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Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero: O combate à discriminação e a luta por direitos

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201Direitos Humanos, orientação
sexual e iDentiDaDe De Gênero: 
O combate à discriminação e a luta por direitos1
Diego Bielinski
Caíque Borges
César Macêdo
Lays Caceres
7
1. introdução
Este artigo tem por base os princípios de igualdade, combate à 
discriminação, respeito à individualidade, justiça social e de pro-
moção da dignidade humana, independente de orientação sexual 
e identidade de gênero. O leitor pode querer buscar outras fontes 
sobre o assunto cujas opiniões divirjam das apresentadas neste ar-
tigo para adquirir conhecimento mais abrangente sobre o tema e 
formular a sua própria visão.
Portanto, tem-se como objetivo apresentar a questão da Orien-
tação Sexual e Identidade de Gênero no âmbito do cenário interna-
cional, relacionando-a com a tríade: os Direitos Humanos, o com-
bate à discriminação e a busca por direitos. 
Primeiramente, será apresentada uma breve análise da evo-
lução histórica dos direitos individuais, os quais possibilitaram a 
ascensão dos Direitos Humanos na pauta dos foros internacionais. 
Assim, analisar-se-ão seus princípios de universalidade, intrans-
missibilidade e a inalienabilidade.
Na terceira seção iniciar-se-á, então, a conceituação dos ter-
mos Orientação Sexual e Identidade de Gênero. Para isso, é preciso 
analisar os principais debates sobre o assunto, levando em consi-
deração questões psicológicas, de escolha e de tratamento. 
Em seguida, far-se-á uma avaliação das origens do preconceito 
às minorias, ao se abordar a questão da homofobia e da discrimi-
1 Os autores gostariam de agradecer o professor Elídio Alexandre Borges Marques, do 
Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH) – UFRJ, por 
seu auxílio e comentários ao texto.
“Não há caminho fácil para a liberdade.”
Nelson Mandela
203202
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
nação. Não obstante, considerando tais elementos antagônicos à 
defesa dos Direitos Humanos, notar-se-á a perspectiva desses em 
relação aos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Tran-
sexuais e Transgêneros (doravante LGBTTT).
Partindo de uma breve análise da origem e evolução do ativis-
mo LGBTTT, será possível identificar o atual estado do tratamento 
do tema na comunidade internacional, os principais direitos rei-
vindicados e como se desenvolveu a busca por direitos e o combate 
à discriminação.
Por último, relacionar-se-ão os elementos supracitados a fim 
de propor novas perspectivas para a questão. Para tal, é preciso 
abordar uma arquitetura de três fatores: os instrumentos de coo-
peração, os princípios de Yogyakarta e o modo como tais fatos po-
deriam ajudar na implementação dos Direitos LGBTTT – em níveis 
governamentais, regionais e internacionais.
2. Direitos Humanos
“A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos.”
Hannah Arendt
Ao se abordar o tema dos Direitos Humanos, a primeira associação 
feita, frequentemente, é com a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. Este documento, contudo, foi criado apenas em 1948, 
demonstrando que o assunto não pode ser resumido a tal fato.
Para a melhor compreensão dos principais pontos relaciona-
dos ao tema, realizar-se-á uma breve análise histórica. Abordar-se-
-ão as quatro gerações de direitos, associadas a alguns importantes 
eventos, que contribuíram para que se percebesse a necessidade 
dos Direitos Humanos. Posteriormente, decorrente da definição, 
serão explicitadas as características de tais direitos, de grande im-
portância para a compreensão das demais seções do artigo.
2.1 Evolução histórica
Para que seja possível entender os Direitos Humanos em ques-
tões de conceituação e características, é necessário que antes se 
compreenda os marcos e causas que levaram à sua existência. 
Com esse objetivo, esta subseção tratará de alguns dos eventos 
considerados mais importantes - relacionando-os às quatro ge-
rações de direitos.
O primeiro episódio que pode ser estudado é a Bill of Rights 
inglesa, do ano de 1688, no contexto da Revolução Gloriosa2. Esta 
Declaração de Direitos tinha como principal objetivo limitar os po-
deres do monarca frente ao Parlamento e, consequentemente, evi-
tar arbitrariedades e abuso de autoridade (MAER; GAY, 2009).
Cabe ressaltar, contudo, que a Bill of Rights não pode ser enten-
dida sob uma acepção moderna de garantia e definição de Direitos 
Humanos propriamente ditos, mas tem um importante papel no 
que diz respeito à mudança da concepção de justiça, exemplificada 
pela luta contra o absolutismo monárquico (MAER; GAY, 2009).
Outros movimentos também interessantes para análise foram 
os desencadeados pelo Iluminismo, no século XVIII, dentre os quais 
é possível citar a Independência dos Estados Unidos, em 1776, e a 
Revolução Francesa, em 1789, evidenciando o desejo por mudança 
do sistema que era tido anteriormente (VICENTINO, 2006, p.249).
A título de esclarecimentos, pode-se citar a Declaração de In-
dependência dos Estados Unidos - que já estabelece o princípio 
da igualdade entre os indivíduos – como essencial para o poste-
rior desenvolvimento do conceito de Direitos Humanos, como 
observado no trecho: 
Consideramos como uma das verdades evidentes por si mesmas que 
todos os homens são criados iguais; que receberam de seu Criador 
certos direitos inalienáveis, entre os quais figuram a vida, a liberdade 
e a busca da felicidade [...] (DIEUA apud VICENTINO, 2006, p. 250). 
Além disso, destaca-se a Revolução Francesa, com a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão. Tal documento, apesar de 
não ter sido o precursor, serviu de grande inspiração na luta pelos 
direitos tidos como naturais civis e políticos. Evidencia-se sua im-
portância no seu preâmbulo:
Os representantes do povo francês constituídos em Assembleia Na-
cional, considerando que a ignorância, o esquecimento ou o despre-
zo dos direitos do homem são as únicas causas das desgraças públi-
cas e da corrupção dos governos, resolveram expor, numa declaração 
solene, os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem [...] 
(DDHC apud CALDEIRA, 2009).
O trecho supracitado demonstra que a Assembleia sabia da neces-
sidade dessa declaração e que estavam realizando um fato impor-
tante, historicamente (CALDEIRA, 2009).
2 Revolução Gloriosa: ocorreu na Inglaterra, em 1688. O então rei, Jaime II, foi deposto, e 
em seu lugar emergiu Guilherme de Orange. Fonte: (VICENTINO, 2006, p.220)
205204
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
Os dois exemplos colocados anteriormente correspondem à 
chamada primeira geração de direitos, que se referem aos indivi-
duais e políticos, impondo limites ao poder estatal, baseados na 
idéia de liberdade (id. 2009). Incluem-se neste grupo os direitos à 
vida, à liberdade de pensamento, à propriedade privada, à justiça, à 
segurança, entre outros (MORAES, 2002).
 Na obra “A Era das Revoluções”, Eric Hobsbawm traz de ma-
neira bastante clara os ensejos que motivaram a luta e conquistas 
dessa primeira geração:
Libertar o indivíduo das algemas que o agrilhoavam era o seu princi-
pal objetivo: do tradicionalismo ignorante da Idade Média, que ainda 
lançava sua sombra pelo mundo, da superstição das igrejas [...], da 
irracionalidade que dividia os homens em uma hierarquia de patentes 
mais baixas e mais altas de acordo com o nascimento ou algum outro 
critério irrelevante. A liberdade, a igualdade e, em seguida, a frater-
nidade de todos os homens eram seus slogans (HOBSBAWM, 2004).
Já a segunda geração de direitos veio à tona após a Segunda Guer-
ra Mundial, com o advento do Estado Social. Também chamados 
direitos econômicos, sociais e culturais, deveriam ser garantidos à 
população pelo Estado, através de suas políticas públicas. Inclui--se, nesse sentido, a saúde, a educação, o lazer, o trabalho, entre 
outros (MORAES, 2002).
Ainda, os direitos de terceira geração - de fraternidade ou soli-
dariedade - apresentam dimensão mais voltada para a coletividade. 
Esses são considerados para a humanidade como um todo - o enfo-
que não é mais no indivíduo em si, mas sim no fato de que devem 
se estender a todos os indivíduos. Estão neles inseridos os direitos 
ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente. A partir desta ge-
ração, os Direitos Humanos apresentam-se segundo a perspectiva 
que conhecemos hoje (MORAES, 2002). Segundo Paulo Bonavides:
[...] direitos que não se destinam especificamente à proteção dos 
interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um determinado 
Estado. Têm por primeiro destinatário o gênero humano mesmo, em 
um momento expressivo de sua afirmação como valor supremo em 
termos de existencialidade concreta (BONAVIDES, 2003).
Existe ainda uma quarta geração de direitos, situada no contexto 
da globalização, difusão de informações, descobertas científicas 
e tecnológicas atuais. Envolve questões de pesquisas biológicas e 
entra no mérito, por exemplo, da questão da defesa do patrimônio 
genético. Paulo Bonavides, professor que lançou as bases dessa ge-
ração, coloca ainda que ela compreende o direito à democracia, à 
informação e ao pluralismo (SERRAGLIO, 2011).
 
2.2 Definição e Características
Tendo em vista a breve análise histórica realizada na subseção 
anterior, sabe-se que a idéia de Direitos Humanos tal como é co-
nhecida foi desenvolvida a partir da terceira geração de direitos. O 
que se pretende agora é analisar o que são esses direitos e quais 
suas as características.
Segundo Donnelly, embora haja diversos debates sobre a natu-
reza dos Direitos Humanos, tem-se que estes direitos são indiscutí-
veis, pois simplesmente existem - são intrínsecos ao ser humano e 
devem ser, portanto, respeitados independente de qualquer consi-
deração cultural particular. 
Ressalta-se, então, que a universalidade e a intransmissibili-
dade são os principais elementos que identificam os Direitos Hu-
manos. Com isso, o princípio da universalidade sustenta que os 
referidos direitos devem ser reconhecidos e respeitados em todo o 
mundo (MORAES, 2002).
Além disso, cabe observar que eles também são: inalienáveis, 
não podem ser transferidos, nem negociados; imprescritíveis, que 
se refere à impossibilidade da ocorrência de prescrição, ou seja, não 
deixam de ser válidos; e irrenunciáveis, o que impossibilita o indiví-
duo a abrir mão de seu direito. Eles têm seus limites definidos, basi-
camente, na não invasão de um direito pelo outro (MORAES, 2002).
A partir do exposto, é possível apresentar uma definição de Direi-
tos Humanos. Nas palavras do jurista Alexandre de Moraes, esses são
O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano 
que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio 
de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento 
de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade 
humana (MORAES, 2002).
Com o intuito de garantir os princípios e objetivos supracitados, 
decorrente dos atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Hu-
manidade no século XX, foi proclamada a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 
Paris, no dia 10 de dezembro de 1948, para servir 
[...] como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as 
nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da socie-
207206
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
dade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do 
ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liber-
dades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e 
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância 
universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, 
quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição (ONU, 1948).
A partir do exposto, infere-se que a regência dos Direitos Humanos 
é baseada no seu reconhecimento e respeito. Destarte, levando em 
consideração seus princípios, será analisada neste artigo uma nova 
esfera para sua aplicação: a questão LGBTTT.
3. orientação sexual e identidade de Gênero
Dada a universalidade dos Direitos Humanos demonstrada na seção 
anterior, cabe questionar por que eles frequentemente não são esten-
didos a todas as parcelas da população, em particular, para este artigo, 
às minorias sexuais3 (RIOS, 2001, p. 391). Assim, este segmento do ar-
tigo propõe-se a conceituar orientação sexual e identidade de gênero 
e discutir sua complexidade, a fim de que o interlocutor possa com-
preender com mais clareza as associações que as seções posteriores 
se propõem a fazer. Concomitantemente, tenciona-se alcançar um 
aprofundamento em algumas questões referentes ao tema que não 
raramente são postas em discussão pela mídia, indo além do senso 
comum e desmitificando as sexualidades não-hegemônicas.
A primeira preocupação ao tecer esta seção é de caráter etimo-
lógico. Quando do estudo das minorias sexuais, é de crucial impor-
tância atentar à nomenclatura que se usa para designá-las, uma 
vez que alguns vocábulos podem estar imbuídos de preconceitos 
e desinformação ou podem ofender o grupo de pessoas o qual eles 
supostamente circunscrevem. 
De acordo com a Associação Americana de Psicologia, em seu 
documento Avoiding heterossexual bias in language4 (1989), pode 
haver uma perpetuação de estereótipos negativos pelo mau uso de 
expressões referentes à homossexualidade5 , devido ao fato de que 
muitos dos termos utilizados atualmente foram cunhados quando 
esta ainda era vista como doença mental e devassidão, não refletin-
do os mais recentes estudos sobre o tema. 
Desse modo, para a realização deste trabalho, utilizar-se-á a ex-
pressão “orientação sexual”, a qual, dada a época e o contexto cientí-
fico-social, é preferível às expressões “preferência sexual” ou “opção 
sexual”. A seleção da primeira expressão deve-se aos graus de esco-
lha voluntária que as duas últimas transmitem, os quais, segundo o 
supracitado documento, não são necessariamente declarados por 
todos os indivíduos e tampouco foram demonstrados em pesquisas 
psicológicas, tornando essas outras expressões, pois, inapropriadas.
Essa seleção de uma determinada expressão leva-nos à sua de-
finição. No entanto, recordando uma máxima latina, omni definitio 
periculosa est6 . Dada essa natureza arriscada das definições, salien-
ta-se que a adotada aqui é uma das possíveis e se encoraja o leitor a 
aprofundar-se no assunto a fim de contemplar outras e adotar a que 
lhe convier melhor. A orientação sexual pode ser entendida como a 
identidade atribuída a um indivíduo em função de seu desejo e con-
duta sexuais, seja para com outra pessoa do mesmo gênero (homos-
sexualidade), de gênero diferente7 (heterossexualidade) ou para 
pessoas de ambos os gêneros (bissexualidade) (RIOS, 2001, p. 388). 
Em uma segunda acepção, oferecida pela Human Rights Educa-
tion Associates, a orientação sexual seria um continuum que se es-
tende desde “homossexualidade exclusiva” até “heterossexualidade 
exclusiva”8, englobando diversas formas e graus de bissexualidade 
3 O termo “minorias sexuais” é usado porque nem sempre os indivíduos que têm atra-
ção sexual diferente da maioria adotam uma identidade gay, lésbica ou bissexual. Ele 
é usado, pois, para designar todos aqueles que sentem atração sexual, romântica e/ou 
erótica por membros adultos do mesmo gênero ou por membros adultos do mesmo 
gênero e de gênero diferente. (APA Task Force on Appropriate Therapeutic Responses to 
Sexual Orientation, 2009, p. 11)
4 Em português, “Evitando preconceitos heterossexuaisna linguagem” (tradução nossa).
5 Note o uso do termo “homossexualidade”, em detrimento de “homossexualismo”, o 
qual constitui possível inadequação linguística, visto que o sufixo –ismo, na esfera mé-
dica, pode conotar distúrbio e, em 1975, a Associação Americana de Psicologia retirou 
a homossexualidade da lista de patologias (JAQUES-JEUSS, 2004, p. 72; ABROMOVAY; 
CASTRO; DA SILVA, 2004, p. 278; e Câmara dos Deputados, Comissão de Direitos Hu-
manos, 2000). Alguns autores, como Marc Daniel e André Baudry (1977), sugerem o uso 
do vocábulo “homofilia” em vez do vocábulo “homossexualidade”, já que este contem-
pla apenas os aspectos físicos e sexuais enquanto que aquele abrange também a atração 
afetiva. No entanto, como os próprios autores admitem, tal termo é significantemente 
desconhecido e, portanto, utiliza-se “homossexualidade” neste trabalho, embora num 
sentido mais amplo do que sua simples etimologia sugere.
6 Em português, “toda definição é perigosa” (tradução nossa).
7 Apesar de possível estranhamento por parte do leitor, evitamos aqui a polarização sexual 
através da expressão “gêneros opostos”, optando-se, no lugar, pelo vocábulo “diferentes”.
8Alfred Kinsey e seus colaboradores demonstraram que tendências homo e heterossexu-
ais existem em quase todos os seres humanos e que suas proporções se inserem em uma 
escala que vai de homossexualidade exclusiva (grau 6 da Escala Kinsey) até heterossexu-
alidade exclusiva (grau 0). Cada grau intermediário representaria uma proporção mais 
ou menos forte de inclinação homo ou heterossexual. Por exemplo, o grau 3 correspon-
deria a um equilíbrio absoluto entre as duas tendências, isto é, a bissexualidade. Um dos 
maiores méritos dessa escala está em evitar o maniqueísmo de muitos que se propõem a 
estudar a homossexualidade (DANIEL; BAUDRY, 1973, p. 50).
209208
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
(COMAN, 2003). Diferenciar-se-ia de comportamento sexual, já que 
diz respeito a sentimentos e autoconceito. Desse modo, pela segun-
da definição, o comportamento sexual pode refletir ou não a orien-
tação sexual, consoante às intenções do indivíduo e de sua visão de 
mundo. O preconceito que tem imperado em muitas sociedades 
(RIOS, 2001, p. 384; e ABROMOVAY; CASTRO; DA SILVA, 2004, p. 
278) pode colaborar para a assimetria desses dois conceitos.
Dois debates dominam a esfera das discussões acerca das 
orientações sexuais: “É uma escolha?” e “É ‘curável’?”. A seleção da 
expressão “orientação sexual” em detrimento de “opção” torna pos-
sível inferir-se que aqui não se tem as orientações necessariamente 
como uma escolha. Explica-se, assim: Segundo Andrew Sullivan 
(1995, p. 22), as origens da homossexualidade se dariam provavel-
mente com uma mescla de fatores genéticos com o desenvolvimen-
to durante a primeira infância. Além disso, Sullivan afirma que para 
a esmagadora maioria dos adultos, “a condição homossexual é tão 
involuntária quanto a heterossexualidade o é para os heterossexu-
ais”, reafirmando posteriormente que os homossexuais se desco-
brem atraídos por alguém do mesmo sexo, não tendo uma opção, 
de fato, a esse respeito (ibid., p. 23). 
Quanto à segunda questão, Marc Daniel e André Baudry (1977, 
p. 70) afirmam em seu livro Os homossexuais que, pelo fato de a 
homossexualidade não ser mais considerada uma doença no meio 
médico, eles nem sequer trariam sua “cura” em discussão se não 
se tratasse de um dos temas favoritos da grande imprensa sobre a 
condição homossexual. 
Ainda de acordo com esses autores, quando das tentativas de 
“cura” da homossexualidade, visto que técnicas fisiológicas, como 
a administração de hormônios masculinos, traziam tão-somente 
resultados comportamentais e não de mudança de orientação se-
xual, os “terapeutas” decidiram recorrer a tentativas psicoterápicas, 
como a terapia de aversão.
No entanto, esse método se trata de “uma verdadeira violação da 
personalidade e de uma terapêutica geradora de neuroses e mesmo 
de psicoses graves, de crises cardíacas e de depressões nervosas”. As-
sim, segundo esses autores, a única “cura” que poderia ser proporcio-
nada a um homossexual seria a de ajudá-lo a adaptar-se, a aceitar-se e 
a desdramatizar a sua homossexualidade. Sua convicção se sustenta 
no que disseram dois psiquiatras: Dr. Desmond Curran, “o psiquiatra 
não deve tentar converter o homossexual à heterossexualidade; o seu 
papel é de fazer dele um homossexual bem adaptado”; e Dr. Stanley-
-Jones, “pretender alterar a personalidade profunda de um homosse-
xual é moralmente injustificável” (ibid., p. 73). Os autores concordam 
também com o pensador francês Henry de Motherlant, que escreveu: 
“fala-se de curar os homossexuais; precisaria antes curar o cérebro 
daqueles que pensam que há motivos para curar os homossexuais”.
Ainda em relação à possibilidade de cura da homossexualidade - 
e tendo em vista a provável impossibilidade de consegui-lo proposta 
por Daniel e Baudry - cabe ainda questionar se ela, ainda se possível, 
seria desejável e até que ponto a mera tentativa, exitosa ou não, pode 
ser danosa ao indivíduo. Nesse sentido, é pertinente o relatório Ap-
propriate Therapeutic Responses to Sexual Orientation9 (2009), enco-
mendado pela Associação Americana de Psicologia, que traz que os 
próprios “esforços para a mudança de orientação sexual podem cau-
sar ou exacerbar estresse ou saúde mental fraca em alguns indivíduos, 
inclusive depressão e pensamentos suicidas” (tradução nossa, p. 42).
Dada a importância do conceito de orientação sexual expli-
citado anteriormente, cabe lembrar que ele não abrange todos os 
desdobramentos da sexualidade humana, não categorizando, por 
exemplo, os transgêneros. Embora esses possuam uma orientação 
sexual (podendo essa ser homo, hétero ou bissexual), sua transexu-
alidade remete a uma identidade de gênero. Essa difere da orien-
tação sexual, mas elas não se excluem: na verdade, elas coexistem. 
Segundo o relatório Human Rights and Sexual Orientation and 
Gender Identity10 da Anistia Internacional (2004, p. 1), toda pessoa 
tem uma orientação sexual e uma identidade de gênero e esta úl-
tima refere-se à “experiência, de uma pessoa, de expressão pessoal 
em relação às construções sociais de masculino e feminino”11. Por-
tanto, um indivíduo pode ter uma identidade de gênero que divirja 
de suas características fisiológicas12. Por exemplo, um indivíduo 
9 Em português, “Respostas terapêuticas apropriadas à orientação sexual” (tradução nossa).
10 Em português, “Direitos Humanos e Orientação Sexual e Identidade de Gênero” 
(tradução nossa).
11 Tradução nossa. No original, em inglês: “Gender identity refers to a person’s experience 
of self-expression in relation to social constructions of masculinity or femininity (gender). 
A person may have a male or female gender identity, with the physiological characteristics 
of the opposite sex”.
12 Shuvo Ghosh (2009) tem uma visão interessante acerca da definição de identidade 
de gênero. Consoante a suas ideias, no universo científico é importante diferenciar os 
termos “sexo” e “gênero”. “Gênero” deriva da palavra latina genus, que significa tipo ou 
raça, sendo influenciado pelas interações sociais, pela história de vida de cada indiví-
duo e por sua própria identificação como homem, mulher ou intersexo. “Sexo”, por sua 
vez, vem de sexus, latim para gônadas (as quais são interpretadas pela aparência genital 
externa). Assim, haveria uma discrepância entre os dois, e, de um modo bem simplifica-
do, identidade sexual relacionar-se-ia com a genitália e identidade de gênero com o cé-
rebro. Neste trabalho, no entanto, a fim de alcançar maior simplicidade e objetividade, 
por diversas vezes trata-se os termos como se fossem intercambiáveis.
211210
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 DireitosHumanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
que possua exclusivamente genitália masculina, todo o aparelho 
reprodutivo masculino etc. pode se identificar como um membro 
do sexo feminino (HEINZE, 1995, p. 48). 
Alguns procuram procedimentos médicos para alcançar uma 
conformidade entre o seu gênero biológico e o psicológico, sendo 
conhecidos como transexuais. Outros, por sua vez, não desejam 
passar por esse tipo de intervenção cirúrgica, mas ainda assim sen-
tem, e podem desejar expressar, uma identificação com um gênero 
diferente, sendo esses muitas vezes conhecidos como travestis (id.). 
É pertinente lembrar que, além dessas, existem outras minorias se-
xuais, como os hermafroditas e os intersexuados.
Tendo apresentado autores que defendem a ideia de que as 
orientações sexuais são intrínsecas às pessoas, proceder-se-á à dis-
cussão das evidências da discriminação às minorias sexuais e suas 
manifestações. Também serão discutidas nas próximas seções so-
bre como a agenda internacional pode agir no sentindo de comba-
ter essa discriminação que faz com que haja um desencontro entre 
os Direitos Humanos universais e inalienáveis e as minorias sexu-
ais conceituadas nesta seção.
4. o Preconceito às minorias sexuais
Nesta seção, discutir-se-ão alguns dos elementos sociais que moti-
vam o preconceito contra as minorias sexuais e como eles violam os 
Direitos Humanos. Além disso, antes de se pensar sobre o combate 
à discriminação, estudado na sexta seção, é necessária a apresenta-
ção de evidências da existência desta, tendo em vista o ceticismo de 
alguns setores sociais quanto a ela. A proposta dessa seção, portan-
to, consiste em esclarecer duas questões principais: a existência ou 
não da homofobia – o preconceito contra homossexuais – e, se ela 
de fato existe, qual sua relação com os Direitos Humanos.
Os efeitos da homofobia podem ser percebidos desde a in-
fância, sendo essa a razão pela qual iniciaremos com os estudos 
de preconceito dentro do ambiente escolar. Segundo a Pesquisa 
Nacional Violência, AIDS e Drogas na Escola (2001) da UNESCO, 
que consistiu em questionários a alunos do ensino fundamental e 
médio das principais capitais do Brasil, aproximadamente 25% dos 
alunos indicam que não gostariam de ter um colega homossexual. 
Esses números variam de 22,6% em Belém a 30,6% em Fortaleza 
(ABROMOVAY; CASTRO; DA SILVA, 2004, p. 280). 
Em qualquer das capitais analisadas, verificou-se também 
que os jovens do sexo masculino rechaçam a homossexualida-
de com maior intensidade do que as meninas o fazem. Uma das 
causas dessa homofobia pode ser uma espécie de “terror em re-
lação à perda de gênero”, isto é, o medo de não ser mais conside-
rado um homem ou uma mulher “reais” ou “autênticos” (LOURO, 
1997, p. 29). Desse modo, a intensidade maior de preconceito re-
latada por homens pode se dar por esses se sentirem ameaçados 
em sua masculinidade. 
No ambiente escolar essa discriminação contra alunos homos-
sexuais (ou que são considerados homossexuais) se dá principal-
mente de forma velada, por meio de referências preconceituosas 
(ABROMOVAY; CASTRO; DA SILVA, 2004, p. 303). Esse uso de lin-
guagem pejorativa ocorre pelo intuito de humilhar, ofender, isolar, 
tiranizar, ameaçar etc., e alguns professores, ao invés de agir contra 
essa prática, desempenham uma não-assumida conivência com 
essas discriminações, banalizando-as e naturalizando-as (id.). 
No entanto, não sendo os números da discriminação escolar 
apresentados os mais entusiasmantes, vários professores acre-
ditam que a escola deve ter um papel de também combater o 
preconceito. Há depoimentos desses que sugerem que a discri-
minação pode ser desconstruída pela escola, junto com ações 
planejadas que fomentem a inclusão e incentivem o respeito à di-
versidade, ressaltando qualidades dos alunos e alimentando sua 
auto-estima (ibid., p. 304). 
Abromovay et alii (2004, p. 278) enfatizam que a homofobia e 
outros preconceitos sexuais são muitas vezes legitimados por pa-
drões culturais que cultivam hierarquias e moralismos da masculi-
nidade e que “muitas expressões de preconceitos e discriminações 
em torno do sexual tendem a ser naturalizadas, até prestigiadas e 
não entendidas necessariamente como violência”. Esses padrões 
podem advir de um preconceito “patrocinado” pelo Estado. Segun-
do Jaques-Jeuss (2004, p. 13), a discriminação contra homossexu-
ais é um fenômeno decorrente da conivência das autoridades, que 
promovem uma legislação omissa e que tomam ações públicas que 
afetam negativamente a comunidade LGBTTT. 
Jaques-Jeuss (2004, p. 21) diz ainda que o crime homofóbico 
pode ser definido como toda espécie de agressão – física, verbal ou 
psicológica – que se comete contra a pessoa em função da suposta 
orientação sexual homoerótica da vítima. A expressão “em função” 
tem grande importância, para que se evite o frequente equívoco de 
que os homossexuais lutam por uma legislação que os privilegie, 
dando-lhes especial proteção contra agressões. 
A luta contra a discriminação consiste principalmente na bata-
lha pela adoção de uma legislação que puna as discriminações por 
orientação sexual (seja ela qual for, inclusive a heterossexualidade) 
213212
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
e que rechace a proibição de manifestações de afeto homossexuais 
quando as heterossexuais são permitidas.
Como exemplo, pode-se citar uma situação que ocorreu no 
Brasil, na qual a má ou parcial leitura da PLC 122 de 2006 – também 
conhecida como lei anti-homofobia e alvo de grande polêmica – 
contribuiu para a interpretação errônea do que querem as mino-
rias sexuais. Os benefícios de uma aprovação de uma lei como essa 
seriam mais sentidos pela comunidade LGBTTT, isso é certo. No 
entanto, esses benefícios apenas serviriam para trazê-la mais per-
to do bem-estar do qual os heterossexuais já desfrutam, não lhes 
dando nenhum privilégio ou bem-estar adicional (COMAN, 2003).
Um dos motivos de os homossexuais reivindicarem uma le-
gislação que os proteja de agressões deve-se ao fato de que muitas 
vezes eles são vítimas de crimes homofóbicos, que se encontram 
dentro da categoria de crimes de ódio (MOTT, 2000, p. 15). Os cri-
mes de ódio são atos ilícitos, ou tentativas de tais atos, que incluam 
insultos, danos morais e materiais, agressão física, às vezes chegan-
do ao assassinato, praticados em razão da raça, sexo, religião, orien-
tação sexual ou etnia da vítima (id.). 
Os crimes de ódio são também marcados principalmente pela 
crueldade do modus operandi verificada neles. Os crimes homofó-
bicos, portanto, seriam os crimes de ódio que são motivados uni-
camente pela orientação sexual da vítima, tendo como inspiração 
a ideologia machista predominante na sociedade heteronormativa 
(id.). Ou seja: em um crime homofóbico, os homossexuais seriam 
agredidos pelo simples fato de serem homossexuais. Como dito aci-
ma, em função de sua orientação sexual não-hegemônica. Por exem-
plo: roubar os pertences de um homossexual pode não estar ligado 
à sua orientação sexual não-hegemônica, o que não constituiria ne-
cessariamente crime de ódio. Embora seja possível que heterosse-
xuais também sofram agressões devido à sua orientação sexual, isso 
é muito mais relatado na comunidade LGBTTT, devido ao fato de 
que suas orientações sexuais, diferentemente da dos heterossexuais, 
não correspondem à convencional e socialmente esperada.
Uma evidência da discriminação contra homossexuais está 
numa pesquisa no Brasil, na região do Distrito Federal e Entorno 
(JAQUES-JEUSS, 2004, p. 79), na qual encontrou que quase metade 
dos homossexuais entrevistados ou estudados já havia sido alvo de 
crimes de ódio (em especial a agressão verbal). Mott e Cerqueira 
(2000, p. 11) fazem algumas atribuições desse tipo de crimeà vul-
nerabilidade da comunidade LGBTTT. 
Segundo esses autores, as minorias sexuais sofrem de uma 
fragilidade que tem origem na falta de apoio dentro do próprio lar: 
enquanto crianças e adolescentes negros, judeus, deficientes físicos 
etc. são ensinados por seus pais e familiares a como enfrentar o pre-
conceito e a hostilidade da sociedade, desenvolvendo seu orgulho 
étnico ou racial e sua auto-estima, para jovens homossexuais ocorre 
exatamente o contrário (id.). Assim, seria dentro da casa de cada ho-
mossexual e por parte das pessoas mais próximas a ele que a discri-
minação e o preconceito seriam experimentados pela primeira vez.
5. Direitos lGBttt: uma Perspectiva de Direitos Humanos
Tendo explorado algumas das evidências da homofobia e alguns de 
seus principais motivos, cabe perguntar em que sentido ela fere os 
Direitos Humanos apresentados na segunda seção. A preocupação 
com a discriminação contra homossexuais em relação aos Direitos 
Humanos se deve parcialmente pelo fato de que ela quebra o prin-
cípio da não-discriminação, isto é, o princípio que rege a obrigato-
riedade de se dispensar a todos igual tratamento (PASSOS, 2007). 
Segundo Coman (2003), o direito à não-discriminação é fre-
quentemente negado aos homossexuais através da omissão de 
“orientação sexual” em leis anti-discriminação. O autor ainda diz 
que, dentre os direitos negados aos homossexuais e garantidos 
ao restante da população, figuram: a) o direito à vida, em Estados 
onde há pena de morte aos homossexuais; b) o direito de ir e vir, 
negado a casais homossexuais binacionais por não reconhecer 
sua relação; c) direito à privacidade, onde a prática homossexual é 
proibida mesmo entre adultos com consentimento; d) o direito de 
formar uma família, pelo direito muitas vezes negado aos homos-
sexuais de adoção de uma criança e de casamento.
No entanto, como apontado por Dr. Henry Schermers (HEIN-
ZE, 1995, p. vii), membro da Comissão Europeia de Direitos Hu-
manos, um dos maiores problemas para assegurar os direitos dos 
homossexuais no cenário internacional é o de que muitos países 
evocam a proibição de intervenção em matérias que estão dentro 
da jurisdição doméstica do Estado, proibição derivada do artigo 2°. 
§7 da Carta das Nações Unidas. 
No entanto, Schermers continua, felizmente esse “beco sem sa-
ída” doutrinário está começando a enfraquecer: antigamente as ale-
gações de violações dos Direitos Humanos eram contra-argumenta-
das com afirmações legais, enquanto que atualmente a resposta se 
dá com protestos de uma ordem puramente empírica. Schermers 
(ibid., p. viii) defende a intervenção internacional em matérias do-
mésticas quando os Direitos Humanos estão em risco pelo fato de 
que o propósito do Direito é promover o bem-estar dos seres huma-
215214
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
nos e o Direito Internacional falha em seu objetivo mais essencial 
quando tolera violações dos Direitos Humanos fundamentais. 
Desse modo, embora os Direitos Humanos, como apresenta-
do, sejam feridos pela discriminação contra homossexuais, ainda 
não há resposta definitiva para até onde a sociedade internacional 
pode interferir em discriminações domésticas, devido à soberania 
de cada Estado (ou seja, o poder político e a autoridade suprema 
de cada Estado de exercer o comando dentro de seu território sem 
submissão aos interesses de outros Estados). A intervenção, por 
mais bem-intencionada que fosse, incorreria em protestos de im-
perialismo cultural (ibid., p. 66). No entanto, como o Direito In-
ternacional tem em seu cerne o objetivo de promover o bem-estar 
mundialmente com isonomia, como apresentado por Dr. Scher-
mers, o conflito se intensifica e a soberania de cada país em ques-
tões de Direitos Humanos tem sua importância questionada.
Cabe ressaltar, contudo, que os Direitos Humanos se caracteri-
zam pelo princípio da universalidade, como abordado na segunda 
seção. Uma vez que os direitos LGBTTT são Direitos Humanos, são 
também universais (SANTOS, 2004). Assim, deveriam ser defendi-
dos internacionalmente, por todos os países que são vinculados à 
ONU, comprometendo-se com a defesa destes direitos, tendo por 
referência a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Os princípios da universalidade e da não discriminação urgem 
aos países, portanto, a não admitir que ocorram violações aos Di-
reitos Humanos e liberdades fundamentais baseadas na orientação 
sexual ou identidade de gênero. 
6. a Busca por Direitos e o Combate à Discriminação
Como abordado anteriormente, decorrente da definição e das ca-
racterísticas dos Direitos Humanos, pode-se concluir que a popu-
lação LGBTTT está, assim como todas as outras pessoas, protegidas 
por esses direitos (SANTOS, 2004).
Contudo, à população LGBTTT ainda são negados diversos 
direitos, sociais, políticos, civis e econômicos, através de costu-
mes difundidos ou até mesmo, em alguns dos casos, pela própria 
lei (COMAN, 2003).
Assim, com o objetivo de estimular a reflexão sobre a forma 
como a questão LGBTTT vem sendo tratada, esta seção abordará 
a questão da luta por direitos, reportando a origem e a evolução do 
ativismo da comunidade LGBTTT. Por último, reportar-se-á o atual 
tratamento do tema na comunidade internacional.
6.1. Origem e evolução do ativismo político na busca
por direitos na comunidade LGBTTT
Ainda que uma maior expressividade dos movimentos relaciona-
dos à causa seja relativamente recente, datando da década de 1970, 
ela é produto de uma evolução histórica na consciência de gênero 
que data de processos bem anteriores. Como não é possível tratar 
sobre todos eles, esta subseção trata dos acontecimentos historica-
mente reconhecidos como tendo sido mais marcantes na evolução 
da reivindicação por direitos.
A primeira organização que se tem conhecimento e que defen-
dia os direitos LGBTTT se chamava Society for Human Rights13, e foi 
fundada em 1924 com o objetivo de reunir homossexuais e educar 
autoridades e legisladores (NASH, 2004).
Tal organização, no entanto, dissolveu-se após a invasão da 
polícia e consequente prisão de alguns de seus membros. Pos-
sivelmente em decorrência desse fato, verificou-se a estagnação 
dos movimentos de direitos LGBTTT até o final da década de 1950, 
quando movimentos de combate à discriminação racial mostraram 
a eficácia das ações diretas contra atitudes discriminatórias (id.).
Ao final da década de 1960, portanto, surgiu uma nova cultura 
de protesto, originando uma reformulação do movimento LGBTTT 
no mundo (D’EMILIO, 1983, p.223). Pode-se considerar, então, o 
ano de 1969 como o marco no movimento. 
No dia 28 de junho daquele ano, o bar Stonewall Inn, na cida-
de de Nova York, foi alvo de mais uma investida da polícia estadu-
nidense contra estabelecimentos frequentado pela comunidade 
LGBTTT (SILVA, 2005). Tal episódio ficou conhecido como a Rebe-
lião de Stonewall, na qual os cidadãos se rebelaram contra os poli-
ciais e resistiram às sumárias prisões. Afirma-se que
A comunidade homossexual, constituída no final do século XIX, ad-
quiriu maior visibilidade [...], inaugurando novos estilos de vida, par-
ticularmente, com os eventos de Stonewall [...]. Era a nova “tradição” 
do confronto em vez da fuga (BARBOSA DA SILVA, 2005, p. 234)
Assim, este acontecimento é interpretado como o início da luta 
pelos direitos LGBTTT, pois, pela primeira vez, um grande público 
21 Tradução: Sociedade para Direitos Humanos. A Sociedade foi inspirada em organiza-
ções alemãs. Henry Gerber serviu o exército americano durante a I Guerra Mundial e ob-
servou a relativa liberdade dos gays na Alemanha de Weimar. A Sociedade publicou duas 
edições de seu periódico informativo Friendship and Freedom (Amizade e Liberdade).
217216
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas– 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
mostrou capacidade de organização e de vontade na luta contra 
medidas discriminatórias contra homossexuais, tornando o dia 
da Rebelião - 28 de junho - o dia internacional do Orgulho Gay e 
Lésbico (ILGA, 2003).
Com a evolução e crescimento do movimento, foi possível 
identificar e associar os direitos reivindicados na luta LGBTTT aos 
Direitos Humanos. Com isso, esta fonte poderosa de legitimidade 
e inspiração estratégica conferiu e aproximou a cidadania sexual 
de outras formas de cidadania que também foram historicamen-
te discriminadas, principalmente minorias étnicas e mulheres 
(SANTOS, 2004, p. 2):
Tudo isso se compagina internacionalmente por referência ao regi-
me internacional de Direitos Humanos, cujos documentos basilares 
e respectivos protocolos e adendas têm vindo progressivamente a 
considerar os direitos LGBTTT como Direitos Humanos (SANTOS, 2004).
Nos anos 90, a experiência do combate à AIDS permitiu ao movi-
mento desenvolver suas capacidades organizativas, como em cam-
panhas de massa, permitindo a criação de diversas associações 
LGBTTT. Além de tais temas, a comunidade atualmente se foca no 
combate a homofobia e reivindicação de direitos – pelos princípios 
de igualdade e liberdade.
Ademais de buscar proteção jurídica contra a discriminação 
baseadas na orientação sexual, o movimento tem sido um aliado 
contra a violência doméstica e pela igualdade de oportunidades 
entre mulheres e homens. Desta forma, trata-se de uma luta coleti-
va a favor da diversidade (id. 2004, p.3).
6.2. O atual tratamento do tema na sociedade internacional
Ao analisarmos a atual situação dos Direitos LGBTTT no cenário 
internacional, há de se observar os instrumentos de proteção in-
ternacionais e regionais. Desta forma, tal conjuntura se baseia em 
tratados e atos unilaterais, além de diversas declarações e resolu-
ções de Organizações e Organismos Internacionais que enfatizam 
a necessidade de se abordar tais temáticas na pauta de seus foros.
Tendo como premissa a evolução participativa dos movimen-
tos LGBTTT e a grande visibilidade dos temas de Direitos Huma-
nos na agenda internacional, esta subseção tem o objetivo de re-
alizar uma análise das ações e atos das principais Organizações 
Internacionais em relação ao tema de Orientação Sexual e Iden-
tidade de Gênero.
 
6.2.1 Instrumentos Regionais
Fundado em 1949 sobre os destroços da Segunda Guerra Mundial, 
o Conselho da Europa14 foi a primeira organização política regional 
europeia (COMAN, 2003). Desta forma, o anseio de seus Estados 
criadores de realizar uma união mais estreita entre os membros, 
conforme explicitado no artigo 1.º de seu Estatuto15, cristalizou-se 
em volta de um objetivo:
[...] salvaguardar e promover os ideais e os princípios que são o 
seu patrimônio comum e de favorecer o seu progresso econômico 
e social. [...] por meio dos órgãos do Conselho, através do exame 
de questões de interesse comum, pela conclusão de acordos e pela 
adoção de uma ação comum nos domínios econômico, social, cultu-
ral, científico, jurídico e administrativo, bem como pela salvaguarda 
e desenvolvimento dos direitos do homem e das liberdades funda-
mentais (Conselho da Europa, 1949).
Nota-se, então, que o Estatuto do Conselho fundamenta-se no res-
peito aos Direitos Humanos e na proteção e promoção das liberda-
des fundamentais. Além disso, o documento prevê em seu artigo 
8º que qualquer Estado membro que atente gravemente contra os 
direitos humanos poderá ter suspenso seu direito de representação 
ou ser expulso da Organização.
Destarte, com o objetivo de honrar e respeitar tais compro-
missos, foi adotada Convenção para a proteção dos Direitos do 
Homem e das Liberdades Fundamentais16 em 1950. Cabe ressaltar, 
no entanto, que não são explicitamente mencionadas em nenhum 
dos dispositivos da Convenção as questões de orientação sexual e 
identidade de gênero. 
Não obstante, a Convenção possui um órgão para assegurar os 
princípios e objetivos de seu aparato jurídico (HEYNS; PADILLA; 
ZWAAK, 2006, p.167). Instituiu-se, então, a Corte Europeia de Direi-
tos do Homem no seu artigo 19. Deste modo, a Corte tem a função 
14 Estabelecido em 5 de Maio de 1949, o Conselho da Europa possui atualmente 47 
membros. Sua sede fica na França, na cidade de Estrasburgo.
15 Texto integral disponível em:<http://conventions.coe.int/treaty/en/Treaties/Html/001.
htm>. Acesso em: 9 out 2011.
16 Também é conhecida como a Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Sua rati-
ficação se tornou uma condição de adesão à Organização. Texto disponível em: http://
www.echr.coe.int/NR/rdonlyres/7510566B-AE54-44B9-A163-912EF12B8BA4/0/POR_
CONV.pdf. Acesso em: 9 out 2011.
219218
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
de verificar se houve ou não violação das disposições da Conven-
ção, sendo as suas decisões de caráter vinculante para os Estados.
Assim, utilizando-se dos fins da Convenção, a Corte foi o pri-
meiro órgão internacional a julgar que leis criminais em torno da 
orientação sexual violam os Direitos Humanos e a possuir a maior 
e vasta jurisprudência no encaminhamento de casos sobre orienta-
ção sexual (COMAN, 2003).
Observam-se, a partir disso, diversos avanços no status jurídi-
co dos direitos LGBTTT. Como por exemplo, no caso relacionado à 
discriminação por orientação sexual nos serviços militares, a Corte 
sustentou em 2000, no caso Lustig-Prean e Beckett vs. Reino Uni-
do17, que a interdição de homossexuais ao militarismo era ofensiva 
ao Artigo 8.º da Convenção (MARÇAL, 2011, passim; COMAN, 2003, 
p. 4; BENVENUTO, 2007, p. 38), que aborda o direito ao respeito 
pela vida privada e familiar:
1. Qualquer pessoa tem direito ao respeito da sua vida privada e 
familiar, do seu domicílio e da sua correspondência. 
2. Não pode haver ingerência da autoridade pública no exercício 
deste direito senão quando esta ingerência estiver prevista na lei e 
constituir uma providência que, numa sociedade democrática, seja 
necessária para a segurança nacional, para a segurança pública, 
para o bem-estar econômico do país, a defesa da ordem e a pre-
venção das infrações penais, a proteção da saúde ou da moral, ou 
a proteção dos direitos e das liberdades de terceiros (Conselho da 
Europa, 1950).
Além disso, a Corte julgou - no caso Salgueiro da Silva Mouta vs. 
Portugal18 - que ao pai homossexual não pode ser negada a guar-
da da criança com base em sua orientação sexual, pois a matéria 
infringe o direito do pai à vida familiar estabelecida no Artigo 8.º 
supracitado (COMAN, 2003, p. 3; TEDH, 1999, p. 8 et seq.). Ainda, a 
Corte confirmou que o Artigo 14 da Convenção, que abrange a proi-
bição da discriminação, deve ser interpretado incluindo a questão 
da orientação sexual:
O gozo dos direitos e liberdades reconhecidos na presente Con-
venção deve ser assegurado sem quaisquer distinções, tais como 
as fundadas no sexo, raça, cor, língua, religião, opiniões políticas 
ou outras, a origem nacional ou social, a pertença a uma minoria 
nacional, a riqueza, o nascimento ou qualquer outra situação (Con-
selho da Europa, 1950).
Entretanto, na visão da Corte, a Convenção nem sempre é aplicada 
em questões da orientação sexual e identidade de gênero. Como no 
caso X, Y e Z vs. Reino Unido19 de 1997, no qual estabeleceu que o 
direito ao respeito à privacidade e à vida em família não se aplica 
no caso de uma relação entre transgêneros. Confirmando, assim, 
que somente o homem biológico e não um transgênero feminino 
para o masculino pode ser reconhecido como pai (id.).
Ainda no contexto do palco europeu, a União Europeia20 (do-
ravante UE) também se destaca nos seus mecanismos de prote-
ção contra a discriminação com base na orientação sexual e iden-
tidade de gênero.Por emenda do Tratado de Amsterdam21 de 1999, modificou-
-se o Artigo 13 do Tratado Institutivo da União Europeia22, (HEYNS; 
PADILLA; ZWAAK, 2006, p.167) tendo pela primeira vez um trata-
do internacional em vigor mencionando explicitamente a proteção 
aos indivíduos LGBTTT:
Sem prejuízo das demais disposições do presente Tratado e dentro 
dos limites das competências que este confere à Comunidade, o 
Conselho, deliberando por unanimidade, sob proposta da Comissão 
e após consulta ao Parlamento Europeu, pode tomar as medidas 
necessárias para combater a discriminação em razão do sexo, raça 
ou origem étnica, religião ou crença, deficiência, idade ou orientação 
sexual (União Europeia, 1999).
17 MARÇAL, Silvia. O caso Lustig-Prean e Beckett contra o Reino Unido*: uma análise da 
contribuição das teorias e lutas feministas na implementação dos direitos humanos. In: 
Revista Direito e Humanidades. Disponível em: <http://seer.uscs.edu.br/index.php/
revista_direito>. Acesso em: 19 Out. 2011.
18 Caso disponível no Gabinete de Documentação e Direito Comparado de Portugal: 
<http://www.gddc.pt/direitos-humanos/portugal-dh/acordaos/traducoes/Trad_
Q33290_96.pdf>. Acesso em: 8 out 2011.
19 Caso disponível em: <http://www.bioethics.gr/media/pdf/biolaw/nomologia/XYAFULL.
pdf>. Acesso em: 2 nov. 2001.
20 A UE foi consolidada em 7 de fevereiro de 1992, sucedendo a Comunidade Economica 
Europeia, pelo Tratado de Maastricht.
 21 O Tratado de Amsterdam foi firmado em 2 de outubro de 1997. Contudo, somente 
entrou em vigor em 1 de maio de 1999. Texto integral disponível em: < http://www.
eurotreaties.com/amsterdamtreaty.pdf>. Acesso em: 8 out. 2011.
22 Texto integral disponível em: < http://eur-lex.europa.eu/pt/treaties/dat/12002E/
pdf/12002E_PT.pdf>. Acesso em: 8 out 2011.
23 Tem sede em Nice, na França. Texto integral disponível em: <http://www.europarl.
europa.eu/charter/pdf/text_pt.pdf>. Acesso em: 8 out 2011.
221220
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
Além do artigo supracitado, a UE proclamou em 2000 a Carta dos 
Direitos Fundamentais da União Européia23. Este documento pode 
ser considerado como o código dos direitos fundamentais da Orga-
nização, além de expressar o ponto de vista da UE sobre os Direitos 
Humanos (HREA, 2003). Ainda, a Carta também aborda o princípio 
da não discriminação em seu Artigo 21, reafirmando os princípios 
expostos no Tratado que a constitui.
Por fim, o Parlamento Europeu24 também contribui para a in-
corporação dos Direitos LGBTTT. Desde sua criação, o Parlamento 
conclamou a luta pelo fim da discriminação com base na orienta-
ção sexual e adotou a recomendação sobre a abolição de todas as 
formas de discriminação por orientação sexual (COMAN, 2003). 
Destarte, tal órgão também solicitou ao Conselho Europeu 
para que levantasse a questão da discriminação contra homosse-
xuais durante as negociações para a associação de novos membros 
(HREA, 2003). Assim, adotou uma resolução, em 1998, afirmando 
que não consentirá a associação de nenhum país que por meio de 
sua legislação ou política, viole os direitos humanos de lésbicas e 
homens gays (id. 2003).
No que tange à Organização dos Estados Americanos, pode-se 
analisar as diversas resoluções sobre o tema LGBTTT. Para garan-
tir a implementação e o respeito aos Direitos Humanos nos seus 
Estados-membros – proclamados na Declaração Americana dos 
Direitos e Deveres do Homem25 e na Convenção Americana sobre 
Direitos Humanos26 - criou-se a Comissão Interamericana de Di-
reitos Humanos27 e a Corte Interamericana de Direitos Humanos28 
(HEYNS; PADILLA; ZWAAK, 2006, p.164).
O caso Marta Alvarez29 de 1998 foi o primeiro caso levado à Co-
missão sobre orientação sexual no sistema interamericano, contra 
a Colômbia (HREA, 2003). Havia-se negado à solicitante o trata-
mento igualitário pelas autoridades prisionais colombianas – ao 
não permitirem que tivesse visitas conjugais de sua companheira 
por causa de sua orientação sexual. 
Analisando-se, então, que as leis colombianas consideram que 
as visitas conjugais são um direito para todos os cidadãos - inde-
pendente da orientação sexual – a Comissão decidiu pelo trata-
mento igualitário (id.).
Além disso, a mais recente resolução sobre o assunto no âmbi-
to da OEA é a Resolução 2653, de 7 de junho de 2011, que condena a 
discriminação, os atos de violência e as violações de direitos huma-
nos por motivo de orientação sexual e identidade de gênero. 
Observa-se, então, que a Resolução representa um avanço para 
a inserção da orientação sexual e identidade de gênero na esfera 
protetiva da Organização. Ainda, o documento considera a inclusão 
do tema no projeto da Convenção Interamericana Contra o Racis-
mo e Toda Forma de Discriminação e Intolerância (COMAN, 2003).
No que tange à questão da União Africana30, pode-se notar a 
importância da Carta Africana Sobre os Direitos Humanos e dos 
Povos31 de 1981, por ter sido ratificada por de 53 países32 – o que 
denota sua imensa aceitação (BRANT; PEREIRA; BARROS, p. 2). No 
artigo 28 do tratado, afirma-se que
Cada indivíduo tem o dever de respeitar e de considerar os seus 
semelhantes sem nenhuma discriminação e de manter com eles re-
lações que permitam promover, salvaguardar e reforçar o respeito e 
a tolerância recíprocos (União Africana, 1981).
Observa-se, portanto, que a Carta abrange o princípio da não dis-
criminação, da tolerância e do respeito mútuo para o verdadeiro 
acesso aos Direitos Humanos. Ainda, cria a Comissão Africana dos 
Direitos Humanos e dos Povos no seu artigo 30, para servir como 
o mecanismo de execução e promoção dos objetivos da Carta de 
Banjul (BRANT; PEREIRA; BARROS, p. 3) e uma Corte de adesão 
facultativa e com funcionamento ainda muito inicial.
Legitima-se, por conseguinte, um corpo de implementação e 
monitoramento para lidar com os temas no domínio dos Direitos 
Humanos e dos Povos no âmbito da região africana. De fato, tais apa-
24 Possui sede em Estrasburgo, França. Mais informações em: < http://www.europarl.
europa.eu/>. Acesso em 7 out 2011.
25 A Declaração foi aprovada em abril de 1948, em Bogotá, na Colômbia. Foi o primeiro 
documento internacional de Direitos Humanos de caráter geral.
26 Aprovada pela CIDH em 1969.
27 Foi criada em 1959. Possui sede em Washington, nos Estados Unidos.
28 Com sede em São José, na Costa Rica.
29 Caso disponível em: <http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_07_esp.
pdf>. Acesso em: 11 nov. 2011.
30 Criada em 2002, a União Africana sucedeu a antiga Organização de Unidade Africana 
(OUA). Atualmente, a organização possui 53 membros.
31 A Carta Africana Sobre os Direitos Humanos e dos Povos também é conhecida como a 
Carta de Banjul, cidade na qual o documento foi aprovado - em 1981 - pela Conferência 
Ministerial da Organização da Unidade Africana e adotada pela XVIII Assembléia dos 
Chefes de Estado e Governo da Organização da Unidade Africana em Nairóbi, Quênia, 
no mesmo ano. Contudo, somente entrou em vigor em 1986.
32 O único país africano que não aderiu a Carta e também da UA foi o Marrocos, tal 
medida foi justificada devido às questões políticas relacionadas ao reconhecimento do 
Saara Ocidental como membro da União Africana.
223222
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
ratos representam uma fonte de cooperação entre os países e de au-
tenticação do respeito aos princípios incorporados na Carta (id. p. 6). 
Cabe ressaltar, no entanto, que a União Africana tem como 
membros países que prevêem pena de morte para homossexuais 
(OTTOSSON, 2008, p.8). Percebe-se, então, que até mesmo as ga-
rantias mais fundamentais como a vida são violadas ao se constatar 
que, em determinados Estados33, a pena de morte é prevista para a 
relação homoafetiva.(PRETES; VIANNA, p. 322).
Ainda, a Carta e a Comissão ainda não trataram – oficialmente 
– do tema sobre Orientação Sexual e Identidade de Gênero. Desta 
forma, a União Africana diferencia-se das demais Organizações 
aqui abordadas.
6.2.2 Instrumentos Internacionais
No âmbito internacional, a Organização das Nações Unidas pode 
ser reconhecida como a principal organização que debate sobre o 
assunto, tendo o Conselho de Direitos Humanos como fundamen-
tal na execução desta tarefa.
Uma medida notória do Conselho foi o lançamento dos Prin-
cípios de Yogyakarta34, que se destinam prioritariamente aos Esta-
dos. Tais princípios são recomendações para implementação dos 
Direitos Humanos e sua aplicação a questões de orientação sexual 
e identidade de gênero (OTTOSSON, 2008, p.5).
Por isso, o documento foi concebido para guiar e estruturar 
a padronização internacional de mecanismos de combate às vio-
lações de Direitos Humanos com base na orientação sexual e de 
identidade de gênero. De fato, suas diretrizes traduzem compro-
misso com a promoção dos valores de igualdade e respeito à pessoa 
humana (MELLO NETO; AGNOLETI, 2008, p.7; HREA, 2003, p.3).
A partir disso, foi exibida na Assembleia Geral das Nações Uni-
das a primeira declaração acerca de orientação sexual e identidade 
de gênero, em 20 de dezembro de 2008 – o que denotou um grande 
avanço no status internacional do tema (id. p. 8 et seq.).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) também pode 
ser mencionada como primordial no que tange o tema da Orienta-
ção Sexual e Identidade de Gênero. Assim, cita-se a Convenção so-
bre a Discriminação em matéria de Emprego e Profissão35 de 1958, 
que no seu artigo 1°, define-se o termo discriminação como
a) Toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, 
religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, que 
tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou 
de tratamento em matéria de emprego ou profissão.
b) Qualquer outra distinção; exclusão ou preferência que tenha por 
efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou tratamen-
to em matéria de emprego ou profissão, que poderá ser especificada 
pelo Membro interessado depois de consultadas as organizações re-
presentativas de empregadores e trabalhadores, quando estas exis-
tam, e outros organismos adequados (OIT, 1958).
 
Nota-se, então, que o tratado não proíbe por si só a discriminação 
com base na orientação sexual, mas possibilita aos Estados o acrés-
cimo de fundamentos adicionais. Como exemplo, na Austrália, a 
implementação da Convenção em sua legislação doméstica con-
tribuiu para coibir a expulsão de LGBTTTs de suas forças armadas, 
em 1992 (COMAN, 2003).
Outro tratado que também engloba o assunto é o Pacto Inter-
nacional Sobre Direitos Civis e Políticos de 1966. Para as questões 
de orientação sexual, o Pacto se tornou relevante após o caso Too-
nen vs. Austrália36. A Comissão de Direitos Humanos37 estabeleceu 
que a referência ao “sexo”, no artigo 2°. (id.), que aborda o tema da 
não-discriminação, deveria ser entendida pela inclusão da questão 
da orientação sexual:
Os Estados-partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar 
e a garantir a todos os indivíduos que se achem em seu território 
e que estejam sujeito a sua jurisdição os direitos reconhecidos no 
presente Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, 
sexo, religião, opinião política ou outra natureza, origem nacional ou 
social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra condição 
(ONU, 1966).
Como resultado desse caso, a Austrália revogou a lei de criminali-
zação do ato sexual entre homens em seu Estado da Tasmânia (OT-
TOSON, 2008, p.47; COMAN, 2003;). Ainda, o Conselho reiterou 
33 Estados africanos que prevêem pena de morte em casos de práticas homossexuais: 
Mauritânia, Sudão, bem como algumas partes da Nigéria e da Somália (ILGA, 2011).
34 Os princípios estão disponíveis em: <http://www.clam.org.br/pdf/principios_de_
yogyakarta.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2011.
35 Adotada pela Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 
sua 42.ª sessão, em 25º de junho de 1958.
36 Comunicação n.º 4888/1992, de 31.03.1994, § 8.7.
37 Era vinculada ao ECOSOC, mas foi substituída pelo Conselho de Direitos Humanos 
em 2006.
225224
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
que tal característica deveria ser interpretada também no artigo 26 
do Pacto, sobre a igualdade perante a lei, no qual
Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem dis-
criminação alguma, a igual proteção da lei. A este respeito, a lei 
deverá proibir qualquer forma de discriminação e garantir a todas 
as pessoas proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação por 
motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra 
natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento 
ou qualquer outra situação (ONU, 1996).
Com esse caso, o Conselho de Direitos Humanos criou o preceden-
te dentro do sistema de Direitos Humanos da ONU referente à ação 
visando combater a discriminação contra LGBTTTs. Outro organis-
mo que também trata do tema é o Alto Comissariado das Nações 
Unidas para os Refugiados. 
Desde 1993, o ACNUR tem reconhecido em Opiniões Consulti-
vas que LGBTTTs se qualificam como membros de um grupo social 
particular (COMAN, 2003; BUDD, 2008, p.17 et seq). Tal fato se dá 
para os propósitos da Convenção de 1951 e do Protocolo relativo ao 
Status de Refugiados de 1967 (id.). Afirma-se que:
Homossexuais podem ser considerados elegíveis para o status de re-
fugiados com base em perseguição em razão de seu pertencimento a 
um grupo social particular. É política da ACNUR que pessoas as quais 
enfrentam ataques, tratamento desumano, ou grave discriminação 
por causa de sua homossexualidade, e seus respectivos governos 
são incapazes ou imotivados para protegê-los, devem ser reconheci-
das como refugiadas38 (ACNUR, 1996, p. 19-20 apud BUDD, 2008, p.19).
7. Perspectivas para a questão: a cooperação internacional
como forma de promoção dos direitos lGBttt
“A cooperação é a convicção plena de que ninguém 
pode chegar à meta se não chegarem todos.”
Virginia Burden
A partir do exposto, nota-se que há uma arquitetura de instrumen-
tos regionais e internacionais com o intuito de promover o respei-
to e a tolerância para com a comunidade LGBTTT. Contudo, cabe 
ressaltar que o direito a não discriminação e à proteção contra o 
abuso e a violência não são plenamente garantidos. Assim, há ain-
da certa omissão no que diz respeito à questão da orientação sexu-
al nas leis antidiscriminação. 
Ainda, os direitos à livre expressão e associação, bem como 
o direito de formar uma família, seriam, ao menos teoricamente, 
também relativos a todos. O que se observa, contudo, é que apenas 
dez países permitem, de fato, o casamento entre pessoas do mesmo 
sexo; treze permitem a adoção por parte de casais homossexuais; e 
quatorze ainda colocam idades diferentes para consentimento en-
tre relações homossexuais e heterossexuais39 (ILGA, 2011).
Além disso, são poucos os países40 que proíbem o incitamento 
ao ódio, ou que consideram agravantes os casos de crimes basea-
dos exclusivamente na orientação sexual e identidade de gênero da 
vítima (ILGA, 2011). Isso evidencia o vasto caminho a se percorrer 
quando se fala, por exemplo, da garantia do direito de estar livre de 
tortura ou tratamento cruel.
Não se pode dizer que haja, também, o pleno direito à seguri-
dade, assistência e benefícios sociais, já que, devido ao não reco-
nhecimento das relações homossexuais em vários países, inúmeras 
dificuldades ainda são enfrentadas como, por exemplo, a impossi-
bilidade de se declarar o cônjuge (COMAN, 2003).
Coloca-se tambéma homofobia e a falta de preparo no que diz 
respeito ao trato com questões de orientação sexual de muitos pro-
fissionais de saúde como um dos principais fatores que dificultam 
a plena garantia à saúde física e também mental.
Nem mesmo o direito à educação é plenamente garantido, afi-
nal, a escola não se mostra um ambiente seguro sendo que alunos 
homossexuais são vítimas frequentemente de bullying (id.).
Diante do colocado, é possível observar que, ao contrário do 
que deveria ser, em muitos países a igualdade de direitos perante a 
lei ainda não é assegurada à população LGBTTT e, nesse sentido, a 
luta pela garantia dos Direitos Humanos é ainda grande.
A luta do movimento LGBTTT pela garantia de Direitos Huma-
nos não representa, portanto, uma tentativa de garantia de privi-
légios, mas sim pela garantia de direitos já assegurados, ao menos 
teoricamente, à população como um todo (id. 2003).
38 Tradução nossa.
39 Para a consulta da lista dos países citada, acesse: <http://old.ilga.org/Statehomophobia/
ILGA_State_Sponsored_Homophobia_2011.pdf>. Acesso em 19 nov. 2011.
40 Apenas sete países possuem proibição constitucional de discriminação baseada na 
orientação sexual (ILGA, 2011).
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Simulação das Nações Unidas para Secundaristas – 2012 Direitos Humanos, Orientação Sexual e Identidade de Gênero
Por conseguinte, a Carta das Nações Unidas em seu artigo 1º 
traz como propósito da Organização: conseguir uma cooperação 
internacional para promover e estimular o respeito aos Direitos 
Humanos e às liberdades fundamentais para todos. 
Assim, apesar de a luta por direitos iguais mostrar resultados re-
levantes, exemplificadas pelas diversas conquistas explicitadas em 
seções anteriores deste artigo, esta ainda não está completa. É neces-
sário, ainda, fazer que os Direitos Humanos sejam realmente trata-
dos como tais, ou seja, universais e, consequentemente, respeitados 
por todos e válidos para todos. A resposta para isso, então, está na 
cooperação – em níveis governamentais, regionais e internacionais.
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