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Definição de Processo ensino-aprendizagem e DA

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Introdução
Pretendemos com este trabalho abordar aspectos que nos levam a compreender as principais “Dificuldade de Aprendizagem” (DA) encontradas nas escolas das áreas rurais, analisando as DAs das áreas urbanas e comparando-as entre si.												O processo educacional nem sempre é somente sucessos e aprovações. Muitas vezes, no processo ensino/aprendizagem, nos deparamos com problemas que deixam os alunos parados diante do ensino, assim são rotulados pela própria família, professores e colegas. Estamos falando de “Dificuldades de Aprendizagem”, um “fantasminha” que ronda as escolas, dificultando a aprendizagem dos alunos.		É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam atentos a essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se persistem há algum tempo. As dificuldades podem ser de fatores internos, orgânicos ou até mesmo emocionais e é importante que sejam descobertas desde cedo a fim de auxiliar o desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem.						As dificuldades mais conhecidas e que vem tendo grande repercussão na atualidade é a dislexia, disgrafia, discalculia, disortografia e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), as quais trabalharemos nesse trabalho.	 	Os professores são peças fundamentais no processo de identificação e descoberta desses problemas, porém são muitos os que não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos. O papel do professor é observar o aluno e auxiliar o seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais motivadas e dinâmicas, não rotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade de descobrir suas potencialidades.			O presente trabalho deu-se nas escolas das áreas rurais de dois municípios diferentes, Dores do Rio Preto ES e Divino de Carangola MG. Escola Municipal de Ensino Fundamental “Pedra Menina” -ES, Escola Municipal Etelvino Vilete Pereira –MG e Escola Municipal "Gircena Santos Real” -MG. Buscamos verificar quais as dificuldades mais encontradas e trazer as definições das mesma. Buscamos também relatar as características que apresentam os alunos que possuem as determinadas dificuldades.										Procuramos também o responsável pela escola. Por ser localizada na zona rural, ser escola municipal e a quantidade de alunos não ser o tanto que permita ter um diretor, fomos até a secretaria de educação dos respectivos município para analisarmos quais estratégias de ensino são utilizadas para amenizar tal problema ou até mesmo solucionar os mesmos.						Procuramos analisar também as DAs encontradas nas escolas da área urbana e comparar os seguintes itens: as DAs encontradas nas duas vertentes, semelhanças e diferenças e as estratégias adotadas para solucionar esses problemas.			Sabemos que entender, analisar e compreender as Dificuldades de aprendizagens é de suma importância. Portanto o tema é muito relevante para a nossa formação acadêmica, até porque, daqui a pouco será o nosso local de trabalho, é bom que tenhamos conhecimentos na área das DAs. Então, procuramos descobrir quais as dificuldades de aprendizagem em escolas localizadas em áreas rurais e quais estratégias de ensino os profissionais da educação usam para amenizar e/ou solucionar esse problema que hoje é tão comum.						Mas quais são as dificuldades de aprendizagem apresentados por alunos das escolas rurais? Quais são as estratégias de ensino para essas crianças que apresentam DA? Será que os profissionais envolvidos possuem formação adequada para saberem lidar com essa situação? Tudo isso nós iremos relatar aqui em breves capítulos. 
DEFINIÇÃO DE PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM
Aprendizagem é o processo pelo qual os nossos conhecimentos são adquiridos ou modificados. A aprendizagem se dá quando há informação do indivíduo.
O processo de ensino aprendizagem tem sido observado de forma a incluir a sociedade-cultura, este trabalho busca analisar este processo considerando quatro aspectos relevantes: a escola, o aluno, o professor e o processo ensino/aprendizagem. Os objetos educacionais aqui abordados são: abordagem tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sociocultural.
Vale ressaltar aqui, que o processo ensino/aprendizagem é composto por duas partes: ENSINAR E APRENDER. O ensinar é referente a um exercício, muitas vezes realizada pelo professor, o aprender é o resultado de uma atividade realizada pelo professor mas que tenha resultados positivos. Segundo Kubo e Botomé (2012, p. 05), embasado em Bushell (1973):
Ninguém pode afirmar que “ensinou, mas o aluno não aprendeu”. Ensinar define-se por obter aprendizagem do aluno e não pela intenção (ou objetivo) do professor ou por uma descrição do que ele faz em sala de aula. A relação entre o que o professor faz e a efetiva aprendizagem do aluno é o que, mais apropriadamente, pode ser chamado de ensinar. Nesse sentido, ensinar é o nome da relação entre o que um professor faz e a aprendizagem de um aluno.
Portanto, se o aluno não aprendeu o conteúdo que o professor ministrou, nesse caso não houve a aprendizagem.
	Para uma maior compreensão desse processo, abordaremos os objetos citados acima: abordagem tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sociocultural. 											Na abordagem tradicional, a prática educativa é caracterizada pelo conhecimento que o professor acumulou ao longo dos tempos. O papel dele é transmitir o conteúdo já pronto e o modelo a ser obtido já vem pré-estabelecido. Segundo Mizukami (1986, p. 15)
A metodologia se baseia mais frequentemente na aula expositiva e nas demonstrações do professor à classe, tomada quase como auditório. O professor já traz o conteúdo pronto e o aluno se limita, passivamente em escutá-lo. O ponto fundamental desse processo será o produto da aprendizagem.
O professor detém o poder, o papel dele é transmitir o conteúdo, independentemente dos interesses dos alunos. Já o aluno serve apenas como um depósito de conhecimento. A relação professor/aluno não está vinculado com o cotidiano e com as realidades sociais. A escola deve ser o local onde se realiza a educação, ideal para a transmissão desses conhecimentos.			Entendemos então, que a abordagem tradicional pode ser resumida em “dar a lição” e “tomar a lição” dada, sem direito a questionar os conteúdos aplicados pelo professor.												Na abordagem comportamentalista o conhecimento é considerado uma descoberta para o sujeito, algo novo, sendo que essa descoberta já existia ao seu redor. Cabe ao aluno ter a responsabilidade pela aquisição do conhecimento e o professor planejar estratégia de reforço para que essa aprendizagem ocorra, fazendo com que o indivíduo consiga alcançar novos comportamentos e mudanças naqueles que já existem.
Nesta abordagem a educação está diretamente ligada à transmissão cultural. Mizukami (1986, p. 27) relata que:
A educação, pois, deverá transmitir conhecimentos, assim como comportamentos éticos, práticas sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do mundo/ambiente (cultural, social etc).
A escola é vista e aceita como um trabalho educacional que deverá escolher forma especial de domínio, segundo os comportamentos que pretende instalar e manter.												Na abordagem humanista, o foco é o aluno, o ensino é centrado nele e ele aprende com suas próprias experiências, entrando em contato com os problemas de sua vida que tem efeitos na sua existência. Mizukami (1986, p. 38) deixa claro que:
 O conteúdo advém das próprias experiências dos alunos. A atividade é considerada um processo natural que se realiza através de interação com o meio. O conteúdo da educação deveria consistir em experiências que o aluno reconstrói.
Nessa abordagem o professor é visto como planejador da proposta, ele cria circunstancia que facilita a aprendizagem do aluno. A escola deve respeitar a criança como ela é e oferecer condições para o crescimento de sua autonomia. 			O ensino consiste em método não diretivo, o professor direciona
a criança as suas próprias experiência, permitindo assim, uma maior compreensão do que se é ensinado.											Falaremos a seguir da abordagem cognitivista. Essa abordagem busca desenvolver a inteligência do aluno, de forma que ele possa incluir informações e processá-las. Cabe ao professor propor ao aluno problemas sem oferecer-lhes as respostas, apenas orientações necessárias, desenvolvendo sua capacidade de pensar. A escola deverá dar condições para que a criança aprenda por si só, ou seja, ensinando-lhes a observar.			
Aqui o ensino é baseado em problemas, desenvolvendo, assim, o pensamento da criança. Segundo Furth e Wachs (1979, p. 321.2 apud Mizukami1986, p. 77):
[...] as crianças não aprendem a pensar, as crianças pensam. Quando pensam (...) desenvolvem mecanismos mais avançados de pensamento. Por essas razões, pode esperar-se que uma ênfase sistemática sobre o pensamento, durante o período prolongado, fará seu impacto, ao passo que a preocupação com o aprendizado ou estratégias do aprendizado podem deixar de mostrar efeitos de transparência.
	Nesse caso, o professor é apenas um facilitador da aprendizagem. Cabe a ele propor conteúdo que levam o aluno a procurar suas próprias respostas, estimulando o pensamento da criança.										E, por fim, a abordagem sociocultural caracteriza pela interação entre o sujeito e o objeto de conhecimento que é elaborado e criado a partir de um relacionamento do pensamento com a prática. A escola visa um crescimentos mútuo, do professor e o aluno, formando assim, um ser crítico diante da sociedade. O professor conduz o aprendizado em um patamar onde ambos se posicionam como sujeito no ato do conhecimento. 
Na abordagem sociocultural, a educação não se restringe somente na escola, ela vai além disso, é um processo amplo de ensino/aprendizagem inserido na sociedade. De acordo com Mizukami (1986, p. 96):
A escola, pois, para Paulo Freire, é uma instituição que existe num contexto histórico de uma determinada sociedade. Para que ela seja compreendida é necessário que se entenda como o poder se constitui na sociedade e a serviço de quem está atuando.
Essa abordagem enfatiza o diálogo, como sendo importantíssimo para esse processo. Os conteúdo e temas a serem abordados devem ser extraídos das práticas de vida dos educandos.											Na busca de observar as dificuldades de aprendizagem que as escolas estão passando é preciso refletir no processo ensino-aprendizagem analisando o educador, seus saberes docentes e sobre sua prática e as dificuldades de aprendizagem dos alunos. Desse modo, é preciso enfatizar segundo Pereira e Fonseca (2007, p. 3), que
O profissional da educação, cada vez mais sente necessidade de ter contato maior com teorias, pensamentos e edificações teórico -metodológicas que venham contribuir para ressignificação da pratica pedagógica. Nesse contexto, os cursos de formação de educadores precisam estar atentos á importância da pesquisa para a produção intelectual, pois pesquisar é um ato cognitivo que exige um pensamento mais elaborado, sistematizado; que faz o sujeito transpor limites e adquirir sustentação para qualificar a ação. 
	O educador em todo momento necessita refletir em sua prática pedagógica na relação teoria e prática, assim qualificando a ação buscando o novo num processo de desconstrução e reconstrução de seus saberes. Como afirma Paulo freire (1991, p. 32): “ninguém nasce educador, agente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática.” Por isso a importância de estar em constante busca do novo e aperfeiçoamento no ato de ensinar. Segundo Castro e Carvalho (2001 p. 20): 
Ensinar é uma realidade que pode ser interrogada e pesquisada não só pela percepção de atos visíveis em sua execução, em suas modalidades, seus sucessos e fracassos, mas também pela reflexão sobre o seu significado na formação da personalidade e suas conseqüências para vida social. Grandes problemas afetam esse encontro entre dois processos – ensinar e aprender -, pois a observação nos revela que a relação tanto pode ser fácil e produtiva, quanto difícil, parcial ou nula.
	O professor é responsável do ato de ensinar, por isso deve ser mediador, incentivador, desafiador, questionador, propondo situações de aprendizagem no processo de construção do sujeito tornando capaz de pensar, julgar e atuar socialmente. “Ensinar é fazer conhecido o desconhecido” (CASTRO; CARVALHO 2001, p. 103). E, assim, formar indivíduos impactantes provedores de mudanças. Sempre com vontade de ter novas descobertas para entender a realidade do mundo em sua volta. Por isso o professor deve estabelecer atitudes no ato de ensinar/aprender que partir da qual o aluno possa “instigar” seus conhecimentos, trilhar e buscar novos caminhos que conduzirá a “busca do ser” e assim fazer a diferença em suas atitudes como cidadão.
			
Compreendendo as Dificuldades de Aprendizagem
Neste estudo, buscamos compreender as principais dificuldades de aprendizagem encontradas nas escolas das áreas rurais. 					Dificuldade de Aprendizagem (DA) é um termo usado para caracterizar um indivíduo com capacidade de aprender, porém com certas limitações. Segundo Vitor da Fonseca (1995, p. 71) a sua definição abrange o seguinte:
Dificuldades de aprendizagem (DA) é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do raciocínio matemático.
Essas desordens que ocorre durante o processo de ensino/aprendizagem está relacionado com algo que ocorre no interior do sujeito, devido ao mau funcionamento do sistema nervoso central. García (1998 p. 31 e 32 apud PEREIRA E TACCA, 2010, p. 04) diz que:
Dificuldade de Aprendizagem (DA) é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção social e interação social, mas não constituem, por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes (por exemplo, deficiência sensorial, retardamento mental, transtornos emocionais graves) ou com influências extrínsecas (tais como as diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente), não são o resultado dessas condições ou influências.
Esse conceito traz a DA como algo que pode acorrer ao longo de toda a vida e não somente na infância e pode envolver grupos diferentes de transtornos que se expõe de forma relevante no processo de aprendizagem escolar do indivíduo.	
A criança com DA não é uma criança deficiente, como já dito, apenas possui um rumo de aprendizagem diferente dos demais alunos da classe. Existem muitos comportamentos específicos de crianças portadoras de DA, no entanto, dez são mais encontradas. De acordo com McCarthy (1974, apud FONSECA, 1995, p. 93) são eles:
hiperatividade;
problemas psicomotores;
labilidade emocional;
problemas gerais de orientação;
desordens de atenção;
impulsividade;
desordem na memória e no raciocínio;
dificuldades específica de aprendizagem: dislexia, disgrafia, disortografia e discalculia;
problemas de audição e de fala;
sinais neurológicos ligeiros e equívocos e irregularidade no EEG (eletroencefalograma).									
Às vezes a criança é vista como portadora de DA, mas o profissional da educação não para pra avaliar o seu método de ensino, o problema muitas vezes pode estar nele e não no aluno. Como já dito, a criança com DA não pode ser considerada deficiente, ela enxerga e ouve bem, se comunica perfeitamente, ela
apenas possui uma divergência na linguagem e na psicomotricidade, a criança aprende de forma mais lenta, de acordo com as demais crianças da classe, e não atinge os objetivos esperados pelos docentes. 								Existem vários fatores que podem influenciar na aprendizagem da criança, entre eles estão presentes os fatores culturais, relações familiares desfavorecidas, expectativas negativas, relação professor/aluno pobre, erros pedagógicos, entre outros. 												Toda criança tem a capacidade de aprender, tendo ela dificuldade ou não. Mas para que haja o desenvolvimento da criança com DA o profissional da educação precisa conhecer com ela se desenvolve e também planejar estratégias para que o desenvolvimento dessa criança aconteça com sucesso. Para Vigotski (1995 p. 134 apud PEREIRA E TACCA, 2010, p. 08)
Para a educação da criança mentalmente atrasada, o importante é conhecer como ela se desenvolve, não é importante a insuficiência em si, a carência, o déficit, o defeito em si, mas a reação que nasce na personalidade da criança durante o processo de desenvolvimento em resposta à dificuldade com a qual tropeça e que deriva dessa insuficiência. A criança deficiente não está constituída apenas de defeito e carências, seu organismo se reestrutura como um todo único. Sua personalidade vai se equilibrando como um todo, vai sendo compensada pelos seus processos de desenvolvimento.
	Nesse caso, a atenção é toda voltada a criança portadoras de DAs. Para entendermos as dificuldades de aprendizagem que elas apresentam, é necessário conhecer as formas e as estratégias de desenvolvimento do sujeito, não se esquecendo que as diferenças percebidas podem estar relacionadas com contexto social da criança.											Portanto, devemos pensar nas possibilidades de aprendizagem das crianças com DA e não nas dificuldades que elas apresentam. Pensar positivo é o primeiro passo para o sucesso escolar. Se o profissional da educação não se doar por inteiro no encontro com o aluno, e se o aluno não se interessar, a relação necessária para ocorrer a aprendizagem não acontece, o processo fica na metade do caminho.		
DEFININDO AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ENCONTRADAS NAS ESCOLAS DAS ÁREAS RURAIS
Abordaremos aqui as DAs encontradas na Escola Municipal de Ensino Fundamental “Pedra Menina”.									Segundo os professores da escola em questão, os alunos dessa escola apresentam características gerais de crianças com: dilexia, disgrafia, discauculia e Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Características Gerais dessas crianças
Aluno A e B- Esses alunos (sendo que o Aluno A tem quatro anos e o B onze anos) apresentam característica de TDAH. Tem dificuldades de se concentrar, é desinquieto, anda o tempo todo pela sala, fica como se estivesse “no mundo da lua”. Já a aluna C possui déficit de atenção sem hiperatividade, ou seja, tem dificuldades de se concentrar mas não é desinquieta, tem memória curta (não lembra amanhã o que aprendeu hoje) e segundo o laudo médico tem esquizofrenia e epilepsia. 		O aluno D demostra características visíveis de dislexia e disgrafia, tem muita dificuldade na leitura e na escrita, é lento no raciocínio, disperso, desinquieto. O Aluno E não é alfabetizado, tem dificuldades de concentração, esquece o que aprendeu (ou aparenta ter aprendido) e segundo o laudo é Deficiente Intelectual Leve. A aluna F possui característica de dislexia e na família há casos de dislexia. A aluna G, tem dificuldades nos cálculos, dificuldades de resolver problemas, características básicas da discauculia. 												Ao caracterizarmos as dificuldades de aprendizagem encontradas nas escolas localizadas em áreas rurais, iremos defini-las aqui para uma melhor compreensão do assunto. 
Dislexia 
Consiste em um rendimento da leitura totalmente inferior ao esperado para a idade do aluno, a inteligência e a escolaridade. De acordo com Fonseca (1995, p. 329).
Dislexia evolutiva específica: trata-se de uma desordem (dificuldade) manifestada na aprendizagem da leitura, independentemente de instrução convencional, adequada a inteligência e oportunidade sócio-cultural. É, portanto, dependente de funções cognitivas, que são de origem orgânica na maioria dos casos.
Portanto, a dislexia nada mais é que uma dificuldade na leitura e pode ser caracterizada por mudanças, trocas ou omissões de letras, leitura muito devagar e erros no entendimento, tanto na leitura em voz alta quanto na silenciosa. Segundo Fonseca (1995 p. 345), a leitura é uma junção entre a fala e a escrita, é o significado das letras escritas em sons parecidos. 
Disgrafia e disortografia
	A disgrafia é uma dificuldade na escrita. A criança que apresenta essa dificuldade fica até difícil de entender o que ela escreve. Cinel (2003, p. 19) diz o seguinte sobre as crianças disgráficas:
Disgráficas são aquelas crianças que apresentam dificuldades no ato motor da escrita, tornando a grafia praticamente indecifrável. Então, disgrafia é a perturbação da escrita no que diz respeito ao traçado das letras e à disposição dos conjuntos gráficos no espaço utilizado. Relaciona-se, portanto, a dificuldades motoras e espaciais. 
	Porém, é necessário compreender que uma criança em processo de aprendizagem, apresenta dificuldades na escrita, até conseguir dominá-las. Enquanto a criança estiver nesse processo é comum ter uma escrita ilegível, aí cabe ao professor orientá-la para que avance neste processo. 
	A disortografia é também uma dificuldade na escrita, porém há uma troca no uso das letras: b/d, p/q, e/a, b/h, f/v, p/b, na/a, en/e, casa/caza, azar/asar, exame/ezame, caixa/caxa, pipoca/picoca. Uma criança com disortografia demonstra, falta de vontade para escrever, seus textos são pequenos, não tem organização e pontuação inadequada.
Discalculia
É uma dificuldade com os números. É uma desordem que se relaciona com a matemáticas, de forma negativa. Ou seja, é uma desordem de aprendizagem que interfere negativamente com os raciocínios matemáticos.
TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade 		
A hiperatividade é um excesso de energia que pode ser físico ou mental. Esse problema pode vir acompanhado de Déficit de Atenção, que é um problema de ordem neurológica.												Em geral, crianças que apresentam TDAH é desatento, não possui um bom desempenho na escola, isso por não conseguirem ficar quietos e não se concentrarem com facilidade, são impulsivos, agitados e nervosos. 						Hoje em dia é muito comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como TDAH, por apresentares as características citadas acima, sendo que, podem estar sujeitos a ser fatores emocionais.								
Entendendo as dificuldade de aprendizagem nas escolas urbanas: relato da professora do 4º ano do ensino fundamental
	Em uma conversa informal com a supervisora da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Cristina Peixoto”, ela pediu a presença da professora do 4° ano, turma essa que apresenta maiores dificuldades de aprendizagem, me relataram o seguinte: 
Aluno A: Está no 4º ano, tem 11 anos. Segundo a professora, ela observa característica comum as crianças com DISGRAFIA E DISORTOGRAFIA. Ele tem letra ilegível, letras juntas demais, omite letras até quando copia do quadro e não conclui uma frase em uma mesma linha. Além disso, apresenta pouca vontade de escrever, não percebe parágrafo ou pontuação.
É um aluno disperso e que se distrai com muita facilidade. Lê pausadamente e consegue atribuir sentido ao que lê, mas com pouco autonomia. Não apresenta muito interesse pelos estudos, não faz as tarefas caseiras, perde com frequência o material e é muito desorganizado. Copia do quadro faltando várias letras, mas melhorou visivelmente nos últimos meses. É um aluno que se encontra em defasagem em relação idade/série, inclusive está cursando o 4ª ano novamente.
Apresenta uma variação de comportamento com alterações visíveis em seu humor, podendo estar ligado ao fato do uso diário de alguns medicamentos.
Não se envolve nas atividades, nem se interage com os colegas da sala, não é muito de conversar, nem brincar com os demais. Mas gosta de relatar fatos e experiências de seu cotidiano, mesmo sem estar relacionado com o assunto proposto. É um aluno que se sente valorizado e tem sua autoestima elevada sempre que pode falar ou apresentar uma novidade aos colegas. É carinhoso e manifesta sempre este afeto para com o professor. Já foi diagnosticado como portador de TGA – TRANSTORNO GLOBAL DE APRENDIZAGEM, segundo o laudo apresentado pela família.
O aluno encontra-se abaixo do desempenho esperado para a turma, mas obteve um avanço considerável nos últimos tempos. Tem um caderno de reforço da leitura e de caligrafia. Embora ele não procure se interagir com os colegas, ele é sempre receptivo e reage positivamente quando lhe é proposto envolvimento com os demais. É bem aceito pelo grupo que o auxilia sempre que necessário.
A maior dificuldade que encontro para desenvolver um trabalho com o ele é nos dias que ele apresenta uma alteração de comportamento, aparentemente o dia que está sem o medicamento. Ele se recusa a fazer as atividades e não corresponde a nenhuma expectativa. Outro fato, é que o aluno muitas vezes é transferido para outra escola em razão de mudança de domicílio, e quando retorna requer tempo e disponibilidade para sua readaptação ao ritmo da turma.
Aluno B: ,12 anos e está no 4º ano. É uma aluno já com laudo Médico que apresenta TDAH. É um aluno tímido e que não é muito de se relacionar ou interagir com os colegas. Mas é uma criança adorável e que desperta nosso carisma somente com um olhar, e demonstra muita vontade em conseguir realizar as atividades e adquirir o conhecimento, mas tem pouca memória no que se aprende, é como se ele esquecesse hoje o que aprendeu ontem. Apresenta muita dificuldade na aprendizagem, lê (com dificuldades) apenas palavras em sílabas simples. Distrai-se com facilidade e fica disperso nas aulas, é como se ele estivesse em um “outro mundo”.  Apresenta dificuldade para realizar cópias do quadro, não apresenta sequência no caderno pulando páginas, não copia até o final da linha, mistura em uma mesma palavra letras de forma e cursiva. Pouca coordenação motora e pega no lápis de forma diferente da convencional. Sua caligrafia é ilegível e muito forte, ele aperta muito lápis ao escrever e apresenta muita insegurança no que escreve, sendo preciso apagar muitas vezes aquilo que tenta escrever. Não consegue realizar as atividades propostas mesmo com a ajuda da professora. Tem dificuldade pra compreender informações e orientação que lhes são passadas.
Em matemática conhece e representa alguns números alternados até as centenas. Realiza operações simples que envolvam adição, subtração e multiplicação mais simples, mas com ajuda de material concreto. Apresenta dificuldade em armar sozinho, as parcelas das operações. Não aplica as operações em situações problemas, somente com auxílio da professora.
Aluno C: 10 anos e está no 4º ano. Observo frequentemente na aluna características de quem apresenta DISCALCULIA, a aluna não compreende a ideia de número e quantidade; Confunde os sinais das 4 operações; Tem dificuldade em armar operações, quando a professora passa a operação armada ela faz com mais autonomia, mas quando precisa armar ela raramente consegue. Até mesmo com ajuda de material concreto a aluna se perde no raciocínio; apresenta pouca memória nas informações e comandos que lhes são passados, entre outros aspectos. Mas desta aluna não se tem nenhum diagnóstico médico pois a família se recusa a buscar ajuda médica que a escola já lhe orientou a buscar.
Percebemos então que todas essas dificuldades citadas acima já foram descritas no capítulo anterior 
ESTRATÉGIA DE ENSINO
Segundo a professora do 4º ano, da escola urbana ela procura trabalhar com material concreto e lúdico, caligrafia, com os alunos que apresentam disgrafia, engrossador de lápis para melhorar a coordenação motora, caderno de reforço na leitura, jogos e etc. 											No dia em estava observando a aula da professora, ela levou os alunos para a pracinha da cidade onde estava trabalhando sobre............................. É muito interessante saber que existem profissionais que buscam a prática para ensinar seus alunos.
As professoras da escola da área rural procuram trabalhar com atividades diversificada, sequência didática, projetos, materiais concretos, jogos pedagógicos, atividades de recreação, caligrafia, alfabeto móvel, alto ditado, para as crianças que apresentam dificuldade na escrita e na leitura. Procuram também levar as crianças a prática. 												Em um dia de pesquisa, a professora da educação infantil da Escola Municipal de Ensino Fundamental “Pedra Menina” estava trabalhando sobre.................... e levou as crianças para um terreno ao lado da escola para plantarem sementes de girassol, as crianças mesmo que plantaram, colocaram a mão na terra, ou seja, colocou em prática a teoria explicada na sala de aula. 
CONCLUSÃO
Como podemos perceber as dificuldades encontradas tanto na escola da área rural quanto na escola da área urbana são as mesmas, o que muda é que na área urbana é o incentivos dos pais em ajudar os professores trabalharem, os pais são presentes e acompanham de perto a vida escolar dessas crianças com dificuldades. Procuram profissionais especializados quando solicitado pela escola, além de terem total apoio da direção da escola. Na área rural não tem direção na escola, o órgão responsável é a secretaria de educação, que muitas vezes não dá o suporte necessário para atingir as demandas necessárias. 						Não há cursos profissionalizantes para os professores, os professores tentam, correm atrás, porém se dizem cansados de trabalharem sozinhos, aí caem no comodismo, não se preocupam mais, fazem a sua parte e pronto.				No entanto quem perde com isso é os alunos, somente os alunos, que estão ali, na escola, para aprender sempre com inovações e não com meios tradicionais de aprendizagem, que é o que acontece por falta de incentivos dos órgãos superiores.
Podemos perceber então, que as DAs existem e que embora são fatores, muitas vezes, ligados no interior da criança, ela está de certa forma sustentada pelo meio familiar, escolar e social na qual está inserida e, ainda a forma como estes sujeitos lidam com essas condições terão um papel decisivo no crescimento intelectual dessa criança.	
REFERÊNCIAS 
CINEL, Nora Cecília Bocaccio. Disgrafia: Prováveis causas dos distúrbios e estratégias para a correção da escrita. Disponível em: <https://www.passeidireto.com/arquivo/3068059/disgrafia> Revista do professor, abr./jun. 2003, pp. 19-25.
FONSECA, da Vitor. Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2.ed. rev. Aum. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
KUBO, Mitsue; BOTOMÉ, S. Paulo. Ensino-aprendizagem: uma interação entre dois processos comportamentais. Disponível em <http://www.lce.esalq.usp.br/arquivos/aulas/2012/LCE5870/Kubo%20e%20Botome%20Pro%20Pedro.pdf> Acesso em: 16/09/2015.
MAZER, S, M; BELLO, A, C, D; BAZON, M,R.Dificuldades de Aprendizagem: Revisão de literatura sobre os fatores de risco associados. Psic. da. Ed., São Paulo, 28, 1° sem. de 2009, pp. 7-21. Disponível em <http://www.unifra.br/professores/13939/dificuldades%20de%20aprendizagem_risco.pdf>. Acesso em: 12/09/2015.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino:	as abordagens do processo. São Paulo: Pedagogia e universitária LTDA, 1986.	
PEREIRA, K, R, C; TACCA, M, C, V, R. Dificuldade de Aprendizagem? Uma nova compreensão a partir da perspectiva histórico-cultural. Universidade de Brasília. Disponível em <http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/VI.encontro.2010/GT.11/GT_11_07_2010.pdf> Acesso em 12/09/2015.
SANTOS, Roberto Vatan dos. Abordagens do processo de ensino e aprendizagem. Revista Integração. Ano XI, n. 40, jan., fev. mai., 2005. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/4209331/abordagem-do-processo-de-ensino-e-aprendizagem---roberto-vatan-dos-santos>.
Acesso em: 16/09/2015.
SMITH, CORINNE.Dificuldades de aprendizagem de A a Z : um guia completo para pais e educadores. Porto Alegre: Artmed, 2007. Disponível em <https://leandromarshall.files.wordpress.com/2012/05/dificuldades-de-aprendizagem-de-a-a-z.pdf>. Acesso em: 15/09/2015.

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