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DIREITO PROCESSUAL PENAL Parte Geral Conceito Histórico, Princípios, Fontes, Sistemas Processuais, Persecução Penal, Lei Processual no tempo/espaço/relações às pessoas, Inquérito Policial, Ação Penal pública/privada e Ação civil do delito www.direitoesquematizado.com 2 DIREITO PROCESSUAL PENAL MATÉRIA ABORDADA Direito Objetivo Direito Subjetivo Processo Penal: Conceito Histórico Princípios Constitucionais e o Processo Penal Fontes. Relações com outros ramos do direito Sistemas Processuais Persecução Penal Lei processual penal no tempo Lei processual penal no espaço Lei processual penal em relações às pessoas Inquérito Policial Ação Penal Pública e Privada Ação civil do delito CLASSIFICAÇÃO DO NOSSO CÓDIGO DE PROCESSUAL PENAL Direito Positivo: É o Direito que está positivado. Está escrito em um ordenamento. Desta forma o nosso Direito é um Direito positivo, diferente do Direito da Inglaterra, no qual está baseado em costumes. A norma penal advém de condutas, sendo assim para que uma conduta se torne um delito, ela deverá estar tipificada. Direito Objetivo e Direito Subjetivo: Direito Objetivo é o direito material, ele descreve as condutas e dá as penas correspondentes. Ex.: Direito Penal Direito Subjetivo é a forma de como o Estado irá investigar, processar e julgar quem pratica uma conduta criminosa, é o CODIGO DE PROCESSO PENAL Partindo dessa distinção de Direito Objetivo e Subjetivo, vamos definir o Direito Penal como substância e o Direito Processual como instrumento que coloca a substância a atuar. Uma das principais diferenças entre o Processo Penal e o Processo Civil são os seus objetivos, no qual o Processo Penal busca A VERDADE REAL, já o Processo Civil busca A VERDADE FORMAL. 3 O Processo Penal integra o Direito Público, sendo prevalecido o interesse da coletividade sobre o interesse dos particulares, tendo por função reger a atividade do Estado soberano em suas relações de poder na vida interna nacional, ou nas relações externas que formam a sociedade internacional. Órgãos estatais aplicadores do Direito Subjetivo: Polícia Judiciária: A Polícia Civil e Militar tem função preventiva (previne a ocorrência do crime) e repreensiva (reprime a ocorrência do delito) Ministério Público: Representa a acusação do Estado Defensoria Pública: Defende os interesses do acusado Juiz: Atua antes do processo (preventiva) ou depois do início do processo (repreensiva). Aplica a lei no caso concreto Relações do processo penal com outras ciências jurídicas: 1) Direito Constitucional – É o primeiro parâmetro, a fonte inicial e fundante de todas as regras processuais. 2) Direito Penal – Relação muito estreita com o processo penal 3) Direito Administrativo – Sistema de execução das penas e o inquérito policial são temas administrativos 4) Processo Civil – Institutos iguais, direito de ação, jurisdição, recursos, e outros 5) Direito Civil – Relação da sentença condenatória transitada em julgado e a execução na Justiça Cível 6) Direito Internacional – Tratados, convenções, homologações de sentenças estrangeiras, imunidades diplomáticas, dentre outras relações internacionais Ciências auxiliares: 1) Medicina Legal Fornece parâmetros para aferir a imputabilidade, apurará vestígios dos delitos e sequelas das vítimas 2) Criminalística Estuda o crime, a pessoa do infrator, a vítima e o controle social do comportamento delitivo 3) Psiquiatria Forense Médicos-peritos aproximam a linguagem médica da linguagem jurídica HISTÓRIA DO PROCESSO PENAL Vingança Privada – A primeira punição com relação a ideias divergentes foi a vingança privada, era baseada no que o grupo achava, desta forma não havia limites para essa vingança. Como consequência tinha a dizimação de povos. Lei de Talião – O lema da Lei de Talião era “olho por olho, dente por dente”, sendo assim limitou um pouco a vingança privada Composição – Acordo entre pessoas/grupos, com a ideia de indenizar aquele que havia tido um dano Intervenção do Estado – A sociedade começa a se organizar e os problemas são levados até o chefe das cidades/reinos para resolvê-los 4 Evolução nas Civilizações: 1) Processo Penal na Grécia - Distinção entre os crimes: a. Privados: Crimes de pouca relevância. Solução entre ofendido e ofensor. Era resolvido pela composição das partes b. Público: Apuração com a participação dos cidadãos – Procedimento público e oral (crimes que atingiam diretamente a sociedade), no qual o Estado intervia 2) Processo Penal Romano a. “Delicta Privata”: Intervenção do Estado baseado nas provas b. “Delicta Pública”: Crimes contra a segurança da cidade Durante a monarquia: Poder ilimitado para o julgamento do Rei República - Justiça centurial: Os centúrias administravam a justiça penal, o governante não detinha o poder de julgar Império: No início o julgamento era feito pelos senadores, depois passou ao Imperador e finalmente o julgamento passou ao Juiz, sendo que o Juiz acumulava as funções. Introdução da tortura e prisão preventiva 3) Processo Penal Alemão (Germânico) – Primeiramente foi adotada a Vingança Privada. Mais tarde a Composição. Valor máximo à confissão (considerada “a rainha das provas”). Vigoravam as Ordálias ou Juízos de Deus (Ex. Os acusados eram afogados/queimados e se sobrevivessem eram inocentes, pois Deus estava com eles, protegendo-os). 4) Direito Canônico – Influenciado pelo cristianismo, buscava o arrependimento e admissão da culpa; Procedimento inquisitivo: Tribunais de Santa Inquisição (hereges e bruxas), aqueles que não aceitavam a Igreja era pecador (hereges e bruxas) e tinham que ser condenados. O Direito Canônico também entende que o crime é uma conduta ligada ao pecado, não um fenômeno social. Desta forma, CRIOU A PENITENCIÁRIA, que é um estabelecimento onde o criminoso fica isolado da sociedade para refletir sobre o cometimento do crime. A penitenciária é um estabelecimento prisional existente até hoje, onde os presos são recolhidos. 5) Processo Penal Moderno: Período Humanista ou Iluminismo (século XIX) – Princípios com base em uma linha filosófica humanitária e liberal: Direito Individuais, Contra Tortura, Crime como fenômeno da vida em sociedade, Surge o Ministério Público como órgão acusador, representando o Estado. Foi uma fase que se voltou ao interior do ser humano, observando o meio em que o homem vivia Evolução do Processo Penal no Brasil No Período de colonização indígena as penas eram regidas pela Vingança privada e pela Lei de Talião 1) Ordenações Afonsinas: As Ordenações eram um complexo de leis que vigoravam em Portugal, desta forma não foram aplicadas no Brasil 2) Ordenações Manuelinas: Foram aplicadas no Brasil e teve vigência até 1569, no qual teve as mesmas características da Idade Média 5 3) Código de D. Sebastião: Vigência até 1603 4) Ordenações Filipinas: A partir de 1603, teve como ideia a Jurisdição de Segundo Grau a. 1609 – Criado o Tribunal de Relações na Bahia (destinado a julgar os recursos das decisões dos ouvidores gerais) b. 1751 – Criado o Tribunal de Relação do Rio de Janeiro (considerado Instância Superior). Mais tarde tornou-se o Superior Tribunal de Justiça c. 1832 – Após a Independência foi criado o Código Criminal do Império e o Júri, para todos os delitos, excetuando-seas contravenções. d. Proclamação da República - Vigoravam os decretos 4823/1871 e 2033/1871. e. 1942 – Atual Código de Processo Penal PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL No processo penal há 2 tipos de princípios: Princípio Constitucional e Princípio do Processo Penal propriamente ditos Os Princípios Constitucionais subdividem-se em: explícitos (expressos na Constituição Federal) e implícitos (extraídos a partir de princípios, ideias e valores consagrados na Constituição Federal) 1) Princípio da presunção de inocência – art. 5º, LVII CF; regra: Liberdade Princípio expressamente previsto na CF, se entende que ninguém será considerado culpado até o transito em julgado da sentença condenatória. Desta forma todo acusado é presumido inocente até a eventual sentença condenatória transitar em julgado 2) Princípio do contraditório e ampla defesa – art. 5º, LV da CF a. Contraditório – Ambas as partes têm o direito de manifestarem sobre qualquer fato alegado ou prova produzida pela parte contrária, visando o equilíbrio entre o direito de punir do Estado e o direito de liberdade do réu. Significa a garantia constitucional do acusado de contradizer uma acusação que lhe é feita b. Ampla defesa – O réu tem direito a um amplo arsenal de instrumentos de defesa como forma de recompensar a sua hipossuficiência e fragilidade em relação ao Estado Defesa técnica – Promovida por um defensor técnico, bacharel em Direito, é um direito indisponível, art. 261 CPP Auto defesa – Defesa promovida pessoalmente pelo réu sem assistência de procurador, é um direito disponível. Sendo assim o acusado pode se calar ou até mesmo mentir, em conformidade com o princípio constitucional de direito ao silêncio. Divide-se em: 1) Direito de audiência (direito do réu ser ouvido no processo, ocorre durante o interrogatório); 2) Direito de presença (direito do réu estar presente aos atos processuais, ex. presente nas audiências) 6 3) Princípio do devido processo legal – art. 5º, LIV CF Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Fundamenta a visão garantista do processo penal, é um instrumento de efetivação dos direitos fundamentais do réu em face da força exorbitante do Estado No mesmo inciso, implícito o princípio da verdade real busca-se a verdade que deve estar provada nos autos 4) Princípio do Juiz natural – art. 5, LIII CF O Julgador a atuar em um determinado feito deve ser aquele previamente escolhido por lei ou pela CF. Tem como principal finalidade garantir a participação no processo de um juiz imparcial. 5) Princípio da Oralidade Em algumas etapas do processo a palavra oral deve prevalecer sobre a palavra escrita, com a finalidade de promover os princípios da concentração (colheita de provas e julgamento em uma única audiência ou no menor número possível), da imediatidade (contato direito do Juiz com a prova produzida) e da identidade física do Juiz (O Juiz que colhe provas julgará o feito) 6) Princípio da Publicidade – art. 5º, LX CF Os atos processuais devem ser praticados publicamente, permitindo o amplo acesso ao público, exceto as suas exceções, quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem 7) Princípio da Obrigatoriedade – Ações públicas, art. 5º,6º e 24 CPP A maioria dos crimes se processam por ações públicas, independe da vontade da vítima, a autoridade ao tomar o conhecimento de determinado crime age até o final do processo. São crimes que atingem a sociedade como um todo, e não somente a vítima 8) Princípio da Oportunidade – Ações privadas, art. 30, 33 e 34 CPP Direcionado à ação privada ou pública condicionada. São crimes que somente atinge a vítima, ex. calúnia, injúria, difamação 9) Princípio da Oficialidade – Ações públicas A ação penal tem o seu procedimento mediante atuação, como dever funcional indeclinável, de órgãos estatais da persecução penal e do Poder Judiciário 10) Princípio da Indisponibilidade do Processo – Uma vez que instaurado um inquérito policial ou um processo penal, eles irão até o fim, não sendo possível a desistência da ação FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 1) Formal – Mediata ou Direta 2) Secundárias a. Costume – Significa a observação de regras de conduta praticadas em geral e que devem ser observadas para criação da lei b. Analogia – Significa a aplicação de dispositivos semelhantes numa situação em que se verifica uma lacuna involuntária da lei (art. 3º CPP) 7 c. Princípios gerais do Direito – São premissas éticas extraídas de legislação e do ordenamento jurídico em geral, ex. Princípios Constitucionais (art. 3º CPP) d. Tratados, Convenções e Regras do Direito Internacional – Tratados são acordos assinados entre países em assunto de natureza política, incluindo-se a repressão de ilícitos penais. Convenções são também acordos, mas que tratam de assentos de natureza privada. Regras do Direito Internacional são os princípios vindos das leis internas de outros países existentes em convenções internacionais ou proclamados em congressos “JUS PUNIENDI” é o direito de punir do Estado com o devido processo legal “JUS PERSEQUENDI” é o direito de ação do Estado ou particular nas ações penais privadas: início, impulso da ação par apuração do delito SISTEMAS DO PROCESSO PENAL Sistema Inquisitivo: Surgiu em Roma durante os séculos XVI e XVIII, teve grande influência em seus regramentos do Direito Canônico Principais Características: a) Funções de acusar, defender e julgar na mesma autoridade (interesse do próprio governante); b) Processo sigiloso; c) Não há contraditório ou ampla defesa; d) Permite-se a tortura, tendo a confissão como rainha das provas Sistema Acusatório: Aplicado em Roma e na Grécia, espalhou pela Europa no século XVII, sua inspiração adveio do estudo do crime para um bem social, época do Iluminismo Principais Características: a) Separação das funções de acusar, defender e julgar para mais de uma autoridade; b) Processo público c) Garantias como o contraditório e ampla defesa; d) Sistema de provas é a do livre convencimento, apreciando-se as provas trazidas pelas partes; e) Imparcialidade do julgador Sistema Misto: Surgiu após a Revolução Francesa, em 1808 no “Code d’Instruction Criminele”, Principais Características: a) O processo se divide em 2 fases: A primeira investigativa e a segunda fase é a do julgamento; b) 1ª Fase: com características do sistema inquisitivo; 2ª Fase com características do sistema acusatório; c) Admite o contraditório e ampla defesa na 2ª Fase Sistema no Brasil: Foi adotado o Sistema Misto, no qual forma a Persecução Penal (Inquérito + Processo Penal) 8 1ª FASE: INQUISITORIAL Apuração de infrações penais incumbe à polícia judiciária (junção da polícia militar e da polícia civil), não se permite o contraditório e a ampla defesa, mas assegura-se garantias constitucionais. Forma o inquérito sendo presidido pelo Delegado de Polícia A Função do advogado é assegurar o cumprimento da lei (aspecto formal) Chamado de Suspeito ou Indiciado A Função desta fase é apurar indícios de materialidade e autoria do delito 2ª FASE: ACUSATÓRIA Inicia-se com o oferecimento da ação penal Instala-se o Contraditório e ampla defesa Publicidade dos atos e Motivação das decisões presidido pelo Juiz O Ministério Público representa o Estado (função acusatória) O Advogado ou a Defensoria Pública faz a ampla defesa A Função desta fase é a formação da culpa e busca da verdade real OBS.: Denúncia é a acusaçãopública pelo Ministério Público, Queixa é a acusação privada pelo Advogado da parte FUNCIONAMENTO DA JUSTIÇA CRIMINAL BRASILEIRA POLÍCIA MILITAR •Em regra é o primeiro a tomar conhecimento do crime (policiamento ostensivo) POLÍCIA CIVIL • Realiza o Inquérito Policial (procedimento administrativo) MINISTÉRI O PÚBLICO • Faz a acusação formal, através da denúncia DEFENSORI A PÚBLICA • Assistência judicial a todos os cidadãos JUDICIÁRIO • Julgamento do crime nas Varas Criminais e Tribunais do Júri 9 PERSECUÇÃO PENAL Persecução Penal seria o nome correto a se usar, em vez de Processo Penal, pois o nosso Sistema tem 2 fases: Inquérito Penal + Processo Penal. O procedimento e o processo são públicos, salvo os processos de segredos de justiça. Não se permite a rotura e a prova é observada em conjunto A Formação da lide penal se dá pela: Prática da Conduta Ilícita X Intervenção do Estado Funções Privativas do Estado “JUS PUNIENDI” – Direito de punir do Estado, somente o Estado pode aplicar pena “JUS PERSEQUENDI” – Direito de investigar e processar aquele que for suspeito da prática do ilícito. O Estado tem o direito da formação de inquérito policial e do processo penal LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO Em regra a Lei Processual Penal é de aplicação imediata, art. 2º CPP. Desta forma a lei processual penal NÃO RETROAGE Diferente de uma Lei nova no Código Penal, em que os efeitos da lei mais benéfica retroagem Tem como Princípio o “tempus regit actum” (aplicação imediata da lei) – art. 4º CPP. A lei que processará a conduta será a do tempo do ato (da conduta) Consequências: a) Atos processuais realizados sob a vigência da lei anterior, são considerados válidos b) Normas processuais tem imediata aplicação, regulando o desenrolar restante do processo Período de atividade da lei é da PUBLICAÇÃO À REVOGAÇÃO CLASSIFICAÇÕES EXCEPCIONAIS EXTRATIVIDADE DA LEI: Quando a lei regula fatos ocorridos fora do período de atividade. Ex.: Lei temporária e lei excepcional “VACATIO LEGIS”: período de “vacância” (vaga) da lei. É o período decorrente entre a publicação e a data de sua vigência (45 dias), se a própria lei não fixar tempo diverso. Tem como função dar um tempo para adaptação da nova lei que irá entrar em vigor REVOGAÇÃO: Quando cessa a vigência da lei 10 Espécies de Revogação: a) Parcial: Derrogação – cessa parte da lei b) Total: Ab-rogação – cessa toda a lei c) Expressa: A própria lei determina de forma escrita d) Tácita: A lei não determina, mas é totalmente incompatível com a lei anterior. LEI TEMPORÁRIA: São as que informam seu tempo de vigência. “Nascem com data para morrer” LEI EXCEPCIONAL: São as que vinculam a vigência a uma situação fática, ex. Guerra, Copa do Mundo, etc. AUTO REVOGAÇÃO: Ocorre quando cessa a situação de emergência ou anormalidade no caso de lei excepcional ou se esgota o prazo quando se tratar de lei temporária. Sendo assim os efeitos da aplicação da lei excepcional ou temporária terá vigência mesmo que elas auto revoguem REPRISTINAÇÃO: Lei revogada volta a viger quando a lei revogadora for revogada. Em outras palavras, se a nova lei que revogou uma lei velha ter sua vigência encerrada, a lei velha passará a valer novamente LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO Em regra a lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em território nacional (art. 1º do CPP) Território Nacional: Todo espaço em que o Estado exerce a soberania, incluindo limites do solo, parcelo do mar e do ar Fronteira Terrestre: Limitação demarcada por linhas imaginárias (aéreas) Espaço Marítimo: 12 milhas a partir da linha do litoral Território por extensão: a) Embarcações e aeronaves a serviço do governo brasileiro irá ser aplicada a lei brasileira. Para os Particulares aplica-se a lei do local onde se encontram b) Embaixada: É considerado Território nacional onde quer que se encontre para que o art. 1º do CPP seja aplicado (“O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro (...)”). É inviolável a embaixada, aplicando-se a lei de seu país de origem 11 Exceções: Incisos do art. 1º do CPP INCISO I “Os tratados, as convenções e regras do direito internacional...” a) Tratado – Acordo firmado entre dois ou mais países que estabelecem conteúdos e regras de direito positivo com conteúdo político b) Convenção – Acordo firmado entre dois ou mais países com assuntos de conteúdo civil e que permite a adesão de outros países 1) Convenção de Viena sobre relações diplomáticas - Adotado em 18/04/1961. Prevê os privilégios e imunidades diplomáticas que devem ser recíprocas. Recepcionada pelo Brasil através do Decreto 56.435 de 08/06/1965 (Imunidade Absoluta) 2) Convenção de Viena sobre relações consulares - Adotado em 24/04/1963. Regula as relações consulares (privilégios e imunidades). Dever de comunicação imediata à repartição consular no caso de prisão ou detenção de pessoa de nacionalidade brasileira. Garantia de acompanhamento (visita) pelo cônsul. Consul não possui imunidade absoluta, responde conforme a lei local 3) Corte Penal Internacional (CPI) ou Tribunal Penal Internacional (TPI) – Estabelecido em 2002 em Haia. Julga os indivíduos (e não os Estados) que cometerem crimes de guerra, genocídio ou contra a humanidade, quando os Tribunais nacionais não puderem ou não quiserem processá-los c) Regras de direito internacional – Legislações estrangeiras adotadas pelo país INCISO II “As prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros do Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de Responsabilidade...” Prerrogativas para os crimes de responsabilidade. Referem-se a crimes de natureza política – ADMINISTRATIVO e não a delitos comuns São julgamentos realizados pelo Poder Legislativo e não pelo Poder Judiciário Consequências: Perda do cargo, cassação do mandato, suspensão dos direitos políticos, etc. As regras referentes ao julgamento estão definidas no CF 88 e leis especiais. Ex.: art. 52 CF 12 INCISO III “ Os processos da competência da Justiça Militar” Crimes militares serão processados conforme dispõe o CPP Militar a) Crime militar próprio – Só está previsto no CP Militar, sendo assim só pode ser cometido por militares, como aqueles contra autoridade ou disciplina militar ou contra o serviço e o dever militar. Ex.: Crime de deserção, art. 187 CPM, abandono de posto, art. 195 CPM, desacato a superior, art. 298 CPM b) Crime militar impróprio – Previsto no mesmo tempo, tanto no CPM como na Lei penal comum, ainda que de forma um pouco diversa. Ex.: Roubo, homicídio, etc. Qualquer crime militar será julgado na Justiça Militar INCISO IV “ Os processos da competência do tribunal especial” Refere-se a CF de 1937 e ao Tribunal Especial – Julga delitos políticos ou por meio do Tribunal de Segurança Nacional (Lei 2144/1936). NÃO É MAIS APLICADO, conforme o art. 5º, XXXVII da CF, que veda os Tribunais de exceção INCISO V “ Os processos por crimes de imprensa” TAMBÉM NÃO É MAIS APLICADO. O STF ao julgar a ADPF declarou que referenda lei não foi recepcionada pela CF, portanto os artigos crimes da lei de imprensa não são mais execuções, aplicando-se o parágrafo único do art. 1º do CPP LEI PROCESSUAL PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS Todos são iguais perante a lei – Art. 5º CF Sendo assim o que se diferencia é o cargo em que a pessoa está ocupando, sendo cargos que representam as funçõespúblicas de um país Exceções de imunidades: 1) IMUNIDADE DIPLOMÁTICA: Estabelecida na Convenção de Viena a. Imunidade absoluta: Refere-se a qualquer delito e se estendem a todos os agentes diplomáticos (embaixador, secretários da embaixada, pessoal técnico e administrativo das 13 representações) aos componentes da família e aos funcionários das organizações internacionais (ONU, OEA, etc.) QUANDO EM SERVIÇO Significa que o agente diplomático que cometer qualquer delito, responderá perante o seu país de origem Embaixada: Asilo Inviolável FUNCIONÁRIOS PARTICULARES: Se estrangeiros, não possui imunidade penal. “Convenção de Viena - Art. 37 ... 4. Os CRIADOS PARTICULARES dos membros da Missão, que não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente, estão isentos de impostos e taxas sobre os salários que perceberem pelos seus serviços. Nos demais casos, só gozarão de privilégios e imunidades na medida reconhecida pelo referido Estado. Todavia, o Estado acreditado deverá exercer a sua jurisdição sobre tais pessoas de modo a não interferir demasiadamente como o desempenho das funções da Missão” 2) IMUNIDADE PARLAMENTAR: Concedida aos membros do Congresso – Senadores e Deputados a. Imunidade absoluta/material: Significa que o parlamentar não está sujeito à Inquérito Policial ou processo por DELITO DE PALAVRA (são imunes as palavras ditas por eles). São eles: Crimes contra a honra (arts. 138 a 140 CP – Calúnia, Difamação e Injúria); Incitação ao crime (art. 286 CP – Provocar a pratica de crime); Apologia ao crime ou ao criminoso (art. 287 CP – Apoiar o crime ou um criminoso); Crimes de opinião descritos na Lei de imprensa ou na lei de segurança nacional Essa imunidade está prevista no art. 53, caput da CF b. Imunidade Relativa, Formal ou Processual: Significa suspender ou interromper o andamento da ação. Deve ser autorizado pelos demais “colegas” (Deputados, Senadores) para que o parlamentar seja processado (Caso Mensalão). Está prevista nos parágrafos §1º §2º §3º e §6º do art. 53 da CF Essas imunidades também se estendem aos Deputados Estaduais, conforme art. 27, §1º da CF Vereadores: Somente terá imunidade absoluta quanto aos delitos de palavra no exercício do mandato e nas circunscrições do município (art. 27 §1º da CF) OBS.: O Parlamentar só poderá ser preso em flagrante em caso de CRIME INAFIANÇÁVEL 3) IMUNIDADE PARA SERVIR DE TESTEMUNHA: a. Diplomatas – Art. 31 §2º da Convenção de Viena b. Parlamentares – Art. 53 §6º da CF Significa que Diplomatas e Parlamentares não estão obrigados a prestar depoimento como testemunhas 14 QUESTÕES DA 1ª PROVA 1) Onório Valfrido, estudante de Direito muito aplicado, em menos de três anos de formado, logo tornou-se diplomata e foi enviado para o Nepal para exercer suas funções na embaixada brasileira lá localizada, levando consigo sua esposa, os filhos gêmeos e sua funcionária de confiança, a cozinheira Aninha de Jurandir. Numa bela manhã de sol, Aninha de Jurandir dirigiu-se ao Supermercado e ao perceber a distração da operadora de caixa e por não saber se expressar corretamente pela estranheza do idioma, Aninha de Jurandir não efetuou o pagamento de suas compras e tentou sair do Supermercado, mas foi detida pelos seguranças que a monitoravam pelo sistema de câmeras. Diante da narrativa, pergunta-se: Aninha de Jurandir praticou algum delito? Se sua resposta for positiva, Aninha de Jurandir possui algum tipo de imunidade? Qual? Ela será processada? Por que? Se sua resposta for positiva, onde? Explique sua resposta Resposta: Sim, Aninha de Jurandir cometeu o delito de furto, pois tentou sair do supermercado sem pagar por suas compras. Aninha de Jurandir não possui qualquer tipo de imunidade, pois ela é funcionária do diplomata e somente ele e os membros de sua família possuem imunidade absoluta. Aninha de Jurandir será processada segundo as leis aplicadas no Nepal e por suas autoridades, já que não possui qualquer imunidade penal, conforme parte final do art. 37, alínea 4 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas 2) Qual o entendimento pelo Direito Canônico para a ocorrência do crime e no que esse ramo do Direito colaborou para a aplicação atual da pena? Resposta: O Direito Canônico entende que o crime é uma conduta ligada ao pecado, não um fenômeno social. Desta forma, criou a penitenciária, que é um estabelecimento onde o criminoso fica isolado da sociedade para refletir sobre o cometimento do crime. A penitenciária é um estabelecimento prisional existente até hoje, onde os presos são recolhidos 3) No caso de processo penal já iniciado, como ficam os atos já praticados se for publicada nova lei processual penal que modifique sua forma de realização? Explique e fundamente sua resposta Resposta: São duas consequências: os atos processuais realizados sob a vigência da lei anterior são considerados válidos e as novas normas processuais terão imediata aplicação, regulando os demais atos do processo, conforme artigo 2 do CPP 4) O juiz criminal Jurandir de Aninha, ao realizar um julgamento, observou as provas contidas no processo oferecidas pela acusação e pela defesa, condenando o réu e logo em seguida não permitiu que a defesa nem o réu tomassem conhecimento do teor da sua sentença. Quais os princípios constitucionais presentes na narrativa? Algum deles foi violado? Qual (is)? Fundamente sua resposta Resposta: Vemos o princípio do Juiz Natural (art. 5°, LIII: "Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente"); Princípio do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV da CF: "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes."). O juiz criminal violou o princípio da publicidade presente no art. 5 da CF: artigo 5°, LX, da Carta Magna: "A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem" 15 INQUÉRITO POLICIAL Inquérito é um procedimento administrativo de investigações composta pela realização de diligências a serem comandadas pela autoridade policial, sendo realizadas pelos seus agentes para apurar indícios de materialidade e autoria do delito Autoridade que preside é o Delegado de Polícia Circunscrição é exercido pela autoridade policial em um determinado território – art. 4º CPP Polícia judiciária (polícia civil e polícia militar) tem função preventiva e repressiva Inquéritos Extrapoliciais não são elaborados pela polícia judiciária, e presidido pelo Delegado de Polícia Tipos de Inquéritos extrapoliciais: 1) Inquérito Policial Militar – Presidido e elaborado por militares para apuração de crimes militares, crimes militares impróprios são crimes cometidos por militares mas que estão previstos no código comum, crimes militares próprios são crimes cometidos pelos militares também, porém está descrito no código militar 2) Inquérito Judicial – Apura crimes falimentares da Lei de Falências, as dívidas são maiores que o dinheiro que tem para pagamento. Inquérito apurado pelo Juiz 3) Inquérito Civil – Presidido pelo Juiz, visa apurar elementos para propositura de ação civil pública, como os danos difusos e coletivos. É presidido pelo MP 4) Inquérito Parlamentar – Tem poderes de investigações próprias das autoridades judiciais, apurar a ocorrência de delitos em grande escala que estão sendo graves para a sociedade (Senadores e Deputados) – art. 58, §3º da CF Finalidade do Inquérito Policial 1) Apurar indícios de materialidade do delito – Ex.: Arma do crime2) Apurar indícios de autoria do delito – Ex.: fios de cabelo, ouvir testemunhas CARACTERÍSTICAS: 1) Discricionário: art. 14 CPP – Durante o inquérito as partes podem requerer qualquer diligência do Delegado, no qual ficará a critério do Delegado realizar ou não, ex.: reconstituição do crime 2) Procedimento escrito: art. 9 CPP – Os depoimentos, e todas as demais providencias devem ser relatadas 3) Publicidade. Exceção: art. 20 CPP – A autoridade dará o sigilo necessário para que não atrapalhe as investigações do inquérito 4) Oficialidade: art. 5, inciso I CPP – Nos crimes de ação pública o Inquérito Policial será iniciado de ofício. Exceção: Crimes de ação penal privada 16 5) Indisponibilidade: Uma vez instaurado o inquérito deverá ir até o fim, para arquivar o inquérito depende da autorização do Juiz 6) Valor Probatório: O seu valor é relativo, isso quer dizer que uma prova produzida no inquérito policial poderá ser repetida durante o processo penal, pois as informações são obtidas sem contraditório e ampla defesa Só não serão repetidas as provas que não poderão ser produzidas novamente, Ex.: Marcas de lesão corporal na vítima 7) Vícios: Por ser procedimento investigativo, o Inquérito Policial não invalida a ação penal. Ex.: Se o delegado se considerar suspeito (art. 254 CPP) deverá declarar de ofício. Se a defesa verificar suspeição deverá comunicar a corregedoria, que nomeará outro delegado, durante o inquérito policial. Entretanto mesmo se o delegado for suspeito não irá contaminar o processo penal CLASSIFICAÇÃO DA NOTÍCIA DO CRIME (“noticia criminis”) É o conhecimento pela autoridade policial do fato criminoso. a) Notícia do crime de COGNIÇÃO IMEDIATA OU DIRETA: Conhecimento pela autoridade através dos próprios atos (O próprio delegado está fazendo uma ronda e toma conhecimento da ocorrência de algum delito ou a notícia chegar até ele na Delegacia) ou delação anônima ou apócrifa (é o famoso disk-denúncia/denúncia anônima, no qual é a comunicação anônima de um delito para a polícia). b) Notícia do crime de COGNIÇÃO MEDIATA OU INDIRETA: Conhecimento pela autoridade através de: o Requerimento do ofendido ou seu representante legal (Ex.: art. 147, Crime de ameaça depende da vítima representar à autoridade) o Requerimento do promotor de justiça ou requisição do Juiz (Ex.: Crime de falso testemunho) c) Notícia do crime de COGNIÇÃO COERCITIVA: Quando a autoridade (qualquer agente policial ou cidadão) toma conhecimento do fato delituoso ou quando o infrator já está sofrendo repressão. É o caso de FLAGRANTE DELITO FACULTATIVO, no qual poderá ocorrer quando a conduta está sendo praticada, ou quando acabou de praticar a conduta ou quando o sujeito é pego logo depois, em situação ou com objetos que presumem o sujeito ser criminoso. A prisão em flagrante existe dois tipos: Compulsória é feita pela autoridade e deve prender em flagrante, Facultativa é feito por qualquer cidadão em que poderá prender em flagrante. PEÇAS AUTORIZADORAS DO INQUÉRITO POLICIAL 1) Requerimento do ofendido ou seu representante legal – Ex.: Crimes de calúnia, difamação e injúria (Acontece quando a ação penal é privada – art. 5º, §5º) e ação penal pública condicionada – Ex.: Crime de ameaça (art. 5º, §4º) – Desta forma há necessidade do requerimento da vítima ou do seu representante para iniciar o Inquérito Policial 17 2) Requerimento do Ministério Público – Quando há atendimento ao público pelo MP, a vítima relata a ocorrência de um crime e o MP faz um requerimento para que seja instaurado um Inquérito Policial 3) Requisição do Juiz – Qualquer Juiz, ao se deparar com uma situação criminosa, seja nos autos ou em audiência, poderá requerer a instauração de um Inquérito Policial 4) Requisição do Ministro da Justiça Condicionada – art. 24 do CPP. Somente em alguns crimes: a. Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7º, §3º, letra b, c/c §2º, letra c do CP) – O Ministro da Justiça que observa as relações diplomáticas, pois em caso de extradição depende de tratados entre os países b. Crime contra a honra, contra o Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro, independentemente de publicidade ou não. Art. 145, § único, primeira parte do CP – Crime de calúnia, injúria e difamação contra o Presidente ou Chefe de Governo depende da autorização do Ministro da Justiça para instaurar um Inquérito c. Algumas hipóteses previstas na Lei de Imprensa e CP Militar PEÇAS INAUGURAIS DO INQUÉRITO POLICIAL 1) Portaria dá origem ao Boletim de Ocorrência (BO) – Art. 5º, I do CPP. Notícia do Crime por cognição imediata/direta ou mediata/indireta 2) Auto de prisão em flagrante (é o documento da prisão em flagrante): Após a voz de prisão em flagrante, a autoridade inicia o Inquérito Policial com o auto. Notícia do Crime por cognição coercitiva TERMO CIRCUNSTANCIADO: Trata-se de um procedimento simplificado que substitui o Inquérito Policial. Será realizado quando se tratar de: a) Crimes de menor potencial ofensivo – art. 61 da lei 9.099/95 – Qualquer crime cuja pena máxima cominada (que está descrita no código) seja INFERIOR A 2 ANOS. b) Ato Infracional praticado por criança ou adolescente – previsto no ECA – lei 8.069/90, deve ser apresentado no dia para o Promotor de Justiça. OBS.: Art. 5º, §2º do CPP – Onde se lê “Chefe de Polícia”, entenda-se Secretário de Segurança Pública Peças autorizadoras e início do Inquérito Policial depende do tipo de ação que processa o crime Verifica-se: a) Crime de ação pública incondicionada b) Crime de ação pública condicionada c) Crime de ação privada Conteúdo do art. 5º CPP 18 FASE INSTRUTÓRIA OU PROBATÓRIA DO INQUÉRITO POLICIAL A autoridade policial (delegado) faz ou determina a realização de diligências (providências) visando apurar os indícios de materialidade e autoria. Está descrita no art. 6º do CPP Inciso I: Preservação do local do crime Inciso II: Apreensão de objetos e armas (art. 11 CPP) Inciso III: Colheita de provas – Análise pela autoridade da necessidade e forma Inciso IV: Quando e se possível ouvir o ofendido Inciso V: Interrogatório – Divide-se em 2 partes, conforme art. 187 do CPP Inciso VI: Reconhecimento de pessoas e coisas (objeto usado no crime) – O reconhecimento é feito pelo ofendido ou por testemunhas. Esta diligência poderá ser analisada novamente na fase processual. Inciso VII: Exame de corpo de delito é a perícia que sempre será obrigatória quando o crime deixar vestígios. Corpo de delito é algo ou alguém atingido pela conduta criminosa. Ex.: Bolsa (objeto) no crime de fruto, corpo no homicídio, etc. Vias de fato é toda lesão que não deixa vestígios, no qual é uma contravenção penal, ex.: Cuspir no rosto Inciso VIII: Exame datiloscópico é o processo de identificação humana através das impressões digitais. Folha de antecedentes é o documento fornecido pela Delegacia com validade de 90 dias que informa a existência de registros criminais nos sistemas policiais (ocorrências anteriores). Certidão de Antecedentes Criminais fornecido pela Vara das Execuções Criminais e contém o registro de condenação com trânsito em julgado pelo cometimento de crime (processo findo aposta a reincidência) Inciso IX: É realizada através de documentos e depoimentos pessoais. Verifica-se aspectos pessoais e sociais do suspeito (personalidade, onde trabalha, como se relaciona com as pessoas, se tem atividade filantrópica, etc.) INDICIAMENTO – Ato de imputar a determinada pessoa a prática de fato punível no inquérito policial. É feito após a realização das diligências. Contém: Relaçãodas diligências, depoimento de testemunhas, documentos e provas periciais e tipificação do delito. RECONSTITUIÇÃO DO CRIME – Art. 7º - Não é obrigatória: Depende da necessidade e conveniência a ser determinada pela autoridade. Não é obrigatória a participação do indiciado. Se participar, pode exercer o direito de permanecer calado (art. 5º, inciso LXIII da CF). Pode ser requerida pelo MP ou ser determinada de ofício pelo Juiz (art. 156, inc. II do CPP) 19 ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL (art. 10 CPP) Prazo – 10 DIAS indiciado preso e 30 DIAS indiciado solto Leis penais extravagantes podem conter outros prazos. Peça que encerra o Inquérito Penal é o RELATÓRIO (art. 10, §1º CPP), no qual deve conter: a) Especificação de como se deu o início do Inquérito Policial b) Resumo dos fatos c) Diligências realizadas d) Indiciamento e) Tipificação da conduta Art. 10 §2º - Indicação de testemunha não ouvidas pela autoridade policial Art. 10 3º - Requerimento da autoridade policial solicitando ao juiz mais prazo para conclusão do Inquérito Policial. Somente o Juiz pode autorizar Arquivamento do Inquérito Policial – Art. 17 e 18 CPP Caso não seja necessário continuar o Inquérito, somente o Juiz pode autorizar o arquivamento. A autoridade policial NÃO pode determinar. Fundamentos para o requerimento: Causa de extinção da punibilidade (art. 107 CP) Falta de tipicidade. O fato não constitui crime ou contravenção penal. OBS.: A falta de culpabilidade (art. 26 CP – inimputabilidade) e de antijuridicidade (art. 23 CP) não são fundamentos para o pedido. Elas devem ser provadas durante o processo, portanto, não cabe arquivamento. Se faltar base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder novas pesquisas, se tiver notícias de outras provas (art. 18 CPP) 20 AÇÃO PENAL O Direito de Ação está previsto constitucionalmente – Art. 5º XXXV CF – “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Entretanto não deve confundir o direito buscado com o direito de ação. No caso do Estado, quando alguém cometer um crime, surge para ele o direito de punir, o qual só será alcançado por meio da respectiva ação penal. Desta forma a Ação Penal é a investidura do Estado face àquele que pratica a conduta definida como crime. É o exercício do “jus persequendi” – direito de ação do Estado. CONDIÇÕES DA AÇÃO a) Possibilidade jurídica do pedido: Fato narrado seja típico. Para haver uma ação penal deve haver um fato que esteja descrito no Código Penal b) Interesse de agir: Existência de justa causa, ou seja, indícios de autoria e suspeita acerca da prática da conduta c) Legitimidade: Na ação pública a legitimidade é do MP, na ação privada será o ofendido Espécies de Ação Penal: 21 AÇÃO PENAL PÚBLICA Processa a maioria dos delitos. Inicia-se com a denúncia (PEÇA INICIAL) oferecida pelo MP Princípios: a) Oficialidade – Feito por órgão especial - MP b) Indisponibilidade – O MP não pode dispor do dever de oferecer a denúncia c) Intranscendência – A culpabilidade não pode passar da pessoa do acusado e dos limites de suas responsabilidades d) Obrigatoriedade – Além de não pode dispor o MP tem obrigação de ingressar com a denúncia AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA Está prevista no art. 24, 1ª parte do CPP. Ocorrendo um crime, o MP deverá promover a ação, independentemente de iniciativa da vítima, pois atinge diretamente o Estado, tendo obrigação de averiguar, para manter a ordem na social Esta modalidade de ação penal NÃO PREVÊ qualquer tipo de condição para que se inicie a ação penal. Basta ter indícios de autoria e prova de materialidade delitiva. Ex.: Crime de homicídio, independe da vontade da família/amigos, para ser ingressada uma ação penal pública incondicionada AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO ou REQUISIÇÃO Prevista no art. 24, 2ª parte CPP. A iniciativa para o processo continua sendo do MP, porém condicionada à representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça a) Representação do ofendido – É um pedido – Autorização por meio do qual o ofendido ou seu representante legal expressam o desejo da instauração do Inquérito Policial e da ação Art. 25 – Irretratabilidade da representação: Enquanto não foi oferecida a denúncia o ofendido poderá retratar, se o MP ingressou com a denúncia o ofendido não poderá mais retirá-la, o processo irá até o fim Art. 33 – Representante legal: Em caso de menor de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental será representado pelo seu representante legal, se não tiver representante legal será nomeado um curador especial Art. 38 – Prazo para a representação: O ofendido tem o PRAZO DE 6 MESES de exercer o direito de representação. Se não oferecer a representação esse direito terá a decadência. Esse prazo conta a partir de quando o ofendido sabe quem é o autor do delito b) Requisição do Ministro da Justiça - Também é um pedido – Autorização obrigatória quando da ocorrência de alguns delitos 22 DENÚNCIA É a peça inicial da ação penal pública Peça acusatória formal da ação penal pública – Art. 41 CPP O seu prazo está previsto no art. 46 CPP – Se o réu estiver preso será de 5 DIAS, contado da data em que o MP receber os autos do Inquérito Policial; Se o réu estiver solto ou afiançado será de 15 DIAS; Se o Inquérito for devolvido a autoridade policial, o prazo irá começar a contar quando o MP receber novamente o Inquérito AÇÃO PENAL PRIVADA Prevista no art. 30 CPP. Alguns crimes atingem mais diretamente o particular do que a sociedade como um todo, desta forma o Estado transfere o direito de processar ao ofendido. Há na ação penal privada uma substituição processual – o Estado que é o titular do direito de ação, transfere ao particular a iniciativa da ação, prevalecendo o direito de punir do Estado Ela deverá ser promovida de acordo com a exigência prevista no tipo penal que descreverá: “Esse crime se processa mediante queixa” Só terá inquérito quando não souber o autor do delito – ex.: ligações telefônicas, através de internet. No caso de ação penal privada terminado o inquérito o mesmo ficará à disposição do ofendido QUEIXA é a primeira peça da ação penal privada a ser movida pelo ofendido, através de advogado. Ex.: Crimes contra a honra – art. 138/145 CP O PRAZO para oferecer a queixa (art. 38 CPP) será de 6 MESES, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime. Se não for oferecida a queixa ocorrerá a decadência do direito, tendo a extinção da punibilidade Partes: a) Ofendido – Querelante ; b) Acusado – Querelado REQUISITOS Art. 41 CPP – São os mesmos requisitos da denúncia, nas quais são: “a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identifica- lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”’ Exigência de propositura da ação por advogado com poderes especiais (art. 44 CPP) - Poderes Especiais: 23 Na procuração além dos poderes ad judicia, tem que descrever o fato criminoso, pois é uma proteção ao advogado, para que as palavras ofensivas não recaiam sobre o advogado Intervenção do MP (art. 45 CPP) – aditamento da queixa – Atua como fiscal da lei Indivisibilidade (art. 48 CPP) – Se tiver vários autores, a todos o ofendido deve promover a queixa RENÚNCIA Renúncia ao direito de queixa (art. 49 e 50 CPP) - Enquanto não iniciou o processo, o ofendido poderá renunciar a ofensa que lhe foi causada. Essarenúncia ficará com o querelado (quem praticou a ofensa), para que o querelante esqueça da renúncia e entre com o processo Renúncia tácita (art. 57 CPP) – Passado o prazo de entrar com a queixa ocorrerá a renúncia tácita. Também será possível a renúncia tácita quando provar por todos os meios de provas a inocência Perdão (art. 51 a 59 CPP) – O perdão cabe quando o processo já se iniciou. O ofensor poderá aceitar ou não o perdão, previsto no art. 58 CPP. Em caso de haver o transito em julgado da Sentença NÃO será possível o perdão OBS.: Só cabe renúncia ao direito de queixa e perdão na ação penal privada. Na ação penal pública não cabe o perdão do ofendido, porém alguns delitos trazem a possibilidade do perdão judicial, onde o juiz, no momento em que for proferir a sentença (após toda a fase da persecução penal), ao invés de impor a pena, somente ele, poderá conceder o perdão, quando houver a disposição (previsão) legal. Ex.: art. 242, § único CP ESPÉCIES DE AÇÃO PRIVADA: a) AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA (TÍPICA) (art. 30, 31 e 33 CPP) – Necessita de representante legal b) AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA – Somente e exclusivamente promovida pelo ofendido (não pode ser movida pelo representante legal) Ex.: Art. 236 CP – Crime de induzimento a erro essencial (Enganado pelo cônjuge) c) AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA – Art. 29 CPP. Só ocorre quando o MP não ofereceu a denúncia no prazo legal. Sendo assim o ofendido pode ingressar com a ação penal privada, ainda que o crime só se processe por ação pública 24 PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA 1) Princípio da Conveniência ou Oportunidade – O ofendido tem a decisão de propor ou não a queixa 2) Princípio da Disponibilidade (perdão e perempção – art. 60 CPP) – O ofendido pode dispor da ação, até mesmo depois que propõe a ação, no caso perdoar ou deixar de dar andamento no processo (perempção) 3) Princípio da Indivisibilidade, art. 48 CPP – Se houver mais de um ofensor, a queixa deverá ser contra todos 4) Princípio da Intranscedência – A acusação não ultrapassa da pessoa acusada AÇÃO CIVIL PARA REPARAÇÃO DO DELITO Ação Civil ex delito – Art. 64/68 CPP Toda prática de fato ilícito acarreta prejuízo para a(s) vítima(s) e para o Estado. Fora o “jus persequendi” e o “jus puniendi”, o dano causado poderá ser ressarcido na forma de indenização a ser promovida perante o juízo cível, para que a vítima possa ser indenizada monetariamente quando provar que sofreu prejuízo material e/ou moral A ação civil do delito pode ser intentada (proposta) em decorrência de dano ocasionado por ilícito penal Há 2 TIPOS de ação civil do delito: 1) Ação Civil “ex delicto” em sede de Processo de Conhecimento (art. 64 CPP): Tem por fundamento um delito cuja materialidade e a autoria ainda não foram provadas no juízo criminal (não transitou em julgado o processo criminal). Essa ação portanto, é movida perante o juízo cível. §1º: Possibilidade de suspensão da ação cível pelo Juiz, a fim de aguardar a decisão criminal. Sua finalidade é evitar decisões conflitantes Arts. 66 e 67 CPP: Possibilidade de propositura da ação cível em sede de conhecimento - Art. 66: Em caso do agente ter sido absolvido do delito por dúvida (ex. insuficiência de prova) ainda assim poderá entrar com a ação civil do delito com um processo de conhecimento na justiça cível. No caso do agente ter sido absolvido por não ter mesmo cometido o delito, ter a certeza que não cometeu o crime, não caberá ação civil do delito Art. 67: Não impedirá igual a propositura da ação civil no caso de arquivamento do inquérito, decisão que julgar extinta a punibilidade e a sentença absolutória que decidir que o fato não constitui crime 2) Ação Civil “ex delicto” em sede de Processo de Execução (art. 63 CPP): É proposta após o trânsito em julgado da ação penal condenatória. De posse da sentença condenatória transitada em julgado, a vítima ingressa no juízo cível com pedido indenizatório, pois o crime já está provado. Nesta ação discute- se apenas quanto será indenizado e quando será indenizado 25 É parte legítima para intentar qualquer ação civil do delito a vítima, seu representante legal ou seus herdeiros Art. 65 – Casos em que a ação civil não poderá ser proposta: Estado de Necessidade, Legítima Defesa, Estrito Cumprimento do Dever Legal ou no Exercício Regular do Direito
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