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1 A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
“A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (que chamamos de objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2009, p.20). É importante você saber que esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira planejada, sistemática e controlada, para que possa ser feita a verificação de sua validade. 
“Os fatos ou objetos científicos não são dados empíricos espontâneos de nossa experiência cotidiana, mas, são construídos pelo trabalho de investigação científica”, colocam Bock; Furtado; Teixeira (2009, p.29). Para estes autores, o conhecimento científico é diferente do senso comum porque é um método que tem como características: separar o que é objetivo do que é subjetivo nos fenômenos; procurar demonstrar os resultados da investigação feita e também formular uma teoria geral sobre o que foi observado no estudo.
De acordo com Chauí (2003, grifo da autora, apud BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2009, p.30), 
A ciência distingue-se do senso comum porque este é uma opinião baseada em hábitos, preconceitos, tradições cristalizadas, enquanto a primeira baseia-se em pesquisas, investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade. A ciência é conhecimento que resulta de um trabalho racional. 
O conhecimento de senso comum e a Psicologia
Quando usamos a psicologia do senso comum, estamos nos referindo ao conhecimento de senso comum. O conhecimento de senso comum é um saber formado a partir de um conjunto de ações ou atividades da pessoa ao responder às necessidades e demandas cotidianas da vida, como uma forma de se organizar. É uma ‘sabedoria’ que é adquirida da tradição oral, do contato com os mais velhos, com as pessoas de maior prestígio e no convívio com nosso grupo. É uma educação aprendida com a vida, indispensável à nossa sobrevivência e à nossa convivência social, que nasce da experiência cotidiana. 
Este tipo de saber, de conhecimento é muito superficial, informal e que, apesar de ser de fácil compreensão, não consegue dar respostas para as questões do nosso cotidiano, para a compreensão de mundo. Um exemplo deste conhecimento, passado de geração em geração é o uso de chás para resolver doenças (quem de nós não ouviu a vovó dizer que chá de boldo era muito bom para problemas de digestão?, que o chá de ‘quebra-pedra’ era ótimo para cálculo renal?) 
Este tipo de saber se apóia em dois aspectos: no ‘instrumental’ (“como” fazer para resolver a situação) e no utilitarismo (quais os benefícios que a pessoa vai ter agindo daquela forma). Esse tipo de conhecimento, formado a partir da ‘escola da vida’, educa a maioria da nossa população, especialmente as camadas sociais menos favorecidas economicamente e fundamenta o modo da pessoa a agir em sociedade.
Para Bock, Furtado e Teixeira (2009), esta psicologia é a de senso comum, não é a Psicologia dos psicólogos.
A ciência é uma atividade reflexiva, que procura compreender, elucidar e alterar o cotidiano, a partir de seu estudo feito de maneira sistemática (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2009).
Muitas vezes, quando nós usamos afirmações como “Este rapaz é neurótico”, pegamos da Psicologia termos que foram estudados e o colocamos no nosso dia-a-dia. Contudo, usamos o sentido de neurótico não como a Psicologia coloca, mas, do ‘nosso’ jeito. Assim, quando tomamos emprestado da Psicologia termos como “deprimido”, “histérico”, “neurótico” etc. estamos utilizando a psicologia de senso comum e não a Psicologia científica. 
1.2 A evolução da Psicologia como ciência
No seu início, a Psicologia era considerada uma área de estudo oriunda da Filosofia, que era conhecida como Filosofia Mental. A Psicologia era considerada uma ‘ciência da mente’. Nesta visão a Psicologia teve grandes dificuldades e o estudo da mente deu origem a superstições e preconceitos, alguns ainda existentes, confundindo a Psicologia com as ciências ocultas, na qual o psicólogo era considerado um adivinho, uma pessoa com poderes especiais para identificar problemas, sentimentos, reações psicológicas e emoções das pessoas.
As diferentes teorias atuais da Psicologia definem seu objeto de estudo de forma divergente dependendo da corrente teórica que norteia seus estudos. Para ser mais claro com você, cada pesquisador parte de valores e pressupostos filosóficos os quais orientam sua concepção do ser humano - o que ele é, bem como a forma pela qual o comportamento humano deverá ser estudado. 
Assim, os comportamentalistas acreditam que o comportamento humano, que compreende apenas as reações observáveis de forma direta, deve ser o objeto de estudo da Psicologia, isto é, para eles, o importante é estudar as leis que moldam, que condicionam o comportamento da pessoa. Os teóricos cognitivistas têm como paradigma de pensamento, do ser humano como um ser biopsicossocial, que é um ser que pensa, que é dotado de desejos, emoções, linguagem, capacidade de interação e comunicação – admitem a existência da mente humana. Para os cognitivistas (entre eles, Freud e Kurt Lewin), os processos psicológicos não passíveis de observação direta também integram o conceito de comportamento humano (AGUIAR, 2006). Já para os teóricos de linha humanista, o fundamental é o estudo e o controle do comportamento humano a partir da identificação dos fatores emocionais e da satisfação das necessidades do ser humano.
No século XX, a Psicologia evoluiu muito porque apareceram novas formas de pesquisar e de abordar o estudo do comportamento e dos processos mentais. Dessas correntes teóricas, as mais importantes foram: a Psicanálise, o Behaviorismo (Comportamentalismo), o Psicodrama e a teoria da Gestalt.
A Psicanálise originou-se na Áustria e seu fundador foi Sigmund Freud (1856-1939), que focalizava como importante a afetividade e colocava o inconsciente como o objeto de estudo da Psicologia. Para Freud, a personalidade era formada durante a primeira infância e os impulsos, as lembranças das experiências e os conflitos vivenciados se tornavam inconscientes na vida adulta. Era na infância que ficava nossa principal fonte de traumas, responsáveis por deformações de nosso comportamento na fase adulta.
O Behaviorismo surgiu nos Estados Unidos com John B. Watson (1878-1958) em1913 em um artigo - "Psicologia vista por um Behaviorista"- propondo a substituição do objeto de estudo da Psicologia da consciência para o estudo do comportamento e o uso da observação e não da introspecção neste estudo.
O Psicodrama foi criado por Jacob Levi Moreno. Ele propunha a Revolução Criadora salientando o homem como ser criador e espontâneo. Nesta concepção, o homem é livre na medida em que está de posse de sua própria essência, de sua natureza: a espontaneidade. O Psicodrama é um método de tratamento centrado na ação, os clientes desempenham papéis com o objetivo de se desvelarem, de se conhecerem e alterarem seus registros emocionais e seus comportamentos.
A Gestalt surgiu na Alemanha com Ernest Mach (1838-1916), Max Wertheimer (1880-1943) e Kurt Kofka (1886-1941), postulando a necessidade de se compreender o homem como uma totalidade. Seu foco de estudo era a percepção e a sensação de movimento.
Contudo, apesar dos muitos anos de esforços para se criar uma psicologia científica independente, os estudiosos da área não conseguiram chegar a um consenso sobre qual deveria ser o objeto de estudo da Psicologia... Isto porque, “as diversas teorias psicológicas têm entendido esse objeto de formas diferentes, por terem partido de compreensões ou paradigmas de pensamento diferentes acerca do que é o ser humano” (AGUIAR, 2006, p.135).
A Psicologia não é a a única área da ciência que estuda o comportamento humano. Outras áreas, como Sociologia, a Antropologia, a Economia, a Filosofia também procuram entender e analisar o comportamento humano e, por conta disso, é importante que façamos a relação da Psicologia com tais ciências. Como
afirma Parisi (1981, p. 13-14):
A Sociologia estuda o comportamento dos indivíduos em grupo; a Antropologia estuda as raças e culturas primitivas; a Economia estuda o comportamento que leva à produção e consumo de bens e serviços. Há um relacionamento entre a Psicologia e estas ciências, assim como com outras também, pois cada uma delas volta sua atenção para determinado foco do comportamento humano. A Psicologia dá ênfase ao estudo do indivíduo em si, porém, isto não quer dizer que os psicólogos não se preocupam em estudar as pessoas em grupo. Para a Psicologia, o indivíduo é a unidade de estudo, não importando que ele esteja só ou em grupo. 
Para Bock et al. (2009), a Psicologia focaliza o estudo da subjetividade humana como objeto de estudo. Esta subjetividade é construída gradualmente por cada um de nós. Ela se refere ao mundo de idéias, aos significados e emoções construídos pela pessoa em função de sua constituição biológica e das suas relações sociais e vivências com os demais. A subjetividade é também fonte das manifestações afetivas e comportamentais de cada um de nós. “Criando e transformando o mundo (externo), o homem constrói e transforma a si próprio” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2009, p.23).
Resumo realizado pela Prof. Dra. Maria Christina Justo a partir dos seguintes autores:
AGUIAR, M.A.F. Psicologia aplicada à administração: uma introdução à psicologia organizacional. São Paulo: Atlas, 2005. 
ALMEIDA, W. C. O que é psicodrama. São Paulo: Brasiliense, 1998.
BERGAMINI, C.W. Psicologia aplicada à administração de empresas. São Paulo: Atlas, 2006.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2009.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003.
GONÇALVES, C.S.; WOLFF, J.R.; ALMEIDA W. C. Lições de psicodrama. São Paulo: Ágora, 1988.
HENNEMAN, R. H. O que é psicologia. 21. ed. Rio de Janeiro: J. Olimpio, 1998.
HOLLAND, J. G.; SKINNER, B. F. A análise do comportamento. São Paulo/SP: E.P.U., 2004. 
MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1975, 1997.
MORRIS, Charles G.; MAISTO, Albert. A. Introdução à psicologia. Tradução Ludmilla Lima, Marina Sobreira Duarte Baptista. 6. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
TELES, M. L. S. O que é psicologia. São Paulo: Brasiliense, 2002.

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