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Desenvolvimento Psicomotor de uma criança Autista

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INSTITUTO ESPERANÇA DE ENSINO SUPERIOR 
CURSO DE BACHAREL EM PSICOLOGIA 
 
 
BRUNA LANNA NOGUEIRA DOS SANTOS 
MARIA RISONETE DO NASCIMENTO MONTEIRO 
SARAH GLENDA PONTES AGUIAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE UMA CRIANÇA AUTISTA NA APAE DE 
SANTARÉM - PARÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTARÉM - PARÁ 
Dezembro/2013 
 
BRUNA LANNA NOGUEIRA DOS SANTOS 
MARIA RISONETE DO NASCIMENTO MONTEIRO 
SARAH GLENDA PONTES AGUIAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE UMA CRIANÇA AUTISTA NA APAE DE 
SANTARÉM – PARÁ 
 
 
 
Trabalho Acadêmico Orientado apresentado ao 
Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES, 
como requisito para obtenção do título de Bacharel 
em Psicologia. 
 
Orientador (a): Profª Msc. Neuzivan da Silva Lima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTARÉM/PA 
Dezembro/2013 
 
BRUNA LANNA NOGUEIRA DOS SANTOS 
MARIA RISONETE DO NASCIMENTO MONTEIRO 
SARAH GLENDA PONTES AGUIAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DE UMA CRIANÇA AUTISTA NA APAE DE 
SANTARÉM – PARÁ 
 
 
 
 
 
Trabalho Acadêmico Orientado apresentado ao 
Instituto Esperança de Ensino Superior – IESPES, 
como requisito para obtenção do Grau em 
Psicologia. 
 
 
 
Aprovado em 10 de Dezembro de 2013 
 
 
 
Comissão Examinadora 
 
 
 
_________________________________________ 
Profª Msc Neuzivan Lima da Silva/ IESPES 
Presidente/Orientador 
 
 
 
_________________________________________ 
Profª Esp. Maria das Dores Carneiro Pinheiro/ IESPES 
2° Membro 
 
 
 
_______________________________________ 
Profª Drª Mariene da Silva Casseb / IESPES 
3° Membro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicamos a todas as pessoas que se empenham 
a favor da causa das crianças com autismo. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus por suas bênçãos, por ser nossa rocha e fortaleza, por ter nos dado 
sabedoria e oportunidade de concluir este curso, pois sem ele não somos nada e 
não teríamos chegado até aqui. 
Ao Centro Educacional Especializado Humberto Frazão - APAE de Santarém-PA, 
por ter cedido espaço para a realização desta pesquisa, assim como a diretora Nedy 
Pedroso de Sousa e seus colaboradores que nos apoiaram durante as intervenções. 
As professoras Mariene da Silva Casseb e Neuzivan Lima da Silva, pela dedicação e 
suas orientações prestadas na elaboração deste trabalho, nos incentivando e 
colaborando no desenvolvimento de nossas idéias, que foram significativamente 
necessárias. 
A professora Jucenilda Oliveira que nos auxiliou na aplicação do instrumento de 
Avaliação, juntamente com seus conhecimentos na área de Psicomotricidade. 
A psicóloga Paloma Lobato Gentil Sampaio por ter nos incentivado a pesquisar uma 
temática tão desafiadora, além de ter contribuído com grande parte do referencial 
que embasou este trabalho. 
A todos os professores que passaram pelo curso nos incentivando a nos tornarmos 
profissionais de excelência através dos conhecimentos prestados e experiências 
sobre o trabalho desenvolvido por eles, facilitando assim a escolha de nossas 
futuras áreas de atuação. 
Aos nossos maridos Edemil e Natan Aguiar pelo companheirismo e confiança, nos 
apoiado durante essa trajetória, não medindo esforços para contribuir com a 
realização deste sonho. 
Aos nossos pais pela educação e dedicação, nos incentivando a prosseguir 
mediante as dificuldades enfrentadas. 
Aos nossos familiares pelo apoio durante o decorrer do curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
... Assim como um diamante precisa ser lapidado para 
brilhar, uma pessoa com autismo merece ser acolhida, 
cuidada e estimulada a se desenvolver. 
 
Ana Beatriz Barbosa Silva 
 
RESUMO 
 
 
A criança em seu desenvolvimento precisa adquirir uma organização de si, do 
espaço e do tempo. Na visão psicomotora esta precisa construir a sua unidade 
corporal, alicerce para sua comunicação com o outro e para a exploração do meio, 
pois com isso o processo de maturação se intensifica. A criança autista necessita 
relacionar-se neste processo de maturação, onde a psicomotricidade por meio da 
imagem do corpo, localiza as dificuldades de contato visual, de interação social e 
atraso da linguagem oral. Este estudo objetivou analisar a influência das 
intervenções psicomotoras no desenvolvimento psicomotor de uma criança autista 
na APAE de Santarém/Pará. Trata-se de uma pesquisa de campo, através de um 
estudo de caso, com enfoque quanti-qualitativo, exploratório e quase experimental. 
Os instrumentos utilizados foram a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM), 
proposta por Rosa Neto para a avaliação, coleta de dados e reavaliação, e o Manual 
de Análise do Comportamento Aplicada (ABA) a fim de embasar as pesquisadoras 
na criação das atividades utilizadas com o avaliado nas intervenções. Verificou-se 
que o Programa de Intervenção Psicomotora embasado em ABA mostrou-se útil, no 
que diz respeito às mudanças evidenciadas nos resultados da reavaliação, no qual 
aponta que a Idade Motora Geral (IMG) que na primeira avaliação era 66 meses, 
correspondente a uma criança de 05 anos e 05 meses, classificado por Rosa Neto 
como “muito inferior”, passou para 92 meses, ou seja, a atual idade psicomotora do 
avaliado é referente a uma criança de 07 anos e 06 meses, com classificação de 
“normal médio”, diminuindo assim seu atraso psicomotor. Isso indica que o objetivo 
geral da pesquisa foi alcançado com êxito, pois os resultados apontam que há 
influência das intervenções psicomotoras no desenvolvimento psicomotor da criança 
autista avaliada, de modo que esta apresentou resultado positivo durante e após as 
intervenções. 
 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: desenvolvimento psicomotor, criança autista, intervenções 
psicomotoras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
A child in need to acquire a development organization itself, of space and time. 
Psychomotor this vision need to build your body unit foundation for its communication 
with each other and to the exploitation of the environment because it ripening 
process intensifies. The autistic child needs to relate this maturation process , where 
psychomotor through body image, locates the difficulties of eye contact, social 
interaction and oral language delay. This study aimed to analyze the influence of 
psychomotor interventions psychomotor development of an autistic child in APAE 
Santarém/Pará. This is a field research through a case study with quantitative and 
qualitative, exploratory and quasi-experimental approach. The instruments used were 
the Motor Development Scale (EDM), proposed by Rosa Neto for evaluation, data 
collection and review, and the Handbook of Applied Behavior Analysis (ABA) in order 
to ground the researchers used in the creation of activities with evaluated 
interventions. It was found that the program Psychomotor grounded in ABA 
intervention was useful, with regard to the changes evident in the results of the 
revaluation, which indicates that General Motor Age (IMG) that the first assessment 
was 66 months, corresponding to a child of 05 years and 05 months, rated by Rosa 
Neto as "very low", went to 92 months, ie, the current age of the evaluated 
psychomotor refers to a child of 07 years and 06 months, with a rating of "normal 
medium", thus decreasing their psychomotor retardation. This indicates that the 
overall objective was successfully achieved,as the results indicate that there is an 
influence of psychomotor interventions psychomotor development of autistic children 
evaluated, so this had a positive result during and after the interventions. 
 
 
 
KEYWORDS: psychomotor development, autistic child, psychomotor interventions. 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 – Símbolo da APAE..................................................................................... 53 
Figura 2 – Kit EDM .................................................................................................... 54 
Figura 3 – Atividade Pé enlaçado .............................................................................. 67 
Figura 4 - Atividade Entrelaçado ............................................................................... 68 
Figura 5 - Materiais da atividade Rasgou colou ........................................................ 69 
Figura 6 - Foto da folha de revista colada em duas partes ....................................... 70 
Figura 7 – Foto da folha de revista colada em quatro partes .................................... 71 
Figura 8 – Atividade Circuito de obstáculos .............................................................. 72 
Figura 9 – Atividade Vai e Vem ................................................................................. 73 
Figura 10 – Atividade Pular corda ............................................................................. 75 
Figura 11 - Atividade Circuito de direções ................................................................. 76 
Figura 12 – Atividade Caminhada nos colchões ....................................................... 78 
Figura 13 - Atividade Cocabola ................................................................................. 79 
Figura 14 – Caras e bocas ........................................................................................ 80 
Figura 15 – Atividade Balão facial ............................................................................. 81 
Figura 16 – Atividade Embalatas ............................................................................... 83 
Figura 17 – Formato pirâmide ................................................................................... 84 
Figura 18 – Três em três ........................................................................................... 84 
Figura 19 – Formato triângulo ................................................................................... 84 
Figura 20 – Enfileiradas ............................................................................................ 84 
Figura 21 – Atividade Pé com pé .............................................................................. 85 
Figura 22 – Atividade Cartão-desenho ...................................................................... 87 
Figura 23 – Atividade Memória masculino e feminino ............................................... 90 
 
LISTA DE TABELAS, QUADROS E GRÁFICOS 
 
 
Tabela 1 – Classificação do desenvolvimento motor para crianças .......................... 33 
Tabela 2 – Classificação do desenvolvimento motor para deficientes ...................... 33 
Tabela 3 – Dados da primeira avaliação ................................................................... 60 
Tabela 4 – Nível de desenvolvimento psicomotor ..................................................... 61 
Tabela 5 – Dados da intervenção psicomotora ......................................................... 91 
Tabela 6 – Desenvolvimento psicomotor .................................................................. 92 
Tabela 7 – Elementos com maior desenvolvimento psicomotor após 
intervenção ................................................................................................................ 94 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ABA – Análise do Comportamento Aplicada 
APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais 
AVD – Atividade da Vida Diária 
AVP – Atividade da Vida Prática 
CAEE – Centro de Atendimento Educacional Especializado 
CHE - Programa de Competências e Habilidades Educacionais 
CID - Classificação Internacional de Doenças 
CIF – Código Internacional de Funcionabilidade 
CNS - Conselho Nacional de Saúde 
DSM – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mental 
EDM - Escala de Desenvolvimento Motor 
IC - Idade Cronológica 
IM - Idade Motora 
IMG - Idade Motora Geral 
IM1 - Idade Motora da Motricidade Fina 
IM2 - Idade Motora da Motricidade Global 
IM3 - Idade Motora do Equilíbrio 
IM4 - Idade Motora do Esquema Corporal 
IM5 - Idade Motora da Organização Espacial 
IM6 - Idade Motora da Organização Temporal 
IN - Idade Negativa 
IP - Idade Positiva 
QMG - Quociente Motor Geral 
QM1 - Quociente Motor da Motricidade Fina 
QM2 - Quociente Motor da Motricidade Global 
QM3 - Quociente Motor do Equilíbrio 
QM4 - Quociente Motor do esquema Corporal 
QM5 - Quociente Motor da Organização Espacial 
QM6 - Quociente Motor da Organização Temporal 
SBP – Sociedade Brasileira de Psicomotricidade 
TEA - Transtornos do Espectro do Autismo 
TID - Transtornos Invasivos do Desenvolvimento 
TGD – Transtorno Global do Desenvolvimento 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14 
1 PSICOMOTRICIDADE ........................................................................................... 17 
1.1 Corpo funcional ................................................................................................. 17 
1.2 Histórico da psicomotricidade ......................................................................... 19 
1.3 Desenvolvimento psicomotor .......................................................................... 22 
1.4 Motricidade humana ......................................................................................... 25 
1.5 Áreas Básicas da Motricidade Humana........................................................... 26 
1.5.1 Motricidade fina .............................................................................................. 26 
1.5.2 Motricidade global .......................................................................................... 27 
1.5.3 Equilíbrio ......................................................................................................... 27 
1.5.4 Organização espacial ..................................................................................... 29 
1.5.5 Organização temporal .................................................................................... 30 
1.5.6 Lateralidade .................................................................................................... 31 
1.6 Avaliação psicomotora ..................................................................................... 32 
1.7 Campos de Intervenção da Psicomotricidade ................................................ 34 
1.7.1 Estimulação psicomotora .............................................................................. 34 
1.7.2 Educação psicomotora .................................................................................. 35 
1.7.3 Reeducação psicomotora .............................................................................. 35 
1.7.4 Terapia psicomotora ...................................................................................... 36 
1.8 Psicomotricidade e psicologia ......................................................................... 37 
2 AUTISMO ............................................................................................................... 39 
2.1 Histórico do autismo .........................................................................................39 
2.2 Definições e conceitos ...................................................................................... 40 
2.3 Transtornos do Espectro do Autismo ............................................................. 42 
2.3.1 Autismo infantil .............................................................................................. 43 
2.3.2 Síndrome de Rett ............................................................................................ 44 
2.3.3 Transtorno de Asperger ................................................................................. 45 
2.3.4 Transtorno desintegrativo da infância ......................................................... 46 
2.3.5 Transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação ............. 47 
2.4 Diagnóstico do autismo .................................................................................... 48 
2.5 Tratamento do autismo ..................................................................................... 49 
 
2.6 Psicomotricidade e Autismo ............................................................................ 49 
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 51 
3.1 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 51 
3.2 Universo da Pesquisa ....................................................................................... 52 
3.3 Local ................................................................................................................... 52 
3.4 Instrumentos e Materiais .................................................................................. 54 
3.5 Procedimentos .................................................................................................. 55 
3.5.1 Coleta de dados .............................................................................................. 55 
3.5.2 Análise dos dados .......................................................................................... 58 
3.6 Aspectos Éticos da Pesquisa ........................................................................... 58 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 60 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 96 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 99 
APÊNDICES ........................................................................................................... 105 
ANEXOS ................................................................................................................. 111 
 
 
14 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O discurso atual sobre o autismo, transcorre do trabalho de pesquisadores 
engajados com a temática e de pais que se dedicam ao cuidado de seus filhos 
autistas, fornecendo informações relevantes para o desenvolvimento da área. 
Partindo do pressuposto de que o ser humano utiliza-se da motricidade para 
manifestar sentimentos e emoções, esta pesquisa buscou de forma prática e 
avaliativa analisar a influência das intervenções psicomotoras embasadas no Manual 
da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) no desenvolvimento psicomotor de 
uma criança autista. 
O Transtorno do Espectro do Autismo é um fenômeno de causa ainda 
desconhecida e de abrangência biopsicossocial, onde o conhecimento sobre este 
carece de avanços em pesquisas e estudos sobre a origem, desenvolvimento e 
prognóstico dos acometidos por ele. Vale ressaltar que o desenvolvimento dos 
autistas varia de pessoa para pessoa, mas que ele pode ser fortemente determinado 
pelas condições sociais vivenciadas pelas famílias. Nesse contexto, a lei nº 
12.764/2012 Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos 
do Espectro do Autista (Lei Berenice Piana), atende as principais reivindicações das 
famílias, relacionadas ao acesso às informações de qualidade, serviços 
especializados e acessíveis, apoio aos cuidadores e familiares, garantindo o direito à 
cidadania. 
As primeiras descrições mais fidedignas sobre o autismo surgiram na década 
de 40, portanto trata-se de um diagnóstico recente, que necessita de mais pesquisas 
acerca de como ajudar a melhorar o desenvolvimento das pessoas afetadas. Silva 
(2012) discorre que o autismo é um transtorno global do desenvolvimento infantil 
que se manifesta antes dos 03 anos de idade, apresentando um conjunto de 
características que afetam diretamente a interação social, a linguagem e o 
comportamento. 
Considerando que o comportamento da criança autista apresenta alterações 
qualitativas nos aspectos biopsicossociais, como a psicomotricidade pode facilitar no 
desenvolvimento psicomotor da criança autista? Há uma necessidade crescente de 
possibilitar a identificação precoce do autismo, para que essas crianças possam ter 
15 
 
acesso a ações e programas de intervenções o quanto antes, através da aplicação 
de técnicas que possibilitem o seu desenvolvimento psicomotor. 
De acordo com os estudos de Fonseca (2010) a psicomotricidade permite 
compreender, de forma mais clara, a multiplicidade interativa e a conexão intrínseca 
dos processos psicológicos com os processos motores, que sustentam, de fato, o 
comportamento e a aprendizagem humana. De acordo com esta literatura, a 
Psicomotricidade é a ciência que estuda o homem em movimento, e contribui de 
maneira expressiva para a formação e estruturação do esquema corporal, tendo 
como objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas as etapas da 
vida de uma criança. 
Considerando que a psicomotricidade é uma ciência que tem por objeto o 
estudo do homem através do seu corpo em movimento, nas relações com seu 
mundo interno e externo, de que forma a Análise do Comportamento Aplicada 
conhecido no Brasil como ABA (do inglês, Applied Behavior Analysis) pode ser útil 
nas intervenções psicomotoras com a criança autista? Diante da problemática que 
engloba a área motora e cognitiva da criança autista, surgiu a necessidade de 
pesquisar técnicas utilizando a ciência da psicomotricidade, de modo que para a 
utilização destas deve-se verificar às limitações e habilidades que a criança autista 
apresenta. 
Considerando que a função motora, o desenvolvimento cognitivo e o 
desenvolvimento afetivo estão intimamente ligados, qual a importância da 
intervenção psicomotora com a criança autista? A importância das intervenções 
psicomotoras está relacionada a maneira de como estas são elaboradas, para que 
assim haja contribuição no desenvolvimento psicomotor da criança autista. 
O problema que rege a pesquisa está relacionado ao seguinte 
questionamento: Há influência no desenvolvimento psicomotor da criança autista 
com intervenções psicomotoras através da Análise do Comportamento Aplicada 
(ABA)? A atividade motora é de grande importância no desenvolvimento global da 
criança, através da exploração motriz ela desenvolve a consciência de si mesma e 
do mundo exterior, facilitando a conquista de sua independência. 
O olhar psicomotor voltado para a criança autista pode modificar a sua 
representação na sociedade, ampliando assim, suas interações com o meio e 
facilitando sua atuação social. Quanto menos estimuladas estas crianças são, mais 
alheias ao mundo exterior elas se tornam e são mais difíceis de serem 
16 
 
compreendidas. E quanto mais houver questionamentos quanto ao desenvolvimento 
de crianças autistas, novas pesquisas serão realizadas, a fim de incluir, integrar, 
socializar, diminuir preconceitos e proporcionar a aceitação das crianças com 
necessidadesespeciais em nossa sociedade, pois estas também são dotadas de 
potencialidades que precisam ser descobertas. 
Os resultados alcançados oferecem contribuições importantes para as 
famílias e aos profissionais na área da saúde e da educação como os médicos, 
pedagogos, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, 
enfermeiros e educadores físicos, onde estes poderão utilizar-se dos resultados 
obtidos para o atendimento em grupo ou individual de crianças precocemente 
diagnosticadas como autistas. De modo que esses resultados mostrarão que é 
possível proporcionar oportunidades de mudanças a crianças com diversas 
necessidades especiais, incluindo as crianças autistas, pois a intervenção 
psicomotora poderá contribui significativamente para um melhor desenvolvimento 
destas crianças. 
Levando em consideração estes aspectos teve-se como objetivo geral 
analisar a influência das intervenções psicomotoras embasadas no Manual da 
Análise do Comportamento Aplicada (ABA) no desenvolvimento psicomotor de uma 
criança autista na APAE de Santarém-Pará e, como objetivos específicos, verificar a 
atual situação do perfil psicomotor da criança autista; destacar as potencialidades e 
dificuldades motoras apresentadas por ela, averiguar a aplicação das atividades que 
foram desenvolvidas através do manual ABA; estimular a motricidade fina, 
motricidade global, esquema corporal, organização espacial, organização temporal, 
equilíbrio e lateralidade; e, verificar possíveis mudanças ou melhoras através dos 
resultados obtidos após a reavaliação. 
17 
 
1 PSICOMOTRICIDADE 
 
 
1.1 O Corpo Funcional 
 
 A psicomotricidade está interligada com o corpo, por isso se faz necessário 
identificar a origem desta palavra. Marinho (2007) destaca que o termo que remete a 
esse conceito é garbhas, que significa “embrião”, ou seja, o princípio ou começo; em 
grego, é kapós, que se refere a “frutos, semente” e, em latim, é corpus, que significa 
“tecido de membros, envoltura da alma, embrião do espírito”. Com isso, constata-se 
que o corpo está constantemente enredado com a alma, de modo que estes em 
conjunto se comunicam com o mundo exterior. 
De acordo com Alves (2012), o primeiro objeto que a criança percebe é seu 
próprio corpo. Tal conhecimento irá se estruturar a partir das sensações vivenciadas, 
de modo que surgiram possibilidades de expressar-se através de movimentos. A 
maneira como a criança desenvolverá seu esquema corporal nos remete ao fato de 
que esta necessita tomar consciência de seu próprio corpo. “A imagem do corpo, por 
sua vez, expressa uma relação permanente com a história psicomotora (motora, 
afetiva e cognitiva) do indivíduo” (SCHILDER, 1968 apud FONSECA, 2008, p.106). 
Vale ressaltar que estes aspectos são de fundamental importância para o 
desenvolvimento global da criança, mais precisamente no que se refere à 
construção de seu esquema corporal. A despeito disso Bueno (2013) enfatiza que o 
esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da 
personalidade da criança, onde este reflete o equilíbrio entre as funções 
psicomotoras e sua maturidade. 
Segundo Almeida (2009), o corpo é repleto de características pertencentes 
somente a um único ser, embora sejam semelhantes, já que cada corpo irá 
desenvolver uma ou várias características que lhe são particulares. A maneira como 
cada corpo experencia o mundo é que irá determinar a maneira como este se 
comporta. 
O corpo existe para o mundo e no mundo para descobrir e ser descoberto e 
para transformar e ser transformado. É pelo corpo que atingimos fins, 
realizamos gestos, concretizamos pensamentos e organizamos ações 
(FONSECA, 2008, p.123). 
18 
 
Nesta mesma linha de pensamento considera-se que o esquema corporal 
depende da organização de si mesmo, ou seja, de dentro para fora. “Esta 
organização leva a uma percepção e controle do próprio corpo por meio da 
interiorização das sensações” (OLIVEIRA, 2009, p.51). O corpo mostra a história de 
vida do sujeito, de maneira singular este representa quem realmente é. 
Vale notar a contribuição de Alves (2012) onde reforça que o indivíduo 
quando se descobre, utiliza e controla seu corpo, de modo que seu esquema 
corporal irá se estruturar, e tomará consciência de si e das suas potencialidades no 
meio em que este está inserido. Cada parte do nosso corpo é composto por 
potencialidades, fragilidades, e também de nossas histórias, pois a experiência de 
cada indivíduo se dá através do corpo, com suas significações e sentimentos que 
lhe são particulares. 
Ferreira e Ramos (2007) mencionam o conceito de corpo como aquele 
conhecimento que se adquire no meio sociocultural, como um aspecto mais 
informativo. O esquema corporal é caracterizado pela própria consciência do corpo, 
da relação de suas partes entre si com as do meio exterior, envolvendo equilíbrio e 
coordenação motora que são imprescindíveis para andar e sentar-se, entre outras 
ações, geralmente sem cair. 
Enquanto Oliveira (1997) relata que sob a ótica de Vygotsky a imagem 
corporal é uma representação produzida sob um contexto histórico-social, fruto da 
experiência individual, a conexão entre inteligência prática, sensório-motricidade e 
emoção, por um lado, e o campo dos signos e da linguagem, por outro, é que 
permite a internalização dos conceitos de si, do outro e do mundo. Alves (2012) 
destaca que o corpo não é somente algo biológico e orgânico, mas que também 
expressa emoções e está repleto de significados que são adquiridos por meio da 
relação do indivíduo com o meio. 
Vale ressaltar que o corpo é composto também por “habilidades motoras que 
envolvem as categorias de movimento de locomoção, manipulação e estabilização” 
(BUENO, 2013, p.37). Todo movimento é produzido através de estímulos, que darão 
respostas motoras, contribuindo para o desenvolvimento saudável do corpo. 
Ao referir-se a tal assunto, Alves (2012) sustenta que o movimento é uma 
resposta muscular à estimulação sensorial, só podemos estudá-lo na unidade 
sensório-motora, isto é, levando em consideração a informação motora. O corpo 
produz os movimentos conforme as reações de estimulações, tanto externas, quanto 
19 
 
internas. Sendo assim percebe-se que o movimento tem definições diferentes 
relacionados às sensações que o corpo vivencia. 
A mesma autora faz a distinção dos conceitos de movimentos, onde existem 
os: movimentos reflexos, que são aqueles cuja reação é involuntária, estereotipada 
e localizada no organismo a um estímulo específico, sendo estes inatos ou 
adquiridos por aprendizagem, como por exemplo, o reflexo de sucção; movimentos 
voluntários, caracterizados como atos intencionais que encerram dois elementos 
importantes, a motivação e antecipação, é o ponto onde se reúnem as faculdades 
intelectuais e psíquicas e as possibilidades motrizes; e os movimentos automáticos, 
são denominados de reações globais aos estímulos do meio, sendo estas 
aprendidas tornando-se involuntárias, como por exemplo, a coreografia de uma 
dança. 
 
1.2 Histórico da psicomotricidade 
 
Segundo Fonseca (1995) desde Aristóteles que o corpo foi negligenciado em 
função do espírito, passando apenas a ser estudado no séc. XIX por neurologistas e, 
posteriormente por psiquiatras, com o intuito de entender as estruturas cerebrais e 
esclarecer fatores patológicos. A história da psicomotricidade acompanha a história 
do corpo e o significado do mesmo que sofreu inúmeras alterações desde a 
antiguidade até à atualidade (LEVIN, 2007). E a cada dia se renova cada vez mais, 
pelo fato de ser uma ciência que se encontra em constante discussão e evolução, e 
que contribui para a atuação de profissionaisde diversas áreas, a fim de atender as 
demandas encontradas. 
O termo psicomotricidade surgiu no início do século XIX, a partir do discurso 
médico neurológico, partindo da análise da relação entre o atraso do 
desenvolvimento motor e o atraso intelectual do avaliado. Com o desenvolvimento e 
as descobertas da neurofisiologia, começou a verificar-se a existência de diferentes 
disfunções graves sem que o cérebro fosse lesionado ou sem que a lesão fosse 
nitidamente localizada (FONSECA, 1995; BUENO, 2013). 
A trajetória histórica da psicomotricidade traz consigo muitas definições 
acerca de seus conceitos. Segundo Bueno (2013) o termo evoluiu primeiramente em 
sua forma teórica, depois na prática, até chegar ao meio termo entre ambas. A 
prática associada à atuação dos profissionais que estudam esta ciência ainda é 
20 
 
pouco reconhecida em nossa sociedade, visto que é uma abordagem globalizante 
que configura uma importante aliança no resgate da qualidade de vida humana, 
porém ainda existe uma enorme dificuldade deste profissional assumir esta 
abordagem em seu campo de atuação. 
Vale notar a contribuição de Enderle (1987) que identifica a psicomotricidade 
na sua essência, não só como a chave da sobrevivência, como se observa no 
animal e na espécie humana, mas é igualmente, a chave da criação cultural, em 
síntese a primeira e última manifestação da inteligência. A psicomotricidade, em 
termos filogenéticos, tem, portanto, um passado de vários milhões de anos, porém 
uma história restrita de apenas cem anos. Para Fonseca (2008) a motricidade 
humana, a única que se pode denominar por psicomotora, é distinta da motricidade 
animal por duas características: é voluntária e possui novos atributos de interação 
com o mundo exterior. 
Os conceitos acerca desta ciência relacionam-se com a função que o corpo 
exerce na vida do indivíduo, haja vista que a psicomotricidade estuda a relação do 
homem com o ambiente em que vive através dos movimentos produzidos por ele. 
Com isso a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP) menciona o conceito 
mais atual de psicomotricidade como uma ciência que tem por objeto o estudo do 
homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e 
externo, bem como suas potencialidades de perceber, atuar, agir com o outro, com 
os objetos e consigo mesmo (SABOYA, 1995; SBP, 2013). 
A despeito disso Alves (2004) menciona que a psicomotricidade tem o 
objetivo de trabalhar o indivíduo com toda sua história de vida, social, política e 
econômica, retratando-as em seu corpo. Trabalha no indivíduo o afeto e desafeto do 
corpo, desenvolvendo seus aspectos cognitivos em conjunto com os físicos. De 
maneira geral a “psicomotricidade é corpo em movimento, considerando o ser em 
sua totalidade” (p.20), pois não há como trabalhar apenas um aspecto, mas sim o 
todo. 
Ao referir-se a tal assunto Almeida (2009) aponta a psicomotricidade como 
sendo um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e 
integrado, pois as intervenções são estruturadas a fim de produzir um resultado mais 
eficaz, comparadas àquelas que são realizadas sem um objetivo em comum. Com 
relação à função das experiências vividas pelo sujeito, sua ação é resultante de sua 
individualidade, sua linguagem e sua socialização, visto que é necessário conhecer 
21 
 
a si mesmo, bem como suas potencialidades e limitações. Isso vem de encontro com 
o que Bueno (2013) considera a respeito da relação que as pessoas têm com os 
objetos, onde há o aprendizado de se comunicar e expressar suas dificuldades, 
sendo estas de ordem motora, emocional ou cognitiva. 
Ainda na mesma linha de pensamento Alves (2004) destaca que a 
psicomotricidade tem como objetivo primordial trabalhar para educar e reeducar o 
indivíduo que apresenta distúrbios, e exprimem através de perturbações 
psicomotoras, as debilidades motoras, a inabilidade, os atrasos psicomotores, a 
instabilidades psicomotoras, a inibição psicomotora, diminuição, hipercontrole e 
retenção. 
Passado o tempo, entendemos que hoje a psicomotricidade deve trabalhar 
com o sujeito independente de suas necessidades especiais, buscando no 
movimento uma forma de comunicação, desenvolvimento emocional e 
interação social (FERREIRA; RAMOS, 2007, p. 41). 
O olhar voltado não só para as potencialidades do indivíduo é um diferencial 
desta abordagem, pois este é trabalhado como um todo, independente de suas 
dificuldades. Assim como sustenta Almeida (2009) que ao falar em psicomotricidade, 
está falando de humanização, de relações afetivas, de envolvimento do homem com 
os ambientes, com os fatos e com as outras pessoas. 
Segundo Le Boulch (1987), a psicomotricidade se dá através de ações 
educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança, 
proporcionando-lhe uma imagem do corpo contribuindo para a formação de sua 
personalidade. É uma prática pedagógica que visa contribuir para o desenvolvimento 
integral da criança no processo de ensino-aprendizagem, favorecendo os aspectos 
físicos, mental, afetivo-emocional e sócio-cultural, buscando estar sempre 
condizente com a realidade dos educados. 
Para Fonseca (2004) a psicomotricidade em termos epistemológicos não 
encerra só a história dos conceitos do exercício físico, da motricidade e do corpo, 
convocados para restaurar uma “ordem psíquica perturbada” ou para facilitar o 
“funcionamento do espírito”, mas também o estudo casual e a análise de condições 
de adaptação e de aprendizagem que tornam possível o comportamento humano. 
A psicomotricidade é a capacidade de determinar e coordenar mentalmente 
os movimentos corporais, a atividade ou conjunto de funções psicomotoras. Sendo 
22 
 
esta compreendida em sua integridade, partindo de fenômenos que envolvem o 
desejar e querer, bem como os movimentos, as sensações e significações de que a 
experimenta (ALVES, 2012). 
Assim, o conceito de psicomotricidade está ligado ao período de maturação 
da criança, no qual toda experiência corporal, vivida nas interações com o meio, a 
sensação, o tônus, o movimento e os afetos, fundam o psiquismo, ou seja, período 
no qual se formam as representações mentais a partir da ação (AUCOUTURIER, 
2002). 
 
1.3 Desenvolvimento psicomotor 
 
O desenvolvimento humano é resultado das interações dialéticas do homem 
em seu meio sócio-histórico cultural. Ao mesmo tempo em que o ser humano 
transforma o seu meio para seguir suas necessidades básicas, transforma a si 
mesmo (RAMPAZZO, 2009). O ser humano é o único ser capaz de modificar, criar e 
se transformar, têm capacidades diferentes dos outros seres, por isso está propício 
à mudanças, em conjunto da interação com o outro. 
O desenvolvimento humano precisa de um contexto social e histórico para 
florescer, dado que é a interação com os outros seres humanos mais 
experientes que permite apropriar-se das aquisições motoras, emocionais e 
cognitivas que se desenrolam ao longo de anos de experiência caminhando 
para a descoberta do seu eu e do seu self em termos vygotskianos, primeiro 
do âmbito inter-corporal e posteriormente, do âmbito intra-corporal 
(FONSECA, 2008, p. 387). 
O desenvolvimento humano é alvo de muitos estudos, a fim de ter uma 
compreensão maior acerca da evolução humana. Bueno (2013) afirma que o 
desenvolvimento humano é o desenvolvimento integrado ao crescimento, à 
maturação, às experiências e às adaptações que o corpo deste indivíduo passa. 
O desenvolvimento engloba todas as áreas do organismo e da personalidade 
do indivíduo, “o desenvolvimento é contínuo” (ALVES, 2012, p. 99), pois a todo o 
momento nos desenvolvemos, sendo através do crescimento de nossos cabelos, 
intelectual, afetivo, enfimseguindo o direcionamento que o meio proporciona. Em 
contrapartida Rosa Neto (2011) sustenta que o crescimento do cérebro humano não 
é regular nem contínuo, pois as áreas cerebrais têm picos que não coincidem com 
23 
 
os saltos neuropsicomotores das diferentes fases da vida, que ocorrem nos períodos 
pré, peri e pós-natal. 
Oliveira (1997) destaca que o desenvolvimento humano e aprendizagem são 
temas centrais das obras de Vygotsky onde busca compreender a origem e o 
desenvolvimento dos processos psicológicos ao longo da história da espécie 
humana e da história individual. O mesmo autor enfatiza a importância dos 
processos de aprendizado desde o nascimento da criança, pois sua personalidade 
irá se estruturar através do processo de maturação. 
Ainda nesta mesma linha de pensamento Fonseca (2008), reforça que o bebê 
humano, com o patrimônio dos seus reflexos, não está ainda em condições de 
responder autonomamente as suas necessidades de sobrevivência. Indefeso e com 
uma motricidade dependente e exógena, mediatizada pelos outros, principalmente 
pela mãe: 
(...) o bebê vai adaptar-se ao meio por meio da motricidade e das práticas 
dos seres humanos mais experientes que o rodeiam que se 
responsabilizam pelo atendimento em tempo integral das suas 
necessidades básicas (amor, carinho, conforto, segurança, atenção, 
proteção. filiação, abrigo, alimentação, higiene, locomoção, etc.). A 
imaturidade motora do bebê está profundamente ligada a uma forte 
vinculação social extremamente complexa e única da espécie (FONSECA, 
2008, p.386). 
A despeito disso Bueno (2013) afirma que o desenvolvimento psicomotor se 
caracteriza pela maturação que integra o movimento, e diversos aspectos 
pertencentes ao nosso esquema corporal, que dentre eles pode-se citar: o ritmo, a 
construção espacial, o reconhecimento dos objetos, das posições, a imagem do 
nosso corpo e a palavra. Vale notar que é de suma importância respeitar a 
individualidade de cada pessoa, assim como as condições em que o indivíduo está 
inserido, sendo que o ambiente influencia a maneira como o corpo irá reagir a 
determinados estímulos, comprometendo assim seu desenvolvimento. 
Rosa Neto (2011) ressalta que durante a gravidez, o feto começa a dar sinais 
de vida ao mundo exterior, fundamentalmente através de uma atividade motora. 
Desde o nascimento há mudanças maturativas da criança, que continuamente nos 
surpreendem com fatos novos. A integração sucessiva da motricidade implica na 
constante e permanente maturação orgânica. 
24 
 
Outro aspecto citado por este autor está relacionado ao fato da criança 
interagir com o meio e com as demais pessoas, sendo estas interações de caráter 
motor, social, afetivo e cognitivo fazendo parte das bases familiares e do convívio 
humano, para que esta possa está inserida socialmente. 
O desenvolvimento psicomotor elabora desde o nascimento e progridem 
lentamente de acordo com a maturidade neurológica, a vivência e a oportunidade 
que a criança possui em explorar o mundo que a rodeia (OLIVEIRA, 2009; BUENO, 
2013). Segundo Oliveira (1997) o desenvolvimento psicomotor é midiatizado 
socialmente pelos signos e pelos outros. O signo age como um instrumento da 
atividade psicológica de maneira análoga ao papel de um instrumento de trabalho, 
porém são elementos externos ao indivíduo, voltados para fora deles sua função é 
provocar mudanças nos objetos, e controlar o processo da natureza. 
O contexto no qual a criança está inserida influenciará o processo de 
maturação se este não for saudável. Fonseca (2008) discorre sobre o assunto ao 
falar que o desenvolvimento psicomotor da criança está intimamente relacionada 
com o contexto sócio-histórico, e que é isso que o torna tipicamente humano ao 
inserir-se no seu contexto social e cultural. 
Para Alves (2012, p. 100), “é necessário sinalizar e orientar os responsáveis 
pela criança sobre a importância da influência do meio no processo evolutivo dela”, 
haja vista que os pais, responsáveis ou cuidadores são os primeiros educadores 
destas crianças, e cabe a eles estarem atentos a este aspecto. 
De acordo com Fonseca (2008) o desenvolvimento global da criança depende 
do comportamento perceptivo-motor, sendo que este exige como condição prévia, 
determinadas oportunidades, como as de aplicação; a exploração lúdica e 
sistemática; o controle postural e motor; a percepção figura-fundo; a integração 
intersensorial; a noção de corpo; de espaço e de tempo. Corroborando com o 
assunto Alves (2004) reforça que o desenvolvimento mental aliado ao motor poderá 
levar a criança a explorar o mundo exterior, tento contato direto com objetos 
concretos. 
Outro aspecto levantado por Fonseca (2008) é com relação às condições 
sociais de vida que o adulto cria para a criança, que exercem uma influência muito 
importante nos primeiros meses de desenvolvimento, acelerando ou inibindo o 
desenvolvimento motor, emocional e cognitivo, não só quanto à adequabilidade, à 
direcionalidade e ao nível de execução das interações. 
25 
 
Nesta mesma de linha de consideração a criança passa por mudanças 
físicas, alterações nos músculos, na gordura, nos órgãos internos e no sistema 
nervoso. O que essa descrição não transmite é o impacto de todas essas mudanças 
na capacidade de a criança usar o corpo para movimentar-se no mundo (BEE, 
2003). A atividade motora é de suma importância no desenvolvimento global da 
criança. Através da exploração motriz, a criança desenvolve a consciência de si 
mesma e do mundo exterior (ROSA NETO, 2011). De modo que contribui de 
maneira significativa no processo de desenvolvimento emocional e social, onde 
terão possibilidades de descobrir quais são as suas habilidades, estabelecendo 
também a relação com o meio em que vive e com os estímulos provindos deste. 
 
1.4 Motricidade humana 
 
Rosa Neto (2011) relata que a busca de identidade da motricidade iniciará a 
partir dos trabalhos de Ajuriaguerra e Diatkine, no Hospital Henri-Rousselle, de 
Paris, durante os anos 1947-59. Estes autores realizaram uma série de publicações 
que dão lugar à primeira carta de reeducação motriz na França. Esta carta trouxe a 
fundamentação teórica do exame motor, assim como uma série de métodos e 
técnicas de tratamento de diversos transtornos motrizes. 
A Motricidade Humana escolhe seus conceitos fundamentais baseados no 
paradigma da complexidade anunciado por Morin (1991) e no paradigma sistêmico e 
ecológico proposto por Capra (1975). Estes referenciais permitem que o profissional 
visualize o mundo sob um novo olhar que marca a sua própria vida, na maneira 
como o indivíduo lida com sua alimentação, com sua atividade física, com suas 
escolhas na vida e, em síntese, como cuida de sua própria motricidade. 
Para Bueno (2013) motricidade é o mesmo que mobilidade, pois é o domínio 
do corpo com sua agilidade, locomoção e a capacidade de movimentar-se de forma 
voluntária. Sendo a esta atribuída um papel fundamental na vida intelectual da 
criança, visto que é através do movimento que esta cresce, se desenvolve, e 
conhece seu corpo. 
Esta nova vertente, mesmo sem integrar os diversos princípios e modalidades 
da reeducação, é considerada como a estrutura que configura as grandes bases da 
motricidade atual, tais como: coordenação dinâmica e óculo-manual, equilíbrio, 
26 
 
organização espacial e temporal, esquema corporal e lateralidade (ROSA NETO, 
2011). 
 
 
1.5 Áreas básicas da motricidade humana 
 
1.5.1 Motricidade fina 
 
Para Rosa Neto (2011), a motricidade fina pode ser definida como uma 
atividade com movimentos pequenos, com o mínimo de força e com grande 
precisão. Isso significa que para executar esta atividadedeve-se agir 
cautelosamente para que tenha êxito em sua conclusão, vale ressaltar que nestas 
atividades serão envolvidos movimentos com as mãos e dedos, com os pés, rosto, 
língua e lábios. 
Enquanto Almeida (2009) utiliza-se do termo coordenação motora fina, onde 
enfatiza que esta diz respeito aos trabalhos mais finos, sendo executados com o 
auxílio de mãos e dedos. Há algumas atividades que auxiliam o desenvolvimento 
dessa modalidade, como: recortes de tiras de papel de revista com o dedo; recortes 
de quadrados em folhas de revistas com o dedo; colar grãos em fileiras desenhadas 
no papel, dentre outras. 
Bueno (2013) também considera como a capacidade de controlar os 
pequenos músculos para exercício refinados, que envolvem a coordenação viso-
motora ou oculomotora, a coordenação viso-manual ou óculo-manual e a 
coordenação músculo-facial. Para Alves (2012) é uma coordenação segmentar que 
exige um maior cuidado na execução dos movimentos considerados mais 
complexos. 
Rosa Neto (2002) menciona que a atividade manual, guiada por meio da 
visão, faz intervir, ao mesmo tempo, o conjunto dos músculos que asseguram a 
manutenção dos ombros e dos braços, do antebraço e a mão, que é particularmente 
responsável pelo ato manual de agarrar ou pelo ato motor. O mesmo autor salienta 
que o córtex pré-central corresponde à motricidade fina tem um papel fundamental 
no controle dos movimentos isolados das mãos e dos dedos para pegar o alimento. 
 
 
27 
 
1.5.2 Motricidade global 
 
A motricidade global permite a execução de movimentos amplos, como correr, 
saltar, dançar, pular, que envolvem grupamentos musculares globais e menos 
precisos (ROSA NETO, 2011; ALVES, 2012). Estes são essenciais para que as 
crianças desenvolvam seus padrões de comportamentos motores, sendo eles 
apresentados no decorrer das atividades que envolvem a motricidade global. 
A coordenação motora global deve ser uma das primeiras a serem 
desenvolvidas no espaço infantil, pois é a que exige mais da criança, para que esta 
consiga acompanhar as demais atividades sugeridas posteriormente. Considerada 
por Alves (2012) como coordenação motora ampla, que trabalha com atividades 
onde a criança necessite ter controle muscular, sendo que este é indispensável para 
facilitar a caligrafia e concentração na escola. 
A despeito disso Almeida (2009) acredita que as atividades envolvidas nestas 
práticas estão relacionadas à organização geral do ritmo, ao desenvolvimento e às 
percepções gerais da criança. Através dessas atividades a criança se descobre, e 
desvenda o mundo que a rodeia, podendo surgir novas possibilidades de ações que 
envolvam seus próprios recursos, bem como sua criatividade. 
Para Bueno (2013) o termo utilizado é coordenação dinâmica global ou geral, 
a qual considera como possibilidade de controle de movimentos amplos de nosso 
corpo. Considerando que o copo é puro movimento, cada pessoa produz de maneira 
independente segmentos corporais que as interessam. 
Seguindo essa linha de pensamento Rosa Neto (2002) destaca que o 
movimento motor global, seja ele o mais simples, é um movimento sinestésico, tátil, 
labiríntico, visual, espacial e temporal. Os movimentos dinâmicos corporais 
desempenham um importante papel na melhora dos comandos nervosos e no 
afinamento das sensações e das percepções, contribuindo para que o corpo esteja 
em harmonia com os gestos produzidos por ele. 
 
1.5.3 Equilíbrio 
 
O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos segmentos 
corporais. Quanto mais defeituoso é o movimento, mais energia consome, e isto 
28 
 
exige mais do corpo, pois este precisa estar situado no espaço de maneira ordeira e 
equilibrada (ALVES, 1981; ROSA NETO, 2002). 
Quanto à sua classificação Alves (2012) enumera que existem dois tipos de 
equilíbrio, o estático e o dinâmico. O estático diz respeito aos movimentos não 
locomotores, ou seja, aqueles que não necessitam sair do lugar, como por exemplo, 
ficar de cócoras apoiando-se apenas com as pontas dos pés. Já o dinâmico refere-
se aos movimentos locomotores, sendo estes aqueles no qual o indivíduo precisa se 
equilibrar saindo do lugar, como por exemplo, andar sobre uma corda suspensa. 
Com relação aos tipos de equilíbrio, Bueno (2013) reforça que tanto o 
equilíbrio estático quanto o dinâmico apresentam dificuldades. O primeiro exige 
maior concentração e controle postural. Já o segundo, o dinâmico – sendo que 
quando corpo está em movimento o nível de dificuldade acentua-se, e as contrações 
compensadoras de cada movimento devem combinar-se, para que a atividade atinja 
gestos harmoniosos. 
Fonseca (2004) descreve que a postura é uma função que, do mesmo modo 
que exige certas condições indispensáveis do meio envolvente, como o solo e as 
forças gravitacionais, é também um sistema funcional quase exclusivo da espécie 
humana. Este fato é mais uma singularidade do ser humano, associada à maneira 
de pensar, planejar e agir. 
Para Rosa Neto (2002, p. 17) “o equilíbrio é o estado de um corpo quando 
forças distintas que atuam sobre ele se compensam e anulam-se mutuamente”. A 
criança adota algumas posturas para assim chegar ao equilíbrio, utilizando-se de 
diversas maneiras para realizar o movimento de forma precisa. Sendo assim a 
possibilidade de manter posturas, posições e atitudes indica a existência de 
equilíbrio. 
Ao referir-se a tal assunto Fonseca (2004) menciona que o equilíbrio envolve 
o controle postural, revelando o nível de integridade de importantes centros e 
circuitos neurológicos, sem os quais nenhuma atividade pode ser realizada. O 
controle postural depende das funções cognitivas, visto que o corpo irá responder 
aos comandos emitidos pelo cérebro, para que o equilíbrio aconteça. 
 Isso vem de encontro com Barlow (1955) afirmando que uma postura 
inadequada poderá estar associada a uma excessiva tensão que favorece um maior 
trabalho neuromuscular, o que dificulta a transmissão e as informações dos impulsos 
29 
 
nervosos. Se o corpo não está preparado para executar determinadas atividades, 
não há como este ter êxito em seus movimentos. 
Para Asher (1975) as variações da postura estão associadas a períodos de 
crescimento, surgindo como uma resposta as dificuldades de equilíbrio que 
costumam ocorrer segundo as mudanças nas proporções corporais e nos seus 
seguimentos. A postura ideal é aquela em que a atividade muscular tem de ser 
mínima para manter o corpo em estado de equilíbrio, ou seja, deve-se haver mais 
concentração e precisão para que o equilíbrio aconteça, mesmo que a atividade seja 
de difícil execução. 
 
1.5.4 Organização espacial 
 
Segundo Lopes (2010) a organização espacial caracteriza-se pela capacidade 
de orientar-se, situar-se e movimentar-se no espaço, tendo como referência o 
próprio corpo. Isto significa que a maneira como o indivíduo se vê e percebe as 
coisas no espaço, está associado a si próprio, de modo a dirigir-se e avaliar os 
movimentos, adaptando-o ao espaço vivido. 
A noção do espaço é ambivalente, pois, ao mesmo tempo, é concreta e 
abstrata, finita e infinita. Visto que envolve tanto o espaço do corpo, assim como sua 
funcionabilidade, quanto o espaço que o rodeia. Percebemos a posição de nosso 
corpo no espaço, posteriormente a posição dos objetos em relação a nós mesmo, e 
por fim, aprendemos a notar as posições destes objetos entre si mesmos (ROSA 
NETO 2002; ALVES, 2012). 
A organização espacial depende, ao mesmo tempo, da estrutura de nosso 
próprio corpo (estrutura anatômico, biomecânica, fisiológica, etc.) da natureza do 
meio que nos rodeia e de suas características (ROSA NETO, 2002). O ser humano 
precisa ternoção de seu próprio corpo, conhecê-lo em sua essência, se perceber e 
compreender sua função no espaço. 
Para Oliveira (2009) a estruturação espacial é uma elaboração e uma 
construção mental, pois a consciência do eu permite situar-se no tempo e no 
espaço. A possibilidade de organizar-se perante o mundo, e perante as coisas entre 
si, e das situações, tendo uma compreensão do mundo exterior. O mesmo autor 
enfatiza que pela interiorização de seu corpo a criança apreende o espaço que a 
30 
 
cerca, trabalha com a representação deste espaço, prevendo e antecipando suas 
ações. 
Alves (2004) menciona que a estruturação espacial é essencial para que se 
viva em sociedade. É através do espaço e das relações espaciais que se situa no 
meio em que vive em que se estabelecem relações entre as coisas, em que se 
fazem observações, comparando-as, combinando-as, vendo semelhanças e 
diferenças entre elas. A estruturação espacial não nasce com o indivíduo ela é uma 
elaboração e uma construção mental que se opera através de seus movimentos em 
relação aos objetos que estão em seu meio. 
 
1.5.5 Organização temporal 
 
Para Rosa Neto (2002) a organização temporal inclui uma dimensão lógica, 
que diz respeito ao conhecimento da ordem, da duração, e dos acontecimentos que 
se sucedem com intervalos. É estar orientado no tempo, e saber distinguindo o 
ritmo, se é rápido ou lento, dentro de um determinado espaço de tempo. 
Bueno (2013, p. 236) denomina de estruturação espaço temporal, sendo esta 
“a capacidade de avaliar tempo-espaço, interagindo-a real e convencionalmente em 
uma sucessão e em grandeza espacial”. Este conceito foi desenvolvido no início da 
criação da ciência psicomotora, pois os autores ao fazerem referência a esses 
termos, não conseguiam separá-los. Inserido na organização espaço temporal tem-
se o tempo, o espaço e o ritmo, estando integrados esses dois conceitos 
psicomotores as atividades se desenvolvem de forma integrada. 
Segundo Almeida (2009) a noção de tempo leva a criança desenvolver 
hábitos do cotidiano, como: dormir, acordar, tomar banho, almoçar, ir à escola entre 
outras atividades que ocorrem em função do tempo. Vale ressaltar que muitas 
crianças não compreendem tal condição, pelo fato de ser algo tal complexo. Alves 
(2004) menciona que a orientação temporal garantirá para o indivíduo uma 
experiência de localização dos acontecimentos passados, e uma capacidade de 
projetar-se para o futuro, para que assim possa planejar sua vida. 
 
 
 
 
31 
 
1.5.6 Lateralidade 
 
Oliveira (2009) sustenta que a lateralidade ocorre quando se verifica o 
domínio de um lado do corpo sobre o outro, portanto a esfera motora da parte 
esquerda ou da direita tem ascendência em relação à outra. Menciona ainda que a 
dominância seja examinada em relação à força, precisão, habilidade e velocidade 
dos movimentos, no olho, mão e pé. 
Para Alves (2004) a propensão que o ser humano possui ao utilizar 
preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro, em três níveis: mão, olho e 
pé. Isto significa que existe um predomínio motor, ou melhor, uma dominância de um 
dos lados. 
A mesma autora comenta que, se uma pessoa tiver a mesma dominância nos 
três níveis (mão, olhos e pé) do lado direito, diz-se que é destra homogênea; e 
canhota, ou sinistra homogênea, se for do lado esquerdo. Se ela possuir dominância 
espontânea nos dois lados do corpo, isto é, executar os mesmos movimentos tanto 
com um lado como o outro é muito comum, é chamada ambidestra. 
Para Rosa Neto (2002) a lateralidade é a preferência da utilização de uma 
das partes simétricas do corpo: mão, olhos, ouvidos, pernas; a lateralidade cortical é 
a especialidade de um dos dois hemisférios quanto ao tratamento da informação 
sensorial ou quanto ao controle de certas funções. Nesta mesma linha de 
considerações Lopes (2010) diz que a lateralidade é a manifestação de um lado 
preferencial na ação, vinculada a um hemisfério cerebral, ou seja, é a propensão 
que o ser humano possui de utilizar preferencialmente mais um lado do corpo que o 
outro, em três níveis: mão, pé, olho (em nível de força e de precisão). 
Conforme Le Boulch (2001) diz que a lateralização é a manifestação de um 
predomínio motor relacionado com as partes do corpo que integram suas metades 
direita e esquerda, predomínio este que, por sua vez, se vincula á aceleração do 
processo de maturação dos centros sensório motores de um dos hemisférios 
cerebrais. Já Fonseca (2008) diz que se trata de um fenômeno morfológico que 
representa uma forma de assimetria funcional. 
Este aspecto também é comentado por Lopes (2010) onde enumera quatro 
tipo de lateralidade: lateralidade contrariada, é como se caracterizam pessoas, 
geralmente canhotas, que foram obrigadas a mudar a preferência de um dos lados; 
lateralidade indefinida, caracteriza crianças que ainda não decidiram pelo uso 
32 
 
preferencial de um dos lados do corpo; lateralidade cruzada, além da dominância da 
mão, existe a do pé e a do olho. Quando essas dominâncias não se apresentam do 
mesmo lado, dizemos que o indivíduo tem lateralidade cruzada; ambidestra, 
caracteriza-se pela dominância espontânea dos dois lados do corpo, o que não é 
muito comum. 
 
 
1.6 Avaliação psicomotora 
 
Devido à importância da psicomotricidade no desenvolvimento da criança, faz 
necessária a reflexão de como podemos auxiliá-los nas práticas psicomotoras. Para 
que isto ocorra de fato é imprescindível que haja primeiramente uma avaliação, a fim 
de averiguar o que precisa ser trabalhado. A avaliação psicomotora tem grande 
importância, pois possibilita ao profissional verificar de que forma este irá 
desenvolver suas atividades, adequado-as as necessidades apresentadas pelas 
crianças (MARINHO, 2007; ALVES, 2012; BUENO, 2013). 
Considerando este assunto Bueno (2013), comenta que para fazer uma 
avaliação psicomotora faz-se necessário saber com exatidão qual o objetivo em 
submeter o indivíduo a esta avaliação. Visto que o sujeito avaliado será acometido à 
testes para verificação de suas potencialidades e dificuldades. Além disso, Rosa 
Neto (2011) aponta que a escolha e manejo de um instrumento de avaliação estarão 
correlacionados a diversos fatores, assim como a formação e experiência 
profissional do avaliador, de que maneira será realizado o manuseio dos materiais, a 
interpretação dos resultados, entre outros, que devem estar integrados também com 
as demais informações a respeito do avaliado. 
Diante disso percebe-se que a avaliação psicomotora corresponde não só a 
método quantitativo, mas também qualitativo, no sentido de que o avaliador estará 
atento também aos aspectos subjetivos do sujeito, a influência que o ambiente 
proporciona e o estado emocional apresentado por ele. Alves (2012) sustenta que a 
avaliação é um processo contínuo, pelo fato de não ser possível em uma única 
avaliação detectar o problema, por isso é de grande importância que o profissional 
esteja atento aos aspectos externos e internos do sujeito no momento da avaliação. 
A despeito disso vale notar que: 
33 
 
(...) a avaliação psicomotora deve ser analisada de maneira ampla, 
contextualizada e inserida no grupo interdisciplinar sobre o qual o sujeito 
circula, seja na escola, nos atendimentos ou na família. Não deve ser 
restrita a métodos, procedimentos técnicos e aplicação de testes apenas 
(BUENO, 2013, p.317). 
A partir da avaliação psicomotora o profissional terá acesso à história de vida 
do avaliado, identificando seus comportamentos em diversos aspectos, o qual 
contribuirá para a eficácia do tratamento que se iniciará após o resultado da 
avaliação (ALVES, 2012). Através daavaliação a criança é classificada de acordo 
com as dificuldades apresentadas por ela, mas isso não significa que esta irá 
permanecer com essa classificação, pois por meio desta que será iniciado o 
tratamento adequado. 
Através de inúmeras pesquisas na área do desenvolvimento psicomotor Rosa 
Neto (2002) estabeleceu um nível de classificação que varia de acordo com 
Quociente Motor Geral (QMG) encontrado na avaliação psicomotora. A tabela 1 
corresponde aos níveis de classificação propostos por este pesquisador. 
Tabela 1 – CLASSIFICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR PARA CRIANÇAS 
QMG Classificação 
130 ou mais Muito superior 
120 – 129 Superior 
110 – 119 Normal alto 
90 – 109 Normal médio 
80 – 89 Normal baixo 
70 – 79 Inferior 
69 ou menos Muito inferior 
FONTE: Rosa Neto (2002) 
 
De acordo com pesquisas de Almeida (2007), no qual dizem respeito a 
promoção de subsídios para uma a análise mais ampla do desenvolvimento de 
crianças com deficiências, independente de quais fossem, para que esta pudesse 
criar uma tabela de classificação padronizada em relação ao seu desenvolvimento 
psicomotor. Com autorização e supervisão de Rosa Neto, autor da bateria EDM, foi 
estabelecida a tabela de classificação para este fim. 
A tabela 2 corresponde aos níveis de classificação propostos por este 
pesquisador. 
Tabela 2 – CLASSIFICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR PARA 
DEFICIENTES 
QMG Desenvolvimento Motor 
50 – 69 Deficiência motora leve 
30 – 49 Deficiência motora moderada 
34 
 
20 – 29 Deficiência motora grave 
0 – 19 Deficiência motora profundo 
FONTE: Almeida (2007) 
 
Esta pesquisadora menciona que as pesquisas que avaliam crianças com 
deficiência, encontram-se na classificação “muito inferior” (SOUZA, 1997; 
MARINELLO, 2001; ALMEIDA, 2004), de acordo com a EDM. Vale ressaltar que 
dentre as formas de avaliar o desenvolvimento motor, nem todas as avaliações 
englobam de maneira geral todos os aspectos do desenvolvimento, pois a maneira 
como o instrumento será utilizado deve conter a facilidade de acesso, contato e 
aplicação prévia, tempo de aplicação e confiabilidade, assim como ocorre na EDM 
de Rosa Neto (2002) escala composta por vários testes que permite ao profissional 
avaliar com êxito. 
 
1.7 Campos de intervenção da psicomotricidade 
 
Bueno (2013) argumenta que com a evolução da psicomotricidade em seus 
diferentes saberes houve a necessidade não só em trabalhar na área terapêutica, 
mas sim envolver a prevenção. Haja vista que esta ciência vem se tornando uma 
facilitadora no desenvolvimento do indivíduo, faz-se necessário compreender este 
como um ser de possibilidades, visto em sua totalidade. 
Com isso surgem novos campos de intervenção da psicomotricidade como: 
estimulação psicomotora, educação psicomotora, reeducação psicomotora e terapia 
psicomotora. 
 
1.7.1 Estimulação psicomotora 
 
 A estimulação psicomotora está voltada para a intervenção precoce de 
crianças no início de suas vidas, ou seja, é um trabalho voltado mais precisamente 
para os bebês. Bueno (2013) afirma que este campo de atuação caracteriza-se por 
atividades que procuram despertar o corpo e a afetividade através de movimentos e 
jogos harmoniosos. 
Outro aspecto levantado por Bueno (2013) é o fato de que se faz necessário 
após a vivência conversar com a criança sobre o que foi sentido, sobre as suas 
35 
 
impressões a respeito dos movimentos executados, proporcionando a interiorização 
do que foi vivenciado. 
 
1.7.2 Educação psicomotora 
 
De início é interessante destacar o conceito de educação psicomotora 
descrita por Le Boulch (1987 apud Alves, 2004), no qual relata que a educação 
psicomotora representa uma “Educação de Base”, que trabalha com crianças desde 
a mais tenra idade, sendo assim esta educação de base é iniciada na educação 
infantil, onde a criança tem a oportunidade de entrar em contato com um mundo e 
um universo de coisas, pessoas, locais, conteúdos que até então ela desconhecia. 
Rosa Neto (2002) aponta que a educação psicomotora é a ação pedagógica e 
psicológica que utiliza o movimento com o fim de normalizar ou melhorar o 
comportamento da criança. As origens da educação psicomotora remontam aos 
estudos realizados com crianças que apresentavam problemas de aprendizagem, 
mais especificamente, na leitura, na escrita, no cálculo matemático. 
Para Bueno (2013, p. 269) esta “realiza-se em todos os momentos da vida 
através de percepções vivenciadas, com uma intervenção direta em nível cognitivo, 
motor e emocional, estruturando o indivíduo como um todo”. Como faz notar Le 
Boulch (2001) enfatizando que a educação psicomotora refere-se a uma formação 
de base indispensável a toda a criança, seja ela normal ou com problemas, pois 
responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em 
conta as possibilidades da criança, e ajudar sua afetividade a expandir-se e a 
equilibra-se através do intercâmbio com o ambiente humano. 
Ainda nesta mesma linha de considerações Alves (2004), sustenta que 
trabalhar com a psicomotricidade na fase inicial torna o processo de aprendizado 
mais rico de possibilidades, de experimentações, e de vivências. A criança tem a 
possibilidade de experienciar sensações que ainda não foram vividas e identificadas 
em seu corpo. 
Este aspecto também é comentado por Le Boulch (2001) sustentando que a 
ação pedagógica tem como objetivo principal o desenvolvimento motor e mental da 
criança, com a finalidade de levá-la a dominar o próprio corpo e a adquirir uma 
inibição voluntária, indica também, que no movimento espontâneo, sua diretriz é 
fundamental, pois, em qualquer movimento, existe um condicionante afetivo que 
36 
 
determina um comportamento intencional. Acredita-se que a ação pedagógica é 
sempre uma ação motriz, por menor que seja, esta que regula o aparecimento e o 
desenvolvimento das formações mentais, é pelo aspecto motor que a criança 
estabelece os primeiros contatos com a linguagem socializada. 
Alves (2004) também argumenta que quando as crianças ingressam num 
mundo, que inicialmente parece de faz de contas, os profissionais da área da 
educação têm como objetivo principal adequar as crianças ao universo escolar, 
vislumbrando um apropriado processo de alfabetização para garantir posteriormente 
uma brilhante carreira estudantil. 
 
1.7.3 Reeducação psicomotora 
 
A reeducação psicomotora é um dos campos de intervenção na 
psicomotricidade que possibilita ao indivíduo aprender novamente aquilo que não foi 
apreendido. Bueno (2013) menciona que seu objetivo principal é retomar as 
vivências anteriores com falhas ou as fases da educação que foram realizadas de 
maneira inadequada. Vale notar que a reeducação psicomotora é uma ação 
desenvolvida nos acometidos por perturbações ou distúrbios psicomotores. 
A mesma autora fomenta que a atribuição da reeducação está contida em 
diversas áreas profissionais, mas para que se tenha uma boa reeducação faz-se 
necessário ter a tranquilidade e o intercâmbio afetivo do reeducador com o 
educando. Esta pode ser desenvolvida de forma individual ou em grupo, destinando-
se a todas as faixas etárias, que enquadra desde a criança até o idoso. 
A reeducação psicomotora deve estar vinculada a uma avaliação psicomotora 
prévia, focando os sintomas diagnósticos do indivíduo. Mello (1989 apud BUENO, 
2013) reforça que o psicomotricista deve conduzir este trabalho optando por um 
trabalho diretivo ou não diretivo, atentando-se para que este não se transforme em 
terapia psicomotora. 
 
1.7.4 Terapia psicomotora 
 
Segundo Bueno (2013) a terapia psicomotora está direcionada àqueles que 
possuem conflitosacentuados em sua estrutura psíquica, aos funcionais ou com 
desorganização total de sua harmonia corporal e pessoal. Esta é voltada para 
37 
 
crianças com maior comprometimento em seu quadro sintomatológico, onde as 
atividades são intensificadas, para que haja evolução em seu desenvolvimento. 
Outro fato relevante citado por Bueno (2013) está direcionado à relação entre 
o psicomotricista e o sujeito, na qual são utilizados diversos mediadores não verbais, 
como: o olhar, os sons vocais, a distância corporal e o contato, entre outros. Porém 
a linguagem verbal é de grande importância na terapia, pois esta estabelece a 
conexão entre as vivências corporais simbólicas e fantasiosas, de modo que o corpo 
não seja distanciado da terapia psicomotora. 
 
1.8 Psicomotricidade e psicologia 
 
O ser humano está envolvido numa constante interação entre o mundo 
externo, constituído pelo ambiente físico e social, e o mundo interno, formado pelos 
sentimentos, emoções e conflitos conscientes ou inconscientes, cujo corpo se torna 
um meio de expressá-los simbolicamente (FONSECA, 2004). 
Sobre a relação dos termos Alves (2004) considera que a psicologia é uma 
ciência que tem como objeto de estudo o comportamento, onde tal comportamento 
poderá ser determinado por uma emoção, desencadeando assim um ato motor 
voluntário ou involuntário. Enquanto que a psicomotricidade objetiva o estudo da 
relação entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção, atende a todas as 
áreas que trabalham com o corpo e com a mente do ser humano, assim como a 
Psicologia. 
Segundo Fonseca (2008) é através do corpo que se sente e damos sentido à 
vida ou que se sente uma doença, por exemplo. E é o corpo que nos permite efetuar 
mudanças em nosso estilo de vida, concretizar experiências e estruturar a 
personalidade. E cada indivíduo atribui a seu corpo um significado pessoal, com 
particularidades para cada indivíduo, esse corpo pode ser fonte de prazeres e/ou 
sofrimentos e sacrifícios, de liberdade ou de prisão, introversão ou extroversão, e a 
cada momento, da infância ao idoso, constrói e registra a história pessoal do sujeito. 
Para Schilder (1999), a imagem do corpo é “a figuração de nosso corpo formada em 
nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós” em outras 
palavras é a representação mental do corpo. 
Fonseca (2004) identifica que a contribuição da Psicologia para a 
psicomotricidade chega-se a importância dos movimentos para a formação do 
38 
 
caráter e da personalidade dos indivíduos, sendo que é através dos movimentos que 
criança poderá explorar o meio que o cerca, e com isso adquirirá conhecimentos 
necessários de seu corpo, suas percepções e sensações, podendo assim, ter a 
oportunidade de se descobrir-se. 
 
39 
 
2 AUTISMO 
 
 
2.1 Histórico do autismo 
 
O autismo vem sendo estudado e pesquisado desde o século XIX, nesta 
época considerava-se como resultado de um desenvolvimento deficiente da 
inteligência. Na década de 40, Kanner referia ao autismo infantil como uma 
dificuldade profunda no contato com as pessoas, um desejo obsessivo de preservar 
as coisas e as situações, uma ligação especial aos objetos, e alterações de 
linguagem que se estendiam do mutismo a uma linguagem sem função 
comunicacional (FERRARI, 2007). 
Leo Kanner descreveu sobre o autismo em 1943 de modo detalhado à 
condição de 11 crianças, oito meninos e três meninas considerados especiais, 
apresentando incapacidade de interação com outras pessoas e objetos, além de 
distúrbios no desenvolvimento da linguagem, o qual denominou “distúrbio autístico 
do contato afetivo”. Contudo percebe-se que este pesquisador manifestou desejo em 
conhecer o mundo que essas crianças viviam, e a incapacidade que estas tinham 
em relacionar-se com as pessoas desde o início da vida. (COLL; MARCHESI; 
PALACIOS, 2004). 
Silva (2012) comenta que neste mesmo ano o pesquisador austríaco Hans 
Asperger publicou em sua tese de doutorado “a psicopatia autista da infância”, que 
foi um estudo observacional com mais de 400 crianças, sendo avaliado os padrões 
de comportamentos e habilidades destas. Segundo esta pesquisa foi observada a 
falta de empatia, baixa capacidade de fazer amizades, monólogo, hiperfoco em 
assunto de interesse especial, e dificuldades de coordenação motora. Tais aspectos 
observados nas crianças avaliadas, receberam a denominação de “síndrome de 
Asperger”. 
Durante os anos 50 e início dos anos 60, houveram muitas divergências sobre 
a natureza do autismo e sua etiologia. Coll et al. (2004) ressalta que o autismo era 
causado por pais que tinham seu emocional fragilizado, demonstrando 
irresponsabilidade com seus filhos, surgindo assim o termo “mãe geladeira”, a qual 
não expressa afeto pelo filho. Neste período surgiram evidências de que o autismo 
era um transtorno neurobiológico, por apresentar características baseadas na 
40 
 
alteração cognitiva e afetiva do indivíduo, sendo estas relacionadas à linguagem, 
comunicação e flexibilidade mental. 
Ao referi-se a tal assunto Silva (2012) enfatiza que nesta mesma época a 
psiquiatra inglesa Lorna Wing, cuja filha era autista, passou a publicar textos de 
grande importância para o estudo desde assunto, inclusive traduzindo para o inglês 
os trabalhos de Hans Asperger, popularizando suas teorias. Lorna Wing foi a 
primeira pessoa a descrever a tríade de sintomas do autismo: alterações na 
sociabilidade, comunicação/linguagem e o padrão alterado de comportamentos. 
De acordo com Sadock (2007) historicamente o transtorno autista é chamado 
de “autismo infantil precoce, autismo da infância ou autismo de Kanner”, 
caracterizado por interação social mútua e anormal, habilidades de comunicação 
retardadas, e disfuncionais, que tem um repertório restrito de atividades e 
interesses. 
 
2.2 Definições e conceitos 
 
Acompanhando a trajetória do surgimento e caracterização da palavra 
autismo, faz-se necessária a compreensão a cerca de suas definições e conceitos, 
principalmente no que se refere sua etiologia e significações. A priori o termo 
“autismo” foi introduzido na psiquiatria por Plouller, em 1906, como item descritivo do 
sinal clínico de isolamento encenado pela repetição da autoreferência, frequente em 
alguns casos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). 
O autismo origina-se do termo grego autos, que significa “de si mesmo”. Foi 
empregado pela primeira vez pelo psiquiatra Eugene Bleuler, em 1911, para 
descrever a fuga da realidade e o retraimento para o mundo interior dos pacientes 
adultos acometidos de esquizofrenias (COLL et al., 2004; FERRARI, 2007; 
BELISÁRIO FILHO, 2010). 
Através dos estudos e pesquisas de Kanner em 1943 que descreveu pela 
primeira vez sobre o autismo denominando “Distúrbios Autísticos do Contacto 
Afetivo”, como uma condição neuropsicológica, caracterizada por um 
comportamento peculiar como dificuldade extrema em estabelecer relações 
interpessoais, ecolalia, obsessividade, autismo extremo e estereotipias (COLL et al, 
2004; FERRARI, 2007; SILVA, 2012). 
41 
 
Asperger em 1944 propôs em seu estudo a definição de um distúrbio que ele 
denominou Psicopatia Autística, manifestada por transtorno severo na interação 
social, uso presumido da fala, desajeitamento motor e incidência apenas no sexo 
masculino (COLL et al., 2004; FERRARI, 2007; BELISÁRIO FILHO, 2010). 
Nos anos de 1970 e 1980, os meios científicos manifestaram interesse pelo 
autismo infantil, a partir de então foi estabelecida uma definição clara acerca do 
termo, sendo evidenciando a importância de se trabalhar os problemas de aquisição 
da linguagem, e os déficits precoces de comunicação (COLL et al.,

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