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NDPP - Parte 2 de 4

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��Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ – Prof.ª Lorena Braga proflorenabraga.wordpress.com
HIERÁRQUICO DAS LEIS
1. Hierarquia das Leis
- É sempre bom lembrar que o ordenamento jurídico brasileiro é construído de forma a obedecer a uma hierarquia. Hans Kelsen foi o teórico que desenvolveu a idéia de uma pirâmide jurídica, na qual a Constituição está no ápice. No segundo patamar encontram-se as leis; no terceiro os decretos, atos normativos, deliberações, instruções normativas dentre outros atos regulamentadores.
Ordenamento Jurídico Brasileiro:
					Constituição 
						Leis
						Decretos, Atos Normativos, 
						 Portarias...
								
1.1. Princípio da supremacia da constituição
1.1.1. O que é Constituição (CF)?
- CF é a norma mais importante de um país, pois constitui a unidade de uma pluralidade de normas, pois representa o fundamento de validade de todas as normas pertencentes ao Ordenamento Jurídico.
- A CF estabelece a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder e a forma de seu exercício, limites de sua atuação, assegura os direitos e garantias individuais, fixa o regime político e disciplina os fins sócio-econômicos do país, bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais.
1.1.2. Poder Limitativo da CF
-Diz-se que a CF tem um poder limitativo porque limita a ação dos poderes estatais e dá a tônica do Estado de Direito, estabelecendo a relação (o rol) de direitos e garantias fundamentais: direitos individuais e suas garantias, direitos de nacionalidade e direitos políticos e democráticos.
- O princípio da supremacia da Constituição, como uma das pedras angulares do estado Democrático de Direito, coloca-a no topo do sistema jurídico pátrio, de modo que todos os poderes estatais são legítimos na medida em que ela os reconheça e na proporção por ela distribuídos. 
- A Constituição representa um momento de redefinição das relações políticas e sociais desenvolvidas no seio de determinada formação social. Ela não apenas regula o exercício do poder, mas também impõe diretrizes específicas para o Estado, apontando o sentido de sua ação, bem como de sua interação com a sociedade, denotando a sua força normativa, vinculando, sempre, positiva ou negativamente, os Poderes Públicos. 
2. Advento de uma nova constituição
- Se havia uma CF vigendo, quando sobrevém outra, a antiga CF será “rasgada e jogada no lixo”. Então, não há que se falar em recepção de norma constitucional anterior.
-O fundamento de validade de uma lei no ordenamento jurídico é sua compatibilidade com a constituição vigente. As leis infraconstitucionais que já existiam serão recepcionadas (se estiverem de acordo com a nova CF) ou revogadas (se forem contrárias à nova CF). Caso haja incompatibilidade de apenas alguns artigos, só estes serão revogados; os outros serão recepcionados.
- Advinda uma nova constituição estas leis terão um novo fundamento de validade e eficácia, desde que forem materialmente compatíveis. 
3. Hierarquia das normas jurídicas
-A compreensão da hierarquia das normas jurídicas é fundamental para o seu bom entendimento, notadamente quando ocorrer um conflito entre as normas.
3.1. Constituição e Emendas à Constituição
- As normas constitucionais (ou seja, a CF) estão no topo do ordenamento jurídico, estando assim, hierarquicamente, superior a todas as demais regras jurídicas. Nenhuma outra norma pode contrariar um preceito constitucional, sob pena de incorrer no vício da inconstitucionalidade. Das normas constitucionais devem derivar todas as outras normas.
3.2. Normas do processo legislativo brasileiro: (art. 59, CF)
- Emenda à constituição;
- Lei complementar;
- Lei ordinária;
- Lei delegada;
- Medida provisória;
- Decreto legislativo.
3.3. Há hierarquia entre essas normas? Excetuando-se a emenda à constituição, essas normas jurídicas estão no mesmo nível hierárquico. Não há subordinação entre elas. Diferenciam-se entre si pela matéria e pela forma do processo legislativo. Assim, havendo um conflito entre tais leis há de se avaliar qual delas extrapolou os limites de competência previstos na Constituição Federal. 
3.3.1. A Lei Complementar trata de matérias especificamente previstas na Constituição Federal e que exige um maior rigor no formalismo do processo legislativo, através do quorum mínimo de aprovação da maioria absoluta.
3.3.2. A Lei Ordinária trata de matéria não reservada pela Constituição Federal à Lei Complementar e exige um menor rigor no formalismo do processo legislativo, através do quorum mínimo de aprovação da maioria simples.
3.3.3. A Lei Delegada é elaborada pelo Presidente da República, mediante delegação do Congresso Nacional.
3.3.4. A Medida Provisória tem força de lei e é adotada pelo Presidente da República em caso de relevância e urgência, mas que tem a necessidade de submissão imediata à apreciação do Congresso Nacional. 
3.4. Lei Federal, Lei Estadual e Lei Municipal: 
- Também não há, a princípio, hierarquia entre Lei Federal, Lei Estadual e Lei Municipal. Todas estão no mesmo nível hierárquico.
-Havendo confronto entre as leis ordinárias nessas três esferas do Poder, há de se avaliar, também, a competência, legislativa em razão da matéria prevista na Constituição Federal para a União, Estados e Municípios. Há de se entender que uma Lei Federal não prevalecerá sobre uma Lei Municipal se a matéria objeto da norma for da competência do Município e vice-versa.
4. A Defesa da Constituição
- O fim do fascismo, em Abril de 1974, permitiu às forças democráticas a elaboração e promulgação de uma Constituição da República progressista, consagrando os mais elementares direitos dos cidadãos, com destaque para os jovens.
- Apesar das várias alterações entre tanto introduzidas, a Constituição continua a ser o principal garante da democracia e da liberdade, efetivando a proteção especial dos direitos económicos, sociais e culturais dos cidadãos. 
5. O Estado: conceito, elementos e formas e o Estado Brasileiro
- Estado é uma instituição organizada politicamente, socialmente e juridicamente, ocupando um território definido, normalmente onde a lei máxima é uma Constituição escrita, e dirigida por um Governo que possui soberania reconhecida tanto interna quanto externamente. O Estado é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio legítimo do uso da força (coerção, especialmente a legal).
- O fim do Estado é assegurar a vida humana em sociedade. O Estado deve garantir a ordem interna, assegurar a soberania na ordem internacional elaborar as regras de conduta e distribuir a justiça. Nesse contexto, insere-se o Direito Administrativo, como ramo autônomo do Direito Público, tendo como finalidade disciplinar as relações entre as diversas pessoas e órgãos do Estado, bem como entre este e os administrados.
- São objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que é um Estado Democrático de Direito: a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; b) garantir o desenvolvimento nacional; c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º CF).
- O Estado é uma pessoa jurídica territorial, composta dos elementos povo, território e governo soberano. Esses três elementos são indissociáveis e indispensáveis para noção de um Estado independente: o povo, em um dado território, organizado segundo sua livre e soberana vontade.
- O povo é o elemento humano, formado pelo conjunto de pessoas submetidas à ordem jurídica estatal. O território é o elemento material, espacial ou físico do Estado: é a sua base geográfica, compreendendo a superfície do solo que o Estado ocupa, seu mar territorial e o espaço aéreo. Governo é a organização necessária ao exercício do poder político, sendo a soberania o poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro deseu território a universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência.
- O Estado pode ser organizado de várias formas, levando-se em consideração a sua extensão territorial, a estruturação de seus Poderes e a subdivisão em unidades menores. Estados de tamanhos variados podem ter vários níveis de governo: local, regional e nacional. Assim, o Estado pode ser:
a) Unitário ou simples – quando só existe uma fonte de Direito, que é no âmbito nacional, estendendo-se uniformemente sobre todo o seu território (França, Bélgica, Itália, Uruguai e Portugal).
b) Composto ou complexo – como o Estado Federado, onde há a reunião de vários Estados Membros que formam a Federação (“descentralização política”). Existem várias fontes de direito: Federal, Estadual e a Municipal (Brasil e EUA são federados).
- São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo, e o Judiciário (CF, art. 2º), uma vez que o poder estatal é uno e indivisível. É vedada proposta de emenda constitucional tendente a abolir a separação dos Poderes (CF, art. 60, § 4º, III), caracterizando natureza de cláusula pétrea ao princípio da separação dos Poderes ou princípio da divisão orgânica das funções do Estado. No clássico modelo de tripartição, concebido em 1748 por Charles de Montesquieu, em O Espírito das Leis, esses poderes não possuíam funções atípicas, isto é não havia divisão de atribuições, cada qual exercia sua função típica.
- Cada um desses Poderes do Estado exerce predominantemente uma função estatal específica, porém, não há uma separação absoluta de funções, assegurando o sistema de freios e contrapesos. Assim, os Poderes irão desempenhar funções típicas (principais) e funções atípicas (não principais). Esse modelo, de separação dos poderes flexível, foi adotado pela CF/88.
- O Poder Legislativo é aquele que tem como principal função legislar (fazer leis!), ou seja, inovar o ordenamento jurídico, estabelecendo regras gerais e abstratas, criando comandos a todos os cidadãos, visto que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Além disso, a rigor, o Legislativo possui também a função de fiscalizar o Poder Executivo, sobretudo no exercício da atividade administrativa. O Poder Judiciário é aquele que tem como principal função julgar, solucionar conflitos de interesses entre as partes, aplicando as leis aos casos concretos, de forma coativa aos litigantes, isto é, aqueles que possuem pendências. O Poder Executivo é aquele que tem como principal função executar, administrar a coisa pública, dentro dos limites impostos por lei, com a finalidade de atender ao interesse público.
- Tanto o Judiciário quanto o Legislativo desempenham, além de suas funções próprias ou típicas, funções atípicas administrativas, quando, por exemplo, exercem a gestão de seus bens, pessoal e serviços ou ao anular ato administrativo ilegítimo ou ilegal feito pelo Executivo. Por outro lado, o Executivo e o Judiciário desempenham, também, função atípica legislativa (este, na elaboração de regimentos dos tribunais; aquele, quando expede, por exemplo, medidas provisórias e leis delegadas). Finalmente, o Executivo e o Legislativo também exercem a função atípica de julgamento (o Executivo, quando profere decisões nos processos administrativos – julgamento de multas, CADE, Tribunais Marítimos etc. – ou quando altera e extingue um tribunal; o Legislativo, quando julga autoridades nos crimes de responsabilidade, na forma do art. 52, I, II, e parágrafo único da Constituição).
5.1. O Estado Brasileiro: O Código Civil define o Estado Brasileiro como "a pessoa jurídica de direito público interno, visando regular os interesses estatais e sociais" (artigo 41, I).
6. Regimes Políticos, formas e sistemas de governo
6.1. Regime político: a grosso modo um regime político caracteriza-se pelas regras e instituições que regulam a disputa pelo poder político e o seu exercício entre os cidadãos ou grupos sociais. A história registrou dois tipos básicos de regimes políticos: 
a) Regimes autocráticos - as autocracias são regimes onde o poder político reside em uma única pessoa. Existem três fontes de legitimidade para regimes deste tipo: a divindade e a religiosidade, quando o titular do poder político é considerado o representante divino que tem a missão de guiar e proteger seu povo; a força e a inteligência “sobre humanas”, normalmente atribuídas aos chefes militares; as doutrinas político ideológicas, que atribuem ao chefe de organizações políticas o poder de dirigir e proteger seu povo.
b) Regimes democráticos - as democracias são regimes políticos onde a origem do poder esta no povo, no cidadão. A distribuição do poder e o controle do seu exercício, também estão nas mãos do povo. Todos os membros da sociedade têm iguais direitos políticos. É esse valor político que constitui a soberania popular, base da organização de um regime democrático. 
6.2. Forma de governo: existem duas formas de governo : a monarquia e a república. A monarquia se define pela existência de uma Casa real, instituição que se constitui de uma família, guardiã das tradições culturais e históricas da sociedade. A Casa real tem obrigação moral e política de proteger o país, a nação e o seu povo. Para a coroa exercer essa função pertence a ela a direção geral do Estado. O chefe da família real é o chefe de Estado.
A república é uma forma de governo onde nenhuma família ou indivíduo é o guardião das tradições da sociedade. A função de guardião do país pertence ao Estado, que é uma organização pública. Para que o Estado exerça esta função é necessário que alguém assuma sua direção. Além da função de chefia de Estado, tanto as monarquias quanto as repúblicas existe uma outra função fundamental: governar o país.
6.3. Sistemas de governo: existem duas formas para a organização dos governos nos diferentes países, são elas denominadas sistemas de governos. Existem três sistemas de governo:
a) Monocrático: as funções executivas e legislativas estão sob a tutela de um chefe supremo (religioso, militar, de um partido).
b) Parlamentarista: o Chefe de Estado não é eleito diretamente pelo povo, não podendo, por conseguinte, exercer livremente os poderes que lhe são atribuídos pela Constituição (só os exerce a pedido do governo) por falta de legitimidade democrática; e o governo responde politicamente perante o parlamento.
c) Presidencialista: nos governos parlamentaristas as chefias de Governo e Estado estão separadas. O rei ou o presidente (conforme a forma de governo) é o chefe de Estado, e o Primeiro Ministro é o chefe de governo. A fonte de legitimidade do governo esta no parlamento, eleito pelo povo. A população elege seus representantes (deputados), e os partidos que obtiverem a maioria irão constituir o governo. No presidencialismo a chefia do Estado e de governo está na mesma pessoa. A fonte de legitimidade decorre diretamente do eleitorado.
7. Classificação dos direitos e garantias fundamentais
- Direitos e Garantias Fundamentais na Constituição do Brasil é o termo referente a um conjunto de dispositivos contidos na Constituição Brasileira de 1988 destinados a estabelecer direitos, garantias e deveres aos cidadãos da República Federativa do Brasil. Estes dispositivos sistematizam as noções básicas e centrais que regulam a vida social, política e jurídica de todo o cidadão brasileiro. Os Direitos e Garantias Fundamentais encontram-se regulados entre os artigos 5º ao 17, e segundo o doutrinador José Afonso da Silva, estão reunidas em três gerações ou dimensões: 1. individuais, civis e políticos; 2. sociais, econômicos e culturais; 3. difusos e coletivos.
- Podemos reconhecer que a estrutura constitucional de 1988 tratou dos direitos fundamentais no Título II de forma a separar o objeto de cada grupo. Assim, temos: Direitos individuais (art. 5º); Direitos coletivos - representam os direitos do homem integrante de uma coletividade (art. 5º); Direitos sociais -subdivididos em direitos sociais propriamente ditos (art.6º) e direitos trabalhistas (art. 7º ao 11); Direitos à nacionalidade - vínculo jurídico-político entre a pessoa e o Estado (art. 12 e 13); Direitos políticos - direito de participação na vida política do Estado; direito de votar e de ser votado, ao cargo eletivo e suas condições (art. 14 ao 17).
- Concluindo a deliberação sobre os Direitos e Garantias Fundamentais, a Constituição traz, como último artigo da série o artigo 17, dedicado exclusivamente aos partidos políticos. Este artigo trará as condições para sua criação, manutenção, organização e vedações.
8. Os remédios jurídicos: considerações essenciais
- Remédio jurídico também conhecido como “remédio constitucional” ou “tutela constitucional das liberdades”, são garantias constitucionais postos à disposição dos indivíduos e cidadãos para provocar a intervenção das autoridades competentes, visando sanar ilegalidades ou abuso de poder a disposição das partes no próprio texto constitucional. São eles: Habeas corpus, Habeas data, Mandado de segurança, Direito de petição, Mandado de Injunção e Ação Popular. 
“O planejamento nos estudos, tendo horário 
e disciplina é de extrema importância, 
porém a calma na hora do exame é primordial. 
Veja a prova como uma oportunidade, mesmo quando não passamos, a prova nos dá experiência para a próxima vez. 
A simplicidade e a objetividade são indispensáveis na prova, 
ladeadas com o equilíbrio emocional e o controle do tempo.
Em provas objetivas, seja metódico ao responder. 
O segredo do sucesso esta na perseverança do sonho!”
Profª.: Lorena Braga Raposo

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