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Analise terminável e interminável - Resenha

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1 
 
FREUD, Sigmund. Análise terminável e interminável (1937) in Obras Psicológicas 
Completas de SIGMUNDO FREUD. Rio de Janeiro: Imago, 1996. 
 
Resenha Crítica 
 
 Sigmund Freud escreveu o artigo “Análise terminável e interminável” no 
início do ano de 1937 e pública em junho do mesmo ano. Como destaca o editor da 
publicação “Freud sempre esteve bem ciente das barreiras ao sucesso da análise e 
sempre se mostrou pronto a investiga-las”, é essa preocupação de Freud sobre as 
barreiras para a realização da análise que o levar a questionar-se sobre o termino ou não 
da análise ao longo de oito partes do referido artigo. 
 Freud inicia o artigo destacando que a pessoa para se libertar de sintomas 
neuróticos requer tempo, portanto não sendo algo a ser conquistado de forma breve. 
Otto Rank, em um de seus trabalhos, considera a neurose tendo origem no ato de 
nascimento do indivíduo e para ele bastaria alguns meses de análise, fato que Freud 
contesta afirmando que se assim for procedido .... Ele mesmo se defrontou com essa 
situação de abreviar o processo analítico. 
 No caso do jovem russo, após um período de análise e de conseguir 
sucessos, não foi mais possível lograr progresso do esclarecimento da neurose de sua 
infância “era óbvio que o paciente achava sua situação atual altamente confortável e não 
deseja dar qualquer passo à frente que o trouxesse para mais perto do fim do 
tratamento”, Freud destaca que nesse é o próprio paciente que se boicota para evitar o 
término da análise, nesse caso ele toma a atitude de comunicar ao paciente um período 
para o fim da análise, esse fato contribuiu para que o paciente fosse capaz de 
“reproduzir todas as lembranças e descobrir todas as conexões ... para compreender sua 
neurose primitiva e dominar a atual”. 
 Freud usará essa fixação de tempo para o término da análise em outros 
casos e destaca que esse procedimento só é eficaz se for acertada em conjunto com o 
paciente, porém não se pode dar garantia da realização de uma tarefa completa para se 
livrar da neurose, pois parte das informações poderá ser acessível, porém uma outra 
parte não estará. Nesse caso, o que restaria ao paciente? Procurar outro analista? “tal 
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mudança (de analista) envolveria nova perda de tempo e o abandono dos frutos do 
trabalho já realizado”, porém Freud tranquiliza ao analista afirmando que caberá ao tato 
deste essa decisão. Ou seja, não há uma receita que sirva para todos os casos de análise. 
 Do ponto de vista prático uma análise termina quando o analista e 
paciente deixam de se encontrar em sessão. Freud destaca que pode ocorrer em duas 
situações: o paciente não está mais sofrendo de seus sintomas ou que o analista julgue 
que o material reprimido foi tornado consciente, porém se foi forçado por dificuldades 
externas para alcançar esse objetivo, o melhor termo seria análise inacabada. 
 Outro caso de termino de análise pode ser muito ambicioso para o 
analista, visto que este pode entender que exerceu uma grande influência no analisado e 
não se pode esperar nenhuma mudança posterior a esta análise, Freud destaca é como se 
chegasse a um nível de normalidade psíquica absoluta, porém é importante ressaltar, 
como o próprio autor o faz que “quanto mais forte for o trauma, mais certamente seus 
efeitos prejudiciais tornarão manifestos, mesmo quando a situação instintual é normal”, 
porém essa situação fornece um excelente campo para a atuação da análise, através do 
fortalecimento do ego do paciente. 
 Freud faz uma interessante pergunta aos analistas que precisa ser levada 
em consideração e que pode ajudar a entender melhor um termino ou não de uma 
análise: “Em vez de indagar como se dá uma cura pela análise, se deveria perguntar 
quais são os obstáculos que se colocam no caminho de tal cura” (grifo meu), essa é uma 
questão que a meu ver precisa de atenção por parte do analista, quais são os obstáculos 
que estão postos para o fim de uma análise ou com diz Freud para se dar uma cura? 
Identificar os obstáculos é muito mais importante do que pensar no termino da análise. 
 Ele reconhece que o tratamento analítico é longo e considera a demora 
inconveniente, é possível perceber essa inconveniência no próprio paciente que chega 
para tratamento e quer uma melhora logo ou quer saber quanto tempo durará o 
tratamento. Acredito que esse desejo por parte dos pacientes tem duas origens uma não 
conhecerem o processo de tratamento analítico e outra quererem se livrar dos problemas 
causados pela sua doença o mais rápido possível. Porém, ele justifica para que o analista 
tenha um bom resultado no tratamento analítico vai depender da força e da força e da 
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profundidade da raiz das resistências que ocasionam a alteração do ego, o seja, 
destacando o fator quantitativo da energia utilizada contra as forças hostis na análise. 
 A respeito do título desta resenha, podemos nos perguntar o que Sigmund 
Freud conclui sobre o final de uma análise? Ele vai buscar uma contribuição de Ferenczi 
em que afirma “a análise não é um processo sem fim, mas um processo que pode 
receber um fim natural, com perícia e paciência suficientes por parte do analista” (1928, 
86), partindo desse pressuposto podemos afirmar que a análise pode ter um fim, que ela 
pode terminar, mas segundo Ferenczi, tem que ser natural, o que irá depender da 
perícia e paciência do analista, e mais adiante Ferenczi, citado por Freud, afirma de que 
esse êxito vai depender muito de o analista ter aprendido com seus próprios “erros e 
equívocos” inclusive sobre sua própria personalidade. 
 Essa assertiva a respeito do termino de uma análise e do aprendizado por 
parte do analista é uma advertência para não se desejar abreviar a análise, mas ao 
contrário, aprofundar ela cada vez mais. Ou seja, o analista não pode iniciar uma análise 
já prevendo, estipulando e desejando o seu término, ele precisa ter paciência, perícia e 
ter aprendido com seus próprios erros para que este processo seja natural. 
 Advinda dessa última provocação, podemos nos perguntar, para nós o 
que se pode concluir sobre o final de uma análise? Freud nos deu ao longo do texto 
“Análise terminável e interminável” diversas contribuições a cerca desse assunto tão 
importante para a psicanálise. A partir delas é possível tirar algumas conclusões, mesmo 
que temporariamente, mas, que contribuem com essa questão. A análise depende de 
vários fatores. Um primeiro que cabe destaque é o paciente, o paciente precisa estar 
preparado para aceitar a técnica de análise, em que sua ansiedade de buscar uma cura 
rápida ou explicações para seus problemas se dê de forma breve, talvez não sejam 
atendidos, visto que ele terá que contribuir para o próprio sucesso da terapia analítica. 
 Um outro fator importante é o próprio analista. Não pode ele em nome da 
praticidade, do tempo e até de desejar atender a expectativa do paciente querer abreviar 
o tratamento. O analista não é portador de uma bola de cristal em que poderá prever que 
em determinada quantidade de sessões ou em determinado tempo poderá curar o 
paciente e previamente decretar o termino da análise. Ele precisa ter perícia e muita 
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paciência e reconhecer seus erros, e aprender com eles, não tão menos importante, 
precisa também fazer análise, até para se conhecer melhor. 
 Uma terceira questão importante é o processo terapêutico analítico. Ele 
não pode ter início com obscuridades, a relação terapêutica entre paciente e analista 
deverá, como afirma Freud, ser baseada na verdade. Não se pode omitir informações, 
muitos menos de como poderá ser esse processo. Do que o paciente deverá contribuir 
para o sucesso dele, do tempo necessário para a conclusãodo mesmo. 
 Diante dessas premissas é possível sim concluir por um final de uma 
análise, desde que seja possível seguir o curso natural do processo terapêutico, 
afastemo-nos de nossa ansiedade de que querer mostrar resultado benéfico ao paciente. 
Aliás, é este que deverá perceber o sucesso ou não da análise. 
 
Tácito Pereira dos Santos 
tacitosantos@yahoo.com.br

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