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SUMÁRIO POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICAS EDUCACIONAIS ............... PPEDU 05 A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CONTEXTO SOCIETÁRIO ........... PPEDU 09 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ............................................... PPEDU 13 AS REFORMAS EDUCACIONAIS, OS PLANOS E POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO ............................................................ PPEDU 15 OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA ................................ PPEDU 19 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ............................................... PPEDU 23 SISTEMA DE ENSINO BRASILEIRO: ASPECTOS LEGAIS E ORGANIZACIONAIS ..................................................................... PPEDU 25 DIRETRIZES E AÇÕES PARA O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO NO SÉCULO XXI .......................... PPEDU 29 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ............................................... PPEDU 33 A ESCOLA: FOCO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS ................. PPEDU 35 A GESTÃO DA ESCOLA E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS ....... PPEDU 39 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ............................................... PPEDU 43 AS REFORMAS EDUCACIONAIS, AS LEGISLAÇÕES E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO BÁSICA ....... PPEDU 45 OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO DOCENTE: A FORMAÇÃO INICIAL, A FORMAÇÃO CONTINUADA E AS TECNOLOGIAS ....................................................................... PPEDU 49 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ............................................... PPEDU 53 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. APOSTILA INTERNET ATIVIDADE ASSUNTO ATIVIDADE ASSUNTO 1 POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICAS EDUCACIONAIS 1 Vídeoaula 1 2 A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CONTEXTO SOCIETÁRIO 2 Vídeoaula 2 3 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 3 Auto-avaliação 4 AS REFORMAS EDUCACIONAIS, OS PLANOS E POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO 4 Vídeoaula 3 5 OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA 5 Vídeoaula 4 6 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 6 Auto-avaliação 7 SISTEMA DE ENSINO BRASILEIRO: ASPECTOS LEGAIS E ORGANIZACIONAIS 7 Vídeoaula 5 8 DIRETRIZES E AÇÕES PARA O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO NO SÉCULO XXI 8 Vídeoaula 6 9 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 9 Auto-avaliação 10 A ESCOLA: FOCO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS 10 Vídeoaula 7 11 A GESTÃO DA ESCOLA E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS 11 Vídeoaula 8 12 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 12 Auto-avaliação 13 AS REFORMAS EDUCACIONAIS, AS LEGISLAÇÕES E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO BÁSICA 13 Vídeoaula 9 14 OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO DOCENTE: A FORMAÇÃO INICIAL, A FORMAÇÃO CONTINUADA E AS TECNOLOGIAS 14 Vídeoaula 10 15 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 15 Auto-avaliação REFERÊNCIA CRUZADA Políticas Públicas Educacionais PPEDU – 5 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 1POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICAS EDUCACIONAIS OBJETIVOS Refletir a tendência nacional e as mudanças significativas ocorridas no âmbito das políticas públicas e educacionais e também a forma como estas são organizadas. Compreender a política educacional como uma das políticas públicas. TEXTO As atividades desenvolvidas por uma coletividade estão inseridas em toda a dinâmica da vida social: na defesa das pessoas em uma comunidade, na construção de prédios públicos de grande utilidade, na mudança de uma determinada lei, na assistência aos necessitados, enfim, todas as ações desenvolvidas em uma nação necessitam de pessoas, ou seja, de cidadãos. A realização dessas ações volta-se para um objetivo social, ou seja, a preservação da sociedade e o bem-estar da população: a isso chamamos de bem comum ou interesse público. Nossa atuação é de forma coletiva, porém somos administrados pelos governos representados na organização política brasileira por: • União – governo federal; • Estados – (como São Paulo, Mato Grosso, Alagoas); e • Municípios. Cada uma dessas esferas, pautas pela Constituição Federal de 1988, possuem atribuições próprias e são responsáveis pela formulação e implementação das políticas públicas. O que são políticas públicas? São as decisões tomadas em diversas áreas para adotar ou não certas medidas, que influenciam a vida dos cidadãos. Podem ser definidas como: [...] conjunto de decisões inter - relacionadas tomadas por um ator político ou um grupo de atores com autoridade política e que dizem respeito à definição de metas e à adoção de medidas dos meios para alcançá-las. (CALDAS, 2005, p.12 apud JENKINS, 1978, p.30) É importante ressaltar que as referidas esferas nem sempre tem cumprido PPEDU – 6 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 1 seu papel e as ações e decisões tornam-se ineficazes, precárias e insuficientes para o atendimento das necessidades do povo, passando então a ser assumidas pelos vários seguimentos da sociedade civil, como por exemplo: empresas privadas e organizações não governamentais (fundações, entidades assistenciais entre outras). Atores políticos Os atores políticos são expressivos no cenário da formulação e implementação das políticas públicas. E quem são eles? São todas as pessoas, empresas, organizações e grupos sociais, que se encontram em posição de destaque no conjunto das decisões. Esses sempre possuem algo a ganhar ou a perder com o que é assumido pelas esferas representativas, por isso precisam se envolver e acompanhar todo o processo de tomada de decisão. Os atores políticos são os públicos: servidores públicos, políticos eleitos por nós todos, entre outros e os privados: imprensa, mídia, organizações não governamentais, sindicatos, universidade através de seus centros de pesquisas, entre outros. Todos nós somos importantes como cidadãos na tomada de decisão de uma política, seja ela educacional, social, ambiental etc., afinal elas precisam atender as reais necessidades sociais do povo. Afinal, como são organizadas as políticas? As políticas são elaboradas de forma dinâmica e cíclica. Primeiramente, pesquisam-se as necessidades da população. Este é um momento de suma importância, pois muitas vezes não são diagnosticadas as reais demandas sociais (necessidades sociais), complicando o desenvolvimento de todas as etapas e a implantação das políticas. Perceberam a relevância da atuação consciente dos atores políticos? Eles é que farão pressão para que sejam tomadas decisões, que reflitam as necessidades da coletividade. Em seguida, as pessoas (que exercem função pública) elaboram assuntos/ temas, ou seja, é o ingresso da demanda na agenda governamental. Posteriormente são formuladas as políticas ou alternativas: definição ou rejeição das opções de políticas a serem assumidas. Num quarto momento é a vez do processo de tomada de decisão, entre as várias possibilidades, ou seja, o que se irá fazer. Dando continuidade às políticas são implementadas, postas em prática, através de vários programas e projetos e finalmente, após certo período de sua implantação podem ser avaliadas. Esses passos são ilustrados da seguinte forma: • problema; • agenda; ATIVIDADE 1 PPEDU – 7 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis • formulação; • decisão; • implementação; e • avaliação. Todas as etapas podem estar relacionadas às políticas implementadas na esfera federal, estadual ou municipal e são desenvolvidas de forma isolada ou integrada. Exemplos: esfera federal: Programa Bolsa Família e Fome Zero são desenvolvidos de forma integrada com Estados e Municípios. Na esfera municipal temos como exemplos os projetos de lenviados à Câmara Municipal para aprovações (CALDAS, 2005, p.23). Políticas educacionais Agora que abordamos sobre as políticas públicas, podemos traças algumas considerações sobre a política educacional. Comovimos anteriormente, esta é uma das políticas públicas e por estar interrelacionada com as necessidades sociais da população, podemos dizer que ela possui então caráter social, uma modalidade das políticas sociais. Assim podemos conceituar políticas educacionais como: [...] processo permanente de enriquecimento de conhecimento, do saber fazer, mas também e talvez em primeiro lugar, como uma via privilegiada de construção da própria pessoa, das relações entre indi- víduos, grupos e nações. (UNESCO, 2007, p.12). As políticas educacionais deveriam ter como base esse conceito elaborado pela Comissão Internacional sobre a educação. Entretanto, historicamente no Brasil, a educação foi sempre considerada como centralidade no discurso das políticas, porém deixadas como uma das últimas prioridades sociais nos planos governamentais. Libâneo, Oliveira e Toschi (2005, p.130) apontam que a história da estrutura e da organização de ensino reflete as condições socioeconômicas e o cenário político do país. Iremos aprofundar posteriormente esse assunto, mas é interessante pontuarmos alguns aspectos de nossa história para compreender as políticas educacionais. Os autores apontam que a Revolução de 1930 representou a consolidação do capitalismo industrial no Brasil e foi determinante para o desenvolvimento do ensino no país. Posteriormente, intensificou o número das escolas primárias, secundárias, criou o Ministério da Educação e Saúde Pública e assim, sucessivamente, outros governos e várias PPEDU – 8 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 1 políticas educacionais e reformas de ensino utilizadas como importante instrumento que o Estado possuía de persuasão. As reformas de ensino nos anos de 1930 reproduziam e modernizavam as ”elites”. No regime militar como forma de construção do capital humano, mas claro tendo como pano de fundo a preservação da segurança nacional. No final dos anos 70 e início dos anos 80, com a retomada da democracia, da reconquista dos espaços políticos, o Estado reconhece a falência da política educacional. Com a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (estabelece as diretrizes e bases da educação nacional), a educação e a qualidade de ensino assumem nova conotação, uma proposta neoconservadora e que inclui a qualidade da formação do trabalhador. Entretanto, uma educação voltada para as necessidades da produção e dos serviços, ou seja, voltada para o mercado e não para as reais necessidades do trabalhador. Por sua vez, o Estado afasta-se de seu papel de provedor dos serviços públicos como saúde e educação. Este é o modelo instalado e que descaracteriza o papel social da escola, como um espaço para formar cidadãos partícipes da vida social. A educação tem sido considerada como instrumento essencial para o desenvolvimento pessoal, social, econômico e cultural das pessoas. Ao longo de nossa história leis foram criadas como “todo cidadão brasileiro deve ter acesso à educação...”, mas essas, não são efetivadas, e ainda grandes parcelas de adultos, jovens e crianças não foram sequer alfabetizadas. A escola pública não consegue atender a todos e a escola privada destinada a quem pode arcar com seus custos. Temos no Brasil, desde a aprovação da Lei 9.394/96, uma política educacional com princípios norteadores como descentralização, qualidade, eficiência e equidade, porém os mesmos apesar de garantidos não são efetivados. Os atores políticos mobilizados poderão contribuir, e assim juntos mudarmos nossa história. REFERÊNCIAS CALDAS, R.; CRESTANA, S. Políticas públicas municipais de apoio às micro e pequenas empresas. São Paulo: SEBRAE, 2005. FRIGOTTO, G. Educação e crise do capitalismo real. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2003. LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2005. OLIVEIRA, M. N. As políticas educacionais no contexto da globalização. Ilhéus: Editus,1999. SAVIANI. D. Da nova LDB ao novo plano nacional de educação: por uma outra política educacional. 4. ed. São Paulo: autores associados, 2002. (Coleção Educação Contemporânea). UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir: relatório para a Unesco da Comissão internacional sobre educação para o século XXI.10. ed. São Paulo: Cortez, PPEDU – 9 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 2A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CONTEXTO SOCIETÁRIO OBJETIVOS Conhecer a educação escolar e seu papel frente às transformações econômicas, políticas, sociais e culturais na contemporaneidade. Refletir sobre a escola como um espaço privilegiado para formar cidadãos participantes da vida social. TEXTO Como referimos anteriormente, ao longo de sua história a educação vem sendo questionada e com ela o papel da escola frente às transformações ocorridas no mundo contemporâneo. As indagações se intensificaram, com os avanços tecnológicos, da reestruturação do modelo de produção, da compreensão do papel do Estado, das modificações nele operada, das modificações no sistema financeiro, na organização do trabalho e nos hábitos de consumo. A esse conjunto de transformações chamamos de globalização (LIBÂNEO, OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.51). As mudanças ocasionaram impactos econômicos, socioculturais em escala mundial, cujos efeitos têm contribuído para um cenário ora ameaçador, ora de expectativas positivas de um futuro melhor, ora avassalador. Assim, os acontecimentos do mundo atual alteram o contexto e a escola de várias formas e podemos apontar algumas: • exigências quanto à formação de um novo tipo de trabalhador, flexível, polivalente, com a valorização da educação formadora de novas habilidades cognitivas e de competências sociais e pessoais; • as mudanças conduzem a escola enquanto um espaço privilegiado de formação, ser mais compatível com os interesses do mercado, modificando seus objetivos e claro suas prioridades; • os valores, crenças e necessidades são direcionados para a lógica neoliberal; • as escolas são obrigadas a alterar suas práticas em função do avanço tecnológico, dos meios de comunicação e da introdução da informática; • conseqüentemente os educadores modificam suas atitudes no trabalho da docência, afinal os meios de comunicação e os recursos tecnológicos são muito motivadores. PPEDU – 10 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 2 Na revolução tecnológica (comunicação, interconectividade e a quebra de conhecimentos) o saber e a ciência assumem papel de destaque. Nesse contexto, as pessoas aprendem na rua, na fábrica, em casa, nos escritórios, nos vídeos, no computador, pela internet e em outros espaços de aprendizagens, que não param de crescer. Então, a instituição escola não é considerada o único meio ou o meio mais eficaz e ágil de socialização dos conhecimentos técnico- científicos e de desenvolvimento de competências requeridas para a vida cotidiana. A escola vivencia momentos de tensão na redefinição de seus papéis, mas, isso não significa o seu fim ou o início do processo de desescolarização da sociedade. (LIBÂNEO, OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.52). Assim, os autores consideram em seus estudos que a escola, atualmente, precisa junto com outras modalidades de educação não formal, informal e profissional articular-se e integrar-se a elas, visando à formação de cidadãos mais qualificados e preparados para um novo contexto. Educar contra-ideologicamente não pode prescindir do desenvolvi- mento da capacidade crítica, que só pode ser construída pela difusão do conhecimento científico e filosófico. A tarefa essencial da educação passa a ser a construção da cidadania, contribuindo para a construção de uma humanidade renovada. Essa educação só poderá ser empre- endida com o investimento num grande qualificado sistema público de ensino, reforçando a importânciado público como sentido do bem comum efetivamente universal. (SEVERINO, 2006, apud CADERNO DE SAÚDE PÚBLICA, 2007, p. 198). Então o ensino escolar deverá contribuir para formas pessoas que possam pensar criticamente de maneira ampla e global, no contexto das transformações societárias e formar cidadãos éticos e solidários. É preciso então pensar o papel da escola, porém é necessário levar em consideração questões relevantes. Entre essas, destacamos que as transformações ocorridas alteram o sistema capitalista e seus objetivos e para permanecer hegemônico reorganiza o modo de produção, elimina barreiras comerciais com a idéia de que vivemos em uma grande aldeia global. Seu fortalecimento contribui com o poder das nações ricas e submete os países mais pobres à dependência. Mas... o que isso tudo influência na educação escolar? Na formulação e implementação das políticas educacionais. Os países ricos realizam as reformas educacionais submetendo a escolarização às exigências da produção e o mercado, dentro dos objetivos lógicos do capital. Nos países pobres a incorporação PPEDU – 11 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 2 de diretrizes e linhas das políticas educacionais é definida por organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Os países menos desenvolvidos então, na dependência financeira dessas referidas organizações submetem-se. Adrioli (2008) relata em seus estudos um trecho da apresentação de Shahid Husain, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, na 5ª. Reunião do Comitê Regional Intergovernamental do Projeto Principal de Educação para a América Latina e o Caribe, realizada em Santiago do Chile, entre 8 e 11 de junho de 1993. “Para nós, não há maior prioridade na América Latina do que a educação entre 1987 e 1992 nosso programa anual de empréstimos para a educação na América Latina e o Caribe aumentou de 85 para 780 milhões de dólares, e antecipamos outro aumento para mil milhões em 1994”. E acrescenta: Porém, não vamos nos iludir pensando que a grande tarefa dos me- canismos internacionais a serviço do capital é financiar a educação. Conforme análise de Sérgio Haddad, o principal meio de intervenção é a pressão sobre países devedores e a imposição de suas “assesso- rias”: A contribuição mais importante do Banco Mundial deve ser seu trabalho de assessoria, concebido para ajudar os governos a desenvol- ver políticas educativas adequadas às especificidades de seus países. [...] O Banco Mundial é a principal fonte de assessoramento da política educativa, e outras agências seguem cada vez mais sua liderança. Esses “organismos ainda enfatizam a idéia do mercado como princípio fundador, unificador e autoregulador da sociedade global competitiva”. (LIBÂNEO, OLIVEIRA;TOSCHI, 2005, p.58) Muitas dessas organizações divulgam a idéia que o livre mercado é capaz de solucionar as dificuldades sociais do mundo. Os estudiosos reforçam que o mercado não possui esse poder, muito pelo contrário, ele opera por exclusão, em busca do lucro. Em decorrência desse contexto abordado, no Brasil, o discurso volta-se para a modernização educativa, diversificação, flexibilidade e eficiência. A qualidade dos sistemas educativos, da escola, do ensino na ótica das reformas neoliberais, ou seja, adequando às exigências do mercado. Resumidamente podemos enfatizar que as transformações societárias alteraram o universo das políticas educacionais e com ela o papel da educação escolar, mas precisamos acima de tudo refletir que “limitar uma mudança educacional radical às margens corretivas interesseiras do capital significa abandonar de uma só vez, conscientemente ou não, o objetivo de uma transformação social qualitativa.” (MÉSZÁROS, 2005, p.27). Este autor acrescenta então “que é necessário romper com a lógica do capital se quiser contemplar a criação de uma alternativa educacional significativamente diferente”, perseguindo de forma planejada e consistente estratégias para romper com o PPEDU – 12 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 2 controle exercido pelo capital, através dos meios disponíveis e com meios a serem criados, direcionados então para esse objetivo da transformação social qualitativa. REFERÊNCIAS ADRIOLI, A. I. As políticas educacionais no contexto do neoliberalismo. Disponível em: <http:// www.espacoacademico.com.br/013/13andrioli.htm >. Acesso em: 20 out. 2008. FRANÇA, J. C.; NEVES, L. M. W. (Orgs.). Rio de Janeiro: Fiocruz; 2006. Resenhas Book Reviews. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, ano 8, p.1.976-1.984, ago. 2007. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n8/27.pdf.> Acesso em: 20 out. 2008. LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005. MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. Tradução de Isa Tavares. São Paulo: Boimtempo, 2005. ANOTAÇÕES PPEDU – 13 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 3SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO OBJETIVOS Compreender a política educacional como uma das políticas públicas. Conhecer a educação escolar e seu papel frente às transformações econômicas, políticas, sociais e culturais na contemporaneidade. TEXTO As atividades desenvolvidas por uma coletividade estão inseridas em toda a dinâmica da vida social: na defesa das pessoas em uma comunidade. A realização ações visa a preservação da sociedade e o bem estar da população: o bem comum, ou interesse público. Somos administrados pelos governos representados na organização política brasileira e estes são os responsáveis pela implementação das políticas públicas. Esse termo política pública é muito debatido no âmbito das ciências sociais e quer dizer: conjunto de decisões e ações de um governo para solucionar problemas que em um dado momento, os cidadãos e o próprio governo de uma determinada comunidade acham prioritário. Não se formulam, implementam e avaliam as políticas sem a força expressiva do atores políticos que podemos subdividi-los em público e privado. Assim, todos nós somos importantes como cidadãos na tomada de decisão de uma política: quer seja ela educacional, social, ambiental, entre outras, pois elas precisam atender as reais necessidades sociais do povo. Dando continuidade aos estudos enfatizamos as políticas educacionais, que por estar inter-relacionada com as necessidades sociais da população, podemos dizer que ela possui então caráter social, uma modalidade das políticas sociais. Em todo o percurso histórico da educação em nosso país, a educação sempre esteve como dimensão prioritária dos planos governamentais, porém é relegada aos últimos lugares em termos de política setorial. Os princípios legais (Lei 9.394/96) como descentralização, qualidade, eficiência e equidade são garantidos, mas não efetivados. Os atores políticos mobilizados poderão contribuir e, assim, juntos mudar nossa história. A educação vem sendo questionada e com ela o papel da escola frente às transformações ocorridas no mundo contemporâneo. As mudanças ocorridas no cenário – processo de globalização – ocasionaram impactos econômicos, socioculturais em escala mundial, cujos efeitos PPEDU – 14 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 3 contribuem para um panorama ora ameaçador, ora de expectativas positivas de um futuro melhor, ora avassalador. Na revolução tecnológica (comunicação; interconectividade e a quebra de conhecimentos) o saber e a ciência assumem papel de destaque. Nesse contexto, as pessoas aprendem na rua, na fábrica, em casa, nos escritórios, nos vídeos, no computador, pela internet e em outros espaços de aprendizagens, que não param de crescer. Então, a instituição escola não é considerada o único meio ou o meio mais eficaz e ágil desocialização dos conhecimentos técnico-científicos e de desenvolvimento de competências requeridas para a vida cotidiana. O mundo tem exigido cada vez mais respostas do sistema educacional frente às exigências impostas pelas políticas neoliberais e pela globalização. As transformações societárias alteraram o universo das políticas educacionais e com ela o papel da educação escolar, mas precisamos acima de tudo refletir que limitar uma mudança educacional radical às margens corretivas interesseiras do capital significa abandonar de uma só vez, conscientemente ou não, o objetivo de uma transformação social qualitativa. (MÉSZÁROS, 2005, p.27). O autor (2005, p.27) acrescenta então “que é necessário romper com a lógica do capital se quiser contemplar a criação de uma alternativa educacional significativamente diferente”, perseguindo de forma planejada e consistente estratégias para romper com o controle exercido pelo capital, através dos meios disponíveis e com meios a serem criados, direcionados então para esse objetivo da transformação social qualitativa. ANOTAÇÕES PPEDU – 15 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 4AS REFORMAS EDUCACIONAIS, OS PLANOS E POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO OBJETIVOS Conhecer a trajetória das políticas e dos planos educacionais brasileiros. Refletir sobre as reformas educativas implantadas no país nas últimas décadas. TEXTO As primeiras experiências das políticas e planos educacionais O processo de organização do sistema educacional brasileiro inicia-se na década de 30, do século XX, em um amplo processo de mudanças no contexto político e econômico do país, em virtude da substituição do modelo econômico agrário pelo modelo industrial. Segundo Romanelli (1978) novas aspirações educacionais foram advindas da implantação do capitalismo industrial em razão das condições mínimas de escolaridade da população para a inserção no mercado. A industrialização no país fez surgir o aparecimento de novas demandas educacionais. Em 1930 criou-se o Ministério da Educação e Saúde Pública, caracterizando um período centralizador da organização da educação mantendo o formato elitista e conservador da educação nacional. Shiroma et al. (2002) afirma que com a criação do Ministério foi conferido à União o poder para exercer a tutela sobre os vários domínios do ensino no país. Com o Manifesto dos Pioneiros, em 1932, houve um amplo movimento da sociedade civil para construção da escola democrática que pudesse romper com a herança conservadora do sistema educacional. Segundo Azanha (1998), o Manifesto dos Pioneiros da Educação pode ser caracterizado como primeira iniciativa de elaboração de um plano de educação para o país, reconhecendo a educação como um problema nacional. Nos anos seguintes houve iniciativas e discussões importantes sobre as estruturas e organização do sistema de ensino focados nos aspectos de centralização/ descentralização;qualidade/quantidade;público/privado. (LIBÂNEO; OLIVEIRA;TOSCHI, 2005, p.130). As políticas e planos educacionais entre as décadas de 50 e 70 O desenvolvimento industrial nos anos 50 e 60 determinou o incentivo do ensino técnico-profissional. No ano de 1962 elaborou-se o primeiro Plano Nacional de PPEDU – 16 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 4 Educação de acordo com os dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961. Tanto o mesmo como os planos que o sucederam não efetivaram as mudanças necessárias na educação brasileira revelando que a educação nunca foi prioridade nas propostas governamentais. Podemos avaliar que a trajetória dos planos educacionais no país expressa a somatória de sucessivos planos não executados em razão da sucessão de governos. Nos anos 70, com o processo de democratização do país, houve novos questionamentos em relação à política educacional brasileira, destacando-se a questão da privatização da escola pública e a municipalização do ensino. Os anos 90 e as novas demandas Nos anos 90 as reformas educativas pautaram- se nas exigências do mercado competitivo impulsionado pela globalização e pelas políticas neoliberais. A política educacional assume o discurso na modernização e da qualidade tendo como foco a atenção à escola e ao ensino fundamental. Conforme Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), algumas ações governamentais caracterizaram as políticas pautadas para a modernização, qualidade e descentralização do ensino, como exemplo, os kits eletrônicos para as escolas, livros didáticos, avaliação externa, currículo nacional e recursos financeiros. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) também marcaram o quadro dessas ações. Os autores ressaltam que o aspecto da descentralização da educação escolar foi mais no sentido das responsabilidades, permanecendo o poder de decisões centralizado na União. Como discutimos nas atividades anteriores as políticas neoliberais e a globalização afetaram vários setores da sociedade, dentre eles a educação. A contextualização das reformas das políticas educacionais no país implica a compreensão da recomposição do sistema capitalista, nas últimas décadas do século XX. Tais reformas expressam a seguinte tendência: “novos tempos requerem nova qualidade educativa, implicando mudanças no currículo, na gestão educacional, na avaliação dos sistemas e na profissionalização dos professores”. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.35) Vejamos um breve estudo sobre as ações dos governos brasileiros, a partir da década de 90, no tocante às transformações na política educacional do país. Foi no governo Collor (1990) que o Brasil tornou-se signatário dos acordos internacionais para impulsionar a educação, em especial a educação básica, nos países do terceiro mundo. O marco desses eventos foi a Conferência Mundial de Educação para PPEDU – 17 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 4 Todos, em Jomtien, na Tailândia, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). No governo Itamar Franco, em 1993, foi elaborado o Plano Decenal de Educação para Todos, que não saiu do papel. Com a substituição do governo de Fernando Henrique Cardoso, os propósitos estabelecidos pelo Plano Decenal foram substituídos por novas ações alinhadas às demandas do mercado e às novas ordens dos organismos financeiros internacionais como o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 1996 é promulgada no país a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96. Também no governo de Fernando Henrique Cardoso foi apresentado e aprovado em 2001 o Plano Nacional de Educação, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O PNE, Lei 10.172, tem duração de dez anos e prescreve sobre objetivos e metas para todas as modalidades de ensino do país. Conforme Libâneo, Oliveira e Toschi (2005, p.159), o PNE apresenta em síntese os seguintes objetivos: 1. elaboração global do nível de escolaridade da população; 2. melhoria da qualidade de ensino em todos os níveis; 3. redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso à escola pública e à permanência, com sucesso, nela; 4. a democratização da gestão do ensino público nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e da participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares equivalentes. Com o governo Lula, a partir de 2003, foi elaborado o programa “Uma Escola do Tamanho do Brasil” tendo como diretrizes gerais a democratização do acesso e a garantia de permanência da criança na escola; a qualidade social da educação e a instauração do regime de colaboração e da democratização da gestão escolar. REFERÊNCIAS AZANHA, J. M. P. Planos e políticas de educação no Brasil:alguns pontos para reflexão. GUALBERTO, J.C.M. (Org.). Estrutura e funcionamento da educação básica. São Paulo: Pioneira, 1998. LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e PPEDU – 18 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 4 organização. São Paulo: Cortez, 2005 (Coleção Docência em Formação). ROMANELLI, O. de O. História da educação no Brasil (1930-1973). Petrópolis: Vozes,1978. SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M.; EVANGELISTA, O. Política educacional. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. ANOTAÇÕES PPEDU – 19 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 5OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA OBJETIVOS Conhecer os documentos e acordos internacionais que redesenharam a política educacional brasileira na década de 90. Compreender a influência dos organismos internacionais nas políticas educacionais, na gestão da escola e na atuação docente. TEXTO Conferência mundial de educação para todos No ano de 1990 foi realizado em Jomtien, na Tailândia, a Conferência Mundial de Educação para Todos, financiada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e Banco Mundial. Participaram da conferência de 155 países, agências internacionais, organismos não governamentais e personagens destacadas no plano educacional. Os governos presentes assumiram o compromisso político com a educação básica de qualidade às crianças, jovens e adultos. Conforme afirma Shiroma et al. (2002 p. 58), a conferência propagou a idéias de que a educação deveria proporcionar condições para o atendimento das necessidades básicas de aprendizagem dos educandos em sete situações: 1) sobrevivência; 2) o desenvolvimento pleno de suas capacidades; 3) uma vida e um trabalho dignos; 4) uma participação plena no desenvolvimento; 5) a melhoria da qualidade de vida; 6) a tomada de decisões informadas e 7) a possibilidade de continuar aprendendo. Os dados revelados na conferência apresentavam índices assustadores em relação à educação mundial: 100 milhões de crianças de crianças fora da escola e mais de 900 milhões de analfabetos no mundo. Um grupo de nove países apresentando a maior taxa de analfabetismo o mundo, a saber: Bangladesh, Brasil, China, Egito, Índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão, tornaram-se signatários da Carta, responsabilizando-se pelos seguintes procedimentos em suas políticas educacionais: 1. promover um contexto de políticas de apoio no âmbito econômico, social e cultural; 2. mobilizar recursos financeiros, público, privados e voluntários PPEDU – 20 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 5 reconhecendo que o tempo, a energia e o financiamento dirigidos à educação básica consistem o mais profundo investimento que se possa fazer na população e no futuro de um país; e 3. fortalecer a solidariedade internacional, promovendo relações econômicas justas e eqüitativas para corrigir as disparidades econômicas entre nações, priorizando o apoio aos países menos desenvolvidos e de menores ingressos e eliminando os conflitos e contendas a fim de garantir um clima de paz. (SHIROMA et al., 2002, p.61) Os lemas da CEPAL: cidadania, competitividade e igualdade Em 1990 o documento da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) alertava sobre a urgência de coligação dos sistemas educativos ao sistema produtivo. Segundo o documento as reformas no ensino na educação básica deveriam atender a versatilidade, capacidade de inovação, flexibilidade para se captar as novas tarefas e habilidade como cálculo, ordenamento de prioridades e clareza na exposição. (SHIROMA et al., 2002, p.63) O documento do CEPAL pautava-se nos objetivos de cidadania e competitividade e igualdade e eficiência. Conforme as idéias propagadas pela CEPAL, a escola deveria preparar para a moderna cidadania, oportunizando a universalização ao menos do ensino fundamental e permitindo aos educandos desenvolverem conhecimentos e destrezas necessárias à sociedade produtiva. De acordo com Shiroma et al. (2002), as propostas apresentadas no documento ressaltam a mudança de um Estado administrador para um Estado avaliador, incentivador e gerador de políticas. A Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI A Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e Cultura reuniu especialistas do mundo todo, no período de 1993 a 1996, coordenados pelo francês Jacques Delors para o estudo dos problemas educacionais existentes no cenário mundial. O resultado foi o documento instituído Relatório “Delors”, que tece comentários aos impactos da globalização na sociedade mundial e apresenta os desafios da educação para o século XXI. A educação é apresentada como “trunfo” para a “paz, liberdade e justiça social”, instância capaz de favorecer o desenvolvimento humano mais harmonioso e autêntico, podendo, PPEDU – 21 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 5 ainda, fazer “recuar a pobreza, a exclusão social, as incompreensões, as opressões e as guerras”. (SHIROMA et al., 2002, p. 66). O documento assinala, ainda, três desafios para a educação no século XXI: • ingresso de todos os países no campo da ciência e da tecnologia; • adaptação das várias culturas e modernização das mentalidades à sociedade da informação; e • viver democraticamente, ou seja, viver em comunidade. O destaque neste documento é em relação ao novo conceito de educação enquanto “educação ao longo da vida”, o qual deveria ser alcançado a partir de quatro tipos de aprendizagem: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser, e aprender a viver junto. Em virtude da precariedade dos níveis de escolarização básica por grande parte da população do mundo o documento preconiza a educação básica dos 3 aos 12 anos, com conteúdo universal, dirigido com especial atenção às mulheres, populações rurais, pobres urbanos, minoria étnicas e crianças que trabalham.(SHIROMA et al., 2002, p.67) O Banco Mundial e as políticas educacionais Em 1995 o Banco Mundial (BM), organismo multilateral de financiamento elabora o documento “Prioridade y para la Educacion” que ao analisar a política educacional de alguns países, propõe eliminar o analfabetismo e aumentar a eficácia e rendimento do ensino.O documento discute, também, a questão do financiamento da educação, propondo a redefinição das funções do governo na busca de novos recursos. O foco das propostas do BM é o investimento na educação básica elencada como importante fator para o desenvolvimento econômico e a redução da pobreza. Os investimentos do Banco Mundial na educação estão relacionados a estudos a respeito do custo/benefício em diversos países da América Latina, Ásia e África, dentre eles o Brasil, os quais apontam a relação entre ganhos ao longo da vida e o nível de educação. Conforme estudos realizados, afirma-se que os investimentos no ensino fundamental apresentam maiores retornos do que nos demais níveis de ensino, o que justifica o foco das políticas educacionais no ensino fundamental com o propósito de produzir uma população alfabetizada e com conhecimentos básicos. Para os estudiosos e críticos da educação, o BM reforça a visão da educação como um investimento econômico buscando transformá-la em um bem privado, em uma mercadoria, respaldada pela teoria do capital humano. Nesta perspectiva, a ênfase dada à competição e a forma como tem se dado a contratação no mercado de trabalho, onde só os mais qualificados são absorvidos, fomenta e aumenta o processo de exclusão social. PPEDU – 22 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 5 REFERÊNCIAS DECLARAÇÃO Mundial sobre educação para todos. Disponível em < http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/Declaracao_Jomtien.pdf.>. Acesso em: 21 out. 2008. SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M.; EVANGELISTA, O. Política educacional. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. TORRES, R. M. Melhorar a qualidade da educação básica? As estratégias do Banco Mundial. TOMMASI, L.; WARDE, M.;HADDAD, S. (Orgs.). O Banco Mundial e as políticas educacionais. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1996. p.125-193. ANOTAÇÕES PPEDU – 23 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 6SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO OBJETIVO Compreender a trajetória e a influência dos organismos internacionais na elaboração das políticas e planos educacionais no país. TEXTO A industrialização no país, no início do século XX, fez surgir o aparecimento de novas demandas educacionais. No ano de 1930 criou-se o Ministério da Educação e Saúde Pública, caracterizando um período centralizador da organização da educação mantendo o formato elitista e conservador da educação nacional. Segundo Azanha (1998), a primeira iniciativa de elaboração de um plano de educação para o país, foi em 1932, com a elaboração do Manifesto dos Pioneiros, reconhecendo a educação como um problema nacional. Nos anos seguintes houve iniciativas e discussões importantes sobre as estruturas e organização do sistema de ensino focados nos aspectos de centralização/ descentralização; qualidade/quantidade; público/privado. No ano de 1962 elaborou-se o primeiro Plano Nacional de Educação de acordo com os dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961. A história dos planos educacionais apresenta uma sucessão de planos, muitas vezes nem executados, em virtude da mudança de governo. Atualmente está em vigência o Plano Nacional de Educação, (PNE), elaborado em 2001, com um período de vigência de dez anos. O marco para as mudanças nas políticas educacionais brasileiras, nos anos 90, foi a Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em 1990, em Jomtien, na Tailândia. Outros organismos e acordos internacionais foram determinantes nas reformas educacionais brasileiras entre eles: documento da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), a Comissão Internacional sobre a educação para o século XXI e o Banco Mundial. As reformas educativas pautaram-se nas exigências do mercado competitivo impulsionado pela globalização e pelas políticas neoliberais. A política educacional assume o discurso da modernização e da qualidade tendo como foco a atenção à escola e ao ensino fundamental. Dentre as ações governamentais que caracterizaram as políticas pautadas para a modernização, qualidade e descentralização do ensino, podemos citar: • os kits eletrônicos para as escolas; • livros didáticos; • avaliações externas; PPEDU – 24 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 6 • currículo; • recursos financeiros; e • elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A análise das reformas das políticas educacionais no país implica compreensão da recomposição do sistema capitalista, nas últimas décadas do século XX. Podemos afirmar que as reformas educacionais expressam a seguinte tendência: “novos tempos requerem nova qualidade educativa, implicando mudanças no currículo, na gestão educacional, na avaliação dos sistemas e na profissionalização dos professores”. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.35) ANOTAÇÕES PPEDU – 25 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 7SISTEMA DE ENSINO BRASILEIRO: ASPECTOS LEGAIS E ORGANIZACIONAIS OBJETIVOS Conhecer os aspectos legais e organizacionais do sistema educacional brasileiro. Refletir sobre as influências das políticas educacionais na organização do sistema educacional. Discutir os conceitos de estrutura e sistema educacional. TEXTO O conceito de sistema Para iniciarmos a discussão sobre os aspectos legais e organizacionais que regem o sistema educacional brasileiro vamos compreender o conceito do sistema. Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2005, p.227), no dicionário, a palavra sistema significa o conjunto de elementos , materiais ou idéias, entre os quais se possa encontrar ou definir alguma relação. [...] Disposição das partes ou de elementos de um todo, coordenados entre si que funcionam como estrutura organizada.[...] conjunto das instituições políticas e ou sociais, e dos métodos por elas adotados; encarados quer do ponto de vista teóricos quer do de sua aplicação prática, tal como o sistema de ensino. Inicialmente poderíamos afirmar que o sistema de ensino é composto pelo conjunto de leis regidas sob a responsabilidade das instâncias federais, estaduais, ou municipais. A complexidade do sistema educacional requer uma análise aprofundada da sua organização e funcionamento. É preciso compreender que todo sistema está interligado a outros sistemas. Dessa forma, não podemos analisar o sistema educacional desconsiderando as influências do sistema econômico e político do país. Como temos estudado a análise das políticas educacionais na atualidade, há uma predominância das influências do setor econômico na educação. Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), o sistema de ensino constitui-se de elementos materiais, ou seja, o conjunto de instituições de ensino e os ideais, configurados pelas leis e normas que regem as instituições educacionais. Organização e funcionamento do sistema de ensino Para compreendermos a organização e funcionamento do sistema PPEDU – 26 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 7 educacional poderemos recorrer à perspectiva funcionalista, considerado os seus aspectos estáticos, ou a dialética, na qual destaca-se o aspecto dinâmico do sistema. Estas análises ajudam os profissionais da educação a compreender a dimensão ética e política do exercício profissional no sistema educacional, pois poderão ser apenas meros executores das políticas educacionais, ou por meio de uma ação crítica e reflexiva buscar espaços para novas práticas docentes pautadas na construção de uma sociedade democrática. O educador Dermeval Saviani defende a idéia da ausência de um sistema nacional de educação no país. Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), Saviani (1987) afirma ainda a necessidade de três condições básicas para a construção de um sistema educacional: 1. o conhecimento dos problemas educacionais de determinada solução histórico-geográfica; 2. o conhecimento das estruturas da realidade; e 3. a teoria da educação. Em sua obra Educação brasileira, estrutura e sistema (2005), discute os conceitos de sistema e estrutura educacional, objetivando responder aos questionamentos sobre a existência do sistema educacional brasileiro. Em relação à discussão da terminologia sistema e estrutura, o autor revela: Portanto, embora se denomine a organização educacional brasileira de “sistema”, a verdade é que não existe sistema educacional no país. O que existe é estrutura. E é preciso que se tome consciência disso, pois é a partir das estruturas que se poderá construir o sistema. (SAVIANI, 2005, p.112). Segundo Saviani (2005, p.80), sistema é a unidade de vários elementos intencionalmente reunidos, de modo a formar um conjunto coerente e operante podendo ser caracterizado pelos seguintes aspectos: • intencionalidade; • unidade; • variedade; • coerência interna; e • coerência externa. O autor assim define o sistema de ensino como um conjunto de instituições de ensino que, sem constituírem uma unidade ou primarem por um caráter coletivo, são PPEDU – 27 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 7 interligados por normas, por leis educacionais e não por intencionalidade.” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.235). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o sistema educacional brasileiro Tanto a atual LDB, Lei 9.394/96, como as outras duas que a antecederam, ou seja, a Lei 4.024,de 20 de dezembro de 1961 e a Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, empregam o termo sistema de ensino referindo-se à administração do ensino nas esferas federal, estadual e municipal. O sistema de ensino no país é regido pela Constituição Federal de 1988 e a Lei 9.394/96. A Constituição Federal de 1988 adotou um modelo de descentralização e colaboração para a organização do sistema educacional brasileiro reiterado pela Lei 9394/96. Conforme artigo 204, a educação é direito de todos, dever do Estado e da família. A responsabilidade do poder público com a educação será administrada pelas esferas da União, do Distrito Federal, do Estado e do Município. A Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional, em seu artigo 3º, estabelece os princípios para da educação nacional: Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. O sistema de ensino brasileiro, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da PPEDU – 28 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 7 Educação, em seus artigos 17,18 e 19, deve ser organizado sob regime de colaboração entre as três esferas administrativas. A administração e articulação das três esferas são competências da União, por meio da Política Nacional de Educação. De acordo com as esferas administrativas temos os seguintes órgãos: • federais: Ministério da Educação (MEC) e Conselho Nacional de Educação. • estaduais: Secretaria Estadual de Educação (SEE); Conselho Estadual de Educação (CEE) e Delegacia Regional de Ensino (DRE) ou Subsecretaria de Educação; • municipais: Secretaria Municipal de Educação (SME), Conselho Municipal de Educação (CME). REFERÊNCIAS BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. DOU, 23/12/96. LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005. (Coleção Docência em Formação). SAVIANI, D. A nova lei da educação: LDB, trajetória, limites e perspectivas. 6. ed. Campinas: Autores Associados, 2000. (Coleção Educação Contemporânea). . Educação brasileira: estrutura e sistema. 9. ed. Campinas: Autores Associados, 2005. PPEDU – 29 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 8DIRETRIZES E AÇÕES PARA O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO NO SÉCULO XXI OBJETIVOS Conhecer as atuais diretrizes que regem o sistema educacional brasileiro e alguns planos e programas que direcionam a organização do sistema educacional brasileiro. Refletir sobre os desafios para a efetivação de um sistema educacional democrático. TEXTO Diretrizes gerais do sistema educacional brasileiro Como discutimos na unidade anterior a organização do sistema educacional brasileiro não pode ser compreendida sem a análise das condições sociais, políticas e econômicas de cada período histórico. Com as reformas educacionais e as legislações educacionais proclamadas a partir da década de 90, o sistema educacional brasileiro tem sido regido a partir de três diretrizes gerais: 1. democratização do acesso e garantia de permanência; 2. qualidade social da educação; 3. instauração do regime de colaboração e da democratização da gestão. Vamos compreender melhor a dimensão e os propósitos de cada uma dessas diretrizes. Democratização do acesso e garantia de permanência O artigo 208 da Constituição federal de 1988 dispõe sobre a obrigatoriedade e gratuidade do ensino fundamental reconhecido enquanto direito público subjetivo. Com o objetivo de universalizar o ensino fundamental foram implantadas ações no sentido de democratizar a educação, porém é importante que sejam pensadas nas estratégias que possam garantir a permanência das crianças na escola. A história da educação brasileira apresenta um caráter excludente e elitista. A garantia da democratização do acesso na escola pública expressa o compromisso com as classes economicamente menos favorecidas e com as minorias. Requer também pensar na melhor distribuição dos recursos destinados aos investimentos no setor educacional, considerando as disparidades regionais em nosso país. Em 20 de junho de 2007 foi sancionada a Lei n.11.494/2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação PPEDU – 30 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 8 (Fundeb). O Fundeb terá vigência até 2020 e, conforme dados do MEC, atenderá, a partir do 3º ano, 47 milhões de alunos da educação básica, contemplando creche, educação infantil, ensino fundamental e médio, educação especial e educação de jovens e adultos. Qualidade social da educação A questão da qualidade refere-se à garantia da excelência de ensino e o atendimento às necessidades e interesses dos educandos. Para isso é preciso repensar a organização dos tempos e dos espaços nas escolas preocupando-se em eliminar a evasão e a repetência. Neste sentido destaque é dada a questão da formação docente, visto que, não se pode pensar na qualidade do ensino sem antes cuidar da qualidade da formação de seus profissionais. Com o propósito de garantia da qualidade do ensino no país foi implantado o sistema de avaliação nas instituições escolares, como exemplo, podemos citar o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A oferta de um ensino de qualidade está relacionada aos ideários de uma educação que promova a cidadania, considerando que quanto maior e melhor for o nível de escolaridade de um indivíduo, maiores oportunidades haverá de participação no mercado de trabalho e na sociedade. A este respeito Libâneo, Oliveira e Toschi (2005) afirmam: A questão é, antes ética –política uma vez que se processa na dis- cussão dos direitos de cidadania para os excluídos.Por isso,ensino de qualidade para todos constitui mais do que nunca,dever do Estado em uma sociedade que se quer mais justa e democrática.(LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.145) Regime de colaboração e gestão democrática Para a efetuação do regime de colaboração e gestão democrática, propagados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e pela Constituição Federal deverão ser encaminhadas algumas ações: • instituir o sistema nacional de educação, normativo e deliberativo, para articular as ações educacionais da União dos Estados e dos Municípios; • criar o Fórum Nacional de Educação para propor, avaliar e acompanhar a execução do Plano Nacional da Educação e de seus similiares em cada esfera administrativa; • fortalecer os fóruns, os conselhos e as instâncias da educação, buscando sempre que possível ações integradas que evitem a fragmentação e a dispersão de recursos e esforços; • estimular a instalação de processos constituintes escolares, bem como PPEDU – 31 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 8 do orçamento participativo, nas esferas do governo e nas unidades escolares; • estabelecer normas de aplicação dos recursos federais, estaduais e municipais, com base na definição de um custo-qualidade por aluno; • instituição do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento de Educação Básica (Fundeb).( LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI,2005, p.212). Plano de Desenvolvimento da Educação O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) foi lançado em abril de 2007, pelo governo federal com o objetivo de melhorar a qualidade da educação básica brasileira, o que significa investir na educação profissional e na educação superior visto que elas estão direta ou indiretamente ligadas. Outro aspecto importante ressaltado pelo plano é a necessidade do envolvimento de pais, alunos, professores e gestores, em iniciativas que busquem o sucesso e a permanência do aluno na escola. Dentre as medidas previstas pelo PDE podemos citar: a criação de uma avaliação para crianças dos seis aos oito anos de idade, atenção especial à alfabetização de jovens e adultos (a exemplo o Programa Brasil Alfabetizado), a criação de um piso salarial nacional dos professores (50% dos professores ganham menos de R$ 800 por 40 horas de trabalho); a ampliação do acesso dos educadores à universidade; a instalação de laboratórios de informática em escolas rurais; a realização da Olimpíada de Língua Portuguesa, nos moldes da Olimpíada de Matemática; a garantia de acesso à energia elétrica para todas as escolas públicas; as melhorias no transporte escolar para os alunos residentes em áreas rurais e a qualificação da saúde do estudante .(BRASIL, 2007) Para que você possa conhecer melhor o PDE, consulte o site do MEC: http:// www.mec.gov.br. Todos pela educação Um grupo de lideranças da sociedade civil, em sintonia com órgãos como MEC, Consed (Conselho Nacional de Secretários da Educação) e Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), lançou, também, em 2007, um movimento em defesa e promoção de uma educação de qualidade traçando objetivos e metas a serem alcançados até 2022, ano em que será comemorado 200 anos de independência do Brasil. O movimento “Todos pela Educação” lançou cinco metas e para melhor conhecê-las poderá acessar o site: http://www.todospelaeducacao.org.br/ Meta 1 – toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola. Meta 2 – toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos. Meta 3 – todo aluno com aprendizado adequado à sua série. PPEDU – 32 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 8 Meta 4 – todo jovem com ensino médio concluído até os 19 anos. Meta 5 – investimento em educação ampliado e bem gerido. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Plano de Desenvolvimento da Educação. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jun. 2007. LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005. (Coleção Docência em Formação). ANOTAÇÕES PPEDU – 33 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 9SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO OBJETIVO Conhecer os aspectos legais e organizacionais do sistema educacional brasileiro e os desafios para a efetivação de um sistema educacional democrático no país. TEXTO A complexidade do sistema educacional requer uma análise aprofundada da sua organização e funcionamento. É preciso compreender que todo sistema está interligado a outros sistemas. Dessa forma, não podemos analisar o sistema educacional desconsiderando as influências do sistema econômico e político do país. Como temos estudado, a análise das políticas educacionais na atualidade revela a predominância das influências do setor econômico na educação. Em função de algumas características do sistema educacional no país, o autor Dermeval Saviani afirma a não-existência de um sistema educacional brasileira e sim uma estrutura, a partir da organização administrativa das instâncias que compõem este sistema. Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), o sistema de ensino constitui-se de elementos materiais, ou seja, o conjunto de instituições de ensino e os ideais, configurados pelas leis e normas que regem as instituições educacionais. O sistema de ensino no país é regido pela Constituição Federal de 1988 e Lei 9.394/96. A Constituição Federal de 1988 adotou um modelo de descentralização e colaboração para a organização do sistema educacional brasileiro reiterado pela Lei 9.394/96. Conforme artigo 204, a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. A responsabilidade do poder público com a educação será administrada pelas esferas da União, do Distrito Federal, do Estado e do Município. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em seus artigos (17, 18 e 19), reitera o regime de colaboração entre as três esferas administrativas, articuladas pela União. Compõem as esferas administrativas os seguintes órgãos: • federais: Ministério da Educação (MEC) e Conselho Nacional de Educação; • estaduais: Secretaria Estadual de Educação (SEE); Conselho Estadual de Educação (CEE) e Delegacia Regional de Ensino (DRE) ou Subsecretaria de Educação; e • municipais: Secretaria Municipal de Educação (SME), Conselho Municipal de Educação (CME). PPEDU – 34 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 9 Com as reformas educacionais e as legislações educacionais proclamadas a partir da década de 90, o sistema educacional brasileiro tem sido regido a partir de três diretrizes gerais: • democratização do acesso e garantia de permanência; • qualidade social da educação; e • instauração do regime de colaboração e da democratização da gestão. Dentre as ações, programas governamentais e iniciativas da sociedade civil direcionados à melhoria da qualidade do sistema educacional brasileiro podemos destacar o Plano de Desenvolvimento da Educação e o Movimento Todos pela Educação, ambos lançados no ano de 2007. ANOTAÇÕES PPEDU – 35 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 10A ESCOLA: FOCO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS OBJETIVOS Compreender a relação entre a função social da escola e os determinantes sociais. Analisar as influências da política educacional na organização escolar. Refletir sobre as contradições e as possibilidades de mudança no espaço institucional da escola. TEXTO A escola e sua função social A compreensão da trajetória das políticas educacionais no Brasil possibilita o entendimento da organização do sistema educacional e do caráter sóciopolítico da educação. Nos últimos anos, especificamente posteriormente à década de 90, as políticas educacionais no país têm direcionado atenção especial à escola, reconhecida como importante espaço institucional para a concretização das metas do sistema escolar. A compreensão do cotidiano escolar favorece o entendimento do caminho e das transformações das políticas educacionais, desde a sua formulação até a sua implementação. A escola enquanto instituição é datada historicamente estando seus fins e objetivos condicionados aos determinantes políticos, sociais, econômicos e culturais de cada contexto histórico. Embora tenha surgido especificamente para a transmissão sistematizada do saber, hoje, frente à sociedade de informação e do conhecimento, novas demandas são requeridas do projeto escolar, dentre elas a articulação entre educação e cidadania. Mas qual o papel a ser desempenhado pela escola enquanto instituição educativa? Libâneo (1986) recorre à história das tendências pedagógicas para analisar as funções sociais e políticas da escola revelando a possibilidade de coexistência dessas tendências, conforme os condicionantes sociais. O autor destaca que a escola é o lugar de ensino e difusão do conhecimento e instrumento para o acesso das camadas populares ao saber elaborado; e simultaneamente meio educativo de socialização no mundo social adulto.” (LIBÂNEO,1986, p.75). A abordagem da tendência liberal ressalta a função da escola na transmissão da cultura e do saber sistematizado objetivando a preparação intelectual e moral dos alunos para assumirem determinadas posições na sociedade. A tendência liberal renovada progressista, surgidano Estado Novo, concebe PPEDU – 36 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 10 a escola enquanto um espaço no qual o aluno possa educar- se ativamente por meio de uma ampla interação entre as estruturas cognitivas do indivíduo e as estruturas do ambiente. A escola modeladora, com a função de preparar indivíduos competentes para o mercado de trabalho, é ressaltada pela tendência liberal tecnicista enquanto a tendência progressista reconhece que a função social da escola deverá estar articulada com a preparação do aluno para a vida em sociedade, fornecendo-lhe conhecimentos e vivências necessárias a uma participação ativa na sociedade. No contexto social atual marcado pela globalização e pela sociedade da informação, a escola é chamada a redimensionar o seu papel e função social. Libâneo, Oliveira e Toschi (2005) apontam o seguinte quadro para a reestruturação do papel escola: • promover o desenvolvimento das capacidades, operativas e sociais dos alunos (processos mentais estratégicos de aprendizagem e competências do pensamento critico por meio dos conteúdos escolares; • promover as condições para o fortalecimento da subjetividade e da identidade cultural dos alunos, incluindo o desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade, da imaginação; • preparar para o trabalho e para sociedade tecnológica comunicacional implicando preparação tecnológica (saber tomar decisões, fazer análises globalizantes). Interpretar informações de toda natureza, ter atitude de pesquisa, saber trabalhar junto, etc.; • formar para a cidadania crítica, isto é formar um cidadão trabalhador capaz de interferir criticamente na realidade para transformá-la e não apenas formar para integrar no mercado de trabalho; • desenvolver a formação para valores éticos, isto é, formação de qualidades morais, traços de caráter, atitudes e convicções humanistas e humanitárias. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.53) A escola e a formação para a cidadania Dentre o quadro de novas demandas postas à educação e a escola está a formação para a cidadania. O que seria educar para a cidadania? Temos visto que muitos estudos e discussões têm trazido a questão da relação escola e cidadania. O contexto atual PPEDU – 37 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 10 marcado pelo desenvolvimento acelerado do conhecimento e das tecnologias requer dos indivíduos novos saberes e novas formas de relacionamento na sociedade. A escola é o espaço tanto para a transmissão do saber como para o aprendizado das formas de viver em coletividade. Como a escola está desempenhando este papel? Estará oportunizando a todos um saber de qualidade capaz de promover as condições necessárias para a inserção dos indivíduos na sociedade tecnológica? Assim podemos entender a importância de novas metodologias na educação que garantam a qualidade e a participação ativa dos alunos no processo de ensino e aprendizagem. Cabe, ainda, ressaltar a importância para o aprendizado com as tecnologias, visto que, o exercício da cidadania implica capacidade de utilização das informações e transformações destas em conhecimento. Em relação à formação para a vivência em coletividade é fundamental que a escola seja um espaço para relações afetivas e democráticas, sem as quais os alunos não aprenderão o exercício da participação social. Será na escola que os alunos poderão aprender a lidar com as diferenças e a desenvolver os sentimentos de respeito, tolerância, solidariedade e justiça social. Dessa forma, a escola precisa de um clima organizacional que além de preparar para a cidadania possa construir a cidadania. A escola: estrutura e funcionamento Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96, as escolas classificam-se em públicas e privadas, sendo as últimas organizadas em quatro categorias: particulares, comunitárias, confessionais e/ou filantrópicas. O artigo 12 da LDB estabelece como incumbências da escola: I) elaborar e executar sua proposta pedagógica; II) administrar seu papel e seus recursos materiais e financeiros; III) assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas aulas estabelecidas; IV) velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V) promover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; e VI) informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução das suas propostas pedagógicas. Por constituir-se em uma das instâncias da organização do sistema de ensino, grande parte das decisões no interior da escola são determinadas e decorrentes das formas organizativas deste sistema, pois, “as escolas situam-se entre as políticas educacionais, as diretrizes curriculares, as formas do sistema e as ações pedagógicas e didáticas da sala de aula.” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.296). PPEDU – 38 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 10 Para muitos educadores, os ditames burocráticos do sistema e as decisões externas à escola influenciam nas possibilidades e nos limites de sua profissão. Porém, a teoria histórica revela o caráter dialético da escola e a possibilidade de resistência ou diálogo com as políticas e diretrizes estabelecidas, permitindo aos sujeitos da escola coletivamente inovarem suas práticas buscando a construção de uma escola para os novos tempos. REFERÊNCIAS LIBÂNEO, J.C. Democratização da escola pública e a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 4. ed. São Paulo: Loyola,1986. . et al. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005. (Coleção Docência em Formação). TRAGTENBERG, M. A escola como organização complexa. Disponível em: < http://www.espacoacademico.com.br/012/12mt_1976.htm. >. Acesso em: 20 out. 2008. ANOTAÇÕES PPEDU – 39 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 11A GESTÃO DA ESCOLA E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS OBJETIVOS Compreender a relação entre os objetivos da escola e as práticas de organização e gestão. Conhecer os propósitos da gestão educacional democrática. Refletir sobre o espaço da escola no quadro das agendas internacionais. TEXTO Objetivos da escola e as práticas de organização e gestão O novo paradigma econômico, os avanços científicos e tecnológicos, a reestruturação do sistema de produção e as mudanças no mundo do conhecimento afetam a organização do trabalho e o perfil dos trabalhadores causando impactos no contexto escolar. A escola, como vimos, torna-se foco da política educacional devendo cumprir sua função social atrelada às demandas do mercado e à busca da inclusão dos indivíduos na sociedade. Em relação ao mercado, espera-se que a escola cumpra o seu papel social do sentido de adequação de hábitos, costumes e habilidades para o mundo do trabalho e para o mercado de consumo (BONETI, 2004), favorecendo a homogeneização dos sujeitos sociais. Segundo Coraggio (1998) apud Bonetti (2004), a escola, influenciada pelos organismos internacionais, dentre eles o Banco Mundial, deverá preocupar-se com a formação do sujeito útil (do ponto de vista do mercado consumidor e de mão-de-obra). No cenário social caracterizado pela globalização e pelas políticas neoliberais, o papel da escola é trazido para o centro das políticas educacionais, em especial por acordos firmados com os organismos internacionais. Novas diretrizes para o sistema educacional brasileiro e para o sistema escolar são decorrentes dos acordos firmados entre o governo brasileiro e os organismos internacionais, dentre eles a Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien,Tailândia em 1990. Segundo Vieira (2005) outro documento relevante na construção de uma nova concepção de educação e da função social da escola é o Relatório Educação: um tesouro a descobrir, também conhecido por Relatório Jaques Delors, produzidopela Unesco. Neste documento são estabelecidos os princípios para a educação no século XXI: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, aprender viver com os outros e aprender a ser. PPEDU – 40 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 11 O Plano Decenal de Educação para todos, promulgado em 1993, é um importante documento da política educacional brasileira, no qual retrata o papel da gestão escolar para efetivação das políticas educacionais. A Conferência Nacional de Educação para Todos (1996) destaca os objetivos da gestão escolar para o êxito e o crescimento humano das crianças e dos adolescentes. Segundo o relatório da Conferência, “A Construção dos projetos político- pedagógicos das escolas requer a descentralização e a democratização do processo de tomada de decisões e que a autonomia e a questão democrática da escola fazem parte do ato pedagógicos” (BRASIL,1996 apud VIEIRA, 2005, p.137). O foco na escola é traduzido pelos pressupostos do planejamento político- estratégico, pelas idéias de autonomia escolar, pelo repasse de recursos financeiros, pelos programas de avaliação institucional e também pela criação de programas de formação de professores como, por exemplo, o Programa TV Escola. No quadro das diretrizes e legislações educacionais temos a divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) em 1998 e a promulgação da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educacional Nacional, em 1996, Lei 9.394/96. Para Vieira (2004, p.139), “progressivamente a escola foi conquistando um espaço na agenda das políticas educacionais. De quase esquecida, passa a ser a grande prioridade das intenções governamentais.” A gestão escolar democrática A gestão escolar é elencada como ponto chave para resolução dos problemas educacionais, ou seja, é entendida como importante mecanismo para efetivação da função social e político da escola, que é a formação para a cidadania. O termo gestão é originado do latim (gestes- ones) e significa gerir, gerência e administração. A gestão está relacionada à atividade que impulsiona uma organização a atingir seus objetivos, a cumprir sua formação e desempenhar seu papel constituindo-se de princípios e práticas coerentes (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005). O histórico da escola apresenta uma gestão centralizadora datada por formas autoritárias de convivência, mecanismos rígidos de controle burocrático dos tempos de trabalho e organização da relação de aprendizagem (AGUIAR; FERREIRA). A gestão educacional centrada na escola pode ser analisada sob duas perspectivas: a neoliberal e a sociocrítica. Conforme Libâneo et al. (2005): PPEDU – 41 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 11 Na perspectiva neoliberal, pôr a escola como centro das políticas sig- nifica liberar boa parte das responsabilidades do Estado, deixando às comunidades a às escolas a iniciativa de planejar, organizar e avaliar os serviços educacionais. Já na perspectiva sociocrítica, a decisão signifi- ca valorizas as ações concretas dos profissionais da escola que sejam decorrentes de sua iniciativa, de seus interesses, de suas interações (autonomia e participação), em razão do interesse público dos serviços educacionais prestados, sem, com isso, desobrigar o Estado de suas responsabilidades (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.295). Para a concretização da gestão democrática na escola é preciso que sejam desenvolvidas a participação e a autonomia de todos no cenário escolar. A escola torna- se assim um espaço organizacional capaz de produzir um processo educativo autônomo. Neste aspecto é relevante destacarmos algumas ações necessárias: • as ações e responsabilidades devem ser assumidas pelo coletivo, assim o professor deve estar comprometido com o projeto da escola e não meramente com a sua matéria ou grupo de alunos; • a direção da escola deve exercer a coordenação das diferenças,pois estas não devem ser negadas e sim trabalhadas no contexto escolar; • as pessoas devem ser sujeitos ativos, pois a subserviência não favorece ao projeto pedagógico; • os conflitos não devem ser negados, mas mediados dialeticamente; • a informação e a comunicação precisam ser transparentes e disponibilizadas a todos; • haver respeito profissional e relações interpessoais afetivas e de confiança. (BORDIGNOS; GRACINDO, 2004, p.72-73). É importante compreendermos que a maneira de condução da gestão escolar influenciará nos modos de agir e pensar das pessoas, em contrapartida estas também poderão influenciar na forma de gestão escolar. Esta relação demonstra que apesar da escola ser integrante das políticas públicas e educacionais, de serem influenciadas pelo sistema social e educacional, existem espaços para que os seus sujeitos possam, com autonomia e liberdade, contribuírem para novas formas de gestão tornando a escola um efetivo ambiente educativo para todos nela envolvidos. PPEDU – 42 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 11 REFERÊNCIAS BONETI, L. W. As políticas educacionais, a gestão da escola e a exclusão social. In: FERREIRA, N.S; AGUIAR, M.A. (Orgs.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2004. BORDIGNON, G.; GRACINDO, R. V. Gestão da educação: o município e a escola. In: FERREIRA, N.S.; AGUIAR, M.A. (Orgs.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2004. LIBÂNEO, J.C. et al. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005. (Coleção Docência em Formação). UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir – relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2007. VIEIRA, S. L. Escola – função social, gestão e política educacional. In: FERREIRA, N.S.; AGUIAR, M.A. (Orgs.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez, 2004. ANOTAÇÕES PPEDU – 43 PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis ATIVIDADE 12 OBJETIVO Compreender a relação entre os objetivos da escola, as práticas de organização e gestão escolar e as políticas neoliberais. TEXTO A escola, nas últimas décadas, sob influência das reformas educacionais, tem sido reconhecida como importante espaço institucional para a concretização das metas do sistema escolar. Dessa forma, a compreensão do cotidiano escolar favorece o entendimento do caminho e das transformações das políticas educacionais, desde a sua formulação até a sua implementação. Enquanto instituição datada historicamente, a escola surgiu especificamente para a transmissão sistematizada do saber, porém, hoje, frente à sociedade da informação e do conhecimento novas demandas são requeridas ao projeto escolar, dentre elas a articulação entre educação e cidadania, o que implica qualidade dos conhecimentos transmitidos, como também aprendizado para a vivência em coletividade. Libâneo, Oliveira e Toschi (2005) apontam o seguinte quadro para a reestruturação do papel escola: • promover o desenvolvimento das capacidades, operativas e sociais dos alunos (processos mentais estratégicos de aprendizagens, competências do pensamento critico por meio dos conteúdos escolares; • promover as condições para o fortalecimento da subjetividade e da identidade cultural dos alunos, incluindo o desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade, da imaginação; • preparar para o trabalho e para sociedade tecnológica comunicacional implicando preparação tecnológica (saber tomar decisões, fazer análises globalizantes). Interpretar informações de toda natureza, ter atitude de pesquisa, saber trabalhar junto etc.; • formar para a cidadania crítica, isto é, formar um cidadão trabalhador capaz de interferir criticamente na realidade para transformá-la e não apenas formar para integrar no mercado de trabalho; • desenvolver
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