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Apostila_criminologia

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1
Noções de criminologia
NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
CONCEITO, MÉTODO, 
OBJETO E FINALIDADE DA 
CRIMINOLOGIA
CONCEITO
Etimologicamente, criminologia deriva do 
latim crimen (delito) e do grego logo (tratado), 
sendo o antropólogo francês Topinard (1830-
1911) o primeiro a utilizar este termo, que só 
adquire reconhecimento ofi cial, sendo aceito 
internacionalmente graças à obra de Garofalo, 
o qual junto com seus compatriotas italianos: 
Lombroso (que fala de Antropologia Criminal) 
e Ferri (que evoluciona em direção a Sociolo-
gia Criminal), podem ser considerados como 
os três grandes fundadores da Criminologia 
Científi ca.
A criminologia pode ser conceituada como 
uma ciência baseada em fatos que se ocupa do 
crime, do criminoso, da vítima e do controle 
social dos delitos. Portanto, a criminologia 
tem como objeto o estudo da criminalidade, 
ou seja, estuda o crime e o criminoso.
A criminologia quando surgiu explicava a 
origem da delinquência, utilizando o método 
das ciências, o esquema causal e explicativo, 
ou seja, buscava a causa do efeito produzido. 
Nessa linha, encontramos as teorias que se 
seguem:
Teorias Ecológicas ou da Desorganização 
Social – a ordem social, estabilidade e inte-
gração contribuem para o controle social e a 
conformidade com as leis, enquanto a desor-
dem e a má integração conduzem o indivíduo 
ao crime e à delinquência.
Teorias da subcultura delinquente – pressu-
põe a existência de uma subcultura da violên-
cia, fazendo com que alguns grupos passem a 
aceitar a violência como um modo comum de 
resolver os confl itos.
Teoria da anomia – (anomia é uma pa-
lavra que tem origem etimológica no grego 
[a – ausência; nomos – lei] e que signifi ca sem 
lei, conotando também a ideia de iniquidade, 
injustiça e desordem). A motivação para a 
delinquência decorreria da impossibilidade de 
o indivíduo atingir metas desejadas por ele.
Como afi rmava Rousseau, a criminologia 
deveria procurar a causa do delito na socie-
dade. Assim, Rousseau entendia que a socie-
dade tinha grande participação na pratica da 
conduta criminosa. Por outro lado, Lombroso 
encarava de forma diferente, dizia que para 
erradicar o delito deveríamos encontrar a 
eventual causa no próprio delinquente e não 
no meio social ou seja na coletividade. 
MÉTODO
Vitorino Prata Castelo Branco, escreveu 
em seu livro Criminologia Biológica, Socio-
lógica e Mesológica, que “método é o meio 
empregado pelo qual o pensamento humano 
procura encontrar a explicação de um fato, 
seja referente à natureza, ou ao homem ou à 
sociedade”. Portanto, podemos perceber que 
método é um trabalho de refl exão humana, 
que visa explicação para uma determinada 
situação real e concreta. Cabe frisar que o 
método só pode ser confi ável quando ele está 
cientifi camente sistematizado.
Temos dois métodos que despontam no 
estudo da criminologia: o método abstrato, 
formal e dedutivo defendido pelos estudiosos 
considerados clássicos no estudo da criminolo-
gia. E o método empírico e indutivo que tem 
como seus defensores os positivistas. 
O método científi co, isto é, o método em-
pírico (baseado na observação e, no caso da 
Criminologia, na experimentação), é consi-
derado, na atualidade, extensível também 
ao estudo do comportamento delitivo, sem 
descartar, em razão disso, o possível emprego 
de outros métodos, é dizer, aplicação de forma 
não excludente. O princípio da unidade do 
método científi co pôs fi m, assim, à tradicio-
2
Noções de criminologia
nal dicotomia metodológica defendida por 
Dilthey, autor que sustentou a necessidade 
de que as ciências “naturais”, de uma parte, 
e as do “espírito”, de outra, tivessem seus 
respectivos métodos.
Em defi nitivo, o método empírico garante 
um conhecimento mais confi ável e seguro do 
problema criminal desde o momento em que 
o investigador pode verifi car ou refutar suas 
hipóteses e teorias sobre ele pelo procedimen-
to mais objetivo: não a intuição, nem o mero 
sentido comum ou a communis opinio, mas 
sim a observação. 
A Criminologia é uma ciência do “ser”, 
empírica; o Direito, uma ciência cultural, do 
“dever ser”, normativa. Em consequência, 
enquanto a primeira se serve de um método 
indutivo, empírico, baseado na análise e na 
observação da realidade, as disciplinas jurí-
dicas utilizam um método lógico, abstrato e 
dedutivo. 
O método que predomina na criminologia é 
o empírico que pode ser entendido como aque-
le que busca por meio da observação conhecer 
o processo, utilizando-se da indução para 
depois estabelecer as suas regras, o oposto do 
método dedutivo utilizado no Direito Penal. 
Foi graças à Escola Positiva que surgiu a fase 
científi ca da Criminologia e generalizou-se a 
utilização do método empírico.
 Vale mencionar que, o Empirismo não é 
achismo ou meras deduções sem nenhuma 
base científi ca. O método empírico é árduo e 
de pouco conhecimento dos profi ssionais do 
mundo jurídico. Assim, o método empírico 
parte de determinada premissa (s) correta(s) 
para deduzir dela as consequências. 
O OBJETO DA CRIMINOLOGIA 
A Criminologia fundamenta o seu objeto no 
estudo de alguns pontos fundamentais como o de-
lito, o delinquente, a vítima e o controle social.
Vejamos:
a) crime: pode ser entendido como fato 
típico, antijurídico e culpável. O agente só 
pode ser condenado por uma conduta que seja 
perfeitamente adequada a um tipo penal. Essa 
conduta é chamada de típica. Se não houver 
correspondência entre o fato praticado e a des-
crição legal, a conduta será atípica e portanto, 
não será considerado crime. 
b) deliquente: é a pessoa que infringe a 
norma penal, sem justificação e de forma 
reprovável.
Aos delinquentes condenados e submeti-
dos a um devido processo legal aplica-se uma 
sanção criminal, uma pena (privativa de liber-
dade, restritiva de direitos, multa) que tem 
como função prevenir e também a repressão 
do delito.
Tipos de delinquentes mais comuns:
ladrão � – aquele que se apropria indevida-
mente de algo que pertence a outros. 
assassino � – aquele que tira a vida de outra 
pessoa, sem estar em situação de legítima 
defesa. 
estuprador ou violador � – aquele que força 
outra pessoa a manter relação sexual. 
estelionatário � – aquele que se aproveita da 
ignorância de uma ou mais pessoas para obter 
vantagem para si próprio. 
sequestrador � – aquele que rapta uma pes-
soa e exige da família um pagamento em troca 
da libertação dessa. 
falsário � – aquele que produz dinheiro 
falso. 
c) vítima: a criminologia busca descobrir as 
consequências da pratica do crime em relação 
a pessoa da vítima. Vítima é a pessoa que, 
individual ou coletivamente, tenha sofrido 
danos, inclusive lesões físicas ou mentais, sofri-
mento emocional, perda fi nanceira ou diminui-
ção substancial de seus direitos fundamentais, 
como consequências de ações ou omissões 
que violem a legislação penal vigente, nos 
Estados membros, incluída a que prescreve 
o abuso de poder”. (Resolução n.º 40/34 da 
Assembleia Geral das Nações Unidas, de 29 
de novembro 85). A vítima é entendida como 
um sujeito capaz de infl uir signifi cativamente 
no fato delituoso, em sua estrutura, dinâmica 
e prevenção;
São apontados algumas variáveis que inter-
vêm nos processos de vitimização, como por 
exemplo a cor, raça, sexo, condição social.
d) controle social: é o conjunto de institui-
ções, estratégias e sanções sociais que pretendem 
promover à obediência dos indivíduos aos mode-
los e regras comunitárias. Encontra-se dividido 
em: 1. Controle social formal: polícia, judiciário, 
administração penitenciária etc.; 2. Controle 
social informal: família, escola, igreja.
3
Noções de criminologia
FINALIDADE 
A criminologia tem como função transmitir 
para a sociedade e os poderes públicos sobre 
o delito, odelinquente, a vítima e o controle 
social, reunindo todo o contexto do fato cri-
minoso e não apenas o crime em si. Busca-se 
compreender cientifi camente o problema cri-
minal, preveni-lo e intervir com efi cácia e de 
modo positivo no homem delinquente. A in-
vestigação criminológica, enquanto atividade 
científi ca, reduz ao máximo a intuição e o sub-
jetivismo, submetendo o problema criminal a 
uma análise rigorosa, com técnicas empíricas. 
Portanto, verifi ca-se que a criminologia tem 
como fi nalidade uma análise completa, abor-
dando todos os aspectos de um fato criminoso 
e não apenas o crime em si. 
Vale ressaltar que a criminologia estuda o 
crime como fato biopsicossocial e o criminoso 
em sua integralidade, vida e histórico social, 
biológico, psicológico, psiquiátrico do indivíduo, 
e não fi cando adstrito ao terreno científi co.
Vitorino Prata, que reconhecendo a con-
dição de ciência da Criminologia, salienta: 
“Embora o homem seja o mesmo em qualquer 
parte do mundo, os crimes têm características 
diferentes em cada continente, devido à cultura, 
à história própria de cada um. Há, pois, uma 
criminologia iugoslava, criminologia brasileira, 
chinesa, enfi m, uma criminologia própria de 
cada raça ou cada nacionalidade”.
HISTÓRIA DO PENSAMENTO 
CRIMINOLÓGICO
Uma das classifi cações históricas da Crimi-
nologia divide o seu desenvolvimento em duas 
fases: período pré-científi co e período cientí-
fi co. O período pré-científi co abrange desde a 
antiguidade onde encontramos alguns textos 
esparsos de alguns autores que já demonstra-
vam preocupação com o crime, terminando 
com o surgimento do trabalho de Lombroso 
e de Beccaria.
A criminologia passou a existir com o 
surgimento da Escola Clássica. Durante a 
Idade Média, destaca-se a influência e o 
poder político da Igreja, questão que de-
termina todo o pensamento em torno da de-
linquência por meio da filosofia escolástica 
e da teologia, que modelaram diretamente 
o campo do Direito Penal.
O positivismo criminológico surge no fi m do 
séc. XIX com a Scuola Positiva que foi encabe-
çada por Lombroso, Garofalo e Ferri. O ponto 
de partida de Lombroso proveio de pesquisas 
craniométricas e criminosos, abrangendo 
fatores anatômicos, fi siológicos e mentais. A 
base da teoria, primeiramente foi o atavismo: 
o retrocesso atávico ao homem primitivo. O 
grande equívoco dos positivistas foi acreditar 
na possibilidade de se descobrir uma causa 
biológica para o fenômeno criminal. Ferri 
procurou corrigir essa postura unilateral, ao 
escrever sua Sociologia Criminal, onde acentua 
a importância dos fatores socioeconômicos e 
culturais da delinquência.
A Escola Francesa de Lyon atacou forte-
mente as ideias de Lombroso. Entre os mais 
famosos integrantes dessa escola temos Lacas-
sagne. A tese primordial da Escola de Lyon é 
a seguinte: o criminoso é como o micróbio ou 
o vírus, algo inócuo, até que o adequado am-
biente o faz eclodir. Vale dizer: a predisposição 
pessoal e meio social fazem o criminoso.
O fi m do séc. XIX assistiu ainda ao sur-
gimento da criminologia socialista em sentido 
amplo, entendida como explicação do crime a 
partir da natureza da sociedade capitalista e 
como crença no desaparecimento ou redução 
sistemática do crime depois de instaurado o 
socialismo.
O séc. XX iniciou-se sob o signo do ecletis-
mo, em que assistiu à exploração dos caminhos 
abertos no séc. anterior, sob a infl uência mo-
deradora da união internacional de Direito 
Penal, fundada em 1889 por Hamel, Liszt 
e Prins. Consumou-se o abandono do antro-
pologismo lombrosiano, progressivamente 
substituído pelas teorias explicativas de índole 
psicológica, psicanalítica, psiquiátrica e pela 
atenção dedicada às leis da hereditariedade, 
e combinação de cromossomos. 
Nos Estados Unidos, antes da Primeira 
Guerra Mundial, a Criminologia orientava-se 
pelo modelo europeu. Depois seguiu orien-
tação de caráter prático e sociológico. Gillin 
fundou a primeira clínica psiquiátrica, mas 
seu trabalho não suplantou a orientação so-
ciológica de Burgess, Shaw e Mckay. A teoria 
sociológica americana deve muito a Suther-
land e Sellin. 
4
Noções de criminologia
CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA 
– BIOLOGIA, SOCIOLOGIA E 
PSICOLOGIA CRIMINAL
A criminologia estuda o fenômeno crimi-
nal e lança mão de estudos realizados pelos 
diversos ramos do conhecimento. Entre as 
principais áreas, encontramos a biologia, a 
psicologia e sociologia criminal.
BIOLOGIA CRIMINAL
A biologia criminal é aquela ligada aos 
trabalhos de Cesare Lombroso e causou gran-
des polêmicas onde foi aplicada. As teorias 
de orientação biológica miram novamente 
através do homem delinquente, tratando de 
localizar e identifi car em alguma parte de seu 
corpo o fator diferencial que explique a condu-
ta delitiva. Essa se supõe como consequência 
de alguma patologia, disfunção ou transtorno 
orgânico.
O crescimento da neurociência demonstra 
que a biologia criminal não morreu e que seu 
campo, com o devido cuidado, pode contribuir 
para a compreensão do fenômeno criminal. O 
que se vê é um enfraquecimento das teorias 
biológicas mais radicais com a aceitação da 
interferência concomitante de fatores am-
bientais. 
SOCIOLOGIA CRIMINAL 
O estudo da criminologia nos Estados 
Unidos, a Criminologia, deu um giro espan-
toso nas suas investigações – um estudo de 
criminalidade focado no indivíduo ou em 
pequenos grupos. A criminologia passou a 
se preocupar com grande ênfase no estudo 
da macrocriminalidade, uma abordagem dos 
fatores que levam a sociedade como um todo 
a praticar ou não infrações criminais.
Com o surgimento das teorias sociológicas 
da criminalidade houve uma bifurcação mui-
to poderosa dessas pesquisas em dois grupos 
principais. Essa divisão leva em consideração, 
principalmente, a forma como os sociólogos 
encaram a composição da sociedade: consen-
sual ou confl itual. 
PSICOLOGIA CRIMINAL
Enquanto a sociologia domina os estudos 
da visão macro da criminalidade (de grandes 
grupos), as teorias psicológicas se destacam 
com o estudo micro (do indivíduo e de pe-
quenos grupos). Se frustrações, insultos ou 
modelos agressivos aumentam as tendências 
de pessoas isoladas, então esses fatores têm 
probabilidade de inspirar as mesmas reações 
em grupos. Ao começar um tumulto, os atos 
agressivos, por exemplo, muitas vezes espa-
lham-se rapidamente após o início de um pro-
cesso agressivo de uma pessoa antagônica. 
Ao verem saqueadores pegando livremente 
aparelhos de tevê, espectadores normais, que 
respeitam as leis, podem abandonar sua ini-
bição moral e imitá-los. A violência, em sua 
várias formas, é um dos objetos de estudo da 
psicologia criminal.
O estudo de depoimentos testemunhais, 
aplicações de testes psicológicos em delinquen-
tes, estudos psicossociais de carreiras criminais 
e assassinos seriais são, os temas que interes-
sam à psicologia criminal brasileira. 
TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA 
CRIMINALIDADE
Teorias criminológicas, em geral, têm como 
objeto quatro elementos: a lei, o criminoso, o 
alvo e o lugar. A forma como são classifi cadas 
diz respeito aos diversos níveis de explicação, 
que variam do individual ao contextual. 
As teorias criminólogicas que adotam o ní-
vel individual de análise partem do pressupos-
to de que o crime se deve aos fatores internos 
aos indivíduos que os motivam. 
A maioria das teorias criminólogicas mais 
importantes são explicações relativamente 
precisas que procuram propor dedutivamente 
hipóteses claras e consistentes entre si e que 
possam ser submetidas a propósitos de refu-
tação e superá-los com êxito.
Escola de Chicago
A escola de Chicago se tornou de funda-
mental importância para o estudo da crimi-
nalidade urbana. As teorias estabelecidas por 
seus seguidores – sociólogosdurante aquele 
5
Noções de criminologia
período infl uenciaram estudos urbanos sobre 
o crime, mais tarde seriam conduzidos nos 
Estados Unidos e Inglaterra. Sua atuação foi 
marcada pelo pragmatismo, e, dentre outras 
inovações que preconizou, destacam-se o mé-
todo da observação participante e o conceito 
de ecologia humana.
A teoria ecológica explica esse efeito crimi-
nógeno da grande cidade, valendo-se dos con-
ceitos de desorganização e contágio inerentes 
aos modernos núcleos urbanos e, sobretudo, 
invocando o debilitamento do controle social 
desses núcleos. Com a escola de Chicago, a Cri-
minologia abandonou o paradigma até então 
dominante do positivismo criminológico, do 
delinquente nato de Lombroso, e girou para as 
infl uências que o ambiente, e no presente caso, 
que as cidades podem ter fenômeno criminal. 
Ganhou-se qualidade metodológica. Com os 
estudos da escola de Chicago criou-se tam-
bém o ambiente cultural para as teorias que 
se sucederam e que são a feição da moderna 
criminologia.
Teoria da associação diferencial 
A teoria da associação diferencial parte 
da ideia segundo a qual o crime não pode ser 
definido simplesmente como disfunção ou 
inadaptação das pessoas de classes menos fa-
vorecidas, não sendo ele exclusividade dessas. 
A vantagem dessa teoria é que, ao contrário 
do positivismo, que estava centrado no perfi l 
biológico do criminoso, tal pensamento traduz 
uma grande discussão dentro da perspectiva 
social. O homem aprende a conduta desviada 
e a associa como referência.
Teoria da anomia
A anomia é uma situação social onde falta 
coesão e ordem, especialmente no tocante a 
normas e valores. Então as normas são defi ni-
das de forma ambígua ou são implementadas 
de maneira causal e arbitrária. Por exemplo, 
uma calamidade como a guerra subverte o 
padrão habitual da vida social e cria uma 
situação em que torna obscuro quais normas 
têm aplicação, ou se um sistema é organizado 
de tal maneira que promove o isolamento e a 
autonomia do indivíduo a ponto das pessoas 
se identifi carem muito mais com seus próprios 
interesses do que com os do grupo ou da co-
munidade como um todo. 
Teoria da subcultura delinquente
A subcultura é uma cultura associada a 
sistemas sociais e categorias de pessoas. As 
teorias subculturais sustentam três ideias fun-
damentais: o caráter pluralista e atomizado 
da ordem social, a cobertura normativa da 
conduta desviada e a semelhança estrutural, 
em sua gênese, do comportamento regular e 
irregular. A premissa dessas teorias subcul-
turais é, antes de tudo, contrária à imagem 
monolítica da ordem social que era oferecida 
pela criminologia tradicional. 
Teoria do labelling aproach ou etique-
tamento
A tese central dessa corrente pode ser 
defi nida, em termos muitos gerais, pela afi r-
mação de que cada um de nós se torna aquilo 
que os outros veem em nós e, de acordo com 
essa mecânica, a prisão cumpre uma função 
reprodutora: a pessoa rotulada como deli-
quente assume, fi nalmente, o papel que lhe é 
consignado, comportando-se de acordo com o 
mesmo. Todo o aparato do sistema penal está 
preparado para essa rotulação e para o reforço 
desses papéis.
Teoria crítica ou radical
A criminologia radical recusa o estatuto 
profi ssional e político da criminologia tradi-
cional, considerada como um operador tec-
nocrático a serviço do funcionamento mais 
efi caz da ordem vigente. O criminólogo radical 
se recusa a assumir esse papel de tecnocrata, 
desde logo porque considera o problema cri-
minal insolúvel numa sociedade capitalista; 
depois, e sobretudo, porque a aceitação das 
tarefas tradicionais é absoluto incompatível 
com as metas da criminologia radical. Como 
poderiam os criminólogos propor-se a auxiliar 
a defesa da sociedade contra o crime, se o seu 
último propósito é defender o homem contra 
esse tipo de sociedade. 
VITIMOLOGIA
A vitimologia que decorre da criminologia é 
a ciência que estuda amplamente a relação víti-
ma/criminoso no fenômeno da criminalidade.
Pode-se analisar através do comporta-
mento da vítima, sua personalidade, seu 
comportamento na formação do delito, seu 
6
Noções de criminologia
consentimento para a consumação de crime, 
ou nenhum comportamento que possa ter 
contribuído para a ocorrência do crime, algum 
tipo de relação com o delinquente e a possível 
reparação de danos sofridos.
Vitimização primária: a vítima criminal 
muitas vezes sofre danos psíquicos, físicos, so-
ciais e econômicos adicionais, em consequência 
da reação formal e informal derivada do fato. 
Vitimização secundária ou sobrevitimação 
do processo penal: é o sofrimento adicional que 
a dinâmica da justiça criminal, com suas ma-
zelas, provoca normalmente nas vítimas. As 
cifras negras, vale dizer, o conjunto de crimes 
que não chegam ao conhecimento do Estado 
pelos mais variados motivos. 
Vitimização terciária: é a falta de amparo 
dos órgãos públicos e da ausência de recepti-
vidade social em relação à vitima. Especial-
mente diante de certos delitos considerados 
estigmatizadores, que deixam sequelas graves, 
a vítima experimenta um abandono não só por 
parte do Estado, mas, muitas vezes, também 
por parte do seu próprio grupo social.
PROGNÓSTICO CRIMINOLÓGICO
Prognóstico lato sensu, vem a ser:
conhecimento (efetivo ou a se confi rmar) �
antecipado ou prévio sobre algo; ou 
conjetura sobre o desenvolvimento de um �
negócio qualquer, de uma situação etc; ou 
juízo médico, baseado no diagnóstico e nas �
possibilidades terapêuticas, acerca da dura-
ção, evolução e termo de uma doença; ou 
predição, agouro, presságio, profecia, rela- �
tivos a qualquer assunto. 
Prognóstico médico: é conhecimento ou juízo 
antecipado, prévio, feito pelo médico, baseado 
necessariamente no diagnóstico médico e nas 
possibilidades terapêuticas, segundo o estado 
da arte, acerca da duração, da evolução e do 
eventual termo de uma doença ou quadro clí-
nico sob seu cuidado ou orientação. É predição 
do médico de como a doença do paciente irá 
evoluir, e se há e quais são as chances de cura.
O Prognóstico criminológico é feito a partir 
de um exame criminológico, a fi m de conhe-
cer antecipadamente o quadro do paciente 
para diagnosticar e avaliar a possibilidade de 
delinquir.
Quando nasceu, a criminologia tratava de 
explicar a origem da delinquência, utilizando 
o método das ciências, o esquema causal e 
explicativo, ou seja, buscava a causa do efeito 
produzido. Pensou-se que erradicando a causa 
se eliminaria o efeito, como se fosse sufi ciente 
fechar as maternidades para o controle da 
natalidade.
Baseado em Rousseau, na sua obra “O 
Contrato”, a criminologia deveria procurar a 
causa do delito na sociedade, de forma extre-
mista busca-se a causa de toda criminalidade 
na sociedade; já para Lombroso, da Scuola 
Positiva, para erradicar o delito deveríamos 
encontrar a eventual causa no próprio delin-
quente e não o meio.
A escola Positiva italiana (Lombroso, 
Garófalo e Ferri) apresenta a antropologia 
de Lombroso e a sociológica de Ferri que 
explica o delito através dos fatores social e 
individual. O positivismo encara o delito como 
um fato real e histórico e não sob o ponto 
de vista abstrato-jurídico, como é o caso da 
criminologia Clássica. Leva em consideração, 
portanto, o método empírico-indutivo ou 
indutivo-experimental.
As escolas
Na escola Clássica o crime é fundamentado 
na racionalidade da lei, onde o crime é um ente 
jurídico, uma infração; quando da violação de 
um direito nasce a necessidade de uma retri-
buição jurídica pela pena a fi m de restabelecer 
a ordem externa. Esta escola alude claramente 
ao pensamento contratualista de Rousseau 
e baseia-se pelo método lógico-abstrato ou 
dedutivo.
Fizeram parte desse movimento nomes 
como Beccaria, Filangieri,Pellegrino Rossi, 
Carmignani, Romagnosi e Carrara.
A escola Positiva começa com a publica-
ção da obra de Cesare Lombroso chamada 
“L’Uomo Delinquente”, em 1876, abordando 
a tese do delinquente nato.
Lombroso associou o crime a fatos biológi-
cos, psicológicos, antropológicos, políticos e 
sociais, por meio do método empírico-indutivo. 
O objeto do seu estudo é o atavismo natural do 
7
Noções de criminologia
homem primitivo, inerente a todo ser humano. 
Assim sendo, o crime é um fenômeno natural e 
social onde a pena é uma forma de defesa social 
que visa à recuperação do criminoso por tempo 
indeterminado até a sua recuperação. 
Participaram dessa escola além de Lom-
broso, Enrico Ferri, Rafaelle Garofalo, Rafael 
Salillas, Dorado Monteiro e C. Bernaldo de 
Quiróz.
A escola de Chicago
Isoladamente, tanto as tendências socioló-
gicas, quanto as orgânicas fracassaram. Hoje 
em dia fala-se no elemento bio-psico-social. 
Volta a tomar força os estudos de endocrino-
logia, que associam a agressividade do delin-
quente à testosterona (hormônio masculino), 
os estudos de genética ao tentar identifi car no 
genoma humano um possível “gene da crimi-
nalidade”, juntamente com os transtornos da 
violência urbana, de guerra, da fome etc.
De qualquer forma, a criminologia transita 
pelas teorias que buscam analisar o crime, a 
criminalidade, o criminoso e a vítima. 
O ESTADO DEMOCRÁTICO DE 
DIREITO E A PREVENÇÃO DA 
INFRAÇÃO PENAL 
O Estado possui o monopólio da aplicação 
da lei penal. Porém, existem regras consti-
tucionais e legais que limitam e determinam 
como a lei penal possa ser aplicada. Para tan-
to, deve o Estado Administração, nos crimes 
de ação penal pública, após a produção de uma 
prova mínima, levar o caso ao Estado Juiz, 
para que este se manifeste sobre a aplicação 
ou não da sanção penal ao caso concreto. 
A atuação do Estado encontra na Consti-
tuição federal e nas leis limitações que impe-
dem que o Estado produza todo tipo de prova 
em face dos acusados. O Estado é o primeiro a 
ter de respeitar, então, essas limitações. 
Prevenção de crime é um conceito aberto. 
Para alguns é dissuadir o deliquente a não 
cometer o ato, para outros é mais, importa 
inclusive na modifi cação de espaços físicos, 
novos desenhos arquitetônicos, aumento da 
iluminação pública com o intuito de difi cultar 
a prática do crime e para um terceiro grupo é 
apenas o impedimento da reincidência.

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