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

7 DIREITO CONSTITUCIONAL I - CASO CONCRETO SEMANA 7 - 2º SEM 15
Descrição
Caso – Num sábado à noite um cidadão recebe a visita de um Oficial de Justiça que havia se dirigido até sua residência com o fim de citar sua esposa, que se encontrava enferma e acamada.
Preocupado com o estado de saúde de sua mulher, o cidadão não permitiu a entrada do Oficial de Justiça em sua casa, e quando este tentou ingressar forçosamente, foi repelido com um empurrão.
Foi o cidadão então indiciado pelo crime de desobediência (art. 330, Código Penal). O
Juiz de primeira instância o absolveu, entendendo ter o agente agido com inexigibilidade de conduta diversa, em face do exposto no art. 5º, XI da Constituição da República.
No entanto, provendo apelo do Ministério Público, o Tribunal de Justiça reformou a decisão de primeiro grau, entendendo que o autor atuou com violência contra agente público competente que executava ordem com amparo legal. Ressaltou o Tribunal que o Oficial de Justiça encontrava-se de posse de mandado de citação que continha autorização expressa para cumprimento em domingo ou em dia útil, em horário diverso do estabelecido no caput do art. 172 do Código de Processo Civil, nos termos do § 2º deste mesmo artigo, condenando-o assim nas penas do crime de desobediência.
Dessa decisão do Tribunal de Justiça o advogado interpôs Recurso Extraordinário, pedindo a reforma da decisão do TJ com o restabelecimento da sentença de 1º grau.
Analise tecnicamente as possibilidades de sucesso desse recurso, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
A resposta é pela afirmativa, conforme entendimento do STF, adiante transcrito:
“A inviolabilidade do domicílio é uma garantia constitucional, inserida entre os direitos e garantias fundamentais, prevista no artigo 5°, inciso XI, da CF. O ingresso na residência, sem a permissão do morador, somente será possível na hipótese de flagrante delito ou desastre, ou para prestação de socorro. Será possível também, por ordem judicial, somente durante o dia”. 
Desse modo, as exceções são taxativas, não comportamento entendimento diverso. 
O Juízo de 1ª. Instância agiu corretamente absolvendo o réu, entendendo ter o agente agido com inexigibilidade de conduta diversa, em face do exposto no art. 5º, XI da Constituição da República. 
Contudo, a sentença foi reformada pelo Tribunal de Justiça, em flagrante violação ao preceito constitucional, para condenar o réu pelo crime de desobediência, entendendo aquele órgão que o oficial de justiça executava uma ordem legal, com amparo no artigo 272,§2°, do CPC. 
Coube ao STF, apreciando o Recurso Extraordinário 460880/RS, por fim à situação absurda gerada pelo posicionamento do Tribunal de Justiça, reformando o acórdão e restabelecendo a decisão do Juízo da 1ª. Instância. 
Segue a ementa do STF: 
“Inviolabilidade Noturna de Domicílio e Inexigibilidade de Conduta Diversa” 
“Por entender caracterizada a ofensa ao art. 5°, XI, da CF ("a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;"), a Turma deu provimento a recurso extraordinário para, reformando acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, restabelecer a sentença que absolvera o recorrente por inexigibilidade de conduta diversa. No caso, a Corte a quo reputara configurado o crime de resistência, uma vez que o recorrente, desprezando a existência de mandado judicial expedido nos moldes do § 2º do art. 172 do CPC - que permite, em situações excepcionais e mediante autorização expressa do juiz, a citação, em domingos e feriados, ou nos dias úteis, em horário diverso daquele estabelecido no caput -, desacatara, mediante violência, oficial de justiça que pretendia, num sábado à noite, ingressar no domicílio daquele para intimar o seu cônjuge. Aduziu-se que o acórdão impugnado colocara em plano secundário a defesa do próprio domicílio e, portanto, o esforço a evidenciar, conforme registrado na sentença, a inexigibilidade de conduta diversa. Ademais, asseverou-se que a Constituição preconiza a inviolabilidade noturna do domicílio, pouco importando a existência de ordem judicial, pois em relação a esta última mesmo que ocorre a limitação constitucional. 
RE 460880/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 25.9.2007. (RE-460880).”

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais