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Introdução O presente trabalho discorre sobre o Plano Bresser, um dos muitos planos econômicos do Brasil. Sucessor do Plano Cruzado, decretado em 1987, pelo então Ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira, visava à estabilização da inflação que na época crescia consideravelmente, e de quebra, a recuperação do prestigio do governo que havia se perdido devido ao fracasso dos planos implantados anteriormente, tenta apresentar as causas do fracasso desse plano econômico, a solução vista por Bresser para o problema enfrentado, e as consequências acarretadas com o plano que afetou grande parte da população da época. Plano Bresser Segundo FERREIRA (2005), após o fracasso do Plano Cruzado e Plano Cruzado II, implantados em 1986 pelo governo de José Sarney, onde o primeiro plano, lançado em fevereiro, previa congelamento de preços, substituição do Cruzeiro pelo Cruzado e o reajuste salarial assim que a inflação atingir 20% ao mês, chamado de “gatilho” salarial, que ocasionou um aumento no consumo e por falta de incentivos à produção ocorreu que a procura superou a oferta e a não redução dos gastos do governo, resultando no retorno da inflação e o lançamento do segundo plano, em novembro do mesmo ano, descongelando os preços, aumentando os impostos e tarifas de alguns produtos. Ainda de acordo com FERREIRA (2005), Houve recuo nas exportações brasileiras e o ministro da fazenda Dílson Funaro decretou suspenção dos pagamentos dos juros da divida externa. Segundo CAMPOS (1999), com a moratória brasileira e o fracasso dos Planos Cruzados Funaro demitiu se e assumiu Luiz Carlos Bresser Pereira, o novo ministro elaborou em julho de 1987 o Plano Bresser onde estabelecia o congelamento dos preços por dois meses, criação da Unidade de Referencia de Preço (Indexação de preço), aumento dos impostos e o fim do “gatilho salarial”, o passo seguinte foi reatar as negociações com o FMI e a suspensão da moratória, Bresser retomou o pagamento dos juros da divida externa. O Plano Bresser era uma tentativa de controlar o processo inflacionário que crescia acelerado e juntamente com a perda de prestigio do governo. Efeitos do Plano Bresser: (Retirado da tabela 5.9 – Os Planos Cruzado e Bresser: Diferenças fundamentais, pg. 214) Área de demanda agregada: Compressão salarial; aumento da pressão fiscal; desmonetização gradual; oferta e demanda monetárias presumivelmente realinhadas, congelamento de curto prazo e mais flexível; Área de suprimento Inter setoriais: Ajustamento antecipado da estrutura relativa dos preços; reacomodação da estrutura da demanda agregada; negociação interindustriais sob menores constrangimentos; Área de déficit público: Correção prévia dos preços e tarifas públicas; redução ou supressão de subsídios e de dispêndios de capital; manutenção do estado-empresário; finanças públicas temporárias aliviadas; Área de politica e rendas: Manutenção da subordinação das autoridades monetárias às fiscais; déficit público preponderantemente coberto por operações do tesouro nacional; vinculação das contas do tesouro ao orçamento fiscal; Área de liquidez internacional: Reajuste de salários contingenciado: efeito espiral controlado; massa salarial sob pressões de baixa; efeitos distributivos não nulos: preservação de objetivos de acumulação; realinhamento da taxa de cambio; relação incremental cambio/salários superior a um; saldos comerciais subordinados aos objetivos da liquidez externa; iminente suspensão da moratória; Área de apoio popular: Apoio restrito a segmentos das classes A-B; quadro politico deteriorado, ameaçando o êxito do plano; Resultado do Plano Bresser Segundo ROSSETTI (1987) na ocasião dos Planos Cruzado, acreditava se em inflação inercial e realimentada, conceito este ensinado pelo Prof. Bresser Pereira. Eram adotas alternativas heterodoxas que procuravam bloquear os componentes inerciais da inflação como remarcação de preços, indexação de contratos, indexação de ativos financeiros quase monetários de alta liquidez e expectativas inflacionárias dos agentes econômicos, segundo SILVA (1990) as medidas tomadas eram chamadas de choques heterodoxos, no entanto, o Plano Bresser aplicaria mecanismos ortodoxos mantendo alguns traços heterodoxos como o congelamento de preços, porem, com maior flexibilidade sem pretensão de mantê-lo por longo prazo. De acordo com BOULOS JUNIOR (1995) o desabastecimento causado pelo aumento no consumo, devido à recuperação do poder de compra dos salários perdidos com o aumento da inflação, foi um sintoma da aplicação das medidas do Plano Cruzado que tinha controlado, temporariamente, a inflação, trouxe a novamente levando os comerciantes a pratica da cobrança de ágio e com o fracasso eminente deste plano o Plano Bresser vinha com metas positivas que poderia trazer bons resultados. Segundo o site ich.ufpel.edu.br (2013) as medidas propostas por Bresser Pereira foram elaboradas sob a perspectiva de um falso diagnóstico do que realmente tinha causado o fracasso do Plano Cruzado, e não seriam suficientes para controlar a inflação que continuava alta levando a diminuição na produção e do consumo, além disso, o plano carregava na bagagem a falta de sucesso do plano anterior, pelo desgaste sofrido pelo partido e pela moratória externa que reduziram as reservas públicas de U$$ 10 bilhões em janeiro para U$$ 3 bilhões em março. O plano fracassou, o ministro demitiu se, a inflação ficou abaixo de 10% até setembro voltando a subir nos meses seguintes, chegando a 16%. A inflação acumulada chegou a 400% ao ano, a taxa do PIB que chegou a 8% no ano anterior caiu para 2,9%. Conclusão Tanto os Planos Cruzado como o Plano Bresser foram elaborados sob a perspectiva de que a inflação tinha que ficar próxima de zero, o plano seguinte parecia ser uma nova versão do anterior e as medidas tomadas priorizavam a contenção dos agentes que supostamente a impulsionavam. Sabendo se hoje que é preciso certa taxa de inflação, nem muito alta nem muito baixa, que possa ser mantida sob controle ou estabilizada, a visão de inflação zero, talvez, tenha ocasionado o fracasso destes planos. REFERÊNCIAS Boulos Junior, Alfredo (1995) Livro Historia do Brasil: Império e Republica, volume 2, São Paulo, cap. 14, O Brasil atual, pág. 150 e 151, Editora: FTD S.A. Campos, Raymundo Carlos Bandeira (1999) Livro Estudos de Historia do Brasil - São Paulo, cap. 36, Democracia e Crise Econômica, pág. 308 a 310, Editora: Saraiva S.A Livreiros Editores. Ferreira, João Paulo Mesquita Hidalgo, (2005) Livro Nova Historia Integrada: ensino médio: volume único: manual do professor/João Paulo Mesquita Hidalgo Ferreira, Luiz Estevam de Oliveira Fernandes, 1ª edição, Campinas, SP, Companhia da escola, cap. 42, pág. 544 - A bancarrota da econômia: a "década perdida", Editora: FTD S.A. Planos Cruzado, Bresser e Verão, disponível em http://ich.ufpel.edu.br/economia/professores/mpassos/planoscruzadobresser everao.pdf, acesso em 07/09/2013 15h: 18min. Rossetti, José Pascoal (1987), Livro Politica e Programação Econômica, 7ª edição, São Paulo, cap. 3, A politica, A programação e os Sistemas Econômicos, Editora: Atlas S.A. Silva, Reynaldo Dias de Moraes e (1990), Livro Inflação o mal do século, Brasília, DF, cap. 4, Os choque heterodoxos: Plano Cruzado e Plano Bresser, pág. 190 a 197, Editora: Ariel Editora S.A.
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