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segundo livro de contabilidade

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FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 
 
 
 
 
 
Conselho Editorial EAD 
Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) 
Mara Lúcia Machado 
José Édil de Lima Alves 
Astomiro Romais 
Andrea Eick 
 
 
Obra organizada pela Universidade Luterana do 
Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade 
dos autores a emissão de conceitos. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido 
na Lei nº .610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código 
Penal. 
 
 
ISBN: 978-85-7838-032-8 
Edição Revisada 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
SOBRE O AUTOR 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
É graduada em Ciências Contábeis, especialista em Controladoria pela 
Universidade Regional Integrada (URI-RS) com a temática “Sistemas 
de informação com foco no CRM” e mestra em Desenvolvimento Re-
gional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc-RS) com apro-
fundamento do tema “Lei de Responsabilidade Fiscal: estudo da exe-
cução orçamentária nos municípios da região metropolitana de Porto 
Alegre no período de 2000 a 2005”. Tem vasta experiência em qualifi-
cação e gestão pública e privada e – além de ser docente na Universi-
dade Luterana do Brasil (ULBRA) nos cursos de Ciências Contábeis e 
Administração de Empresas – é diretora de Consultoria em Projetos e 
Gestão Públicos e privados (PGPP), instituição onde responde pelos 
programas de planejamento Estratégico, Políticas e Estratégias Geren-
ciais e Desenvolvimento Regional. 
 
SUMÁRIO 
1 A CONTABILIDADE ......................................................................................... 13 
1.1 Conceito De Contabilidade ...................................................................... 14 
1.2 Objeto, Objetivos E Finalidade Da Contabilidade ....................................... 15 
1.3 Técnicas Utilizadas Pela Contabilidade Para Atingir Seus Objetivos ........... 15 
1.4 Patrimônio .............................................................................................. 16 
1.5 Patrimônio Líquido .................................................................................. 19 
1.6 Aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio ..................................... 21 
1.7 Investimentos Patrimoniais e as origens de recursos ................................. 22 
Ponto final .................................................................................................... 23 
Bibliografia .................................................................................................. 24 
2 FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA CONTABILIDADE .......................................... 26 
2.1 Princípios fundamentais de contabilidade ................................................ 26 
2.2 Convenções Contábeis ............................................................................ 30 
2.3 Regimes contábeis .................................................................................. 32 
Ponto Final ................................................................................................... 33 
Bibliografia .................................................................................................. 34 
3 OS RELATÓRIOS CONTÁBEIS ........................................................................... 36 
3.1 O Processo Decisório ............................................................................... 36 
3.2 Conceito de relatório contábil .................................................................. 38 
3.3 Demonstrações financeiras obrigatórias .................................................. 38 
 
 
10 
3.4 Demonstrações contábeis não obrigatórias .............................................. 43 
Ponto final .................................................................................................... 44 
Bibliografia .................................................................................................. 44 
4 BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................................ 45 
4.1 O que é Balanço Patrimonial? .................................................................. 45 
4.2 Grupos de contas .................................................................................... 46 
4.3 Principais deduções do ativo e do Patrimônio Líquido ............................... 52 
Ponto final .................................................................................................... 55 
Bibliografia .................................................................................................. 56 
5 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) ................................... 57 
5.1 Receitas e Despesas ............................................................................... 57 
5.2 Despesa e Custo ..................................................................................... 59 
5.3 Demonstração do resultado do exercício (DRE) ........................................ 60 
5.4 Reservas ................................................................................................. 65 
5.5 DRE Inovada ........................................................................................... 66 
Ponto Final ................................................................................................... 67 
Bibliografia .................................................................................................. 68 
6 CICLO CONTÁBIL: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ................................................ 69 
6.1 Plano de contas ...................................................................................... 70 
6.2 Sistemas Contábeis ................................................................................ 73 
6.3 Livros De Escrituração ............................................................................. 74 
6.4 Método De Escrituração .......................................................................... 76 
6.5 Balancete De Verificação ........................................................................ 76 
Ponto final .................................................................................................... 78 
Bibliografia .................................................................................................. 79 
7 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL ............................................................................. 80 
7.1 Conceito de escrituração ......................................................................... 80 
 
11 
7.2 Lançamento ............................................................................................ 81 
7.3 Erros de escrituração .............................................................................. 87 
Bibliografia .................................................................................................. 90 
Ponto final .................................................................................................... 91 
8 APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ..................................................... 92 
8.1 Conceito ................................................................................................. 92 
8.2 Exemplo Prático ...................................................................................... 93 
Ponto Final ................................................................................................... 97 
9 INVENTÁRIO .................................................................................................. 98 
9.1 Classificação do Inventário...................................................................... 98 
9.2 Fases do inventário ................................................................................. 99 
9.3 Critérios de avaliação dos ativos ............................................................ 101 
9.4 Critérios de avaliação de passivos .......................................................... 103 
Ponto Final .................................................................................................103 
REFERÊNCIAS POR CAPITULO ......................................................................... 105 
 
 
1 A CONTABILIDADE 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
A Contabilidade é tão antiga quanto a civilização e está ligada à neces-
sidade social de proteção à posse, controle e interpretação das varia-
ções patrimoniais. Desde os primórdios da história da humanidade 
observa-se o homem inventariando (de forma bem rudimentar) seu 
rebanho. Com a evolução da agricultura, do comércio e, na sequência, 
da industrialização, foram pensadas e estudadas as várias formas de 
registrar os fatos contábeis que ocorriam na gestão patrimonial, forma-
tando-se relatórios que evidenciassem o resultado dessa gestão. 
Sua evolução deu-se de forma gradativa e, hoje, a Contabilidade é tida 
como a linguagem dos negócios, como uma bússola que orienta os 
gestores (públicos e privados) na tomada de decisão. Seu estudo parte 
do entendimento e da apreensão de sua base conceitual. O objetivo 
deste capítulo é darmos nossos primeiros passos (de mãos dadas, não 
se preocupe) para que você vá descobrindo a ciência contábil e vendo o 
quanto ela faz parte da sua vida. 
E, partindo-se da máxima de que “ninguém ama o que não conhece”, 
vamos conhecê-la melhor. Tenho certeza de que você vai se surpreen-
der... 
Neste primeiro capítulo, estudaremos: 
• conceito de contabilidade; 
• usuários; 
• objeto, objetivos e finalidade da contabilidade; 
• técnicas contábeis; 
• patrimônio líquido; 
 
 
14 
• aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio; 
• investimentos patrimoniais e fontes de recursos. 
1.1 Conceito De Contabilidade 
A contabilidade é uma ciência social um sistema de informação e ava-
liação destinado a prover seus usuários com relatórios, demonstrações 
e análises de natureza econômico-financeira da empresa em determi-
nado momento e sua evolução em determinado período. 
Há na literatura alguns conceitos de contabilidade. Para Marion, a 
“ciência contábil é o instrumento que fornece o máximo de informa-
ções úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”. Já 
segundo Ribeiro, a “Contabilidade é uma ciência que permite, através 
de suas técnicas, manter um controle permanente do patrimônio da 
empresa”. De acordo com Franco, contabilidade é “a ciência (ou a 
técnica, segundo alguns) que estuda, controla e interpreta os fatos 
ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demons-
tração expositiva e a revelação destes fatos, com o fim de oferecer in-
formações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resul-
tado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial”. 
A partir dos conceitos apresentados, fica compreendido o motivo do 
estudo da contabilidade: você (enquanto gestor, gerente, investidor, 
funcionário, fornecedor, cidadão ou analista) necessita de informações 
que demonstrem a situação da empresa (e de seu patrimônio). Através 
da contabilidade torna-se possível coletar, processar e estruturar essas 
informações para você. 
Também é necessária a deposição de preconceitos, como o senso co-
mum de que a contabilidade somente atende às exigências do governo 
(fisco); muito além disso, ela é feita para auxiliá-lo na tomada de deci-
são através de um fluxo contínuo de informações sobre os mais varia-
dos aspectos da gestão econômico-financeira da empresa. 
Ora, se a contabilidade é um sistema de informação, quem são os usu-
ários desse sistema? Conforme destaca Marion, “são as pessoas que se 
utilizam da Contabilidade, que se interessam pela situação da empresa 
e buscam na Contabilidade as suas respostas”. É óbvio que não só os 
administradores se utilizam da contabilidade, vamos citar outros usuá-
rios: investidores, fornecedores, bancos, governo, sindicatos, emprega-
dos, concorrentes, analistas, órgãos públicos e consultores. 
 
15 
1.2 Objeto, Objetivos E Finalidade Da Contabilidade 
O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência. Na contabi-
lidade, o objeto de estudo é o patrimônio de uma entidade. 
No que se refere aos objetivos da contabilidade, ressaltamos: 
• apresentar corretamente o patrimônio; 
• apreender e analisar as causas das suas mutações (mudanças); 
• prover os diferentes usuários com informações sobre aspectos de 
natureza econômica, financeira e física do patrimônio (registros, 
diagnósticos, demonstrações, análises, prognósticos, relatos, pare-
ceres, planilhas entre outros). 
Sua finalidade, segundo Ribeiro, é permitir o estudo e o controle dos 
fatos decorrentes da gestão do patrimônio das entidades econômico 
administrativas. Entende-se como entidades econômico-
administrativas as organizações que reúnem pessoas, patrimônio, 
titular, capital, ação administrativa e fim determinado e que são classi-
ficadas como: 
• entidades com fins econômicos (empresas comerciais, agrícolas, 
industriais); 
• entidades com fins socioeconômicos (associações de classe, clubes 
sociais, ONGs, cooperativas etc.); 
• entidades com fins sociais (União, estados, municípios). 
1.3 Técnicas Utilizadas Pela Contabilidade Para Atingir 
Seus Objetivos 
Os meios utilizados pela contabilidade para atingir seus objetivos 
compreendem o conjunto de técnicas denominadas de técnicas contá-
beis, quais sejam: 
Escrituração – registro em livros próprios (Diário Razão, Caixa, Contas 
Correntes) de todos os fatos administrativos que ocorrem no dia a dia 
das empresas. 
Demonstrações Contábeis – confecção de quadros técnicos que apre-
sentam dados extraídos dos registros contábeis das empresas. As mais 
importantes são o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Re-
sultado do Exercício (DRE) que estudaremos mais adiante; 
 
 
16 
Auditoria e Perícia – verificação da exatidão dos dados contidos nas 
demonstrações contábeis, através de um exame minucioso dos regis-
tros e dos documentos que deram origem a estes registros; 
Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis – exame e inter-
pretação dos dados contidos nas demonstrações contábeis, transfor-
mando estes dados em informações (indicadores) úteis para os diver-
sos usuários da Contabilidade. 
1.4 Patrimônio 
Se o objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio, precisamos 
conceituá-lo para darmos prosseguimento ao nosso estudo. 
O termo patrimônio significa o conjunto de bens de uma pessoa (pessoa 
física) ou de uma empresa (pessoa jurídica). Compõem-se também de 
direitos (valores a receber) e de obrigações (valores a pagar). 
Assim, patrimônio significa, de um lado, o conjunto de bens e direitos 
pertencente a uma pessoa ou empresa; e de outro, inclui as obrigações 
a serem pagas, o que é representado a seguir. 
PATRIMÔNIO (de uma pessoa ou empresa) 
Bens 
Direitos (valores a receber) 
Obrigações (valores a pagar) 
 
1.4.1 Bens 
Segundo Ribeiro, bens são as coisas capazes de satisfazer as necessida-
des humanas, suscetíveis de avaliação econômica. Sob o ponto de vista 
contábil, podemos definir como bem tudo aquilo que a empresa possui 
para venda, troca ou consumo. Por exemplo: 
• bens de uso: balcões, prateleiras, computadores, impressora fiscal; 
• bens de troca: mercadorias, dinheiro etc.; 
• bens de consumo: material de expediente (embalagens, bobinas, 
cartuchos, A4, etc.), material de limpeza etc. 
Os bens podem, ainda, ser classificados em tangíveis e intangíveis: 
a) Bens Tangíveis (também chamados de bens materiais): possuem 
corpo, matéria física, são palpáveis. Ex.: veículos, imóveis, esto-
 
17 
ques de mercadorias, dinheiro, móveis e utensílios (móveis do es-
critório), ferramentas, etc. 
Podem ser divididos em móveis e imóveis: 
• Bens imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser 
retirados sem destruição ou danos. Por exemplo: edifícios, cons-
truções etc. 
• Bens móveis: são aqueles que podem ser removidos. Por exemplo: 
máquinas, equipamentos, veículos, equipamentos, estoques de 
mercadorias etc. 
b) Bens Intangíveis (imateriais): não têm matéria, não são palpáveis. 
Por exemplo: marcas,patentes de invenção, benfeitorias em imó-
veis de terceiros, “ponto”, gastos de organização etc. 
1.4.2 Direitos 
Segundo Ribeiro, constituem direitos para a empresa todos os valores 
que ela tem a receber. Esses direitos são registrados nos livros contá-
beis da empresa, seguido da expressão a receber. Em relação às empre-
sas, o direito mais comum decorre de vendas a prazo, o pagamento 
não é feito no ato, mas no futuro o qual se denomina duplicatas a rece-
ber, títulos a receber, contas a receber, etc. Outros direitos: aluguéis a 
receber, promissórias a receber, banco conta movimento (depósitos) 
etc. 
Bens e direitos são representados como componentes do patrimônio 
positivos, dinâmicos, que produzem ganho para a empresa, daí esta-
rem representados no grupo patrimonial ATIVO. 
1.4.3 Obrigações 
São dívidas com outras pessoas e ou empresas. Em contabilidade, tais 
dívidas são denominadas exigíveis (pagamento na data do vencimen-
to). São obrigações exigíveis: salários a pagar, impostos a pagar, encar-
gos sociais a pagar, aluguéis a pagar, contas a pagar, fornecedores, 
empréstimos bancários etc. 
Obrigações são representadas como componentes patrimoniais negati-
vos, representando capitais de terceiros investidos na empresa, daí 
estarem representados no grupo patrimonial PASSIVO. Esses recursos, 
por sua vez, provêm de duas fontes: 
 
 
18 
a) débitos de funcionamento: obrigações que surgem em decorrência 
da gestão normal da empresa. Por exemplo: fornecedores, obriga-
ções fiscais, trabalhistas etc.; 
b) débitos de financiamento: recursos obtidos pela empresa mediante 
terceiros em forma de empréstimos. 
Observe que os direitos e obrigações são fáceis de se reconhecer: 
Direitos – são seguidos da expressão a receber; 
obrigações– são seguidos da expressão a pagar 
Mas, preste atenção: Clientes (direito) e fornecedores (obrigação) são exceções a 
essa regra. Da mesma forma que os compromissos que a empresa tem com 
entidades governamentais (impostos e encargos sociais, por exemplo) poderão ser 
contabilizados com a expressão a pagar ou a recolher 
1.4.4 Representação gráfica do patrimônio 
Na representação gráfica patrimonial, colocamos no lado esquerdo os 
bens e direitos e no lado direito as obrigações. Trata-se de uma con-
venção contábil, conforme é demonstrado a seguir: 
BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES 
Bens 
Dinheiro 
Mercadorias em estoque 
Veículos 
Imóveis 
Máquinas 
Ferramentas 
Móveis e utensílios 
Marcas e patentes 
Direitos 
Depósitos em bancos 
Duplicatas a receber 
Títulos a receber 
Aluguéis a receber 
Ações 
Obrigações 
Empréstimos a pagar 
Salários a pagar 
Fornecedores (duplicatas a pagar) 
Financiamentos 
Impostos a pagar 
Encargos sociais a pagar 
Aluguéis a pagar 
Títulos a pagar 
Promissórias a pagar 
Contas a pagar 
 
 
 
Outra convenção é chamar o lado positivo de Ativo (bens + direitos) e o 
lado negativo de Passivo (obrigações): 
Cia dos Doces 
 Valores em R$ 
 
19 
ATIVO 
BENS + DIREITOS 
PASSIVO 
OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS 
Bens 1.950 Obrigações 4.450 
Direitos 2.800 
Total 4.750 Total 4.450 
 
1.5 Patrimônio Líquido 
Definimos como Patrimônio Líquido (PL) a diferença entre os bens e 
direitos e as obrigações de uma entidade, em determinado momento. 
Assim, é possível apurar a riqueza líquida da empresa, também deno-
minada patrimônio líquido ou situação líquida. 
Por exemplo, tomando-se os dados do quadro anterior, temos: 
PL = (total dos bens + direitos) – obrigações 
PL = 4.750 – 4.450 = 300 
O quadro a seguir indica que, se a Cia dos Doces recebesse todos os 
seus direitos e vendesse todos os seus bens, daria para pagar suas 
dívidas e sobraria R$ 300,00, que corresponde ao seu Patrimônio Lí-
quido. 
Cia dos Doces 
Valores em R$ 
ATIVO PASSIVO 
Bens 1.950 Obrigações 4.450 
Direitos 2.800 Patrimônio Líquido 300 
Total 4.750 Total 4.750 
 
Como podemos observar na representação gráfica patrimonial da Cia 
dos Doces, o Patrimônio Líquido está representado junto com as obri-
gações (Passivo), o correto, então, seria chamar a coluna da direita 
como Passivo e Patrimônio Líquido, tendo em vista que ele completa a 
equação patrimonial. No Brasil, entretanto, convencionou-se chamá-la 
apenas de Passivo. 
1.5.1 Situações Líquidas Patrimoniais 
Os elementos patrimoniais equacionados poderão apresentar três 
situações líquidas patrimoniais diferentes: 
 
 
20 
• Situação líquida patrimonial ativa, positiva ou superavitária 
• Situação líquida patrimonial passiva, negativa ou deficitária 
• Situação líquida patrimonial nula, compensada ou inexistente 
Para compreender cada situação observe os exemplos apresentados 
nos quadros a seguir. 
Situação líquida patrimonial ATIVA, POSITIVA ou SUPERAVITÁRIA 
(valores em R$): 
ATIVO PASSIVO 
Bens 100 Obrigações 80 
Direitos 30 Situação líquida 50 
Total 130 Total 130 
 
Este balanço evidencia uma situação em que o total do Ativo (bens + 
direitos) é maior que o total do Passivo (obrigações), configurando-se 
uma situação líquida ativa, positiva ou superavitária. Suponha que se 
deseje liquidar a empresa nesse momento, realizando-se todos os direi-
tos, vendendo-se todos os bens e quitando-se as obrigações, ainda 
sobraria para os sócios da empresa o valor de R$ 50,00. 
Situação líquida patrimonial PASSIVA, NEGATIVA ou DEFICITÁRIA 
(valores em R$): 
ATIVO PASSIVO 
Bens 100 Obrigações 180 
Direitos 20 (-) Situação líquida (60) 
Total 120 Total 120 
 
Neste balanço, verificamos que o total das obrigações (R$ 180,00) é 
maior do que a soma dos bens e dos direitos (R$ 120,00), configurando-
se uma situação passiva, negativa ou deficitária (-R$ 60,00). Se a em-
presa for liquidada nesse momento, o valor referente à realização dos 
direitos e da venda dos bens será insuficiente para a quitação das obri-
gações, e faltaria R$ 60,00 para cobrirmos o total do Passivo (obriga-
ções). Essa situação é conhecida como PASSIVO A DESCOBERTO 
porque o total do Ativo não é suficiente para cobrir o total do Passivo. 
Situação líquida patrimonial NULA, COMPENSADA ou INEXISTEN-
TE (valores em R$): 
 
21 
ATIVO PASSIVO 
Bens 100 Obrigações 120 
Direitos 20 Situação líquida 0 
Total 120 Total 120 
 
No balanço apresentado, verificamos que a soma de bens e direitos é 
igual ao total das obrigações (R$ 120,00), tratando-se de uma situação 
nula ou inexistente. Se liquidarmos a empresa nesse momento, o mon-
tante apurado com a venda dos bens e o recebimento dos direitos será 
usado para cobrir apenas as obrigações, não restando nada para os 
sócios. 
Nas três situações apresentadas, Ativo e Passivo sempre são maiores 
do que zero. Em raras ocasiões, eles podem ser iguais a zero. Nesse 
caso teremos duas possibilidades, conforme exemplificado nos qua-
dros que seguem. 
O PASSIVO é igual a zero (valores em R$): 
ATIVO PASSIVO 
Bens 100 Obrigações 0 
Direitos 20 Situação líquida 120 
Total 120 Total 120 
 
A constituição da empresa é um dos momentos em que a situaçãoilustrada pelo balanço acima poderá ocorrer, caracterizando uma situ-
ação líquida patrimonial ativa, positiva ou superavitária. 
O ATIVO é igual a zero (valores em R$): 
ATIVO PASSIVO 
Bens 0 Obrigações 40 
Direitos 0 Situação líquida (40) 
Total 0 Total 0 
 
O encerramento das atividades da empresa é um dos momentos em 
que a situação exemplificada poderá ocorrer, configurando-se uma 
situação patrimonial passiva, negativa ou deficitária. 
1.6 Aspectos qualitativo e quantitativo do patrimônio 
Todos os relatórios elaborados a partir da contabilidade e de sua escri-
turação devem ressaltar dois aspectos: 
 
 
22 
a Qualitativo: consiste em qualificar, dar nomes aos elementos com-
ponentes do respectivo relatório, permitindo que se conheça a na-
tureza de cada um (o quê). 
b Quantitativo: consiste em atribuir aos respectivos elementos seus 
valores em moeda (R$). 
As informações quantitativas que a contabilidade produz, quando 
aplicada a uma empresa, devem possibilitar ao usuário avaliar a situa-
ção e as tendências desta, com o menor grau de dificuldade possível. 
Devem, portanto, permitir ao usuário: 
• observar e avaliar o comportamento; 
• comparar seus resultados com o de outros períodos e/ou empre-
sas; 
• avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabelecidos; 
• obter subsídios para o planejamento das operações da empresa. 
1.7 Investimentos Patrimoniais e as origens de recursos 
Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo Passivo e 
Patrimônio Líquido (PL). Os recursos (financeiros ou materiais) são 
originados dos proprietários (ingresso de recursos e reinvestimento de 
lucros), fornecedores (vendas a prazo), governo (impostos e encargos a 
pagar), bancos e financeiras (empréstimos, financiamentos, adianta-
mentos de recebíveis, etc.), representando origens de recursos. Através 
do PASSIVO e do PATRIMÔNIO LÍQUIDO, portanto, identificam-se 
as ORIGENS DE RECURSOS investidos na empresa. 
O ATIVO, por sua vez, evidencia todas as APLICAÇÕES DE RECUR-
SOS: aplicação no caixa, em estoque, em máquinas, em imóveis etc. A 
empresa, só pode aplicar (Ativo) aquilo que tem origem (Passivo e 
Patrimônio Líquido); dessa forma, fica bastante simples entender por-
que o ativo será sempre igual ao passivo (recursos de terceiros) e pa-
trimônio líquido (recursos próprios representados pelo capital social , 
reservas, lucros, outros). 
 
23 
Figura 1.1 – Origens e aplicações de recursos 
 
Fonte: Adaptado de MARION, 2006, p. 56. 
Sem dúvida, as principais origens de recursos para a empresa são o 
capital* investido pelos sócios e o lucro obtido no negócio (PL), lem-
brando que o lucro obtido pela empresa não pertence a ela, mas a seus 
proprietários (sócios ou acionistas), pois são eles que assumem o risco 
do negócio. O lucro é, portanto, a remuneração do capital investido na 
empresa pelos proprietários, o qual é adicionado à conta do proprietá-
rio, ou seja, no patrimônio líquido. 
Empréstimos, financiamentos, factoring, crédito direto ao consumidor, 
ações, debêntures, incentivos fiscais etc. constituem outras fontes de 
recursos importantes para a empresa (capitais de terceiros). 
Ponto final 
Conhecer a base conceitual da contabilidade – conceito, usuários, obje-
to, objetivos, finalidade, patrimônio líquido, aspectos qualitativo e 
quantitativo do patrimônio, investimentos patrimoniais e fontes de 
recursos – é muito importante para que o estudante ou profissional da 
área pública possa amadurecer conceitos mais complexos que são 
exigidos no seu dia a dia. A seguir, um breve resumo dos tópicos a-
bordados: 
Contabilidade: ciência social que estuda o patrimônio das entidades, 
fornecendo informações para a tomada de decisão. 
Patrimônio: objeto de estudo da Contabilidade, consiste no conjunto de bens, 
direitos e obrigações pertencentes a uma pessoa física e/ou jurídica. 
Bens: do ponto de vista contábil, significa os itens de que dispõe a empresa ou 
entidade para a obtenção de seus fins. Em outras palavras, bem é tudo aquilo 
 
* O termo capital significa “recursos”. Capital próprio significa “recursos dos proprietários” (sócios ou 
acionistas) aplicados na empresa. Capital de terceiros, por outro lado, significa “recursos de outras 
pessoas” aplicados na empresa (fornecedores, bancos, etc.). 
 
 
24 
que a empresa possui para venda, troca ou consumo. Pode ser tangível e 
intangível, móvel ou imóvel. 
Direitos: representam o valor da dívida de terceiros para com a empresa; o 
poder de exigir alguma coisa (ou ter em “haver”): valores a receber, contas a 
receber, títulos a receber etc. Junto com os bens, formam a parte positiva do 
patrimônio estão representadas no Ativo. 
Obrigações: dívidas exigíveis, isto é, compromissos que serão reclamados, 
exigidos (pagamento na data do vencimento): duplicatas a pagar (ou 
fornecedores), títulos a pagar, impostos a pagar, financiamentos a pagar etc. 
Estão representadas no Passivo. 
Ativo: grupo patrimonial que representa os investimentos ou aplicações do 
patrimônio ou do capital das empresas; conjunto de bens e direitos de 
propriedade da empresa; são os itens positivos do patrimônio, trazem 
benefícios, proporcionam ganho para a empresa (representam a aplicação dos 
recursos). 
Passivo: grupo patrimonial que representa as fontes dos valores aplicados no 
Ativo; obrigações exigíveis da empresa, ou seja, dívidas que serão cobradas em 
seus respectivos vencimentos. Representa a parte negativa do patrimônio 
(representa, junto com o patrimônio líquido, a origem dos recursos da 
empresa). 
Patrimônio Líquido: valor resultante da diferença entre os valores do Ativo e 
as dívidas da empresa; riqueza líquida da empresa, composta pela diferença 
entre os bens e direitos (Ativo) e suas obrigações exigíveis (Passivo), em 
determinado momento. Também chamado de Situação Líquida Patrimonial. 
Situação Líquida Patrimonial ATIVA, POSITIVA ou SUPERAVITÁRIA: 
situação em que a soma dos bens e direitos é maior do que a soma das 
obrigações. 
Situação Líquida Patrimonial PASSIVA, NEGATIVA ou DEFICITÁRIA: 
situação em que a soma dos bens e direitos é maior do que a soma das 
obrigações. 
Situação Líquida Patrimonial NULA, INEXISTENTE ou COMPENSADA: 
situação em que a soma dos bens e direitos é igual à soma das obrigações. 
Aspecto Qualitativo do Patrimônio: natureza dos itens que compõem o 
patrimônio (o quê) 
Aspecto Quantitativo do Patrimônio: avaliação monetária dos itens 
patrimoniais (quanto) 
 
Bibliografia 
Livros-base utilizados neste capítulo: 
Contabilidade Básica – José Carlos Marion Ed. Atlas 
Contabilidade Fácil – Osni Moura Ribeiro Ed. Saraiva 
Curso de Contabilidade para Não contadores – Sérgio de Iudícibus e 
José Carlos Marion – Ed. Atlas 
 
25 
Nestas obras encontraremos um estudo introdutório, base da ciência 
contábil, bem como exercícios que nos ajudam a compreendê-la me-
lhor. 
Como leitura complementar, sugerimos a leitura do artigo “ A História 
da Contabilidade” disponível em 
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/ historia.htm. 
 
 
2 FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA CONTABILIDADE 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
Existem regras de aplicação geral que orientam a prática do profissio-
nal contábil no exercício de sua atividade. Tais regras, conceitos ou 
princípios, segundo Marion (2003) visam um tratamento contábil pa-
dronizado e servem como guias para a auditoria examinar a qualidade 
dos relatórios contábeis. No presente capítulo estudaremos: 
- Os Princípios Fundamentais de Contabilidade; 
- As Convenções Contábeis 
- Os Regimes Contábeis 
2.1 Princípios fundamentais de contabilidade 
A Contabilidade tem um conjunto de regras quepode ser chamado de 
Estrutura Básica da Contabilidade. Ao pensarmos em estrutura, po-
demos relacionar a um prédio com alicerces, paredes e telhado. A 
parte mais importante do prédio é o alicerce, as colunas, os pilares que 
sustentam os demais componentes da construção. 
Os princípios são, portanto, a forma, o meio e a estrutura de que a 
contabilidade se utiliza para chegar a seus objetivos ou, às vezes, para 
compreender a prática contábil. Em outras palavras, são como placas 
de direção, são guias que “sinalizam” a direção do trabalho do conta-
dor. 
A Resolução do CFC 750/93 dispõe sobre os Princípios Fundamentais 
da Contabilidade e é composta dos seguintes princípios: 
a. Princípio da Entidade 
b. Princípio da Continuidade 
 
27 
c. Princípio da Oportunidade 
d. Princípio do Registro pelo valor original 
e. Princípio da Atualização Monetária 
f. Princípio da Competência 
g. Princípio da Prudência 
O estudo destes princípios é de relevante importância para a execução 
de trabalhos que envolvam a contabilidade, pois todas as empresas 
que sofreram algum tipo de autuação certamente deixaram de obede-
cer a um ou mais dos Princípios Fundamentais da Contabilidade. 
2.1.1 Princípio da Entidade 
O principio da entidade faz referência ao patrimônio que será adminis-
trado, estudado, avaliado, constituindo-se em elemento autônomo em 
relação aos detentores do capital aplicado, nesse mesmo patrimônio e, 
como se diz com frequência, o patrimônio dos sócios não se confunde 
com o da empresa (entidade). 
Reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade afirma a auto-
nomia patrimonial, a necessidade de diferenciação de um patrimônio 
particular no universo dos patrimônios existentes. É por este motivo 
que a Receita Federal solicita aos contribuintes duas declarações de 
renda: uma da pessoa física e outra da pessoa jurídica. Desse primeiro 
conceito deduz-se que a Contabilidade é mantida para a entidade 
como pessoa distinta de seus sócios. 
A moderna teoria contábil amplia o conceito do princípio da entidade 
num sentido econômico, organizacional e de controle. Evidencia que 
não há necessidade de apego tão somente à conotação jurídica (pessoa 
física/pessoa jurídica) para identificar-se uma entidade contábil, admi-
tindo a idéia da formação de entidades no sentido macro (consolidado) 
e micro (divisões da empresa). 
Assim, pode-se afirmar que, para a Contabilidade, qualquer indivíduo, 
empresa, grupo de empresas, setor ou divisão, desde que efetue ativi-
dade econômica, e que seja tão importante, a critério dos stakeholders 
(segmentos de pessoas interessadas como acionistas, credores, empre-
gados, governo, etc.), que justifique um relatório separado e individua-
lizado de receitas e despesas, de investimentos e de retornos, de metas 
e realizações, pode tornar-se uma ENTIDADE CONTÁBIL. 
 
 
28 
O conceito de entidade contábil, portanto, pode incluir o conceito jurídico 
(CNPJ/CPF), uma divisão da empresa ou uma superempresa, tal como a 
consolidação de várias firmas correlacionadas. A escolha da entidade contábil 
apropriada, em cada caso, depende dos objetivos dos demonstrativos e dos 
interesses dos usuários da informação. 
2.1.2 Princípio da Continuidade 
Os procedimentos contábeis devem considerar a continuidade dos 
negócios da entidade, uma vez que esses negócios se renovam por 
meio de seu ciclo de operações e investimentos. Esse segundo pilar é 
baseado no pressuposto de que a empresa é algo em andamento, em 
continuidade, que funcionará por prazo indeterminado, até forte evi-
dência em contrário (prejuízos sucessivos). 
Saliente-se que, os princípios da ENTIDADE e da CONTINUIDADE 
constituem os alicerces sobre os quais se baseia o edifício dos conceitos 
contábeis. De forma combinada poderíamos afirmar: 
A Contabilidade é mantida para as entidades, como pessoas distintas dos sócios 
que as integram e que, se supõe, continuarão operando por um período indefinido 
de tempo. 
Os demais princípios, constituem as paredes e a cobertura da constru-
ção contábil. Vamos a eles: 
2.1.3 Princípio da Oportunidade 
A integridade dos registros é de fundamental importância para a aná-
lise dos elementos patrimoniais, pois todos os fatos contábeis devem 
ser registrados, incluindo os das filiais, sucursais e demais dependên-
cias de uma mesma entidade. 
Este princípio tem muito a ver com o da tempestividade, pois implica 
registrar os fatos contábeis quando eles acontecem. 
2.1.4 Princípio do Registro pelo Valor Original 
Este princípio reza que os elementos patrimoniais devem ser registra-
dos pelo valor originado nas transações com os agentes externos a 
entidade e em moeda corrente do país, não se levando em conta os 
valores futuros de entradas ou de saídas. 
Qualquer variação patrimonial deverá ser reconhecida no momento de 
sua ocorrência e não no momento da entrada dos elementos patrimo-
niais. Quando as transações forem realizadas em moedas estrangeiras 
 
29 
as mesmas deverão ser convertidas para a moeda corrente em nosso 
país para a efetivação de seu registro contábil. 
O custo inicial, além dos provisionamentos normais que devem aten-
der à perda de valor econômico (depreciação, amortização, exaustão), 
precisa ser “conservado”, durante o tempo, mantendo o poder aquisi-
tivo inalterado. A tendência corrente dos princípios contábeis é CON-
SERVADORA, no sentido de não correr riscos na avaliação, a cada 
momento, sobre a potencialidade do ativo em gerar serviços futuros, o 
que poderia levar a erros de julgamento. A Contabilidade contenta-se 
em resguardar o valor original do ativo (com amortizações respecti-
vas), pelo menos como indicador de um valor econômico aproximado, 
na data da transação. 
2.1.5 Princípio da Atualização Monetária 
Deverão ser reconhecidas as variações do poder aquisitivo da moeda 
nacional nos registros contábeis das entidades e por conseqüência nas 
demonstrações contábeis. 
A legislação fiscal veio coibir esta atualização a partir de 01/01/1996 
por meio do artigo 4 da lei 9249 de 26/12/1995. 
"Fica vedado a utilização de qualquer sistema de correção monetária de 
demonstrações financeiras, inclusive para fins societários". A falta de aplicação 
do principio da atualização monetária traz uma perda na qualidade e utilidade 
das demonstrações contábeis, ainda que, estando a inflação estável. Certamente, 
os índices de rentabilidade em relação ao patrimônio líquido estarão 
irremediavelmente prejudicados. 
A resolução do CFC 900/01 estabelece a aplicação deste princípio 
quando a inflação acumulada no triênio atingir 100%, índice este calcu-
lado com base no IGPM - Índice Geral de Preços do Mercado. Esta 
resolução também determina que o IGPM será usado compulsoria-
mente e deverá ser amplamente divulgado nas demonstrações contá-
beis. 
2.1.6 Princípio da Competência 
Por este princípio entende-se que as receitas e as despesas devem ser 
consideradas para a apuração do resultado do período a que se referi-
rem e no momento de sua ocorrência. 
Não importa o momento que a receita foi recebida ou o momento em 
que a despesa foi paga. Para a determinação do resultado do período a 
realização da receita deve ser reconhecida quando bens ou serviços são 
 
 
30 
transferidos a terceiros. As despesas, da mesma forma, devem ser 
registradas dentro do período e quando são consumidas (neste capítu-
lo vamos estudar os regimes contábeis – caixa e competência – e você 
entenderá melhor este princípio, não se preocupe). 
2.1.7 Princípio da Prudência 
O princípio da prudência deve ser observado quando surgirem dúvi-
das sobre a correção dos valores a serem registrados. Devemos reco-
nhecer o menor valor para o ativo e o maior valor para o passivo, em 
outras palavras, havendo mais de um critério de avaliação, prima-se 
sempre pelo menor resultado. 
2.1.8 Princípio da Essência sobre a Forma 
Este princípio não está na Resolução do CFC 750/93, porém é adotado 
pelo IBRACONa e pela CVMb. Tal princípio pode ser assim enunciado:“Sempre que possível, a contabilidade, ao contemplar o registro de uma transação, 
deverá observar sua forma legal e essência econômica. Entretanto, se a forma, de 
alguma maneira dissimular ou não representar claramente a essência econômica 
da transação, esta última deverá ser a base de registro para a Contabilidade”. 
(MARION, 2003, p.141) 
Uma empresa vende um ativo, uma máquina, por exemplo, e assume o 
compromisso de recomprá-la por um valor e data já determinados. 
Esta formalidade deve ensejar a contabilização de uma operação de 
financiamento (essência) e não de compra e venda (forma jurídica). 
Um contrato pode, juridicamente, estar atribuindo a forma de arren-
damento mercantil (leasing), mas a análise da operação evidencia 
tratar-se, na prática, de um operação de compra e venda financiada. 
Assim, consciente do conflito essência/forma, a Contabilidade registra 
como financiamento. 
 2.2 Convenções Contábeis 
As convenções são mais objetivas e têm a função de indicar a conduta 
adequada que deve ser observada no exercício profissional da Contabi-
lidade. São: convenção da objetividade, da materialidade, da consis-
tência e do conservadorismo. 
 
a Instituto Brasileiro de Contabilidade 
 
b Comissão de Valores Mobiliários 
 
31 
A Resolução CFC 750/93 não faz referência às Convenções Contábeis. 
Entretanto, é pertinente que conheçamos tais convenções, universal-
mente aceitas, dada a importância que elas representam para os regis-
tros contábeis como um todo. 
2.2.1 Convenção da Objetividade 
Refere-se ao sentido de neutralidade que se deve atribuir à Contabili-
dade nos registros dos fatos que envolvem a gestão do patrimônio das 
entidades. Os registros contábeis, sempre que possível, devem ser 
baseados em documentos que comprovem as respectivas transações. 
Segundo Marion (2003, p.141), para que não haja distorções nas infor-
mações contábeis, o contador deverá escolher, entre vários procedi-
mentos o mais objetivo para descrever um fato contábil. 
Assim, por exemplo, toda vez que um Contabilista tiver mais de uma 
opção de valores para atribuir a um dado bem, como um documento 
original de compra e um laudo pericial de avaliação do bem, deverá 
optar pelo mais objetivo – no caso, o documento de compra. Já na 
ausência do documento original de compra, utilizar-se-á laudos de 
avaliação, que fornecerão um valor objetivo para o contador desenvol-
ver, de forma imparcial, a contabilidade. 
É importante a impessoalidade (neutralidade) do contador (em relação 
aos usuários dos informes contábeis) que, quanto mais objetivo for, 
mais imparciais serão estes informes. 
2.2.2 Convenção da Materialidade 
Por meio da materialidade, define-se o que é material (relevante) e o 
que o contador deve informar em seus relatórios. Tal convenção esta-
belece que não se deve perder tempo com registros irrelevantes do 
ponto de vista contábil; registros cujos controles podem se tornar mais 
onerosos que os próprios valores a serem registrados. A aplicação 
dessa convenção é relativa em relação à natureza da empresa e seus 
registros, por isso exige bom senso. Há situações em que, embora os 
valores sejam irrelevantes, a respectiva importância em relação a um 
todo exige o registro. 
Como exemplo, podemos citar os materiais de expediente utilizados 
no escritório, como lápis, papéis, etc. Esses materiais, embora consu-
midos diariamente, podem ser contabilizados apenas ao final do perí-
odo por diferenças de estoques, dado os seus pequenos valores unitá-
rios. 
 
 
32 
Em resumo, há determinadas informações contábeis cujo custo para 
evidenciá-las (tempo do pessoal da contabilidade, material, computa-
dor, etc.) é maior que o benefício que trará aos usuários dessas infor-
mações. Portanto, para valores irrisórios em relação ao todo, a “mate-
rialidade” desobriga a um tratamento mais rígido que os itens de cifras 
relevantes. 
2.2.3 Convenção da Consistência 
De acordo com essa Convenção Contábil, os critérios adotados no 
registro dos atos e fatos administrativos não devem mudar frequente-
mente. No caso de necessidade de mudanças em tais critérios, devem 
ser informadas em notas explicativas. 
A quebra da consistência na escrituração provoca influências nos de-
monstrativos contábeis, o que prejudica a análise clara e eficiente em 
comparação com os demonstrativos de exercícios anteriores. 
2.2.4 Conservadorismo ou Prudência 
Estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma con-
duta mais conservadora (precaução) em relação aos resultados que 
serão apresentados, evitando que projeções distorcidas sejam feitas 
pelos usuários. Assim, se houver duas opções igualmente válidas de-
ve-se optar sempre por aquela que acusa um menor valor para os ati-
vos e para as receitas e o maior valor para os passivos e para as despe-
sas. 
 Em outras palavras, o conceito do conservadorismo tem como pre-
missa não dar uma imagem otimista em uma situação alternativa que, 
com o passar do tempo, poderá reverter-se. 
2.3 Regimes contábeis 
A Contabilidade, dependendo da necessidade do usuário da informa-
ção, pode utilizar diferentes regimes para contabilização das receitas, 
custos e despesas. Os chamados regimes contábeis referem-se à forma 
de reconhecimento das receitas, custos e despesas das entidades. São 
três os regimes contábeis: Caixa, Competência e Misto. Vejamos cada 
um deles: 
a. Regime de Caixa: baseia-se em reconhecer (registrar) as receitas, 
custos e despesas no ato do efetivo recebimento (receitas) ou pa-
gamento (despesas e custos). Seu reflexo está diretamente relacio-
 
33 
nado ao caixa. É aplicável às entidades sem fins lucrativos e facul-
tado às micro e pequenas empresas optantes pelo SIMPLESc; 
b. Regime de Competência: reconhece as receitas e despesas por 
ocasião do fato gerador. Assim, receitas e despesas são reconheci-
das no momento em que foram geradas ou incorridas, indepen-
dentemente se foram recebidas ou pagas. É o regime adotado e a-
ceito pela legislação do imposto de renda com base no lucro reald. 
c. Regime Misto: aplicável às entidades governamentais, o regime 
misto reconhece as receitas pelo regime de caixa (quando elas efe-
tivamente ingressam nos cofres públicos) e as despesas pelo regi-
me de competência (quando ocorrem – empenho). 
Ponto Final 
Conhecer a estrutura conceitual (científica) da Contabilidade é muito 
importante para você compreender melhor a ciência contábil e seus 
relatórios/informações. Para não esquecer, apresentamos um quadro-
resumo do que estudamos neste capítulo: 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONTABILIDADE 
ENTIDADE 
Indivíduo, empresa, grupo de empresas ou entidades 
que efetue atividade econômica, e que seja tão 
importante, a critério dos stakeholders (segmentos de 
pessoas interessadas como acionistas, credores, 
empregados, governo, etc.), que justifique um relatório 
separado e individualizado de receitas e despesas, de 
investimentos e de retornos, de metas e realizações 
CONTINUIDADE 
Contabilmente as empresas são consideradas 
empreendimentos em operação, em continuidade, em 
andamento. 
OPORTUNIDADE 
Refere-se à tempestividade e à integridade do registro 
do patrimônio e das suas mutações. 
REGISTRO PELO 
VALOR 
ORIGINAL 
Os registros contábeis são efetuados com base no valor 
de aquisição do bem ou pelo preço de fabricação 
(incluindo todos os gastos necessários para colocar o 
bem em condições de gerar benefícios para a empresa). 
ATUALIZAÇÃO Reconhecimento das variações do poder aquisitivo da 
 
c O Simples Nacional é um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido previsto na Lei 
Complementar nº 123, de 14.12.2006, aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno 
Porte, a partir de 01.07.2007. Para saber mais, pesquise em 
http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/sobre/perguntas.asp. 
 
d Lucro Real: regime tributário em que os impostossão calculados com base no lucro real da empresa, 
apurado considerando-se todas as receitas, menos todos os custos e despesas da empresa, de acordo com o 
regulamento do imposto de renda. Para saber mais, pesquise em: 
http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/DIPJ/2005/PergResp2005/pr242a264.htm 
 
 
34 
MONETÁRIA moeda nacional nos registros contábeis das entidades e 
por consequência nas demonstrações contábeis. 
 
COMPETÊNCIA 
Reconhecimento da receita e da despesa de acordo com 
seu fato gerador, independentemente de recebimento 
(receita) e ou pagamento (custo/despesa). 
PRUDÊNCIA 
Havendo mais de um critério de avaliação, prima-se 
sempre pelo menor resultado. 
 
CONVENÇÕES 
OBJETIVIDADE 
Escolha de procedimentos objetivos (baseados em 
documentação) para descrição de um fato contábil. 
MATERIALIDADE 
Avaliação do custo/benefício para evidenciação da 
informação contábil. 
CONSISTÊNCIA 
Adotado um critério de contabilização, o mesmo não 
deve ser mudado para que não prejudique a 
comparabilidade dos resultados, a não ser que seja 
absolutamente necessário (neste caso deve ser 
informada a mudança de critério via nota explicativa) 
PRUDÊNCIA 
Sempre que se defrontar com alternativas igualmente 
válidas para atribuição de valores ao ativo e ao passivo, 
deve-se optar pelo valor mais baixo para o ativo e o 
mais alto para o passivo (menor resultado possível). 
REGIMES CONTÁBEIS 
CAIXA 
Registram-se as receitas quando de seu recebimento e as 
despesas quando de seu pagamento (acompanha-se o 
fluxo do caixa). Aplicável às entidades sem fins 
lucrativos e facultado às micro e pequenas empresas 
optantes pelo SIMPLES. 
COMPETÊNCIA 
Registram-se as receitas e despesas quando de sua 
ocorrência, observando o mês (ou período) a que se 
referem, independentemente do seu efetivo recebimento 
e ou pagamento. Aplicável às empresas com fins 
lucrativos. 
MISTO 
Adotado pela contabilidade pública, reconhece as 
receitas pelo regime de caixa (recebimento) e as 
despesas pelo regime de competência (quando de sua 
ocorrência). 
 
Bibliografia 
Livros-base utilizados neste capítulo: 
Contabilidade Empresarial de José Carlos Marion – Ed. Atlas 
Curso de Contabilidade para Não Contadores – de Sérgio de Iudícibus 
e José Carlos Marion. 
 
35 
Contabilidade Fácil – de Osni Moura Ribeiro. Ed. Saraiva 
Você vai encontrar nestes livros os fundamentos da Contabilidade: 
princípios, convenções, tipos de regimes contábeis. Tais informações 
permitem um melhor entendimento da ciência contábil e, conseqüen-
temente, o aprofundamento de seu estudo. Sugerimos a leitura do 
artigo CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DA ORIGEM E EVOLU-
ÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS GERALMENTE ACEITOS NO 
BRASIL de autoria de José Aparecido Moura Aranha – Professor da 
Faculdade Estácio de Sá de Campo Grande e do Centro Universitário 
de Campo Grande – UNAES, Mestre em Ciências Contábeis e Atuária 
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, disponí-
vel em 
www.fes.br/revistas/agora/ojs/include/getdoc.php?id=116&article=41&
mode=pdf. 
Referido artigo tem por objetivo evidenciar como se deu a origem e 
evolução dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos no Brasil. Atra-
vés de revisão de literatura os autores descrevem como se deu essa 
evolução até os atuais documentos conceituais de contabilidade. Bons 
estudos! 
 
 
 
3 OS RELATÓRIOS CONTÁBEIS 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
Para continuarmos nosso estudo, neste capítulo veremos um pouco 
mais sobre as técnicas contábeis, com ênfase nas demonstrações finan-
ceiras (ou demonstrações contábeis). É um estudo precioso, preliminar 
ao estudo detalhado de cada uma das demonstrações; podemos dizer: 
um “tur” geral. Essas demonstrações fornecerão a você as informações 
necessárias para a tomada de decisão (percebeu a importância?) e, 
como queremos sempre tomar a melhor decisão, vamos nos deter com 
carinho a esse estudo. Combinado? 
Neste capítulo veremos os seguintes tópicos: 
• Processo Decisório 
• Tomadores de decisão externos à empresa. 
• Conceito de relatório contábil. 
• Principais demonstrações financeiras. 
• Complementação às demonstrações financeiras. 
• Requisitos para publicação das demonstrações financeiras. 
• Demonstrações contábeis não obrigatórias. 
3.1 O Processo Decisório 
A nossa vida é uma sequência de decisões e escolhas. A cada instante, 
para vivermos, temos que tomar decisões em graus variados de impor-
tância. Algumas são essenciais (papel social, religião, opção profissio-
nal), outras são operacionais (o que vestir hoje, onde almoçar, por qual 
caminho ir à aula). Nessa dinâmica, em muitos casos, temos respostas 
prontas para as situações, mas, via de regra, a vida sempre se apresen-
 
37 
ta com situações novas, para as quais temos que elaborar alternativas 
de ação e escolher entre elas. 
Dentro de uma empresa, isso não é diferente. Frequentemente os ges-
tores estão tomando decisões, todas elas importantes para a continui-
dade e sucesso do negócio. Como definir o preço de venda de um 
produto, contratar (ou não) um funcionário, financiar uma máquina ou 
pagá-la à vista, que quantidade de estoque manter de determinada 
mercadoria, como reduzir custos e produzir mais, entre outras, são 
decisões que fazem parte da rotina dos administradores. 
Para que possam tomar tais decisões, eles necessitam de dados, infor-
mações e subsídios que embasem tais escolhas e, é claro, minimizem os 
riscos. A contabilidade é o instrumento que auxilia a administração em 
suas decisões. Na prática, ela coleta todos os dados econômicos e fi-
nanceiros, registrando-os e sintetizando-os em forma de relatórios. 
Além dos administradores e gerentes (principais usuários da contabi-
lidade), outros segmentos, externos à empresa, também se utilizam dos 
relatórios contábeis (lembram dos usuários das informações contá-
beis?) em seu processo decisório quais sejam: investidores, fornecedo-
res, bancos, governo, sindicatos, analistas de mercado, outros. 
Vejamos o que cada usuário busca nos relatórios contábeis: 
1. Investidores: é através dos relatórios contábeis que se identifica a 
situação econômico-financeira da empresa, sendo que dessa for-
ma o investidor tem em mãos os elementos necessários para deci-
dir sobre as melhores alternativas de investimentos. Ressalte-se 
que tais relatórios evidenciam a capacidade da empresa em gerar 
lucros (principal interesse de quem quer investir), além de outras 
informações. 
2. Fornecedores de bens e serviços: usam os relatórios para avaliar a 
liquidez da empresa, ou seja, sua capacidade de pagamento. 
3. Bancos: utilizam os relatórios/demonstrações contábeis para apro-
var empréstimos e definir o limite de crédito de uma empresa. 
4. Governo: não só usa os relatórios com a finalidade de arrecadação 
de impostos, como também para dados estatísticos, no sentido de 
melhor redimensionar a economia (IBGE, por exemplo). 
5. Sindicatos: utilizam os relatórios para determinar a produtividade 
do setor, fator fundamental para reajuste de salários. 
 
 
38 
6. Outros interessados: colaboradores, órgãos de classe, concorren-
tes, analistas de mercado, consultores etc. Avaliam as demonstra-
ções contábeis com o intuito de avaliar seu resultado. 
3.2 Conceito de relatório contábil 
Marion conceitua relatório contábil como a exposição resumida e or-
denada de dados colhidos pela contabilidade. Seu objetivo é relatar às 
pessoas que se utilizam da contabilidade (os usuários) os principais 
fatos registrados em determinado período. 
Tais relatórios devem ser elaborados de acordo com as necessidades 
dos usuários. Por exemplo: o relatório sobre o resultado anual de uma 
floricultura apresentará muito menos detalhes do que o de um banco, 
que normalmente tem muitos acionistas, grande volume de negócios, 
entre outros. 
Dentre os inúmeros relatórios (ou informes) contábeis, destacam-se 
aqueles que são obrigatórios de acordo com a legislação brasileira. 
Estes são conhecidos comodemonstrações financeiras, ou ainda, de-
monstrações contábeis. 
3.3 Demonstrações financeiras obrigatórias 
A Lei 6.404/76 (retificada pela Lei 11.638/2007) estabelece que, ao final 
de cada exercício social, a empresa elabore, com base nos registros 
contábeis, demonstrações financeiras que exprimam com clareza a 
situação do patrimônio da empresa e as variações ocorridas. 
O tratamento dessas demonstrações varia de acordo com o tipo de 
constituição da sociedade empresarial. Há dois tipos principais: as 
sociedades anônimas (S.A.) e as sociedades por quota de responsabili-
dade limitada (Ltda). Vamos entender um pouco mais sobre elas antes 
de prosseguirmos. 
A sociedade anônima (ou companhia) se caracteriza por ter seu capital 
dividido em partes iguais chamadas ações (os proprietários, geralmen-
te, em grande número são denominados de acionistas) e tem a respon-
sabilidade de seus sócios ou acionistas limitada ao preço de emissão 
das ações subscritas ou adquiridas. Segundo a Lei 6.404/76, as S.A. 
devem publicar as demonstrações financeiras no Diário Oficial e em 
outro jornal de grande circulação editado na localidade onde se situa a 
empresa. 
 
39 
A sociedade por quotas de responsabilidade limitada se caracteriza por 
seu capital dividido em quotas (os proprietários, geralmente em pe-
queno número, são denominados sócios ou quotistas). Não precisa 
publicar as demonstrações financeiras em jornal, mas deverá apresen-
tá-las ao Imposto de Renda (IR), através do preenchimento da declara-
ção do IR ou para atender ao novo Código Civil. 
As demonstrações financeiras obrigatórias segundo a Lei 6404/76 eram 
as seguintes: 
a. Balanço Patrimonial (BP); 
b. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); 
c. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) – 
para as empresas que negociam ações na Bolsa de Valores e a De-
monstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) – para 
as Sociedades Anônimas de capital fechado; 
d. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR). 
A Lei 11.638, sancionada em 31/12/2007, no intuito de adotar normas 
internacionais a partir de 2008, trouxe as seguintes alterações: 
a. Além das Demonstrações financeiras anteriormente previstas (BP, 
DRE e DLPA), a lei passa a requerer a Demonstração dos Fluxos 
de Caixa (DFC) – em substituição à DOAR – e a Demonstração do 
Valor Adicionado (DVA) – somente para as companhias abertas; 
b. Saliente-se que a Sociedade anônima fechada (que não negocia 
ações na bolsa de valores) com patrimônio líquido inferior a R$ 2 
milhões não será obrigada à elaboração e à publicação da DFC. 
Assim, a partir de 2008, as demonstrações contábeis obrigatórias pas-
saram a ser as seguintes: balanço patrimonial, demonstração do resul-
tado do exercício, demonstração das mutações do patrimônio líquido, 
demonstração dos fluxos de caixa, demonstração do valor adicionado. 
A seguir, vejamos um pouco mais sobre cada uma das demonstrações 
financeiras ou contábeis: 
DEMONSTRAÇÃO 
CONTÁBIL 
FORMATO 
 
Representa a fotografia da empresa em determinado 
período (seus bens, direitos, obrigações e patrimônio 
líquido). 
 
 
40 
Demonstração do 
Resultado do 
Exercício (DRE) 
Como o próprio nome já diz, evidencia a formação do 
resultado da empresa (lucro ou prejuízo), a sua 
distribuição (no caso de lucro). 
Demonstração das 
Mutações do 
Patrimônio Líquido 
(DMPL) 
Evidencia a movimentação de todas as contas do 
Patrimônio Líquido (não somente do lucro líquido do 
exercício). 
Demonstração dos 
Fluxos de Caixa 
Indica a origem de todo o dinheiro que entrou no 
caixa, bem com a aplicação de todo dinheiro que saiu 
do caixa em determinado período e, ainda, o resultado 
do fluxo financeiro. Assim como a DRE, a DFC é uma 
demonstração dinâmica. Ela vem esclarecer situações 
controvertidas na empresa, como, por exemplo, na 
comparação com o DRE, o porquê de a empresa ter 
um lucro considerável e estar com o caixa baixo, não 
conseguindo liquidar todos os seus compromissos. A 
DFC propicia ao gerente financeiro a elaboração de 
um melhor planejamento financeiro, sabendo-se o 
momento certo de buscar recursos para cobrir a 
insuficiência de fundos, bem como quando aplicar no 
mercado financeiro o excesso de dinheiro, 
proporcionando maior rentabilidade à empresa. 
Também serve a outros usuários, apresentando a 
forma como gerou caixa e como utilizou os recursos e 
os valores equivalentes ao caixa. A instituição, quando 
utiliza essa demonstração com as demais, supre de 
forma completa os usuários e, principalmente, os 
habilita à avaliação das mudanças de ativos líquidos 
de uma empresa e sua estrutura financeira, que 
podem ser explicadas nas questões de liquidez e 
solvência. Além disso, tem a melhora significativa no 
conhecimento dos prazos inerentes aos fluxos de 
caixa, proporcionando adaptação às circunstâncias e 
às oportunidades. É obrigatória para todas as 
companhias abertas e as fechadas com patrimônio 
líquido superior a R$ 2 milhões. 
Demonstração do 
Valor Adicionado 
(DVA) 
Obrigatória somente para as Sociedades Anônimas de 
Capital Aberto, desenvolve conceitos puramente 
econômicos, evidenciando quanto de valor a empresa 
agrega durante seu processo produtivo, ampliando os 
horizontes de seus usuários. As entidades devem 
utilizar-se da DVA para identificar, analisar e 
comunicar o montante de recursos adicionais gerados 
para a economia (local, regional, nacional, setorial 
etc.) bem como para relacionar quais as fontes e quais 
as aplicações dessa riqueza, ou seja, para quem ela foi 
distribuída. Segundo alguns autores, a DVA vem 
sendo considerada um dos melhores critérios para 
indicar a medida da eficácia da gestão empresarial. 
 
41 
Tudo isso dentro da concepção de que a missão 
moderna na empresa representa um papel econômico 
e social. 
 
 
Em resumo, os relatórios contábeis obrigatórios, segundo os diferentes 
modos como as empresas podem ser constituídas, são: 
a) Sociedade Anônima (Lei 6.404/76, retificada pela Lei 11.638/2007) 
– Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, 
Demonstração dos Fluxos de Caixa (obrigatória para todas as 
companhias de capital aberto e para as de capital fechado com pa-
trimônio líquido superior a R$ 2 milhões) e, além destas, especifi-
camente as companhias de capital aberto requerem a Demonstra-
ção das Mutações do Patrimônio Líquido e a Demonstração do 
Valor Adicionado. 
b) Ltdas. e outras (Lei 10.406/2002 – Novo Código Civil) – Balanço 
Patrimonial e o Balanço do Resultado Econômico – equivale à 
Demonstração do resultado do Exercício e a Demonstração dos 
Lucros ou Prejuízos Acumulados (esta última evidencia a movi-
mentação da conta lucros ou prejuízos acumulados). 
Importante ressaltar que o exercício social ou período contábil, terá 
duração de um ano, não havendo necessidade de coincidir com o ano 
civil (de 1º de janeiro a 31 de dezembro), embora na maioria das vezes 
isso aconteça. Para fins de IR considera-se que o ano civil é igual ao 
exercício social. 
As sociedades anônimas de capital aberto (as que negociam suas ações 
na bolsa de valores) e as instituições financeiras (bancos, financeiras 
etc.) devem publicar suas demonstrações financeiras semestralmente 
para melhor informar ao público interessado. 
Apesar de a legislação definir a periodicidade anual para a publicação 
das demonstrações (salvo as exceções supracitadas), para atender às 
necessidades gerenciais, a contabilidade deve apresentar aos usuários 
relatórios contábeis com períodos mais curtos (semanal, quinzenal, 
mensal etc.). 
3.3.1 Complementação às demonstrações financeiras 
Quando da publicação das demonstrações financeiras, as S.A. também 
devem informar aos usuários desses relatórios dados adicionais. Isso 
ocorre por meio de um relatório da diretoria (logo após a identificação 
 
 
42 
da empresa), que dará ênfase a essas informações, normalmente de 
caráter não financeiro, destacando-se: 
a. dados estatísticos diversos; 
b.indicadores de produtividade; 
c. desenvolvimento tecnológico; 
d. contexto socioeconômico da empresa; 
e. políticas diversas: recursos humanos, exportação, gestão ambien-
tal etc.; 
f. expectativas em relação ao futuro; 
g. dados do orçamento de capital; 
h. projetos de expansão; 
i. desempenho em relação aos concorrentes etc. 
Além do relatório da diretoria, há ainda as notas explicativas ou notas 
de rodapé, que são complementos às demonstrações (sem serem de-
monstrações), destacadas após as referidas demonstrações. A publica-
ção de notas explicativas às demonstrações financeiras está prevista no 
§ 4º do artigo 176 da Lei 6.404/1976, visando fornecer as informações 
necessárias para esclarecimento da situação patrimonial. As principais 
notas explicativas referem-se a: 
a. Principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais; 
b. Investimentos em outras sociedades; 
c. Aumento de valores de elementos do ativo referente reavaliações; 
d. Garantias prestadas a terceiros e outras obrigações eventuais ou 
contingentes; 
e. Taxas de juros, datas de vencimento e as garantias das obrigações 
a longo prazo; 
f. Ajustes de exercícios anteriores; 
g. Eventos subsequentes à data de encerramento do balanço que 
tenham ou possam vir a ter efeito relevante sobre a situação finan-
ceira ou os resultados futuros da companhia. 
 
43 
 O parecer da auditoria complementa as demonstrações financeiras, 
sendo quesito obrigatório para as demonstrações das S.A, instituições 
financeiras e de outros casos específicos. Trata-se de parecer de auditor 
externo informando se as referidas demonstrações representam ade-
quadamente a situação patrimonial e financeira da empresa, se foram 
levantadas de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade 
e se há uniformidade em relação ao exercício anterior 
3.3.2 Requisitos para publicação das demonstrações financeiras 
São dados fundamentais na publicação das demonstrações: 
a. Denominação da empresa; 
b. Título de cada demonstração financeira (BP, DRE, DLPA, DMPL, 
DFC e DVA); 
c. Data do exercício social; 
d. Indicação dos valores correspondentes ao exercício anterior (duas 
colunas: ano atual e ano anterior); 
e. Assinatura dos diretores e do profissional contábil após as notas 
explicativas. 
3.4 Demonstrações contábeis não obrigatórias 
Além das demonstrações financeiras obrigatórias, há relatórios contá-
beis não obrigatórios, mas igualmente importantes para a administra-
ção da empresa. O Balanço Social é um demonstrativo não obrigatório 
reunindo um conjunto de informações sobre os projetos, benefícios e 
ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mer-
cado, acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégi-
co para avaliar e multiplicar o exercício da responsabilidade social 
corporativa. 
Além do Balanço Social, outros relatórios podem ser formatados para 
que você, tenha as informações de que necessita para a gestão da em-
presa: orçamentos (vendas, matéria-prima, investimentos, mão de 
obra, estoques etc.), relatório de vendas realizadas, contas a receber e a 
pagar, controle de estoques, por exemplo. Juntamente com o contador 
você pode formatar o tipo de relatório de que necessita e estabelecer 
sua periodicidade. 
 
 
44 
Ponto final 
No capítulo 3, estudamos as demonstrações contábeis e entendemos o 
quanto elas são importantes para a tomada de decisão. Por meio das 
demonstrações contábeis são evidenciadas informações aos acionistas 
(investidores), administradores, governo, fornecedores e sociedade em 
geral sobre a situação patrimonial e financeira da empresa. 
Há demonstrações obrigatórias (constituídas pelo Balanço Patrimonial 
(BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração 
das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração dos 
Fluxos de Caixa (DFC) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA)) 
e demonstrações não obrigatórias, estas últimas podem ser formatadas 
de acordo com a necessidade de informação do gestor. Este estudo é 
precioso para que você faça a leitura das informações contidas nos 
relatórios contábeis com facilidade, transformando os dados apresen-
tados em informações estratégicas. Nos capítulos 4 e 5, estudaremos, 
em detalhes, o BP e a DRE, consideradas as duas demonstrações con-
tábeis mais importantes. Antes de prosseguirmos, realize as atividades 
propostas, elas vão te ajudar muito na compreensão da teoria apresen-
tada. Bons estudos! 
Bibliografia 
Livros-base que utilizamos na elaboração deste capítulo: 
Contabilidade Básica – José Carlos Marion – Ed. Atlas 
Contabilidade Ensino e Decisão Osni Hoss et al. Ed. Atlas 
Contabilidade Fácil – Osni Moura Ribeiro – Ed. Saraiva 
Referidos livros aprofundam o estudo acerca dos relatórios contábeis 
evidenciando sua importância para os diferentes usuários e assim, 
justificando a relevância deste estudo. Para complementar seus estu-
dos, sugerimos a leitura do texto “Balanço Social” do Instituto Brasilei-
ro de Análises Sociais e Econômicas, disponível em: 
<http://www.balancosocial.org.br> 
 
 
 
4 BALANÇO PATRIMONIAL 
Simone Loureiro Brum Imperatore 
Neste capítulo, vamos aprofundar a nossa compreensão da contabili-
dade, introduzindo-nos no estudo do Balanço Patrimonial (BP). Assim, 
aos poucos, vamos “descobrindo” as faces e nuances da demonstração 
contábil mais importante. Nosso objetivo é, ao final do estudo, mon-
tarmos nosso primeiro balanço. Aceitas o desafio? 
Para tanto, abordaremos os seguintes conteúdos: 
• Balanço Patrimonial – Conceito 
• Grupos de contas 
• Principais deduções do ativo e patrimônio líquido 
• Estrutura básica do balanço patrimonial, segundo a Lei 6.404/76 
4.1 O que é Balanço Patrimonial? 
É uma demonstração contábil que demonstra, resumidamente, o pa-
trimônio da empresa em um dado momento, ou seja, a situação finan-
ceira e patrimonial de uma entidade numa determinada data. O balan-
ço apresenta os Ativos (bens e direitos) e Passivos (obrigações) e o 
Patrimônio Líquido, que é resultante da diferença entre o total de ati-
vos e passivos. O Balanço Patrimonial é uma das peças extraídas dos 
livros contábeis, que faz parte do conjunto das demonstrações finan-
ceiras, e é elaborado segundo os princípios contábeis geralmente acei-
tos. 
Segundo Matarazzo, o balanço patrimonial é a demonstração que 
apresenta todos os bens e direitos da empresa (Ativo), assim como as 
obrigações (Passivo Exigível) em determinada data. O Patrimônio 
Líquido, por sua vez, representa o capital investido pelos proprietários 
 
 
46 
da empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa, 
quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente. 
Assim, temos a chamada equação patrimonial básica, conforme apre-
sentado a seguir. 
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
ou 
ATIVO – PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
É a principal demonstração contábil usada por bancos, governo, forne-
cedores, sindicatos, sócios e acionistas. A informação que esse demons-
trativo fornece é totalmente estática e, muito provavelmente, sua estru-
tura se apresentará relativamente diferente algum tempo após seu 
encerramento. É como se tirássemos uma foto da empresa e víssemos 
de uma só vez todos os bens, valores a receber (direitos) e valores a 
pagar (obrigações) em determinada data. 
Iudícibus e Marion explicam a expressão balanço patrimonial: 
O termo balanço decorre do equilíbrio Ativo = Passivo + PL, ou da igualdade 
Aplicações = Origens dos Recursos. Parte da idéia de uma balança de dois pratos, 
onde sempre encontramos a igualdade. Só que, em vez de denominarmos de 
balança (como a Balança Comercial) denominamos no masculino: Balanço. 
A expressão patrimonial origina-se do Patrimônio Global da empresa, ou seja, o 
conjunto de bens, direitos e obrigações. Daí origina-se a expressão Patrimônio 
Líquido, a riqueza líquida da empresa num processo de continuidade, a Situação 
Líquida. 
Compondo as duas expressões, teremos a expressão BalançoPatrimonial, o 
equilíbrio do Patrimônio, a igualdade patrimonial.(grifos do autor) 
4.2 Grupos de contas 
O Balanço Patrimonial é uma demonstração simples e fácil de ser en-
tendida sendo constituído de duas colunas, conforme convenção da 
Lei 6404/76, que regulamenta as sociedades por ações: 
a. A coluna do lado direito chama-se Passivo (obrigações e Patrimô-
nio Líquido); 
b. A coluna do lado esquerdo chama-se Ativo (bens e direitos). 
 
47 
Para facilitar a leitura, análise e interpretação do Balanço, Ativo e Pas-
sivo dividem-se em grupos de contas que apresentam as contas de 
mesmas características. Duas regras básicas orientam a distribuição de 
contas no Balanço Patrimonial: o prazo e o grau de liquidez decrescen-
te. Vejamos: 
a. Prazo: em contabilidade curto prazo significa, normalmente, o 
período de até um ano e, longo prazo, o período superior a um 
ano. Assim, na data de elaboração do Balanço, por exemplo, 
31/12/2007, todas as contas a receber até 31/12/2008 (um ano após a 
elaboração do balanço) serão agrupadas num mesmo título do A-
tivo (Ativo Circulante), assim como todas as contas a pagar até o 
final do ano seguinte serão agrupadas num mesmo título no Pas-
sivo (Passivo Circulante). O mesmo ocorre com as contas a longo 
prazo que são classificadas em Realizável a Longo Prazo (direitos 
realizáveis num período superior a um ano) e Exigível a Longo 
Prazo (obrigações vencíveis num período superior a um ano); 
b. Grau de liquidez decrescente: o termo liquidez vem do verbo 
“liquidar”, “pagar os compromissos”, assim os itens mais rapida-
mente conversíveis em dinheiro são classificados em primeiro 
plano. Desse modo, caixa, bancos, duplicatas a receber, mercado-
rias em estoque etc. 
A seguir, vamos conhecer os grupos de contas do Balanço Patrimonial: 
4.2.1 Ativo 
No ativo, as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de 
liquidez, ou seja, de acordo com a facilidade de conversão em dinheiro. 
Assim, os itens patrimoniais de maior liquidez (caixa, bancos, contas a 
receber, mercadorias) são classificados em primeiro plano. Os de 
menor liquidez (valores a receber a longo prazo, máquinas e 
equipamentos, veículos, terrenos etc.) aparecem num segundo plano – 
a grande vantagem da classificação de contas do Balanço Patrimonial 
por ordem de liquidez decrescente é de permitir uma fácil consulta e 
análise dos itens que a empresa tem disponíveis em valor primeira-
mente, deixando mais para baixo os estoques e imobilizados que não 
representam valor monetário real, mas sim investimentos. 
Os elementos registrados estão estruturados nos seguintes subgrupos 
(de acordo com o parágrafo 1º do artigo 178 da Lei 6.404/76): 
a. Ativo Circulante; 
 
 
48 
b. Ativo Realizável a Longo Prazo; 
c. Ativo Permanente (dividido em investimentos, imobilizado, 
intangível e diferido) 
IMPORTANTE: Para ser Ativo, é preciso preencher a quatro requisitos: 
a) ser classificado em bens e ou direitos; 
b) ser de propriedade da empresa; 
c) avaliável monetariamente (R$); 
d) representar benefícios presentes ou futuros. 
4.2.1.1 Ativo Circulante 
O Ativo Circulante engloba contas que constantemente estão em giro, 
em movimento (daí a expressão circulante). Constitui o capital de giro 
da empresa, no qual estão dispostas as contas caixa, bancos e outros 
itens que serão transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a 
curto prazo, ou seja, dentro de um ano (contas a receber, bens de 
consumo, investimentos temporários, mercadorias para revenda etc.). 
De acordo com a Lei 6.404/76, o ativo circulante subdivide-se em: 
• Disponível - refere-se às contas nas quais são registrados os 
valores que representam o dinheiro em caixa, os saldos 
disponíveis em contas de movimento bancário e os saldos de 
contas relativas aos ativos imediatamente liquidáveis; 
• Direitos Realizáveis no Exercício Seguinte - incluem três 
subgrupos: 
� saldos relativos a aplicações em valores mobiliários, operações no 
mercado aberto; 
� contas a receber com vencimentos para o exercício seguinte, tais 
como: contas ou duplicatas a receber por vendas mercantis 
(inclusive cheques pré-datados); adiantamentos a empregados e 
outros; 
� parcela do imposto, relativa a opções por incentivos fiscais, até o 
momento do recebimento do Certificado de Investimento (CI); 
• Estoques – incluem três contas: 
 
49 
� estoque de mercadorias, matérias-primas, embalagens e materiais 
secundários empregados em processo de produção, materiais de 
consumo e produtos em trânsito, subprodutos e resíduos; 
� estoque de imóveis prontos para a venda ou em construção com 
prazo de entrega de até 12 meses (no caso de construtora); 
� estoque de materiais em poder de terceiros para beneficiamento. 
• Despesas Vencíveis (ou apropriáveis) no Exercício Seguinte – 
registra-se neste subgrupo os valores das despesas antecipadas, 
devendo ser contabilizado como: 
� Prêmios de seguros a vencer (ou a apropriar); 
� Despesas financeiras a vencer (ou a apropriar); 
� Aluguéis a vencer (ou a apropriar) 
A expressão a vencer refere-se ao princípio da competência no qual se 
deve reconhecer e classificar as contas de resultado (receitas e 
despesas) no período a que se referem, independentemente do seu 
efetivo recebimento (receitas) ou pagamento (despesas). Assim, se 
pago o aluguel da empresa antecipado, com vigência para 18 meses, é 
preciso registrar o valor pago antecipadamente como despesa 
apropriável e, mês a mês, fazer o “reconhecimento” da despesa no mês 
correto (aluguel de janeiro de 2008 contabilizado no mês de janeiro de 
2008). 
3.2.1.2 Ativo Realizável a Longo Prazo 
Neste subgrupo são registrados os direitos realizáveis após o 
encerramento do exercício seguinte (mais de 360 dias após o 
encerramento do BP): duplicatas a receber, adiantamentos ou 
empréstimos a fornecedores ou a sociedade coligada ou controlada, 
adiantamentos ou empréstimos a diretores. 
Também são registradas as despesas apropriáveis após o encerramento 
do exercício seguinte, referentes a encargos financeiros exigíveis após o 
exercício seguinte ao do encerramento do balanço. 
3.2.1.3 Ativo Permanente 
O termo permanente associa-se a contas que pouco se movimentam, 
cujos valores não variam constantemente. É também chamado de Ativo 
Fixo e engloba contas de itens que dificilmente serão vendidos, pois 
 
 
50 
sua característica básica é não se destinarem à venda. Podemos dizer 
que são itens sem nenhuma liquidez para a empresa. Outra 
característica do Ativo Permanente é que são itens usados por vários 
anos (vida útil longa) e sua reposição é lenta. 
No Ativo Permanente encontramos: prédios, instalações, 
equipamentos, móveis e utensílios, veículos, terrenos, ferramentas, 
computadores e periféricos, máquinas, investimentos de caráter 
permanente etc. Divide-se em quatro subgrupos – investimentos, 
imobilizado, intangível e diferido, os quais estão descritos a seguir: 
a. Investimentos – No grupo investimento são registrados os valores 
referentes a: 
� participações permanentes em outras sociedades; 
� empreendimentos relativos ao plantio de florestas destinados 
à proteção do solo ou à preservação do meio ambiente, sem 
que se destinem à manutenção da atividade da empresa; 
� aplicações em incentivos fiscais, após o recebimento do 
Certificado de Investimento (CI), quando houver a intenção 
de manter esses valores como investimentos; 
� importâncias aplicadas na aquisição de imóveis, desde que 
não sejam para revenda ou destinadas à manutenção das 
atividades da empresa. Por exemplo: imóveis para aluguel; 
� aplicações em ouro, quando não constarem do objeto social da 
pessoa jurídica. 
b. Imobilizado - Registra-se nesse subgrupo os bens e os direitos que 
tenham por objeto bens destinados para a manutenção das ativi-
dades da empresa ou exercidos com essa finalidade. Subdivide-se 
em: máquinas, equipamentos, construções, direito de exploração 
de minas e jazidas, reservas florestais etc. 
c. Intangível

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