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Unidade 1 – VALIDADE DA NORMA JURÍDICA E O PROCESSO LEGISLATIVO
WEBAULA 1
 
Olá, tudo bem com você? Eu sou a professora Janaina Vargas Testa, mestranda em Direito Negocial, advogada e professora. Estamos juntos, neste estudo, para iniciar uma reflexão sobre um assunto introdutório do direito: as normas jurídicas. Vamos pensar sobre a classificação e validade das normas.
Mas, o que isso significa? Significa que as normas podem ser classificadas sob diversas formas e com base em diversos critérios. A ideia em classificá-las é permitir uma melhor apreensão do alcance e significado das normas jurídicas.
A discussão a ser promovida por este estudo tem a intenção de apresentá-lo no relevante tema sobre a norma jurídica. Lembrem-se de que ela é o elemento constitutivo do direito, portanto,envolve a formação e a própria manifestação do direito.
Porém, para entender a dimensão deste assunto, além de compreender a classificação da norma jurídica, faz-se necessário refletir sobre a validade da norma jurídica.
Assim, o nosso estudo foi dividido em dois tópicos. O primeiro destina-se a compreender a classificação e a validade da norma jurídica. O segundo promove uma discussão sobre o processo legislativo, que é um dos elementos que traz validade à norma.
Vamos também realizar uma rica discussão sobre o processo de elaboração, aprovação e publicação das normas jurídicas (em geral: leis). Isso não é legal? É importante que você, ao menos, conheça procedimentos gerais do processo legislativo, bem como tenha noções gerais acerca de algumas espécies normativas.
Você sabe como e quando uma lei é publicada? Quando entra em vigor? Quem aprova os projetos? Quem sanciona? Enfim... Essas são algumas perguntas que poderíamos fazer sobre o tema que discutiremos aqui.
Você sabia que a validade da norma jurídica está intimamente relacionada com o processo legislativo? Por isso se faz essencial que você tenha, pelo menos, noções deste processo. Tenho certeza de que gostará da discussão. Vamos lá?
1. Classificação e validade da norma jurídica
 
A norma é um elemento constitutivo do direito, ela dispõe sobre fatos e consagra valores, pode impor sanções, estabelecer condutas, ou organizar o Estado e suas competências etc.
Vamos classificar as normas jurídicas sob os seguintes critérios: quanto à hierarquia; quanto à natureza de suas disposições; quanto ao poder de autonomia legislativa; quanto à sistematização.
Começaremos, então, a conhecer cada um destes critérios. Vamos lá?
a) Quanto à hierarquia, as normas podem se classificar em (DINIZ, 2003, p. 383):
a1) normas constitucionais;
a2) leis complementares;
a3) leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções;
a4) decretos regulamentares;
a5) normas internas (despachos, estatutos, regimentos etc.);
a6) normas individuais (contratos, testamentos, sentenças etc.).
b) Quanto à natureza de suas disposições, as normas podem ser: substantivas e adjetivas:
b1) substantivas: são normas que definem e regulam relações jurídicas ou criam direitos e impõem deveres. Exemplo: as disposições do Código Penal, do Código Civil etc.
b2) adjetivas: são normas que regulam o modo ou o processo de efetivar as relações jurídicas, ou de fazer valer os direitos ameaçados ou violados. Exemplo: as normas do Código de Processo Penal e do Código de Processo Civil.
c) Quanto ao poder de autonomia legislativa, as normas podem ser:nacionais ou locais; federais, estaduais e municipais.
c1) nacionais ou locais: se as normas vigorarem por todo o território do país, elas serão nacionais; se vigorarem em parte dele, serão locais.
c2) federais, estaduais e municipais: se as normas se tratarem no âmbito da União, serão normas federais; se as normas forem emitidas pelo Estado, serão normas estaduais; se emanadas pelos municípios, serão normas municipais. Cada uma dessas esferas territoriais tem sua competência normativa estabelecida pela norma constitucional, ou seja, a Constituição Federal estatui todas as competências de todos estes entes da Federação, prescrevendo quais tipos de normas a União Federal, os Estados e os municípios podem criar: “A Constituição Federal reserva não só à União o poder de emanar normas para reger certas situações, mas também dá aos Estados e aos Municípios certo âmbito de ação, uma esfera privativa, vedando a ingerência de qualquer poder” (DINIZ, 2003, p. 385).
São leis federais a norma constitucional e suas leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias e decretos federais, editados pela União ou qualquer de seus órgãos.
São leis estaduais a Constituição dos Estados, leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias e decretos estaduais, emitidos pelos entes estaduais.
Por sua vez, as leis municipais abrangem leis, decretos, posturas, emitidos por órgãos municipais.
Importante frisar que não há hierarquia entre leis federais, estaduais e municipais, pois cada um atua em sua competência. A hierarquia existe apenas nos casos em que União (Governo Federal), Estados e Municípios possam atuar conjuntamente disciplinando o assunto, o que ocorre na competência concorrente.
Veja que uma norma municipal, ao disciplinar acerca do transporte coletivo municipal e atender ao interesse local, irá prevalecer sobre uma norma federal que verse sobre o mesmo assunto.
IMPORTANTE: As únicas normas jurídicas que têm prevalência, no Brasil, sobre as demais, são as normas constitucionais federais (DINIZ, 2003).
d) Quanto à sistematização, as normas podem ser: esparsas ou extravagantes; codificadas;consolidadas.
d1) esparsas ou extravagantes: são normas editadas isoladas. Exemplo: Lei do salário-família etc.
d2) codificadas: normas que constituem um corpo orgânico de normas sobre certo ramo do direito. Exemplo: Código Tributário Nacional; Código Civil; Código Penal; Código de Processo Civil.
d3) consolidadas: normas que formam uma reunião de leis esparsas vigentes sobre determinado assunto. Exemplo: A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Ufaaa....Terminamos a classificação das normas jurídicas. O assunto pode parecer, a princípio, sem muita importância, mas saiba que ele é essencial para a assimilação do conhecimento jurídico. Portanto, aproveite o estudo e aprenda! Até mais!
	SAIBA MAIS
Para saber mais e se aprofundar no assunto, além de buscar a bibliografia indicada no final destaweb, você pode acessar o livro “Teoria da Norma Jurídica”, de Norberto Bobbio, por meio do link:. Acesso em: 05 ago. 2014. 
 
	LINK
Aproveite também para fazer a leitura do texto indicado a seguir:
. Acesso em: 05 ago. 2014.
2. Validade da norma jurídica
 
Vamos continuar o nosso estudo? Tendo em vista que agora você tem o conhecimento de que a norma jurídica pode se apresentar de diversas formas, por isso ela possui tantas classificações, vamos nos ater em outro assunto muito importante: a validade da norma.
Já conversamos, rapidamente, sobre a questão da validade, ao salientar que a norma jurídica, para ser válida, deve ser resultado de um processo legislativo. Entretanto, a discussão vai além disso. Você perceberá que o tema sobre a validade é essencialmente complexo.
Mas, espera aí? Eu disse complexo, não difícil, rs. Você vai gostar do debate! Vamos lá?
Para a autora Maria Helena Diniz (2003), a validade é um termo complexo, que se relaciona com aspectos de vigência, eficácia e fundamento: “Esses três aspectos essenciais da validade são os requisitos para que a norma jurídica seja legitimamente obrigatória. Há na norma uma relação necessária entre validade formal, fática e ética” (DINIZ, 2003, p. 386).
Se a validade de uma norma diz respeito à sua validade formal, fática e ética, conforme salientado pela autora, é exatamente pela validade formal que iniciaremos o nosso estudo.
A validade formal ou técnico-jurídica é uma qualidade da norma de direito. Esta validade diz respeito à vigência da norma, e para que ocorra essa vigência, faz-se necessária a presença de alguns requisitos (DINIZ, 2003):
1) Elaboraçãopor um órgão competente, que é legítimo por ter sido constituído para tal fim;
2) Competência material do órgão, isto é, a matéria objeto da norma deve estar contida na competência do órgão;
3) Observância dos processos ou procedimentos estabelecidos em lei para sua produção, que nos EUA se denomina due process of law.
Vamos compreender melhor essas ideias? Veja que uma norma está vigente ou é válida sob o ponto de vista formal se for elaborada por órgão competente, ou seja, por quem tem o “poder” de elaborar esta norma; se este órgão for competente para criar uma norma sobre uma matéria determinada; e que todos os procedimentos estabelecidos legalmente para a elaboração desta norma sejam respeitados.
Assim, a validade formal ou vigência é uma relação entre normas, no que diz respeito à competência dos órgãos e ao processo de sua elaboração. Logo, vigente será a norma se emanada do poder competente com obediência aos trâmites legais (DINIZ, 2003).
Importante ressaltar que a vigência das normas jurídicas se relaciona com o espaço/tempo, na medida em que as normas têm por conteúdo processos espaçotemporais. Vamos entender melhor?
Dizer que uma norma está vigente ou que ela vale, significa afirmar que ela vigora para um determinado espaço ou para um certo período de tempo, ou seja, que se refere a um comportamento que apenas pode verificar-se num dado lugar ou num certo tempo. Pode-se afirmar, então, que as normas jurídicas têm vida própria, pois nascem, existem e morrem.
Uma norma, quando aprovada pelo Legislativo e sancionada pelo Presidente da República (ou pelo governador ou pelo prefeito), é promulgada e publicada. As normas nascem com a promulgação e só começam a vigorar com a sua publicação no Diário Oficial. Deste modo, é a promulgação que atesta a sua existência e a publicação atesta a sua obrigatoriedade, visto que ninguém poderá furtar-se à sua observância, alegando que não a conhece, conforme destaca o art. 3º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (BRASIL, 1942). Sendo assim, é obrigatória para todos, mesmo para os que a ignoraram, porque assim o exige o interesse público.
Veja que, quando formos discutir o tema “processo legislativo”, voltaremos à discussão sobre a promulgação e publicação. Neste momento é importante que você saiba, ao menos, que a norma passa a existir com a promulgação e começa a vigorar com a publicação, dando ciência a todos acerca dela.
Uma norma de direito pode ter vigência para o futuro sem prazo determinado, durante até que seja modificada ou revogada por outra. Não sendo temporária a vigência, a norma não só atua, podendo ser invocada para produzir efeitos, mas também ter força vinculante (vigor) até a sua revogação.
Mas, você sabe o que é revogação? Revogar é tornar sem efeito uma norma, retirando a sua obrigatoriedade. A revogação pode ser expressa, quando o elaborador da norma declarar a lei velha extinta em todos os seus dispositivos ou apontar os artigos que pretendem retirar; ou tácita, se houver incompatibilidade entre a norma nova e a antiga, pelo fato de que a nova passa a regular inteiramente a matéria tratada pela anterior, conforme preconiza o art. 2º, §1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (BRASIL, 1942).
Você se recorda que mencionamos, retro, que a validade de uma norma também tem relação com avalidade fática ou eficácia. Pois bem, vamos agora nos ater a este assunto.
A validade fática ou eficácia diz respeito à questão de se saber se os seus destinatários ajustam ou não seu comportamento, em maior ou menor grau, às prescrições normativas, isto é, se cumprem ou não os comandos jurídicos, se os aplicam ou não. Isso quer dizer o quê? Se as pessoas estão seguindo as determinações da norma, ou seja, se cumprem os mandamentos desta norma. Assim, vigência não se confunde com eficácia, logo, nada obsta que uma norma seja vigente sem ser eficaz, ou que seja eficaz sem estar vigorando.
A eficácia, então, é uma qualidade da norma que se refere à sua adequação em vista da produção concreta de efeitos. Consiste a eficácia no fato real, a aplicação da norma. Logo, uma norma que nunca e em parte alguma é aplicada e respeitada, isto é, uma norma que não é eficaz em certa medida, não será considerada como norma válida, no sentido de vigente. E para ser vigente, deve ter um mínimo de eficácia.
Ora, você deve concordar que não há efeito jurídico algum se uma norma não for eficaz, ou seja, ninguém seguí-la, não é mesmo?
O mínimo de eficácia, portanto, é a possibilidade da norma ser obedecida e não aplicada ao tribunal, desobedecida pelos indivíduos a ela subordinados e aplicada pelos órgãos jurídicos, ou melhor, ser desobedecida ou não aplicada (DINIZ, 2003). A autora Maria Helena Diniz ainda afirma que é nítida a relação entre vigência e eficácia, pois a norma deixará de ser vigente se permanecer duradouramente ineficaz: “O mínimo de eficácia é condição de vigência da norma, logo, se ela nunca puder ser aplicada pela autoridade competente nem obedecida pelo seu destinatário, perderá sua vigência” (DINIZ, 2003, p. 396).
Podemos finalizar a nossa conversa sobre a validade fática ou eficácia afirmando que a eficácia seria a relação entre a ocorrência (concreta) dos fatos estabelecidos pela norma que condicionam a produção do efeito e a possibilidade de produzi-lo.
Resta-nos agora refletir sobre a validade ética ou fundamento axiológico da norma.
Você já aprendeu, em discussões feitas anteriormente, que a norma jurídica deve ser sempre uma tentativa de realização de valores, na intenção de buscar os fins necessários ao homem e à sociedade, e que as normas carregam valores. A finalidade principal da norma é implantar uma ordem justa na vida social.
A justiça, sem dúvida, é a condição primeira de todos os valores. Ela vale para que todos os valores valham. Você concorda com isso? Veja o que a autora Maria Helena Diniz nos fala a respeito da justiça:
A justiça, que compreendia todos os valores jurídicos, é a razão de ser ou fundamento da norma, ante a impossibilidade de se conceber uma norma jurídica desvinculada dos fins que legitimam sua vigência e eficácia. [...] A justiça exige que todos os esforços legais se dirijam no sentido de atingir a mais perfeita harmonia na vida social. [...] O justo objetivo, não a vontade individual, que constitui objeto da norma, é o bem devido a outrem segundo certa igualdade, numa equivalência de quantidade (DINIZ, 2003, p. 396-397).
Deste modo, a norma jurídica não pode estar alheia aos sentimentos sociais ou aos ideais de uma comunidade, ao contrário, a norma deve corresponder aos sentimentos de justiça da sociedade em que rege.
A norma, no sentido de validade ética, deve ser a expressão da justiça e ela o será na medida em que for útil à conservação e ao aperfeiçoamento do convívio humano.
Mas, não podemos esquecer que cada época apresenta uma concepção de justiça que depende das condições sociais de certo momento e lugar, sendo certo que cada época histórica tem a sua ideia de justiça, que depende da escala de valores dominantes na sociedade. Com efeito, uma norma jurídica não pode ser, em si mesma, justa ou injusta, depende do ângulo histórico sob o qual se julga (DINIZ, 2003). Por isso, os valores jurídicos não são conceitos a priori aos quais devam ajustar-se as normas jurídicas para justificar a sua existência, mas sim a posteriori, determináveis, pelo ser humano, progressivamente, na experiência histórica.
É preciso compreender, no entanto, que o fato da ideia de justiça se conceber de forma diferentemente ao longo da história não significa que não haja historicamente valores permanentes, ou seja, constantes axiológicas, nas palavras de Miguel Reale (2006). Isso significa que uma norma pode carregar valores universais, mas também pode se adequar à realidade em que esteja sendo aplicada. Assim, a norma irá se ajustar aos valores no momento de sua aplicação.
Vamos aprofundar um pouquinho a discussão sobre justiça?
Para Maria Helena Diniz (2003, p. 399), o vocábulo justiçaé análogo, mas apresenta duas significações fundamentais:
1ª) Objetiva, quando indica uma qualidade da ordem social. Caso em que o jurista vê na justiça uma exigência da vida em sociedade, um princípio superior da ordem social. Pode ainda significar a própria legislação (justiça penal, civil, trabalhista etc.) ou o órgão encarregado de sua aplicação (comparecer perante a justiça).
2ª) Subjetiva, quando designa uma qualidade da pessoa, como virtude ou perfeição subjetiva.
Todavia, em sentido próprio, esclarece a autora, a justiça é a virtude da convivência humana, ou seja, de dar a cada um o que lhe é devido, segundo uma igualdade simples ou proporcional, exigindo, portanto, uma atitude de respeito para com os outros, dando-lhes aquilo a que tenham o direito de ter ou de fazer.
A justiça aplica-se aos princípios superiores da ordem social, visto que esta só será justa na medida em que garantir ao indivíduo o seu direito; à legislação, porque esta deve assegurar a cada um o que lhe é devido no seio da sociedade; e aos órgãos encarregados da sua aplicação. Em regra, o dever de dar a cada um o que é seu vem imposto por nome jurídica, assim o justo é o que exige o direito.
Podemos, ainda, estabelecer duas modalidades de justiça. A primeira é a particular, cujo objeto é o bem do particular, e que pode ser comutativa e distributiva. A comutativa, explica Maria Helena Diniz (2003), se um particular dá a outro particular o bem que lhe é devido, segundo uma igualdade simples ou absoluta, enquanto a distributiva ocorre quando a sociedade dá a cada particular o bem que lhe é devido segundo uma igualdade proporcional ou relativa. Embora a justiça distributiva vise o interesse do particular, corresponde a uma função social, pois a sociedade, ao impor restrições aos seus membros, torna-se depositária de riquezas, de utilidades que deve distribuir, proporcionalmente aos indivíduos que a compõem. Assim, repartem-se os bens de acordo com a necessidade de cada um, e os encargos, proporcionalmente à capacidade de cada um (DINIZ, 2003).
A segunda modalidade de justiça é a social, geral ou legal, quando as partes da sociedade, governantes e governados, indivíduos e grupos sociais, dão à comunidade o bem que lhe é devido, observando uma igualdade proporcional: “Os membros da sociedade dão a esta sua contribuição para o bem comum, que é o fim da sociedade e da lei, proporcionalmente à função e responsabilidade na vida social” (DINIZ, 2003, p. 402).
Essa justiça está presente na elaboração das normas, porque estas têm por escopo promover o bem comum, na prestação de serviço militar ou público, no pagamento de impostos, na obediência às normas, na promoção do bem comum pelos clubes de pais e mestres, pelas sociedades de bairro, pelas categorias profissionais etc. Destarte, “a justiça social é a que tende diretamente ao bem comum da sociedade, subordinando a esse fim os interesses dos seus membros componentes, ordenando sua conduta em relação ao todo” (DINIZ, 2003, p. 402). Cada membro da sociedade, portanto, deve a esta o necessário para a sua conservação e prosperidade, por meio da fixação de deveres de cada um com relação à sociedade em que vive ou pertence.
Muito bacana esta discussão acerca da justiça como fundamento da norma jurídica, não é mesmo? Você gostou? Julga ser importante esta reflexão? Quer aprender mais sobre o assunto?
	SAIBA MAIS
Leia os textos indicados pelos links a seguir:
. Acesso em: 05 ago. 2014.
. Acesso em: 05 ago. 2014.
2. Processo Legislativo
 
Finalizaremos a nossa conversa com o seguinte questionamento: o que é processo legislativo? O processo legislativo visa à criação de normas jurídicas. Mas será que esta criação não deve seguir trâmites e procedimentos fixados por lei? O que você acha?  Na verdade, as regras procedimentais estão constitucionalmente previstas, ou seja, previstas na Constituição Federal.
O art. 59 da Constituição Federal estabelece que o processo legislativo envolve a elaboração de (BRASIL, 1988):
I - emendas à Constituição
II - lei complementar
III - lei ordinária
IV - lei delegada
V - medida provisória
VI - decreto legislativo
VII – resoluções
O Poder Legislativo, no Brasil, ao criar um projeto de uma norma jurídica, conhecido por projeto de lei, tem o papel também de realizar um controle sobre esta nova norma, ou seja, realizar um controle preventivo da constitucionalidade. O que isso significa? Significa que se deve verificar se a nova norma a ser criada não viola o contido na Constituição Federal, pois todas as normas devem estar condizentes com o texto constitucional. Assim, os vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores podem fazer um controle prévio desta constitucionalidade por meio de uma Comissão de Constituição e Justiça. O Executivo - formado pelo prefeito, governador e presidente - também exerce um controle, no momento em que irão vetar ou sancionar a norma aprovada pelo Legislativo.
Podemos afirmar que o processo legislativo, para a elaboração e aprovação das leis ordinárias e complementares, que são as mais comuns e as normas que possuem um processo mais complexo, possui três fases: a fase de iniciativa, a fase constitutiva e a fase complementar.
A primeira refere-se à apresentação do projeto de lei; a segunda é constituída pela deliberação parlamentar, por meio da discussão e votação e pela deliberação executiva, por meio da sanção ou veto; e a terceira fase se constitui pela promulgação e publicação.
Vamos conhecer todas estas fases? Pois bem, pare e pense: qual a primeira etapa para se criar uma nova norma/lei? Apresentar um projeto de lei, não é isso? Mas quem pode apresentar este projeto?
1. Fase de Iniciativa
 
O art. 61, caput, da Constituição Federal estabelece que (BRASIL, 1988):
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
Por meio da leitura do artigo supratranscrito, podemos afirmar que, regra geral, as pessoas que podem apresentar projeto de lei, ou seja, têm o poder de iniciativa para a criação de uma norma jurídica: qualquer deputado ou senador; Comissão da Câmara dos Deputados, Comissão do Senado, Comissão do Congresso, Presidente da República, STF – Supremo Tribunal Federal; Tribunais Superiores; Procurador Geral da República e o cidadão.
Mas será que todas estas pessoas podem apresentar um projeto sozinho? Em conjunto?
Veja que quando a possibilidade de apresentar o projeto for delegada a duas ou mais pessoas, estaremos diante da iniciativa concorrente. Vamos conhecer um exemplo disso? É o que ocorre na apresentação de projetos de leis ordinárias e complementares, conforme visto acima. Quando estamos diante de um projeto de emenda à Constituição, a iniciativa para apresentar o projeto também é concorrente, pois os membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; o Presidente da República e mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros, poderão apresentar projeto para emendar a Constituição Federal, conforme preconiza o art. 60, I, II, III da Constituição Federal.
Entretanto, há casos em que projetos de lei só podem ser apresentados por uma única pessoa, sendo o caso, por exemplo, da iniciativa privativa. O que isso significa? Significa que algumas leis são de iniciativa privativa de determinadas pessoas, só podendo o processo ser deflagrado por elas, sob pena de vício formal de iniciativa. Quer conhecer um exemplo de iniciativa privativa? Há casos em que a iniciativa é privativa do Presidente da República, conforme descreve o art. 61, §1º, da Constituição Federal (BRASIL, 1988), como, por exemplo, apresentar projetos de lei sobre a criação de cargos, funções ou empregos públicos daadministração pública direta e autárquica ou aumento de sua remuneração. Logo, ninguém mais pode apresentar projeto para criar normas sobre isso, apenas o Presidente da República.
Outro exemplo de iniciativa privativa se refere à criação de normas a respeito de organização dos tribunais. Apenas o Poder Judiciário tem a iniciativa para elaborar projeto de lei sobre a organização dos tribunais.
Interessante comentar, ainda, que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, consoante prescrevem o art. 51, IV, e art. 52, XIII, ambos da Constituição Federal, também têm a iniciativa exclusiva para propor projetos de lei para fixar a remuneração dos deputados e dos senadores (BRASIL, 1988):
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
IV – [...] a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
XIII - a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
	QUESTÃO PARA REFLEXÃO
O que você acha dos próprios deputados e senadores terem o poder de iniciar um projeto para elaborar lei que cria e fixa a sua remuneração? Você acha essa previsão constitucional moral? Pense a respeito.
Você percebeu que, no início da nossa conversa, destaquei o cidadão como um dos legitimados a apresentar projetos de lei. Pois bem, trata-se da iniciativa popular. Mas, será que o povo, ou seja, o cidadão tem poder para iniciar qualquer projeto de lei?
Ora, obviamente que não cabe iniciativa popular para apresentar projetos de lei que são de iniciativa privativa do presidente, do Judiciário, da Câmara dos Deputados, dos Senadores. Porém, desde que a matéria, ou seja, o conteúdo da norma, não esteja inserido na iniciativa privativa, caberá iniciativa popular para a apresentação de projetos de leis complementares e ordinárias, nos termos do art. 61, § 2º, da Constituição Federal (BRASIL, 1988):
A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
Será que o cidadão poderia ainda iniciar projeto que visa à criação de norma constitucional, isto é, tem a iniciativa para propor emenda à Constituição Federal? O sistema brasileiro não admitiu expressamente a iniciativa popular para proposta de emenda à Constituição Federal, mas tão somente para elaborar projetos de leis ordinárias e leis complementares. Entretanto, o autor Pedro Lenza (2010) salientou que, por meio de uma interpretação sistemática, ao lembrar-se do art. 1º, parágrafo único e art. 14, inciso III da Constituição Federal, que estabelece o exercício do poder de forma direta pelo próprio povo e que a soberania popular será exercida mediante a iniciativa popular, permite compreender que é possível o povo iniciar projeto de emenda à Constituição Federal. Todavia, não há entendimento pacífico a respeito disso. 
Para finalizarmos a discussão da primeira fase do processo legislativo, não podemos deixar de mencionar a iniciativa conjunta. Na hipótese de iniciativa conjunta, existe a presunção de consenso de vontades, estabelecendo a Constituição Federal competência para que diversas pessoas, conjuntamente, deflagrem o processo legislativo. É o exemplo do que acontece com a iniciativa para a fixação do subsídio (remuneração) dos ministros do STF – Supremo Tribunal Federal. Segundo os artigos 48, inciso XV e 96, inciso II, alínea “b”, ambos da Constituição Federal, a iniciativa para fixar o subsídio dos ministros do STF é do Poder Judiciário e do Congresso Nacional.
Resta-nos agora entender a fase constitutiva e a fase complementar.
Vamos começar, obviamente, pela fase constitutiva?
A fase constitutiva, conforme salientado retro, é formada pela deliberação parlamentar, onde haverá a discussão e votação do projeto, e pela deliberação executiva, quando haverá a sanção ou o veto da norma.
 
2. Fase Constitutiva
 
Deliberação parlamentar – discussão e votação:
Em decorrência do bicameralismo federativo (duas câmaras, ou seja, duas casas), em se tratando de projeto legislativo de lei federal, sempre haverá a apreciação do projeto de lei pelas duas Casas do Congresso Nacional: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, em que uma será a Casa iniciadora, e a outra, a Casa revisora.
Isso significa que uma Casa iniciará a votação do projeto e a outra fará a revisão dele. Regra geral é na Câmara dos Deputados que se dá início à votação do projeto, e o Senado atua como Casa revisora. Assim, todos os projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do STF, dos Tribunais Superiores, dos Deputados, do Procurador Geral da República e os projetos de iniciativa popular são discutidos e votados primeiramente na Câmara dos Deputados, e encaminhados, após a aprovação, para o Senado, que atuará como Casa revisora. Apenas quando o projeto de lei é de iniciativa dos senadores ou de alguma Comissão do Senado é que o projeto é discutido e votado primeiramente no Senado e, depois, encaminhado à Câmara para a revisão.
A Casa Revisora poderá aprovar o projeto, rejeitá-lo ou emendá-lo:
Aprovado: o projeto será enviado para sanção ou veto;
Rejeitado: será arquivado.
Emendado: somente o que foi alterado deverá ser apreciado pela Casa iniciadora.
	SAIBA MAIS
Leia o artigo indicado a seguir:
. Acesso em: 05 ago. 2014.
Deliberação executiva – sanção e veto
Ao receber o projeto de lei, o Presidente da República o sanciona ou o veta. A sanção é a anuência, aceitação do projeto; enquanto o veto é a discordância, que deverá ser apresentado em 15 dias úteis da data do recebimento do projeto. Importante destacar que o silêncio do Presidente neste prazo, ou seja, em 15 dias do recebimento do projeto, caracterizará a sanção tácita.
O veto pode ser total ou parcial. O veto parcial abrange veto de artigo, parágrafo, inciso, alínea; enquanto o veto total é pela discordância em relação a todo o projeto.
Será que, ao vetar, o presidente deve fundamentar, ou seja, apresentar os motivos de sua discordância? O que você acha?
É obrigatória a exposição dos motivos do veto, eis que o Presidente comunica ao Presidente do Senado, em 48 horas, os seus motivos e fundamentos. O veto deve ser sempre expresso, motivado e por escrito, eis que não existe veto tácito. Este veto pode ser jurídico ou político, isto é, contrário ao interesse público.
Quando o Executivo apresenta o veto, este deverá ser julgado e apreciado em sessão conjunta pelo Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), dentro de 30 dias, a contar de seu recebimento. Pelo voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, em escrutínio secreto, o veto poderá ser rejeitado, produzindo os mesmos efeitos que a sanção. Sendo derrubado o veto, o projeto deverá ser enviado ao Presidente para promulgação.
 
3. Fase Complementar
 
Conforme salientado, a fase complementar compreende a promulgação e a publicação.
 
A promulgação é o atestado da existência válida da lei, pois ela certifica o seu nascimento. Se no prazo de 48 horas da sanção não houver promulgação pelo Presidente da República, a lei será promulgada pelo Presidente do Senado e, se não o fizer em igual prazo, pelo Vice-Presidente do Senado Federal. Promulgada a lei, ela deverá ser publicada, ato em que leva ao público o conhecimento a respeito desta lei. A publicação é feita no Diário Oficial da União e enseja a presunção de conhecimento da lei por todos, nos termos do art. 3º da LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: “Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece” (BRASIL, 1942).
O projeto de lei se torna lei com a sanção presidencial (Executivo) ou com a derrubada do veto pelo voto da maioria absoluta dos deputados e senadores.
Mas, será que com a publicação a normajá está vigente, ou seja, já possui todos os efeitos, regendo a vida social?
Veja que existe um período conhecido como vacatio legis que, em regra, é de 45 dias. O que isso significa? Significa que a lei passará a vigorar em 45 dias depois de oficialmente publicada, se não houver disposição expressa em contrário, conforme estabelece o art. 1º da LINDB: “Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada” (BRASIL, 1942).
Assim, se na publicação da lei não dispuser nada sobre a vigência, a lei passará a vigorar 45 dias após a publicação. Mas se houver alguma disposição, tal como “a lei entrará em vigor na data da publicação” ou “a lei entrará em vigor 60 dias após a publicação”, estas disposições deverão ser respeitadas, não se aplicando a regra geral do art. 1º da LINDB. 
Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, inicia-se três meses depois de oficialmente publicada.
Deste modo, uma vez publicada a lei, deveremos esperar transcorrer todo o prazo de vacatio legispara que a norma efetivamente obrigue os cidadãos a segui-la em todos os seus termos. A partir de então, a lei permanece vigente até que venha a ser revogada por outra norma.
A revogação de uma lei é a perda da vigência de uma norma e se divide em: a) Revogação expressa: a lei indicará o que está sendo revogado; b) Revogação tácita: a revogação é implícita, pois decorre da incompatibilidade da norma revogada com a norma revogadora; como a norma que declara: revogam-se as disposições em contrário; c) Revogação global (ab-rogação): a lei posterior/superior revoga todo o diploma anterior/inferior; d) Revogação parcial (derrogação): norma posterior/superior revoga parcialmente a outra norma.
A importância da iniciativa popular
Antes de conhecermos algumas especificidades do processo legislativo, é muito relevante comentar algo muito importante que envolve a democracia no país.
Pelo estudo aqui realizado, você concluiu que no sistema brasileiro, o cidadão, quando motivado por algum fato ou assunto relevante que requeira regulamentação específica, pode e deve participar da formação de uma norma, pois no Brasil é o povo quem detém, de fato, a soberania.
Em regra, esta soberania é exercida por meio de representantes eleitos, como os vereadores nos Municípios, deputados estaduais nos Estados e deputados federais e senadores nas questões de âmbito federal e nacional. Entretanto, há hipóteses em que o cidadão (todos nós) pode atuar diretamente, e este é o sentido da democracia.
É claro que, mesmo com a apresentação do projeto de lei pelo povo, haverá a participação posterior dos representantes do Legislativo, por meio da leitura e revisão do projeto, apreciação, discussão e votação do projeto de lei, inclusive submetendo-o ao Presidente da República, que poderá aprová-lo ou rejeitá-lo, devolvendo-o ao Congresso Nacional para a apreciação do veto, conforme visto nas fases constitutiva e complementar.
O Judiciário, ainda, por meio do Supremo Tribunal Federal, poderá verificar posteriormente a constitucionalidade de referida norma, ou seja, se ela atende aos interesses da nossa Lei Maior, a Constituição Federal.
Toda esta interação decorre da tripartição dos poderes e funções do Executivo, Legislativo e Judiciário. O Estado é regido por órgãos que atuam em conjunto, exercendo o poder que o povo lhe outorgou, conforme preconiza o art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (BRASIL, 1988).
Assim, podemos inferir que por nossa escolha, as leis foram elaboradas, e que por força desta democracia, as normas se tornam obrigatórias.
Nós elegemos os nossos representantes porque o sistema político que adotamos atribui ao povo esta escolha, principalmente porque o Brasil adota como forma de governo a República, como sistema de governo o Presidencialismo e como forma de Estado, a Federação.
Algumas especificidades do processo legislativo: as Emendas à Constituição
Vamos finalizar o nosso estudo sobre o processo legislativo estudando uma espécie normativa importante, a qual você precisa saber da existência: a emenda à Constituição.
A emenda à Constituição é a forma de emendar e alterar o texto constitucional, mas esta alteração possui algumas limitações expressas na própria Constituição: limitações procedimentais ou formais; limitações circunstanciais e limitações materiais.
As limitações formais ou procedimentais se referem à iniciativa do projeto de emenda à constituição, que poderá ser apresentado e iniciado apenas pelos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; pelo Presidente da República ou por mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação. Além disso, o quórum de aprovação da emenda é diferenciado, eis que a proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros de cada Casa.
A promulgação da Emenda à Constituição é feita pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (número indicativo de quantidade de vezes em que a Constituição foi alterada pelo poder constituinte derivado). Promulgada, o Congresso Nacional publica a Emenda Constitucional, não havendo a sanção ou veto do presidente.
E se o projeto de Emenda à Constituição (PEC) for rejeitado? Se o projeto for rejeitado, este não poderá ser objeto de nova apresentação na mesma sessão legislativa.
Você deve ter notado a diferença das fases do processo legislativo das leis ordinárias e complementares em relação à Emenda à Constituição, não é mesmo? O PEC tem toda uma formalidade diferenciada.
Além das limitações formais e procedimentais, o Projeto de Emenda à Constituição possui também limitações circunstanciais, de tal modo que a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, Estado de defesa e Estado de sítio, quando há certa fragilidade nas instituições democráticas do país diante de um período de calamidade, insegurança, perturbação social, guerra etc.
Talvez o mais importante a saber, neste momento, é que existem matérias que não podem ser objeto de Emenda à Constituição, chamadas de cláusulas pétreas. Você já ouviu falar disso?
O art. 60, §4º, da Constituição Federal, estabelece que nenhuma alteração/emenda à Constituição poderá abolir as cláusulas pétreas.
Isso quer dizer que nenhuma emenda poderá abolir o direito a voto secreto e universal; a separação dos poderes; a forma federativa do Estado; os direitos e garantias individuais, tais como o direito à vida, à liberdade, igualdade, propriedade, nacionalidade etc.
Você pode estar se perguntando por que a Constituição elegeu estes direitos como cláusulas pétreas. Simplesmente porque são direitos que protegem bens jurídicos maiores, carregam valores superiores e expressam o Estado Democrático de Direito que o Brasil se propõe a ser.
	VÍDEO
Como nascem os projetos de lei?
Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=L1XXdmEycZU>.
Acesso em: 05 ago. 2014.
Como são feitas as leis? 
Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=BjUEPQrhRHc>. Acesso em: 05 ago. 2014.
 
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