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Wa1 - Licenciaturas - Psicologia da Educação e da Aprendizagem

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Visão geral
	
	Apresentação da disciplina:
	
	Nossa disciplina abordará as principais abordagens da Psicologia em uma perspectiva histórica e suas contribuições para a educação, as relações entre desenvolvimento e aprendizagem, teorias do desenvolvimento social e emocional da personalidade e os processos educacionais. Ainda estudaremos abordagens teóricas centrais em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem e suas interfaces com a educação, ressaltando as contribuições das concepções teóricas contemporâneas da Psicologia da Educação para o processo de ensino e aprendizagem e as dificuldades de aprendizagem.
	
 
	Objetivos:
	
	Enfatizar as principais teorias da psicologia que destacam a relação entre desenvolvimento social e emocional da personalidade e os processos educacionais e a relação entre desenvolvimento cognitivo e aprendizagem, discutindo paralelamente diferentes explicações para dificuldades de aprendizagem que se dão por conta de obstáculos a este desenvolvimento na perspectiva de cada teoria.
	
	Conteúdo Programático:
	
	1 - Abordagem teóricas da psicologia e psicologia da educação
2 - Educação e desenvolvimento psicossexual da personalidade segundo Sigmund Freud
3 - Educação, desenvolvimento cognitivo, moral e aprendizagem segundo a Epistemologia Genética de Jean Piaget
4 - Educação, desenvolvimento cognitivo e aprendizagem segundo a Psicologia Histórico-cultural de Lev Vygotsky
5 – Educação segundo o Behaviorismo Radical de B. F. Skinner
	
	Metodologia:
	
	
	Os conteúdos programáticos ofertados nessa disciplina serão desenvolvidos por meio das Tele-Aulas de forma expositiva e interativa (chat - tira dúvidas em tempo real), Aula Atividade por Chat para aprofundamento e reflexão e WebAulas que estarão disponíveis no Ambiente Colaborar, compostas de conteúdos de aprofundamento, reflexão e atividades de aplicação dos conteúdos e avaliação. Serão também realizadas atividades de acompanhamento tutorial, participação em Fórum, atividades práticas e estudos independentes (auto estudo) além do Material do Impresso por disciplina. 
	
	
 
	Avaliação Prevista:
	
	
	O sistema de avaliação da disciplina compreende em assistir a tele-aula, participação no fórum, produção de texto/trabalho no portfólio, realização de duas avaliações virtuais, uma avaliação presencial embasada em todo o material didático, tele-aula e web aula da disciplina.
	
WEB AULA 1
PARADIGMAS DA PSICOLOGIA, PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM. 
 
Oi pessoal, sou o Prof. Carlos Eduardo de Souza Gonçalves. Sejam bem-vindos ao curso de Psicologia da Educação: Desenvolvimento e Aprendizagem!
	DESDE JÁ, UMA OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
O CONTEÚDO COBRADO NAS AVALIAÇÕES VIRTUAIS E PRESENCIAIS INCLUI A LEITURA DOS TEXTOS E O CONHECIMENTO DOS VÍDEOS AQUI INDICADOS, ENTÃO PEÇO QUE ESTUDE TUDO.
 
Vamos então?!
I.  PSICOLOGIA, PARADIGMAS DA PSICOLOGIA E SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO.
A Psicologia tem suas raízes lá na Grécia Antiga, entre os filósofos. Aliás, a palavra “Psicologia” vem do grego e significa psykhè (alma) + logos (estudo). Ou seja, “estudo da alma”! Mas essa alma não tem nada a ver com religião ou com a Psicologia Científica dos dias de hoje. É que para alguns filósofos gregos nosso corpo era animado por uma espécie de sopro divino misterioso que governava nossas ações, pensamentos e sentimentos, ou seja, nossa mente.
Séculos depois, a Psicologia se desligaria da Filosofia. O “pai” da Psicologia Científica se chamava Wilhelm Wundt, um cientista alemão, e ele, a partir de 1879, começou a criar de experimentos com as pessoas para tentar entender como funcionava sua consciência, ou seja, suas percepções, pensamentos e sentimentos que ocorrem no “aqui e agora” de cada um.
	O surgimento da Psicologia Científica...
Assista a esse vídeo abaixo e você conhecerá um pouco dessa história:
 
Mas a Psicologia como ciência não parou aí e foi bem mais longe... Muitos outros começaram a investigar e alguns foram tão sérios, dedicados e racionalmente exigentes com suas próprias ideias que construíram teorias muito “fortes” da Psicologia. Esses cientistas criaram o que chamaremos de Paradigmas da Psicologia... Mas o que é isso, um Paradigma?
 
	“Paradigma é um termo com origem no grego “paradeigma” que significa modelo, padrão. No sentido lato corresponde a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação. São as normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites” (SIGNIFICADOS, 2013).
Para saber mais...
Explore melhor esse conceito e veja exemplos de tipos de Paradigma pelo link:
<http://www.significados.com.br/paradigma/>.
 
Em ciência, reconheceremos alguns Paradigmas Científicos. E quando outros o seguem, temos uma Corrente Teórica, pois as teorias dos novos cientistas partem das teorias dos “pioneiros” e ficam ligadas a elas, formando uma corrente de teorias. Os teóricos que seguem um Paradigma Científico procuram acrescentar, corrigir, aprimorar, reconfirmar as ideias daqueles que “fundaram” o Paradigma, fazendo com que haja uma evolução científica contínua. No caso da Psicologia, cada paradigma busca explicar por que, como e para que o ser humano desenvolve e manifesta seus comportamentos, sentimentos, relacionamentos, pensamentos e ações.
Há várias correntes teóricas, abordagens ou paradigmas na Psicologia contemporânea, destacando-se para a área de Educação: Psicanálise, Behaviorismo, Psicologia Humanista, Psicologia Cognitiva e Psicologia Histórico-Cultural. Vejamos algumas características de modo geral:
Psicanálise: corrente europeia da Psicologia que tem como um de seus pilares a afirmação de que existe o Inconsciente enquanto região mental que contém diversos conteúdos (sentimentos, desejos, pensamentos, memórias sobre eventos vividos) aos quais não temos acesso, mas que influenciam nossos comportamentos. Também propõem a existência de complexas dinâmicas internas entre conteúdos mentais, estruturas da personalidade (Id, Ego e Superego) e o nosso corpo. Seu criador foi Sigmund Freud, que teve como alguns de seus seguidores Melanie Klein, Jacques Lacan, Carl Jung (em um primeiro momento), Donald Winnicott, Erik Erikson e Anna Freud, por exemplo.
Traz para a Educação diversas colaborações, dentre elas as ideias de que educadores devem promover fortalecimento e equilíbrio do Ego de seus alunos, de que devem levar em consideração relações entre professores e alunos como potencialmente transferenciais (transferência de sentimentos que originalmente se dirigiriam aos pais, por exemplo) e de que o modo de educar deve ser adequado aos diferentes estágios do desenvolvimento da personalidade.
	ALIÁS, QUAL A DIFERENÇA ENTRE PSIQUIATRIA, PSICOTERAPIA E PSICANÁLISE?
Assista a esta excelente entrevista com o psicanalista e psiquiatra Dr. Jorge Forbes. Tenho certeza de que você achará muito interessante...
Behaviorismo: essa abordagem americana da Psicologia compreende pensamentos, sentimentos, ações e reações físicas como produtos e produtores de estímulos orgânicos e estímulos ambientais observáveis que interagem entre si de modo bastante complexo. Alguns de seus mais conhecidos representantes são John Watson e B. F. Skinner.
Segundo os behavioristas, cabe aos educadores organizar aquilo que denominam como contingências (relações entre estímulos ambientais e comportamentos) favoráveis para a manifestação de comportamentos funcionais (aqueles que funcionam bem por possibilitar o melhor ajuste possível entre a pessoa e os ambientes em que ela vive). Ou seja, planejar estímulos ambientais antecedentes e consequentes que favoreçam modos de pensar, de sentir e se comportar dos alunos, que reflitam a aprendizagem obtida com prazer e bons relacionamentos com as pessoas e instituições educacionais, familiar e escolar.
 
Psicologia Humanista: corrente teórica bastante rica, originada na Europa e EUA na primeira metade do
século XX, é considerada como a “terceira força” da Psicologia, após o advento da Psicanálise e do Behaviorismo. Assume o pressuposto filosófico de que determinamos nosso próprio destino de maneira autônoma (somos dotados de uma consciência criadora, não submetida completamente aos estímulos ambientais), de que nascemos para nos realizarmos, para nos completar, lutando para encontrar um sentido na vida. São teorias da Psicologia Humanista: Terapia Centrada na Pessoa (Carl Rogers), Gestalt-Terapia (Friederich S. Perls), Teoria das Necessidades Humanas (Abraham Maslow), Análise Transacional (Eric Berne), Logoterapia (Victor Frankl) e Psicodrama (Jacob Levy Moreno).
Sua principal colaboração para a Educação é a ideia de que a escola deve favorecer a autorrealização dos alunos e para isso deve possibilitar condições para que livremente todos possam escolher e determinar seus próprios caminhos de formação, buscando aquilo que lhes dá seu sentido próprio de vida. Trata-se de educar na liberdade e para a liberdade...
	VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DE SUMMERHILL, A “ESCOLA DA LIBERDADE”?
Summerhill é uma escola inglesa fundada por A. S. Neil (autor de “Liberdade Sem Medo”), cuja base é o princípio humanista da autorrealização humana. Extremamente polêmica, foi e é igualmente amada e rejeitada por muitos... Assista ao vídeo e depois reflita: é possível uma educação isenta de qualquer forma de coação?
 
Psicologia Cognitiva: a Psicologia Cognitiva tem raízes europeias e americanas. Procura compreender a mente humana como um complexo processador de informações (“cognição” seria conexão ou associação de informações), cujos produtos são pensamentos, sentimentos, linguagem, motivação, armazenamento de memórias, formação de conhecimentos, formas de atenção, execução de comportamentos motores etc.
É talvez uma das Psicologias que mais traz colaborações para a Educação, uma vez que se debruça sobre a maneira como as pessoas em diferentes idades e sob diversas e diferentes circunstâncias fazem para coletar informações, trabalhar essas informações, produzir e aprender respostas para solucionar problemas e adaptar-se aos ambientes. Não há um “pai” da Psicologia Cognitiva, visto que são muitos os pesquisadores (principalmente norte-americanos) que continuamente publicam diversos resultados de suas pesquisas. Mas podemos dizer que, especialmente para a Educação, o nome do biólogo e gênio suíço Jean Piaget é um dos mais relevantes dentro dessa abordagem.
 
Psicologia Histórico-Cultural: na União Soviética dos anos 1920, alguns jovens psicólogos reuniram-se com o objetivo de criar uma psicologia de base marxista, visto o período de revoluções políticas e mudanças culturais da época neste local. Alexander Luria (neuropsicólogo), Aleksei Leontiev (psicólogo), Vasili Davidov (psicólogo) e Lev S. Vygotsky (psicólogo), dentre outros, formavam o renomado grupo de psicólogos soviéticos. Basicamente, procuravam fundamentar que os processos psicológicos tipicamente humanos (processos cognitivos superiores relacionados à memória, atenção e linguagem) se originariam e se desenvolveriam graças a interações sociais que provocam mudanças cognitivas ao longo da história da espécie (filogênese) e da história de cada indivíduo (ontogênese).
Sua importância para a Educação parte da ideia de que a relação histórico-dialética de transformação mútua entre homem e ambiente, cujo objetivo último é a manutenção da vida do homem, não seria uma relação direta, mas sim mediada por ferramentas culturais (tecnologias) e instrumentos psicológicos (linguagem) que aprendemos a usar graças à internalização provocada pela intervenção cultural.
Esses paradigmas e outros irão influenciar o trabalho de muitas instituições e pessoas que lidam com a Educação, pois o processo de ensino-aprendizagem faz com que todos nós educadores imediatamente pensemos em algumas questões: Como o ser humano pensa? Como aprende? Todas as pessoas aprendem da mesma forma? Qual a diferença na maneira de aprender de uma criança pequena, uma mais velha, um adolescente e um adulto? Existem formas diferentes de ensinar? Como ensinar, de maneira eficiente, diferentes pessoas?
A Psicologia e seus paradigmas oferecerão algumas respostas.
 
	Aprofundando o conhecimento...
Agora, sugiro que, para aprofundar seus conhecimentos sobre paradigmas da Psicologia em Psicologia da Educação, você leia o artigo do Prof. Dr. Marcus Vinicius da Cunha (Depto. de Psicologia da Educação da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP), intitulado “A psicologia na educação: dos paradigmas científicos às finalidades educacionais” pelo link:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-25551998000200004>.
O texto lhe trará um excelente panorama da interface Psicologia-Educação, além de adiantar informações sobre algumas das principais teorias das quais iremos tratar adiante...
II – MAS ENFIM, O QUE É A PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO?
Aliás, antes, o que é Psicologia?  “Estudo científico do comportamento e dos processos mentais” (ATKINSON et al)
Por isso que costumo brincar com os meus alunos dizendo que “onde tem gente fazendo coisas diferentes, tem uma Psicologia estudando e trabalhando com essa gente e com essas coisas diferentes”.
Os psicólogos estudam essas diferentes abordagens que vimos, dentre outras, e comumente acabam por seguir uma ou outra para se aprofundar em suas técnicas de pesquisa e intervenção em diversas Áreas da Psicologia. Leia abaixo uma interessante explicação sobre o que fazem os Psicólogos (destaquei a parte que trata de Áreas da Psicologia, veja!):
O Psicólogo, dentro de suas especificidades profissionais, atua no âmbito da educação, saúde, lazer, trabalho, segurança, justiça, comunidades e comunicação com o objetivo de promover, em seu trabalho, o respeito à dignidade e integridade do ser humano. (CONSELHO Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul, 2010).
Assim, o psicólogo pode escolher estudar a fundo uma Abordagem da Psicologia (ou mais de uma) e uma Área da Psicologia (ou mais de uma) para trabalhar. Exemplos: ele pode se tornar um Psicanalista que trabalha na área de Psicologia Clínica; pode se tornar um Behaviorista que trabalha na área de Psicologia Jurídica; um Humanista que trabalha na área de Psicologia Hospitalar; um Histórico-Cultural que trabalha na área de Psicologia Organizacional etc.
Psicólogos de várias abordagens atuam na área de Psicologia da Educação. Vejamos o que seria essa Área da Psicologia:
Psicólogos da educação estudam o que as pessoas pensam e fazem (e eu acrescentaria sentem) quando ensinam e aprendem em um currículo específico e em um ambiente específico no qual a educação e o treinamento devem acontecer (BERLINER, 1992 apud WOOLFOLK, 2000, p. 25).
A psicologia da educação se concentra no estudo psicológico dos problemas cotidianos da educação dos quais se derivam princípios, modelos, teorias, procedimentos de ensino e métodos práticos de instrução e avaliação, bem como métodos de pesquisa, análises estatísticas e procedimentos de medição e avaliação apropriados para estudar o planejamento e os processos cultural e socialmente complexos das escolas (WITTROCK, 1992 apud WOOLFOLK, 2000, p. 24).
Enfim, de acordo com Salvador et al (1999 p. 43), a Psicologia da Educação terá como finalidade “utilizar e aplicar os conhecimentos, os princípios e os métodos da Psicologia para a análise e o estudo dos fenômenos educativos”.
Viu só que bacana é a Psicologia e quanta coisa precisamos estudar?! Ao mesmo tempo em que a Psicologia deixa as pessoas fascinadas, exatamente porque oferece explicações sobre elas mesmas, também é uma área muito rica e complexa, repleta de teorias e aplicações.
A partir de agora, vamos nos deter mais especificamente em duas áreas de pesquisa da Psicologia que formam a base da Psicologia da Educação: a Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia da Aprendizagem.
 
III - O QUE É DESENVOLVIMENTO? QUAL SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM?
“Desenvolvimento” em Psicologia se refere a “continuidades sistemáticas
e mudanças que ocorrem no indivíduo desde a concepção até a morte” (SHAFFER, 2009, p. 53).
Todo homem nasce potencialmente humano, ou seja, ele pode se tornar humano, mas ainda não o é plenamente ao nascer. Ele não anda, não fala, não se protege. Seu pensamento ainda é muito arcaico. Por isso, a característica central do desenvolvimento é a mudança.
Mas qual é a fonte dessa mudança?
Essa é uma pergunta muito interessante. Alguns vão dizer que o ser humano já possui, em seus genes, todas as condições e características que estarão presentes durante a vida. Essa é uma visão bastante determinista, ou seja, que indica caminhos fechados para o que cada um será ao crescer. Chamamos de abordagem inatista.
Existem outras pesquisas que apontam para caminhos diferentes. O homem forma-se de acordo com o ambiente em que está. Assim, o contexto imediato oferece as condições para o desenvolvimento, pois possibilita a APRENDIZAGEM na medida em que estimula o organismo e se mostra modelo para o comportamento deste. Conforme o arranjo dessas condições, maior a possibilidade de cada um se desenvolver. Nesse caso, falamos de uma abordagem ambientalista ou empirista.
Um lema central dessas duas concepções é “filho de peixe, peixinho é”, porque o filho será como os pais, devido apenas às capacidades e habilidades transmitidas pelo DNA (inatismo) ou apenas pela influência direta da educação dada por eles (empirismo ou ambientalismo), por exemplo.
Existe, ainda, uma terceira visão nessa discussão, aquela que se tornou a concepção aceita pelas teorias em Psicologia do Desenvolvimento. O ser humano não é produto apenas de seus genes nem produto apenas dos estímulos do ambiente. Ele é uma verdadeira construção de ambos. Falamos então da abordagem interacionista.
	SOMOS O RESULTADO DE NOSSA NATUREZA BIOLÓGICA, DOS ESTÍMULOS DO MEIO AMBIENTE OU DE AMBAS AS INFLUÊNCIAS?
Assista aos três vídeos abaixo da TV PUC Campinas e você encontrará a resposta, além de revisar importantes conceitos a respeito de genética e sua relação com desenvolvimento humano.
“O Assunto É Genética” – TV PUC Campinas
https://youtu.be/9jAbv8xiRdU
Nessa interação entre crescimento orgânico e estímulos ambientais, o ser humano se desenvolverá nas dimensões Físico-Perceptiva, Cognitiva, Linguística, Social e da Personalidade, todas interdependentes.
Diversas teorias interacionistas da Psicologia tratarão da questão do Desenvolvimento, dando explicações diferentes ao processo por conta de ênfases diferenciadas dadas aos fatores biológicos, ambientais ou ambos.
Isso também será verificado na Psicologia da Aprendizagem, pois seu problema de pesquisa (como o ser humano aprende?) será respondido de diversas maneiras e por diferentes teóricos.
Mas, o que é Aprendizagem?
Aprendizagem é a aquisição ou mudança (quantitativa ou qualitativa) de comportamentos e processos mentais, portanto, é um complexo processo neuropsicológico que envolve outros processos, como percepção, atenção, memória, motivação, memória, linguagem e psicomotricidade, todos eles estudados pela Psicologia.
Por “aquisição”, entendemos a aprendizagem de novas formas de pensar, sentir e agir. Por “mudança”, entendemos aprendizagem que gera alterações no modo de pensar, sentir e agir devido à necessidade de mudar pensamentos, sentimentos e comportamentos anteriormente aprendidos em decorrência de mudanças no organismo e nos ambientes onde vivemos.
Por aquisição ou mudança “quantitativa”, entendemos a soma ou a diminuição de modos de pensar e sentir, assim como de aumento ou diminuição do repertório, da quantidade de comportamentos. Por “qualitativa”, entendemos a aprendizagem de diferentes modos de pensar, sentir e agir ao longo da vida, também por razões adaptativas orgânicas e ambientais.
São essas fases de estabilidade e essas mudanças de processos mentais e comportamentos que os psicólogos do desenvolvimento pesquisam.
 
Enfim, qual a relação entre Desenvolvimento e Aprendizagem?
Se Desenvolvimento se refere a fases da vida e a mudanças que ocorrem ao longo da vida que são influenciadas pela interação entre organismo e ambiente, compreende-se que as pessoas aprendem de modo diferente e mudam o modo de aprender em diferentes etapas da vida, de acordo com a interação entre seu organismo e os ambientes em que se desenvolvem. E é isso que estuda a Psicologia da Educação!
Agora estamos prontos para estudar algumas das teorias de Psicologia do Desenvolvimento e de Psicologia da Aprendizagem mais relevantes para a atuação dos educadores... Vamos em frente!
Abraços e até logo!
Prof. Carlos Eduardo
WEB AULA 2
DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE E DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
 
Olá, bem-vindo de volta!
Agora que você conheceu um pouco da história da Psicologia e o que faz o Psicólogo, sobretudo na área educacional, vamos tratar de duas das mais conhecidas e importantes teorias da Psicologia da Educação: a teoria do Desenvolvimento Psicossexual da Personalidade e a Epistemologia Genética.
 
I - DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL DA PERSONALIDADE SEGUNDO SIGMUND FREUD E A EDUCAÇÃO
Vamos em frente, nos aprofundando cada vez mais em Psicologia e suas relações com a Educação... Para isso, preciso que você tenha estudado a aula anterior, ok? Você estudou? Caso sim, vamos lá!
 
Personalidade, o que é?
Quando falamos de personalidade, geralmente pensamos em duas coisas: conjuntos de habilidades para se relacionar com as pessoas (daí dizermos que alguém tem problemas de personalidade) ou uma característica marcante do comportamento de alguém que o identifica. Em ambos os casos, estamos avaliando, julgando a pessoa, mas essa não é a prática da Psicologia.
Pela Psicologia, são muitas as teorias da personalidade que buscam defini-la e compreender sua formação. Hall (1998) nos explica que cada teoria explica o que é personalidade conforme a base sobre a qual foi construída.
Um conceito de Personalidade que trabalharemos aqui e que implicitamente está mais ligado ao paradigma da Psicanálise é: “Personalidade é uma organização interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportar-se, de pensar e de sentir característicos de uma pessoa” (CARVER; SCHEIER apud HALL, 2000, p. 26). Por organização interna entendemos a organização de processos mentais (pensamentos, sentimentos etc.) e de comportamentos; por organização dinâmica entendemos que, conforme ocorrem mudanças no organismo e no ambiente, ocorre reorganização dos processos mentais e dos comportamentos.
Ou seja, não somos exatamente as mesmas pessoas em lugares diferentes e com pessoas diferentes, não é mesmo? Nosso modo de pensar, sentir e se comportar muda em função da etapa de vida em que estamos, do local em que estamos (trabalho, casa, rua etc.) e das pessoas com quem estamos (família, companheiro[a], amigos etc.). Isso é dinamismo da personalidade. Por outro lado, sempre que estamos no mesmo local, com as mesmas pessoas e na mesma etapa de nossa vida, tendemos a nos comportar de um modo padronizado (parecido e repetitivo), já organizado e adaptado àquelas pessoas e àqueles lugares.
Destacaremos a partir de agora o paradigma da psicanálise pela teoria psicodinâmica de Sigmund Freud, uma das mais conhecidas e difundidas no meio educacional, mas deixando claro que não é a única, ok?
Bem, de forma simplista, talvez possamos dizer que para o médico neurologista tcheco Sigmund Freud (1856-1939), antes de sermos humanos, somos animais, temos um corpo que sofre de necessidades fisiológicas e busca satisfazer essas necessidades para aliviar a tensão, obtendo aquilo que nos falta. Assim, a necessidade biológica gera o comportamento de busca por aquilo de que se precisa, ou seja, põe o sujeito em ação, o movimenta (motivação), fazendo ele direcionar sua energia ao objeto que deseja, para obter alívio e descansar, voltando ao repouso. É o que ocorre quando estamos com fome, por exemplo.
Para Freud, nossos instintos também geram desejos. Desejos são representações psíquicas das necessidades do corpo que nos movem para
buscar aquilo (representação mental de objetos quaisquer) que pode nos satisfazer e aliviar a tensão psíquica, que é similar à tensão do corpo que necessita de algo. Nossa mente também fica pedindo aquilo que quer sem parar, até ser satisfeita, não é verdade? Mas não pode se satisfazer o tempo todo com tudo o que aparece...
Essa movimentação da energia que busca prazer é que Freud chama de sexualidade. Ou seja, para Freud o ato sexual em si é só mais uma das formas de se descarregar tensões corporais e psíquicas. Por isso o que ele estuda é o desenvolvimento psicossexual, ou seja, desenvolvimento da dinâmica psíquica de mobilização da energia para satisfazer, adiar ou impedir satisfação de desejos, genitais ou não. É um erro dizer que “Freud só pensava em sexo” no uso simplista do termo, percebe?
Essa dinâmica cria nossa personalidade, a qual se dividirá em três partes, formando uma estrutura. É como se fôssemos “três pessoas ao mesmo tempo”. A primeira parte se chama Id e é nele que estão os impulsos, de onde surgem os desejos, é ele que busca satisfação. Mas os desejos do Id são impulsos irracionais, não diferenciam representação mental de objeto real. Para isso, o Id fornece energia para o Ego.
Ego: essa parte de nossa personalidade nos dá o senso de realidade, controla o Id e lhe fornece algo real que ele avalia como podendo satisfazer o Id. De qualquer forma, a sociedade funciona por normas e essas normas não permitem que o homem tenha tudo que deseja, porque seria prejudicial a outros homens. O Superego é uma estrutura da personalidade gerada pela influência da cultura social e de suas regras, formado para reprimir os impulsos do Id e nos fornecer um modelo ideal de comportamento. Ele também é controlado pelo Ego para não esmagar o Id e impedir gosto por viver (obter prazer).
É uma batalha dentro de nós a cada dia e uma guerra infinita! O Ego luta para equilibrar Id (impulsos) e Superego (controle moral) e gasta muita energia! Interessante não?
Bem, segundo Freud, no início da vida as necessidades orais são imperativas para a sobrevivência e logo o bebê busca satisfação de seus desejos orais (Fase Oral). Uma prova de que o Id não diferencia objetos representados mentalmente de objetos reais é que para o bebê não importa o que traz à boca, pois qualquer coisa poderia satisfazer seu impulso oral. Mas o Ego, realista, logo dará a ele controle sobre impulsos e procurará pelos objetos reais que o satisfazem (alimento, por exemplo). Se a cultura (os pais, por exemplo) forem muito repressores e impedirem a busca pelo que ele deseja, o Superego poderá ser mais forte do que o Ego, rompendo com suas defesas e fazendo das experiências orais situações desagradáveis. Por outro lado, se os pais permitirem tudo, deixarem que tudo seja comido ou levado à boca, o Ego poderia ser dominado pelo Id impulsivo.
Isso poderia ter reflexos na personalidade da pessoa para o resto da vida, entendeu? No primeiro caso, poderia vir a ser alguém que “não engole” qualquer coisa, intolerante com as pessoas, que agride verbalmente (como se cuspisse). No segundo, alguém oralmente compulsivo por comida, cigarro, bebida etc, talvez dependente demais das pessoas, que vive esperando ser cuidado por elas. Mas claro que isso é muito mais complexo e esses comportamentos dependerão de todo o resto da história de vida do sujeito também...
 
O que isso tem a ver com Educação?
O equilíbrio dessa dinâmica energética de repressões e impulsos (psicodinâmica) precisaria ser garantido pela Educação, sendo a escola e os pais espécies de “educadores do Ego”, fortalecendo-o para que o sujeito aprenda controlar seus impulsos (dando limites) e a ser adequadamente livre e expressivo (criatividade, espontaneidade), em situações de aprendizagem afetiva e de conteúdos.
Freud também notou que nosso corpo tem outros pontos específicos mais sensíveis, ou seja, que acumulam mais tensão energética e que por eles se descarrega a tensão, quando obtém estimulação (zonas erógenas). Notou também que em determinadas idades, a criança é mais sensível em um ponto ou outro do corpo, mesmo obtendo prazer (descarga energética) por todos. Assim, ele percebeu uma sequência de deslocamentos da fonte erógena de satisfação: Boca (Fase Oral, até 1 ano de idade em média), Ânus (Fase Anal, de 1 ou 2 anos até os 3 anos em média), Órgãos Genitais (Fase Fálica, de 2 ou 3 anos até os 5 anos em média).
Depois disso, dos 6 aos 11 anos em média, as zonas erógenas “se acalmariam” e a energia psíquica da criança seria mais voltada ao trabalho (escolar) e à organização, definição de sua personalidade (Fase de Latência). Daí então, após os 11 anos, chegaríamos ao quarto estágio (Fase Genital), no sentido do amadurecimento psicossexual e, logo, psicossocial, pois conseguiríamos canalizar adequadamente nossa busca de desejos para boas relações sociais e construção de um relacionamento duradouro, a fim de perpetuar a espécie (estrutura de personalidade equilibrada pelo sucesso do trabalho do Ego).
	AGORA PRECISO QUE VOCÊ ASSISTA A ESSES VÍDEOS ANTES DE CONTINUAR LENDO, OK?
Você terá a oportunidade de assistir a estas belas aulas da Profa. Dra. Cláudia Bonfim sobre Desenvolvimento Psicossexual. Ficará bastante claro para você a relação entre Desenvolvimento da Personalidade e Educação.
Fase Oral:
Fase Anal:
Fase Fálica:
Fase de Latência:
Fase Genital:
 
as qual a relação entre as Fases do Desenvolvimento Psicossexual da Personalidade de Freud e a Educação?
As Fases delimitadas por Sigmund Freud chamadas Anal, Fálica, de Latência e Genital até o fim da adolescência correspondem à idade escolar das crianças a partir da Educação Infantil e, por isso, tanto pais como professores influenciarão no desenvolvimento da personalidade da pessoa, definida centralmente nesses períodos.
Durante a Fase Anal, a criança adquire potencial para controlar seus esfíncteres, seu corpo, a satisfação de seus impulsos, percebendo-se como alguém que domina aquilo que produz (por isso ocorre maior acúmulo de tensão libidinal nessas zonas erógenas do corpo). Sendo adequada e naturalmente respeitada pelos educadores durante sua aprendizagem de controle dos esfíncteres e estimulada a sentir orgulho do controle que vai adquirindo e do que produz, ela tenderá a desenvolver senso de autonomia. Sendo muito julgada, reprimida e não tolerada, poderá desenvolver duradouro senso de vergonha daquilo que produz e falta de confiança no controle de sua vida, podendo se tornar uma pessoa controladora e perfeccionista em excesso ou o contrário disso, desorganizada, desleixada, por exemplo.
Durante a Fase Fálica, a criança procura afirmar seu poder de intervenção no mundo, de buscar com poder a satisfação de seus impulsos. Sendo adequadamente educada a se afirmar, dentro do limite possível e viável, tende a se tornar alguém com iniciativa diante da vida, que faz acontecer. Sendo excessivamente castrada e punida pelos educadores em suas ações autoafirmativas, tende a se sentir culpada por seus desejos e impulsos, impedindo-se de se realizar.
Durante a Fase de Latência, a energia impulsiva se desloca para a produção, para o estudo e cumprimento das tarefas exigidas pela sociedade. Sendo estimulada e reconhecida por pais e professores pelo seu empenho e trabalho, tende a gerar sentimento de competência que lhe acompanhará durante a vida. Sendo criticada em excesso, não reconhecida por melhor que faça, tenderá a sentir-se inferior com relação àqueles que trabalham ao seu lado.
Durante a Fase Genital até o fim da adolescência, além do turbilhão gerado pelos impulsos antes latentes que ressurgem, o adolescente precisará de espaço e estímulo por parte dos educadores para experimentar ideias, amigos, modos de ser, lugares etc., de modo a construir sua identidade como algo singular e diferente da identidade infantil conduzida pelos pais. Do contrário, sendo impossibilitado de experimentar, poderá passar a vida com dificuldades para definir seu papel no mundo e assumir uma identidade adulta.
 
E o tal Complexo
de Édipo? O que é?
Dentro da Fase Fálica, ocorrerá aquilo que se denomina Complexo de Édipo, cuja principal característica é o direcionamento dos impulsos sexuais à pessoa que exerce a função paterna (no caso das meninas) ou função materna (no caso dos meninos), devendo este impulso ser impedido de modo adequado para uma boa resolução da personalidade.
	COMPLEXO DE ÉDIPO E PERSONALIDADE
A Profa. Dra. Cláudia Bonfim agora aborda nesse vídeo o Complexo de Édipo e suas consequências para a formação da personalidade. Veja:
É importante que você entenda que, de acordo com a Psicanálise, professores e alunos podem exercer aquilo que se denominam Relações Transferenciais, ou seja, podem transferir para o outro sentimentos de afeto ou rejeição que originalmente estariam direcionados àqueles que exerceram funções maternas ou paternas em suas vidas.
O professor que compreende os fenômenos da Transferência e da Contratransferência tenderia a lidar muito melhor com seus alunos, entendendo, por exemplo, que o modo deles o rejeitarem ou o admirarem pode não ser pessoal, que são modos dos alunos tentarem resolver questões que podem ter ficado “em aberto” em suas vidas e que inclusive podem ser causa de dificuldades de aprendizagem e de relacionamento interpessoal na escola. Assim, esse professor, por sua vez, não reagiria de modo impulsivo ou inconsciente, contratransferindo sentimentos e impulsos seus para os alunos, e saberia elaborar formas de possibilitar a melhor resolução possível dos conflitos pelos alunos.
	Saiba mais...
Abaixo, segue um link para um interessante e pequeno texto que explica melhor o que é Transferência e sua relação com Educação:
“A TRANSFERÊNCIA NA SALA DE AULA”
BUCK, Marina Bertone; SANTOS, José Wellington dos
 
	 Aprofundando o conhecimento
O link abaixo leva você ao livro “BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia.” Além de ter acesso a outros capítulos que tratam de temas e teorias que apresentamos na disciplina, você poderá e deverá ler o “Capítulo 5 – A Psicanálise”, reestudando os conceitos que tratamos e outros da teoria de Freud.
II - DESENVOLVIMENTO COGNITIVO SEGUNDO A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE JEAN PIAGET
O biólogo, epistemólogo e psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) dedicou toda a sua obra à questão: como os homens constroem o conhecimento? Por isso, entenda-se que Epistemologia significa “teoria do conhecimento” e que Genética vem de “gênese” ou “origem”.
São três seus grandes princípios:
a) O mesmo tipo de intercâmbio adaptativo entre organismo e meio produzido no terreno biológico produz-se também no terreno psicológico no processo de conhecimento dos objetos.
Ou seja, assim como uma planta ou um animal necessita mudar o ambiente e também se adaptar ao ambiente que lhe traz obstáculos, nossa inteligência busca adaptar e se adaptar aos novos conhecimentos que nos chegam, superando as dificuldades que eles trazem.
b) O conhecimento manifesta-se como fruto de um autêntico processo de construção, de estruturação.
Assim, conforme amadurecemos, entramos em contato com mais e mais experiências e as organizamos internamente, tornando-as conhecidas (aprendizagem). Essa capacidade de organização também precisa amadurecer e por isso organizamos de modo diferente nossas experiências, conforme estágios de desenvolvimento pelos quais passamos. Para Piaget, precisamos antes nos Desenvolver biologicamente (nossas estruturas neurológicas organizadoras) para depois poder Aprender o que o organismo e o ambiente nos exige.
c) Conhecer implica sempre em atuar sobre a realidade de maneira ativa e transformadora, física ou mentalmente.
Para conhecer, então é necessário estruturar ou organizar o mundo, ou seja, experimentar de maneira ativa, entrando em contato direto com os elementos do ambiente (objetos, palavras, formas de pensar, pessoas e lugares), adaptando-os a nós e adaptando-se a eles, física e mentalmente.
“O conhecimento provém, antes de mais nada, da ação” (Piaget).
Piaget compreendeu com suas pesquisas que, ao aprendermos durante toda a vida, utilizamos dois mecanismos
invariantes:
1) Assimilação e Acomodação: Assimilação é quando agimos física e/ou mentalmente sobre algo (elemento novo ou não) que estamos conhecendo ou reconhecendo, aplicando modos de pensar e agir que já formamos antes. Tentamos aplicar nossa forma de ação organizadora já aprendida (estrutura já formada) ao elemento. Ex.: quando você tenta girar para a esquerda uma torneira daquelas de pressionar e por isso não funciona, você está assimilando essa realidade; quando você interpreta de forma errada uma palavra desconhecida supondo que ela significa o mesmo que uma palavra já conhecida, você a está assimilando. Acomodação da estrutura cognitiva é quando, diante da resistência oferecida pelo elemento da realidade, entendemos que nós é que precisamos nos transformar (desenvolver novas ações organizadoras, físicas ou mentais) para lidar com ele. Ex.: mudo minha maneira de acionar torneiras, pois agora também pressiono, e assim aprendi mais uma maneira de fazê-lo, acomodando minha estrutura cognitiva ao objeto; quando aprendo a palavra e seu significado que antes eram desconhecidos. Assim, ampliamos nosso conhecimento, por contínua assimilação e acomodação.
Chamamos de Esquemas esses conjuntos de modos de agir física e mentalmente sobre o mundo que aprendo, amplio, acumulo, modifico e experimento colocar em prática sobre os elementos (durante a assimilação).
2) Equilibração Majorante: Quando nenhum elemento novo está diante de nós, estamos em equilíbrio: significa boa adaptação física e cognitiva gerada por interação satisfatória entre organismo e estímulos do ambiente, ou seja, adaptamos os elementos a nós e estamos bem adaptados aos elementos da realidade à nossa volta, todos são conhecidos, pois temos ações já aprendidas para lidar com eles. Então, quando aparece algo diferente, isso gera uma perturbação que desequilibra nossa estrutura cognitiva (não temos uma ação prévia para lidar com o novo). Imediatamente, começamos a tentar adaptar o elemento a nós e a nos adaptar a ele (assimilando e acomodando), agindo sobre o elemento por meio de regulações (mudança do modo de agir) e compensações (deixamos de fazer de um modo para fazer de outro), para tentar acabar com o desequilíbrio. Uma vez adaptamos o elemento e estamos adaptados a ele, atingimos o reequilíbrio.
A Equilibração Majorante é assim chamada porque, na verdade, nunca atingimos o equilíbrio total, visto que o tempo todo estamos diante de elementos novos, por menores que sejam (equilibração constante) e cada vez que repetimos nossas ações físicas ou mentais sobre o elemento, ainda que seja o mesmo, criamos diferentes formas de agir sobre ele, assimilando e acomodando alguns aspectos diferentes a cada repetição da ação, organizando-os de modo diferente de acordo com o momento atual de amadurecimento do organismo e com aquilo que o ambiente exige de nós (majorante), culminando em adaptações cada vez mais satisfatórias. Você não lê hoje uma história infantil que leu quando era criança com a mesma interpretação daquela época, não é verdade? Também sabe que a cada vez que repete a leitura de um texto, melhor o entende, pois a cada repetição, assimila e acomoda elementos diferentes.
Assimilação e Acomodação, como notaram, ocorrem ao mesmo tempo que a Equilibração Majorante.
	Para saber mais...
O QUE É CONSTRUTIVISMO?
Construtivismo é uma concepção filosófica sobre como o ser humano forma seu conhecimento. Por isso é uma concepção epistemológica (em grego epistème = conhecimento, ciência; epistemologia = teoria do conhecimento, estudo sobre o conhecimento).
Segundo os epistemólogos construtivistas, o conhecimento não é simplesmente depositado em nossa mente, nem é algo que já nasce conosco.
Conhecimento é resultado da interação entre organismo e ambiente. Construir é criar ações físicas e mentais para lidar com os elementos da realidade de acordo com uma adaptação mútua e contínua
entre organismo e ambiente. Quanto mais ações são criadas e aprendidas, mais conhecimentos temos, pois o conhecimento é uma forma de organização, de domínio progressivo sobre a realidade.
 
	VÍDEOS: O PARADIGMA CONSTRUTIVISTA NA EDUCAÇÃO
Convido você agora a Assimilar e Acomodar melhor tudo o que dissemos, para diminuir seu estado de desequilíbrio cognitivo... Para isso, assista aos excelentes vídeos sobre o “Paradigma Construtivista na Educação”:
 
 
	ATENÇÃO! UM ALERTA IMPORTANTE PARA VOCÊ EDUCADOR
Agora precisaremos conhecer os Estágios do Desenvolvimento Cognitivo de Piaget...
Você perceberá que falaremos muito de crianças e adolescentes, mas é muito importante entender que o modo como adultos pensam é resultado de um amadurecimento que pode ter ocorrido ou não durante seu passado, dependendo ao mesmo tempo das condições de amadurecimento do organismo e de sua interação com estímulos e exigências do meio ambiente físico e social.
E mais: se você compreender as diferentes características de pensamento de cada estágio, poderá entender como analisar e planejar seu trabalho com aqueles que se mostram atrasados em seu desenvolvimento ou potencializar outros para irem mais além!
Observações prévias:
- cada estágio acrescenta ao indivíduo uma nova qualidade no modo de pensar, sem anular os anteriores;
- as idades pelas quais se passa de um estágio ao outro são flexíveis e dependem das condições de desenvolvimento do organismo e de estímulos ambientais físicos e sociais para acontecerem, segundo o próprio Piaget. Ou seja, algumas passagens podem não se dar de modo satisfatório na vida da pessoa, podem passar atrasados e até adiantados...
Assim, resumidamente, teremos quatro ou três (os dois subperíodos operatórios como sendo um período) estágios do desenvolvimento cognitivo:
1 – Estágio Sensório-Motor: em média de 0-2 anos de idade. A criança começa a construir esquemas físicos a partir dos sentidos e dos modos de ação motora sobre os objetos (e continuará fazendo isso para o resto da vida). Desenvolve estratégias para lidar com a realidade física e aos poucos começa a conservar mais e melhor em sua mente as características dos objetos e fenômenos do mundo. As relações entre os elementos da realidade são sentidas, mas não entendidas com a razão.
2 – Estágio Pré-operatório: em média de 2-7 anos de idade. Além de desenvolver esquemas sensório-motores, a criança agora também adquire potencial orgânico para interiorizar os elementos do mundo, as relações entre eles e os fenômenos em formas de representação mental, libertando-se mais dos limites dados pela realidade concreta (mas para isso, precisa antes ter construído seus esquemas sensório-motores, senão seria impossível formar imagens mentais da realidade, entende?). Pode agora “manipular” o mundo em sua mente. Graças ao poder de interiorizar elementos (que continuará a aprimorar ao longo de toda a vida), progressivamente interioriza cada vez mais e melhor palavras ouvidas e escritas, associando essas aos elementos representados mentalmente, adquirindo linguagem para se comunicar e compreender as pessoas. É o que se chama função simbólica. Mas como nessa idade ainda está se desprendendo do apoio concreto para pensar, não consegue entender bem as relações entre os elementos e propriedades não observáveis dos elementos (ideias como quantidade, massa, volume, comprimento, distância e outras ainda são muito abstratas para ela).
Suas imagens mentais são estáticas e por isso ela não conserva transformações, fazendo com que tenha dificuldade de reverter mentalmente uma ação. Para ter pensamento lógico é necessária a reversibilidade da ação mental. Ex.: digo que da escola ao ponto de ônibus se anda 20 metros (ação mental, imaginada pela criança) e quando pergunto quantos metros se anda de volta, ou seja, do ponto à escola, ela não consegue me responder ou cria uma resposta qualquer (não conserva propriedade da distância e não anula a ação mentalmente de modo lógico, reversível).
3 – Estágio Operatório Concreto: em média de 7-11 anos. Além dos esquemas sensório-motores e simbólicos que continuarão sendo construídos ao longo da vida, a criança agora adquirirá progressivamente potencial orgânico para compreender propriedades não observáveis da realidade e também as relações entre os elementos que representa mentalmente ao longo da vida (por isso, depende dos esquemas simbólicos pré-construídos), agindo e anulando ações mentalmente (reversibilidade), mas nessa idade só consegue fazê-lo com apoio concreto. Ou seja, precisa sentir ou imaginar objetos concretos para estabelecer relações entre eles. Ex.: dez ovos estão em sua mão, mas se caem dois, quantos ficam? Se perguntar à criança “10x – 2x = ?”, ela terá grande dificuldade em responder, pois não há apoio concreto. Também assumirá que as relações entre os elementos são concretas e por isso criará formas rígidas de compreensão da realidade.
4 – Estágio Operatório-Formal: em média, começa de 11 anos em diante. Além de continuar desenvolvendo as estruturas cognitivas (esquemas) dos estágios anteriores e, graças a eles, o adolescente agora adquire potencial orgânico para pensar teoricamente, ou seja, apenas com base em relações, indiferente aos objetos concretos (o que continuará aprimorando ao longo da vida). Consegue pensar de modo mais abstrato. A equação “10x – 2x = ?” torna-se compreensível, pois o que mais importa são as relações (a lógica) e não os elementos em si. Assim, seu pensamento se torna muito mais flexível e ele pode imaginar diversas relações possíveis e diferentes, gerando novas hipóteses sobre a realidade e questionando as coisas como se encontram relacionadas. Daí seu pensamento mais crítico.
 
	Aprofundando o conhecimento
Agora volte ao link abaixo do livro “BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia” e leia no “Capítulo 7 – A Psicologia do Desenvolvimento” a parte que trata da teoria de Piaget, reestudando os conceitos que tratamos e outros.
<http://www.fag.edu.br/professores/tdavaucher/Ana+%20Merc%5B1%5D...pdf>.
 
Mas você sabia que Piaget também nos ofereceu uma teoria sobre o Desenvolvimento da Moralidade? Essa e outras teorias nós veremos na próxima Unidade...
 
Até breve e um forte abraço!
Prof. Carlos Eduardo
	
 
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL. Sobre a profissão. Disponível em:. Acesso em: ago. 2013.
HALL, C. et. al. Teorias da personalidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
SHAFFER, David R. Psicologia do desenvolvimento: infância e adolescência. Tradução Cíntia Regina Pemberton Cancissu. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
SIGNIFICADOS. O que é paradigma. Disponível em:. Acesso em: ago. 2013.
WOOLFOLK, Anita E. Psicologia da educação. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

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