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IMPARCIALIDADE E NEUTRALIDADE DO JUIZ - Kleber Ruddy Azevedo Madeira

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BREVE NOTA, SOBRE A IMPARCIALIDADE E NEUTRALIDADE. 
Capítulo extraído do “O Subjetivismo no Judiciário". Por Kleber Ruddy 
Azevedo Madeira. 
 A total imparcialidade e neutralidade tanto no contexto psicológico como 
jurídico sempre ensejou ampla discussão tendo como base a subjetividade do 
julgador, sabendo serem passíveis e vulneráveis as suas próprias emoções e 
sentimentos. 
Quanto à imparcialidade, prevê nossa Carta magna em seu Art. 95 § único; 
Parágrafo único - Aos juízes é vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de 
magistério; 
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; 
III - dedicar-se à atividade político-partidária. 
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, 
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
(Acrescentado pela EC-000.045-2004) 
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 
três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. (BRASIL, 1988) 
 
No Código de Processo Civil, 2012; 
Art.131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias 
constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na 
sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento. (BRASIL, 2012) 
E ainda; 
Art.125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-
lhe: 
I - assegurar às partes igualdade de trata 
II - velar pela rápida solução do litígio; 
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; 
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. (BRASIL, 2012). 
No contexto jurídico, tecnicamente o tema imparcialidade e neutralidade dispõe 
sobre a validade jurídica da relação processual, no que diz respeito, por 
exemplo, à suspeição e impedimento do juiz, quanto à incompetência relativa 
ou absoluta, ou seja, caso se identifique ligação do Juiz com as partes, seja 
consanguíneo, conjugue parentes ou afins, como prevê o Código de processo 
Civil dos Artigos 134 aos 138, será impedido de dar continuidade no processo. 
Cabendo a ciência jurídica restringir legalmente os casos em que serão óbvias 
as influências de magistrados nos processos no que tange a ligação 
parentesco e afins, porém sabemos que entre a lei e a prática há uma longa 
distância, longe de tratar efetivamente as emoções e subjetividade do 
magistrado, dado que o mesmo não se dá somente quando há familiares e 
amigos dos magistrados. Ainda no contexto jurídico, diz o Código de ética da 
Magistratura Nacional em seu Capitulo III; 
IMPARCIALIDADE 
Art. 8º O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a verdade dos fatos, 
com objetividade e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo uma distância 
equivalente das partes, e evita todo o tipo de comportamento que possa refletir 
favoritismo, predisposição ou preconceito. 
Art. 9º Ao magistrado, no desempenho de sua atividade, cumpre dispensar às partes 
igualdade de tratamento, vedada qualquer espécie de injustificada discriminação. 
Parágrafo único. Não se considera tratamento discriminatório injustificado: 
I - a audiência concedida a apenas uma das partes ou seu advogado, contanto que se 
assegure igual direito à parte contrária, caso seja solicitado; 
II - o tratamento diferenciado resultante de lei. (BRASIL, 2008) 
 Dada algumas das previsões legais a respeito, vejamos os pontos críticos sob 
a ótica de Theodor Ardorno[1] e Max Horkheimer[2],1973 que diz "A venda 
sobre os olhos da Justiça não significa apenas que não se deve interferir no 
direito, mas que ele não nasceu da liberdade." (Adorno e Horkheimer,1973). Na 
teoria clássica do direito, surge a discussão sobre a alegação que de toda 
estrutura do Judiciário vista como instrumentalidade interlocutora entre o 
Estado e povo, não é totalmente imune a características ideológicas, vejamos 
uma citação do Professor Luiz Fernando Coelho[3], apontada por Laércio 
Alexandre Becker; 
Aliás, Luiz Fernando Coelho afirma ser fácil "verificar que a ideologia é o 
próprio direito, o qual se mantém como instrumento de ocultação daquela 
estrutura real e, mais ainda, de manipulação do imaginário social no sentido de 
manter como legítima a distribuição de quotas de poder na sociedade. 
(BECKER, 1995, apud, COELHO, p.416). 
Tal afirmação é dada referente à época monista, onde a burguesia durante 
séculos usou da “ideologia”, ou como diz a frase, do “próprio direito”, para 
manipular e impor normas a fim de beneficiar-se das classes desfavorecidas, o 
que pretende tal afirmação também é elucidar que o direito hoje como é 
aplicado, não é imune a ideologias do legislador nem tal pouco dos 
profissionais do direito, que “manipulam” dispositivos legais para um 
determinado fim. Vale pontuar que há autores, inclusive Brasileiros que não 
enxergam o direito como ideologia a fim de ocultar uma estrutura irreal de 
imparcialidade e neutralidade, como por exemplo, Clèmerson Merlin 
Clève[4] que afirma em sua obra O Direito e os Direitos: elementos para uma 
crítica do Direito Contemporâneo, 1983; 3ª. Ed., Belo Horizonte, Fórum, 
2011; Não vejo o direito como instrumento ideológico a serviço da dominação 
da classe dominante, mas sim, como um espaço de lutas, entre a visão do 
direito sob a perspectiva das classes dominantes e a das classes 
desfavorecidas. (CLÈVE, 1983). 
Apresentado tais pontos de vistas, percebemos um ponto incomum em ambas 
posições que é a aplicabilidade de “perspectivas”, sejam elas ocultas ou 
explícitas, seja do legislador ou de quem a aplica e interpreta a lei, sendo este 
o ponto principal de discussão quanto a neutralidade e imparcialidade do 
magistrado, pois as “perspectivas”, usadas na aplicabilidade do direito, não são 
pautadas somente sobre a égide pura da lei, como já pontuado e objeto de 
estudo de séculos passados, antes da aplicação racional, há a irracionalidade, 
ou seja, aspectos subjetivos que dão direção para a racionalidade, que 
segundo o Juiz Dr. Paulo Henrique entrevistado neste trabalho é a maturidade 
pessoal e jurídica para aplicação do direito sem influência de sua 
personalidade. 
A maturidade jurídica e pessoal para aplicação do direito sem influência da 
subjetividade é sem dúvidas uma necessidade gritante em todo o contexto 
judiciário, há vidas, direitos, deveres, obrigações, relações jurídicos sendo 
alvos diretos e indiretos destas “perspectivas”, direitos prejudicados, efeitos 
irreversíveis, frutos da influência da subjetividade ou como diz o Juiz Dr. Paulo 
Henrique frutos da imaturidade. E ao falarmos sobre aspectos subjetivos que 
podem comprometer a neutralidade e imparcialidade do juiz, se faz necessário 
trazer brevemente alguns conceitos importantes da psicologia e psicanálise a 
fim de elucidar tudo que foi abordado até agora. Neste sentido diz o advogado 
e político Dr. André Franco Montoro[5]; 
 O Jurista - seja ele juiz, promotor, advogado, consultor, legislador, administrador ou 
estudioso do direito – usa a lógica em suas sentenças, petições, recursos, pareceres, 
justificações ou estudos, se bem que nem sempre o faça plenamente consciente. 
(MONTORO, 2005). 
 
 
[1] WIESENGRUND-ADORNO, Theodor Ludwig, ou simplesmente Theodor 
Adorno (Frankfurt am Main, 11 de setembro de 1903 – Visp, 6 de agosto de 
1969) foi um filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão. É um dos 
expoentes da chamada Escola de Frankfurt, juntamente com Max Horkheimer, 
Walter Benjamin, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas e outros. 
[2] HORKHEIMER, Max, (Estugarda, 14 de fevereiro de 1895 — Nuremberga, 7 
de julho de1973) foi um filósofo e sociólogo alemão, associou-se em 1923 à 
criação do Instituto para a Pesquisa Social, do qual foi diretor, em 1931 
sucedendo o historiador austríaco Carl Grünberg. 
[3] COELHO, Fernando Luiz, é professor de Filosofia do Direito, Especialista 
em Direito Comparado, obteve título de Doutor em Ciências Humanas e é Livre 
Docente de Filosofia do Direito. 
[4] CLÈVE, Clèmerson Merlin (Pitanga, 21 de novembro de 1958) , jurista 
brasileiro professor titular de Direito Constitucional da Universidade Federal do 
Paraná (graduação, mestrado e doutorado),da qual é presidente. 
[5] MONTORO, Franco André, (São Paulo, 14 de julho de 1916 — São Paulo, 
16 de julho de 1999) foi um político brasileiro e 27° governador de São Paulo 
entre 15 de março de 1983 e 15 de março de 1987. Em 1934 ingressou na 
Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde formou-se em 1938. 
No mesmo período cursou Filosofia e Pedagogia na Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras de São Bento, posteriormente nomeada de Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo, obtendo licenciatura também em 1938. 
Professor universitário da PUC-SP nos dois anos seguintes a sua formatura foi 
ainda secretário-geral do Serviço Social da Secretaria de Justiça do estado de 
São Paulo e procurador do estado entre 1940 e 1950.

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