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O campo de análise - Villas Boas Filho

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Prisma Jurídico
Centro Universitario Nove de Julho
prismajuridico@uninove.br 
ISSN (Versión impresa): 1677-4760
BRASIL
 
 
 
 
2007 
Orlando Villas Bôas Filho
A CONSTITUIÇÃO DO CAMPO DE ANÁLISE E PESQUISA DA ANTROPOLOGIA 
JURÍDICA 
 Prisma Jurídico, año/vol. 6 
Centro Universitario Nove de Julho 
São Paulo, Brasil 
pp. 333-349 
 
 
 
 
Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal
Universidad Autónoma del Estado de México
http://redalyc.uaemex.mx
 
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007. 333
Pretendemos, neste artigo, analisar sinteticamente a constituição do 
campo de análise e pesquisa da antropologia jurídica no século XIX, 
enfatizando sua relação com o imperialismo e com o colonialismo. 
	 Palavras-chave: Antropologia jurídica. Colonialismo. Imperialismo.
A constituição do campo de análise 
e pesquisa da antropologia jurídica
Orlando Villas Bôas Filho
Doutor e Mestre em Direito –USP; 
Professor da Faculdade de Direito – Mackenzie.
São Paulo – SP [Brasil]
ovbf@mackenzie.br
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007.334
1 Antropologia, colonialismo e imperialismo
Abordar a constituição do campo de análise e pesquisa da antropo-
logia jurídica implica examinar a gênese dessa disciplina, ou seja, o contex-
to em que ela se forma e quais os condicionamentos históricos, culturais 
e sociais de sua formação. Nesse sentido, um primeiro aspecto altamente 
significativo que precisa ser ressaltado consiste na ligação da antropologia 
social, num sentido geral, e da antropologia jurídica, em particular, com o 
imperialismo europeu que, surgido do colonialismo, caracteriza-se por sua 
dimensão expansionista. Embora, de acordo com a análise do historiador 
Marc Ferro (1996), seja possível distinguir várias formas de interpenetra-
ção e sobreposição do imperialismo à colonização (colonização de tipo anti-
go, colonização de tipo novo e imperialismo sem colonização), o fato é que, 
conforme ressalta Hannah Arendt (1989), o expansionismo imperialista do 
século XIX difere significativamente das formas de conquista precedentes 
que caracterizam as políticas imperialistas típicas da formação de impérios, 
ao estilo de Roma. 
Ao analisarem o que denominam de império, entendido como “subs-
tância política” que regula as permutas globais e o poder supremo que go-
verna o mundo, Antonio Negri e Michael Hardt (2001) o distinguem do 
imperialismo que, fundado na soberania do Estado-nação, exprimiu-se na 
expansão colonialista européia. Assim, para esses autores, o império, con-
cebido como forma paradigmática de biopoder – no sentido em que Michel 
Foucault (1993 e 1999) define o termo: governo da vida social como um todo 
–, característico de nossos dias, seria completamente distinto do imperia-
lismo fundado na idéia de expansão territorial de Estados-nação soberanos, 
que buscavam estender sua soberania para além de suas fronteiras1. Nesse 
sentido, o imperialismo, enquanto fenômeno historicamente circunscrito, 
caracterizar-se-ia essencialmente por aquilo que Ferro (1996) denominou 
de “bulimia territorial”.
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007. 335
Segundo Eric Hobsbawm (2002), entre os anos 1880 e 1914, assiste-
se à cristalização de um novo tipo de império, o colonial, que se baseia na 
repartição do mundo em países “avançados” e “atrasados”. É nesse contexto 
que o referido historiador ressalta que, 
[...] mesmo sendo o colonialismo apenas um dos aspectos de 
uma mudança mais geral das questões mundiais, foi, com toda 
a certeza, o de impacto mais imediato. Ele constituiu o ponto 
de partida de análises mais amplas, pois não há dúvida de que a 
palavra ‘imperialismo’ passou a fazer parte do vocabulário po-
lítico e jornalístico nos anos 1890, no decorrer das discussões 
sobre a conquista colonial. Ademais, foi então que adquiriu a 
dimensão econômica que, como conceito, nunca mais perdeu. 
Eis por que são inúteis as referências às antigas formas de ex-
pansão política e militar em que o termo é baseado. [...] Em 
suma, o novo colonialismo foi um subproduto de uma era de 
rivalidade econômico-política entre economias nacionais con-
correntes, intensificada pelo protecionismo. (HOBSBAWM, 
2002, p. 114)2.
O imperialismo, que tem como contrapartida a expansão colonial 
dos Estados nacionais europeus, demandava justificação de que pudesse 
haurir sua legitimidade. Como enfatiza Hobsbawm (2002), numa era de 
política de massa, havia necessidade de angariar, para a expansão imperia-
lista, o apoio popular, sobretudo do grande contingente de descontentes. 
A idéia de superioridade racial, nesse contexto, será uma das mais efica-
zes ferramentas de legitimação da expansão imperial. Embora essa idéia 
de superioridade não seja nova na relação entre os europeus e as demais 
sociedades, como o demonstra a primorosa análise de Tzvetan Todorov 
(1993), o fato é que, no imperialismo do século XIX, havia uma novidade 
consistente em que
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007.336
[...] os não-europeus e suas sociedades eram crescente e geral-
mente tratados como inferiores, indesejáveis, fracos e atrasados, 
ou mesmo infantis. Eles eram objetos perfeitos de conquista, ou 
ao menos de conversão aos valores da única e verdadeira civiliza-
ção [...] (HOBSBAWM, 2002, p. 118).
Entretanto, para ser eficaz, a ideologia da superioridade demandava 
argumentos capazes de proporcionar o convencimento de sua veracidade. 
Não cabe aqui adentrar a questão referente à formulação do conceito de 
povo que, enquanto subproduto dos Estados-nação, forneceu importante 
elemento ideológico que, ao lado do racismo colonial, permitiu legitimar o 
imperialismo. Para os propósitos limitados desta análise, basta notar, se-
guindo Hardt e Negri (2001, p. 121), que “[...] os conceitos de nação, povo 
e raça nunca estão muito separados. A construção de uma diferença racial 
absoluta é o terreno essencial para a concepção de uma identidade nacional 
homogênea,” ou seja, a constituição das nações, entendidas como “comuni-
dades imaginadas”, para utilizar o termo proposto por Benedict Anderson 
(1991), que encontrou, no conceito de raça, um elemento capaz de operar 
clivagens eficazes que estão na base da constituição da identidade nacional.
Ora, o Estado-nação opera, nesse contexto, como uma máquina de 
produção de “outros”, fazendo que o africano, o ameríndio e o oriental apa-
reçam como contraponto negativo da identidade européia. O sujeito coloni-
zado surge, no imaginário europeu, como uma espécie de amálgama inde-
finido composto de tudo aquilo que, em geral, se opõe à civilização; dessa 
forma, segundo Hardt e Negri (2001, p. 141), “[...] a construção negativa de 
outros não europeus é, finalmente, o que funda e sustenta a própria iden-
tidade européia.” Esse processo, em meio ao qual a alteridade não é dada, 
mas produzida, encontrará na antropologia nascente, quiçá, um dos mais 
influentes mecanismos de sustentação. É nesse sentido que Hardt e Negri 
(2001, p. 142) enfatizam que “[...] entre as disciplinas acadêmicas envolvidas 
nessa produção cultural de alteridade, a antropologia foi, talvez, a rubrica 
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007. 337
mais importante, sob a qual o outro nativo foi importado para a Europa e 
dela exportado.”
Ademais, é preciso considerar que a antropologia fornecia não ape-
nas um instrumento de grande valia para legitimar a expansão imperialis-
ta em seus respectivos contextos de origem, mas também uma ferramen-
ta importante para o exercício da dominação nos contextos coloniais, ou 
seja, além de justificar as políticas expansionistas no âmbito das próprias 
potências européias, a antropologia igualmente proporcionava aos agentes 
coloniais conhecimentos úteis ao exercício da dominação. Assim, no que 
concerne à ação colonizadora das potências européias, a antropologia do 
século XIX se apresentava como um saber voltado à dominação,pois nes-
se contexto, como enfatiza Norbert Rouland (1988), conhecer melhor as 
sociedades colonizadas não tinha outra finalidade senão a de dominá-las 
de modo mais eficaz3. É por essa razão que Robert Weaver Shirley (1987) 
e Norbert Rouland (1988 e 1995) ressaltam que a antropologia jurídica se 
desenvolveu como uma espécie de subproduto do expansionismo imperial 
do século XIX4.
Aliás, vale notar que o próprio desenvolvimento dessa área dependeu, 
em certa medida, da existência da dominação colonial, que fornecia aos pes-
quisadores seu campo de observação e análise. Wendy James (1995) e Talal 
Asad (1995), por exemplo, enfatizam a relação de dependência dos antro-
pólogos com os agentes coloniais, o que, segundo eles, acarretava uma situa-
ção duplamente ambivalente para a antropologia, no contexto da domina-
ção colonial. De um lado, havia ambivalência na relação entre a atuação dos 
antropólogos, no que concerne à fundamentação de uma dominação, com a 
qual eram instados a colaborar, mesmo discordando, e, de outro, diante dos 
movimentos nacionalistas e revolucionários, essa disciplina, inicialmente 
vista de modo positivo, paulatinamente passava a ser considerada conser-
vadora. Em razão dessa dupla ambivalência, explicam-se, segundo James 
(1995), as acusações e suspeitas que recaem sobre a antropologia, durante o 
período colonial, tendo como base as mais variadas instâncias.
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Assim, a relação da antropologia, em sentido genérico, com o proces-
so de colonização, decorrente da expansão imperialista européia, mostra-se 
fundamental para que se compreendam não apenas as orientações concei-
tuais das primeiras escolas de antropologia jurídica, mas também o desen-
volvimento da antropologia enquanto disciplina5. A esse respeito, Rouland 
(1988 e 1995) ressalta que a antropologia jurídica, como disciplina derivada 
da história do direito, teria surgido na segunda metade do século XIX, ten-
do por base a atividade de alguns “pais fundadores”, que, nesse contexto, 
teriam escrito sob o influxo de um contexto internacional marcado pela 
dominação colonial, que teria fornecido às principais nações européias seus 
respectivos campos de experimentação, sob os quais se fundariam as escolas 
nacionais de antropologia. Assim, os chamados “pais fundadores” da antro-
pologia jurídica, tais como Henry J. Sumner-Maine, Johann Jakob Bachofen 
e Lewis H. Morgan, são todos autores que escreveram num contexto de ex-
pressiva expansão imperialista dos Estados capitalistas europeus, o que, em 
maior ou menor grau, repercute em suas obras6.
Ora, nesse contexto, a necessidade de conhecer os povos colonizados 
para melhor dominá-los, expressão que Robert Weaver Shirley (1987) de-
nomina de “dimensão pragmática” da antropologia7, está tão estreitamente 
relacionada à questão da colonização imperialista que é possível identificar, 
inclusive, diferenças no desenvolvimento dessa disciplina conforme o perfil 
diferente de cada tipo de colonização. Segundo Shirley (1987), a forma de 
colonização imperialista britânica, que se caracterizava pela dominação in-
direta, demandava maior aceitação dos usos e costumes (inclusive jurídicos) 
das populações dominadas. Isso fez com que, num primeiro momento, a an-
tropologia britânica se desenvolvesse muito mais que a francesa, uma vez que 
a França tinha um perfil de colonização que era direto e visava à assimilação 
dos povos dominados. Em sentido semelhante, Talal Asad (1995), ao compa-
rar o papel desempenhado pela antropologia, sobretudo no contexto africano, 
com o do orientalismo, no que concerne às sociedades islâmicas, ressalta que 
ambas as perspectivas teriam ajudado a justificar a dominação colonial.
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Dessa ligação entre antropologia e a colonização, decorrente, em 
grande medida, da expansão imperialista dos Estados capitalistas europeus, 
advêm três das principais características dessa área de estudo em seus pri-
meiros tempos. Contudo, conforme enfatiza Talal Asad (1995), apesar de 
manter ligações irrefutáveis com o colonialismo, não é correto considerar 
a antropologia apenas uma ferramenta da dominação colonial ou um sim-
ples reflexo da ideologia que dava esteio a essa dominação. A antropologia 
moderna, enraizada que está na consciência burguesa, apresentou ao longo 
de seu desenvolvimento contradições e ambigüidades que lhe permitiram 
transcender suas determinações de origem.
É inegável que o saber antropológico serviu à dominação, sobretudo 
durante o século XIX, porém não se limitou apenas a essa dimensão, pois 
a relação entre antropologia e dominação colonial é complexa e ambígua e, 
por isso, não se reduz apenas à simples instrumentalização da primeira pela 
segunda. Malgrado essa relação esteja enraizada na assimetria inerente à 
relação entre dominadores e dominados e na tendência de imprimir a visão 
e a racionalidade ocidentais às demais sociedades, é preciso considerar que, 
nem por isso, a antropologia foi um simples reflexo de uma situação de fato, 
caracterizada por violência e espoliação. Ainda que tenha contribuído indi-
retamente para a dominação colonial, a antropologia, nesse período, tam-
bém se caracterizou por posturas críticas.8 Assim, o antropólogo, mesmo 
que seja um “radical frustrado”, tal como o caracteriza Wendy James (1995), 
não deixou de ser, em várias situações, um crítico da dominação colonial.
2 Aspectos constitutivos do campo de análise 
e pesquisa da antropologia no século XIX
Ressaltou-se que da ligação entre antropologia e colonização decor-
rem algumas das principais características da antropologia em seus primei-
ros tempos. Aqui serão enfocados, sobretudo, três aspectos que, no contex-
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to do século XIX, podem ser definidos como constitutivos do campo de 
análise e pesquisa da antropologia nascente, quais sejam: a) a idéia de um 
campo de análise e pesquisa limitado ao estudo das “sociedades primitivas” 
(sociedades sem Estado); b) a perspectiva evolucionista, que era baseada no 
pressuposto etnocêntrico da superioridade da sociedade ocidental sobre as 
demais; c) o caráter instrumental da disciplina que, ao fornecer, ainda que 
indiretamente, bases para a dominação colonial, constituiu-se num saber 
voltado à “gestão de populações”. 
Trata-se de aspectos constitutivos do campo da antropologia no sécu-
lo XIX, mutuamente relacionados, de modo que o saber voltado ao estudo 
dos povos primitivos e carregado de carga etnocêntrica, que se expressava 
na perspectiva evolucionista, forneceu ferramenta importante para a im-
plementação da dominação colonial, indicando, assim, a convergência, res-
saltada pelo antropólogo Benoît de L’Estoile (2002), entre a “racionalidade 
científica” e a “racionalidade administrativa”. Para fins didáticos, será anali-
sado, em linhas bastante gerais, cada um desses aspectos que, mutuamente 
articulados, fornecem um quadro característico do que foi a antropologia 
em seus primeiros tempos. 
2.1 A antropologia como estudo das “sociedades primitivas”
No que concerne ao primeiro aspecto, é preciso ressaltar que, origi-
nalmente, a antropologia apresentava um campo de análise e de pesquisa 
marcado por contornos bastante precisos, o que a diferenciava das outras 
ciências do homem – a sociologia, por exemplo, ou seja, conforme comu-
mente enfatizam os antropólogos,
[...] na divisão do trabalho entre as ciências sociais, a antropo-
logia especializou-se na descrição e na classificação de grupos 
sociais freqüentemente tidos como primitivos, atrasados, mar-
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007. 341
ginais, tribais, subdesenvolvidos ou pré-modernos, definidos 
por sua exterioridade e alteridade em relação ao mundo dos an-
tropólogos, ele próprio definido pela civilização, pela ciência e 
pela técnica. (L’ESTOILE; NEIBURG; SIGAUD, 2002, p. 9).
Essa “especialização” da antropologia no estudodos chamados “povos 
primitivos” expressa uma das delimitações que o contexto de nascimento dessa 
disciplina impôs ao seu campo de análise e pesquisa. A esse respeito, Norbert 
Rouland (1988 e 1995) enfatiza que Auguste Comte, em seu Cours de philoso-
phie positive, por exemplo, distinguia a antropologia da sociologia, destacando 
justamente que a primeira se referiria às sociedades pré-modernas, enquanto 
a segunda estaria direcionada à análise das sociedades modernas que, nesse 
sentido, apareceriam como horizonte da antropologia, cujo objeto de estudo 
estaria adstrito às sociedades exóticas, tradicionais, pré-modernas. 
Esse aspecto referente à ligação da antropologia com a expansão im-
perialista engendrou, posteriormente, problemas de definição do próprio 
campo de análise dessa disciplina, pois, como estava ligada, na sua origem, 
à idéia de estudar os “povos primitivos” para fornecer um saber que servisse 
de instrumento à dominação em contextos coloniais, tornou-se questionável 
a possibilidade de extensão do seu campo de análise e pesquisa com vistas a 
abranger as sociedades modernas. Esse aspecto se tornou ainda mais acen-
tuado no contexto pós-colonial, no qual, como decorrência da desintegração 
dos grandes impérios coloniais, houve diminuição do interesse por outros 
povos que se traduziu, inclusive, no decréscimo dos financiamentos para 
as pesquisas em campos longínquos. Com base nisso, segundo L´ Estoile, 
Neiburg e Sigaud (2002), os antropólogos começaram a voltar sua atenção 
para o “patrimônio etnológico” das sociedades modernas. Nesse contexto, 
tornou-se significativa a questão de como delimitar o campo de análise e 
pesquisa da antropologia diante da sociologia.
Essa espécie de “crise de identidade” da antropologia, decorrente da 
delimitação de seu campo de pesquisa ao estudo dos “povos primitivos”, 
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007.342
fez-se notar em diversos momentos, a ponto de se tornar “moda” postular 
o declínio dos estudos antropológicos em decorrência do desaparecimento 
de seu objeto. Claude Lévi-Strauss (2003), por exemplo, chegou a ressaltar 
que, para além do próprio desaparecimento físico dos chamados “povos pri-
mitivos”, a própria transformação das sociedades tradicionais, em razão de 
sua rápida assimilação ao mundo ocidental, os levaria para além da alçada 
da pesquisa antropológica. Isso denota a permanência da estreita delimita-
ção do campo de pesquisa da antropologia ao estudo dos povos primitivos.
É certo que se observa hoje uma expansão do campo de análise e 
pesquisa antropológica para além dos limites das sociedades denominadas 
“primitivas”, “tradicionais”, “exóticas” etc. (DELIÈGE, 1995). A precisa de-
limitação do campo da antropologia ruiu diante de um processo contínuo 
de expansão rumo ao domínio outrora pertencente à sociologia – as socie-
dades modernas. Assim, não faz mais sentido compreender a antropologia, 
de um modo geral, e a antropologia jurídica, em particular, como perspec-
tivas cujo campo de análise e pesquisa esteja adstrito ao estudo das socie-
dades denominadas “tradicionais”, “exóticas” ou “primitivas”. Seu campo de 
análise se expandiu e diversificou de tal modo – num processo progressivo 
de superação das determinações que lhe foram impostas por seu contexto 
de nascimento – que seus contornos se tornaram tênues e, muitas vezes, 
pouco perceptíveis, sobretudo quando se pretende delimitá-lo em relação ao 
campo de análise da sociologia. É nesse sentido, que Jean Copans (1988, p. 
15) enfatiza que “[...] a antropologia já não é a ciência provinciana das socie-
dades exóticas e folclóricas, tal como foi freqüentemente considerada.”
2.3 Evolucionismo como expressão de um pressuposto 
etnocêntrico
A origem evolucionista da antropologia jurídica, que se relaciona estrei-
tamente com a questão da dominação, também é uma expressão dos proble-
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007. 343
mas decorrentes da vinculação da antropologia à colonização. Como ressalta-
do, a antropologia moderna se constituiu no contexto da conquista colonial do 
séc. XIX e tem como pano de fundo, por exemplo, a partilha da África pelas 
potências européias. Nesse contexto, conforme ressalta Copans (1988), houve 
uma afinidade bastante clara entre a relação de subjugação dos povos “não-
europeus” (note-se que esse próprio termo já é carregado semanticamente de 
uma desqualificação dos outros povos que são tomados como contrapartida 
negativa da “civilização européia”) pelo “messianismo ocidental”, típico do fim 
do século XIX, e as teorias evolucionistas que, fundadas em concepções etno-
cêntricas, forneceram a base ideológica para legitimar essa dominação.
É possível, portanto, enxergar nas perspectivas evolucionistas a ex-
pressão de uma postura etnocêntrica que perpassa a relação do colonizador 
europeu com os povos colonizados, fundamentando, discursivamente, sua 
assimetria. É nesse sentido que 
[...] a descoberta intelectual das sociedades ‘não européias’ colo-
ca, pois, em foco a diversidade das formas sociais de pensamento 
e de comportamento e a das instituições correspondentes. Mas 
é difícil, a princípio, separar a abordagem científica da aborda-
gem ideológica ou moral desse fenômeno. A reação instintiva do 
Ocidente face aos povos exóticos é o etnocentrismo, que, implí-
cita ou mesmo explicitamente, ajuíza das sociedades ‘não euro-
péias’ pelo modelo europeu. (COPANS, 1988, p. 14).
Note-se, entretanto, que, enquanto expressão de posturas etnocên-
tricas, as concepções evolucionistas limitaram a constituição do campo de 
análise e pesquisa da antropologia geral, e da jurídica, em particular, pois 
as mantiveram presas a categorias analíticas problemáticas, tais como as de 
“raça” e “evolução unilinear”. Isso fez com que a antropologia se conservas-
se presa a pressupostos etnocêntricos, tornando-se incapaz de apreender 
adequadamente a diversidade cultural e as especificidades de cada socie-
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007.344
dade. Nesse sentido, a antropologia do século XIX deixou de ser um saber 
propriamente científico para tornar-se ideologia, com todo o cuidado que a 
utilização desse conceito demanda. 
2.4 Saber instrumental voltado à “gestão de populações”
A antropologia evolucionista do século XIX – enquanto saber volta-
do ao estudo dos “povos primitivos” e baseada no pressuposto etnocêntrico 
de que as sociedades ocidentais (entendam-se por tais, sobretudo, as socie-
dades européias) seriam qualitativamente superiores às demais, pois cons-
tituiriam o desfecho de um processo evolutivo unilinear pautado por eta-
pas sucessivas de desenvolvimento – forneceu, segundo Norbert Rouland 
(1988) e François Laplantine (2006), uma justificação teórica para o exer-
cício da dominação colonial, ou seja, conforme Claude Rivière (2004, p. 
34-35), “[...] situado na história, o discurso antropológico não é inocente: 
numa determinada conjuntura colonial, ele é o discurso do explorador, do 
missionário, do administrador, do jurista, o que em nada afeta a competên-
cia e a perspicácia de alguns dentre eles.”
A ligação da antropologia com a expansão colonial, que a tornou, em 
última instância, “[...] filha de uma era de violência [...]” (LÉVI-STRAUSS, 
2003), fez com que apresentasse, em seus primeiros tempos, uma dimen-
são nitidamente instrumental ou pragmática, que se expressava tanto na 
fundamentação discursiva da dominação imperialista das nações européias 
quanto no fornecimento de um repositório de conhecimento sobre as so-
ciedades coloniais que servia para tornar mais eficaz a dominação. É nesse 
sentido que os antropólogos L´ Estoile, Neiburg e Sigaud (2002) enfatizam 
que haveria uma espécie de “afinidade eletiva”9 (e, portanto, não uma rela-
ção mecânica de causa e efeito) entre a produção do conhecimento antro-
pológico e a administração colonial. Essa “afinidade eletiva” se expressaria 
justamente na imbricação recíproca do saber dos antropólogos com adomi-
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007. 345
nação colonial, ou seja, a administração colonial apoiaria o desenvolvimen-
to de instituições acadêmicas especializadas na produção de saber sobre as 
populações nativas – tais como museus, expedições etnográficas, departa-
mentos universitários e institutos de pesquisa –, e os antropólogos, apesar 
de muitas vezes manterem posturas críticas em relação às atividades de seus 
Estados de origem, forneceriam conhecimentos que, em última instância, se 
prestariam à validação das políticas coloniais.
É justamente por isso que a antropologia do século XIX poderia ser 
descrita, em linhas gerais, como uma espécie de saber voltado à “gestão de 
populações”, uma vez que se teria prestado à fundamentação do governo, à 
administração e ao controle dos povos colonizados. 
3 Considerações finais 
Este artigo procurou indicar os condicionamentos exercidos pelo con-
texto do século XIX na constituição do campo de análise e pesquisa da an-
tropologia jurídica sem a pretensão obvia de fazer um apanhado exaustivo, 
e buscou demonstrar que a antropologia jurídica do século XIX, tal como 
enfatiza Norbert Rouland (1988), teria sido um instrumento que serviu aos 
propósitos da colonização (o que, de resto, se aplica a todo o saber antro-
pológico desse período). Nesse sentido, procurou-se demonstrar, inclusive, 
que a própria especialização inicial da antropologia no estudo de “povos 
primitivos” só foi possível
[...] porque tais grupos já se encontravam submetidos ou em 
processo de submissão aos estados nacionais ou imperiais mo-
dernos, e eram objeto de políticas que compreendiam desde a 
preservação e a proteção até programas de transformação so-
cial planificada e, também, políticas repressivas. (L’ESTOILE, 
NEIBURG E SIGAUD, 2002, p. 9).
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007.346
Diante disso, a antropologia do século XIX apresentou a nítida pre-
valência de uma dimensão instrumental, voltada à gestão de populações, a 
partir de uma visão etnocêntrica que as desqualificava como “primitivas”. É 
certo que, ao longo de seu desenvolvimento, essa área do saber foi-se afas-
tando progressivamente dessas características de origem, de modo que su-
perasse as determinações de seu contexto de formação. Entretanto, não se 
pode desconsiderar que, tendo nascido numa época marcada pela domi-
nação e pela espoliação decorrentes da dominação colonial, a antropologia 
(de uma maneira geral, e a jurídica, em particular) reforçou as relações de 
assimetria que o Ocidente impingiu a outros povos. Assim, se o saber an-
tropológico, de um lado, forneceu uma visão mais objetiva dos fenômenos 
humanos, por outro, é preciso notar que isso se deu, conforme bem o res-
salta Claude Lévi-Strauss, a partir de uma relação em que uma parte da 
humanidade se arrogou o direito de tratar a outra como objeto10.
Notas
1 Segundo Hardt e Negri (2001, p. 12), “[...] a transição para o Império surge do crepús-
culo da soberania moderna. Em contraste com o imperialismo, o Império não estabelece 
um centro territorial de poder, nem se baseia em fronteiras ou barreiras fixas.” 
2 Nesse ponto, a análise de Hobsbawm (2002) diverge significativamente da de Ferro 
(1996), para quem a “bulimia territorial”, que caracteriza a febre expansionista do impe-
rialismo europeu do século XIX, não seria um fenômeno novo, e sim um comportamen-
to que já se teria manifestado bem antes da era do imperialismo.
The constitution of legal anthropology’s 
analysis and research field
The article intends to carry through a synthetic analysis of the con-
stitution of legal anthropology’s analysis and research field in the 
XIX century, emphasizing its relation with imperialism and colo-
nialism.
	 Key	words:	Colonialism. Imperialism. Legal anthropology.
Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007. 347
3 Referindo-se ao saber antropológico do século XIX, Norbert Rouland (1988, p. 36) 
ressalta que “[...] mieux connaître les sociétés traditionnelles n’aurait servi qu’à mieux les 
dominer [...].”
4 A esse respeito, Norbert Rouland (2003, p. 70-71), referindo-se à antropologia jurídica, 
enfatiza que “[...] podemos encontrar-lhe precedentes na Antiguidade e na época moderna, 
assim como entre os autores e os viajantes árabes da Idade Média. Mas ela nasce realmente 
no final do século XIX, em pleno triunfo tecnológico e cultural do Ocidente: a Revolução 
Industrial se propaga na Europa, e a colonização se estende na África e na Ásia.”
5 Ao referir-se à antropologia qualificada como jurídica, Jacques Vanderlinden (1996, p. 
36) ressalta que “[...] la qualification juridique se situe alors sur le même plan que d a´utres 
adjectifs, par exemple, culturelle, économique, politique ou sociale, pour définir un comparti-
ment particulier de ce savoir global que serait l a´nthropologie [...]”
6 Análises introdutórias acerca do pensamento dos “pais fundadores” da antropologia 
jurídica podem ser encontradas em Rouland (1988, 1995 e 2003) e em Vanderlinden 
(1996). 
7 Shirley (1987) considera que a antropologia moderna seria caracterizada por três as-
pectos: o pragmático, o romântico e o científico. O aspecto pragmático seria justamente 
aquele que se relaciona com a dominação colonial.
8 A esse respeito, Rouland (1995, p. 17-18) ressalta que “[...] bien qu´ il ait pu servir à justi-
fier le colonialisme, l´évolutionnisme unilinéaire ne manque pas de grandeur. [...] Dès la fin 
du XIXe siècle, s’élèvent les premières critiques.” 
9 A utilização do termo “afinidade eletiva” para tratar da relação entre antropologia e co-
lonialismo serve aos autores para ressaltar a base weberiana da análise por eles proposta. 
Como se sabe, Weber, em seu célebre livro intitulado A ética protestante e o espírito do 
capitalismo (2004), ressalta justamente a relação não-causal, mas de afinidade entre a 
Reforma e o Capitalismo.
10 Segundo Lévi-Strauss, “[...] l’anthropologie est fille d’une ère de violence; et si elle s’est rendue 
capable de prendre des phénomènes humains une vue plus objective qu’on ne le fasait auparavant, 
elle doit cet avantage épistémologique à un état de fait dans lequel une partie de l’humanité s’est 
arrogé le droit de traiter l’autre comme un objet.” (LÉVI-STRAUSS, 2003, p. 69).
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 recebido em 3 nov. 2007 / aprovado em 19 nov. 2007
Para referenciar este texto:
BÔAS FILHO, O. V. A constituição do campo de análise e pesquisa da 
antropologia jurídica. Prisma Jurídico, São Paulo, v. 6, p. 333-349, 2007.

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