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Poder e Estado Nação - KARL DEUTSCH

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U6
ÉXJ‹., ..,,.,,
Karl Deutsch
Análise das
Relações_
Internaclonais
Pensamento
Político
Thzduçãa de María Hosinda Ramos da Silva
'sw \�,v0 uu|v;,%7
:c›\10ucA0fsÃ0r,âuuÍš
.Q/,K _ .dz _/
EA ||n|ÀE._!ä
'fora UniverszdadedeBrasília'ší
Ilhllnmn MA‹Pu|:sP
Cx \3:`*Y*\ `\|‹»«›�‹wmmz› .....»» *, W “J H Jl V ÍMWW100021415
CAPÍTULO 111
PODER E ESTADO�NAÇAO
Reconhecer a nanireza dupla da politica também nos ajuda a perceber os
limites do conceito de poder politico. Alguns autores de renome tentaram
desenvolver uma teoria sobre a política. particularmente na que se rclere as
relaçoes entre Estados. em grande pane ou inteiramente baseada na noção de
poder � entre eles, Maquiavel e Thomas Hobbes e. em nossa époea. Hans
Morgenthau e Frederick L, Schuman. Ao mesmo tempo. a noção de poder corno
base da politica internacional ê ainda bastante divulgada pela imprensa de um
modo geral e até mesmo pelos Ministérios de Negócios Estrangeiros e pelas
instituições militares de muitos paises.
Qual è, então. perguntamos nós, a parcela de verdade ‹'‹›nti‹.la nesta rtoçãu ‹�
quais os seus limites?
Neste estudo, trataremos não apenas do poder das nações c dos organismos
internacionais, mas também do poder dos govemos. dos grupos de interesse, das
elites e dos indivíduos. na medida em que qualquer desses elementos possa aletar
signi¿ativarnente qualquer manifestação de politica internacional.
O poder. visto aqui «le uma lornta nua tz crua. è a opacidade ‹|t~ prt~\>..\lt›‹ er um
caso de conflitos e de superar obstáculos, Nesse sentido. Lenine, antes da
Revolução Russa. propôs a seus adeptos. como urna questão chave de politica. a
seguinte indagação: "Q_uem. aquem?" O queelequeria dizer fra: ‹|u‹›tn vem zt ser
o sujeito e senhor das ações e dos acontecimentos e quem è o objeto e a vitini.i.‹'
Durantea depressão de l932. uma canção de protesto alemã evocava uma imagem
setrtclhante: "Queremos ser 0 malho. não a bignrna".
Quem e mais forte e quem íz mais Ít�am? Q_u‹�rn t�‹›nst~¡;nira o que quer e qnt�rn
terá de desistir?
Perguntas como essas, quando feitas a respeito de uma série de confrontos
possiveis ou reais entre um limitado número de competidores, t�untlttzt�rn a listas
de classiliracão� tais como as que se fazem para classificarjogadores de tênis ou de
xadrez nos respectivos torneios, ou de beisebol nos campeonatos mundiais ou
34 Karl Wolfgang Deutsch
ainda para selecionar galinhas. cm uma granja, corn base na raça das aves, ou pan
classificar as grandes potências no plano da politicamundial. E claro que. quanto
menor u número de confrontos reais ocorridos recentemente. maior sera a
ampliiudecom que essas listas de classificação terão que ser elaboradas. a partir de
hipóteses baseadas em amigos desempenhos e nos recursos atuais ou expectativa
de recursos das facções conflitantes.
A BASE DE PODER
0 Potencial de Po/1er(irtfen'do dos rzcursos)
O quadro I mostra um exemplo do potencial rclazívo de poder de duas
coalizôos de nações. O poder dos Aliados e dos países do Eixo na ll Guerra
Mundial c medido � ou. pelo menos, indicado � pela porcentagem do wtal de
munições que cada lado produzia por ano.
Quadro I �Prrcmlagzmdaproduçãø lnhrld:materialMlicodosp¿nnpaíspaúex beligzrartltr,
I9)!�I 91)'
IN! 1942 N13Pak 1931 issu um
t:\|a.1.z‹ |›.ú.|‹»
Canaria
Clã�BrÀalnlu
Ulus
TOTAL: Paim Aliados
Alzmawilzal' ')
nana
japao
Toni.: Paim do Lim
TonL GEML
äaoa «_ �oo. »_ «aco ..›_._ az�..
JD 40
1 1
15 ls
11 ls
39 ‹5 sl
as as 40
5 4 5
9 a 1
_ �55 7 52
100 mu I00 I
si
sl
4
7
42
00
54 70
27 22
a t
6 1
36 ao
mo |00
� tmn... awõzs. azú1|..z¡a zzrwua. mazzziai a‹ z¡na|¡›a‹aa. navios z mpzazim zqaipamzmas.
'~ mt�1... izmmz�‹›z azupaúaz.
mia� Kim L Know. na wa, mzzmala/Nam. (mnzzianz uaivmizy mn. mas). p. so.
O quadro mostra que as potências do Eixo produziriam muito maior
‹¡uznz¡‹la‹iz dz muniçõzz .ln que os pa‹s‹s aliados nos anos dz mau, mas z 1940,
mas que sua vantagem sc reduziu em l940 e de¿nitivarnenle sc desfez em 1941 e
l942. Após este ponto crítico. as potências do Eixo foram ¿cando cada vel mais
Analise das Relaçües Internacionais 85
para n�as. até seu colapso total em I945. Winston Churchill resumiu ia] fato com a
seguinte metáfora: "O destino voltou�se contra eles".
O quadro 2 apresenta uma lista de 23 paises rom seu poderio militar a rurtn
prazo� indicado em termos degastos militares. Nou.�sequeem 1973 nenhum pals
detinhamais de I/3 do total; até mesmo os l�Istados Unidos apresentavam apenas o
indice de 82.296.
Quadro 2 � Gastos Militares Mundiais (1973)
PAI: US: milhoes; PsI«'“=5="'
Mundial
Mu�mz
1. :nadas uaíam
2. uma saviêúra
s. Aizmaziiia oâazmal
1. china
s, nana
s. nú» uma1, tuna
sum�al t1�11
r. 1zza=|e. Japa»
io. alemanha orizzuai
11. canaaa
l2. Irã
is. inata
14. naizaaatratzaz�aa¡×°a›
is. roiôiúa
sabzztai (1�ts;
ls. iaipaaiha
17. Azmzalia
ta. sueeia
19. Egito
20. Tfhzwaluzâquia
ui, a‹as¡1
22. nélgiza
2.1. Arabia saudita
saiztztat us za;
'ro'r,«L 11�za)
206.0
1l.5
51.0
12,0
I¶.O
9.5
|.s
4.1
191.1
3.7
3.6
2.5
2,4
2.3
1.3
2,11
2.0
20.1
1.9
1.0
1.1
1.1
1.1
1.s
IJ
1,1
12.7
125.1
1110.0
!2.2
21.5
‹.9
1.9
3.9
3.3
1.1
10.6
1.5
1,5
1.11
1.0
0,9
0.9
0.1
0.11
11.5
0.:
0,7
0.1
0,7
0.1
0.6
0.5
0.5
5.1
913
nmtzz Ruth ug" si�zard. wwld Miluavy and sam! bzpmzlitwzr 1916 (Leesburg. virginia wM_tE
Mtzauam. ms), p. ts.
36 Karl Wolfgang Deutsch
Um exemplo de classificação hipotetia das principais nações para os periodos
I950� I973 e l990�20l0 em termos de poderio a longo prazo pode ser dado por
recentes cálculos feitos (Quadro 3) por um fisico da Alemanha Ocidental.
As projeções para I990 e 2010 indicadas no Quadro 3 baseiam�se em cifras
referentes a expectativa de crescimento da produçãoper capim de aco e de energia.
bem como da população total em cada pais.
Para a China de l990 (2010) as projeções indicam uma população de cerca de
l,100.000.000(1,575.000.000) habitantes e uma produção anual de aço (per capim)
de cerca de 175 libras (544 libras) ou. aproximadamente. l/6 (metade) do Indice
obtído pola Rússta em 1913 e1/|z(1/4)doquoobtzvoojapaoem 1915. Éoviaonte
que ninguém pode assegurar que tais projeções irão confirmar�se em relação a
I990 (2010) ou mesmo a uma época posterior sobretudo apos os retrocessos
experimentados pela economia chinesa. em termos de crescimento, no inicio dos
anos 60. _|a com referência a l976. a população da China foi estimada em 900
milhões potjohn K. Fairbank. utn dos principais especialistas none�americanos
em assuntos chineses'. De qualquer modo. parece digno de nota que nessas
projecües tambem o poderio do pais mais forte em 1963 e l97!›. assim como em
I990 c20l 0. esta classificado abaixo da metadedo poderio total dos sete primeiros
paises. Assim. em ambos os periodos. o pais mais forte representará ainda apenas
uma minoria no quo so ro�foro ao pottt�no tuuuaiat.
Os recursos agregados do poderio de uma nação são algumas vezes conside
rados sua “base de poder",já que podem ser considerados como a base sobre a
qual o poder potencial pode ser transfonnado, em maior ou menor grau. em
realidade. Noção semelhante. embora un�1 tanto distinta. è o conceito de um
“valor de base”. conformedefinido por Harold D. lasswell eAbraham Kaplan. De
acordo com seu raciocinio. uma base de poder para o ator “A” ("A". no caso.
poderia ser uma pessoa ou um pais) representa um total de ceno valor para o ator
"B", que se encontra sob o controle de “A". lsto è. o ator "A" controla um possivel
aumento ou redução da riqueza de "B", ou de seu bem�estar ou da Fruicão do
respeito geral. já que "B" deseja obter mais desse valor controlado por “A". "B"
tem que tentar agradar a "A", a lim de induzir "A" a deixa�Io conseguir mais.
Assim. se um pais em desenvolvimento precisa de ajuda econômica.a lim de
aperfeiçoar sua tecnologia. ou se um pais faminto necessita de trigo, a lim de
prevenir a incidência dc fome. e se os Estados Unidos ou a União Soviética
controlam uma parcela dos suprimentos. então os Estados Unidos (ou a União
soviética) toúo uma “base ao poder" para oww innuênzta sobre ossos paises
mais necessitados.
1. “cast Aziz out ozzzctiiua rrototzm". rnzattiotzz itozztluy. vol. zu�sz sztztutzto az ms. Pp. 4.12.
t�sr. tt 5
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se
as
38 Karl Wolfgang Deutsch
Outra questão. natu ralmcnte, Ó com que e¿cacia o governo dos Estados
Unidos � ou o governo soviético �, usaria essa base de poder ou “valor de base"
para atlqttirir influência e poder reais sobre a conduta de alguns ou de todos
aqueles países no que se refere a certo "valor de finalidade" � por exemplo, um
voto Íavorável nas Nações Unidas � que os palses mais pobres controlam e que os
paises mais ricos desejam. 0 po‹ler de "A", em todos estes casos, baseia~se em três
pontos: primeiro, na relativa pobreza e necessidade de “B” quanto a algum valor
de base do qual "A" controle um estoque signilicativo; segundo. no controle, por
pa.rte de “B". de significativa quantidade de algum valor de linalidade desejado
por "A" e o qual "A" esta tentando obter utilizando seu poder sobre “B": e.
linalmentr. na capacidade e eficiência de "A" em transforrnar o potencial de seu
poder de base em potler real sobre a conduta de “B"2.
O Peso da Poder (ínfmãiø tz partir dos resultados)
O potencial de puder e uma cstimativa aproximada dos recursos liunianos e
materiais relacionados t�mn o poder. indiretamente, tal estimativa pode ser usada
para sc inferir o grau de sucesso que uma nação precisa atingir em uma disputa
pelo poder caso utilize ao maximo seus próprios recursos. Mas e posslvcl inverter
esse calculo. Podemos perguntar: até que ponto esse ator (lider, governo ou nação)
conseguiu provocar a alteração de certas manifestaçdes de polltin internacional?
Ai, então, ‹': possivel inferir o "peso" do poder a partir do grau de sucesso obtido.
(As quatro principais dimensões ou os quatro principais aspectos do poder são seu
prstv. ‹I‹›_ninaciln, alcanct� ‹› I`tnz_Ii‹lade; destes. o peso ê o que se encontra mais
príixituu da noção intuitiva que quase t‹i‹l‹›s ternos quando pensamos em poder).
O peso ‹ln poder ou a inÀuencia de um ator sobre determinado processo e a
capacidade com que esse ator pode alteraraprobabilidade de seu desfecho. epode
ser avaliado mais facilmente sempre que se esteja lidando com uma alegoria
repetitiva de resultados semelhantes, como, por exemplo. os votos dados na
Assetnbli�ia das Nações Unidas. Se, por hipótese, as moções apoiadas pelos
Estados Unidos sao aprovadas. em media. :res em cadaquauo vezes. ou com uma
prtibahilitlade de 75%. cnt|u__n_t› as não�apoiadas pelos Estados Unitins são
aprovadas em apenas 2596 dos casos. entao podemos dizer que o apoio dos
Estados Unidos é rapaz de tnudar as chances de sucesso de uma moção na
Assembleia das Nações Unidas numa media de 25 a 75% � ou seja. na base de
sox. rms soeó seriam. por ‹_›r_szgu_mz, uma mzúidz zpmzimziis do
peso medio do poder dos Estados Unidos na Assembléia durante o periodo
analisado. (A inrditla é aproximada c pode mascarar a verdadeira inÀuência dos
1 rsrs um analise mais ampla consulta: H. D. tazswzll ‹A. Kaplan. mezriisøt�íay (New Haven:
val: umvmity Pmi. _950. Puda ‹sm‹z1adz.r.diu›ra univmiaade de amllis. 1979). e tt. w. Deutselt.
"Smne Quantitalivt CoI\su1iI\tsonVa.IueAI|oat¡ÀII ill SotíÀy and Po|ilits".B=¡_nt›_`lIv_=lSa`ml‹,Vnl. ll.
ne ‹ utilizo, mas). pp 2‹s�52.
Análise das Relações lnremacionais 89
Estados Unidos. ja que muitas moções potenciais a quc os Estado: Unidos sc
opõem podem pztrecer de sucesso tao improvável a seus defensores cm potencial.
que e possível que sequer st�jatn ¡›r‹›¡›‹›suis e, desta forums, não entram em nossa
estatistica).
O cálculo ou a estimativa do peso do poder torna�se mais dilicil quando se lida
com um acontecimento isolado. Qual 0 poder exercido pela bomba atômica
lançada sobre Hiroxima em 6 de agosto de 1945 (ou por aquela que destruiu
Nagasalti très dias mais tarde). para apressar a rendiçãodojapão e abrc�vias o lim da
Segunda Guerra Mundial? Um famoso especialista cm assuntos do japao. o
Professor Edwin O. Reischauer. que em 1961�1967 foi Embaixador dos Estados
Unidos naquele pais. chegou à conclusão dequeabombaabrevioti o lim da gucmi
em apenas alguns dias! Para se fazer um julgamento desses e necessario
imaginar que tal evento � o lançzunento da bomba num momento em que ojapão
já se encontrava quase derrotado e exaurido e em que seu governojá busava uma
forma de se render � tenha ocorrido muitas vezes. Sena preciso. portanto. tentar
avaliar o que teria acontecido. de maneira geral, em todos aqueles rasos licticios
em que uma dessas bombas Iiumø sido lançada. em comparação com o resultado
medio de todos aqueles casos lictícios em que não tivesse sido lançada.
Parece um raciocinio ani¿cial. mas não é. Na verdade. não É muito diferente
do raciodnio de um engenheiro sobre o que teria causado a niprura de
determinada ponte. ou o de um medico acerca do que teria causado a morte ou a
recuperação de certo paciente. Em todos esses casos. a ¿m de estimar as
conseqüências do que_/oifeito � c talvez estimar o quedevevía ter .ridoƒzílø em termos
de “boa prática" �, transforrna�se aquele evento isolado em integrante de uma
classe repetitiva dc eventos hipotéticos bastante similares. Tenta�se. então, avaliara
dimensão e a probabilidade de desfechos alternativos na presenca e na ausência.
respectivamente. da acao ou da condição cujo poder desejamos medir; e. assim.
infercse n poder do ator. ou atores, a partir do poder de sua ação ou da condição
por ele controlada.
O poder, considerado desta forma. 6 praticamente a mesma coisa que
causalidade: e o peso do poder de um ator, ou atores, equivale ao peso daquelas
causas que. entre as que detemiinaram cena resultado, se encontram sob seu
contmlel.
Os govemos modernos. em comparação com os de séculos passados, tem
aumentado consideravelmente o peso de seu poder sobre suas proprias popula›
s. i; o. nzizzitstm, nz t/,tim .riam zzmifzzpzzz. za. vzv. tu. v‹›rt.� vital; mis. mz). p. zw.
4. cf. naum A. ou�1, mztóri» ns» putztiuaø. zpmzmzà.�› ...�› ‹�\z‹�"zm ...uu az New enzima
nztiútzt seizztzearsoeiztizn. Nzmttzmpwi�. Mass.. zm 25 u‹zt›z¡1àz|ssõ,‹"rwzf'..›. ozvúa 1. sim.
za.. luzmzumzl sv�‹;‹1›p‹d«z WA: sam: :mw (mw vaztz Mam�iitlzn mà mf nz�sz),vt�›|. tz.
pp. ‹os~|s.
40 Karl Wolfgang Deutsch
ções. Cobram�se impostos. recrutam�se soldados. aplicam�se leis. prendem�se
infratores. tudo isso com um grau de probabilidade muito maior do que jamais
poderiam ter sonhado os soberanos medievais. Por tal motivo ê que o peso do
poder de governos de paises altamente industrializados è. em geral, muito
superior ao de paises contemporâneos que se encontram em um estagio inicial de
desenvolvimento industrial. E entre os governos que se encontram neste estagio. o
peso do puder nacional varia enormemente.
Em politica internacional. ao contrario. o peso do poder da maioria dos
govemos. particularmente das grandes potências. vem declinando desde l945.
Nenhum governo. hoje em dia. derem tanto controle sobre o provável desfecho de
questões mundiais como detinha a Ctã�Bretanha. digamos. entre 1370 e 1935.
Atualmente a Grã�Bretanha não pode controlar suas antigas colônias: os Estados
Unidos não podem controlar a Franca ou Cuba; a União Soviética não pode
controlar a Iugoslávia ou a China; e a China não pode controlar seus vizinhos. A
tentativa feita pelos soviéticos de controlara politica daTchecoslovaquia atraves de
uma ocupação militar em agosto de l968 aparentemente não redundou em
qualquer garantia de sucesso prolongado. As razões para esse declínio do peso do
poder du maioria dos grandes paises serio analisadas mais adiante, mas parece
valido mencionar tal fato agora.
Numa analise mais cuidadosa, veremos que o peso do poder pode vir a induir
dois conceitos diferentes. O primeiro relaciona�se com a habilidade demiuzir as
chances de vir a ocorrer um resultado não desejado por determinado ator. Em
politica interna fala�se. algumas vezes, dcgrupo: de veto, ou seja, aqueles que podem
evitar ou dilicullar seja aprovada alguma espécie de legislação a que sc oponham.
Em politica intemacicnal constata�sr a existência de considerável poder de veto
formalmente actmlazlo entre cinco membros permanentes do Conselho de
Segurança tlas Nações Unidas. com base na Cana das Nações Unidas. Menos
formalmente. podese falar do poderque tem uma nação em negareerto território,
ou área de influência. a algum outro governo ou facção ideológica. É. o caso dos
Estados Unidos. por exemplo. que na decada de 50 negaram, com grande sucesso.
a cessão da Coreia do Sul aos agressores norivcoreanos. da �nesma forma como
negaram nn l‹›ug‹› «los .ums 60 grande parit� do Vietname do Sul aos vit�tcongues.
Devena ser facil saber por que razão acontece isso. Em primeiro lugar. o
desfecho especifico que porventura se deseja evitar pode não ter muita probabi�
Iitlatle de ocorrer. Suponhamos que uma campanha de guerrilha comunista em
um pais asiático ou africano tenha aproximadamente uma chance em três. ou 35%.
de ali estabelecer um regime comunista estável. Nesse caso. uma intervenção
anticomunista por parte de urna putêiicia estrangeira. realizada com um poder
limitado � digamos. com um peso dc cerca de 2596 � teria condições de reduzir
essas chances de sucesso de 33% para apenas 5% e criar uma probabilidade de
insucesso de 95%. ou seja iszi. o resultado ¿nzl, jà razoavelmente improvável.
Análise das Itelaçütvs Internacionais ‹i|
podera então tornar�se altamenre improvável pela aplicação are mesmo de uma
parcela de poder relativamente limitada. Em tais situações. a alteração das
probabilidades de ocorrer esse resultado linal especilico parecerá bastante
drástica. e essa parcela limitada de poder talvi�.z tenha contribuído para transfor�
mar iini considerável grau de incerteza em uma quase certeza e. assim. ter
produzido resultados espetaculares.
Mas seo sucesso das guerrilhas tr seus partidariosja fosse altamente provável �
digamos, em cerca de 95%� então até mesmo o poder negativo de seus adversários
poderia ser bastante limitado. Se o peso da intervenção destes fosse novamente de
2896. isto poderia reduzir a probabilidade de uma vitória eventual da guerrilha
apenas de 9596 para 67%. deixando as guerrilhas ainda uma chance de i�iitiria de
2:I, 0 insucesso resultante do limitado apoio dado pelos Estados Unidos as
l`acc‹`›es pró�Ocidente em Angola em I975 pode ser atribuido. pelo menos ein
pane. a esses desequilíbrios ‹lesl'avt›rà\'eis entre forca local e motivação.
O mesmo grau do poder também produz resultados ainda in‹~n‹›s impressio�
nantes quando aplicado no i~si.imuIo a um resultado a primeira vista praiii~aiiii~iitt~
improvável. Sc se deseja criar um regime ctmstiiiieional e democrático cstávt~I um
nosso ¿ctlcin e mi�ivulsionado país asiático ou africano. eiitíio ‹'� preciso ter�se «iii
mente que. em termos aprmtimados. apenas um em cada 20 dos paises mais
pobres do mundo apresenta unia forma de governo democrático estável t� de
respeito à lei. A Índia tem demonstrado ser um desses raros eitemplos nas duas
últimas décadas. Não há. porém. muitos outros paises iguais à lndia. Ao contrario.
o vasto leque de alternativas para a deinocratia � ditaduras, juntas militares.
oligarquiâis corrupias disfarcadas por detrás de fachadas constitucionais. suces�
sivos golpes de Estado ou combinaçõesou repetições de tudo isst›~ tem sido muito
mais freqüente. Mas, st� as chances de haver democracia em uni pais organizado
recentemente são de apenas 5%. a aplicação de um poder com um pt�.to dt� 23%
ainda assim produzir�ia apenas uma probabilidade de 83% de sucesso para zi
implantação de um regime democrático nesse pais. cont uma margem de 2:1 de
insucesso.
De fato. are mesmo esse calculo e demasiadamente oiiiiiisia. pois. st�in
qualquerjusti¿cativa, prcssiipüe que o poder de promover detenninado resultado
pode scr transformado. sem qualquer perda. no mesmo grau de poder iietessário
a produzir outro. Todos sabemos iiiuiro bem que isso simplesmente i.¡`i‹› é
verdade. O poder de dernibar algúerri não nos da o poder de ensinar�lhe a locu�
piano, fazer cálculos ou patinar. O poder de hombardear e incendiar uma aldeia
não pode ser totalmente ou facilmente ti�anslormado no puder de conquistar a
simpatia dos seus habitantes ou dc governa�la com Scu Consentimento, r muito
menos traiisformado no poder de produzir entre os habitantes as varias técnicas.
ou os muitos valores e Iealdades voluntários essenciais a uiii goverrio democrático.
42 Karl Wolfgang Deutsch
Quanto mais específico for um resultado positivo. maiores serio as alterna�
tivas por ele excluídas. Dal. normalmente. ral resultado ser mais improvável; e.
Por�tanto, e mais diilcil ainda torna�lo altamente provável atraves da aplicacao de
um poder limitado. Desra forma. um poder limitado ê mais eliaz quando
utilizado negativamente como potler de veto ou como poder dc rejeição contra
algum resultado altamente especilico, porque ai ele estara de fato sendo usado
para aumentar a ja considerável probabilidatle contida no amplo leque de
alternativas possiveis. pouco importando. ou não importando. no cam. qual delas
se rnarerializará.
O poder de aumentar a probabilidade de um resultado positivo espedftco
abrange tanto o poder de “consecução de ohjer.ivos" quanto o de“controle" sobre
determinado ambiente. A exemplo do que ocorre com relação a qualquer
consecucio de objetivos ou controle, ral poder necessariamente implica enorme
grau tle autocontrole por pane do ator, Um elefante. ao aracar. pode destruir um
grandeobstámlo. mas é incapaz de enfiar uma linhanumaagulha. Naverdade. ele
não comegue dar uma volta em ângulo reto em um raio de 3 pésr Quanto maiores
forcm a forca bruta. a massa. a velocidade e o ímpeto do elefante. mais árduo será
para ele controlar seus próprios movimentos. e seu controle se tomara menos
preciso ainda. Quase todos sabemos que o mesmo ocorre quando dirigimos um
carro: quanto maior. mais pesado. mais rápido e mais poderoso for nosso carro.
mais dilicil será dirigi�Io. Uma tentativa de avaliar seu poder, em termos de
desempenho. nos daria. por conseguinte. pelo menos dois números diferentes ou
dois rrptrsdt� rrrí�dia: urna. alta. pelo seu puder de aceleração, e outra. baixa.
relacionada com sua capacidade de parar ou de virar a direita ou a esquerda.
Será que algo scmtrlhanuf st: aplica an poder dos governos e das nações?
Quanto maior' for ‹› país. rnais numerosa será sua populacao; e quanto maiores
Íorcm sua população c os recursos mobilizados na consecução de deterrrtinada
politica � e. podemos acrescentar. quanto mais intenso e sem reservas for seu
comprometimento emocional com tal politica � maior. provavelmente, sera o
|›‹›‹lz›r tlt�sse pais e de seu governo para super�ar quaisquer obstáculos ou
resistências em seu rarninlro. No entanto, normalmente as diretrizes pollticas
nacronau neccssrram mais do que meramente vencer resistênrias; na maioria das
vezes. visam a resultados positivos especilicos. Desta forma., requerem quase
sempre a busca de algum objetivo permanente atraves de uma seqüènciade táticas
altcravt�is ou. até mesmo. desraca.nr.lo alguns valores basicos por meio de sucessivas
altr›r'aç|`›t�s de objetivos. No entanto, quanto mais as populações e os recursos
estiverem cornpromeriiltn corn as táticas politicas e objetivos iniciais, e quanto
mas azrrzztzzznenze e sem reservas z› ¿zzrzm. matar me z úqtzezz dos inrercsszs.
carreiras. reputações e emoções nclcs envolvida e mais dificil sera. para qualquer
membro do govemo ou mesmo para o governo como um rodo. propor qualquer
rnodiftcacão. A menos que renharn sido tornada: cenas precauções suhstanciais e
t›¡›t›rrurt;rs_ os governos podem tornar�se prisioneiros de suas politicas anteriores.
c seu poder pode inconscientemente conduzi�los a obstáculos e armadilhas.
Analise das Relaçües Internacionais 48
Esses perigos tendern a cresoer com a magnitude do poder nacional e com a
intensidade de esforcos empreendidos no sentido de ampliá�lo. Cumumente.
esses perigos de perda parcial deautocontrole são maiores para os paises grandes e
para as ditaduras do que para os palscs pequenos e para as democracias, c são
também maiores em tempos de guena do que em terttpos de paz. Se tais perigos
não forem evitados, o peso do poder, a longo prazo. pode em parte tomar�se
frustrante ou autodestrutivo.
OUTRAS DIMENSÕES DO PODER
Domínio, Alcance e Finalidade
Sobre quem é exercido o poder? A respostaaesta pergunta consiste na area do
poder � representada pelo conjunto de pessoas cuja provável conduza é significa�
tivamente alterada em função de seu exercicio. A area de poder de um lider dc
aldeia consiste. ptatiamente. no conjunto de habitantes de seu povoado; aareade
poder dogovernodaSuéciaê. em grande parte. lirnitadaa Suécia. embora ta|nI.véttt
inclua os navios suecos c os cidadãos suecos localizados fora do pais. A área de
poder dos governos clox Estados Unidos e da Uniao Soviética sc limita. sobmuitos
aspectos. a seus respectivos paises � e a seus navios. tropas. bases c cidadãos
localizados no exterior� mas. sob outros aspectos importantes. afeta. pelo menos
indiretamente. o comportamento de um c de outro. bem como o destino de
grande parte do mundo, Em outros aspectos, é possivel que algumas potências
çxtrapolem sua area de poder para alem de suas próprias fronteiras Na medida
em que os católicos romanos seguem a orientação da Igreja em assuntos de
importância politica ou em assuntos em que a política e a doutrina religiosa se
superponham � Iais como com relação à politica olicial sobre crescimento
demográlico e ao ensino de metodos de controle da natalidade � o poder politico
ou a inlluênciado Papa alcanca muitos paises. O mesmo ocorre commuitas outras
relígiõeajâ que wa.�ss as religiões mundízàz enzizzzm, zzpttzizz ou ¡m¡›|¡ú|zm‹m‹.
que ha uma lei moral mais alta e uma autoridade moral mais relevante do que ns
politicas transitórias de qualquer Estado�nação. Cada uma dessas religiões. ao
interpretar essa lei moral. cria oportunidades para o exercicio de liderança moral.
de inlluência e. muito possivelmente, de poder além das fronteiras das nações.
Algo zamuzf z‹ zpiaza tzztufzimmzf. z zlgtzzztzs ¿|‹›s‹›¿z.‹ st�‹~t.|z.rt›s. o gm. «_�.tt
que. em muitos palscs. os comunistas costumavam seguir a nrientacão e a politica
de Muscuu a cada mudanca dc sentido era realmente notável. A partir do
surgimento de inúmeras variacôcs da doutrina comunista � as versões chinesa,
iugoslava c russa. cada uma tlelas apoiada por um govcrno estabelecido � o grau
de submissão por parte dos movimentos comunistas no exterior em relacão as
41 Karl Wolfgang Deutsclr
ortlunz partidas de um único núcleo dt� orientação rctluzirt‹.~;c perceptivelmctire.
mas de modo nenhurn desapareceu. (Os rchecos também tentaram estabelecer
uma versão mais liberal. até o momento em que os soviéticos. em agosto de 1965.
ocuparam seu pais). Em menor grau. adeptos de outras ¿losolias ou ideologias.
tais como os conservaelores. os tnonarquístas, os liberais. os socialistas. os
‹~xisrt~rrt'ia|isra.t e os adeptos flu Iívrc�empresa. todos cics, às vezes, tentam exercer
alguma inlluència ou poder sobre gmpos tradicionais ou mais suscetíveis
localizados em outros paises. visando, com isso. a ampliar o seu dominio.
Essencialnrente, a area do poder politico consiste sempre no conjunto de
pessoas a ele sujeitas c obedientes. De modo vago. e definido corno a área
gcográlica na qual o poder ê exercido sobre amaioria da população. É importante
que lique claro o uso que .te pretende dar à expressão. O primeiro (e preferlvel)
signifrrado de area de poder de um governo inclui apenas aquelas pessoas que em
determinado território obedecem as ordens do governo ou. pelo menos passi�
vamente. a elas st: submetem enquanto que o segundo. urna definicao geogra¿ca
da área de unr governo, incluiria até mesmo os guerrilheiros que contra ele lutam
ern seu próprio território � pelo menos na medida em que esses guerrilheiros não
obtenham êxito em colorar alguns vilarejo: sob seu dominio.
Um tt�reeim âigtrilicado possivel de area de poder incluiria não apenas as
pessoas a ele sujeitas e obedientes. mas também a quantidade de terras. de bens
apiul ede recursos demátergenl porelasoontzolados Terpoder sobreumacenrena de
miseráveis. segundo esse raciocinio, significa menos do que ter poder sobre uma
centena tle pessoas que disponham de amplos recursos. Este terceiro tipo devisão
de área de poder se aproxima de nossa noção de poder referida inicialmente e
delinída em terrrros de um conjunto de recursos.
Essas tres noções de arcade poder são utilizadas no caso de deixarmos de lado
temporariamente a possibilidade de existirem cidades c populações rebeldes e
pouco arnistosas um determinado pais; assirn. podemos avaliar ‹› rlomlnio
diretamente exercido por seu govemo. conforme o primeiro significado do
‹�mrccito. cum base rm sua população. ou. no segundo. rm seu território c. no
terceiro. pelo menos grassa rrwdo, enr seu produto nacional bnito.
O Quadro 4 nos fornece uma comparação entre os dominio de poder de
alguns dos principais paises. segundo o primeiro conceito (isto è, com base na
poputzzâo).
Análise das Relações lnu›r11aci‹111ais 45
Quzdm 4 � o oammúz da rm Nzzúzzwl zm rzmzzzz az 1°‹›p1uzz;õ‹› mó: z zw,
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¡1..‹zb11f;.vz.= vms: 1›11111¡1~z1¡.~111z, 1915), 11; m11111» r‹‹‹11¬11z1 1 1m ‹ 191: w111z111, 1111 111111, ss Q
111111, mpz‹1¡11zm‹111‹. zm lzzz A: ‹1¡111v11m ‹1›111‹11111›z z‹1 sz znzúwnúuzm 11 úím.
Nesse quadro, ê claro. não foram levadas em consideração as populzçõzâ
Iozúizzúzz zlêm az; f1‹›11zz¡1�1; p‹›11ú‹zz az zzaz paz z quz z¬z‹11111z1111zz11‹ zzúo
46 Karl Wolfgang Deutsch
sujeius ao seu poder; mas mesmo assim. os dados alí eonridos representam uma
primeira aproximação que vale a pena :cr analisada.
Obtém�se uma elassi¿cado de cena. forrna distinta ao aplicar�se o conceiro
geo;�rã¿co de dominio. como demonstra u Quadro 5.
Quadro 5 � Dømírríø do Poder Nacional em Termo: 11: Área (1964)
C1 T ~ Áuz em 1111111111 1›z1‹‹1111¡‹111 doN' 'um 111 111111 1�111.11 1411111111�
I. LVISS 22,4 I7.0
2. canadá 10.0 0,0
3. China 9.5 l,0
4. :UA 9.4 7.0
5. 51�1111 1,5 7,0
6. Ausrvália 7,7 8.0
subroul (1�6) 67.6 S3
1. indu 5.2 2,0
1. A1¡‹111i111 2.1 2.11
9. 51111111 2.5 2,0
1o Aqêlíz 2.1 2.0
11. z1¡1‹ 2.: 2,0
12. ›.1›abi1 s11111¡11 1.: 2,0
1:. Memo 2,0 1.5
11. 1.11111 1.0 1,5
15. 111 1.6 1,11
1o. 11zp1'�111111 1>‹›p11111›
111 M1�111;ó1¡1 1,5 1,011. rm 1.5 1.o
51111111111 ¡1~17) 13,9 il
TOTAL(1�17) 91,5 11
RtÀiÀlt db II\\¡I\dl| À°_¿ 19
.~111‹11111 ”' " ma
' A p‹1‹z1111z‹m 1111 111111 11111114111 z11¡1111.11 111111 1111 111111 dz 111111 dz 131.111. zoo 11111'
4111z11ú‹111111111p111 111.1).1111111 1111 11111 11111 156 p111‹1 1�‹|11=¡11111411: 1111 wwuuzmozúuz 11111u.N.
s‹1‹11111111 111111111. oz 11111111 1111111 1 1111 111111 111 111.11 p111 111z111‹111 11 1111111511 az 1¡11111 i111‹11111 z11�1111 11z11›1¡111.11‹ 1111111" 1111 r111111‹i11z. Q111111‹1 às 11115 ¡111z¡11111¢111‹ 4111111111111 (11‹¡¡1›11 p1111r‹1 1
11;1111111 111111111 111111) fou111. ‹1v1 gml, ‹11‹11111i11. 0 wwu ‹;‹1›¡mpn1'1 411111� A zz»1p1111'11 11/M1111
5111111111111, p|111zj1a11 1 1111111111 11111 11z111‹11 hyu. chiqp. i111p1‹1111 pm C11111111111 c111p. of
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‹1111111 p111 115.51 ‹11111 1¢11¢111 1 11» 111111 1111 11111111i11(¡111=111¡11d11 1 /1111111141. 11111 1‹‹111¡11111111 111111 111
11111 1111111111 1111 1111111110). C1111 11 1111111 um 1‹z1111‹11 din. 11 111z1�111111 z1111‹11v1‹11 111 p1n1z1p1a‹1
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1111111111111, 1� 11111111 (NW 111vz11z 1111 u11¡v‹1›1i1y 11111. 1912), pp. 299�sua.
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48 Karl Wolfgang Dzuzsçh
A lcrceira lisu de classiliczção de áreas de podzr nacionzl � em ceno senúdo
talvez a mais realim de _odas � considera o produm nacional brulo. confornu
demonstra o Quadro 5.
Aqui enwnlramos algo que nos surpreende. Embora unxo os Esudos Unidos
quanto a União Soviética zenham conninuado a crescer, sua panicipaçio oonjunu
na renda mundial diminuiu dc 4896 em I95Z para apenas 40% em 1978, Nes_‹~
sentido. as duas “superpo_ênci¡s" se mos_mn menus “super” do que em�n antes.
Quadro 7 � Auwria de Obras Címbúícax � (Cavuñbuiçâo murulüzl � 1967�69)
cluzinnuo _›z_z‹|_‹z¿¢m aozum immúízl
_. :maos Unidos A|.7
'L Ilcino Unido l0›2
S. União Sovíéúu 1.2
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‹. Almznlu o‹_a‹mz_ 5.9
s. rmzçz 5.4
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1. cauda a,4
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ns. _sfz¢| 0.15
n. _›‹›mz¡z_ 0.76
__. nélgifz 0.7:
19. ninumm o,s1
zu. Áumiz 0.55
submm (mao) _ _,zs
Toni. (_�ao) 95.55
Ilnunu: do Mundu 4.15
Mundo 100.00
|ú»._zz maos ‹‹›mp¡_zd‹›› W: _›z‹z__|. uz søllâ _>‹i‹‹. vz_‹ uuiwsizy, _» c. __ 'rzymr ‹ M. c. Hudson.
wma r:«».¡_›‹›«| u. (v. nr. nas Quzdfw s.s;. pp. uz�zs.
Análise das Rclaçocs Internacionais 49
O conceito de area ou dominio poderia ser ampliado cont vistas a abran�
ger o conhecimento, a tecnologia e os sixterrias armamentistas. Em que medi�
da os cientistas mundiais. de nível PhD ou equivalente. se encomram no
domlnio ou área deste ou daquele gov/emo? Os Estados Unidos. com mais de
l00.000 cientistas dcssc nlvel. devem possuir mais de l/4 do numero de cientistas
de todo o mundo. E e possivel que a Uniao Soviética possua o mesmo numero de
cientis_as._|untos. os governos desses dois palses gigantescos devem controlar mais
da metade dos cientistas do planeta � parcela superior as suas respectivas
participações na renda mundial.
Cálculo scmelhanle foi realizado cm relação a participação media anual de
cada pais nas obras cientilicas publicadas em todo o mundo. Os resultados desse
calculo são apresentados no Quadro 7 e revelam ordens de classificação nacionais
e perceniagcm de participação mais semelhantes do que o fariam os calculos dos
cientistas. podendo servir para checagens e para coxnpensar a fal_a de dados
informativos. Nele se conlirmam um continuo fortalecimento da Gr.\�Brvtiittlta e
um considerável atraso nas publicações sovièticas.
Outra ampliação do conceito dc dominio ou área o tomaria aplicável aos
sistemas armamentistas. Aqui. mais uma vez. o conceito de domínio sobrepovsc
ao conceito de recursos. Que govemos controlam que quantidades de exercuos,
navios. forças aereas. sistemas de foguetes e de armas nucleares? Qual a
participacao de determinado govemo nos respectivos totais mundiais de ada uma
dessas areas?
No Quadro I estão indicadas algumas estimativas simplilicadas e de carater
experimental relativa.: ao armamento nuclear.
Este quadro revela. a partir de seus pressupostos. como _ orzlt�m dc
classificação das potências nucleares parece manter�se constante. ate que uma
delas atinjao suposto nlvel de saturação de mais de l0.000 ogivas nucleares. Mas
indica tambem, com base nos mesmos pressupostos. cinco paises quejâ detêm um
"poder de veto" nuclear por volta de l967 � cada um deles dispondo. digamos. da
capacidade de deter o ataque de outro pals simplesmente ameaçando inlligu
danos intoleráveis aos agressores. O fato è que uma dúzia de ogivas nucleares e
suficiente para arneacar seriamente destmir a tapital e grande parte do governo
central e da elite metropolilana do pals inimigo � nivel de danos que grande pane
de governos seusatos poderia não considerar um preco aceitável para a busca de
qualquer objetivo externo ou distante. /to mesmo tempo. porém. nem mesmo a
ameaça de l0.000 ogivas nucleares pode ser suliciente para forçar um pais a uma
completa capitulaçio em suaárea eentral e. assim. a desistência da manutenção de
seus valores predominantes. padrões (hábitos). instituições e elites. Em outras
palavras, a chantagematômica tem limites. Em meados de I97 7. haviam�se
fornecido armamentos nucleares a Índia e. conforme foi noticiado. a lsrael;e outra
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AnÀise das Relações Internacionais 51
meia�dúzia de paises pareciam dispostos a segui�los muito em breve, transfor�
mando o mundo em algo muito mais diÀcil de se controlar.
Os armamentos nucleares suscitam, ainda. o problema do almnoe do P°¿¢l'~
Este alcance (da forma como ucilizaremos o termo) é a diferença entre a mÀí¿ 2112
recompensa (ou "indulgencia") e o pior dos castigos (ou "privaçao“) que os
detentores do poder são apaaes de impor (ou "inÀi;ir"). Embora os governantes
possam contar com muitas pessoas em seus domínios. o alcance do poder sobre
algumas delas pode ser menor que sobre outras, ou seja, sobre aquelas que nada
querem e nada temem. que são indiferentes a dor ou ao lucro. seu poder seria
realmente reduzido.
No decorrer dos últimos séculos. o alcance do poder de governos pa area da
política intema tende a tomar�se cada vez mais reduzido. Recompensas extra�
vagantes (como receber o proprio peso em ouro ou a l�ilha do rei em asamento).
bem como castigos exuavagantes (como ser cstripado, esquartejado, queimado
vivo ou torturado publicamente até a morte) já desapareceram na maioria dos
paises e se tomaram algo desrespeitoso em quase todo o mundo. Na medida em
que os Estados modernos dependem do poder, normalmente o govemo não é
exercido auavés do alcance de seu poder e sim atraves de seu peso � isto e. com
base na alia probabilidade do cumprimento de suas ordens. Os tiranos que
dependam da influencia que possam ter suas recompensas periódias ou seus
castigos crueis tem pouca probabilidade de se manter no poder nas atuais
condições.
Em anos recentes. aparentemente as questões intemacionais estao tomando
um outro rumo. Os govemos parecem ter aumentado o alcance tanto das
recompensas que oferecem como dos castigos que ameaçam apliar, em seus
esforços para controlar o comportamento de outros paises e dos governos destes
paises. Por cmo auxílios e empréstimos extemos vêm sendo oferecidos com
muito mais facilidade do que no começo deste século. e a amcaa c a pratica de
bombardeio: aéreos, com a conseqüente morte de civis � inclusive mulheres e
crianças � foram utilizadas por alguns govemos em meados dos anos 60 e inicio da
dèada de 70 em escala muito mais ampla do que poderia ser imaginado como
proprio de padrões civilizadas há cerca de 70 anos. quando as Convenções
lntemacionais de Haia. dispondo sobre o direito de guerra, foram rcdigidas e
atztadas. A ameaça de um massacre nuclear total ampliou ainda mais o alcance das
amcacas agora ã disposição das grandes potências e de seus govcmantes e. de fato.
_a.is ameaças foram empregadas, em linguagem disfarçada, mas inconfundlvcl,
tanto pelos Estados Unidos como pela Uniao Soviética. durante a crise de Cuba.
em 1962.
Na verdade. entretanto, essa expansão temporáriado raio dcalcance do poder
na área da politica internacional tem produzido efeitos bastante limitados. A
52 Karl Wolfgang Deutsch
pratica de exercer controle sobre governos estrangeiros através de concessões e
empréstimos e hoje por demais evidente. Uma vez que potências rivais estao
dispostas a continuar a fornecer pelo menos parte desses subsídios. os governos da
maioria dos paises do Terceiro Mundo tem menos a ganhar ou a perder com a
troca de benfeilores ou ao apelar para dois ou mais deles ao mesmo tempo. Da
mesma forma. qualquer ameaça perigosa pode ser enfraqueeida ou limitada
através tio recurso a uma potência rival ou. então. no caso de haver um minimo de
força propria de dissuasao, pela ameaça de retaliação. Em conseqüência. a
recente expansão do alcance de poder na area da politica internacional tomou
muito mais cara qualquer política externa. ativa e ambiciosa sem. em contrapar�
tida. tomar seus Ínitos maiores ou mais seguros.
Outra dimensio do poder politico que se expandiu nas décadas recentes è a
sua I�inalidade. expansao que produziu e ainda produz consequencias importantes.
Por /itmlüiadø de poder entenda�se o conjunto ou a eoleçao de todos os tipos ou
classes particulares de relações de comportamento e questões que efetivamente
estejam a ele sujeitas. A finalidade do poder dos pais sobre os Glhos jovens é
bastante lata em certo sentido. já que abrange quase todas as atividades dos filhos.
Mas è limitada em outro sentido,já que, embora os pais possam controlar quase
todas as atividades dos ¿lhos. não há. a¿nal. muitas coisas que uma criança possa
fazer. A finalidadedo poder. portanto aumenta segundo o nivel de potencialidade
das pessoas abrangidas pela area do poder no que diz respeito aos tipos de
comportamento a ele sujeitos. Portanto. o poderpolitico se expande em termos de
¿nalidade. sempre que uma questão adicional ou tipos adicionais de comporta�
mento se coloquem sob seu controle. Que peso ou e¿rácia tera tal controle
obviamente e outra questao de fato, conforme mencionado anteriormente.
Durante os últimos 100 anos. particulannente no curso dos últimos 50 anos, a
finalidade da policia sofreu enorme expansão. Muitas atividades que no passado
eram deixadas por conta da tradição ou do livre arbítrio, ou que nem sequer
existiam estao agora sendo regulamentadas pelos govemos e pelas leis ~ logo, pela
politica Nenhum soberano medieval ou sultão oriental teria imaginado fazer
todas as crianças de seu reino. de 6 a 14 anos de idade. levantarem�se da uma
todos os dias antes das B horas da manhã e dirigirem�se para escolas públicas c la
permanecerem por varias horas. Contudo. o Estado _modemo. com a educacao
compulsória. sistemas escolares e leis contra a ociosidade, se empenha em fazer
justamente isso; e tal e o peso de seu poder, baseado na submissão e no consenso
da maioria da população, que em todos os paises adiantados do mundo este
controle ë quase que inteiramente e¿az: quase todas as crianças vão a escola e
praticamente todos os adultos são alfabeúzados. Em muitos paises em desenvolvi›
mento. por outro lado. essa expansão da finalidade do poder público e dos
serviços publicos somente agora vem�se processando: faz parte do grande
processo dc transformação pelo qual esses países (e. com eles. a maioria da
humanidade) vem passando.
.›.ttâ1¡s‹z‹1zzs Rvlztçõt�.\ tzztmtztt�im�tztis sa
Nas últimas decadas. muitas ouuas responsabilidades e servicos lotam
acrescidos a ñnalidade dos governos. tais como saude pública e um rol cada vez maiorde
serviços médicos; pensões para velltice e outras foi�:nas ‹l‹.› previdência social; obras
Púb|¡c¡5, ¡n¢|u¡n¿°.¡¢ ¡¡ z construção de estradas. ponos. aeropnttos.. controle de
enchentes e construcao de usinas de energia elétrica; regulagem e mattutrttção de
precos dos produtos agropecuários; controle da pureza e qualidade de alitnrtttos e
remedios; desenvolvimento e ¿nanciamento de pesquisa e de indústrias total�
mente novas. inclusive na area de energia nuclear. aviação supersônica. fabricacao
de foguetes e transporte espacial; enorrne expansão dosetor educacional. desde os
jardins de infância públicos ate as grandes universidades oficiais e seus cursos dt:
|›t'›s�grzttlttztçao; e a grande ampliação dos encargos militares.
Cada nova responsabilidade do governo. como. por exemplo. a implantatão
tlc ttttt novo sistema rodoviário, o ensino gratuito. ou a instalação de um servico
público de assistência minliua. desvia a distribuicão de algumas parcelas adicionais
do produto nacional bruto para o setor público. Aumenta. portanto. as respon�
sabilidades do setor politico. Amplia o circulo de pessnat que ganham ou perdetn
com os resultados de decisões politicas. Aumenta a politizaeão potencial e real da
sociedade. E fortaleceas condições que. em cada pais, eventualmente favorecem o
crescimento da participação política de segmentos cada vez maiores da população.
A história de paises como a Franca. a lnglaterra e a l>rt'tssizi�Altrtttartlta nos
mostta a extensão e a velocidade com que tais mudancas vêm oeorrt�tttlo nos
últimos 150 attos. Embora suas estatisticas sejam diliccis de comparar. dadas as
diferentes formas de registro de dados adotadas em cada um desses paises. bem
como os equívocos efalhas nelas eitistentes. a ponto deem alguns casos termos que
usar simples estimativas. o aspecto geral do quadro tl bastante claro. Em meados
do século XIX, o produto nacional brutopacapita nesses paises uilvrz. não r ltzgasse
a 525 dólares � valores de l976 � nu cerca dc l/5 do que ê hoje. NO continetite. a
população rural e a das pequenas cidades constituíam a grande maioria.
Praticamente apenas l/4 da populacao da França � uttt pouco mais no caso da
Alemanha e muito mais no da Inglaterra � morava em cidades com tttats de 20.000
habitantes. Mais da metade dc todos os adultos. no entanto. ja era alfabetitada. e.
tanto na Franca quanto na Pnissia. em qualquer época. cerca de I'J6 da população �
ou. aproximadamente. l.7% da população em idade de traballtar � sen�ia ao
exercito permanente em tempos de paz. A politica. ctttttudo. ainda era assunto do
ittteresse de poucos. Os gasto; totais do governo central. em cada tim dos três
paises. se sttuavatn. em média, abaixo de l0% da produto nacional bruto. ‹� nem
mesmo com os gastos adicionais de govemos municipais e estaduais esta
proporção aumentava de forma significativa. Se o que estava em jogo na arena
politica era relativamente pouco. o mesmo ocorria cont a participação na atividade
politica. Normalmente, menos de l/3 da população adulta tinha direito .t voto, e
menos de l/4 (ou seja. menos da metade dos homens) realmente exercia esse
direito.
54 Karl Wolfgang Deutsch
Por volta de 1910�I9l3, as vésperas da Primeira Guerra Mundial. o Produto
Nacional Brutopereapita havia chegado. talvez. a l05O dólares, ou cerca da metade
‹l‹› que havia sido em valores de I976, A urbanização se intensilicava e o indice dc
alfabetização se aproximava dos 9896. Os governos centrais agora gastavam cerca
de I376 do Produto Nacional Bruto. e talvez 4096 da população adulta � ou.
aproximadamente. 80% tlox homens � votavam de fato. O nivel de participação
militar em tempos de paz pcnnaneciasuhstancialmente imutável. mas a guerra de
l9l4�l9l8 iria mobilizar de forma radical as populações dos paises nela
mvnlvidos.
Por volta de l928. os danos causados pela guerra haviam sido mais do que
reparado: e o Produto Nacional Bmtoper capim chegava a aproximadamente L500
dólares ou mais em valores de l976. Entretanto. os gastns gerais do govemo
haviam rliegado a cerca de 2496 do Produto Nacional Bruto, enquanto a
participação no processo eleitoral, inclusive das mulheres que recentemente
haviam adquirirlo direito a voto. se aproximava do índice de 7596 do total de
adultos. A Grande Depressão de l929�1983 aumentou essa tendência A rendaper
:apita estagnou ou se reduziu. mas os gastos se :levaram na medida em que mais
serviços públicos se tornavam neressários. Por volta de 1938. o total dos gastos
governamentais na Grã�Bretanha e ua França atingiu aproximadamente 80% do
Produto Nacional Bruto, sendo que na Alemanha nazista era dc cerca de 42%. em
Íztcc da frcnétia campanha de rearmamertto que ali se veri¿cava.
Após a Segunda Cuer�ra Mundial. foi alcançado um novo patamar. Tão logo os
danos de guerra forant reparadox. a rendaper capita se elevou a cerca de 8 L700 em
1057 c a cerca de 8 5.000 em valores inllacionados de l976; e isto incluía uma
grande t�xpansão das areas de serviços sociais. 0 total de gastos governamentais
nos principais paises da Europa Ocidental se situa agora em cerca de 45% do
Produto Nacional Bruto. A panicipaçãomilitar em tempo de pazmostrou um leve
rlrcltnio. ou seja. 1.096 ou menos do total da população. mas o nivel de participação
eleitoral continuava alto. isto ê. 80% ou mais na maioria dos paises indusu'iali›
zado¿, com zt notável exceção representada pelos Estados Unidos e pelo Reino
Unido.
Não í: necessario mostrar as cifras aqui. Elas indicam como o mundo se
modi¿rnu de maneira relativamente lenta entre lBl5 c l9H. curti que rapidez e
intensidade se transformou entre l9l4 e l95O e quanto pode vir a depender da
vzlocidzdz e «in .‹z_núa‹› dz; mudanças entre 1950 z mao. Algo. no zmzztt‹›_ ja se
zmnzrtz zlzmz para ‹›l›«m ou pzrztz mal. z pzznúzz .‹z×|zr¡z›r_ como mais .tz ponúzzz.
não pode ser tarefade alguns poucos. Tcm que levar em conta os votos e os desejos
de muitos. A mesma evolução politica, em ruas grandes linhas. pode ser traçada
com relação à história dos Estados Unidos e, mesmo com relação â história de
todos os paist�s nilu~t¬r›munixtas que tenham alcançado um alto nivel de
desenvolvimento erottõmico.
Analise das Relacoes Internacionais 55
O testemunho desse cone longitudinal na historia de alguns paises e em geral
conlirmado pela evidência de um estudo transversal. conforme demonstrado no
Quadro 9, que compara varios paises situados em determinado ponto no tempo
ou próximos a ele� Em conjunto, as tendencias a longo prazo e os dados desse
estudo transversal mostram que os países desenvolvidos nao�comunistas apresen�
tam uma tendência a utilizar entre 30 a 4096 do seu Produto Nacional Bruto no
setor govemamental e que uma parcela de 2/3 a 3/4 dessa pcroentagem (entre 20 a
3096 do Produto Nacional Bruto) tende a scrtliretatnentecontrolada pelogoverno
central dc cada pais desenvolvido, Os dados mostratn também como o mundo
modemo sofreu mudanças em relação aos padrões da Europa Ocidental do seculo
XIX. Ali e entao. a elevação do nivel de urbanização. de alfabetização e de renda
precedeu ao aumento da participação eleitoral e da relativa magnitude do setor
govemamental. Tal fato sugere quc nos paises lideres do bloco ocidental a
mpacidade produtiva de satisfazer muitas das necessidades c reinvidicações :lu ser
humano. tais como alimentação. habitaçao. saúde. educação e elevação do padrão
de vida. evoluiu antes da elevação do nivel das reivindicações populares internas t'
das pressoes competitivas internacionais. conforme indica a elevação do nivel de
participação eleitoral e dos gastos governamentais. Nos países em desenvolvi�
mento da segunda metade do seculo XX, verilicou�se o oposto. As mudanca: de
carater social ocorridas ao longo das primeiras e parciais etapas demonetarizaçao.
industrialização e urbanização dos varios palses asiáticos. africanos e latino»
ameriunos associam�se aos efeitos produzidos pelos novos meios de transporte e
de comunicação de massa, afetando profundamente a vida demuitas populações,
bem antes de elas teram desenvolvido as potencialidades educacionais e produ�
tivas necessarias à vida moderna Ao mesmo tempo. a participacao eleitoral. a
participação militar e a participaáo dos gastos govemamentais têm evoluído em
grau muito menor do que a alfabetização. a renda e a urbanizaclo. contendo�se.
deste modo. num estagio de desenvolvimento econômico e social muito inferior
ao que se veri¿eava na Europa ha cem anos. Os riscos. as esperanças e as
¿¬i_‹tr;it;ñe.‹do poder politico crescem agora commais rapidez eem um número de
paises muito maior do que jamais ocorreu antes.
Em 3/A dos paises do mundo, na medida em que dispomos de informações a
esse respeito. 0 Estado�nação hoje despende ou realoca pelo menos l/4 do
produto nacional. sendo que no rcstantc dos paises � os mais pobres �quase todos
os governos seguem a mesmadircçao. o_quc contrasta com a reduzida parcela de
I96 do Produto Nacional Bruto mundial que vcm agora sendo gasta por todos os
organismos internacionais em conjunto somente quanto à capacidade de gastar É
queos Estados�nações superam os organismos internacionais por umamargem de
mais dc 25 a l. Hoje. e ainda por uma ou mais décadas, os Estadornacões
constituem c constituirão os principais centros de poder tnundialr E assim
continuarão. na medida em que o Estado�nação continuar a representar o meio
mais avançado com que contam as populações para atingir seus objetivos.
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