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Políticas Públicas

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SUMÁRIO
POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS
POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICAS EDUCACIONAIS ............... PPEDU 05
A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CONTEXTO SOCIETÁRIO ........... PPEDU 09
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ............................................... PPEDU 13
AS REFORMAS EDUCACIONAIS, OS PLANOS E
POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO ............................................................ PPEDU 15
OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS
E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA ................................ PPEDU 19
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ............................................... PPEDU 23
SISTEMA DE ENSINO BRASILEIRO: ASPECTOS LEGAIS
E ORGANIZACIONAIS ..................................................................... PPEDU 25
DIRETRIZES E AÇÕES PARA O SISTEMA
EDUCACIONAL BRASILEIRO NO SÉCULO XXI .......................... PPEDU 29 
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ............................................... PPEDU 33
A ESCOLA: FOCO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS ................. PPEDU 35
A GESTÃO DA ESCOLA E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS ....... PPEDU 39
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ............................................... PPEDU 43
AS REFORMAS EDUCACIONAIS, AS LEGISLAÇÕES E A 
FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO BÁSICA ....... PPEDU 45
OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO DOCENTE: A FORMAÇÃO
INICIAL, A FORMAÇÃO CONTINUADA
E AS TECNOLOGIAS ....................................................................... PPEDU 49
SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO ............................................... PPEDU 53
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
APOSTILA INTERNET
ATIVIDADE ASSUNTO ATIVIDADE ASSUNTO
1 POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICAS EDUCACIONAIS 1 Vídeoaula 1
2 A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CONTEXTO SOCIETÁRIO 2 Vídeoaula 2
3 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 3 Auto-avaliação
4
AS REFORMAS 
EDUCACIONAIS, OS PLANOS 
E POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO
4 Vídeoaula 3
5
OS ORGANISMOS 
INTERNACIONAIS
E A POLÍTICA EDUCACIONAL 
BRASILEIRA
5 Vídeoaula 4
6 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 6 Auto-avaliação
7
SISTEMA DE ENSINO 
BRASILEIRO: 
ASPECTOS LEGAIS
E ORGANIZACIONAIS 
7 Vídeoaula 5
8
DIRETRIZES E AÇÕES PARA 
O SISTEMA EDUCACIONAL 
BRASILEIRO NO SÉCULO XXI
8 Vídeoaula 6
9 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 9 Auto-avaliação
10 A ESCOLA: FOCO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS 10 Vídeoaula 7
11 A GESTÃO DA ESCOLA E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS 11 Vídeoaula 8
12 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 12 Auto-avaliação
13
AS REFORMAS EDUCACIONAIS, 
AS LEGISLAÇÕES E A 
FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL 
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
13 Vídeoaula 9
14
OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO 
DOCENTE: A FORMAÇÃO
INICIAL, A FORMAÇÃO 
CONTINUADA
E AS TECNOLOGIAS
14 Vídeoaula 10
15 SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO 15 Auto-avaliação
REFERÊNCIA CRUZADA
Políticas Públicas Educacionais
PPEDU – 5
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 1POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICAS EDUCACIONAIS 
OBJETIVOS
Refletir a tendência nacional e as mudanças significativas ocorridas no âmbito 
das políticas públicas e educacionais e também a forma como estas são organizadas. 
Compreender a política educacional como uma das políticas públicas. 
TEXTO
As atividades desenvolvidas por uma coletividade estão inseridas em toda 
a dinâmica da vida social: na defesa das pessoas em uma comunidade, na construção de 
prédios públicos de grande utilidade, na mudança de uma determinada lei, na assistência 
aos necessitados, enfim, todas as ações desenvolvidas em uma nação necessitam de 
pessoas, ou seja, de cidadãos.
A realização dessas ações volta-se para um objetivo social, ou seja, a 
preservação da sociedade e o bem-estar da população: a isso chamamos de bem comum 
ou interesse público. 
Nossa atuação é de forma coletiva, porém somos administrados pelos 
governos representados na organização política brasileira por:
• União – governo federal;
• Estados – (como São Paulo, Mato Grosso, Alagoas); e
• Municípios.
Cada uma dessas esferas, pautas pela Constituição 
Federal de 1988, possuem atribuições próprias e são responsáveis 
pela formulação e implementação das políticas públicas.
O que são políticas públicas?
São as decisões tomadas em diversas áreas para adotar ou não certas 
medidas, que influenciam a vida dos cidadãos. 
Podem ser definidas como:
[...] conjunto de decisões inter - relacionadas tomadas por um ator 
político ou um grupo de atores com autoridade política e que dizem 
respeito à definição de metas e à adoção de medidas dos meios para 
alcançá-las. (CALDAS, 2005, p.12 apud JENKINS, 1978, p.30)
É importante ressaltar que as referidas esferas nem sempre tem cumprido 
PPEDU – 6
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 1
seu papel e as ações e decisões tornam-se ineficazes, precárias e insuficientes para o 
atendimento das necessidades do povo, passando então a ser assumidas pelos vários 
seguimentos da sociedade civil, como por exemplo: empresas privadas e organizações não 
governamentais (fundações, entidades assistenciais entre outras).
Atores políticos
Os atores políticos são expressivos no cenário da formulação e 
implementação das políticas públicas. E quem são eles?
 São todas as pessoas, empresas, organizações e grupos sociais, que se 
encontram em posição de destaque no conjunto das decisões. Esses sempre possuem 
algo a ganhar ou a perder com o que é assumido pelas esferas representativas, por isso 
precisam se envolver e acompanhar todo o processo de tomada de decisão. 
Os atores políticos são os públicos: servidores públicos, políticos eleitos por 
nós todos, entre outros e os privados: imprensa, mídia, organizações não governamentais, 
sindicatos, universidade através de seus centros de pesquisas, entre outros.
Todos nós somos importantes como cidadãos na tomada de decisão de uma 
política, seja ela educacional, social, ambiental etc., afinal elas precisam atender as reais 
necessidades sociais do povo.
Afinal, como são organizadas as políticas? 
As políticas são elaboradas de forma dinâmica e cíclica. Primeiramente, 
pesquisam-se as necessidades da população. Este é um momento de suma importância, 
pois muitas vezes não são diagnosticadas as reais demandas sociais (necessidades 
sociais), complicando o desenvolvimento de todas as etapas e a implantação das políticas. 
Perceberam a relevância da atuação consciente dos atores políticos? Eles é que farão 
pressão para que sejam tomadas decisões, que reflitam as necessidades da coletividade. 
Em seguida, as pessoas (que exercem função pública) elaboram assuntos/
temas, ou seja, é o ingresso da demanda na agenda governamental. 
Posteriormente são formuladas as políticas ou alternativas: definição ou 
rejeição das opções de políticas a serem assumidas. Num quarto momento é a vez do 
processo de tomada de decisão, entre as várias possibilidades, ou seja, o que se irá fazer. 
Dando continuidade às políticas são implementadas, postas em prática, através de vários 
programas e projetos e finalmente, após certo período de sua implantação podem ser 
avaliadas. 
Esses passos são ilustrados da seguinte forma:
• problema;
• agenda;
ATIVIDADE 1
PPEDU – 7
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
• formulação;
• decisão;
• implementação; e
• avaliação.
Todas as etapas podem estar relacionadas às políticas implementadas na 
esfera federal, estadual ou municipal e são desenvolvidas de forma isolada ou integrada. 
Exemplos: esfera federal: Programa Bolsa Família e Fome Zero são desenvolvidos de 
forma integrada com Estados e Municípios. Na esfera municipal temos como exemplos os 
projetos de lenviados à Câmara Municipal para aprovações (CALDAS, 2005, p.23). 
Políticas educacionais
Agora que abordamos sobre as políticas públicas, podemos traças algumas 
considerações sobre a política educacional. Comovimos anteriormente, esta é uma das 
políticas públicas e por estar interrelacionada com as necessidades sociais da população, 
podemos dizer que ela possui então caráter social, uma modalidade das políticas sociais.
Assim podemos conceituar políticas educacionais como:
[...] processo permanente de enriquecimento de conhecimento, do 
saber fazer, mas também e talvez em primeiro lugar, como uma via 
privilegiada de construção da própria pessoa, das relações entre indi-
víduos, grupos e nações. (UNESCO, 2007, p.12).
As políticas educacionais deveriam ter 
como base esse conceito elaborado pela Comissão 
Internacional sobre a educação. Entretanto, 
historicamente no Brasil, a educação foi sempre 
considerada como centralidade no discurso das 
políticas, porém deixadas como uma das últimas 
prioridades sociais nos planos governamentais. 
Libâneo, Oliveira e Toschi (2005, p.130) 
apontam que a história da estrutura e da organização de ensino reflete as condições 
socioeconômicas e o cenário político do país. Iremos aprofundar posteriormente esse 
assunto, mas é interessante pontuarmos alguns aspectos de nossa história para 
compreender as políticas educacionais.
Os autores apontam que a Revolução de 1930 representou a consolidação 
do capitalismo industrial no Brasil e foi determinante para o desenvolvimento do ensino no 
país. Posteriormente, intensificou o número das escolas primárias, secundárias, criou o 
Ministério da Educação e Saúde Pública e assim, sucessivamente, outros governos e várias 
PPEDU – 8
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 1
políticas educacionais e reformas de ensino utilizadas como importante instrumento que o 
Estado possuía de persuasão. 
As reformas de ensino nos anos de 1930 reproduziam e modernizavam as 
”elites”. No regime militar como forma de construção do capital humano, mas claro tendo 
como pano de fundo a preservação da segurança nacional. No final dos anos 70 e início 
dos anos 80, com a retomada da democracia, da reconquista dos espaços políticos, o 
Estado reconhece a falência da política educacional.
Com a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 
(estabelece as diretrizes e bases da educação nacional), a educação e a qualidade de 
ensino assumem nova conotação, uma proposta neoconservadora e que inclui a qualidade 
da formação do trabalhador. Entretanto, uma educação voltada para as necessidades da 
produção e dos serviços, ou seja, voltada para o mercado e não para as reais necessidades 
do trabalhador. Por sua vez, o Estado afasta-se de seu papel de provedor dos serviços 
públicos como saúde e educação. Este é o modelo instalado e que descaracteriza o papel 
social da escola, como um espaço para formar cidadãos partícipes da vida social.
A educação tem sido considerada como instrumento essencial para o 
desenvolvimento pessoal, social, econômico e cultural das pessoas. Ao longo de nossa 
história leis foram criadas como “todo cidadão brasileiro deve ter acesso à educação...”, 
mas essas, não são efetivadas, e ainda grandes parcelas de adultos, jovens e crianças 
não foram sequer alfabetizadas. A escola pública não consegue atender a todos e a escola 
privada destinada a quem pode arcar com seus custos. 
Temos no Brasil, desde a aprovação da Lei 9.394/96, uma política 
educacional com princípios norteadores como descentralização, qualidade, eficiência e 
equidade, porém os mesmos apesar de garantidos não são efetivados. Os atores políticos 
mobilizados poderão contribuir, e assim juntos mudarmos nossa história. 
REFERÊNCIAS 
CALDAS, R.; CRESTANA, S. Políticas públicas municipais de apoio às micro e pequenas 
empresas. São Paulo: SEBRAE, 2005.
FRIGOTTO, G. Educação e crise do capitalismo real. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e 
organização. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2005.
OLIVEIRA, M. N. As políticas educacionais no contexto da globalização. Ilhéus: Editus,1999.
SAVIANI. D. Da nova LDB ao novo plano nacional de educação: por uma outra 
política educacional. 4. ed. São Paulo: autores associados, 2002. (Coleção Educação 
Contemporânea).
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir: relatório para a Unesco da Comissão 
internacional sobre educação para o século XXI.10. ed. São Paulo: Cortez, 
PPEDU – 9
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 2A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO CONTEXTO SOCIETÁRIO 
OBJETIVOS
Conhecer a educação escolar e seu papel frente às transformações 
econômicas, políticas, sociais e culturais na contemporaneidade. Refletir sobre a escola 
como um espaço privilegiado para formar cidadãos participantes da vida social.
TEXTO
Como referimos anteriormente, ao longo de sua história a educação vem 
sendo questionada e com ela o papel da escola frente às transformações ocorridas no 
mundo contemporâneo.
As indagações se intensificaram, com os avanços tecnológicos, da 
reestruturação do modelo de produção, da compreensão do papel do Estado, das 
modificações nele operada, das modificações no sistema financeiro, na organização do 
trabalho e nos hábitos de consumo. A esse conjunto de transformações chamamos de 
globalização (LIBÂNEO, OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.51).
As mudanças ocasionaram impactos 
econômicos, socioculturais em escala mundial, cujos efeitos 
têm contribuído para um cenário ora ameaçador, ora de 
expectativas positivas de um futuro melhor, ora avassalador.
Assim, os acontecimentos do mundo atual 
alteram o contexto e a escola de várias formas e podemos 
apontar algumas: 
• exigências quanto à formação de um novo 
tipo de trabalhador, flexível, polivalente, com a valorização da educação 
formadora de novas habilidades cognitivas e de competências sociais e 
pessoais;
• as mudanças conduzem a escola enquanto um espaço privilegiado 
de formação, ser mais compatível com os interesses do mercado, 
modificando seus objetivos e claro suas prioridades;
• os valores, crenças e necessidades são direcionados para a lógica 
neoliberal;
• as escolas são obrigadas a alterar suas práticas em função do avanço 
tecnológico, dos meios de comunicação e da introdução da informática;
• conseqüentemente os educadores modificam suas atitudes no trabalho 
da docência, afinal os meios de comunicação e os recursos tecnológicos 
são muito motivadores. 
PPEDU – 10
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 2
Na revolução tecnológica (comunicação, interconectividade e a quebra de 
conhecimentos) o saber e a ciência assumem papel de destaque. Nesse contexto, as 
pessoas aprendem na rua, na fábrica, em casa, nos escritórios, nos vídeos, no computador, 
pela internet e em outros espaços de aprendizagens, que não param de crescer. 
Então, a instituição escola não é considerada o único meio 
ou o meio mais eficaz e ágil de socialização dos conhecimentos técnico-
científicos e de desenvolvimento de competências requeridas para a 
vida cotidiana. A escola vivencia momentos de tensão na redefinição de 
seus papéis, mas, isso não significa o seu fim ou o início do processo de 
desescolarização da sociedade. (LIBÂNEO, OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, 
p.52).
Assim, os autores consideram em seus estudos que a escola, atualmente, 
precisa junto com outras modalidades de educação não formal, informal e profissional 
articular-se e integrar-se a elas, visando à formação de cidadãos mais qualificados e 
preparados para um novo contexto. 
 Educar contra-ideologicamente não pode prescindir do desenvolvi-
mento da capacidade crítica, que só pode ser construída pela difusão 
do conhecimento científico e filosófico. A tarefa essencial da educação 
passa a ser a construção da cidadania, contribuindo para a construção 
de uma humanidade renovada. Essa educação só poderá ser empre-
endida com o investimento num grande qualificado sistema público 
de ensino, reforçando a importânciado público como sentido do bem 
comum efetivamente universal. (SEVERINO, 2006, apud CADERNO 
DE SAÚDE PÚBLICA, 2007, p. 198).
Então o ensino escolar deverá contribuir para 
formas pessoas que possam pensar criticamente de 
maneira ampla e global, no contexto das transformações 
societárias e formar cidadãos éticos e solidários.
É preciso então pensar o papel da escola, porém 
é necessário levar em consideração questões relevantes. 
Entre essas, destacamos que as transformações ocorridas 
alteram o sistema capitalista e seus objetivos e para permanecer hegemônico reorganiza 
o modo de produção, elimina barreiras comerciais com a idéia de que vivemos em uma 
grande aldeia global. Seu fortalecimento contribui com o poder das nações ricas e submete 
os países mais pobres à dependência.
Mas... o que isso tudo influência na educação escolar?
Na formulação e implementação das políticas educacionais. Os países ricos 
realizam as reformas educacionais submetendo a escolarização às exigências da produção 
e o mercado, dentro dos objetivos lógicos do capital. Nos países pobres a incorporação 
PPEDU – 11
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 2
de diretrizes e linhas das políticas educacionais é definida por organismos internacionais 
como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Os países menos desenvolvidos 
então, na dependência financeira dessas referidas organizações submetem-se. 
Adrioli (2008) relata em seus estudos um trecho da apresentação de Shahid 
Husain, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, na 5ª. Reunião 
do Comitê Regional Intergovernamental do Projeto Principal de Educação para a América 
Latina e o Caribe, realizada em Santiago do Chile, entre 8 e 11 de junho de 1993. “Para nós, 
não há maior prioridade na América Latina do que a educação entre 1987 e 1992 nosso 
programa anual de empréstimos para a educação na América Latina e o Caribe aumentou 
de 85 para 780 milhões de dólares, e antecipamos outro aumento para mil milhões em 1994”.
E acrescenta:
Porém, não vamos nos iludir pensando que a grande tarefa dos me-
canismos internacionais a serviço do capital é financiar a educação. 
Conforme análise de Sérgio Haddad, o principal meio de intervenção 
é a pressão sobre países devedores e a imposição de suas “assesso-
rias”: A contribuição mais importante do Banco Mundial deve ser seu 
trabalho de assessoria, concebido para ajudar os governos a desenvol-
ver políticas educativas adequadas às especificidades de seus países. 
[...] O Banco Mundial é a principal fonte de assessoramento da política 
educativa, e outras agências seguem cada vez mais sua liderança.
Esses “organismos ainda enfatizam a idéia do mercado como princípio 
fundador, unificador e autoregulador da sociedade global competitiva”. (LIBÂNEO, 
OLIVEIRA;TOSCHI, 2005, p.58) 
Muitas dessas organizações divulgam a idéia que o livre mercado é capaz de 
solucionar as dificuldades sociais do mundo. Os estudiosos reforçam que o mercado não 
possui esse poder, muito pelo contrário, ele opera por exclusão, em busca do lucro. 
Em decorrência desse contexto abordado, no Brasil, o discurso volta-se 
para a modernização educativa, diversificação, flexibilidade e eficiência. A qualidade dos 
sistemas educativos, da escola, do ensino na ótica das reformas neoliberais, ou seja, 
adequando às exigências do mercado.
Resumidamente podemos enfatizar que as transformações societárias 
alteraram o universo das políticas educacionais e com ela o papel da educação escolar, 
mas precisamos acima de tudo refletir que “limitar uma mudança educacional radical 
às margens corretivas interesseiras do capital significa abandonar de uma só vez, 
conscientemente ou não, o objetivo de uma transformação social qualitativa.” (MÉSZÁROS, 
2005, p.27).
Este autor acrescenta então “que é necessário romper com a lógica do 
capital se quiser contemplar a criação de uma alternativa educacional significativamente 
diferente”, perseguindo de forma planejada e consistente estratégias para romper com o 
PPEDU – 12
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 2
controle exercido pelo capital, através dos meios disponíveis e com meios a serem criados, 
direcionados então para esse objetivo da transformação social qualitativa.
REFERÊNCIAS
ADRIOLI, A. I. As políticas educacionais no contexto do neoliberalismo. Disponível em: <http://
www.espacoacademico.com.br/013/13andrioli.htm >. Acesso em: 20 out. 2008.
FRANÇA, J. C.; NEVES, L. M. W. (Orgs.). Rio de Janeiro: Fiocruz; 2006. Resenhas Book 
Reviews. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, ano 8, p.1.976-1.984, ago. 2007. 
Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n8/27.pdf.> Acesso em: 20 out. 2008. 
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e 
organização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. Tradução de Isa Tavares. São Paulo: 
Boimtempo, 2005. 
ANOTAÇÕES
PPEDU – 13
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 3SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO
OBJETIVOS
Compreender a política educacional como uma das políticas públicas. 
Conhecer a educação escolar e seu papel frente às transformações econômicas, políticas, 
sociais e culturais na contemporaneidade.
TEXTO
As atividades desenvolvidas por uma coletividade estão inseridas em toda a 
dinâmica da vida social: na defesa das pessoas em uma comunidade. A realização ações visa 
a preservação da sociedade e o bem estar da população: o bem comum, ou interesse público.
Somos administrados pelos governos 
representados na organização política brasileira e estes são 
os responsáveis pela implementação das políticas públicas.
Esse termo política pública é muito debatido 
no âmbito das ciências sociais e quer dizer: conjunto 
de decisões e ações de um governo para solucionar 
problemas que em um dado momento, os cidadãos e o 
próprio governo de uma determinada comunidade acham prioritário.
Não se formulam, implementam e avaliam as políticas sem a força expressiva 
do atores políticos que podemos subdividi-los em público e privado.
Assim, todos nós somos importantes como cidadãos na tomada de decisão 
de uma política: quer seja ela educacional, social, ambiental, entre outras, pois elas 
precisam atender as reais necessidades sociais do povo.
Dando continuidade aos estudos enfatizamos as políticas educacionais, que 
por estar inter-relacionada com as necessidades sociais da população, podemos dizer que 
ela possui então caráter social, uma modalidade das políticas sociais.
Em todo o percurso histórico da educação em nosso país, a educação 
sempre esteve como dimensão prioritária dos planos governamentais, porém é relegada 
aos últimos lugares em termos de política setorial. 
Os princípios legais (Lei 9.394/96) como descentralização, qualidade, 
eficiência e equidade são garantidos, mas não efetivados. Os atores políticos mobilizados 
poderão contribuir e, assim, juntos mudar nossa história. 
A educação vem sendo questionada e com ela o papel da escola frente às 
transformações ocorridas no mundo contemporâneo. 
As mudanças ocorridas no cenário – processo de globalização – 
ocasionaram impactos econômicos, socioculturais em escala mundial, cujos efeitos 
PPEDU – 14
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 3
contribuem para um panorama ora ameaçador, ora de expectativas positivas de um futuro 
melhor, ora avassalador.
Na revolução tecnológica (comunicação; interconectividade e a quebra de 
conhecimentos) o saber e a ciência assumem papel de destaque. Nesse contexto, as 
pessoas aprendem na rua, na fábrica, em casa, nos escritórios, nos vídeos, no computador, 
pela internet e em outros espaços de aprendizagens, que não param de crescer.
 Então, a instituição escola não é considerada o único meio ou o 
meio mais eficaz e ágil desocialização dos conhecimentos técnico-científicos e de 
desenvolvimento de competências requeridas para a vida cotidiana. 
O mundo tem exigido cada vez mais respostas do sistema educacional frente 
às exigências impostas pelas políticas neoliberais e pela globalização.
As transformações societárias alteraram o universo das políticas 
educacionais e com ela o papel da educação escolar, mas precisamos acima de tudo 
refletir que limitar uma mudança educacional radical às margens corretivas interesseiras 
do capital significa abandonar de uma só vez, conscientemente ou não, o objetivo de uma 
transformação social qualitativa. (MÉSZÁROS, 2005, p.27).
O autor (2005, p.27) acrescenta então “que é necessário romper com a lógica 
do capital se quiser contemplar a criação de uma alternativa educacional significativamente 
diferente”, perseguindo de forma planejada e consistente estratégias para romper com o 
controle exercido pelo capital, através dos meios disponíveis e com meios a serem criados, 
direcionados então para esse objetivo da transformação social qualitativa.
ANOTAÇÕES
PPEDU – 15
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 4AS REFORMAS EDUCACIONAIS, OS PLANOS 
E POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO 
OBJETIVOS
Conhecer a trajetória das políticas e dos planos educacionais brasileiros. 
Refletir sobre as reformas educativas implantadas no país nas últimas décadas.
TEXTO
As primeiras experiências das políticas e planos educacionais
O processo de organização do sistema educacional brasileiro inicia-se na 
década de 30, do século XX, em um amplo processo de mudanças no contexto político e 
econômico do país, em virtude da substituição do modelo econômico agrário pelo modelo 
industrial.
Segundo Romanelli (1978) novas aspirações 
educacionais foram advindas da implantação do capitalismo 
industrial em razão das condições mínimas de escolaridade da 
população para a inserção no mercado. A industrialização no 
país fez surgir o aparecimento de novas demandas educacionais. 
Em 1930 criou-se o Ministério da Educação e Saúde Pública, 
caracterizando um período centralizador da organização 
da educação mantendo o formato elitista e conservador da 
educação nacional. Shiroma et al. (2002) afirma que com a criação do Ministério foi 
conferido à União o poder para exercer a tutela sobre os vários domínios do ensino no país. 
Com o Manifesto dos Pioneiros, em 1932, houve um amplo movimento da sociedade civil 
para construção da escola democrática que pudesse romper com a herança conservadora 
do sistema educacional. 
Segundo Azanha (1998), o Manifesto dos Pioneiros da Educação pode ser 
caracterizado como primeira iniciativa de elaboração de um plano de educação para o país, 
reconhecendo a educação como um problema nacional.
Nos anos seguintes houve iniciativas e discussões importantes sobre as 
estruturas e organização do sistema de ensino focados nos aspectos de centralização/ 
descentralização;qualidade/quantidade;público/privado. (LIBÂNEO; OLIVEIRA;TOSCHI, 
2005, p.130). 
As políticas e planos educacionais entre as décadas de 50 e 70
O desenvolvimento industrial nos anos 50 e 60 determinou o incentivo do 
ensino técnico-profissional. No ano de 1962 elaborou-se o primeiro Plano Nacional de 
PPEDU – 16
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 4
Educação de acordo com os dispositivos da Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação de 1961. Tanto o mesmo 
como os planos que o sucederam não efetivaram as 
mudanças necessárias na educação brasileira revelando 
que a educação nunca foi prioridade nas propostas 
governamentais. Podemos avaliar que a trajetória dos 
planos educacionais no país expressa a somatória de 
sucessivos planos não executados em razão da sucessão de governos.
Nos anos 70, com o processo de democratização do país, houve novos 
questionamentos em relação à política educacional brasileira, destacando-se a questão da 
privatização da escola pública e a municipalização do ensino.
Os anos 90 e as novas demandas 
Nos anos 90 as reformas educativas pautaram-
se nas exigências do mercado competitivo impulsionado pela 
globalização e pelas políticas neoliberais. A política educacional 
assume o discurso na modernização e da qualidade tendo 
como foco a atenção à escola e ao ensino fundamental. 
Conforme Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), algumas ações 
governamentais caracterizaram as políticas pautadas para a 
modernização, qualidade e descentralização do ensino, como 
exemplo, os kits eletrônicos para as escolas, livros didáticos, 
avaliação externa, currículo nacional e recursos financeiros. Os 
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) também marcaram o quadro dessas ações. 
Os autores ressaltam que o aspecto da descentralização da educação escolar foi mais no 
sentido das responsabilidades, permanecendo o poder de decisões centralizado na União.
Como discutimos nas atividades anteriores as políticas neoliberais e a 
globalização afetaram vários setores da sociedade, dentre eles a educação.
A contextualização das reformas das políticas educacionais no país implica a 
compreensão da recomposição do sistema capitalista, nas últimas décadas do século XX. Tais 
reformas expressam a seguinte tendência: “novos tempos requerem nova qualidade educativa, 
implicando mudanças no currículo, na gestão educacional, na avaliação dos sistemas e na 
profissionalização dos professores”. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.35)
Vejamos um breve estudo sobre as ações dos governos brasileiros, a partir 
da década de 90, no tocante às transformações na política educacional do país. 
Foi no governo Collor (1990) que o Brasil tornou-se signatário dos acordos 
internacionais para impulsionar a educação, em especial a educação básica, nos países 
do terceiro mundo. O marco desses eventos foi a Conferência Mundial de Educação para 
PPEDU – 17
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 4
Todos, em Jomtien, na Tailândia, organizada pela Organização das Nações Unidas para a 
Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
No governo Itamar Franco, em 1993, foi elaborado o 
Plano Decenal de Educação para Todos, que não saiu do papel. Com a substituição do 
governo de Fernando Henrique Cardoso, os propósitos estabelecidos pelo Plano Decenal 
foram substituídos por novas ações alinhadas às demandas do mercado e às novas 
ordens dos organismos financeiros internacionais como o Banco Mundial (BM) e o Fundo 
Monetário Internacional (FMI). Em 1996 é promulgada no país a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional, Lei 9.394/96.
Também no governo de Fernando Henrique Cardoso foi apresentado e 
aprovado em 2001 o Plano Nacional de Educação, elaborado pelo Instituto Nacional de 
Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). O PNE, Lei 10.172, tem duração de dez anos e 
prescreve sobre objetivos e metas para todas as modalidades de ensino do país. Conforme 
Libâneo, Oliveira e Toschi (2005, p.159), o PNE apresenta em síntese os seguintes objetivos:
1. elaboração global do nível de escolaridade da população;
2. melhoria da qualidade de ensino em todos os níveis;
3. redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso à 
escola pública e à permanência, com sucesso, nela;
4. a democratização da gestão do ensino público nos estabelecimentos 
oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais 
da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e da 
participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares 
equivalentes.
Com o governo Lula, a partir de 2003, foi elaborado 
o programa “Uma Escola do Tamanho do Brasil” tendo como 
diretrizes gerais a democratização do acesso e a garantia de 
permanência da criança na escola; a qualidade social da educação 
e a instauração do regime de colaboração e da democratização da 
gestão escolar.
REFERÊNCIAS 
AZANHA, J. M. P. Planos e políticas de educação no Brasil:alguns pontos para reflexão. 
GUALBERTO, J.C.M. (Org.). Estrutura e funcionamento da educação básica. São Paulo: 
Pioneira, 1998.
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e 
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 4
organização. São Paulo: Cortez, 2005 (Coleção Docência em Formação).
ROMANELLI, O. de O. História da educação no Brasil (1930-1973). Petrópolis: Vozes,1978.
SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M.; EVANGELISTA, O. Política educacional. Rio de Janeiro: 
DP&A, 2002.
ANOTAÇÕES
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 5OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS E A 
POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA 
OBJETIVOS
Conhecer os documentos e acordos internacionais que redesenharam a 
política educacional brasileira na década de 90. Compreender a influência dos organismos 
internacionais nas políticas educacionais, na gestão da escola e na atuação docente.
TEXTO
Conferência mundial de educação para todos
No ano de 1990 foi realizado em Jomtien, 
na Tailândia, a Conferência Mundial de Educação para 
Todos, financiada pela UNESCO (Organização das 
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), 
UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), PNUD 
(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e 
Banco Mundial. Participaram da conferência de 155 países, 
agências internacionais, organismos não governamentais 
e personagens destacadas no plano educacional. Os 
governos presentes assumiram o compromisso político com a educação básica de qualidade 
às crianças, jovens e adultos.
 Conforme afirma Shiroma et al. (2002 p. 58), a conferência propagou a idéias 
de que a educação deveria proporcionar condições para o atendimento das necessidades 
básicas de aprendizagem dos educandos em sete situações: 1) sobrevivência; 2) o 
desenvolvimento pleno de suas capacidades; 3) uma vida e um trabalho dignos; 4) uma 
participação plena no desenvolvimento; 5) a melhoria da qualidade de vida; 6) a tomada de 
decisões informadas e 7) a possibilidade de continuar aprendendo. 
Os dados revelados na conferência apresentavam índices assustadores em 
relação à educação mundial: 100 milhões de crianças de crianças fora da escola e mais de 
900 milhões de analfabetos no mundo.
Um grupo de nove países apresentando a maior taxa de analfabetismo 
o mundo, a saber: Bangladesh, Brasil, China, Egito, Índia, Indonésia, México, Nigéria 
e Paquistão, tornaram-se signatários da Carta, responsabilizando-se pelos seguintes 
procedimentos em suas políticas educacionais:
1. promover um contexto de políticas de apoio no âmbito econômico, social 
e cultural;
2. mobilizar recursos financeiros, público, privados e voluntários 
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 5
reconhecendo que o tempo, a energia e o financiamento dirigidos à 
educação básica consistem o mais profundo investimento que se possa 
fazer na população e no futuro de um país; e
3. fortalecer a solidariedade internacional, promovendo relações 
econômicas justas e eqüitativas para corrigir as disparidades econômicas 
entre nações, priorizando o apoio aos países menos desenvolvidos e de 
menores ingressos e eliminando os conflitos e contendas a fim de garantir 
um clima de paz. (SHIROMA et al., 2002, p.61)
Os lemas da CEPAL: cidadania, competitividade e igualdade
 Em 1990 o documento da CEPAL (Comissão Econômica para a América 
Latina e Caribe) alertava sobre a urgência de coligação dos sistemas educativos ao sistema 
produtivo. Segundo o documento as reformas no ensino na educação básica deveriam 
atender a versatilidade, capacidade de inovação, flexibilidade para se captar as novas 
tarefas e habilidade como cálculo, ordenamento de prioridades e clareza na exposição. 
(SHIROMA et al., 2002, p.63)
O documento do CEPAL pautava-se nos objetivos de cidadania e 
competitividade e igualdade e eficiência.
Conforme as idéias propagadas pela CEPAL, a escola deveria preparar para 
a moderna cidadania, oportunizando a universalização ao menos do ensino fundamental 
e permitindo aos educandos desenvolverem conhecimentos e destrezas necessárias à 
sociedade produtiva. De acordo com Shiroma et al. (2002), as propostas apresentadas no 
documento ressaltam a mudança de um Estado administrador para um Estado avaliador, 
incentivador e gerador de políticas.
 
A Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI 
A Organização das Nações Unidas para a Educação a 
Ciência e Cultura reuniu especialistas do mundo todo, no período 
de 1993 a 1996, coordenados pelo francês Jacques Delors para o 
estudo dos problemas educacionais existentes no cenário mundial. 
O resultado foi o documento instituído Relatório “Delors”, que tece 
comentários aos impactos da globalização na sociedade mundial e 
apresenta os desafios da educação para o século XXI. 
A educação é apresentada como “trunfo” para a 
“paz, liberdade e justiça social”, instância capaz de favorecer o 
desenvolvimento humano mais harmonioso e autêntico, podendo, 
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 5
ainda, fazer “recuar a pobreza, a exclusão social, as incompreensões, as opressões e as 
guerras”. (SHIROMA et al., 2002, p. 66).
O documento assinala, ainda, três desafios para a educação no século XXI:
• ingresso de todos os países no campo da ciência e da tecnologia;
• adaptação das várias culturas e modernização das mentalidades à 
sociedade da informação; e
• viver democraticamente, ou seja, viver em comunidade.
O destaque neste documento é em relação ao novo conceito de educação 
enquanto “educação ao longo da vida”, o qual deveria ser alcançado a partir de quatro tipos de 
aprendizagem: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser, e aprender a viver junto.
Em virtude da precariedade dos níveis de escolarização básica por grande 
parte da população do mundo o documento preconiza a educação básica dos 3 aos 12 anos, 
com conteúdo universal, dirigido com especial atenção às mulheres, populações rurais, 
pobres urbanos, minoria étnicas e crianças que trabalham.(SHIROMA et al., 2002, p.67)
O Banco Mundial e as políticas educacionais
Em 1995 o Banco Mundial (BM), organismo 
multilateral de financiamento elabora o documento “Prioridade y 
para la Educacion” que ao analisar a política educacional de alguns 
países, propõe eliminar o analfabetismo e aumentar a eficácia e 
rendimento do ensino.O documento discute, também, a questão do 
financiamento da educação, propondo a redefinição das funções 
do governo na busca de novos recursos. O foco das propostas do 
BM é o investimento na educação básica elencada como importante 
fator para o desenvolvimento econômico e a redução da pobreza.
Os investimentos do Banco Mundial na educação estão relacionados 
a estudos a respeito do custo/benefício em diversos países da América Latina, Ásia e 
África, dentre eles o Brasil, os quais apontam a relação entre ganhos ao longo da vida e 
o nível de educação. Conforme estudos realizados, afirma-se que os investimentos no 
ensino fundamental apresentam maiores retornos do que nos demais níveis de ensino, o 
que justifica o foco das políticas educacionais no ensino fundamental com o propósito de 
produzir uma população alfabetizada e com conhecimentos básicos.
Para os estudiosos e críticos da educação, o BM reforça a visão da educação 
como um investimento econômico buscando transformá-la em um bem privado, em uma 
mercadoria, respaldada pela teoria do capital humano. Nesta perspectiva, a ênfase dada à 
competição e a forma como tem se dado a contratação no mercado de trabalho, onde só os 
mais qualificados são absorvidos, fomenta e aumenta o processo de exclusão social.
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 5
REFERÊNCIAS 
DECLARAÇÃO Mundial sobre educação para todos. Disponível em < http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/Declaracao_Jomtien.pdf.>. Acesso em: 21 out. 2008.
SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M.; EVANGELISTA, O. Política educacional. Rio de Janeiro: 
DP&A, 2002.
TORRES, R. M. Melhorar a qualidade da educação básica? As estratégias do Banco Mundial. 
TOMMASI, L.; WARDE, M.;HADDAD, S. (Orgs.). O Banco Mundial e as políticas educacionais. 
3. ed. São Paulo: Cortez, 1996. p.125-193.
ANOTAÇÕES
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 6SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO
OBJETIVO
Compreender a trajetória e a influência dos organismos internacionais na 
elaboração das políticas e planos educacionais no país.
TEXTO
 A industrialização no país, no início do século XX, fez surgir o aparecimento 
de novas demandas educacionais. No ano de 1930 criou-se o Ministério da Educação 
e Saúde Pública, caracterizando um período centralizador da organização da educação 
mantendo o formato elitista e conservador da educação nacional.
Segundo Azanha (1998), a primeira iniciativa de elaboração de um plano 
de educação para o país, foi em 1932, com a elaboração do Manifesto dos Pioneiros, 
reconhecendo a educação como um problema nacional.
Nos anos seguintes houve iniciativas e discussões importantes sobre as 
estruturas e organização do sistema de ensino focados nos aspectos de centralização/
descentralização; qualidade/quantidade; público/privado. No ano de 1962 elaborou-se o 
primeiro Plano Nacional de Educação de acordo com os dispositivos da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação de 1961. A história dos planos educacionais apresenta uma sucessão 
de planos, muitas vezes nem executados, em virtude da mudança de governo. Atualmente 
está em vigência o Plano Nacional de Educação, (PNE), elaborado em 2001, com um 
período de vigência de dez anos.
O marco para as mudanças nas políticas educacionais brasileiras, nos anos 
90, foi a Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em 1990, em Jomtien, na 
Tailândia.
Outros organismos e acordos internacionais foram determinantes nas 
reformas educacionais brasileiras entre eles: documento da CEPAL (Comissão Econômica 
para a América Latina e Caribe), a Comissão Internacional sobre a educação para o século 
XXI e o Banco Mundial. 
As reformas educativas pautaram-se nas exigências do mercado competitivo 
impulsionado pela globalização e pelas políticas neoliberais. A política educacional assume 
o discurso da modernização e da qualidade tendo como foco a atenção à escola e ao 
ensino fundamental. Dentre as ações governamentais que caracterizaram as políticas 
pautadas para a modernização, qualidade e descentralização do ensino, podemos citar:
• os kits eletrônicos para as escolas;
• livros didáticos;
• avaliações externas;
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 6
• currículo;
• recursos financeiros; e
• elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
A análise das reformas das políticas educacionais no país implica 
compreensão da recomposição do sistema capitalista, nas últimas décadas do século XX.
Podemos afirmar que as reformas educacionais expressam a seguinte 
tendência: “novos tempos requerem nova qualidade educativa, implicando mudanças no 
currículo, na gestão educacional, na avaliação dos sistemas e na profissionalização dos 
professores”. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.35)
ANOTAÇÕES
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ATIVIDADE 7SISTEMA DE ENSINO BRASILEIRO: ASPECTOS 
LEGAIS E ORGANIZACIONAIS
OBJETIVOS
Conhecer os aspectos legais e organizacionais do sistema educacional 
brasileiro. Refletir sobre as influências das políticas educacionais na organização do sistema 
educacional. Discutir os conceitos de estrutura e sistema educacional.
TEXTO
O conceito de sistema
Para iniciarmos a discussão sobre os aspectos legais e organizacionais que 
regem o sistema educacional brasileiro vamos compreender o conceito do sistema. 
Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2005, p.227),
no dicionário, a palavra sistema significa o conjunto de 
elementos , materiais ou idéias, entre os quais se possa 
encontrar ou definir alguma relação. [...] Disposição das 
partes ou de elementos de um todo, coordenados entre 
si que funcionam como estrutura organizada.[...] conjunto 
das instituições políticas e ou sociais, e dos métodos por 
elas adotados; encarados quer do ponto de vista teóricos 
quer do de sua aplicação prática, tal como o sistema de ensino.
Inicialmente poderíamos afirmar que o sistema de ensino é composto pelo 
conjunto de leis regidas sob a responsabilidade das instâncias federais, estaduais, ou 
municipais.
A complexidade do sistema educacional requer uma análise aprofundada 
da sua organização e funcionamento. É preciso compreender que todo sistema está 
interligado a outros sistemas. Dessa forma, não podemos analisar o sistema educacional 
desconsiderando as influências do sistema econômico e político do país.
Como temos estudado a análise das políticas educacionais na atualidade, há 
uma predominância das influências do setor econômico na educação.
Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), o sistema de ensino constitui-se de 
elementos materiais, ou seja, o conjunto de instituições de ensino e os ideais, configurados 
pelas leis e normas que regem as instituições educacionais.
Organização e funcionamento do sistema de ensino 
Para compreendermos a organização e funcionamento do sistema 
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 7
educacional poderemos recorrer à perspectiva funcionalista, 
considerado os seus aspectos estáticos, ou a dialética, na qual 
destaca-se o aspecto dinâmico do sistema. Estas análises ajudam os 
profissionais da educação a compreender a dimensão ética e política 
do exercício profissional no sistema educacional, pois poderão ser 
apenas meros executores das políticas educacionais, ou por meio 
de uma ação crítica e reflexiva buscar espaços para novas práticas 
docentes pautadas na construção de uma sociedade democrática.
O educador Dermeval Saviani defende a idéia da ausência de um sistema 
nacional de educação no país. Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), Saviani (1987) 
afirma ainda a necessidade de três condições básicas para a construção de um sistema 
educacional:
1. o conhecimento dos problemas educacionais de determinada solução 
histórico-geográfica;
2. o conhecimento das estruturas da realidade; e
3. a teoria da educação. 
 Em sua obra Educação brasileira, estrutura e sistema (2005), discute os 
conceitos de sistema e estrutura educacional, objetivando responder aos questionamentos 
sobre a existência do sistema educacional brasileiro.
Em relação à discussão da terminologia sistema e estrutura, o autor revela:
Portanto, embora se denomine a organização educacional 
brasileira de “sistema”, a verdade é que não existe sistema 
educacional no país. O que existe é estrutura. E é preciso que 
se tome consciência disso, pois é a partir das estruturas que se 
poderá construir o sistema. (SAVIANI, 2005, p.112).
Segundo Saviani (2005, p.80), sistema é a unidade de 
vários elementos intencionalmente reunidos, de modo a formar um 
conjunto coerente e operante podendo ser caracterizado pelos seguintes aspectos:
• intencionalidade;
• unidade;
• variedade;
• coerência interna; e
• coerência externa.
O autor assim define o sistema de ensino como um conjunto de instituições 
de ensino que, sem constituírem uma unidade ou primarem por um caráter coletivo, são 
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 7
interligados por normas, por leis educacionais e não por intencionalidade.” (LIBÂNEO; 
OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.235).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o sistema 
educacional brasileiro 
Tanto a atual LDB, Lei 9.394/96, como as outras duas que a antecederam, 
ou seja, a Lei 4.024,de 20 de dezembro de 1961 e a Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971, 
empregam o termo sistema de ensino referindo-se à administração do ensino nas esferas 
federal, estadual e municipal.
O sistema de ensino no país é regido pela Constituição Federal de 1988 e a 
Lei 9.394/96.
A Constituição Federal de 1988 adotou um modelo de descentralização 
e colaboração para a organização do sistema educacional brasileiro reiterado pela Lei 
9394/96. Conforme artigo 204, a educação é direito de todos, dever do Estado e da família. 
A responsabilidade do poder público com a educação será administrada pelas esferas da 
União, do Distrito Federal, do Estado e do Município.
A Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional, em seu artigo 3º, 
estabelece os princípios para da educação nacional:
Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o 
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na 
forma desta lei e da legislação dos sistemas de 
ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o 
trabalho e as práticas sociais.
O sistema de ensino brasileiro, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da 
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 7
Educação, em seus artigos 17,18 e 19, deve ser organizado sob regime de colaboração 
entre as três esferas administrativas.
A administração e articulação das três esferas são competências da União, 
por meio da Política Nacional de Educação. De acordo com as esferas administrativas 
temos os seguintes órgãos:
• federais: Ministério da Educação (MEC) e Conselho Nacional de 
Educação. 
• estaduais: Secretaria Estadual de Educação (SEE); Conselho Estadual 
de Educação (CEE) e Delegacia Regional de Ensino (DRE) ou 
Subsecretaria de Educação;
• municipais: Secretaria Municipal de Educação (SME), Conselho Municipal 
de Educação (CME).
REFERÊNCIAS 
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro 
de 1996. DOU, 23/12/96.
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e 
organização. São Paulo: Cortez, 2005. (Coleção Docência em Formação).
SAVIANI, D. A nova lei da educação: LDB, trajetória, limites e perspectivas. 6. ed. Campinas: 
Autores Associados, 2000. (Coleção Educação Contemporânea).
. Educação brasileira: estrutura e sistema. 9. ed. Campinas: Autores Associados, 
2005.
PPEDU – 29
PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 8DIRETRIZES E AÇÕES PARA O SISTEMA 
EDUCACIONAL BRASILEIRO NO SÉCULO XXI
OBJETIVOS
Conhecer as atuais diretrizes que regem o sistema educacional brasileiro e 
alguns planos e programas que direcionam a organização do sistema educacional brasileiro. 
Refletir sobre os desafios para a efetivação de um sistema educacional democrático.
TEXTO
Diretrizes gerais do sistema educacional brasileiro
 Como discutimos na unidade anterior a organização do sistema educacional 
brasileiro não pode ser compreendida sem a análise das condições sociais, políticas e 
econômicas de cada período histórico.
 Com as reformas educacionais e as legislações educacionais proclamadas 
a partir da década de 90, o sistema educacional brasileiro tem sido regido a partir de três 
diretrizes gerais:
1. democratização do acesso e garantia de permanência;
2. qualidade social da educação;
3. instauração do regime de colaboração e da democratização da gestão.
Vamos compreender melhor a dimensão e os propósitos de cada uma 
dessas diretrizes.
Democratização do acesso e garantia de permanência 
 O artigo 208 da Constituição federal de 1988 dispõe sobre a obrigatoriedade 
e gratuidade do ensino fundamental reconhecido enquanto direito público subjetivo.
Com o objetivo de universalizar o ensino fundamental foram implantadas 
ações no sentido de democratizar a educação, porém é importante que sejam pensadas 
nas estratégias que possam garantir a permanência das crianças na escola.
A história da educação brasileira apresenta um caráter excludente e elitista. 
A garantia da democratização do acesso na escola pública expressa o compromisso 
com as classes economicamente menos favorecidas e com as minorias. Requer também 
pensar na melhor distribuição dos recursos destinados aos investimentos no setor 
educacional, considerando as disparidades regionais em nosso país. Em 20 de junho 
de 2007 foi sancionada a Lei n.11.494/2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação 
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 8
(Fundeb). O Fundeb terá vigência até 2020 e, conforme dados do MEC, atenderá, a partir 
do 3º ano, 47 milhões de alunos da educação básica, contemplando creche, educação 
infantil, ensino fundamental e médio, educação especial e educação de jovens e adultos.
Qualidade social da educação
 A questão da qualidade refere-se à garantia da excelência de ensino e o 
atendimento às necessidades e interesses dos educandos. Para isso é preciso repensar a 
organização dos tempos e dos espaços nas escolas preocupando-se em eliminar a evasão 
e a repetência. Neste sentido destaque é dada a questão da formação docente, visto que, 
não se pode pensar na qualidade do ensino sem antes cuidar da qualidade da formação 
de seus profissionais. Com o propósito de garantia da qualidade do ensino no país foi 
implantado o sistema de avaliação nas instituições escolares, como exemplo, podemos citar 
o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). 
 A oferta de um ensino de qualidade está relacionada aos ideários de uma 
educação que promova a cidadania, considerando que quanto maior e melhor for o nível de 
escolaridade de um indivíduo, maiores oportunidades haverá de participação no mercado 
de trabalho e na sociedade.
A este respeito Libâneo, Oliveira e Toschi (2005) afirmam:
A questão é, antes ética –política uma vez que se processa na dis-
cussão dos direitos de cidadania para os excluídos.Por isso,ensino 
de qualidade para todos constitui mais do que nunca,dever do Estado 
em uma sociedade que se quer mais justa e democrática.(LIBÂNEO; 
OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.145)
 Regime de colaboração e gestão democrática 
Para a efetuação do regime de colaboração e gestão democrática, 
propagados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e pela Constituição 
Federal deverão ser encaminhadas algumas ações:
• instituir o sistema nacional de educação, normativo e deliberativo, para 
articular as ações educacionais da União dos Estados e dos Municípios;
• criar o Fórum Nacional de Educação para propor, avaliar e acompanhar 
a execução do Plano Nacional da Educação e de seus similiares em cada 
esfera administrativa;
• fortalecer os fóruns, os conselhos e as instâncias da educação, 
buscando sempre que possível ações integradas que evitem a 
fragmentação e a dispersão de recursos e esforços;
• estimular a instalação de processos constituintes escolares, bem como 
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PolíticAs PúBlicAs EducAcionAis
ATIVIDADE 8
do orçamento participativo, nas esferas do governo e nas unidades 
escolares;
• estabelecer normas de aplicação dos recursos federais, estaduais e 
municipais, com base na definição de um custo-qualidade por aluno;
• instituição do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento de Educação 
Básica (Fundeb).( LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI,2005, p.212).
Plano de Desenvolvimento da Educação
O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) foi lançado em abril de 
2007, pelo governo federal com o objetivo de melhorar a qualidade da educação básica 
brasileira, o que significa investir na educação profissional e na educação superior visto que 
elas estão direta ou indiretamente ligadas. Outro aspecto importante ressaltado pelo plano é 
a necessidade do envolvimento de pais, alunos, professores e gestores, em iniciativas que 
busquem o sucesso e a permanência do aluno na escola. 
 Dentre as medidas previstas pelo PDE podemos citar: a criação de uma 
avaliação para crianças dos seis aos oito anos de idade, atenção especial à alfabetização 
de jovens e adultos (a exemplo o Programa Brasil Alfabetizado), a criação de um piso 
salarial nacional dos professores (50% dos professores ganham menos de R$ 800 por 40 
horas de trabalho); a ampliação do acesso dos educadores à universidade; a instalação 
de laboratórios de informática em escolas rurais; a realização da Olimpíada de Língua 
Portuguesa, nos moldes da Olimpíada de Matemática; a garantia de acesso à energia 
elétrica para todas as escolas públicas; as melhorias no transporte escolar para os alunos 
residentes em áreas rurais e a qualificação da saúde do estudante .(BRASIL, 2007)
Para que você possa conhecer melhor o PDE, consulte o site do MEC: http://
www.mec.gov.br.
Todos pela educação 
Um grupo de lideranças da sociedade civil, em sintonia com órgãos como 
MEC, Consed (Conselho Nacional de Secretários da Educação) e Undime (União Nacional 
dos Dirigentes Municipais de Educação), lançou, também, em 2007, um movimento em 
defesa e promoção de uma educação de qualidade traçando objetivos e metas a serem 
alcançados até 2022, ano em que será comemorado 200 anos de independência do Brasil.
 O movimento “Todos pela Educação” lançou cinco metas e para melhor 
conhecê-las poderá acessar o site: http://www.todospelaeducacao.org.br/
Meta 1 – toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola.
Meta 2 – toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos.
Meta 3 – todo aluno com aprendizado adequado à sua série.
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ATIVIDADE 8
Meta 4 – todo jovem com ensino médio concluído até os 19 anos.
Meta 5 – investimento em educação ampliado e bem gerido.
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Plano de Desenvolvimento da Educação. 
Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 30 jun. 2007.
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e 
organização. São Paulo: Cortez, 2005. (Coleção Docência em Formação).
ANOTAÇÕES 
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ATIVIDADE 9SÍNTESE PARA AUTO-AVALIAÇÃO
OBJETIVO
Conhecer os aspectos legais e organizacionais do sistema educacional 
brasileiro e os desafios para a efetivação de um sistema educacional democrático no país.
TEXTO
A complexidade do sistema educacional requer uma análise aprofundada 
da sua organização e funcionamento. É preciso compreender que todo sistema está 
interligado a outros sistemas. Dessa forma, não podemos analisar o sistema educacional 
desconsiderando as influências do sistema econômico e político do país. Como temos 
estudado, a análise das políticas educacionais na atualidade revela a predominância das 
influências do setor econômico na educação.
Em função de algumas características do sistema 
educacional no país, o autor Dermeval Saviani afirma a não-existência 
de um sistema educacional brasileira e sim uma estrutura, a partir da 
organização administrativa das instâncias que compõem este sistema. 
Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2005), o sistema de 
ensino constitui-se de elementos materiais, ou seja, o conjunto de instituições de ensino e 
os ideais, configurados pelas leis e normas que regem as instituições educacionais.
O sistema de ensino no país é regido pela Constituição Federal de 1988 
e Lei 9.394/96. A Constituição Federal de 1988 adotou um modelo de descentralização 
e colaboração para a organização do sistema educacional brasileiro reiterado pela Lei 
9.394/96. Conforme artigo 204, a educação é um direito de todos e dever do Estado e da 
família. A responsabilidade do poder público com a educação será administrada pelas 
esferas da União, do Distrito Federal, do Estado e do Município.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em seus artigos (17, 18 e 19), reitera 
o regime de colaboração entre as três esferas administrativas, articuladas pela União.
Compõem as esferas administrativas os seguintes órgãos:
• federais: Ministério da Educação (MEC) e Conselho Nacional de 
Educação;
• estaduais: Secretaria Estadual de Educação (SEE); Conselho Estadual 
de Educação (CEE) e Delegacia Regional de Ensino (DRE) ou 
Subsecretaria de Educação; e
• municipais: Secretaria Municipal de Educação (SME), Conselho Municipal 
de Educação (CME).
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ATIVIDADE 9
 Com as reformas educacionais e as legislações educacionais proclamadas 
a partir da década de 90, o sistema educacional brasileiro tem sido regido a partir de três 
diretrizes gerais:
• democratização do acesso e garantia de permanência;
• qualidade social da educação; e
• instauração do regime de colaboração e da democratização da gestão.
Dentre as ações, programas governamentais e iniciativas da sociedade civil 
direcionados à melhoria da qualidade do sistema educacional brasileiro podemos destacar 
o Plano de Desenvolvimento da Educação e o Movimento Todos pela Educação, ambos 
lançados no ano de 2007.
ANOTAÇÕES
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ATIVIDADE 10A ESCOLA: FOCO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS 
OBJETIVOS
Compreender a relação entre a função social da escola e os determinantes 
sociais. Analisar as influências da política educacional na organização escolar. Refletir 
sobre as contradições e as possibilidades de mudança no espaço institucional da escola.
TEXTO
A escola e sua função social
A compreensão da trajetória das políticas 
educacionais no Brasil possibilita o entendimento da organização 
do sistema educacional e do caráter sóciopolítico da educação.
Nos últimos anos, especificamente posteriormente 
à década de 90, as políticas educacionais no país têm 
direcionado atenção especial à escola, reconhecida como 
importante espaço institucional para a concretização das metas 
do sistema escolar. 
A compreensão do cotidiano escolar favorece o entendimento do caminho e das 
transformações das políticas educacionais, desde a sua formulação até a sua implementação.
A escola enquanto instituição é datada historicamente estando seus fins 
e objetivos condicionados aos determinantes políticos, sociais, econômicos e culturais 
de cada contexto histórico. Embora tenha surgido especificamente para a transmissão 
sistematizada do saber, hoje, frente à sociedade de informação e do conhecimento, novas 
demandas são requeridas do projeto escolar, dentre elas a articulação entre educação e 
cidadania.
Mas qual o papel a ser desempenhado pela escola enquanto instituição 
educativa?
Libâneo (1986) recorre à história das tendências pedagógicas para analisar 
as funções sociais e políticas da escola revelando a possibilidade de coexistência dessas 
tendências, conforme os condicionantes sociais. O autor destaca que a escola é o lugar de 
ensino e difusão do conhecimento e instrumento para o acesso das camadas populares 
ao saber elaborado; e simultaneamente meio educativo de socialização no mundo social 
adulto.” (LIBÂNEO,1986, p.75).
A abordagem da tendência liberal ressalta a função da escola na transmissão 
da cultura e do saber sistematizado objetivando a preparação intelectual e moral dos alunos 
para assumirem determinadas posições na sociedade.
A tendência liberal renovada progressista, surgidano Estado Novo, concebe 
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ATIVIDADE 10
a escola enquanto um espaço no qual o aluno possa educar-
se ativamente por meio de uma ampla interação entre as 
estruturas cognitivas do indivíduo e as estruturas do ambiente.
A escola modeladora, com a função de 
preparar indivíduos competentes para o mercado de trabalho, 
é ressaltada pela tendência liberal tecnicista enquanto a 
tendência progressista reconhece que a função social da 
escola deverá estar articulada com a preparação do aluno 
para a vida em sociedade, fornecendo-lhe conhecimentos e vivências necessárias a uma 
participação ativa na sociedade.
No contexto social atual marcado pela globalização e pela sociedade da 
informação, a escola é chamada a redimensionar o seu papel e função social. Libâneo, 
Oliveira e Toschi (2005) apontam o seguinte quadro para a reestruturação do papel escola:
• promover o desenvolvimento das capacidades, operativas e sociais 
dos alunos (processos mentais estratégicos de aprendizagem e 
competências do pensamento critico por meio dos conteúdos escolares;
• promover as condições para o fortalecimento da subjetividade e 
da identidade cultural dos alunos, incluindo o desenvolvimento da 
criatividade, da sensibilidade, da imaginação;
• preparar para o trabalho e para sociedade tecnológica comunicacional 
implicando preparação tecnológica (saber tomar decisões, fazer análises 
globalizantes). Interpretar informações 
de toda natureza, ter atitude de pesquisa, 
saber trabalhar junto, etc.;
• formar para a cidadania crítica, isto é 
formar um cidadão trabalhador capaz de 
interferir criticamente na realidade para 
transformá-la e não apenas formar para 
integrar no mercado de trabalho;
• desenvolver a formação para valores 
éticos, isto é, formação de qualidades morais, traços de caráter, atitudes e 
convicções humanistas e humanitárias. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 
2005, p.53)
A escola e a formação para a cidadania 
 Dentre o quadro de novas demandas postas à educação e a escola está a 
formação para a cidadania. O que seria educar para a cidadania? Temos visto que muitos 
estudos e discussões têm trazido a questão da relação escola e cidadania. O contexto atual 
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ATIVIDADE 10
marcado pelo desenvolvimento acelerado do conhecimento e das tecnologias requer dos 
indivíduos novos saberes e novas formas de relacionamento na sociedade. A escola é o 
espaço tanto para a transmissão do saber como para o aprendizado das formas de viver 
em coletividade. Como a escola está desempenhando este papel? Estará oportunizando a 
todos um saber de qualidade capaz de promover as condições necessárias para a inserção 
dos indivíduos na sociedade tecnológica?
 Assim podemos entender a importância de novas metodologias na 
educação que garantam a qualidade e a participação ativa dos alunos no processo de 
ensino e aprendizagem. Cabe, ainda, ressaltar a importância para o aprendizado com 
as tecnologias, visto que, o exercício da cidadania implica capacidade de utilização das 
informações e transformações destas em conhecimento.
 Em relação à formação para a vivência em coletividade é fundamental que a 
escola seja um espaço para relações afetivas e democráticas, sem as quais os alunos não 
aprenderão o exercício da participação social.
 Será na escola que os alunos poderão aprender a lidar com as diferenças e a 
desenvolver os sentimentos de respeito, tolerância, solidariedade e justiça social.
 Dessa forma, a escola precisa de um clima organizacional que além de 
preparar para a cidadania possa construir a cidadania.
A escola: estrutura e funcionamento 
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96, 
as escolas classificam-se em públicas e privadas, sendo as últimas organizadas em quatro 
categorias: particulares, comunitárias, confessionais e/ou filantrópicas.
O artigo 12 da LDB estabelece como incumbências da escola:
I) elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II) administrar seu papel e seus recursos materiais e financeiros;
III) assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas aulas estabelecidas;
IV) velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V) promover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; e
VI) informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos 
alunos, bem como sobre a execução das suas propostas pedagógicas.
Por constituir-se em uma das instâncias da organização 
do sistema de ensino, grande parte das decisões no interior da escola 
são determinadas e decorrentes das formas organizativas deste sistema, 
pois, “as escolas situam-se entre as políticas educacionais, as diretrizes 
curriculares, as formas do sistema e as ações pedagógicas e didáticas da 
sala de aula.” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.296).
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ATIVIDADE 10
Para muitos educadores, os ditames burocráticos do sistema e as decisões 
externas à escola influenciam nas possibilidades e nos limites de sua profissão. Porém, a 
teoria histórica revela o caráter dialético da escola e a possibilidade de resistência ou diálogo 
com as políticas e diretrizes estabelecidas, permitindo aos sujeitos da escola coletivamente 
inovarem suas práticas buscando a construção de uma escola para os novos tempos.
REFERÊNCIAS 
LIBÂNEO, J.C. Democratização da escola pública e a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 
4. ed. São Paulo: Loyola,1986.
. et al. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2005. 
(Coleção Docência em Formação).
TRAGTENBERG, M. A escola como organização complexa.
Disponível em: < http://www.espacoacademico.com.br/012/12mt_1976.htm. >. Acesso em: 
20 out. 2008.
ANOTAÇÕES
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ATIVIDADE 11A GESTÃO DA ESCOLA E AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS
OBJETIVOS
Compreender a relação entre os objetivos da escola e as práticas de 
organização e gestão. Conhecer os propósitos da gestão educacional democrática. Refletir 
sobre o espaço da escola no quadro das agendas internacionais.
TEXTO
Objetivos da escola e as práticas de organização e gestão
O novo paradigma econômico, os avanços 
científicos e tecnológicos, a reestruturação do sistema de 
produção e as mudanças no mundo do conhecimento afetam a 
organização do trabalho e o perfil dos trabalhadores causando 
impactos no contexto escolar. A escola, como vimos, torna-se 
foco da política educacional devendo cumprir sua função social 
atrelada às demandas do mercado e à busca da inclusão dos 
indivíduos na sociedade.
Em relação ao mercado, espera-se que a escola cumpra o seu papel social do 
sentido de adequação de hábitos, costumes e habilidades para o mundo do trabalho e para o 
mercado de consumo (BONETI, 2004), favorecendo a homogeneização dos sujeitos sociais.
Segundo Coraggio (1998) apud Bonetti (2004), a escola, influenciada pelos 
organismos internacionais, dentre eles o Banco Mundial, deverá preocupar-se com a 
formação do sujeito útil (do ponto de vista do mercado consumidor e de mão-de-obra). 
 No cenário social caracterizado pela globalização e pelas políticas neoliberais, o 
papel da escola é trazido para o centro das políticas educacionais, em especial por acordos 
firmados com os organismos internacionais.
Novas diretrizes para o sistema educacional 
brasileiro e para o sistema escolar são decorrentes dos 
acordos firmados entre o governo brasileiro e os organismos 
internacionais, dentre eles a Conferência Mundial de Educação 
para Todos, realizada em Jomtien,Tailândia em 1990. Segundo 
Vieira (2005) outro documento relevante na construção de uma 
nova concepção de educação e da função social da escola 
é o Relatório Educação: um tesouro a descobrir, também conhecido por Relatório Jaques 
Delors, produzidopela Unesco. Neste documento são estabelecidos os princípios para a 
educação no século XXI: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos, 
aprender viver com os outros e aprender a ser.
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ATIVIDADE 11
O Plano Decenal de Educação para todos, 
promulgado em 1993, é um importante documento da política 
educacional brasileira, no qual retrata o papel da gestão escolar 
para efetivação das políticas educacionais. A Conferência Nacional 
de Educação para Todos (1996) destaca os objetivos da gestão 
escolar para o êxito e o crescimento humano das crianças 
e dos adolescentes. Segundo o relatório da Conferência, “A 
Construção dos projetos político- pedagógicos das escolas requer 
a descentralização e a democratização do processo de tomada de 
decisões e que a autonomia e a questão democrática da escola 
fazem parte do ato pedagógicos” (BRASIL,1996 apud VIEIRA, 2005, p.137).
 O foco na escola é traduzido pelos pressupostos do planejamento político-
estratégico, pelas idéias de autonomia escolar, pelo repasse de recursos financeiros, pelos 
programas de avaliação institucional e também pela criação de programas de formação de 
professores como, por exemplo, o Programa TV Escola.
 No quadro das diretrizes e legislações educacionais temos a divulgação 
dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) em 1998 e a promulgação da atual Lei de 
Diretrizes e Bases da Educacional Nacional, em 1996, Lei 9.394/96.
Para Vieira (2004, p.139), “progressivamente a escola foi conquistando um 
espaço na agenda das políticas educacionais. De quase esquecida, passa a ser a grande 
prioridade das intenções governamentais.”
A gestão escolar democrática
A gestão escolar é elencada como ponto chave para 
resolução dos problemas educacionais, ou seja, é entendida como 
importante mecanismo para efetivação da função social e político 
da escola, que é a formação para a cidadania.
O termo gestão é originado do latim (gestes-
ones) e significa gerir, gerência e administração. A gestão está 
relacionada à atividade que impulsiona uma organização a atingir 
seus objetivos, a cumprir sua formação e desempenhar seu papel 
constituindo-se de princípios e práticas coerentes (LIBÂNEO; 
OLIVEIRA; TOSCHI, 2005).
 O histórico da escola apresenta uma gestão centralizadora datada por 
formas autoritárias de convivência, mecanismos rígidos de controle burocrático dos tempos 
de trabalho e organização da relação de aprendizagem (AGUIAR; FERREIRA). A gestão 
educacional centrada na escola pode ser analisada sob duas perspectivas: a neoliberal e a 
sociocrítica.
 Conforme Libâneo et al. (2005):
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ATIVIDADE 11
Na perspectiva neoliberal, pôr a escola como centro das políticas sig-
nifica liberar boa parte das responsabilidades do Estado, deixando às 
comunidades a às escolas a iniciativa de planejar, organizar e avaliar os 
serviços educacionais. Já na perspectiva sociocrítica, a decisão signifi-
ca valorizas as ações concretas dos profissionais da escola que sejam 
decorrentes de sua iniciativa, de seus interesses, de suas interações 
(autonomia e participação), em razão do interesse público dos serviços 
educacionais prestados, sem, com isso, desobrigar o Estado de suas 
responsabilidades (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p.295).
 Para a concretização da gestão democrática na escola é preciso que sejam 
desenvolvidas a participação e a autonomia de todos no cenário escolar. A escola torna-
se assim um espaço organizacional capaz de produzir um processo educativo autônomo. 
Neste aspecto é relevante destacarmos algumas ações necessárias:
• as ações e responsabilidades devem ser assumidas pelo coletivo, assim 
o professor deve estar comprometido com o projeto da escola e não 
meramente com a sua matéria ou grupo de alunos;
• a direção da escola deve exercer a coordenação das diferenças,pois 
estas não devem ser negadas e sim trabalhadas no contexto escolar;
• as pessoas devem ser sujeitos ativos, pois a subserviência não favorece 
ao projeto pedagógico;
• os conflitos não devem ser negados, mas mediados dialeticamente;
• a informação e a comunicação precisam ser transparentes e 
disponibilizadas a todos;
• haver respeito profissional e relações interpessoais afetivas e de 
confiança. (BORDIGNOS; GRACINDO, 2004, p.72-73).
 É importante compreendermos que a maneira 
de condução da gestão escolar influenciará nos modos de 
agir e pensar das pessoas, em contrapartida estas também 
poderão influenciar na forma de gestão escolar. Esta relação 
demonstra que apesar da escola ser integrante das políticas 
públicas e educacionais, de serem influenciadas pelo sistema 
social e educacional, existem espaços para que os seus 
sujeitos possam, com autonomia e liberdade, contribuírem para 
novas formas de gestão tornando a escola um efetivo ambiente educativo para todos nela 
envolvidos.
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ATIVIDADE 11
REFERÊNCIAS 
BONETI, L. W. As políticas educacionais, a gestão da escola e a exclusão social. In: 
FERREIRA, N.S; AGUIAR, M.A. (Orgs.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e 
compromissos. São Paulo: Cortez, 2004.
BORDIGNON, G.; GRACINDO, R. V. Gestão da educação: o município e a escola. In: 
FERREIRA, N.S.; AGUIAR, M.A. (Orgs.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e 
compromissos. São Paulo: Cortez, 2004.
LIBÂNEO, J.C. et al. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 
2005. (Coleção Docência em Formação).
UNESCO. Educação: um tesouro a descobrir – relatório para a Unesco da Comissão 
Internacional sobre educação para o século XXI. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
VIEIRA, S. L. Escola – função social, gestão e política educacional. In: FERREIRA, N.S.; 
AGUIAR, M.A. (Orgs.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São 
Paulo: Cortez, 2004.
ANOTAÇÕES
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ATIVIDADE 12
OBJETIVO
Compreender a relação entre os objetivos da escola, as práticas de 
organização e gestão escolar e as políticas neoliberais.
TEXTO
 A escola, nas últimas décadas, sob influência das reformas educacionais, 
tem sido reconhecida como importante espaço institucional para a concretização das 
metas do sistema escolar. Dessa forma, a compreensão do cotidiano escolar favorece o 
entendimento do caminho e das transformações das políticas educacionais, desde a sua 
formulação até a sua implementação.
Enquanto instituição datada historicamente, a escola surgiu especificamente 
para a transmissão sistematizada do saber, porém, hoje, frente à sociedade da informação 
e do conhecimento novas demandas são requeridas ao projeto escolar, dentre elas a 
articulação entre educação e cidadania, o que implica qualidade dos conhecimentos 
transmitidos, como também aprendizado para a vivência em coletividade.
Libâneo, Oliveira e Toschi (2005) apontam o seguinte quadro para a 
reestruturação do papel escola:
• promover o desenvolvimento das capacidades, operativas e sociais dos 
alunos (processos mentais estratégicos de aprendizagens, competências 
do pensamento critico por meio dos conteúdos escolares;
• promover as condições para o fortalecimento da subjetividade e 
da identidade cultural dos alunos, incluindo o desenvolvimento da 
criatividade, da sensibilidade, da imaginação;
• preparar para o trabalho e para sociedade tecnológica comunicacional 
implicando preparação tecnológica (saber tomar decisões, fazer análises 
globalizantes). Interpretar informações de toda natureza, ter atitude de 
pesquisa, saber trabalhar junto etc.;
• formar para a cidadania crítica, isto é, formar um cidadão trabalhador 
capaz de interferir criticamente na realidade para transformá-la e não 
apenas formar para integrar no mercado de trabalho;
• desenvolver

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