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A ASSIM CHAMADA ACUMULACAO PRIMITIVA

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1 
A ASSIM CHAMADA ACUMULAÇÃO PRIMITIVA1 
 
 Mesmo que se reconheça a coerência da crítica feita por Marx à 
Economia Política e que não se tenha nenhuma dúvida quanto ao lugar onde 
nasce o capital, procede perguntar sobre as origens do modo de produção 
capitalista e do proletariado moderno. “Não foi a riqueza em dinheiro, como tal, 
que converteu em capitalistas os comerciantes endinheirados dos séculos XV 
ao XVI” (ROSDOLSKY, 2001, p 232) Transformar trabalhadores independentes 
em trabalhadores assalariados pressupunha dinheiro acumulado, mas, 
principalmente, pressupunha o processo histórico de separação dos meios de 
produção dos produtores. Infere-se, portanto, a necessidade de uma riqueza 
monetária precedente à acumulação capitalista. Uma acumulação que, 
diferentemente daquela que nasce na produção, mediante a exploração da 
mais-valia, seria o ponto de partida do modo de produção capitalista. A essa 
acumulação Marx chamou de acumulação primitiva. 
 Poder-se-ia perguntar: que importância tem a acumulação primitiva, se a 
mesma sugere ser um processo datado, cuja função se esgota quando o 
processo de transformação tenha decomposto em profundidade e extensão a 
antiga sociedade? Ora, diria o velho Marx: “se a aparência e a essência das 
coisas coincidissem, a ciência seria desnecessária”. 
 Rosdolsky (2001), citando Marx, numa nota de roda-pé2, afirma que a 
acumulação primitiva está “contida no conceito de capital”. Mas isso ainda não 
é suficiente para lhe atribuir um caráter que não seja meramente histórico. Ou 
seja, o que se quer saber é se a acumulação primitiva continua situada na 
análise econômica do modo de produção capitalista. 
 A história vai demonstrar que o processo de separação que se inaugura 
com a acumulação primitiva, “aparece depois como processo permanente”. 
Seja pelo revolucionamento sistemático da tecnologia, seja pela concentração 
 
1 O texto com este título está em O capital de Karl Marx (1984) A presente versão é uma tentativa 
de facilitar a leitura do texto original, mediante a inserção de alguns comentários que atualizam a 
discussão. Caso se queira fazer qualquer citação, recomenda-se ir diretamente aos originais de 
Marx, ou a Rosdolsky (2001), conforme referências apresentadas ao final. 
2 “Mas o capital, para vir a ser, pressupõe alguma acumulação, que já está implícita na antítese entre o 
trabalho objetivado e o trabalho vivo, na vigência dessa antítese. Esta acumulação necessária para o devir 
do capital e incorporada como um pressuposto, como um momento, no conceito de capital deve ser 
radicalmente distinguida da acumulação de capital que já chegou a ser capital, para a qual têm de existir 
capitais previamente” (Grundrisse, p.226; cf. ibid., p. 484). (Nota 42, Cap. 20, p. 551). 
 2 
do capital, seja pelas diferentes divisões do trabalho, esse processo de 
separação só terá fim com a eliminação do capitalismo. Justifica-se, portanto, o 
interesse pelo tema. 
 
1. O segredo da acumulação primitiva 
 
Existem outras interpretações para a origem da riqueza, as quais, sob 
diferentes argumentos, tentam justificar porque uns são capitalistas e outros 
trabalhadores. Para a tradição judaico-cristã, por exemplo, o trabalho seria o 
castigo imposto aos homens pelo pecado original. Para a Economia clássica a 
acumulação se explica, por um lado, numa elite laboriosa, inteligente e 
parcimoniosa e, por outro, em vagabundos que dissipavam tudo o que tinham. 
Os primeiros acumularam riquezas, os últimos nada tinham, além da força de 
trabalho para vender. Na história real, a acumulação primitiva é resultado da 
conquista, da subjugação, da violência, de assassinatos etc. 
“Dinheiro e mercadoria, desde o princípio, são tão pouco capital quanto 
os meios de produção e de subsistência” (MARX, 1984, p. 262). Sua 
transformação em capital depende de circunstâncias que se reduzem a duas 
espécies diferentes de possuidores de mercadorias. De um lado, possuidores 
de dinheiro, meios de produção e meios de subsistência, que se propõem a 
valorizar o que possuem, mediante compra de força de trabalho alheia. Do 
outro, trabalhadores livres, vendedores da própria força de trabalho (Idem, 
ibidem). 
Por que livres? No duplo sentido: 
1) Por um lado, não pertencem diretamente aos meios de produção, como 
os escravos, os servos etc. 
2) Por outro, os meios de produção não lhes pertencem, como pertenciam 
ao camponês autônomo. 
Daí, porque livres e soltos, porque desvinculados dos meios de produção, 
como posse ou como parte deles. 
A relação capital pressupõe a separação entre os trabalhadores e a 
propriedade das condições da realização de trabalho. A acumulação primitiva, 
portanto, se traduz no processo histórico de separação entre produtor e meio 
 3 
de produção. Essa separação não apenas se conserva, mas é reproduzida em 
escala crescente. 
 Por um lado, ao se tornar trabalhador assalariado, o trabalhador se 
liberta da servidão. (Aspecto supervalorizado pela economia burguesa). Por 
outro, esses recém-libertos só se tornam vendedores de si mesmos quando 
todas as garantias de sua existência lhes foram usurpadas. 
 Ora, não deixa de ser uma ascensão para os trabalhadores livrar-se do 
poder feudal, bem como não se pode negar o caráter progressista do 
capitalismo, expresso em diversas dimensões da vida individual e socialmente. 
Contudo, tais aspectos não anulam a sua lógica destrutiva. 
 Quando teria surgido o modo de produção capitalista? 
 “Ainda que os primórdios da produção capitalista já se nos apresentem 
esporadicamente em algumas cidades mediterrâneas, nos séculos XIV e XV, a 
era capitalista só data do século XVI” (MARX, 1984, p. 263). 
Podemos dizer que a acumulação primitiva se caracteriza: 
- Pelos revolucionamentos que servem de alavanca à classe capitalista em 
formação; 
- Pelas grandes massas humanas que são arrancadas súbita e violentamente 
de seus meios de subsistência e lançadas no mercado de trabalho, como 
proletários livres como os pássaros (Idem, Ibidem). 
 
2. Expropriação do povo do campo de sua base fundiária 
 
 A servidão desaparece da Inglaterra no final do século XIV. A partir de 
então, sobretudo no século XV, a grande maioria da população consistia de 
camponeses livres, economicamente autônomos. Estes, quando em seu tempo 
de lazer trabalhavam para os grandes proprietários, recebiam um salário, um 
terreno arável de 4 acres, além do cottage. Além disso, junto aos camponeses 
propriamente ditos, podiam usufruir das terras comunais, onde pastava o seu 
gado e também de onde se retirava lenha e turfa, que lhes serviam de 
combustíveis. 
 “O prelúdio do revolucionamento, que criou a base do modo de 
produção capitalista, ocorreu no último terço do século XV e nas primeiras 
décadas do século XVI” (Idem, p. 264). A partir de então, uma massa de 
 4 
proletários livres como os pássaros foi lançada no mercado de trabalho pela 
dissolução dos séquitos feudais. 
 O próprio senhor feudal teria criado o proletariado, mediante a expulsão 
violenta do campesinato da base fundiária, sobre a qual possuía o título e a 
usurpação da terra comunal. A velha nobreza feudal tinha sido devastada pelas 
guerras feudais; a nova era, para a qual o dinheiro era o poder dos poderes, 
explica porque o impulso imediato para o capitalismo foi dado na Inglaterra, 
pelo florescimento da manufatura flamenga de lã e a conseqüente alta dos 
seus preços. Por isso, a transformação das terras de lavoura em pastagens, 
explica porque Thomas Morus afirma que os carneiros devoraram os homens. 
Neste sentido, há diversos registros que ilustram a violência da expulsão dos 
trabalhadores, para o cercamento das terras. 
 Até o século XVII, a casa do camponês devia ter 4 acres de terra como 
anexo. E não só as casas do campo. A construção de uma casa num raio de 4 
milhas ao redor de Londres estava submetida à mesmaexigência. Ainda no 
século XVIII, haviam queixas quando o cottage do trabalhador agrícola não 
tinha ao menos 1 ou 2 acres (Idem, p. 266). 
 O processo de expropriação violenta recebe novo impulso, no século 
XVI, pela Reforma. Em conseqüência dela, muitos bens da Igreja foram 
roubados; a supressão dos conventos lançou os seus moradores na 
proletarização; a parte dos dízimos destinada a camponeses empobrecidos foi 
confiscada. Já não dava mais para ignorar: “O pobre é em toda parte 
subjugado” (Idem, ibidem). No quadragésimo terceiro ano do reinado da rainha 
Elisabeth (XVI-XVII), ela reconhece oficialmente o pauperismo, criando o 
imposto para os pobres. 
 Marx, citando Cobbett, diz que “Os autores dessa lei se envergonhavam 
de enunciar suas razões e por isso, contra toda a tradição, trouxeram-na ao 
mundo sem nenhum preâmbulo (exposição de motivos)” (1984, p. 267). 
Essa lei foi declarada perpétua em 1834, mas depois ganhou uma forma 
nova e mais dura (Idem, ibidem). No Sul da Inglaterra, vários proprietários 
fundiários e arrendatários abastados reuniram suas inteligências e formularam 
10 perguntas sobre a interpretação correta da Lei dos Pobres e as submeteram 
a um jurista famoso. Na nona pergunta, propõe-se a construção de uma prisão 
na paróquia. Ao pobre que não se deixasse encarcerar na prisão estaria 
 5 
negado o auxílio. Quanto aos presos, a sua existência deveria ser anunciada à 
vizinhança. Os que tivessem interesse em arrendar aqueles pobres deviam 
apresentar propostas lacradas (espécie de licitação), dando o preço mais baixo 
pelo qual desejariam tomá-los. Caso o pobre morresse sob a tutela do 
contratante, o pecado seria dele, pois a paróquia teria cumprido o seu dever 
para com o pobre. Os representantes desses interesses induziriam a Câmara 
dos Comuns a propor uma lei que permitisse o encarceramento e o trabalho 
forçado dos pobres, de modo que aquele que se recusasse não teria direito a 
nenhum auxílio. Essa providência impediria que as pessoas em condição de 
miséria pedissem auxílio. Na Escócia, o número de mendigos é estimado em 
200 mil. Um republicano propõe no Parlamento escocês que seja restaurada a 
condição de servidão e tornados escravos todos os que sejam incapazes de 
prover sua própria subsistência. Diante de tais posições, sabe-se que, no final 
do século XVIII, já tinham desaparecido todos os vestígios da propriedade 
comunal dos lavradores (Idem, ibidem). 
 A Revolução Gloriosa (1688), golpe de Estado que consolidou a 
monarquia constitucional na Inglaterra, baseado num compromisso entre os 
nobres proprietários fundiários e a burguesia, inaugurou uma era de roubos. 
Terras do Estado foram presenteadas, vendidas ou anexadas a propriedades 
privadas. Por isso mesmo, o patrimônio do Estado apropriado de forma 
fraudulenta e o roubo da Igreja formam a base dos domínios da oligarquia 
inglesa. Tudo isso foi favorecido pela burguesia, que visava transformar a base 
fundiária em artigo de comércio, expandir a exploração agrícola e multiplicar a 
oferta de proletários livres como os pássaros, provenientes do campo (Idem, p. 
268). 
 A propriedade comunal – diferente da propriedade do Estado – era uma 
antiga instituição germânica, que continuou a existir com a cobertura do 
feudalismo. A violenta usurpação da mesma começa no final do século XV e 
prossegue no século XVI. Esse processo se efetiva como ato individual de 
violência, contra o qual a legislação lutou em vão por 150 anos. 
 No século XVIII, o progresso consiste em a própria lei se tornar veículo 
do roubo das terras do povo, embora os grandes arrendatários ainda apliquem 
os métodos privados. Segundo Marx, este século ainda não havia 
compreendido “a identidade entre riqueza nacional e pobreza do povo”, o que 
 6 
vai acontecer no século XIX (Idem,p. 269). Sobre o cercamento das terras há 
uma violenta polêmica na literatura econômica da época. 
 A usurpação da terra comunal e a conseqüente revolução da agricultura 
tiveram efeitos tão nocivos à classe trabalhadora que, entre 1765 e 1780, o 
salário caiu abaixo do mínimo e passou a ser complementado pela assistência 
oficial aos pobres (Idem, p. 270). 
 Marx, diversas vezes, faz referência a um sujeito de nome Sir Éden. 
Trata-se de Frederick Morton Éden, pioneiro investigador social inglês, que 
teria sido induzido a investigar a pobreza, segundo o mesmo, tanto por 
benevolência quanto por curiosidade. Seu livro, Estado dos pobres, publicado 
em três volumes, em 1797, foi concebido como o documento que oferece uma 
base factual para o debate sobre o que fazer com os pobres. 
 Pois bem, diante das pilhagens e da violenta expropriação sofridas pelo 
povo, diz o senhor Éden: 
 
“A proporção correta entre terras para lavoura e para criação de gado tinha que ser 
estabelecida. Ainda no decorrer do século XV e na maior parte do século XV, havia 
um acre de pastagem para 2, 3 e mesmo 4 acres de terra para lavoura. Em meados 
do século XVI, a proporção transformou-se em 2 acres de pastagem para 2 acres de 
lavoura, mais tarde, 2 acres de pastagem para 1 de lavoura, até que finalmente se 
estabeleceu a proporção correta 3 acres de pastagem para 1 acre de lavoura” (1984, 
p. 271). 
 
 A partir do século XIX, desaparece essa conexão entre lavoura e 
propriedade comunal. Os seres humanos são varridos das propriedades, num 
chamado processo de clareamento, pelo qual os trabalhadores já não contam 
com espaço necessário nem para a sua moradia. 
 Há vários relatos de clareações levadas a cabo, no século XIX (As 
ovelhas comendo os homens). (Idem, p. 271-272). Qualquer violência era 
justificada pelo desenvolvimento. Por exemplo, os gaélicos (irlandeses) 
expulsos da terra eram forçados a ir para Glasgow e outras cidades fabris, para 
serem trabalhadores assalariados. Alguns foram exportados, sob falsas 
promessas para o Canadá. Fugiram e foram perseguidos por policiais. Vê-se 
quão livres eram os trabalhadores. Livres por não serem propriedade nem 
proprietários, mas não livre para decidir sobre o que fazer da sua liberdade. 
 7 
 Fica evidente que para além da separação dos meios de produção dos 
produtores, outros métodos foram utilizados na constituição da acumulação 
primitiva. Marx sintetiza: 
 
O roubo dos bens da Igreja, a fraudulenta alienação dos domínios do Estado, o 
furto da propriedade comunal, a transformação usurpadora e executada com 
terrorismo inescrupuloso da propriedade feudal e clânica3 em propriedade privada 
moderna, foram outros tantos métodos idílicos da acumulação primitiva. Eles 
conquistaram o campo para a agricultura capitalista, incorporaram a base fundiária 
ao capital e criaram para a indústria urbana a oferta necessária de um proletariado 
livre como os pássaros (1984, p. 274-275). 
 
3. Legislação sanguinária contra os expropriados desde o final do século 
XV. Leis para o rebaixamento dos salários 
 
 O proletariado livre como os pássaros não podia ser absorvido pela 
manufatura nascente na mesma velocidade em que foi posto no mundo. 
Igualmente, aquele proletariado não conseguia enquadrar-se facilmente à 
disciplina da nova condição. Daí, muitos se converteram em esmoleiros, 
assaltantes, vagabundos, razão pela qual, no final do século XV e durante o 
século XVI surge uma legislação sanguinária contra a vagabundagem. “A 
legislação os tratava como criminosos ‘voluntários’ e supunha que dependia de 
sua boa vontade seguir trabalhando nas antigas condições, que já não 
existiam” (MARX, 1984, p. 275). 
 Os velhos e incapacitados para o trabalho tinham uma licença para 
mendigar. Para os válidos, açoitamento e cárcere. Estes eram amarrados atrás 
de um carro e açoitados até sangrar. Depois eram obrigados a jurar que 
retornariam à terra natal, ou ao lugar onde moraram nos últimos três anos e “se 
porem ao trabalho”. Se apanhados pela segunda vez, eram novamente 
açoitados e tinham uma orelha cortada. Na terceirareincidência eram 
executados (Idem, p. 275). 
 Um estatuto do governo de Eduardo VI (1547) estabelece que se 
alguém se recusar a trabalhar e for denunciado, deverá tornar-se escravo de 
 
3 Referentes aos clãs constituídos pelos celtas da alta Escócia, cujas incursões nas planícies da baixa 
Escócia tornava o chefe proprietário titular do solo ocupado. O direito titular de propriedade foi 
transformado em propriedade privada. Os membros do clã que opuseram resistência foram enxotados 
com violência direta. 
 8 
quem o denunciou como vadio. O dono tem amplos poderes sobre o 
escravizado, podendo até matá-lo. Todas as pessoa têm direito de tomar os 
filhos dos vagabundos e mantê-los como aprendizes, os rapazes até 24 anos, 
as moças até 20. Se fugirem e forem pegos tornar-se-ão escravos dos mestres. 
Estes também podem acorrentá-los, açoitá-los e ainda marcá-los com um anel 
de ferro no pescoço, nos braços ou nas pernas. O estatuto ainda prevê que 
certos pobres devem ser empregados pela comunidade ou pelos indivíduos 
que lhes dêem de comer e beber e desejem encontrar trabalho para eles. 
 Outros estatutos semelhantes foram formulados nos governos 
seguintes. Leis semelhantes também vigoraram na França. No reinado de Luis 
XVI, em 1777, todo homem com boa saúde de 16 a 60 anos, sem meios de 
sobrevivência e sem exercer uma profissão, devia ser mandado para as galés 
(trabalho forçado, acorrentados). Procedimentos análogos foram adotados em 
outros países europeus. 
 Como se pode ver, a disciplina necessária ao trabalho assalariado foi 
imposta por leis terroristas, “por meio do açoite, do ferro em brasa e da 
tortura”(Idem, p. 277). Mas isso ainda era insuficiente. Não bastava ser forçado 
a vender voluntariamente sua força de trabalho. Era imprescindível que as 
exigências do modo de produção capitalista fossem reconhecidas como leis 
naturais. A educação, a tradição e os costumes tratarão disso. 
 Quando plenamente constituído, a própria organização da economia se 
encarrega de produzir uma superpopulação que quebra toda a resistência do 
trabalhador. O salário é adequado às necessidades de valorização do capital e 
“a muda coação econômica sela o domínio do capitalista sobre o trabalhador” 
(Idem, p. 277). A partir daí, a violência dos métodos extra-econômicos só é 
empregada excepcionalmente. 
 Para o curso usual do capitalismo, bastam as leis internas ao modo de 
produção e as leis que serão formuladas pelo Estado. Este vai regular o 
salário, conforme os limites convenientes à extração de mais-valia, de modo a 
manter o necessário grau de dependência do trabalhador. 
A legislação sobre o trabalho assalariado foi iniciada na Inglaterra, pelo 
Estatuto dos Trabalhadores, de Eduardo III, em 1349 e reproduzida em outros 
países, com conteúdos idênticos, sempre buscando prolongar a jornada de 
trabalho. 
 9 
 Um salário máximo foi ditado pelo Estado (Estatuto dos trabalhadores de 
1349). E só em 1813, as leis sobre regulação de salários foram abolidas. Os 
trabalhadores do campo deviam alugar-se por ano, enquanto os da cidade “no 
mercado aberto”. Era proibido, sob pena de prisão, pagar salários mais altos, 
porém a punição era maior aos que os recebiam: 10 dias para quem pagasse o 
salário, 21 para quem recebesse. Um Estatuto de 1360 agravou as penas e até 
autorizou o patrão a recorrer à coação física, para extorquir trabalho pela tarifa 
legal de salário. Coalizões de trabalhadores eram consideradas crimes graves, 
desde o século XIV até 1825. Neste ano, ante a atitude ameaçadora do 
proletariado, as coalizões caíram em parte, permanecendo alguns resíduos até 
1859. Entre avanços e retrocessos, as leis sempre se colocaram a serviço da 
classe dominante. 
 
4. Gênese dos arrendatários capitalistas 
 
 A essa altura, pergunta-se de onde se originam os capitalistas, pois o 
que se pode concluir da expropriação do povo do campo é a criação de 
grandes proprietários fundiários, bem como diversas formas de arrendatários. 
No século XIV, há registros de uma prática de arrendamento, conhecida como 
meeiro. Essa forma desaparece rapidamente na Inglaterra, para dar lugar ao 
arrendatário propriamente dito. Este valoriza seu capital pelo emprego de 
trabalhadores assalariados. Com uma parte do mais-produto, o arrendatário 
paga ao proprietário, como renda da terra, em dinheiro ou in natura. 
 Durante o século XV, o camponês independente e o servo agrícola que 
trabalha como assalariado e ao mesmo tempo para si mesmo, se enriquecem 
mediante o seu trabalho, enquanto a situação do arrendatário permanece 
medíocre. Entre o final do século XV e quase todo o XVI, a revolução agrícola 
rapidamente enriquece o arrendatário e empobrece o povo do campo. Aqui, 
vale lembrar a usurpação das terras comunais, o que permite aos arrendatários 
a multiplicação do gado, que, por sua vez, também fornecia adubo para o 
cultivo do solo. 
 O enriquecimento dos arrendatários, no século XVI, também se explica 
pelo tipo de contratos, frequentemente de 99 anos. A queda do valor dos 
metais nobres e, portanto, do dinheiro, “trouxe ao arrendatário frutos de ouro” 
 10 
(p. 281). Por um lado, reduziu o salário. Por outro, o constante aumento dos 
preços de cereal, lã, carne, enfim de todos os produtos agrícolas, “inchou o 
capital monetário do arrendatário, sem sua colaboração, enquanto a renda da 
terra, que ele tinha que pagar, foi contraída em valores monetários 
ultrapassados” (Idem, p. 281). Assim, o arrendatário se enriquecia, à custa dos 
trabalhadores assalariados e do proprietário da terra. Daí porque, nos fins do 
século XVI, havia “uma classe de ‘arrendatários de capital’ bastante ricos para 
a época” (p. 281). 
 
5. Repercussão da revolução agrícola sobre a indústria. 
Criação do mercado interno para o capital industrial 
 
 Ao mesmo tempo em que ia rareando a população independente e 
economicamente autônoma do campo, ia se adensando o proletariado 
industrial. A revolução nas relações de propriedade fundiária foi acompanhada 
por métodos melhorados de cultura, maior cooperação, concentração dos 
meios de produção etc.; os assalariados foram obrigados a trabalhar mais 
intensamente, ao mesmo tempo em que as terras onde trabalhavam para si 
mesmos se contraíam mais e mais. Com a liberação dos trabalhadores do 
campo, também foram liberados os alimentos que os mesmos consumiam. 
Agora, o camponês despojado tinha que adquiri-los mediante o salário ganho 
do capitalista industrial, seu novo senhor. Os alimentos liberados se 
transformam em elementos materiais do capital variável. “Assim como os meios 
de subsistência, foram afetadas também as matérias primas agrícolas 
nacionais da indústria. Transformaram-se em elemento do capital constante” 
(Idem, p. 282). 
 Os “liberados” agora trabalham por salário. “O linho tem exatamente o 
mesmo aspecto que antes. Nenhuma de suas fibras foi mudada; mas uma 
nova alma social penetrou-lhe no corpo. Ele constitui agora parte do capital 
constante dos senhores da manufatura” (p. 282). 
 
Os fusos e teares, antes disseminados pelo interior, estão agora concentrados 
em algumas grandes casernas de trabalho, tal como os trabalhadores e como a 
matéria-prima. E os fusos, os teares e a matéria-prima, de meios de existência 
independente para fiandeiros e tecelões, transformam-se, de agora em diante, 
 11 
em meios de comandá-los e de extrair trabalho não-pago (MARX, 1984, p. 282-
283). 
 
 A expropriação e a expulsão do povo do campo liberam, com os 
trabalhadores, seus meios de subsistência e seu material de trabalho para o 
capital industrial e ainda criam o mercado interno. Tudo que antes era 
produzido como valor de uso se torna mercadoria. “A numerosa clientela 
dispersa, até aqui condicionada por uma porção de produtores pequenos, 
trabalhando por conta própria, concentra-se agora num grande mercado 
abastecidopelo capital industrial” (Idem, p. 283). 
 Entretanto, a manufatura não é suficiente para o total apoderamento da 
produção. Só a indústria conquista para o capital todo o mercado interno (Idem, 
p. 284). 
 
6. Gênese do capitalista industrial 
 
 Marx demonstra que a gênese do capitalista industrial foi bem mais 
incisiva que a do arrendatário, que se deu gradativamente. Embora alguns 
pequenos mestres corporativos e pequenos artesãos independentes ou até 
trabalhadores assalariados tenham se transformado em pequenos capitalistas, 
mediante exploração do trabalho assalariado, essa não é característica 
predominante. 
 Na Inglaterra, em fins do século XVII, a acumulação primitiva pode ser 
resumida através de outros métodos, quais sejam: o sistema colonial, o 
sistema da dívida pública, o moderno sistema tributário e o sistema 
protecionista. Todos se baseiam na mais brutal violência, amparada pelo 
Estado, tendo em vista abreviar a transformação do modo feudal de produção 
em capitalista. “A violência é a parteira de toda velha sociedade que está 
prenhe de uma nova” (MARX, 1984, p. 286). 
 
O sistema colonial fez amadurecer como plantas de estufa o comércio e a 
navegação. (...) Às manufaturas em expansão, as colônias asseguravam 
mercado de escoamento e uma acumulação potenciada por meio do monopólio 
do mercado. O tesouro apresado fora da Europa diretamente por pilhagem, 
 12 
escravização e assassinato refluía à metrópole e transformava-se em capital 
(Idem, p. 287). 
 
 
 O sistema colonial desempenhou um papel preponderante, sobretudo no 
período manufatureiro, em que a supremacia industrial era garantida pela 
supremacia comercial. A supremacia industrial, ao contrário, traz consigo a 
supremacia comercial, na medida em que as antigas formas de produção não 
resistem à indústria. Proclama-se, então, “a extração da mais-valia como 
objetivo último e único da humanidade” (Idem, p. 288). 
 O sistema colonial com seu comércio marítimo e suas guerras 
comerciais serviram de estufa para aquecer o sistema de crédito público. A 
dívida do Estado torna-se uma marca da era capitalista, que adota o credo 
público como seu credo. Daí que, para a doutrina moderna “um povo torna-se 
tanto mais rico quanto mais se endivida” (Idem, ibidem). Contudo, Marx chama 
a nossa atenção para o fato de que “A única parte da assim chamada riqueza 
nacional que realmente entra na posse coletiva dos povos modernos é – sua 
dívida de Estado” (Idem, ibidem). 
 A dívida pública, portanto, é uma das alavancas da acumulação 
primitiva. “Tal como o toque de uma varinha mágica, ela dota o dinheiro 
improdutivo de uma força criadora e o transforma, desse modo em capital, sem 
que se tenha necessidade para tanto de se expor ao esforço e ao perigo 
inseparáveis da aplicação industrial e mesmo usurária” (Idem, ibidem). Graças 
à dívida pública, prosperam as sociedades por ações, o comércio com títulos 
negociáveis e a agiotagem, ou em uma palavra, como o diz Marx: “o jogo da 
Bolsa e a moderna bancocracia” (Idem, ibidem). 
 Ora, o Estado não gera capital. Como cobrir os juros e os demais 
pagamentos anuais da dívida? Se, por um lado, o crédito capacita o governo a 
enfrentar despesas extraordinárias, sem que o contribuinte se sinta 
responsável por elas, por outro, o dinheiro empregado tem um custo, pelo qual 
alguém tem que pagar. O Estado tem duas saídas: aumentar os impostos e 
contrair novas dívidas. Como não cessam os gastos extraordinários, impostos 
e dívidas tendem a crescer numa progressão automática. Segundo Marx, “A 
supertributação não é um incidente, porém muito mais um princípio” (Idem, p. 
 13 
289). Evidente que os impostos recaem sobre os meios de subsistência dos 
trabalhadores e sobre as atividades dos pequenos produtores e ambos tendem 
a ser destruídos. Mas a eficácia expropriante do capital ainda é fortalecida pelo 
sistema protecionista, que, segundo Marx, “constitui uma de suas partes 
integrantes” (Idem, p. 289). 
 
“O sistema protecionista foi um meio artificial de fabricar fabricantes, de 
expropriar trabalhadores independentes, de capitalizar os meios nacionais de 
produção de subsistência, de encurtar violentamente a transição do antigo modo 
de produção para o moderno” (Idem, p. 290). 
 
 
 A história nos mostra que o sistema colonial, a dívida do Estado, a 
supertributação e o protecionismo se agigantaram com a grande indústria e, 
sob novas formas prevalecem até os dias atuais. Contudo, a acumulação 
primitiva ainda guarda atrocidades, como o tráfico de escravos e o roubo e a 
escravização de crianças, tudo em nome da transição para o desenvolvimento 
da indústria capitalista. Ou, nas palavras de Marx; 
 
Para desatar as “eternas leis naturais” do modo de produção capitalista, para 
completar o processo de separação entre trabalhadores e condições de trabalho, 
para converter em dois pólos, os meios de sociais de produção e subsistência 
em capital e, no pólo oposto, a massa do povo em trabalhadores assalariados, 
em “pobres laboriosos” livres, essa obra de arte da história moderna (Idem, p. 
292). 
 
 
 7. Tendência histórica da acumulação capitalista 
 
 Aqui, a análise de Marx, tanto nos fornece elementos para pensar sobre 
um fenômeno em voga – a pequena empresa –, como nos faz crer que o 
capital, inexoravelmente, daria no socialismo. Sobre a pequena empresa, lê-se: 
“A propriedade privada do trabalhador sobre seus meios de produção é a base 
da pequena empresa, a pequena empresa uma condição necessária para o 
desenvolvimento da produção social e da livre individualidade do próprio 
trabalhador” (Idem, p. 292). Deslocada da totalidade do pensamento marxiano, 
 14 
a afirmação seria perfeita para a defesa que se faz, hoje, da pequena empresa, 
do empreendedorismo. Contudo, logo a seguir, vemos que “ela (a pequena 
empresa) só floresce, só libera toda a sua energia, só conquista a forma 
clássica adequada, onde o trabalhador é livre proprietário privado das 
condições de trabalho manipuladas por ele mesmo, o camponês da terra que 
cultiva, o artesão dos instrumentos que maneja como um virtuose” (Idem, p. 
292-293). Evidentemente, a pequena empresa, sob as determinações do 
capital está muito longe de guardar essas condições. No capitalismo, 
 
A propriedade privada obtida com trabalho próprio, baseada, por assim dizer, na 
fusão do trabalhador individual isolado e independente com suas condições de 
trabalho, é deslocado pela propriedade privada capitalista, a qual se baseia na 
exploração do trabalho alheio, mas formalmente livre (Idem, p. 293). 
 
 
 Mas a lógica destrutiva inerente ao capital não atua apenas sobre 
trabalhadores e pequenas empresas. Tão logo tudo se torna mercadoria – 
trabalhadores, meios de produção e meios de subsistência – os expropriadores 
tornam-se expropriados. “Essa expropriação se faz por meio do jogo das leis 
imanentes da própria produção capitalista, por meio da centralização dos 
capitais. Cada capitalista mata muitos outros” (Idem, p. 293). Na continuidade 
dessa exposição, observa-se que apesar de ter como referência o século XIX, 
o que se afirma sintetiza em grande parte o que no século XXI conhecemos 
como globalização/mundialização da economia, demonstrando quão atualizado 
é Marx. 
 
Paralelamente a essa centralização ou à expropriação de muitos outros 
capitalistas por poucos, desenvolve-se a forma cooperativa do processo de 
trabalho em escala sempre crescente, a aplicação técnica consciente da ciência, 
a exploração planejada da terra, a transformação dos meios de trabalho em 
meios de trabalho utilizáveis apenas coletivamente, a economia de todos os 
meios de produção mediante uso como meios de produção de um trabalho social 
combinado, o entrelaçamento de todos os povos na rede do mercado mundial e, 
com isso, o caráter internacional do regime capitalista. Com a diminuição 
constante do número de magnatas do capital,os quais usurpam e monopolizam 
todas as vantagens desse processo de transformação, aumenta a extensão da 
 15 
miséria, da opressão, da servidão, da degeneração, da exploração, mas também 
a revolta da classe trabalhadora, sempre numerosa, educada, unida e 
organizada pelo próprio mecanismo do processo de produção capitalista (Idem, 
p. 293-294). 
 
 
 Marx percebe que o monopólio do capital torna-se um entrave a si 
mesmo. Centralização dos meios de produção e socialização do trabalho 
atingem um ponto em que se tornam incompatíveis. Diz ele: “Soa a hora final 
da propriedade privada capitalista” (Idem, p. 294). 
 Pode-se dizer que as privatizações e as muitas fusões entre grandes 
empresas são emblemáticas da expropriação a expropriadores, mas teria 
soado a hora final do capitalismo? Teria a utopia revolucionária do autor se 
sobreposto à objetividade do cientista social? Não há dúvida que a produção 
capitalista produz a sua própria negação, bem como, é inquestionável que, em 
termos materiais, pode-se pensar na superação do capitalismo. Mas não 
bastam apenas condições objetivas, se não há o sujeito revolucionário. Nessa 
direção Marx vaticina: 
 
A transformação da propriedade privada parcelada, baseada no trabalho próprio 
dos indivíduos, em propriedade capitalista é, naturalmente, um processo 
incomparavelmente mais longo, duro e difícil do que a propriedade capitalista, 
realmente já fundada numa organização social da produção, em propriedade 
social. Lá tratou-se da expropriação da massa do povo por poucos usurpadores, 
aqui trata-se da expropriação de poucos usurpadores pela massa do povo (Idem, 
p. 294). 
 
 
 De fato, se considerarmos as condições materiais criadas pelo 
desenvolvimento capitalista, bem como a desproporção entre capitalistas e 
trabalhadores, tendemos a crer que esta transformação é mais fácil que 
aquela. Contudo, não podemos ignorar aspectos da mesma realidade que 
interferem negativamente de modo a impedir que as possibilidades se 
traduzam em ato. A fragmentação da classe trabalhadora, a atitude defensiva 
de suas representações, o recuo dos movimentos sociais e a imprecisão 
 16 
acerca do sujeito revolucionário não cancelem a utopia, mas distanciam as 
nossas esperanças. 
 
BRAUDEL, F. A. A dinâmica do capitalismo. Rio de janeiro, 1987. 
MARX, K. O capital: crítica da economia política. São Paulo, Abril Cultural, 
1984. L. I, Tomo 2. 
ROSDOLSKY, R. Gênese e estrutura de O capital de Karl Marx. Rio de 
Janeiro, EDUERJ: Contraponto, 2001.

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