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1 – O que representou, para a economia brasileira, o fim do trabalho escravo em termos de dinamização do mercado interno? R: As visões clássicas do desenvolvimento nacional salientaram a transição do trabalho escravo para o assalariado ao final do século XIX como essencial para a dinamização do mercado interno e industrialização do país. O caso extremo oposto seria aquele em que a oferta de terra fosse totalmente elástica: os escravos, uma vez libertados, tenderiam, então, a abandonar as antigas plantações e a dedicar-se à agricultura de subsistência. No Brasil não se apresentou nenhum dos dois casos extremos. A região açucareira se aproximou mais do primeiro caso, e a cafeeira mais do segundo. Na região nordestina, as terras de utilização agrícola mais fácil já estavam ocupadas praticamente em sua totalidade, à época da abolição. Os escravos liberados que abandonaram os engenhos encontravam grandes dificuldades para sobreviver. Nas regiões urbanas, já pesava um excedente de população que desde o começo do século constituía um problema social. Limitação de agricultura de subsistência pelo agreste semiárido. Na região cafeeira as consequências da abolição foram diversas. Nas regiões do estado do RJ e MG, e em menor escala SP, se havia formado uma importante agricultura cafeeira à base de trabalho escravo. Com abolição da escravatura precisou-se encontrar alternativa que foi a imigração europeia. Neste caso, havia maior abundância de terras, o que tornava possível ao antigo escravo refugiar-se na economia de subsistência. Mas, muitos escravos se tornaram assalariados, com salários relativamente altos, dada a escassez de mão de obra. Na região cafeeira como salários eram altos, antigos escravos preferiam trabalhar menos para receber apenas o que seria necessário para a sobrevivência, visto que não tinham necessidades maiores que estas, e o trabalho era visto como castigo. Uso do fator trabalho não conseguia ser maximizado. 2 – Explique porque em fins do século XIX já não era mais coerente economicamente o Brasil ser um país escravocrata. R: Uma circunstância que acentua os caracteres negativos da escravidão é o inicio da indústria manufatureira no país. Nela não se empregarão trabalhadores servis, a não ser para tarefas secundárias e acessórias, a sua insuficiência pra os serviços mais delicados e complexos de manufaturas será logo percebida, sem contar a vantagem financeira maior que representa na indústria o pagamento de salários em vez do preço de escravos. Outra circunstância que nessa época acentuará as contradições ideológicas do regime escravista, contribuindo grandemente para a evolução da questão, é a posição internacional do Brasil, que depois de abolida a escravidão nos EUA, será como Cuba o único país da civilização Ocidental a admiti-la. Esse isolamento terá grande influencia sobre a opinião pública no Brasil, sobretudo quando começam a aparecer manifestações internacionais hostis a esses últimos países que conservavam em regime social universalmente condenado. Escravos foram transformados em trabalhadores assalariados. Como muitos saíram das fazendas, o Brasil começou a importar mão de obra assalariada dos imigrantes Europeus. Os trabalhadores serão fixados nas fazendas como assalariados; isto é, a sua remuneração deixará de ser feita com a divisão do produto, passando a realizar-se com o pagamento de salários. Acabavam as dúvidas sobre estabelecimento de quotas. Ao invés de assinar contratos na Europa, agora era o governo brasileiro que organizava a imigração: fazia a propaganda nos países emigratórios e pagava o transporte dos imigrantes até o Brasil, chegando aqui, eles eram distribuídos pelas fazendas de acordo com as necessidades delas e os pedidos feitos. 3 – Relacione o comércio internacional e o desenvolvimento econômico brasileiro, nos séculos XVIII e XIX. R: População bem superior ao período inicial, famílias com algumas fortunas, o país entre os mais significativos do comércio internacional com intercâmbio de 50 milhões de libras esterlinas-ouro, desenvolvimento de linhas férreas, navegação fluvial, navegação pelo litoral, rede rodoviária ainda precária. Desenvolvimento de linha telegráfica, articulando todas as capitais e cidades mais importantes. Isso sem contar os cabos submarinos transoceânicos que o ligavam a diferentes partes da Europa e América. 4 – Faça um relato, enfatizando os aspectos econômicos, da transição de centro dinâmico da economia brasileira do Rio de Janeiro para São Paulo, durante o século XIX. R: Comercialmente orienta-se para o Rio de Janeiro, que é o porto de escoamento do produto, e por isso seu centro financeiro e controlador. Atinge também, pela mesma época, o auge do seu desenvolvimento, logo virá o declínio. Repetia-se mais uma vez o ciclo normal das atividades produtivas do Brasil, porém outra região viera substituir aquela área prospera e agra fadada ao aniquilamento. É o oeste da província de São Paulo, centralizando-se em Campinas e estendendo-se numa faixa para o norte até Ribeirão Preto. Já nessa nova região do oeste paulista, as culturas se estendem em largas superfícies uniformes de plantações ininterruptas que cobrem a paisagem a perder de vista resulta daí uma concentração maior de riqueza e densidade econômica mais elevada. A dessemelhança topográfica das duas áreas terá outras consequências econômicas de relevo. Doutro lado, a comunicação e o transporte serão mais fáceis nessa zona de topografia regular e riqueza concentrada. O grande papel que São Paulo conquistou no cenário político do Brasil, se fez a custa da produção do café. 5 – Que argumentos, Furtado (capítulo XXV) usou para explicar que no século XIX o nordeste foi a única região brasileira com renda per capita negativa? Faça uma análise comparativa entre os três setores descritos pelo autor. R: O primeiro setor é constituído pela economia do açúcar e do algodão, está formado pela faixa que se estende desde o estado do Maranhão até Sergipe. Exclui-se a Bahia, pelo fato de que sua economia foi profundamente modificada durante essa etapa pelo advento do cacau. O segundo setor, formado pela economia principalmente de subsistência, compreende os Estados do Rio Grande do Sul, santa Catarina, Paraná e Mato grosso. O terceiro setor tem como centro a economia cafeeira, e compreende os estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, comparando-se os dados dos censos de 1872 e 1900 depreende-se que a população dos 8 estados da região nordestina indicados, aumentou com uma taxa anual de 1,2%. 6 – Qual a importância da imigração europeia para o desenvolvimento do setor cafeeiro? R: A mão de obra cafeeira imigrante, com destaque para a presença italiana no estado de São Paulo, representou a passagem do trabalho escravista para a mão de obra assalariada, utilizada posteriormente na constituição das primeiras fábricas paulistas. O governo nacional neste período foi constituído pelos grandes fazendeiros de café existentes na região sudeste e conduziram o país em detrimento de seus próprios interesses. Devido ao enorme tamanho do território brasileiro e ao desenvolvimento das plantações de café, a imigração teve uma grande importância para o desenvolvimento do país no século XIX. No Brasil, o interesse em receber mão de obra era grande. As lavouras de café se expandiam e os movimentos abolicionistas culminaram, justamente com a abolição da escravatura. A imigração teve enorme importância na história econômica, política e cultural brasileira. Além de italianos, alemães e portugueses, vieram também russos, suíços, poloneses, japoneses e outros grupos étnicos de menor expressão. 7 – Descrevaos principais fatos da história da imigração europeia no Brasil, durante todo o século XIX. R: A imigração no Brasil iniciou com a chegada dos portugueses que tinham como objetivo colonizar o Brasil. Nas primeiras décadas do século XIX, imigrantes de outros países, principalmente europeus, vieram para o Brasil em busca de melhores oportunidades de trabalho. Compravam terras e começaram a plantar para sobreviver e também vender em pequenas quantidades. Aqueles que tinham profissão (artesão, sapateiro, alfaiate, etc...)na terra natal abriam pequenos negócios aqui, estimulados por uma política oficial deliberada de povoamento, ou pela iniciativa privada de particulares interessados na obtenção da mão de obra. Os primeiros imigrantes vieram de Portugal, Alemanha e Suíça. Encontraram algumas dificuldades principalmente logo depois da independência do Brasil; o clima tropical desfavorável a colonos europeus; a organização social e econômica pouco atraente que o país oferecia; o regime político vigente, em que, embora sob a capa de instituições parlamentares, a liberdade mesmo civil era inexistente para a massa da população, mesmo com exclusão dos escravos. Havia ainda as restrições de ordem religiosa que punham sério embaraço a imigração dos países protestantes da Europa, que eram justamente aqueles que forneciam os maiores contingentes imigratórios, principalmente a Alemanha. 8 – Qual a situação econômica do Brasil antes da independência? E depois, o que mudou? R: O Brasil, ao tornar-se independente em 1822, possuía uma economia voltada para a exportação de matérias-primas. O mercado interno era pequeno, devido a falta de créditos e a quase completa subsistência das cidades, vilas e fazendas do país que se dedicavam a produção de alimentos e a criação de animais. Durante a primeira metade do século XIX, o estado imperial investiu pesadamente na melhoria das estradas e detinha por sua vez um memorável sistema de portos que possibilitava uma melhor troca comercial e comunicação entre as regiões do país. A economia do Brasil era extremamente diversificada no período pós-independência, mas foi necessário um grande esforço por parte do governo monárquico para realizar a transmutação de sistema econômico puramente escravocrata e colonial para uma economia moderna e capitalista. Contudo, a monarquia fora capaz de manter até o fim de sua existência o extremamente notável crescimento econômico iniciado com a vinda do então príncipe- regente Dom João ao Brasil. Isto foi possível, em parte, graças ao liberalismo adotado pelo regime monárquico, que favorecia a iniciativa privada. A economia brasileira não apresentou uma importante transformação, sendo assim, o Brasil permaneça como um país economicamente dependente, por um lado tinha se tornado independente de Portugal, mas por outro ficou ligado ainda mais com a Inglaterra. Quando o Brasil se tornou independente de Portugal, não tinha condições de ser um país industrializado, dependia apenas das exportações e do setor agrícola. O país começou a enfrentar uma grave crise econômica, os produtos agrícolas tiveram seus preços reduzido, e consequentemente eram reduzidas as exportações. O açúcar estava sofrendo algumas limitações, até mesmo o algodão estava tendo suas exportações reduzidas para a Inglaterra. A crise do setor agrícola foi a principal causa da situação econômico-financeira do Brasil, destaque da primeira metade do século XIX, período em que se realizava o fortalecimento da independência política. 9 – Explica como se deu as duas políticas de valorização do café no final do século XIX e início do século XX. Quem eram os maiores prejudicados nesse processo? R: Conhecido como Convênio de Taubaté, esse acordo fixou os seguintes princípios: a) preço mínimo para a saca de café; b) negociação de um empréstimo externo de 15 milhões de libras esterlinas para custear as compras de café a serem feitas pelos Governos estaduais, com a finalidade de retirar do mercado uma parte do produto; c) estabelecimento de um fundo para a estabilização do câmbio, impedindo assim que o mil-réis fosse revalorizado; esse fundo seria a Caixa de Conversão; d) imposição de uma taxa proibitiva para impedir o surgimento de novas plantações. Depois de alguma luta para demover os opositores do plano, o Convênio foi finalmente aprovado pelo Congresso Nacional, não sem certa resistência de Rodrigues Alves. Tal resistência, aliás, custou-lhe o mando político do país. Durante aquele ano ocorreria a sucessão presidencial e os representantes dos grandes Estados rejeitaram o candidato preferido de Rodrigues Alves, escolhendo Affonso Penna, inteiramente identificado com a valorização do café. Empossado em novembro, Penna honraria fielmente seus compromissos com cafeicultura. Durante os três anos seguintes foi implantada a Caixa de Conversão e os Estados conseguiram dos banqueiros europeus o ansiado empréstimo de 15 milhões de libras, com o qual puderam efetuar compras maciças de café excedente. Em 1909, surgiram os primeiros efeitos da política de valorização. Os preços internacionais do café começaram a subir, enquanto a Caixa de Conversão conservava o câmbio artificialmente baixo. No entanto, o país endividara-se no exterior. Os grandes bancos europeus passaram a controlar o comércio do café. Muitas fazendas foram vendidas a estrangeiros, pois o esquema valorizador enriqueceu apenas uma parte dos produtores. Os principais beneficiários da nova política econômica foram basicamente os banqueiros internacionais e as casas comissárias, que, comprando o café na baixa e vendendo-o na alta, auferiram lucros fabulosos. Algumas delas, aliás, tornaram-se grandes proprietárias de fazendas. 10 – Em virtude das políticas de valorização do café, a correção do desequilíbrio externo significava, muitas vezes, a transferência de renda daqueles que pagavam as importações para aqueles que vendiam as exportações, segundo Furtado. Explique como por que isso ocorria e como os exportadores de café faziam para manter seus lucros mesmo em épocas de queda internacional dos preços do produto? R: A correção do desequilíbrio através da taxa cambial era uma operação de natureza e consequências inteiramente distintas. Ao reduzirem- se os preços dos produtos exportados – no caso, o café – tendia a baixar bruscamente o poder aquisitivo externo da moeda nacional. Dessa forma, encareciam bruscamente todos os produtos importados, reduzindo-se automaticamente sua procura dentro do país. Assim, sem necessitar de liquidar reservas, que aliás não possuía, a economia lograva corrigir o desequilíbrio externo. Por um lado, cortava-se o poder de compra dos consumidores de artigos importados, elevando os preços destes, e por outro se estabelecia uma espécie de taxa sobre a exportação de capitais, fazendo pagar mais àqueles que desejassem reverter fundos para o exterior. Como as importações eram pagas pela coletividade em seu conjunto, os empresários exportadores estavam na realidade logrando socializar as perdas que os mecanismos econômicos tendiam a concentrar em seus lucros. É verdade que parte dessa transferência de renda se fazia dentro da própria classe empresarial, na sua qualidade dupla de exportadora e consumidora de artigos importados. Não obstante, a parte principal da transferência teria de realizar-se entre a grande massa de consumidores de artigos importados e os empresários exportadores. Para dar-se conta do vulto dessa transferência, bastaria atentar na composição das importações brasileiras no fim do século xix e começo do xx, quando metade delas era constituída por alimentos e tecidos.
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