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Dentística I - Apostila de Dentística

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2 
 
 
 
Sumário 
 
 
 
1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DENTÍSTICA .................................................................. 3 
2 - CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS ............................................................................ 6 
3 - PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL .................................................................................... 23 
4 - CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA DE CAVIDADES ............................................. 55 
5 - INSTRUMENTOS UTILIZADOS EM DENTÍSTICA .......................................................... 67 
6 - PRINCÍPIO BIOLÓGICOS APLICADOS AOS PROCEDIMENTOS 
RESTAURADORES ............................................................................................................... 94 
7 - PRINCÍPIOS GERAIS DO PREPARO CAVITÁRIO – VISÃO ATUAL 
CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................................................... 102 
8 - TÉCNICA DO PREPARO DE CAVIDADES CLASSE I PARA AMÁLGAMA 
(SIMPLES E COMPOSTA) .................................................................................................. 118 
9 - TÉCNICA DO PREPARO DE CAVIDADES - CLASSE II PARA AMÁLGAMA ........... 125 
10 - ISOLAMENTO DO CAMPO OPERATÓRIO .................................................................... 132 
11 - PROTEÇÃO INDIRETA DO COMPLEXO DENTINO-PULPAR .................................... 157 
12 - RELAÇÕES INTERPROXIMAIS ....................................................................................... 200 
13 - AMÁLGAMA DENTAL ..................................................................................................... 209 
14 - RESINA COMPOSTA ......................................................................................................... 240 
15 - PREPARO E RESTAURAÇÕES CONSERVATIVAS ...................................................... 259 
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Capítulo 1 3 
 
 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA 
DENTÍSTICA 
 
 
1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DENTÍSTICA 
 
e uma maneira geral, poderíamos definir a Dentística 
como o ramo da Odontologia que estuda e executa o 
conjunto de procedimentos que têm por finalidade 
devolver ao dente, encarado como parte integrante de um todo, sua integridade 
morfológica, funcional e estética, alterada pelas mais diversas causas, sendo a 
principal delas, a lesão cariosa. 
 Nos dias atuais, a Dentística pode ser dividida em: Dentística 
Preventiva; Restauradora e Estética. Para o ensino da Dentística, é 
interessante considerar serem as lesões de cárie, como conseqüência da 
doença cárie não tratada; para isso a Dentística é dividida em Dentística I e 
Dentística II. 
 A Dentística I ministra aulas teóricas e práticas (laboratório). 
Nela, os estudantes entra em contato com problemas relativos à doença cárie, 
como preveni-las, com as lesões de cárie e como tratá-las utilizando-se dos 
métodos de prevenção, bem como de preparos de cavidades e suas 
respectivas restaurações dentais. O aprendizado obtido pelos alunos nas 
disciplinas básicas, somado aos conhecimentos adquiridos na própria 
Dentística I, irá propiciar condições para o desenvolvimento dessa disciplina. 
 A Dentística é tanto preventiva quanto restauradora, onde 
procura devolver ao dente seu estado original. Ao mesmo tempo em que 
restaura a forma, função e estética, previne a instalação de males maiores 
como, por exemplo, o comprometimento da polpa dental e dos tecidos de 
sustentação do dente. Em última análise, a Dentística previne a perda do 
elemento dental. É, portanto, pelo prisma da prevenção que devemos encarar, 
D 
1 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DENTÍSTICA 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 4 
com maior ênfase, o estudo da Dentística, assim como o da odontologia de um 
modo geral. 
 O estudo da Dentística está intimamente ligado aos 
conhecimentos ministrados pelas mais diversas disciplinas. Para o 
desenvolvimento da Dentística I, é necessário que o aluno possua 
conhecimentos relativos à Anatomia, Histologia, Materiais Dentários, etc., 
assim como adquira novos conhecimentos, exigidos para que possa executar 
operações prévias ao preparo cavitário e à restauração dental como, profilaxia 
dos dentes, isolamento do campo operatório, colocação de matrizes, etc. 
 A Dentística II por sua vez, reunirá todo este aprendizado, e 
mais, o obtido nas Disciplinas de Fisiologia, Farmacologia, Semiologia, 
Microbiologia, Patologia, etc, e aplicando-os na clínica, objetiva o 
restabelecimento da saúde dental e conseqüentemente bucal do indivíduo. 
 A cárie dental é tão antiga como a vida do homem na terra. 
Mesmo que esse problema tenha interessado aos homens desde os tempos, 
mais remotos, podemos considerar que, do ponto de vista da Dentística 
Restauradora, sua fase científica propriamente dita, se iniciou por volta de 
1891, com aquele que poderíamos classificar como o maior mestre desta 
especialidade: Green Vardiman Black. 
 Foi ele quem lançou as bases do que hoje se conhece como 
preparo cavitário e restauração dental; ao mesmo tempo, nos ensinou que, em 
Dentística, assim como em toda prática odontológica, o detalhe, o pormenor e 
a ordem, tanto na observação do caso, quanto na realização de nosso trabalho, 
são de fundamental importância para seu o êxito, não nos esquecendo, que 
estas ações mecânicas se realizam sobre terreno biológico que devem estar 
sustentados por conhecimentos científicos. 
 É interessante ter sempre em mente que, ao lado dos 
conhecimentos científicos e da habilidade manual, deve o profissional possuir 
um senso estético que concorde com a forma e proporção do dente sobre o 
qual está intervindo, com sua posição na arcada e com suas relações com os 
dentes vizinhos e antagônicos. Na medida do possível, a perda de substância 
dental deve ser reparada da forma mais dissimulada e oculta possível. Afirma-
se que: a mais alta função da arte é, justamente, ocultar a própria arte. 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DENTÍSTICA 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 5 
 É oportuno mencionar, que: nenhum material restaurador, 
por melhor que seja, empregado com a melhor técnica, substitui de forma 
satisfatória a estrutura dental. Lembre-se sempre disso. 
 Por outro lado, todo tratamento realizado em Dentística, desde 
que bem planejado, orientado e executado, significa melhor e mais duradoura 
saúde dental e,conseqüentemente, bucal e geral, para o paciente. 
 Qualquer fracasso, seja por falta de conhecimentos 
necessários para o bom desempenho da profissão, seja por negligência 
pura e simples, acarretará fatalmente, prejuízos irrecuperáveis para 
aquele que se submete a um tratamento odontológico. 
 
 
 
Capítulo 2 6 
 
CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
2 - CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
 
 prevenção em Odontologia, em especial na Dentística, 
 tem recebido grande destaque nos últimos tempos. Ela 
superou a fase meramente restauradora/curativa em razão de não ter sido 
possível, até o presente momento, o desenvolvimento de um material 
restaurador que substitua integralmente a estrutura dental perdida por qualquer 
razão, nem mesmo que controle de forma significativa à ocorrência de novas 
lesões de cárie. 
 Dessa forma, é possível considerar que o tratamento 
restaurador não é capaz de tratar a cárie como uma doença, simplesmente 
restaura os danos provocados pelas lesões de cárie. 
 Apesar de existir algumas teorias sobre a etiologia dacárie 
dental (Teoria Acidogênica, Teoria Proteolítica, Teoria da Proteólise – 
Quelação e Teoria da Auto-Imunidade) atualmente, a cárie dental pode ser 
considerada como sendo uma doença bacteriana, de natureza infecciosa 
multifatorial, provocada por microbiota não especifica com 
predominância do Streptococcus mutans. 
 Para que a doença cárie seja caracterizada é necessário a 
interação de três fatores: Dente; Microrganismo cariogênico; (Streptococcus 
Mutans), e Dieta cariogênica (Sacarose), caracterizando-a como doença multi-
fatorial (Figura 2.1). 
 A 
2 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 7 
 
Figura 2.1 Representação esquemática que caracteriza a doença cárie – Ciclo de Keys, 1962. 
 
 Quando os três fatores anteriormente mencionados estão 
presentes na cavidade bucal, pode-se considerar que o individuo apresenta a 
DOENÇA CÁRIE. Isto não significa que este indivíduo apresenta a LESÃO DE 
CÁRIE, que são as cavitações presentes nos elementos dentais, em razão da 
desmineralização localizada dos tecidos dentais. 
 Quando o indivíduo apresenta a doença cárie pode ou não 
ocorrer o aparecimento das lesões de cárie. Para o aparecimento das lesões 
de cárie é necessário que os três fatores que caracterizam a doença cárie 
(dente, dieta cariogênica (sacarose) e Streptococcus Mutans) interajam por um 
determinado período (Figura 2.2). 
Dieta 
Cariogênica 
(Sacarose) 
Streptococcus 
Mutans 
Dente 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 8 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.2 – Representação esquemática do aparecimento de lesões de carie em função do 
tempo. 
 
 
 Dessa forma podem ocorrer três situações distintas, a 
saber: 
1. Individuo que não apresenta a doença cárie, e 
conseqüentemente não apresenta as lesões de cárie. 
2. Indivíduo que apresenta a doença cárie e não apresenta 
as lesões de cárie. 
3. Indivíduo que apresenta a doença cárie e também as 
lesões de cárie. 
Conhecendo estas três possibilidades é possível instituir um 
diagnóstico sobre as condições do indivíduo e estabelecer um protocolo de 
tratamento de acordo com a individualidade de cada paciente, porque: 
1. Em indivíduos que não tem a doença cárie, poderá 
passar o resto da sua vida sem desenvolver a doença e 
lesões de cárie. 
 
2 
Tempo 
3 
1 2 
Ausência de 
Lesão de Cárie 
Legenda: 
1. Dente 
2. Streptococcus Mutans 
3. Dieta Cariogênica (Sacarose) 
1. D
e
n
t
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2. S
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t
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M
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3. D
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C
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1 
Presença de 
Lesão de Cárie 
2 
3 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 9 
2. Em indivíduos que tem a doença cárie e ainda não tem 
as lesões de cárie pode ou não desenvolve-la a qualquer 
momento. 
3. Em indivíduos que tem a doença cárie e as lesões de 
cárie, além de receber um tratamento restaurador, deve 
ser enquadrado em um programa de prevenção. 
 Dessa forma os níveis de prevenção depende do estágio em 
que o paciente se encontra em relação ao risco à doença cárie, que pode ser 
estabelecido seguindo as seguintes condições: 
 Presença de placa bacteriana inespecífica – utilização de corantes na 
superfície dental. 
 Presença de placa bacteriana específica - contagem do Streptococcus 
Mutans presentes na saliva. 
 Presença de lesões de cáries primárias e/ou secundárias ou ainda muitas 
restaurações nos elementos dentais. 
 Consumo excessivo e descontrolado do açúcar (Sacarose) – por meio de 
questionário. 
 Má higiene bucal - presença de restos alimentares. 
Dependendo do que é verificado no paciente é possível 
estabelecer se ele é um indivíduo com: alto risco à doença cárie; médio 
risco à doença cárie e baixo risco à doença cárie. 
Sendo assim, quando se estabelece o risco à doença cárie (que 
deve ser nas primeiras consultas do tratamento), é possível traçar um plano de 
tratamento e prevenção, para cada paciente individualizado, favorecendo a 
instituição de saúde bucal ao indivíduo e não simplesmente tratamento 
restaurador. 
 
COMO APARECEM AS LESÕES DE CÁRIE EM UM INDIVIDUO QUE TEM A 
DOENÇA CÁRIE 
 
 Quando um indivíduo que apresenta os três fatores que 
caracterizam a doença cárie (Dente, Streptococcus Mutans e Dieta 
Cariogênica) ingere a sacarose, imediatamente o Streptococcus Mutans, 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 10 
presente na placa bacteriana, metaboliza os resíduos da sacarose e excreta o 
ácido lático. Na presença desse ácido o pH da placa tende a se modificar de 
7.0 para 5.2, modificando também o pH na saliva e, conseqüentemente, da 
cavidade bucal. 
 Quando o pH se aproxima do pH crítico do esmalte, que é de 
5.5, inicia-se o processo de desmineralização do esmalte (processo conhecido 
como DES), quebrando a hidroxiapatita em Ca10+PO6+HO2. Após 5 minutos, 
em razão da ação das proteínas presentes na saliva, o pH tende a retornar 
para 7.0 e neste caso ocorre o processo de remineralização (processo 
conhecido como RE), favorecendo a reorganização da hidroxiapatita, não 
ocorrendo a saída de íons que compõem os cristais da hidroxiapatita para fora 
do esmalte dental. 
 Esse evento é conhecido como processo DES-RE, que o 
indivíduo que tem a doença cárie, experientemente todas as vezes que ingere 
a sacarose. 
Neste caso um processo de desmineralização (DES) seguido 
de um de remineralização (RE), não promove o desenvolvimento das lesões de 
cárie, mesmo em pacientes que apresentam a doença cárie (Figura 2.3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.3 – Variação do pH da placa quando o individuo ingere a sacarose - Curva de Stephan 
 
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5,1 
5,5 
0 
5 
6,0 
7 
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tteemmppoo -- ((mmiinnuuttooss)) 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 11 
Por outro lado, se o indivíduo ingerir a sacarose com muita 
freqüência, principalmente entre as refeições, ele terá maior número de ciclos 
de desmineralização em relação aos de remineralização, provocando um 
desequilíbrio entre os processo DES-RE com supremacia do processo de DES 
sobre os de RE, favorecendo o aparecimento das lesões de cárie na superfície 
do esmalte dental (Fig. 2.4b) 
 
a) 3 refeições por dia padrão 
b) 3 refeições diárias m ais 4 lanches 
(sacarose) 
c) 3 refeições diárias m ais 4 lanches 
( xilitol ) 
C afé da 
m anhã Alm o ço Jantar 
C afé da 
m anhã Alm o ço Jantar 
Café da 
m anhã Alm o ço 
pH C rítico 
pH C rítico 
4 
5 
6 
7 
8 
8 am 1 2 pm 6 pm 1 0 pm 
pH C rítico 
4 
5 
6 
7 
8 
8 am 1 2 pm 6 pm 1 0 pm 
Jantar 
4 
5 
6 
7 
8 
8 am 1 2 pm 6 pm 1 0 pm 
a) 3 refeições por dia padrão 
b) 3 refeições diárias m ais 4 lanches 
(sacarose)c) 3 refeições diárias m ais 4 lanches 
( xilitol ) 
C afé da 
m anhã Alm o ço Jantar 
C afé da 
m anhã Alm o ço Jantar 
Café da 
m anhã Alm o ço 
pH C rítico 
pH C rítico 
4 
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8 am 1 2 pm 6 pm 1 0 pm 
pH C rítico 
4 
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8 am 1 2 pm 6 pm 1 0 pm 
Jantar 
4 
5 
6 
7 
8 
8 am 1 2 pm 6 pm 1 0 pm 
 
 
 
Figura 2.4 Variação do pH de placa em função da freqüência e ingestão de alimentos 
cariogênicos e não cariogênicos. 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS LESÕES DE CÁRIE 
 
Cárie de Superfície Lisa 
 
 O primeiro sinal clínico da presença de lesão de cárie na 
superfície do esmalte é a observação de uma área esbranquiçada, opaca, com 
limites definidos, localizadas em áreas de difícil higienização natural (nos terços 
gengivais próximos ao bordo da gengiva livre e regiões interproximais no ponto 
de contato entre os dentes). Esta lesão denominada de “mancha branca”, 
apresenta um contraste evidente com a translucidez do esmalte adjacente 
sadio, que deve ser diferenciada das manchas brancas hipoplásicas em razão 
dessas últimas se apresentarem brancas porém brilhantes. Os meios para 
diagnóstico devem ser apenas visual sob abundante iluminação. 
 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 12 
 Quando as lesões de cárie iniciais (manchas brancas), são 
detectadas precocemente, é possível eliminá-las devolvendo ao esmalte 
dental, comprometido pela desmineralização, características de normalidade, 
com a técnica da remineralização induzida, modificada (Mauro et al. –Rev. 
Bras. – Odontolo v. 54 n. 6 p. 344 – 8, 1997.), sem a utilização de materiais 
restauradores. 
 Por outro lado quando essas lesões de cáries iniciais não são 
tratadas, elas podem regredir naturalmente ou progredir atingindo o estágio de 
cavitação. Quando a lesão de mancha branca apresenta cavitações não é 
possível empregar a técnica da remineralização induzida motificada, dessa 
forma a utilização de técnicas restauradoras devem ser empregadas. 
 
 
Cárie de Cicatrículas e Fissuras 
 
A cárie de cicatrículas e fissuras (defeitos estruturais do esmalte) 
de uma certa forma se comporta da mesma maneira que as de superfície lisa, 
considerando que em um sulco (Figura 2.5) existem duas superfícies lisas, com 
um agravante: o formato do sulco favorece a retenção da bactéria cariogênica 
e dos resíduos da sacarose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.5 – Representação esquemática de um sulco com defeito estrutural do esmalte. 
 
 
Sulco 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 13 
 As regiões de cicatrículas e fissuras, por apresentarem uma 
área retentiva, facilita a colonização de bactérias e acúmulo de pigmentos. 
 Quando essas regiões se mostram alteradas, é muito difícil de 
realizar um preciso diagnóstico, quanto à presença ou não das lesões de cárie 
nesses locais. 
 Quando as lesões de cárie estão presentes, elas podem se 
apresentar como áreas de pigmentação escura, acompanhadas pela presença 
de esmalte branco opaco, circundando parte ou todo o sulco/fissura 
dependendo da severidade da lesão. 
 Na maioria das vezes o diagnóstico diferencial entre a presença 
de Iesão de cárie e pigmento nos defeitos estruturais do esmalte é muito difícil. 
Em razão disso, a Disciplina de Dentística da Faculdade de Odontologia de 
Araçatuba - UNESP, diante de sulcos pigmentados independentemente de 
haver ou não lesões de cárie preconiza a abertura destas áreas, com brocas 
esféricas 1/4, montadas em alta rotação, com o intuito exploratório para 
fornecer condições para um preciso diagnóstico da presença ou não de lesões 
de cárie neste local, posteriormente essas cavidades são restauradas com 
materiais adesivos resinosos. 
 
 
CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS DAS LESÕES DE CÁRIE 
 
Apesar de existir meios sofisticados para diagnósticos de cárie, 
o exame radiográfico interproximal é o método padrão para diagnosticar lesões 
de cárie nas superfícies oclusais e proximais das estruturas dentais. Porém o 
exame radiográfico é um método insensível para diagnosticar as dimensões 
reais das lesões de cárie. 
Para interpretar adequadamente uma imagem radiográfica e 
detectar a presença de lesões de cárie, é interessante conhecer como é a 
progressão das lesões de cárie nas superfícies lisas e de sulcos e fóssulas 
(Fig. 2.6). Nas superfícies lisas a cárie se instala e progride com dois cones 
superpostos: ápice contra base (A), nas cicatrículas e fissuras dois cones 
superpostos pelas bases (B). 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 14 
 
 
 
 
 
Figura 2.6 Progressão das lesões de carie segundo a superfície do elemento dental: 
superfície lisa A; superfície de defeito estrutural do esmalte (sulcos e fóssulas) B. 
 
 
Quando uma lesão de cárie, presente em uma radiografia 
interproximal, é examinada com uma lupa em um negatoscópio e se apresenta 
como uma pequena área radiolúcida triangular na superfície mais externa do 
esmalte(Fig. 2.7), histologicamente a lesão já penetrou na dentina subjacente 
(Figuras 2.7 - B). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.7 – Dimensões de uma lesão de cárie presente em superfície lisa radiograficamente 
(A) e histologicamente (B). 
 
Esmalte Dentina Esmalte Dentina 
Esmalte Dentina Esmalte 
 
Dentina 
A B 
RADIOGRAFICO 
HISTOLOGICO 
B A 
CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 15 
Por essa razão o profissional deve estar muito atento a imagem 
observada na radiografia, para detectar as lesões de cárie, avaliar sua possível 
extensão bem como diferenciá-las de outras imagens que podem confundir o 
diagnóstico, por exemplo: materiais radiolúcidos, presença de tártaros, defeitos 
da estrutura dental, sobreposições de imagem, etc. 
 
 
CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS DA LESÃO DE CÁRIE 
 
As características histológicas das lesões de cáries iniciais no 
esmalte dental humano são divididas em zonas, com base em sua aparência 
histológica quando secções longitudinais obtidas por desgastes, são 
examinadas ao microscópio ótico comum sob luz polarizada. A lesão de cárie 
divide-se em 4 zonas a saber: Zona 1 - Zona Translúcida; Zona 2 – Zona 
Escura; Zona 3 - Corpo da lesão; Zona 4 -Zona de superfície (fig. 2.8). 
Estas zonas aparecem na camada sub-superficial do esmalte, 
abaixo da camada de Darling, que se mantém intacta enquanto a lesão de 
cárie se mantém como mancha branca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.8 - Fotomicrocrafica de uma lesão de cárie inicial vista ao microscópio ótico sob luz 
polimerizada com suas respectivas zonas. 
 
 
Camada de 
Darling 
Zona 1 
Zona 2 
Zona 3 
Zona 4 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 16 
Zona 1 - A zona translúcida é a primeira zona reconhecível de 
alteração do esmalte normal.A zona translúcida é determinada como uma área 
com menor conteúdo mineral e representa a primeira alteração observável na 
estrutura do tecido adamantino, mas há duvidas quanto às alterações que 
ocorre no esmalte para produzir este aspecto. 
Zona 2 - A zona escura é a segunda zona de alteração do 
esmalte. É uma área com grande quantidade de mineral, porém na forma 
iônica (após a quebra da hidroxiapatita). A zona escura é a característica mais 
evidente e constante da lesão, estando presente em cerca de 95% das lesões 
de cárie do esmalte. 
Zona 3 - O corpo da lesão ocupa a maior parte da lesão 
incipiente do esmalte. É uma área com pouco conteúdo mineral, por isso é uma 
área relativamente translúcida posicionada superficialmente à zona escura e 
profunda com relação à camada de superfície da lesão. 
Zona 4 - A zona de superfície é à parte da lesão de cárie que 
está em íntimo contato e imediatamente abaixo da camada de Darling que 
parece relativamente intacta. É uma região que varia na quantidade de mineral 
presente, dependendo do estágio em que a lesão se encontra, pois quando os 
minerais na forma iônica chegam até esta zona, ele sai da lesão ou se mantém, 
dependendo do gradiente de concentração entre os íons minerais presentes no 
interior da lesão quando comparados com os presentes na região fora da 
lesão. 
A zona superficial ou camada de Darling é de fundamental 
importância na manutenção ou não da lesão de mancha branca. Quando a 
lesão de mancha branca apresenta uma zona superficial intacta, é possível 
com técnicas de remineralização induzida recuperar essa lesão de mancha 
branca. Porém se ela se romper determina a ocorrência de uma cavitação 
favorecendo a evolução da lesão da cárie. Para solucionar o problema, nestes 
casos, o tratamento restaurador deve ser utilizado. 
 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 17 
PREVENÇÃO DA DOENÇA CÁRIE E LESÕES DE CÁRIE 
 
 
 A prevenção da cárie dental de uma maneira geral deve atingir 3 
níveis: 
 1o) Evitar que se instale, na boca do indivíduo, a doença cárie. 
 2o) Evitar que, mesmo na presença da doença cárie, se instale 
as lesões de cárie. 
 3o) Evitar que ocorra o desenvolvimento de lesões de cárie 
secundária ao redor dos trabalhos restauradores, em pacientes que receberem 
um tratamento odontológico. 
 
1o) Prevenir a instalação da doença cárie. 
Quando o indivíduo nasce ele não apresenta dentes na 
cavidade bucal e nem mesmo microrganismos. Com o passar do tempo, a 
cavidade bucal começa a receber os microrganismos para formação da flora 
bucal. É neste momento que a criança pode ser infectada com o microrganismo 
cariogênico: o Streptococcus Mutans. Dessa forma, o indivíduo adulto pode 
transmitir essas bactérias com os péssimos hábitos de: experimentar a comida 
da criança para ver se está quente e depois coloca-la na boca da criança; 
quando a chupeta da criança cai no chão o adulto “limpa” em sua própria boca 
e depois coloca na boca da criança; beijar a boca da criança e outras. 
Estas atitudes fazem com que o Streptococcus Mutans que 
está na cavidade bucal do adulto se transfira para a boca da criança, fazendo 
parte da flora bucal natural dessa criança. 
Enquanto não há dentes na cavidade bucal o microrganismo 
não se fixa na boca, pois ele necessita de uma estrutura dura para se colonizar 
e se desenvolver. Dessa forma o indivíduo pode ser considerado mais ou 
menos contaminado, dependendo da quantidade de Streptococcus Mutans 
presente na cavidade bucal, estabelecendo o risco à doença cárie. Isto 
depende de com quem a criança está em contato quando da erupção dos 
dentes na cavidade bucal (se uma pessoa que convive muito com a criança 
tem grande quantidade de Streptococcus Mutans na cavidade bucal, ou seja, 
uma pessoa com alto risco à doença cárie, e tem péssimos hábitos como os 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 18 
mencionados anteriormente, pode favorecer a transmissão dos microrganismos 
à criança e assim infectá-la de forma intensa. 
Desta forma essa criança vai apresentar grande quantidade do 
microrganismo cariogênico, tornando-se um indivíduo com grande risco à 
doença cárie. 
Uma das maneiras mais eficientes de combater a instalação da 
doença cárie é impedir que a criança seja contaminada com o Streptococcus 
Mutans. 
As demais são muito difíceis ou impraticáveis que seria a 
eliminação dos dentes e a outra impedir totalmente o consumo da sacarose, 
que nos dias atuais as crianças tem uma grande aceitação 
 
 
 
2o) Evitar que, mesmo na presença da doença cárie, se instale as lesões 
de cárie. 
 
Para controlar o aparecimento das lesões de cárie em um 
indivíduo que tem a doença porém, ainda não desenvolveu as lesões de cárie, 
é preciso utilizar as seguintes técnicas: 
• Eliminação da placa bacteriana pelos métodos de higiene oral 
com escova e fio dental; 
• Controle na ingestão de açúcar (sacarose); 
• Utilizar os selantes de fóssulas e fissuras para controlar o 
aparecimento de lesões de cárie nos defeitos estruturais do esmalte; 
• Utilização de fluorterapia para controlar o aparecimento de 
lesões de cárie em superfícies lisas. 
Obs: Como a fluorterapia e o selamento dos defeitos estruturais 
do esmalte são assuntos de extrema importância, serão tratados em capítulos 
separados. 
 
 
 
 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 19 
 
3o) Evitar que ocorra o desenvolvimento de lesões de cárie primária e/ou 
secundária ao redor dos trabalhos restauradores, em pacientes que 
receberem um tratamento odontológico. 
 
Para a prevenção na ocorrência de lesões de cárie primária ou 
secundária em um indivíduo que recebeu um tratamento odontológico, o 
profissional deve estar atento em utilizar eficientes técnicas restauradoras 
adesivas empregando materiais odontológicos com efetiva liberação de flúor, 
(como os materiais ionomérico). Por outro lado, é imprescindível, colocar o 
paciente em um programa de saúde bucal com orientações quanto às técnicas 
de higiene bucal; a utilização de cremes dentais com flúor; ao consumo 
inteligente da sacarose e visitas periódicas ao consultório odontológico, 
considerando o risco á doença cárie que o paciente apresenta pré-estabelecido 
na primeira consulta e após receber as orientações sobre cárie dental. 
Dessa forma o profissional deve informar ao paciente sobre a 
ocorrência de cárie dental, (como ocorre e como preveni-la), fazendo com que 
este paciente participe como parceiro ou colaborador do cirurgião dentista, para 
a promoção de sua saúde bucal. 
Assim sendo, a disciplina de Dentística da Faculdade de 
Odontologia de Araçatuba – UNESP, idealizou um encarte, apresentado de 
forma resumida com uma linguagem simples, para ser entregue ao paciente, 
para que ele tome ciência a respeito da cárie dental, conscientizando-se de que 
a sua saúde bucal está na dependência de sua colaboração e não apenas 
exclusivamente nas mãos do cirurgião dentista. 
 
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CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 20 
ENCARTE CONTENDOINFORMAÇÕES SOBRE A CÁRIE DENTAL PARA 
SER ENTREGUE AO PACIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFORMAÇÕES AO PACIENTE 
 
 O QUE É A CÁRIE DENTAL 
 
A cárie dental é uma doença infecto-
contagiosa, de natureza multifatorial, 
caracterizada pela interação de três fatores, 
ou seja: os dentes, o microrganismo 
cariogênico (Streptococcus mutans) e uma 
dieta cariogênica (sacarose e carbohidratos) 
a sacarose é o açúcar da cana e está 
presente nos chocolates, bombons, bolachas, 
doces, balas, chicletes, refrigerantes, etc. 
 
 Dente 
 
 
Figura 1 – Os três círculos representam os 3 fatores 
envolvidos na doença cárie dental. Para que apareça a 
lesão de cárie é necessário que eles estejam envolvidos 
simultaneamente e de forma repetitiva (Ciclo de KEYES, 
1962). 
 
Quando a pessoa apresenta estes três 
fatores ela tem o que nós chamamos de 
DOENÇA CÁRIE. Isto não significa que a 
pessoa tem o que nós chamamos de LESÃO 
DE CÁRIE, ou seja, as cavidades que todos 
nós conhecemos. 
 
 AS LESÕES DE CÁRIE TÊM 
PRATICAMENTE TRÊS ESTÁGIOS: 
 
1
o
 Estágio – Sub-Clínico – Lesão de cárie 
visualizada somente no microscópio. Não é 
visto nos dentes. 
 
 
 
 
Figura. 2 
2
o
 Estágio – Mancha Branca – A lesão de 
cárie é vista como uma área esbranquiçada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3
o
 Estágio – Cavitação – A cárie é vista 
nitidamente porque aparece uma cavidade no 
dente. 
 
 
Figura 5 
 
 
 
 COMO APARECE O QUE NÓS 
CHAMAMOS DE LESÃO DE CÁRIE 
(CAVIDADE NO DENTE) 
 
Quando a pessoa tem o dente e a bactéria 
cariogênica, no momento em que ela ingere a 
sacarose (açúcar da cana), o pH da saliva 
que é 7.0 cai para 5.6, em razão dos ácidos 
que a bactéria elimina pela ingestão dos 
resíduos da sacarose. Neste momento ocorre 
uma desmineralização do dente. Após 5 
minutos, se a pessoa não ingerir novamente 
sacarose ou carbohidrato, o pH da saliva 
volta para 7.0 em razão das proteínas 
presentes na saliva, ocorrendo uma 
remineralização do dente. NESTE CASO A 
PESSOA NÃO DESENVOLVE AS LESÕES 
DE CÁRIE NO DENTE. 
 
 
0
5
5,1
5,5
6
7
0 5 10 15 20
pHpH
C U R V A D E ST E PH A N
pH críticopH crítico
tem po tem po -- (m inutos)(m inutos)
0
5
5,1
5,5
6
7
0 5 10 15 20
pHpH
C U R V A D E ST E PH A N
pH críticopH crítico
tem po tem po -- (m inutos)(m inutos)
 
 
Gráfico 1 
Figura 3 Figura 4 
CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por outro lado, se a pessoa continuar 
ingerindo sacarose (açúcar da cana) com 
muita freqüência, ou seja, toda hora, 
ocorrerão muitos processos de 
desmineralização do dente e não dará tempo 
para o processo de remineralização. NESTE 
CASO A PESSOA DESENVOLVE LESÕES 
DE CÁRIE NO DENTE (Gráfico 2). 
 
 
V A R IA Ç Ã O D O pH D A PL A C A E M FU N Ç Ã O D A
FR E Q Ü Ê N C IA D E IN G E ST Ã O D E A L IM E N T O S
a) 3 refeições por d ia padrão
b) 3 refeições d iárias m ais 4 lanches
(sacarose)
c) 3 refeições d iárias m ais 4 lanches
(xilitol)
C afé da 
m anhã
A lm oço Jantar
C afé da 
m anhã A lm oço Jantar
C afé da 
m anhã
A lm oço
pH C rítico
pH C rítico
4
5
6
7
8
8am 12pm 6pm 10pm
pH C rítico
4
5
6
7
8
8am 12pm 6pm 10pm
Jantar
4
5
6
7
8
8am 12pm 6pm 10pm
V A R IA Ç Ã O D O pH D A PL A C A E M FU N Ç Ã O D A
FR E Q Ü Ê N C IA D E IN G E ST Ã O D E A L IM E N T O S
a) 3 refeições por d ia padrão
b) 3 refeições d iárias m ais 4 lanches
(sacarose)
c) 3 refeições d iárias m ais 4 lanches
(xilitol)
C afé da 
m anhã
A lm oço Jantar
C afé da 
m anhã A lm oço Jantar
C afé da 
m anhã
A lm oço
pH C rítico
pH C rítico
4
5
6
7
8
8am 12pm 6pm 10pm
pH C rítico
4
5
6
7
8
8am 12pm 6pm 10pm
Jantar
4
5
6
7
8
8am 12pm 6pm 10pm
 
 
Gráfico 2 
 
 
 COMO PREVENIR A CÁRIE DENTAL 
 
1
o
 PASSO – Impedir que as crianças sejam 
contaminadas com a bactéria da cárie, 
quando os dentes estão “nascendo”. Para 
isso, a pessoa adulta (mãe, pai, babá, etc.) 
deve evitar beijar a boca das crianças; 
quando a chupeta da criança cair no chão, 
não limpá-la na sua própria boca e colocá-la 
de volta na boca da criança; não 
experimentar a comida da criança na boca 
para ver se está quente e depois colocá-la na 
boca da criança e, se possível, não incentivar 
ou motivar o consumo de alimentos à base de 
sacarose (chocolate, balas, chicletes, 
bombons, etc.). 
 
2
o
 PASSO - A prevenção da cárie dental está 
na dependência direta de: 1) aumentar a 
resistência dos tecidos dentais através de 
terapias de flúor nos consultórios 
odontológicos e bochechos de flúor em casa; 
2) aplicações de selantes nos dentes; 3) 
diminuir o número de microrganismos 
cariogênicos, que estão em contato com os 
dentes, através do controle da placa 
bacteriana, o que pode ser obtido pela 
limpeza dos dentes com a escovação dental e 
aplicação do fio dental entre os dentes; 4) 
modificar a alimentação, pela seleção de 
alimentos não cariogênicos, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
evitando a ingestão de açúcar (sacarose) 
presentes em alimentos ou bebidas; 5) 
reduzir, o máximo possível, a permanência do 
substrato cariogênico na boca, diminuindo a 
freqüência de sua ingestão. Tanto uma dieta 
pobre ou livre de sacarose e carbohidratos, 
ou mesmo a ingestão controlada de sacarose 
e carbohidratos não causará lesões de 
cárie, dados que confirmam a natureza 
multifatorial da cárie dental. 
 
 O QUE FAZER PARA TER SAÚDE 
BUCAL 
 
1. Escovar os dentes com escova dental e 
pasta fluoretada, após o café da manhã, 
almoço, jantar e principalmente antes de 
dormir. 
 
2. Utilizar o fio dental entre os dentes 3 
vezes ao dia. 
 
3. Evitar, principalmente, entre as refeições, 
a ingestão de alimentos, com alta 
adesividade, e que contenham açúcar 
(sacarose) em sua composição, tais 
como: chocolate, bolachas, pastilhas de 
hortelã, balas, caramelos, biscoitos, 
bombons, refrigerantes, etc. 
 
 
CONSCIENTIZE-SE 
 
“Evite a ingestão freqüente de 
alimentos ou bebidas que 
contenham açúcar (sacarose) 
em sua composição”. 
 
 
“O sucesso de qualquer 
programa de prevenção da 
cárie dental, inicial ou após 
um tratamento odontológico, 
requer a precisa orientação 
do profissional, assim como a 
participação e motivação do 
paciente” 
 
Disciplina de Dentística 
Faculdade de Odontologia 
de Araçatuba - Unesp 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CÁRIE DENTAL – CONCEITOS ATUAIS 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 22 
REFERENCIA BIBLIOGRAFICAS 
 
1. BACKOR DIRKS O. PosteruptiveCharges us Dental Enamel I. Dent. 
Ros. V. 45, pg. 503, 1966. 
2. BINDSLEV P.H. e M. Jor I.A. Dentistica Operatória Moderna. Livraria 
Moderna. Livraria Editora Santos 1º Edição Português. 1990 
3. DARLING A.I. Studies of the Early Lesinon of the Evamel Cáries with 
Transmited light Polarized Light and Microradiography Br. Dent. I. V. 
101 289-97 e 329-41, 1956 
4. FITZGERALD RJ. Plaque Microsiology and cáries Ala J. Med Sa pg. 
239. 46. 1968 
5. Keyes P.H. The Infectais and Transmissable Nature of Expiremental 
Dental Cáries. Archs Oral Brol vol. 1 pg. 304-20, 1959. 
6. LOESCHE, W.J. Carie Dental - Uma Infecção Tratável 1º Ed. Cultura 
Médica p. 128-150. 
7. MAURO S.J. e PIMENTA LAF;; Sundfeld R. H., Associação de 
Microerosão e remineralizacao no tratamento de lesões de manchas 
brancas do esmalte Ver. Brás. Odont.V. 54, n.6 p. 344-48-1997. 
8. NEWBRUN, E. CARIOLOGY Quintessence Diblishing CO Fric. 
Chicago, 1989. 
9. SILVESTONE L.M. The Lipstopathology of early cáries the evamel of 
primary telh I. Dent. Clued v. 37; p. 201-10, 1970. 
10. THYLSTRUP. A . E FEJERSKOV. O. Tratado de Cariologia 1 Ed. Rio 
de Janeiro, E. Cultura Médica Ltda. P. 194- 223, 1988. 
 
 
 
Capítulo 3 23 
 
PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
3 - PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
FLÚOR: 
 
Considerações Gerais 
 
esde muito tempo, tem sido destacada a importância do 
flúor como elemento fundamental na prevenção e no 
controle da cárie dental. 
Inicialmente, o efeito benéfico do flúor, foi creditado á sua 
administração por via sistêmica, em razão de se acreditar que o flúor, após sua 
ingestão, se incorporava na estrutura do esmalte dental, durante o processo de 
formação e mineralização dos dentes, ainda quando na fase de germe dental. 
Esta incorporação, segundo o que se acreditava, favorecia a 
formação de uma estrutura adamantina, melhor cristalizada e muito mais 
resistente á dissolução por ácidos, produzidos por um grande número e 
variedade de microorganismos presentes na cavidade bucal. Dessa forma, 
programas para incorporar flúor nas águas de abastecimento público, bem 
como soluções e comprimidos com flúor para serem ingeridos por gestantes ou 
crianças tiveram grande aceitação. Apesar disso, muitos questionamentos a 
respeito dessa teoria vinham sendo colocados em discussão. 
Discutia-se muito, de como o flúor incorporado no esmalte 
podia ser o responsável pela baixa incidência da carie dental, por um longo 
período de tempo. Pois não é interessante ter uma grande incorporação de 
flúor no esmalte dental, em razão de favorecer a instalação da fluorose, uma 
patologia dental, que causa manchamento e desestruturação do esmalte, 
tornando os dentes quebradiços pela grande quantidade de fluorapatita, e 
totalmente fora dos padrões estéticos exigidos por nossa sociedade. 
D 
3 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 24 
Por esta razão, desde o inicio dos anos 40, vem sendo tentado 
o aumento da resistência do esmalte dental por meio do seu tratamento 
superficial, com a utilização de soluções fluoretadas aplicadas topicamente. 
Dentre as que são utilizadas, o fluoreto de sódio gel neutro, se 
mostrou com grande capacidade em diminuir a sensibilidade do esmalte, aos 
ataques cariogênicos. 
Novos estudos demonstraram que o flúor, utilizado em 
aplicações tópicas, continuava a diminuir a instalação ou regredir as lesões de 
cárie. Assim sendo se atribuiu, naquele momento, o fato, do flúor quando 
aplicado topicamente, deslocar a hidroxila (OH) da molécula da hidroxiapatita, 
incorporando-se a ela, e então, formando fluorapatita ou flúorhidroxiapatita, 
muito mais resistente a dissolução acida. No entanto foi demonstrada a 
existência de algumas contradições nessa teoria, motivando também alguns 
questionamentos, tais como: como pode o flúor simplesmente por contato 
deslocar a hidroxila (OH) da molécula de hidroxiapatita, que é tão estável? 
Novamente os pesquisadores estavam com um problema de 
difícil solução, pois era notório o grande benefício do flúor no controle da cárie 
dental, porém ainda não se tinha uma explicação plausível, para o fato, a ponto 
de convencer os profissionais da saúde, do grande beneficio do flúor em atuar 
no controle da cárie dental, no que diz respeito à doença ou mesmo as lesões. 
Assim sendo novas pesquisas foram realizadas no sentido de 
procurar explicar o real mecanismo de ação do flúor. 
Os dados publicados na literatura, nos últimos tempos, 
demonstraram que o flúor tem basicamente duas formas de atuação que 
explicam seu grande beneficio no controle da carie dental, são eles: 
1º Atua á nível de microorganismo, impedindo ou dificultando a 
formação de polissacarídeos intra-celulares e extra celulares, responsáveis 
pela vida do microorganismo e pela aderência entre eles e destes com a 
estrutura dental dificultando a formação da placa bacteriana. 
2º Atua quando ocorre os processos DES-RE, na cavidade 
bucal, todas as vezes que o individuo ingere carboidratos ou e principalmente a 
sacarose, se incorporando na estrutura dental na forma de apatita fluoretada. 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 25 
Para que este fato ocorra, é necessário que o flúor esteja 
presente na cavidade bucal em alta freqüência e em baixa concentração. Sob 
esse aspecto, as aplicações tópicas de flúor, nas mais variadas formas, são as 
mais indicadas e aceitas atualmente pela comunidade odontológica, para um 
efetivo controle da cárie dental. 
Os dados disponíveis na literatura e publicado nos últimos 
anos, apóiam a teoria da formação de fluoreto de cálcio sobre a superfície do 
esmalte, após aplicações tópicas com diferentes agentes fluretados, como 
sendo uma fase precursora para o aumento da resistência do esmalte dental, 
inibindo a desmineralização e potencializando a remineralização, pelo 
fornecimento de uma fonte de baixa concentração de íons flúor, controlado pela 
variação cíclica de ph da placa dental. 
O fluoreto de cálcio (CaF2) é provavelmente, o único produto 
formado depois da exposição do esmalte a soluções de flúor altamente 
concentrada, sendo atribuído a ele, a ocorrência mais importante da ação 
tópica de flúor e quando associado a sua ação a nível de microorganismo os 
grandes responsáveis pela prevenção da carie dental. 
Estudos têm demonstrado que o fluoreto de cálcio tem uma 
solubilidade limitada na saliva, ao contrário do que se acreditava, no passado, 
que ele permanecia, por semanas no esmalte e na placa dental, após uma 
única aplicação tópica. Seu grau de dissolução é variável dependendo das 
condições locais, sendo que a absorção de fosfato e proteínas salivarias, em 
ph neutro favorece uma maior durabilidade do cristal de fluoreto de cálcio sobre 
o esmalte. Durante a ação cariogênica, com queda de ph a proteção do cristal 
em relação a sua solubilização proporcionada pelo fosfato e pelas proteínas, 
deixa de existir e então o grau de dissolução do fluoreto de cálcio é aumentado. 
Dessa forma quando acontece o processo Dês, o flúor se dissocia do cálcio e 
quando da Re ele se incorpora na hidroxiapatia, sob a forma de apatita 
fluoretada, sendo essa mais resistente à dissolução ácida em futuros ataques 
cariogênicos. 
Esses achados colocam em duvida os benefícios de duas 
técnicas de utilização de flúor consagradas pela comunidade odontológica, ou 
seja, a sua incorporação nas águas de abastecimento, exercendo uma função 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 26 
sistêmica, e as aplicações tópicas de 6 em 6 meses, a nível de consultório, 
com soluções de flúor em alta concentrações. 
 
FLÚOR TÓPICO 
 
A expressão “flúor tópico” é ainda hoje utilizada não para 
diferenciar o efeito do flúor no controle da cárie, mas simplesmente para indicar 
que ele não precisa ser ingerido para ter ação na cavidade bucal. Por outro 
lado, o entendimento de como o flúor tópico age no controle da cárie ainda 
gera dúvidas, porque é mais fácil relacionar flúor incorporado, com dentes 
perfeitos, com mais resistência aos ácidos produzidos pelas bactérias da placa 
quando da ingestão de açúcar. 
O efeito de um método tópico ocorreria por dois mecanismos 
que tentam manter a constância de flúor no meio para o controle da cárie. O 
primeiro seria decorrente da manutenção da concentração de flúor na saliva 
pelo usodo método tópico, e o segundo pela formação de produtos de reação 
no esmalte e na dentina. 
Toda vez que o flúor é aplicado na estrutura dental, ocorre uma 
reação química com a estrutura mineralizada dos dentes, formando produtos 
que interfere com a posterior progressão da cárie. Destes produtos, o principal 
responsável pelo efeito do flúor no controle da cárie dental é a formação do 
cristal de fluoreto de cálcio (“CaF2”), sobre a superfície, funcionando como um 
reservatório de flúor que interfere no desenvolvimento da cárie dental. A 
formação de “CaF2” depende de uma série de fatores, estando seus benefícios 
dependentes de como o método é utilizado. 
 
Dessa forma podemos apresentar as seguintes considerações: 
 
1. Embora a concentração de “CaF2” seja proporcional a 
concentração de flúor no meio de aplicação, isso poderia levar a conclusão de 
que a aplicação tópica de flúor profissional seria mais eficiente que o uso do 
dentifrício fluoretado. De fato, ao se fazer uma aplicação tópica com solução de 
flúor a 2%, 12.300 ppm de F-, estariam reagindo com o dente, comparado com 
1000-1100 ppm de F- do dentifrício. Embora se forme pouca quantidade de 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 27 
“CaF2” quando da utilização do creme dental, isto é compensado pela alta 
freqüência da escovação em relação à aplicação profissional. Outra implicação 
clinica é o risco previsível de acreditar em “quanto maior melhor” e fazer o uso 
indevido de flúor. Assim, produtos contendo 145.000 ppm F foram utilizados 
para aplicações profissionais, levando uma criança à intoxicação aguda e letal. 
Isto será abordado em tópico oportuno quanto aos riscos do uso de flúor; 
2. Em relação ao pH , forma –se mais “CaF2” em pH ácido 
(3,5) que em ph neutro (7,0). Assim, o fluorfosfato acidulado é mais reativo que 
o neutro, o que poderá ter repercussão clínica em função da freqüência em que 
são utilizados. Entretanto, tendo em vista que a princípio se forma mais “CaF2” 
quanto menor o pH, poderia-se pensar no uso de produto com pH 1 a 2 porém, 
tem-se comprovado que deve haver um limite do pH e nesses pH extremos não 
haverá maior fixação do “CaF2” sobre o esmalte que o convencional pH 3-4: 
3. Em relação ao tempo de aplicação, há uma tendência de 
formar mais “CaF2” em função do tempo de aplicação. Entretanto, isto não tem 
qualquer repercussão clínica, porque dentro do intervalo de aplicação (1 a 4 
minutos) não há diferença de efeito; 
4. A dentina é mais reativa que o esmalte devido à fonte 
disponível de cálcio, na forma de apatita carbonatada e fosfato de cálcio 
amorfo, os quais, ao serem solubilizados, reagem com o flúor e se reprecípitam 
como “CaF2”. Isto pode ter repercussão clínica, que vai desde uma ação 
mecânica, reduzindo sensibilidade dentinaria, até redução da progressão da 
cárie; 
5. O dente recém-erupcionado é rico em minerais á base de 
carbono, os quais são dissolvidos pelo flúor tópico com formação de “CaF2”. 
Isto tem implicação clínica, tanto na importância da escovação diária com 
dentifrício fluoretado, desde a erupção dental, para o controle da cárie, como 
na indicação de aplicação tópica de flúor profissional em função de indicadores 
de risco ou atividade de cárie em crianças. Por outro lado, isto não quer dizer 
que a aplicação tópica de flúor profissional só funcione em crianças.Dentes de 
pacientes adultos também devem receber aplicações tópicas, principalmente 
considerando a ação do flúor á nível do microorganismo; 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 28 
6. Forma-se mais “CaF2” quando da reação de qualquer tipo 
de flúor tópico no esmalte com lesão de cárie do que no íntegro. A repercussão 
clínica, é que o “CaF2” formado dentro da lesão de cárie reduz a sua posterior 
progressão, assim, quando das aplicações de flúor, o profissional 
intuitivamente estaria “curando” lesões de cárie; muitas delas ainda não visíveis 
clinicamente (lesões em estágios sub-clínicos). 
 
 
Aplicação Tópica de Fúor. 
 
Entre os meios e métodos de aplicação tópica de flúor, 
podemos destacar aqueles de uso profissional (soluções, géis e vernizes, 
contendo altas concentrações de flúor) e aqueles de uso domiciliar (dentifrícios 
e enxaguatórios bucais, em concentrações reduzidas). 
Atualmente, existem inúmeros produtos disponíveis para a 
terapia tópica profissional, facilitando a escolha adequada para os diferentes 
programas preventivos. 
Os mais comumente utilizados são os géis de viscosidade, cor 
e sabor variados, contendo o flúor fosfato acidulado a 1,23% (FFA) como 
ingrediente ativo ou fluoreto de sódio gel neutro a 2%. Não era compreendido o 
significado clínico da reação, embora o produto demonstrasse, através de 
inúmeras pesquisas clínicas e laboratoriais, sua grande capacidade em reduzir 
a prevalência da cárie dental. 
Posteriormente, com a possibilidade do produto reacional 
desaparecer no período de 24 horas, ficou consolidada a idéia de um contato 
mais prolongado do produto, com as superfícies coronárias dos dentes, 
contribuindo para o melhor aproveitamento do flúor pelo esmalte. 
A situação de melhor adesividade foi conseguida pela 
incorporação de um agente espessante à solução. Portanto os géis fluoretados 
disponíveis no comércio são geralmente, soluções aquosas de FFA, 
adicionadas a um polímero solúvel, como o carboxi-metil-celulose de sódio, 
que proporciona o aumento da viscosidade do composto, facilitando sua 
aderência ás superfícies coronárias dos dentes. 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 29 
O aumento do tempo de contato de fluoretos com a superfície 
de esmalte também foi à base para o desenvolvimento de vernizes. Existem 
vários tipos de vernizes disponíveis no mercado, entre eles pode ser 
destacado o DURAPHAT, que é um verniz contendo NaF a 5%, em uma 
suspensão alcoólica de resinas naturais.Em conseqüência de seu efeito clínico 
na redução da cárie de esmalte, é usado como uma alternativa para a 
aplicação tópica convencional de soluções ou géis fluoretados. 
Existem outros vernizes no mercado (Duraflur, Fluorniz , etc), 
de qualquer maneira, a indicação deverá ser limitada, tendo em vista sua 
elevada concentração de fluoreto, sendo restrita a pacientes com alta atividade 
cariogênica. 
 
 
Métodos para Utilização do Flúor Tópico 
 
1. Dentifrícios fluoretados 
A importância deste meio de utilizar o flúor foi resgatada a partir 
da década de 80, quando surgiram os primeiros dado de redução da cárie 
dental. Além de ser agregado flúor aos dentifrícios mais vendidos, passando os 
fluoretados a contribuir com 90% das vendas, a reforma sanitária ocorrida no 
Brasil e a implantação de programas de educação para a saúde nas escolas 
permitiram que um outro segmento da sociedade pudesse também ser 
beneficiado por este meio de utilizar flúor. Isto teve impacto na redução da 
cárie em escolares no Brasil, independentemente da fluoretação das águas de 
abastecimento. 
Comprova-se que de norte a sul do Brasil quem escova os 
dentes está utilizando o flúor para o controle de desenvolvimentoda cárie 
dental. Deve ser enfatizado as diferenças na concentração de 100 – 200 ppm 
de F- entre os produtos encontrados nas várias regiões não implicam efeito 
proporcional menor ou maior na redução da cárie. Isto é decorrente do fato de 
que o efeito do flúor não é diretamente proporcional à concentração. 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 30 
Ao mesmo tempo hoje podemos afirmar que no Brasil quem 
escova os dentes tem flúor em condições de controlar a progressão da cárie, 
isto pode ser comprovado através da atividade do mesmo no dentifrício. 
Assim é possível demonstrar que o flúor do dentifrício é capaz 
de reduzir a perda de mineral do esmalte do dente integro, ou ativar a 
reposição de mineral do dente com lesão de cárie. 
Por outro lado deve ser levado em consideração que se tentou 
remineralizar o esmalte que havia perdido uma grande quantidade de mineral e 
que a eficiência do flúor é maior quanto menor a quantidade de mineral a ser 
reposta. 
Deste modo a eficiência do dentifrício fluoretado assenta-
se na regularidade de escovação, uma vez que o flúor interfere na 
dinâmica do processo de cárie. Assim, ao mesmo tempo em que a placa 
dental é desorganizada periodicamente, pela ação mecânica das cerdas 
da escova , diminuindo seu potencial patogênico, o flúor ajuda a saliva a 
repor as pequenas quantidades de minerais perdidas pelo dente. 
O flúor dos dentifrícios, bem como todas as formas de sua 
utilização, é importante tanto para crianças como para adultos e age tanto 
no esmalte como na dentina, podendo ser considerado a melhor maneira 
de aplicação tópica do flúor, em razão de permitir que o flúor esteja 
presente na cavidade bucal, com alta freqüência e baixa concentração. 
A importância do esquema “controle da placa + uso de flúor”, 
fazendo com que escovação com dentifrício fluoretado seja considerada a 
forma mais racional de usar flúor, pode ser assim resumida: 
 Má higiene bucal + Flúor = Proteção parcial. 
Isto pode ser explicado pelo fato de uma placa espessa ser 
mais cariogênica e limitar o efeito remineralizante da saliva, por outro lado: 
 Higiene bucal + flúor = Proteção total. 
Isto implica dizer que: mesmo considerando que o indivíduo 
não consiga uma escovação perfeita, o fato de desorganizar a placa 
periodicamente já diminuiu seu potencial patogênico e aperfeiçoa o efeito do 
flúor. Em contrapartida, se o individuo fosse perfeito no controle absoluto da 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 31 
placa, não seria necessário o uso de flúor. Por outro lado, isto é muito difícil de 
ser conseguido em termos populacionais e assim, é enfatizada a importância 
de escovar os dentes utilizando creme dental fluoretado, e aplicação do fio 
dental nos espaços interproximais. 
 
 
2 -Bochechos com flúor 
Trata-se de um meio de utilização do flúor que foi 
extremamente relevante até pouco tempo, antes do impacto do dentifrício no 
controle da cárie. Sua indicação no presente é muito mais individual, em 
termos de risco ou atividade de cárie. Também pode, ainda, ser importante em 
termos coletivos, considerando a prevalência de cárie dental da população, ou 
de grupos desta, epidemiologicamente vulneráveis, dependendo da análise de 
cada situação concreta. 
Em termos coletivos, quando indicado, o uso semanal de 
bochecho de NaF a 0,2% tem sido a recomendação. Por outro lado, em termos 
individuais, a indicação tem sido o bochecho diário de NaF a 0,05%. 
Assim, a utilização de bochecho diário de NaF a 0,05% 
associado à escovação com dentifrício fluoretado tem sido considerada a 
associação mais importante, para controlar a cárie dental em pacientes com 
alto risco a doença cárie, portadores de aparelhos ortodônticos ou mesmo com 
reabilitação oral, por tratar-se de uma condição clínica de alto risco de cárie 
devido à dificuldade de desorganização da placa dental e de limitação do efeito 
da saliva. 
Assim, nessas condições de alto risco de cárie, quando flúor 
está sendo utilizado, mas o controle mecânico da placa não funciona, tem sido 
preconizadas a associação de bochechos com clorexidina e flúor em separado. 
Sendo recomendado dois bochechos ao dia, um de manhã e outro antes de 
dormir. Deve ser ressaltado que a clorexidina é uma substância altamente 
reativa e pode ser inativada por detergente (Laurilsulfato de sódio – LSS), por 
adoçante (sacarina) e pelo flúor na forma de mono flúor fosfato (MFP). Assim, 
cuidados devem ser tomados quanto ao uso de clorexidina pelo menos 30 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 32 
minutos após a escovação e na prescrição de bochechos preparados por 
farmácias de manipulação. Dependendo da concentração, a sacarina pode 
inativar a clorexidina. 
 
 
3 -Aplicação tópica de flúor profissional (ATFP) 
Trata-se de uma alternativa do profissional para tentar 
compensar a não utilização de flúor, ou deficiência de medidas preventivas, 
pelo paciente. As duas soluções mais empregadas para esta finalidade é o 
flúor fosfato acidulado a 1,23% e o fluoreto de sódio gel neutro à 2%. 
Para que a ATFP possa atingir o mesmo sucesso da utilização 
constante de flúor pelo paciente, vários produtos têm sido idealizados e feitas 
varias recomendações clínicas na sua utilização. O grande desafio é 
compensar o uso regular de flúor pelo paciente, que seria o mais apropriado 
em termos dos conceitos atuais de efeito do flúor no controle da cárie dental. 
Para a ATFP, têm sido utilizados vários veículos de aplicação, e a importância 
de procedimentos pré e pós-aplicação têm sido discutidas: 
 Veículo. Historicamente a ATFP começou com o uso de 
soluções, passou a gel, verniz e espuma. A escolha do veículo é só uma 
questão de aplicabilidade. O importante é usa-lo racionalmente. Assim, ao 
utilizar moldeiras para aplicar gel no paciente, aplica-se flúor indistintamente 
em superfícies de risco ou não de cárie dental. O verniz permite aplicar flúor só 
na face de risco ou atividade ou atividades de cárie. Por outro lado, o que se 
constata é que ele é aplicado de forma empírica, muitas vezes pincelando 
aleatoriamente toda a superfície de todos os dentes. 
 Concentração. São utilizados produtos contendo desde 
9.000 até 22.300 ppm de flúor. Muitas destas concentrações foram 
estabelecidas empiricamente, outras para atender solubilidade e reatividade do 
produto. Assim, o verniz é mais concentrado que o gel, pelo fato que o pH é 
neutro e o flúor, estando na forma de particulado, ter menor reatividade. Este 
aspecto, em termos de efeito clínico, é considerado de pouca relevância, pois a 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 33 
menor reatividade seria compensada pela maior concentração e o tipo de 
produto formado no esmalte-dentina. 
 pH. No passado, foram utilizadas ATFP na forma de 
soluções neutras (Fluoreto de Sódio gel neutro), as quais foram posteriormente 
substituídas pelo flúor acidulado (Flúor Fosfato Acidulado), que devido a sua 
maior reatividade, necessita menores freqüências de aplicação. No presente, a 
opção entre acidulado e neutro é determinada de acordo com as condições 
bucais do individuo. A utilizaçãodo flúor fosfato acidulado em pacientes 
portadores de trabalhos com resina composta e porcelana, pode determinar 
uma opacidade das restaurações em razão do ácido atacar os componentes 
inorgânicos destes materiais, isto não ocorre com uma única aplicação. 
Entretanto, considerado o risco de cárie do paciente, podem ser necessárias 
repetidas aplicações; neste caso, o neutro seria mais indicado. Por outro lado, 
o neutro sendo menos reativo em termos de formar “CaF2” no esmalte-dentina 
poderia ser menos eficiente para controlar a cárie dental. Entretanto, isto 
poderia ser compensado pela maior freqüência de aplicação do fluor neutro. 
Esta conduta também pode ser empregada quando da utilização da técnica da 
Microabrasão para a remoção de manchas hipoplásicas do esmalte, onde o 
meio se encontra ácido pela utilização de produtos acidificados (Prema 
Compound e Opalustre). 
 Profilaxia. A importância deste procedimento para o efeito 
da ATFP tem gerado discórdia. De relevante no passado, foi considerada 
desnecessária na década de 80. Recentemente foi resgatada quando foi 
demonstrado que seu efeito pode influenciar no risco de cárie do individuo. De 
maneira geral esse procedimento deve ser visto como sendo necessário para 
o controle da cárie como doença. Assim, além da profilaxia permitir um melhor 
diagnóstico de lesões de cáries precoces, ela deve estar integrada na 
educação para a saúde bucal. Todo esforço para convencer o paciente de que 
deve limpar corretamente os dentes, pode ser anulado completamente se a 
ATFP for realizada sobre placa bacteriana. Assim, a profilaxia deve sempre 
anteceder toda a aplicação tópica de flúor (ATFP) 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 34 
 Tempo de aplicação. O tempo de aplicação de 4 minutos 
foi estabelecido nas primeiras aplicações tópicas de flúor, por ser o tempo que 
a solução aplicada sobre o dente, demorava para secar. Nunca foi avaliado o 
efeito deste flúor incorporado em termos de interferir com o desenvolvimento 
da cárie. Embora ainda existam opiniões conflitantes, publicações mostrando 
que 1 minuto é um tempo suficiente para a reatividade e efeito do flúor. Por 
outro lado, em termos de implicações clínicas, o mais importante é a freqüência 
de utilização do flúor. Assim, é mais importante um programa de controle da 
cárie com 4 aplicações de até 30 segundos, do que uma única ATFP de 2 
minutos. 
 Procedimentos pós-aplicação. Desde que a aplicação 
tópica de flúor profissional foi instituída, tem sido recomendado ao paciente não 
comer ou beber por pelo menos 30 minutos após o procedimento. Isto foi 
estabelecido empiricamente e nunca foi testado em termos da importância da 
progressão da cárie. Enquanto que por um lado, dados publicados na literatura 
avaliando o efeito na progressão da cárie sugerem que isto não é relevante 
clinicamente, por outro, a reação de formação do fluoreto de cálcio sobre a 
superfície de esmalte não ocorre de imediato, dessa forma é de bom senso 
aguardar um tempo para favorecer a reação química e a obtenção da maior 
quantidade possível de cristais de fluoreto de cálcio. 
 
FLUOR SISTÊMICO 
Apesar da teoria da incorporação de flúor no esmalte dental 
pela ingestão de água fluoretadas ou comprimidos com flúor não ser mais 
aceitas atualmente, muitas cidades ainda mantém programa de fluoretação das 
águas de abastecimentos e muitos médicos ainda receitam comprimidos com 
flúor. 
Quanto a fluoretação das águas de abastecimento, apesar do 
flúor não ter efeito no aumento da resistência do esmalte por sua incorporação 
no esmalte quando na fase de germe dental, o flúor presente nas águas de 
abastecimento, contribui de forma muito significativa no controle da cárie 
dental, pois atua como flúor tópico. A principio quando o individuo bebe a água, 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 35 
fazendo com que o flúor entre em contato com os dentes, e posteriormente 
quando o flúor é absorvido pela corrente circulatória, se depositando nas 
glândulas salivares maiores, e sendo excretado para a cavidade bucal, 
juntamente com a saliva. Em assim sendo o mecanismo de ação de flúor 
sistêmico fica sendo o mesmo descrito para as aplicações tópicas de flúor, 
dessa forma o flúor presente nas águas de abastecimento tem um grande 
beneficio como tópico e não como sistêmico, devendo os programas de 
fluoretação das águas de abastecimento, serem mantidos e ampliados. 
Quanto à administração de comprimidos contendo flúor em sua 
composição, devem ser evitadas pelo fato de existir duvidas a respeito de seus 
benefícios e principalmente por existir varias outras formas de utilizar o flúor 
com ação benéfica já comprovada por vários trabalhos publicados na literatura. 
 
 
TOXICIDADE DO FLÚOR 
 Embora o flúor seja extremamente importante no controle da 
cárie dental, sua utilização sempre foi cercado de polêmicas. No passado, foi 
atribuído ao flúor, desde aumento da incidência de câncer, onde a água era 
fluoretada, até casos de AIDS. No presente e no futuro, a discussão será sobre 
fluorose dental, tendo em vista relatos do aumento da prevalência dessa 
doença. Embora no Brasil não se possa afirmar, com bases epidemiológicas, 
sobre aumento da prevalência da fluorose dental, do ponto de vista individual 
isto tem alarmado o clínico, baseado no que ele tem encontrado no consultório. 
Enquanto a fluorose dental é um problema de ingestão de pequenas 
quantidades de flúor durante a formação dos dentes, a ingestão de 
quantidades maiores pode até ser letal. Portanto, o clínico deve ter o 
conhecimento necessário para utilizar e indicar o flúor com segurança, 
considerando tanto a toxicidade aguda como a crônica. 
 
TOXICIDADE AGUDA 
Refere-se à ingestão de grande quantidade de flúor de uma 
única vez. Dependendo da dose a qual o indivíduo é submetido, as 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 36 
conseqüências podem ser desde irritação gástrica até morte. Tendo em vista 
acidentes letais, ocorridos com indivíduos submetidos a doses que no passado 
eram consideradas seguramente tolerada, foi estabelecido que em nenhum 
procedimento odontológico uma pessoa pode estar sujeita a uma dose igual ou 
superior a 5,0 mg F/kg de peso corpóreo – esta dose tem sido chamada de 
dose provavelmente tóxica (DPT). Assim, tanto os métodos sistêmicos como os 
tópicos de uso de flúor podem de alguma forma estar envolvidos com a 
toxicidade aguda. 
 
RISCO DE TOXICIDADE AGUDA COM FLUOR SISTÊMICO 
Embora a água ou o sal fluoretado sejam totalmente seguros 
quanto à toxicidade aguda, o mesmo não pode ser dito dos suplementos de 
flúor. Assim, casos letais devido à ingestão de comprimidos de flúor ou 
soluções de flúor em gotas têm sido descritos. Há o relato de uma criança na 
Áustria que ingeriu 200 comprimidos de 1,0 mg de flúor. Ela foi submetida a 
dose de 16,0 mg F/kg, portanto, 3,2 vezes superior à DPT, vindo a falecer 7 
horas após a ingestão. Outro caso de acidente letal ocorreu no Canadá, com 
flúor em gotas. Foram prescritos para uma criança 120 ml de NaF a 2,2% para 
acriança usar 1gota/dia. Ela ingeriu todo o volume de uma só vez, sendo 
submetida á dose de 60 mg F/kg, portanto, 12 vezes maior que a DPT, sendo 
letal para a criança. 
Assim, com relação ao flúor sistêmico, a única preocupação 
são os suplementos de flúor. Quem os prescreve, tem que conhecer os riscos. 
Assim, não mais que 50 comprimidos podem ficar ao alcance de crianças. Por 
outro lado, a legislação brasileira permite a livre comercialização de produtos 
contendo 120 comprimidos. Com relação à prescrição de flúor em gotas (NaF a 
1%) as crianças jamais poderiam estar expostas ao risco de ingestão de 
volumes (frascos) maiores que 10ml. 
O problema é que toxidade aguda foi comum até a década de 
50, quando NaF em pó era confundido com produtos caseiros e ingerido. 
Assim, devido à grande ocorrência de casos, a área médica estava preparada 
para reverter quadros de intoxicação. No presente, NaF não é mais usado 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 37 
como raticida e acidentes caseiros não são freqüentes. Desta forma, quando 
eles ocorrem, nem há pessoal preparado para reverter à intoxicação. Esta 
reversão envolve uso de substâncias para evitar a absorção gástrica, indução 
de vômito ou internação hospitalar, tudo depende da dose. Com relação a 
medidas de alcance do dentista, que seria reduzir absorção ou induzir vômito, 
elas só têm eficácia de tomadas até 30 minutos após a ingestão. Isto é 
decorrente do fato de que o flúor é absorvido no estômago. Assim, 30-45 
minutos após a ingestão, 90% do fluor já está no sangue. 
 
 
RISCO DE TOXIDADE AGUDA COM MÉTODO TÓPICO 
Do ponto de vista letal, não há preocupação com nenhum meio 
do uso de flúor tópico, mas acidentes podem ocorrer por negligência ou uso 
indevido de produto comercial. Assim, não há nenhum risco envolvido com o 
uso de dentifrício. Embora bochechos sejam seguros, estes devem ser 
adequadamente rotulados; há relatos de ingestão de NaF a 0,2% provocando 
diarréia em uma criança que o ingeriu pensando ser água.por outro lado, a 
preocupação maior é com o NaF utilizado para preparar o bochecho. Pastilhas 
de 2,0g têm sido utilizadas, sendo equivalente a 900mg de flúor. Isto 
corresponderia a DPT para um adulto obeso de 180kg, porém seria letal para 
uma criança de 25kg. Esta, por outro lado, seria submetida a uma dose 7 vezes 
superior a DPT. 
Acidentes em consultório ocorreram com o uso indevido do 
produto ou negligência profissional. Há caso relatado, nos EUA, quando SnF2 a 
4% era utilizado na ATFP, uma criança de 3 anos ingeriu toda a solução a ela 
indicada para fazer bochecho. A criança foi submetida a uma dose estimada de 
24-35mg F/kg, e foi um caso letal decorrente de negligência profissional. No 
Brasil, há um caso letal descrito de uso inadequado de flúor para ATFP. Na 
boca de uma criança de 3 anos foi aplicado um produto contendo 33% de NaF. 
A criança foi dispensada, mas retornou ao consultório relatando não estar se 
sentindo bem. Não houve atendimento adequado nem no âmbito hospitalar, 
para onde ela foi encaminhada; 4 horas após, ela faleceu. Estima-se que a 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 38 
criança foi submetida a dose de 15-30 mg F/kg, portanto 3 a 6 vezes superior a 
DPT. Foi um caso de uso indevido de produto. Este contém 145.000 ppm F e 
tem sido indicado para dessensibilização dentinária, jamais para ATFP. Por 
outro lado, o tradicional flúor em gel acidulado contém 12.300 ppm F, sendo 
totalmente seguro quanto à letalidade. Deste modo, a ATFP feita com os 
produtos indicados para este fim é totalmente segura com relação à toxicidade 
aguda letal. 
No caso de flúor em gel, mesmo usando moldeira, comprova-
se que uma criança é sujeita a uma dose de 2,7 mg F / kg quando da 
aplicação. Solicitando que a mesma cuspa por 30 segundos a 1 minuto após a 
aplicação, e calculando-se a quantidade ingerida, ela é submetida a uma dose 
de 0,7mg F/ kg. Portanto, a dose é 7 vezes inferior a DPT, sendo totalmente 
segura quanto à letalidade. Entretanto, o relato de náuseas e mesmo vômito 
após a ATFP não é raro. Isto é decorrente do fato de que 5,0 mg F é suficiente 
para irritar a mucosa gástrica. Isto corresponde a pouco menos de 0,5 g de gel 
a 1,23% de F (2,9% NaF). Assim, embora o flúor em gel seja totalmente seguro 
quanto à letalidade pode provocar intoxicação aguda que se manifesta por 
sintomas principalmente gástricos. Deste modo, algumas recomendações 
clínicas são fundamentais: 
 Se forem utilizadas moldeiras, deve-se colocar nelas uma 
quantidade pequena de gel (não mais que o equivalente à quantidade de uma 
colher de café por moldeira). 
 O paciente deve ficar em posição vertical. 
 Usar sempre sugador. 
 Pedir para o paciente cuspir exaustivamente. 
Estes procedimentos clínicos garantem a segurança da 
aplicação tópica de flúor em gel sem necessitar de medidas farmacológicas, 
como por ex., ingerir comprimidos de hidróxido de alumínio (Pepsamar) 
previamente a ATFP. Embora os procedimentos clínicos garantam a segurança 
da ATFP, deve ser lembrado que o flúor é absorvido no estômago. Portanto, 
uma pessoa em jejum ou com gastrite pode ter os sintomas exacerbados. 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 39 
Por outro lado, produtos mais concentrados têm sido 
atualmente utilizados para a ATFP. É o caso, por ex., dos vernizes 
fluoretados.Estes contêm 22.300 ppm F, entretanto, os níveis sangüíneos após 
a aplicação de verniz são menores do que os da aplicação de gel com 
moldeiras. Espuma fluoretada tem sido utilizada com a alegação de que seria 
mais segura que flúor em gel. Em conclusão, todos os produtos para ATFP são 
seguros e o melhor uso deles depende do profissional. 
Ainda com relação a possíveis efeitos do flúor, alguns 
profissionais têm aventado “respostas alérgicas” de pacientes ao flúor. Há 
consenso mundial que o flúor não funciona como alergênico. As reações 
podem ser inespecíficas ou devido aos corantes ou outros ingredientes nos 
produtos comerciais. Assim, na literatura mundial há descrição de três casos 
clínicos de alergia ao verniz utilizado no Duraphat. 
Enquanto que por muito tempo houve polêmica a respeito da 
toxidade do flúor, do ponto de vista de saúde geral, atualmente e no futuro, 
sem nenhuma contestação, o foco de discussão é apenas a fluorose dental. 
 
TOXICIDADE CRÔNICA 
A toxicidade crônica devido ao flúor envolve a ingestão de 
pequenas quantidades diárias podendo afetar tecidos mineralizados, 
particularmente o osso e o esmalte. Assim, a fluorose óssea era relatada no 
passado devido à poluição industrial ou ingestão de água contendo flúor natural 
em concentração acima de 10 ppm. No presente, a fluorose óssea ainda tem 
sido descrita devido à poluição ambiental. Isto tem sido relatado na China, em 
decorrência da combustão do carvão para o aquecimento caseiro ou para 
secar alimentos. Enquanto a fluorose óssea não está diretamente relacionada 
com o campo da Odontologia, o mesmo não pode ser dito com relação a 
fluorose dental. Assim, é necessário conhecer melhor os mecanismos de 
desenvolvimento da fluorose dental e os fatores que contribuem para o 
aumento do risco, para garantir os benefícios do flúor no controle da cárie, sem 
preocupações maiores com seu efeito colateral. 
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PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTAL 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 40 
Finalizando, o flúor

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