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Fatos Jurídicos

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FATOS JURÍDICOS
Introdução
Entendimento em relação a maneira, exigência, limites para que uma pessoa possa obter, dispor direitos, ou seja, praticar os atos da vida civil.
 
 
Fatos Jurídicos são todo e quaisquer acontecimentos que gerem consequências no mundo jurídico.
 
 
FATO JURÍDICO NATURAL: acontecimento que produz consequência no mundo jurídico, mas que não depende/decorre do comportamento humano. Decorre da própria natureza. 
Exemplo: chuva - tempestades que causam alagamentos, queda de árvore, enchentes, arrastamento de carro, mortes. Esse acontecimento é juridicamente importante, porque repercutiu no universo jurídico e decorreu da própria natureza, não do comportamento humano. 
 
Nascimento e morte: fato natural. 
 
Fato Jurídico Natural Ordinário (nascimento/morte) e Extraordinário (desastres naturais).
 
 
 
ATOS JURÍDICOS: ou atos voluntários ou atos humanos ou atos jurígenos. Acontecimento que produz efeitos juridicamente apreciáveis e que decorrem do comportamento humano. 
Podem ser lícitos ou ilícitos. 
 
Atos Jurídicos Lícitos - comportamento desenvolvido em conformidade com a lei (exercício de direito). Portanto, é protegido desde o momento que é realizado. 
 Meramente Lícitos: as consequências advêm da própria lei, elas não precisam ser previstas. (Exemplo: registro do filho - a mãe não consegue limitar se o filho terá herança, se vai ser irmão do outro filho. Sua vontade não tem essa extensão, ou seja, ao registrar, "vem o pacote completo") - sem vontade qualificada. 
 
Negócios Jurídicos: a partir dos negócios jurídicos que o sujeito obtém proteção da lei (protege e regula os interesses pessoais) - vontade qualificada dirigida a um objetivo específico (criar, modificar, defender e extinguir direito)
Essa vontade pode ser dirigida para que surja um direito, para que haja uma mudança no direito, para que o direito seja defendido e para extinção de um direito.
Exemplo: compra de um carro - a pessoa escolhe a cor, a marca, a concessionária, o preço. Compra de acordo com sua vontade. 
*Portanto, a diferença entre eles é a existência de vontade. 
 
 
Atos Jurídicos Ilícitos - ato praticado em desacordo com a lei. 
O ilícito pode ser penal, administrativo e civil (contratual e extracontratual). 
 
OBS: É possível a prática de ato que caracteriza ilícito penal, civil e administrativo. Não há equivalência, pode ser que tenha um ato que caracterize ilícito penal e que não tenha influência na esfera civil ou administrativa, ou seja, ato independente. 
 
Ilícito penal e administrativo - estão na lei, são ilícitos por reserva legal (proibido ultrapassar farol vermelho). 
 
Ilícito civil - não prevê comportamentos legais, não está previsto. É qualquer comportamento que advém consequências e prejudique alguém. 
 
Exemplo: ambulância de hospital público dirigindo em alta velocidade e atropela uma pessoa (ilícito penal, administrativo e civil).
Dirigir embriagado - é crime, mas se não causou danos a alguém (atropelamento), não é ilícito civil. 
Atos Jurídicos Ilícitos
Art. 186 do CC - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
 
Art. 187 do CC - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL: 
 
Contratual: ilícito civil decorrente de contrato, ou seja, deixar de cumprir determinações contratuais (art. 389 e 395), porque um contrato é a vontade de alguém que gera obrigações. (Exemplo: compra de um imóvel - é um contrato celebrado que gera obrigações, como pagar a casa - comprador - e entregar o objeto - vendedor). 
Comprador: receber mediante preço.
Vendedor: dar mediante pagamento. 
Caso não haja o pagamento ou a entrega do objeto, pode-se exigir (pagamento/objeto) visando o cumprimento do contrato. 
Resumindo: O que está por trás do contrato é a vontade. O ato de vontade me leva ao contrato e ao descumpri-lo, eu gero uma responsabilidade.
Nos delitos contratuais presume-se culposa a conduta, necessitando apenas da comprovação do descumprimento do contrato.
 
 
Extracontratual: ato ilícito que não provém de um descumprimento de contrato, mas sim de uma infração. Não há por trás da conduta uma vontade, mas o comportamento causou uma consequência que foi prejudicial, gerando responsabilidade. 
Exemplo: uma pessoa está dirigindo e atropela um pedestre - não há vontade antes disso. Mas o fato de ter atropelado importa em consequências, como ferimentos, gastos hospitalares, dias sem trabalhar etc. Portanto, há uma responsabilidade extracontratual que gera um ato ilícito. 
Nos delitos extracontratuais, não se assume a culpa do infrator, deve-se provar, porque, em geral, não há ilícito civil sem que haja culpa. 
 
*Em ambos os casos, deve-se ressarcir o dano causado (indenização proporcional ao prejuízo). 
*DIFERENÇAS: no contratual, o ato de vontade não atendido importa em responsabilidade contratual civil. Na situação extracontratual, quando ocorre, já gera um ato ilícito. 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL
 
Teoria Objetiva (da culpa): é utilizada em casos específicos e de exceção, quando a culpa é presumida. Assim, deve-se provar um nexo causal entre ação/omissão do infrator e o resultado danoso. A responsabilidade independe de culpa. Necessário três requisitos: 
 
Ação/omissão: comportamento ativo ou omisso, portanto, positivo ou negativo. O comportamento omissivo é caracterizado pela não realização de uma ação positiva quando necessária, ou seja, teve um comportamento negativo. (Exemplo: cuidar de um cachorro ao sair com ele na rua. Caso ele morda uma pessoa, gera o dano omissivo, porque há culpa indireta, já que não cuidou do cachorro - estava sem coleira etc - agindo de modo negativo. Se tivesse colocado a coleira, teria um comportamento positivo - nesse caso concreto, era exigível um comportamento positivo para que houvesse um controle da situação para não ocasionar em responsabilidade civil). 
 
Resultado: desse comportamento advém um resultado que deve reconhecer o prejuízo/dano. Pode ser dano material, moral ou os dois (a lei não restringe). O dano deve abranger o prejuízo na sua extensão. 
 
Nexo causal: um vínculo (nexo de causalidade) entre a causa (comportamento) e o efeito (resultado). O prejuízo deve decorrer do comportamento. (Se o resultado fosse ocorrer independente do comportamento, não há nexo de causalidade).
 
*Presente esses três requisitos, ou seja, praticado o ato ilícito, portanto, praticada a responsabilidade civil, tem-se a necessidade de indenizar. 
*Por ser exceção, as situações que adotam a teoria objetiva devem estar previstas expressamente. 
 
 
Teoria Subjetiva: para caracterizar o ato ilícito nos termos da responsabilidade civil subjetiva, é necessário, além dos três requisitos acima, a culpa em sentido amplo (teoria subjetiva é a regra). 
 
Culpa em sentido amplo: abrange o dolo e a culpa em sentido estrito (figuras específicas - negligência, imprudência e imperícia). Só há crime culposo quando a lei diz, por isso, é exceção. Dolo é regra. (Exemplo: crime contra patrimônio - a pessoa não rouba sem querer, então a lei não prevê culpa nesse tipo de crime, é dolo). É necessário provar a culpa do suposto infrator, ou seja, se é responsável pelo prejuízo causado a outrem. Para isso, deve-se averiguar se o infrator é imputável, tem discernimento, caso contrário, não responderá por suas ações (o curador, pais/responsáveis, responderão pelos atos). 
 
*Toda a exceção deve ser interpretada de modo restritivo. (Exemplo: a lei presume culpa ao estacionamento caso haja um prejuízo de um carro dentro do estabelecimento, portanto, posso pedir indenização diretamente ao estacionamento. Se desejar a indenização por parte do autor do prejuízo, eu não posso me valer desse sistema (exceção),
porque deve-se provar a culpa do autor. Logo, a exceção só vale para o estacionamento). 
Excludentes de Ilicitude
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
 
 
Algumas ações não podem ser consideradas ilícitas (exceção). Se excluir ilícito, não pode indenizar, mas caso haja excesso nessas situações excludentes, o ato torna-se ilícito. São elas: 
 
Ações cometidas em legítima defesa: nessa situação, há a proteção de um bem jurídico, o da vítima, que responde a um ato se defendendo.
 
Ações cometidas em estado de necessidade: nessa situação, há dois bens jurídicos protegidos, mas um deles irá perecer (Exemplo: dois náufragos e apenas uma boia - para sobreviver, um deles afoga o outro - essa morte não tem caráter criminoso).
 
Ações cometidas em exercício regular de um direito: aplicado tanto no direito civil quanto no direito penal. Caso haja com abuso, ocasiona em exercício irregular de um direito, caracterizando ato ilícito e sujeito a indenização. (Exemplo: credora exige pagamento de forma abusiva - art. 187 do CC). 
 
*Atropelamento de um suicida. Não há como pedir indenização por parte do atropelado, só o motorista que conseguiria já que foi o suicida agiu de forma imprudente, caracterizando ato ilícito. 
Negócio Jurídico
Regula os interesses do direito privado. 
 
 
AQUISIÇÃO DE UM DIREITO: CRIAR
 
Aquisição originária/primária/inaugural: direito adquirido não encontra fundamento no direito anterior, porque nunca houve uma relação anterior, ou seja, algo que passou a ter relação jurídica a partir da via inaugural (Exemplo: ocupação de coisa sem dono). 
 
Res Nulius - coisa de ninguém. (Exemplo: caçar jacaré - ele pertencia a natureza, portanto, não era de ninguém. Mas, ao caça-lo, ele passa a ter dono, nascendo uma relação jurídica pela via originária). 
 
Res derelicta - coisa abandonada (forma de extinção de direito) (Exemplo: jogar um sofá no lixo - ato voluntário que ocasiona perda de direito - uma outra pessoa pode pegar o objeto e adquirir o direito a partir do abandono da outra). 
 
Obs: Res desperdita - coisa perdida (não autoriza aquisição, porque tem dono, ele só não sabe onde está, mas tem o direito pela coisa). 
 
Aquisição derivada/secundária/decorrente: o direito, em sua totalidade e sem nenhum acréscimo, é transferido a outra pessoa - direito deriva de outro. (Exemplo: quando se herda algo). (Venda do jacaré a um restaurante - direito encontra como origem o meu - originário decorrente da caça - mas passa para o restaurante após a compra do animal). 
 
A aquisição pode ser de bens determinados (a título singular) ou da totalidade de seus direitos (a título universal)
 
 
O direito adquirido (exercer direito plenamente com proteção legal) pode ser:
 
Atual: (direito adquirido - só o atual que é pleno e pode ser exercido dentro dos seus limites) - a pessoa o tem no presente. Caso haja violação desse direito, há o mecanismo recorrente da lei.  
 
Futuro: direito protegido, portanto, há mecanismos de proteção estabelecidos pela lei, mas que ainda não pode ser exercido devido à falta de algum elemento que venha a complementar esse direito, a ocorrência de um fato. (Exemplo¹: compra de imóvel - pessoa adquire o direito futuro de propriedade que irá se tornar atual a partir do pagamento). (Exemplo²: direito deferido, direito condicional). 
 
Espécies de direito futuro: 
Direito deferido: falta comportamento do interessado de modo a completar esse direito futuro, para passar a ser atual.
Direito condicional: evento futuro que decorre da vontade e é incerto, não aconteceu ainda, mas pode acontecer. É um direito acidental condicional de demanda futuridade e incerteza. (Exemplo: nascituro). 
*O evento futuro incerto não diz respeito ao ato, é uma situação estranha que repercute no ato. 
Direito a termo: elemento acidental do negócio jurídico. É um evento futuro certo, ou seja, a incerteza é em relação à quando ocorrerá, mas eu sei que ocorrerá (Exemplo: morte). 
*Todas as hipóteses de direito a termo possibilitam o direito atual. Ou seja, eu vou poder exercer seguramente esse direito, no momento que sobrevier o evento futuro certo. 
Expectativa de direito: não é direito, é esperança de ter o direito. Portanto, não há proteção legal. Expectativa de direito é mera esperança. (Exemplo: herança - até que Zeca morra, seus bens pertencem a ele, não a seus filhos, que possuem mera expectativa de direito). 
 
*O próprio interessado tem que ter um comportamento que vai possibilitar o direito futuro de virar direito atual. 
 
 
MODIFICAÇÃO DE UM DIREITO 
 
Pode repercutir em dois aspectos:
 
Mudança Objetiva: diz respeito ao objeto, seja em sua qualidade/conteúdo (qualitativa) ou em sua quantidade (quantitativa). 
Qualidade - objeto/dinheiro (Exemplo: compra de um animal (era dinheiro, agora é bicho / dívida em dinheiro e pago com objetos). 
Quantidade - Maria deve 100 para Pedro e deve pagar no dia 30 de dezembro de 2014. Quer antecipar o pagamento e negocia pagar 80 ao invés de 100 e Pedro aceita (mudou a quantidade).
Ambos - tenho 100 reais e quero um animal no valor de 70. Mudei dinheiro por animal e 100 por 70. 
 
Mudança Subjetiva: diz respeito aos sujeitos do negócio jurídico. (Exemplo: Pedro deve para Laís 10 reais. Acontece que a Laís deve para Ricardo 10 reais. Assim, combina com Ricardo que Pedro passa a dever 10 reais para Ricardo. Ou seja, a relação jurídica continua existindo, mas houve mudança de sujeito). 
 
 
REGUARDAR UM DIREITO: DEFENDER
 
Pode-se resguardar um direito de forma:
 
Preventiva: para proteger o direito que não foi violado. Pode ser feita de forma extrajudicial, para garantir que a obrigação creditícia seja cumprida, como por exemplo, as garantias reais (hipoteca, penhor etc.) e as garantias pessoais (fiança) ou judicial, seguindo o código de processo civil.
 
Repressiva: usada quando o direito já foi violado, o poder judiciário deve dirimir o conflito de interesses.
 
*Defesa plena se dá pela contestação. 
 
 
EXTINÇÃO DE UM DIREITO
 
 
Alienação: todo modo de disposição de bem de direito. O ato de disposição, ao ser realizado, põe fim ao direito do sujeito (Exemplo: compra e venda - forma de alienação, não são sinônimos).
 
 
Abandono: forma de extinção de direito voluntário que decorre da falta de interesse. O sujeito não tem mais inteirasse na manutenção do direito, então ele simplesmente abandona. A falta de interesse está implícita no abandono (o fato de eu jogar no lixo, significa minha falta de interesse). 
 
 
Renúncia: forma de extinção que decorre da vontade, decorre da falta de interesse, mas ela é expressa, explícita. 
Renúncia propriamente dita - se verifica a falta de interesse expressamente manifestada. Eu não quero o direito. (Exemplo: pai morre, os três filhos têm direito, um dos filhos não quer o direito para ele, então a herança é dividida entre os outros dois filhos). 
Renúncia translativa - falta de interesse expressamente manifestada, mas nessa espécie há transmissão de direito. (Exemplo: eu não quero esse direito, então eu passo ele para outra pessoa - pai morre, os três filhos têm direito, um dos filhos não quer o direito para ele, ele quer para outro irmão, então é divido em dois na proporção 2:1). 
 
 
Inércia*: não é causa de extinção. Inércia é não exercício. O fato do sujeito não exercer o direito que tem, não significa dizer que ele perca. Ele pode não exercer hoje, mas um dia ele pode voltar a exercer esse direito. Sujeito que permanece inerte pode perder o direito, mas não pela inércia, já que ela é meio e não fim. Pode perder pela alienação,
por exemplo. Ela gera a prescrição. 
 
 
Confusão: todas as vezes que não houve identificação de quem seja o titular do direito há a extinção do direito - incapacidade de determinar o titular do direito.
 
 
Morte: morte põe fim a pessoa natural. No óbito ocorre a abertura da sucessão. Todos os direitos que integravam o patrimônio do morto vão ser objeto de sucessão. Esses direitos serão transmitidos via sucessória, mas as obrigações eu não posso transmitir e transferência de obrigação na lei se dá na herança. Dívida não se transmite, o herdeiro deixa de receber para pagar a dívida. A obrigação personalíssima decorre da característica da pessoa, na qual somente a própria pessoa pode fazê-lo. Caso ele(a) morra, essa obrigação não é transmitida. 
 
*Desaparecimento do direito decorre de ato voluntário. 
Classificação
Em relação a formação do negócio jurídico:
 
UNILATERAL E BILATERAL: 
 
UNILATERAL
Aquele que depende de uma única vontade (uma pessoa). Ele admite divisão em negócio receptício e negócio não receptício. 
 
Negócio Unilateral Receptício: para produzir efeito o titular tem que tomar conhecimento do seu direito (Exemplo: demissão - o patrão demite o empregado. O patrão pratica o ato unilateral. Mas enquanto o empregado não souber da demissão, ela não produz efeito). 
 
Negócio Unilateral Não Receptício: o titular não tem que tomar conhecimento do direito para ele produzir efeitos (Exemplo: testamento - corresponde à disposição de última vontade - é ato unilateral, vai produzir efeito quando a pessoa morrer, mas ela não estará viva para questionar, não diz respeito a ela o que vai ocorrer, por isso que não depende de conhecimento para tornar-se um ato perfeito). 
 
 
BILATERAL
Aquele que depende de duas vontades. (Exemplo: contrato - é uma espécie de negócio jurídico que depende de pelo menos duas vontades, porque, por ser um acordo, implica convergência de vontade (vontades antagônicas). 
 
OBS: Bilateral consigo mesmo (incomum) - autocontrato - devemos reconhecer que para fins de formação, o contrato vai exigir duas vontades vinculadas pela mesma pessoa (celebração de contrato de mandato para que o mandatário o represente durante período de ausência). 
 
 
 
PLURISMO E COMPLEXO: necessidade de um número maior de vontades, mas todas em um mesmo sentido.
 
PLURISMO
Cinco pessoas naturais vão se unir para formar uma pessoa jurídica (sociedade). As cincos querem a mesma coisa, há um interesse comum. Para que haja a sociedade, vou precisar de mais de uma vontade. 
 
 
COMPLEXO
Análise das vontades de forma diferente, porque cada um tem um interesse próprio/cada um tem uma vontade. (Exemplo: consórcio - aquisição de um automóvel de 100.000 reais. Cada consorciado tem um interesse específico e o consórcio vai servir que todos fazem jus aquele bem, ou seja, todos vão receber os 100.000, só que em momentos diferentes. Se unem para atender necessidades específicas) 
 
 
 
GRATUITO E ONEROSO: vantagem ou desvantagem
 
GRATUITO
Não há vantagem para pessoa que praticou o ato.
(Exemplos: 
Testamento - em relação ao testador não há vantagem, já que só será executado quando o testador morrer, portanto, é um ato gratuito e ato unilateral - causa mortis) 
Doação (ato bilateral - inter vivos) - não há vantagem para o doador. Há o contrato, um quer doar, o outro quer receber a doação, portanto, bilateral, mas gratuito).
 
 
ONEROSO
Decorre vantagem para quem o realiza, pra quem pratica o ato. (Exemplo: compra e venda - ambos têm vantagem; comprador: ter o objeto. Vendedor: pagamento).
 
Oneroso Comutativo: identificação e individualização da vantagem decorrente do negócio (pessoa já sabe qual é a vantagem do negócio jurídico, portanto, já existe identificação e individualização). 
(Exemplo: compra e venda de um automóvel - vou a concessionária do meu interesse, qual os valores do carro, formas de pagamento, cor, a taxa de juros. Visto tudo isso, celebram contrato de compra e venda do carro, tem vantagem para ambos os lados. Feito isso, tanto eu quanto a concessionária já sabemos as vantagens que teremos, assim como poderemos exigir as vantagens (posso exigir o carro e ela o pagamento).
 
Oneroso Aleatório: existe vantagem, só que essa vantagem é incerta, ela envolve a alea - risco (vantagem existe, a incerteza é se poderei exigi-la - está subordinada a evento futuro incerto).
(Exemplo: seguro do carro por 12 meses, faço o contrato com as hipóteses de pagamento pela seguradora. Se não ocorrer nada com meu carro, nenhuma situação prevista no contrato, eu não posso exigir da seguradora o pagamento). 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO CONFORME EXISTÊNCIA DE FORMALIDADE DA LEI PARA OCORRÊNCIA:
 
 
FORMAL E SOLENE
 
Para os autores que fazem a distinção entre eles:
Formal: negócios para os quais a lei estabelece forma específica que não seja instrumento público.
Solene: negócios para os quais a lei estabelece forma e uma forma específica (instrumento público). 
 
Para os autores que consideram sinônimos:
Formal ou solene são negócios para os quais a lei estabelece forma, sendo que alguns tem forma exclusiva (única forma) e outros, forma não exclusiva (mais de uma forma). 
 
A regra: negócios jurídicos são de forma livre, não há forma específica para realização do negócio jurídico.
 
A exceção: há inúmeras situações para os quais a lei exige forma. Nessas situações, a forma é obrigatória e vai corresponder a um dos elementos gerais do negócio jurídico (forma exclusiva) Exemplo: imóvel - existe forma exclusiva para compra e venda do imóvel, que é o instrumento público - ato formal ou solene. 
 
*Há alguns atos em que a lei prevê forma, mas prevê mais de uma maneira para ser praticado o mesmo ato - ato formal, mas não exclusivo (Exemplo: registro do filho - por reconhecimento de firma, mas pode também via escritura pública (reconhecimento do filho no futuro), ou até mesmo via testamento (filho fora do casamento e quer que saibam somente após a sua morte). 
 
Análise
NEGÓCIO FORMAL E NÃO FORMAL
 
SOBRE O PRISMA DA VALIDADE:
 
ELEMENTOS ESSENCIAIS GERAIS DE VALIDADE
 
 
Negócio formal e não formal 
 
Análise do Negócio Jurídico 
 
- existência
 
- validade - forma              
 
- eficácia 
 
 
Negócio Jurídico sobre o prisma da validade, encontramos os:
 
Elementos essenciais gerais de validade
A consequência do não cumprimento implica na Invalidade do negócio jurídico na espécie nulidade (já que é elemento essencial, a regra é obrigatória, regras cogentes, então não cabe ao particular, é matéria de ordem pública - tem apenas uma exceção) 
Portanto, a regra é que a inobservância gera nulidade. 
 
- um deles é a forma. O não atendimento desses elementos essenciais importa em invalidade. Inválido tem alguma irregularidade. Invalidade é um gênero e nela há duas espécies:
 
- nulidade (nulo) - consequência de que o ato seja nulo. Todas as vezes que o interesse protegido fosse interesse público, questão estrutural, seriam considerados atos nulos. Ato nulo: visa a proteção do interesse público, então, ato nulo não pode ser ratificado, um ato nulo é nulo sempre. Não sofre interferência do tempo. O que separa uma da outra (nulidade e anulabilidade) é a gravidade.
 
- anulabilidade (anulável) - interesse privado, portanto, não é obrigatório. A lei cria um mecanismo de proteção, e deixa a critério do particular se valer do sistema ou não, o interesse é dele. O ato viciado pela hipótese de anulabilidade pode ser ratificado.
 
 
Dentro desses elementos, um deles é a forma. A inobservância dessa forma gera Invalidade de espécie nulidade. 
Negócio jurídico pressupõe forma livre, vigora informalismo. Então, a regra é que não temos forma para os negócios jurídicos. Podem ser realizados de qualquer forma, qualquer modo. A única exceção é em relação a ilicitude. Forma tem que ser lícita. 
 
Só reconhecemos a forma como elemento geral de validade quando houver uma lei determinando a forma. O não atendimento dessa lei, importa
em Invalidade da espécie nulidade. 
Se não houver prescrição da lei quanto a forma, ela poderá ser feita de qualquer forma, desde que de forma lícita, e não implicará em Invalidade. 
 
A forma não é razão de ser, ela está atrelada ao negócio. 
No direito romano, a forma era regra, o negócio jurídico era pautado em formalidades. A razão disso é a comunicação, que na época era falada,já que poucos sabiam escrever. Dessa forma, os negócios jurídicos eram usados para passar de geração em geração os registros. Forma atrelada ao negócio. 
 
A forma passou a ser prejudicial, já que com o passar do tempo, muito formalismo impossibilitaria a realização do negócio jurídico, pq passou a ter necessidade da realização rápida dos negócios. Forma deve ser útil pro negócio e não prejudicial. 
Forma é estabelecida, portanto, em situações de exceção. 
 
Portanto, a forma é elemento essencial de validade quando a lei prescrever e o não atendimento implica na Invalidade da espécie nulidade. 
Para as hipóteses de forma livre, o não atendimento não repercute causa de Invalidade, já que a forma é livre, admirando a prática de qualquer forma, desde que seja lícita. 
 
 
Análise do negócio jurídico a partir da:
Tripartição do negócio jurídico 
 
Negócio jurídico pressupõe vontade. (Criar, ..., defender, extinguir). 
 
- existência: para que o negócio jurídico exista, é necessário a vontade (reconhecer o momento que a vontade surge - surge no momento em que houver raciocínio, o sujeito desenvolve pensamento, portanto, depende da pessoa, do psicológico, do querer da pessoa) e essa vontade deve ser concretizada. Não importa o tempo entre o pensar (psicológico) e o realizar (concreto). 
Então, em relação a existência, pressupõe vontade, e a vontade segue o caminho do psicológico (momento do querer )e depois concreto (vontade concreta - realização). - vontade livre, plena, consciente. A vontade tem que ser espontânea, sem interferência. Há de corresponder o interesse efetivo do sujeito, ha de se verificar espontaneidade na vontade, vontade do próprio sujeito. 
Essa vontade na parte existencial pode ser feita de qualquer maneira, já que a forma é em relação a validade. 
A vontade pode ser veiculada pela palavra tanto escrita quanto verbal.  A vontade pode ser extraída até através de gestos (leilão - o levantar a mão representa a vontade do indivíduo).  
 
Art. 111 - portanto, é possível extrair vontade do silêncio, desde que não haja previsão legal no sentido de que essa vontade seja expressa. 
 
Situações em que podemos nos valer do silêncio como anuência: 
- em relação ao silêncio no nosso sistema, ele não é absoluto, pode ser reconhecido como forma de anuência nas hipóteses em que não haja determinação de que a vontade seja expressa,  essas hipóteses são: desde que eu tenha dados que me autorizem essa conclusão, elementos que autorizem esse reconhecimento. 
 
Fatos Jurídicos 15/09
 
NEGÓCIO JURÍDICO 
 
- existência 
 
- validade (elementos essenciais de validade) - agente capaz 
                                                                         - objeto lícito, possível, determinado 
                                                                      ou determinável 
                                                                         - forma 
 
- eficácia 
 
 
 
Invalidade 
 - nulidade
 - anulabilidade 
 
 
 
 
- forma: caso a forma não seja atendida, a forma aporta em Invalidade. Forma é exceção, porque como regra a forma é livre. É possível situação onde a lei estabeleça uma forma única (exclusiva). Não sendo atendida essa forma, o ato é inválido - nulidade....
 
 
 
Absolutamente incapaz - vontade não é plena, mas ela existe. 
Negócio jurídico exige agente capaz. Se ele não for capaz, será representado (absolutamente incapaz) - se não houver representação, o negócio jurídico será inválido de espécie nulidade. Absolutamente incapaz a lei não reconhece vontade. 
Se for relativamente incapaz, ele não tem plenitude, precisa que sua vontade seja complementada, então ele será assistido, assim o negócio jurídico será válido. Mas sem assistência gera Invalidade da espécie anulabilidade. 
 
Absolutamente incapaz - nulidade (não tem vontade, então é mais grave,matéria de ordem pública) 
Relativamente incapaz - anulabilidade (não há plenitude, menos grave, depende da vontade dele, então o ato é anulável). 
 
 
Critérios: 
Objetivo - quando estabelece capacidade etária (capacidade obtida a partir de determinada idade) - fato concreto que determina a capacidade - não precisa de análise como no critério subjetivo, ele é capaz objetivamente. 
 
Subjetivo - todas as demais hipóteses, porque exigem avaliação pormenorizada do sujeito, de modo a se concluir pela capacidade ou incapacidade (plena ou relativa). 
Incapacidade no critério subjetivo precisa analisar se existe redução (relativamente) ou opressão (absolutamente) da capacidade. 
 
Idoso com Alzheimer - absolutamente incapaz subjetivamente (não é pela idade, é pela doença - necessário análise). 
 
Imputabilidade penal - idade (18 anos) - capacidade civil (18 anos)
Ato infracional - não cumpre pena. Menor que comete delito. 
 
Idade e capacidade são coisas diferentes
 
 
Curador - exercer a capacidade de um incapaz que não seja por idade 
 
Tutor - incapacidade por idade 
 
Fatos Jurídicos 17/09
 
Negócio Jurídico 
 
Existência - vontade 
 
Validade - objeto lícito, possível, determinado ou determinável (elementos essenciais) 
 
Eficácia 
 
 
 
Invalidade 
- nulidade (absolutamente incapaz - sem representação) - interesse público, ato nulo não pode ser convalidado, ratificado e não sofre interferência do tempo,pode ser questionado a qualquer tempo. - 
 
- anulabilidade (relativamente incapaz - sem assistência) - convalida, ratifica, se aproveita e tem prazo pra discutir anulação. - interesse particular, só o prejudicado pode propor ação anulatoria. 
 
 
 
O negócio jurídico tem que ser lícito e há a necessidade do objeto ser lícito também e precisa também atender interesse público e os bons costumes. 
 
O objeto tem que ser possível não apenas fisicamente como também juridicamente. 
 
Infundivel - insubstituível - não há nada igual. 
 
Objeto tem que ser determinado, ou seja, possível de ser localizado. 
Determinável possível de ser localizado no momento posterior a realização do negócio. Geralmente em mercado de risco, como colheitas. 
 
Em relação ao objeto, a consequência Invalidade é de espécie nulidade. 
Exceção: falta de assistência ao relativamente incapaz - anulabilidade 
Elementos Acidentais Gerais
OU = Modalidade Especial de Negócio Jurídico 
 
 
alterar ou determinar alguma consequência na eficácia do negócio jurídico
pode haver ou não a inclusão desses elementos, portanto nem todo negócio jurídico tem esses elementos 
quem realiza o negócio jurídico é quem decide se terá esses elementos.
não se admite a inclusão destes em determinados direitos (incompatíveis com esses direitos), mesmo que o sujeito queira incluir, não será reconhecido como compatível. (Direitos de personalidade - vida, integridade, honra, imagem - direitos de família puros) 
 é possível incluir condição e termo tanto em negócio oneroso (vontade) quanto gratuito (não vontade pra quem realiza).
 
Negócios jurídicos que não permitem condição: são os atos puros
Os negócios jurídicos que não podem haver incertezas:
Atos jurídicos de família
Atos referentes aos direitos personalíssimos.
 
 
Eficácia: produção de efeitos pelo negócio jurídico, se verifica subsequentemente a sua realização.
 
Elementos acidentais gerais: são elementos facultativos do negócio jurídico (sua presença vai depender da vontade das partes envolvidas no negócio)
 
 
São encontrados com frequência, porque dão individualização ao negócio jurídico.
Condição
Subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto
 
Natureza acidental 
Pode estar presente nos negócios
onerosos e nos gratuitos. A condição é um evento futuro incerto do qual o negócio jurídico depende para produzir efeitos.
 
Art. 121 - Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
 
 Elementos da Condição: 
 
- Voluntariedade – o estabelecimento da condição deve ser fruto da vontade da pessoa que pratica o ato 
 
- Futuridade – evento precisa ser futuro
 
- Incerteza - evento precisa ser incerto (evento impossível ou que é certeza de se concretizar não é condição, porque não há dúvida) 
 
(Um evento que já ocorreu, mas não é conhecido, não é condição, porque tem que ser evento futuro, não implica em conhecimento). 
 
A ilicitude atinge o negócio jurídico como um todo. 
  
A condição não pode ser puramente potestativa (aquela que reserva ao arbítrio do sujeito a sua ocorrência)
- o puramente que confere arbitrariedade - por isso não pode, não pode ser só do arbítrio do sujeito, não pode decorrer exclusivamente da vontade.
 
Art. 122 - São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.
 
- a condição precisa ser um fato estranho que repercuta no negócio, que depende do acaso, algo que se acontecer repercute no negócio, esse fato estranho que não pode depender unicamente da vontade. - não é condição, porque ela não pode decorrer do arbítrio. 
 
Simplesmente potestativa pode ser reconhecida como condição, porque não é arbitrária, não depende unicamente da vontade. 
 
- não pode ser ilícita, contra os costumes, não atender a ordem pública, tem que ser possível e não pode ser arbitrária (condição) 
 
Exemplo: Na compra de um automóvel, Pedro manifesta a vontade de comprar o carro de João ai no momento do negócio, Pedro decide colocar um elemento acidental no negócio que só será celebrado quando a condição for exercida, ou seja, ele já existe, já é válido em todos os seus requisitos PORÉM sua eficácia ainda não produz efeitos. A eficácia ficará contida, aguardando o implemento da condição. No nosso exemplo vamos supor que Pedro tenha colocado como condição para comprar o carro de João um evento futuro e incerto (a condição em si) no caso a chuva, ele disse que só comprará o carro caso no dia da compra chova. Esse negócio existe? SIM. É válido? SIM. É eficaz? MOMENTANEAMENTE NÃO, pois só terá eficácia se no dia da compra chover, só depois do implemento da condição o negócio produzirá efeitos.
 
 
 
 
- negócio futuro incerto subordinando a eficácia do meu negócio jurídico pode ser considerado como: (espécies de condição) 
 
Condição Suspensiva (dá início ao efeito) - está subordinando a eficácia do negócio jurídico da forma de que os efeitos do negócio só vão se verificar, só produz efeito se eventualmente ocorrer o evento futuro incerto (posteriormente) - os efeitos do negócio só ocorrerão quando o evento incerto acontecer.
Ela suspende o exercício e a aquisição do direito, quando implementada a condição suspensiva, as partes terão de volta o exercício e a aquisição dos efeitos do Negócio Jurídico (exemplo acima).
 
Condição Resolutiva (põe fim ao efeito) - os efeitos se verificaram no momento subsequente ao negócio, ou seja, tenho os efeitos deste logo, mas eles cessam se sobrevier um evento futuro incerto - os efeitos do negócio sessarão quando e se o evento incerto ocorrer (a eficácia acaba quando a condição é satisfeita). 
Exemplo: Suponhamos que você seja uma pessoa bondosa e decide emprestar seu Vade Mecum pro colega estudar no FDS, mas sua condição é que ele só fique estudando no sábado porque você vai querer estudar com o Vade Mecum no domingo, assim temos um empréstimo que perderá sua eficácia assim que a condição seja satisfeita, ou seja, assim que chegar o domingo o empréstimo acabará, isto é, o negócio É EXISTENTE, VÁLIDO E EFICAZ.
- não dá para ser suspensiva e resolutiva ao mesmo tempo. 
 
 
Art. 123 - Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.
Condição impossível (não vai acontecer) - se houver a inclusão de evento futuro incerto impossível, deve verificar se será de modo suspensivo, aí invalida o negócio jurídico, atingindo o negócio como um todo. 
 
Art. 124 - Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
Inexistente as condições impossíveis quando resolutivas. Na prática, o negócio jurídico não apresenta elemento acidental nesse caso, não há condição. Impossível ocorrer evento futuro incerto, então a condição não existe. O negócio existe. 
 
Art. 127 - Se for resolutiva a condição, enquanto está não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
Efeitos se verificam logo a partir da conclusão. Os efeitos se verificam enquanto não se realizar, quando se realizar, eles cessam. 
 
 
Estados da condição 
 
Pendente: o evento incerto não ocorreu ainda e nem foi frustrado.
Implemento: o evento incerto ocorreu.
Frustração: o evento não ocorreu e nem vai ocorrer.
Termo
Subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento FUTURO E CERTO.
 
Futuridade: não é desconhecimento. Evento não pode ter acontecido. 
 
Certeza: vai acontecer. 
 
Evento futuro certo vai determinar o direito (início ou fim).
 
Art. 131 - O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
 
Termo "a quo"/inicial - início do direito/início dos efeitos do negócio, da sua eficácia (evento futuro certo determina o início do direito, início de possibilidade de exercício do direito) – suspende o exercício do direito e não a aquisição - raciocínio da condição suspensiva 
 
Termo "ad quem"/final - final do direito (evento futuro certo determina a cessação do direito, término da vigência) - raciocínio da condição resolutiva 
Exemplo: locação - início no verão (ad quo) e termino do outono (ad quem). 
(Começa hoje e termina no outono - só há termo ad quem, porque se começa hoje, não é evento futuro).
 
Evento futuro certo precisa ser lícito, possível, 
 
Prazo (lapso temporal) não é sinônimo de termo (elemento acidental)
Prazo: quanto tempo eu tenho? Art. 132 
Encargo
benefício acompanhado de um ônus, ou seja, de uma obrigação (contraprestação).
 
diz respeito aos negócios jurídicos gratuitos, é uma restrição ao direito adquirido. 
A não obediência ao encargo não extingue o negócio, porque ele não decorre do encargo, mas pode fazer com que o direito adquirido seja revogado, por meio da propositura de uma ação com o objetivo de revogar o negócio jurídico. 
Caso o prazo do cumprimento do encargo não seja definido é possível fazer uma notificação solicitando seu cumprimento.
 
Encargo 
Para negócios jurídicos gratuitos, porque não tem vantagem.  
Com vantagem, o elemento repercute na vantagem, causando prejuízo. 
 
Termo - atrela exercício do direito.
 
Encargo - direito pleno no momento em que o negócio é realizado. O encargo é um limite a esse direito, uma restrição. 
Para que o sujeito possa exercer direito não precisa cumprir encargo, porque ele já tem direito. Mas existe o encargo e tem que ser observado e deve ser atendido. 
 
Tem característica meramente honorifica, não repercute no benefício. 
Contrato de doação: vontade de dois para incluir encargo - o doador dispõe de um imóvel para donatário e a restrição que ele estabelece é que o donatário coloque uma estátua no jardim da casa do cachorro do doador. Tem que cumpri esse encargo, porque eu posso revogar a doação. 
Esse encargo não repercutiu no benefício, ele ganhou a casa.
Mas pode interferir no benefício - mesmo contrato de doação,
mas o encargo é para o donatário cuidar de três famílias pelo período de 5 anos. O dinheiro sai do benefício - ele dispende-se de um valor para cuidar das famílias. 
Ele vai ganhar menos, mas não gera prejuízo para ele. 
Esse encargo pode chegar a esgotar o benefício. É da natureza do encargo. Mas não gera prejuízo, ele só deixou de ganhar, mas ele aceitou isso ao realizar o negócio. 
 
Não pode ultrapassar o benefício, não pode excesso. Doação no valor de 100, e ao cumpri o encargo, verifica-se que importaria em 101 - excesso. Isso não pode, o 1 não pode ser atendido. 
 
 
Questão subjetiva envolvendo encargo:
- pode dizer respeito a própria pessoa que estabeleceu o benefício: donatário você tem como encargo cuidar do doador caso ele precise na velhice.
- pode dizer respeito a pessoa indicada pelos instituidores
- pode dizer respeito a sociedade/coletividade: doação para instalar um posto médico. O beneficiado pelo encargo é as pessoas que moram na região. Aquela coletividade. Por 10 anos (porque encargo não pode ser eterno, tem que delimitar um tempo)
 
 
Dizer respeito a quem: dizer respeito ao próprio beneficiado - Donatário, use metade de tal valor para melhorar seu rendimento no trabalho. O donatário gasta com viagens, festas etc. Isso não é encargo, não influencia no mundo jurídico, de natureza jurídica de encargo. A única coisa é que ele não soube aproveitar o dinheiro ganho devidamente. Conselho, recomendação não repercute juridicamente. 
 
Pode haver encargo em testamento (negócio gratuito) 
 
Antes de se pretender uma revogação, é possível exigir o cumprimento do encargo. 
O sujeito, caso esteja vivo, pode ele mesmo exigir. Se ele "deixar pará-la", significa renúncia, abrir mão de um direito dele. 
Se morrer, os herdeiros, sucessores, podem exigir o cumprimento do encargo desde que não tenha havido a renúncia anterior a morte. 
Promotor de justiça tem legitimidade para exigir o cumprimento somente na hipótese onde o encargo diz respeito a sociedade - MP defende a sociedade. 
 
No negócio jurídico existe momento para o encargo ser cumprido. 
 
Quando a situação, estabelece negócio jurídico e não diz o momento que o encargo deve ser cumprido, nessa situação, é possível que haja notificação estabelecendo o momento em que o encargo deva ser cumprido. 
 
Se não tem prazo para cumprir, como vou dizer que você não cumpriu? É determinado no negócio jurídico, caso haja omissão, a lei estabeleceu o mecanismo para notificar o prazo de cumprimento. Só depois desse prazo que eu digo se foi cumprido ou não. 
 
 
No tocante a revogação - se o encargo não for cumprido depois da exigência, a lei autoriza revogação do negócio jurídico. Contrato de doação - é desfeita a própria doação por meio de uma ação cujo objeto seja revogação da doação. O instituidor tem legitimidade para propor essa ação e seus sucessores na impossibilidade do instituidor. Sempre verificando se houve a renúncia em relação ao encargo, renunciou ao direito que tinha de revogar e muito menos seus sucessores. 
 
MP tem legitimidade para exigir no que diz respeito a sociedade. Mas não tem legitimidade para revogar. Assim, é estabelecido multa quando a exigência não é cumprida menos após a exigência. Essa multa pode chegar até o próprio valor total. E se decorre de decisão, eu posso executar isso, tem poder coercitivo. Importa em consequência. 
 
Art, 136 - O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
 
Art. 137 – Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico (como um todo). 
Encargo impossível ou encargo ilícito considera-se inexistente o encargo, prevalece o negócio jurídico como se não houvesse elemento acidental. 
 
Consiste na prática de uma liberalidade subordinado a um ônus, como por exemplo, uma doação modal ou também conhecida como onerosa. Suponhamos que Paulo doe um terreno pra Joaquim, mas tem como cláusula a exigência de que no terreno sejam construídas escolas, assim temos uma liberalidade juntamente com o encargo (Parte onerosa da exigência). Caso o encargo não seja cumprido, a liberalidade poderá ser revogada.
Defeitos do Negócio Jurídico
CC/16:
(Anuláveis) 
 
Erro
Dolo
Coação
Fraude contra credores 
Simulação
 
 
CC/2002:
(Anuláveis) - ação anulatória 
 
Erro
Dolo
Coação
Estado de perigo (no CC/16 era englobada em coação) 
Lesão (prevista em outras leis) 
Fraude contra credores (ação pauliana) 
 
*Simulação: nulidade - não é mais vício, é causa de nulidade (interesse público) 
 
Vícios de consentimento: a vontade de quem pratica o negócio é viciada prejudicando-a. São vícios de consentimento o erro, o dolo, a coação, o Estado de Perigo e a lesão. - AÇÃO ANULATÓRIA (Quem propõe ação anulatória/quem tem legitimidade no negócio viciado é quem sofreu o prejuízo/vontade comprometida).
 
 
ERRO - incompatibilidade da vontade interna com a externa (engana a si mesmo)
 
Erro Acidental: o erro não afeta a vontade do praticante do negócio de maneira significativa , ou seja, mesmo sem o erro ele provavelmente ainda faria o negócio, costuma ser facilmente resolvido. Não se consegue anulação por esse tipo de erro.
Erro Essencial (art. 139) : é o erro que afeta a vontade do praticante do negócio de maneira significativa, ou seja, sem o erro ele não teria praticado o negócio. 
Má apreciação da realidade, o sujeito não tem domínio da situação concreta (ele tem a certeza de estar diante de uma situação X, mas na verdade está diante de Y).
Decorre de ignorância, avaliação equivocada da situação concreta
Sujeito age de boa-fé, de modo espontâneo
Na má apreciação da realidade não pode haver interferência de alguém que tenha plena consciência, quando há consciência se torna dolo. 
Exemplo: comprar um produto enganoso (ouro), a lei protege a vontade. (Se a pessoa pensava que era ouro, comprou, mas com o tempo percebeu que não era, pode haver anulação. Caso ela soubesse que não era de ouro antes de comprar, e mesmo assim comprou, não há anulação - Tem que existir uma justificativa para o preço ser elevado, como a peça ser premiada etc. justificando a boa-fé). 
Só é erro quando é praticado espontaneamente, com boa fé e foi/é essencial para o negócio, sendo um fator determinante.
Aquele que incidiu (cometeu) em erro pode propor ação anulatória fundada no erro. 
Art. 139, para caracterizar o erro essencial (erros são substanciais nesse caso): natureza do negócio, objeto do negócio, qualidade essencial do objeto (exemplo: anel de ouro), qualidade essencial da pessoa 
 
Natureza do negócio: A quer e pratica contrato de compra e venda, o objeto é móvel, pagamento parcelado em 12 vezes. B faz o contrato como locação (nesse caso pode se propor ação anulatória). - natureza diferente do esperado. 
 
Objeto do negócio: sujeito celebra contrato de locação de um imóvel na Rua Sergipe, mas essa rua Sergipe não é a que ele pensava, é outra mais longe. (É possível anular o negócio jurídico por meio de ação anulatória baseada no erro). - objeto diferente do esperado - mesmo que siga as características do contrato (prédio, com tantos metros). Erro de fato recaindo sobre o próprio objeto do negócio jurídico.
 
Qualidade essencial da pessoa: é possível anulação de casamento baseada no erro, baseado na qualidade essencial da pessoa. (Maria casa com João, mas João é homossexual) - pessoa com qualidades diferentes das que o praticante do negócio esperava. 
 
*essas 4 hipóteses caracterizam o que a doutrina chama de erro de fato, pois são situações fáticas.
*só erros substancias autorizam anulação do negócio jurídico. 
 
 
SITUAÇÕES DE ERRO DE DIREITO 
 
Erro de direito - art. 139, inciso III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico - não posso deixar de cumprir a lei alegando
desconhecimento. Para que eu cumpra a lei eu posso pedir anulação de erro de direito (compra de remédio no exterior que passou a ser proibido no Brasil após a compra, posso propor anulação baseado em erro de direito para cumprir a lei). 
 
Para permitir anulação, o erro deve ser: (a outra parte pode oferecer reparação, não necessitando anulação)
Erro escusável - quando o erro essencial é desculpável, justificável, o erro poderia ser cometido por uma pessoa de diligencia normal.
Real - erro precisa prejudicar o praticante do negócio jurídico. 
Falso motivo - art. 140 - não autoriza anulação, pois não vicia o negócio jurídico. Exceção, se estiver expresso no negócio jurídico poderá ser anulado. - só será considerado erro essencial quando ele afetar a vontade do praticante do negócio. Exemplo: um homem faz uma doação a uma pessoa, pois acha que está é seu filho (motivo), mas depois descobre que não é, essa doação pode ser anulada.
Causa que impede a invalidade: estabelecido graças a ausência de má fé. (Anel de ouro - anel não era de ouro, então o logista oferece a escolha de um dos anéis de ouro da loja, então não há vicio) - impede ação anulatória. 
 
 
 
DOLO (art. 145 a 150) - engana outra pessoa. 
 
Vício ou defeito do negócio jurídico 
Desvio da vontade; vício de consentimento
Intenção no resultado
No direito civil, existe a intenção em relação a enganar alguém. O erro é espontâneo, já o dolo é provocado, ou seja, existe má fé (o sujeito sabe o que tem na frente dele e resolve enganar o outro, levando-o ao erro); o sujeito é responsável pelo erro do outro. Decorre normalmente de um modo comissivo. A boa fé do que foi induzido é desviada, e é ele quem tem a proteção legal. 
 
"dolus malus" : dolo principal - só ele é apto a fazer com que o sujeito seja enganado. Leva ao vício de consentimento. Induzimento ao erro (possibilita anulação) 
"Dolus bonus" : se restringe a enaltecer qualidade (carro de 1970 está em estado zero - não possibilita anulação) 
 
*o vício caracteriza anulação do negócio jurídico 
 
Espécies de dolo: 
 
Dolo principal: dolo é determinante. Ato deixa de ser praticado em decorrência dele. Permite anulação. 
 
Dolo acidental: não cabe anulação, só autoriza indenização. É aquele que recai como dolo secundário. Não há anulação, pois independente dele o ato pode ser praticado. 
Exemplo: pedi um carro branco metálico, mas recebi um branco off White sólido. Portanto, posso receber de volta o que paguei a mais pela pintura. 
*se fosse taxista, o dolo NÃO seria secundário. 
 
Dolo por omissão: essa omissão/silêncio intencional acabou caracterizando a indução do erro - omite fatos ou qualidades que se a parte tivesse ciência não faria o negócio (Vai a loja comprar um anel de ouro, digo que amei o anel de ouro na hora de pagar e o vendedor omite o fato de não ser de ouro, por má fé para que eu leve o anel - reticência maliciosa) consequência: houve desvio da vontade e é permitido anulação.
 
Dolo comissivo: a pessoa engana a outra diretamente, mente, vicia a vontade dela com informações falsas.
 
Dolo de terceiro: aquele que não fez parte do negócio jurídico. O tratamento varia de acordo com a hipótese. 
1a hipótese - terceiro afirma que o anel é de ouro, pois é especialista em metais. É o responsável pelo desvio da minha vontade, mas não é quem me vendeu. (Neste caso, não cabe anulação, pois a loja não agiu de má fé, nem sabia o que tinha acontecido. Cabe uma indenização contra aquele que desviou sua vontade - terceiro). 
 
2a hipótese - se o terceiro tem alguma relação com a loja e o dono tinha conhecimento dessa conduta do terceiro e não faz nada para evitá-la, se aproveitando da situação, agindo de má fé. Cabe ação anulatória contra a loja e ação indenizatória contra o terceiro. 
 
Dolo bilateral: os dois agiram com o propósito de enganar, desviar a vontade com dolo, não cabe anulação.
O vício se dá quando a vontade é desviada.
Consequência: o prejuízo 
Exemplo: golpe e contragolpe. Não cabe nem anulação e nem indenização (a lei dá um "dane-se", problema de vocês, azar). 
 
 
COAÇÃO (art. 151 a 155) - toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo com o intuito de obriga-lo a fazer algo contra a sua vontade.
 
No direito civil corresponde a um vício de consentimento de vontade desviada. Existe a figura do coator (o que coage) e o coagido (o que cede). 
Se o coagido não ceder à exigência, sofrerá um prejuízo. Na coação, o sujeito sabe que sua vontade foi desviada. 
 
"vis absoluta" : física. Retira a vontade do coagido. Inexiste o negócio por falta de vontade. Não tem escolha, a vontade é suprimida - supressão total da vontade, negócios realizados sob esse tipo de coação são nulos.
Exemplo: assalto - causa de nulidade. 
RETIRA. Não pode ser considerada como vício de vontade. 
 
"vis relativa": moral. Diminui a vontade do coagido. Tem opção, posso não ceder a coação e sofrer um prejuízo administrável. 
Exemplo: o coator deixa de contar um segredo seu em troca de alguma vantagem, como dinheiro, casa. O negócio jurídico pode ser anulado - supressão parcial da vontade, negócios realizados sob esse tipo de coação são anuláveis.
DIMINUI. 
 
 
*REQUISITOS 
Intenção: intenção de coagir (coator) 
Determinação: figura do coagido; agiu em razão da coação, ou seja, a coação foi determinante para a realização do negócio jurídico. Se não ceder a coação, não se caracterizará como tal - o comportamento do coagido foi aquele devido a coação (se não fosse por ela, o comportamento seria diferente).
Mal grave: quando a coação não é atendida gera-se o mal grave - a coação precisa causar um mal considerado grave ao coagido.
É subjetivo: importância relativa de acordo com cada indivíduo. As vezes decorre do exercício regular do direito, nesse caso, é justo. 
Injusto: o mal grave (e a coação) deve ser injusto, ou seja, não podem provir do exercício regular de direito.
Atual ou iminente: o mal grave injusto deve ser atual ou iminente. 
Pessoa, seus bens, familiares, terceiros: pode recair sobre terceiros, mas não vale para todos. Vale para alguém com relação de afetividade, na qual valeria o sacrifício. 
A coação pode recair também sobre a própria pessoa, seus bens e familiares. 
 
Coação de terceiro: terceiro em relação ao negócio jurídico, é aquele que coage, mas não se beneficia da coação. 
Exemplo: se a pessoa que se beneficiou da coação não sabia dessa coação, caberá ação anulatória, mas caberá ação indenizatória sobre o terceiro (coator). 
Se o beneficiado sabia da coação, caberá anulação e não invalidará a hipótese de indenização. 
 
Exercício regular de direito: mesmo que gere o mal grave (prejuízo), não caracterizará vício, pois o sujeito está agindo de acordo com os dispositivos legais. 
 
Simples temor reverencial: corresponde ao respeito que envolve todas as relações humanas. 
Todas as vezes que houver um abuso poderá caracterizar coação e consequentemente caberá anulação. 
 
Da mesma forma que o dolo, a coação também poderá ser exercida por terceiro, e, se a parte a quem a aproveita soubesse ou devesse ter conhecimento, responderá pelos prejuízos juntamente com o terceiro. 
 
 
 
ESTADO DE PERIGO E LESÃO (art. 156 e 157) 
 
Era considerado uma espécie de coação - estado de perigo
 
Estado de Perigo (art. 156): necessidade em sentido de salvação, manutenção da vida, integridade
 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
 
Exemplo: a vontade do homem náufrago foi viciada pelo perigo em que se encontrava, ao oferecer todos os seus bens em troca de ser levado à margem com segurança. 
Pode dizer respeito à pessoa, familiares e terceiros que justifiquem o sacrifício. 
Dolo de aproveitamento: a pessoa que se beneficiará
se vale da necessidade do outro, agindo de má fé. 
Essa vontade tem que ser conhecida pela outra pessoa, caracterizando a má fé. 
O sujeito sabe que não há risco, sabe que levará o outro em segurança e se aproveita do desespero do não nadador. Se não tem esse aproveitamento, não tem estado de perigo e sem estado de perigo eu não vou poder anular. 
Sujeito com vontade desviada pela situação pode propor ação anulatória 
Obrigação excessivamente onerosa: cobrar indevidamente por causa do desespero alheio. 
 
Elementos do estado de perigo:
Presença do risco de vida.
Presença da má fé pela parte beneficiada. 
 
O estado de perigo se diferencia da coesão pois a situação perigosa não esta sendo imposta por quem esta se beneficiando, então essa pessoa não pode ser considerada um coator.
 
 
Lesão (art. 157): indivíduo assume obrigação desproporcional à prestação oposta (característica objetiva) sob premente necessidade*.
*necessidade negocial, não gera nenhum risco a integridade da pessoa.
 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
 
Exemplo: Dona Maria fica viúva: passa a administrar os negócios. Decide vender um imóvel, mas desconhece seu preço real de mercado e então vende por 100 mil reais , sendo que valia 140 mil. Decorre a desproporção das prestações (aspecto objetivo) e há o desconhecimento (aspecto subjetivo) 
 
Lesão não exige má fé da outra parte para existir, nem risco de vida 
Se a outra parte concordar em proporcionalizar o negócio jurídico, desaparece a possibilidade de se propor ação anulatória. 
Possibilita a anulação quando a pessoa realiza obrigação desproporcional 
 
Não classifica erro, pois a pessoa tem noção da realidade, tem noção da desproporcionalidade, porém ela celebra o negócio de qualquer maneira devido a necessidade de o fazer.
 
 Elemento objetivo: desproporção existente entre as prestações das partes
Elemento subjetivo: extrema necessidade ou inexperiência da parte.
 
 
 
Vícios sociais: quem sofre a consequência negativa do negócio não participa dele. - AÇÃO PAULIANA ou revocatória 
 
FRAUDE CONTRA CREDORES - vício específico praticado por devedor insolvente
 
Na fraude contra credores, o sujeito teria bens, mas dispõe desses bens como maneira de evitar o pagamento, de evitar que seja penhorado. Ato que tem objetivo de fraudar o credor. Fraude quando o intuito é fazer aparentar que ele não tem nada e isso atinge o credor. A lei protege uma categoria específica de credores, são os credores quirografários - credor comum (aquele que não tem de antemão a garantia de que ele vá receber). 
Sua vontade é livre, consciente, faz porque quer, não houve interferência de ninguém na sua vontade. O prejudicado não pratica o negócio, quem pratica o ato foi o devedor. Quem sofre a consequência é o credor quirografário, portanto, quem tem legitimidade para propor ação é o credor quirografário. 
Assim, não há coincidência - quem sofre a ação é o credor, quem pratica o ato é o devedor e quem tem legitimidade para propor a ação é o credor quirografário. 
 
Ato fraudulento - Ato de disposição realizado por devedor insolvente (sujeito cujas obrigações são superiores a sua capacidade de honrá-las - deve mais do que pode pagar)
 
Para caracterizar ato fraudulento, preciso de 3 fatores:
 
- devedor insolvente: ou em vias de se tornar insolvente - não era insolvente, mas em vias de praticar o ato ele se torna insolvente - o ato de disposição o torna insolvente (em vias de se tornar insolvente), porque o ato faz com que a obrigação seja maior que seus bens. 
Só será possível caracterizar fraude contra credores, quando houver figura do credor quirografário. 
 
- credor quirografário (credor comum) – não tem assegurada a satisfação do seu crédito
 
- relação anterior - se o sujeito já se encontra em situação de insolvência, quem negociar com ele sabe que o risco de não receber é grande. 
 
Presença de dois requisitos legais obrigatoriamente: 
 
"Eventus douni" - requisito objetivo na fraude contra credores - evento danoso. Corresponde ao próprio ato de disposição que caracteriza a fraude. 
 
"Concilium Fraudis" - elemento subjetivo na fraude contra credores - concílio fraudatório - nesse requisito que encontro a má fé (fraude contra credores só existe quando há má fé) - ato de disposição deve ser realizado com a finalidade de atingir o credor – ato de disposição praticado com intenção de prejudicar credor. 
A má fé é o propósito de atingir credor, é a intenção. 
 
 
Essas disposições abrangem todas as relações jurídicas: HIPÓTESES 
 
- ato de disposição a título gratuito: devedor insolvente realiza esse ato. 
Quem propõe ação é o credor quirografário, ele terá que mostrar o eventus douni e o concilium fraudis para caracterizar fraude contra credores. Nessa situação o legislador presume a existência da fraude. 
Credor ao propor ação não precisará fazer provas em relação ao elemento subjetivo, porque ele é presumido pela lei. 
Exemplo: Zequinha é devedor insolvente, tem alguns bens, celebra com seu filho contrato de doação. Contrato gera obrigação de transferir bens para donatário e cumpre obrigação. E agora ele não tem mais nada. Como o credor vai receber? Não há razão jurídica para essa doação, então se não tem, a lei diz, nesse tipo de situação, o elemento subjetivo já é presumido pela lei, porque não há motivo que dá legitimidade para essa doação, quem doa nesse caso quer frustrar expectativa do credor.
 
- perdão de dívida: remissão da dívida. A - devedor insolvente. B - credor quirografário. 
A é devedor do B, mas é credor do C. Ao receber do C, ele poderia usar o valor para pagar o B, só que nesse caso, ele perdoa C, renuncia o crédito que tem com C. A renúncia é possível quando não prejudica outra relação jurídica. E no momento que ele perdoa C, ele impede que B receba sua parte, nega o direito do credor de receber, renuncia direito que não é mais dela, porque viola direito do outro. Então, ocorre fraude contra credores. A lei afirma que essa renúncia foi com propósito de fraudar o credor B. Elemento subjetivo presumido pela lei. 
 
Nessas duas primeiras hipóteses não há fundamento para que não se cumpra a obrigação. Não importa se está doente, morrendo, é devedor, tem que pagar. 
 
- ato de disposição a título oneroso: análise da existência do elemento subjetivo, pode caracterizar fraude, não necessariamente. Ato de disposição a título oneroso é o elemento objetivo. Para caracterizar fraude necessário a existência do elemento subjetivo. 
 
- pagamento de dívida vincenda (ainda não venceu a dívida): necessário dívida vencida. Não pode deixar de pagar dívida que já venceu, para pagar aquela que ainda não venceu. Ato de disposição: pagamento de dívida que ainda não venceu. Sujeito que age assim comete fraude contra credores dependendo do cumprimento dos dois elementos. Elemento objetivo eu já tenho: pagar dívida antecipadamente. 
Pagou dívida antecipada para um sujeito íntimo, mas não sobrou nada para outras dívidas, então não está justificado só pelo fato de ser amigo íntimo. Ele deveria usar o valor para pagar dívidas que já tinham se firmado, agindo com propósito fraudulento. 
Havendo fundamento na lei que afasta o elemento subjetivo não caracteriza fraude. 
 
- Constituição posterior de garantia: garantia é o que possibilita que a natureza do credor seja alterada. Se a natureza surgir garantida não é sujeito insolvente e muito menos fraude. Para ser fraude o devedor deve ter mais de um credor quirografário. Ele chama um credor e altera a natureza do credor, deixa de ser quirografário e altera para garantido, influenciando
nos outros credores. Ele constitui essa garantia que está na lei (eventus douni) - constitui garantia tardia para um, por ser seu amigo e isso não é justificativa, ocorrendo fraude. 
Constitui garantia tardia para um, porque era seu fornecedor de material na sua loja e precisava para continuar vendendo, é uma justificativa legal, não é fraude. 
 
*Necessidade de presença do elemento objetivo (ato de disposição) e subjetivo (propósito de atingir credor)
 
Não cabe ação anulatória na fraude contra credores: 
 
- fraude não ultimada/tentada/não consumada - A pessoa que desfalcou o patrimônio do devedor, ou seja, que recebeu os bens na disposição deposita em juízo o valor dos bens citando todos os interessados para que se presuma boa-fé e não se anule o negócio (disposição) - não houve fraude, não foi concretizada.
 
- ação pauliana/revocatória: ação anulatória dos negócios jurídico celebrado em fraude. Natureza de ação revogatória (vamos desconstituir negócio jurídico feito, retomando situação antecedente) - no caso de doação no ato de disposição a título gratuito, a doação é refeita, volta para o devedor insolvente e é utilizada para pagar o credor quirografário – procura prevenir a lesão aos credores. 
 
Título oneroso - desconstitui compra e venda e o objeto volta para o devedor. 
Desconstitui o pagamento antecipado 
Desfaz a garantia, a obrigação continua existindo. Sujeito que recebe a garantia deixa de ser e volta a ser credor comum. 
 
Legitimidade ativa: estão legitimizados a ajuizar ação pauliana
Os credores quirografários que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta.
 
Legitimidade passiva: contra quem se move a ação
Se move a ação contra os devedores insolventes e as pessoas que celebram com ele negócio fraudulento ou terceiros adquirentes que tenham agido de má-fé.
 
 
 
 
 
Art. 179. Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
 
Art. 178. Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade
Invalidade
Tem especial nulidade (interesse público - mais grave) e anulabilidade (interesse privado - menos grave)
 
Nulidade: não sofre interferência do tempo, interesse do particular é irrelevante, não produz efeitos, entre o ato e até ser considerado como um ato nulo, os efeitos do tempo vão retroagir até a data do cometimento do ato. Não ratifica. 
Violação do interesse público. 
Ato nulo não produz efeitos (se o ato nulo é verificado somente 10 anos depois, se durante esses 10 anos houve efeitos, mas não era considerado ato nulo: efeito retroativo - os efeitos da nulidade repercutem retroativamente até a data do cometimento do ato, assim, perde-se tudo desde o início. 
A lei fica prestigiando a boa fé, resguarda interesse de terceiro. 
Hipóteses de nulidades podem ser requeridas por particular. A nulidade é durante o curso da ação. É por particulares ou o MP (fiscal da lei) e juiz pode decretar nulidade mesmo que ninguém peça. 
SITUAÇÃO DE EXCEÇÃO: não há prazo para discutir o direito. O tempo não interfere no direito. 
Art. 169: pode passar mil anos, não transformará o ato nulo em um regular. 
Art. 170: se apresentar características de outro ato, eu posso usar como outro ato. 
 
*hipoteticamente: queria praticar uma compra e venda, mas o ato é nulo por vários fatores (incapacidades, ausência de preço, etc) compra e venda importa em preço, e com ausência de preço o ato é nulo. 
Incapacidade absoluta, ausência de forma quando a lei determina, ausência de objeto, etc. 
 
 
Anulabilidade: em situações onde haja violação da lei, com gravidade, repercute exclusivamente no interesse do particular. Legislador cria um mecanismo para proteger o interesse do particular, cabendo ao particular utilizá-lo ou não. 
Hipóteses: defeitos do negócio jurídico, incapacidade relativa, compra e venda entre ascendente é descendente caso os outros filhos não tenham conhecimento. 
Exemplo: relativamente incapaz e ato assistido, sem a assistência possibilita a anulação, porém, se o menor age com dolo/má fé para enganar com relação à idade, há perda da proteção de anulação ao relativamente incapaz. 
 
*no absolutamente incapaz cabe NULIDADE 
 Exemplo: relativamente incapaz realiza o negócio sem assistente, porém, a obrigação só se concretiza quando já for absolutamente capaz. 
Comprar um carro aos 17 anos, parcelado em 3 anos, ou seja, terminando de pagar as 20 anos e, portanto, ratifica sua vontade/decisão sendo plenamente capaz. Então não cabe anulação. 
 
Inexistência: muito mais graves que situações de nulidade 
Por ser tão grave inibe sua existência 
Exemplo: casamento de José e João, casamento realizado por uma autoridade não competente (na França)
*No Brasil não se admite a inexistência, pois é um país democrático de direito, garantindo plena defesa.
Os casos de inexistência são tratados como nulos. 
Resto
MANIFESTAÇÃO DE VONTADE:
 
* Expressa: manifestação de vontade clara, por meio de sinais, gestos, não necessariamente escrita, não podendo deixar dúvidas.
* Tácita: nesse caso, da atitude da parte se deduz a vontade. Ex: um táxi estacionado em seu ponto ou próximo a eventos. De tal atitude, se deduz que ele esteja disponível.
* Presumida ( ART. 539, ART. 1807 CC): aquela que decorre da lei. Ex: Financiamento. Quando o credor paga a última parcela, presume-se que houve a quitação da dívida, salvo se comprovado o contrário. 
Obs:
O Silêncio como manifestãção de Vontade -> Art 111 CC: O Silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Reserva Mental -> ART. 110 CC: A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
 
 
REQUISITOS DE VALIDADE
Art. 104 CC. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
 
Resto²
3) Elementos estruturais do negócio jurídico (Teoria de Pontes de Miranda)
 
a) Plano da existência do negócio jurídico (suporte fático no negócio jurídico). 
 
- Partes
- Vontade
- Objeto
- Forma.
OBS: o CC não adotou expressamente o plano da existência, sendo certo que o artigo 104 do CC trata do plano de validade dos negócios jurídicos.
 
b) Plano da validade (artigo 104 do CC)
 
- Partes capazes
- Vontade livre (ausência de vício)
- Objeto lícito, possível, determinado ou determinável
- Forma prescrita e não defesa em lei
 
OBS1: a invalidade pode acarretar a nulidade (nulidade absoluta) ou anulabilidade (nulidade relativa).
OBS2: a invalidade pode ser parcial ou total. Consoante o artigo 184 do CC, respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável (princípio da conservação dos negócios jurídicos). Ademais, a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. Ex: cláusula penal.
 
c) Plano da eficácia (elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e deveres / efeitos gerados pelos negócios para as partes e os terceiros). Principais elementos:
 
- condição (evento futuro e incerto)
- termo (evento futuro e certo)
- encargo ou modo (ônus introduzido em ato de liberalidade). 
OBS: devem ser aplicadas as normas incidentes no momento da produção de seus efeitos.
 
4) Análise dos elementos do plano da validade
 
a) Agente capaz
- Artigo 105 do CC: “a incapacidade relativa de uma das partes
não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum” (questão de anulabilidade).
- Legitimação: capacidade especial para determinado ato.
 
b) Vontade livre: o consentimento pode ser expresso (escrito ou verbal) ou tácito (comportamento do negociante que importa em anuência).
 
- Questiona-se: o silêncio consiste em manifestação de vontade? Em regra, não (artigo 111 do CC: o silêncio, importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa).
 
- Artigo 112 do CC: nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem (teoria subjetiva dos contratos e negócios jurídicos: busca-se a real intenção das partes).
- Artigo 113 do CC: os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração (incidência do princípio da eticidade e da socialidade).
 
- Artigo 114 do CC: os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. Ex: fiança e doação.
OBS: os casos de vício de vontade (erro, dolo, coação, lesão e estado de perito) acarretam anulabilidade do negócio jurídico (nulidade relativa).
 
c) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável
 
- objeto deve ser lícito, sob pena de nulidade (artigo 166, inciso II, do CC).
 
- objeto deve ser possível fática (objeto não pode ser apropriado ou a prestação não pode ser cumprida no mundo fático) e juridicamente (lei veda o seu conteúdo). O artigo 106 do CC estabelece que a impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado (princípio da conservação do negócio jurídico).
 
- objeto determinado ou determinável (concentração)
 
d) Forma prescrita ou não defesa em lei (forma não proibida em lei): em regra, vigora o princípio da liberdade das formas (artigo 107 do CC). Para conferir maior certeza e segurança nas relações jurídicas, a lei exige determinadas solenidades e formalidades que devem ser observadas, sob pena de nulidade (artigo 166, incisos IV e V, do CC). Ex: artigos 108 e 109 do CC.
Prescrição e Decadência
- São institutos diferentes, não são sinônimos. 
- Tem em comum corresponder a interferência do tempo no direito, em nome de estabilidade nas relações jurídicas, porque a regra é que eu tenha prazo para ajuizar ação, se não houver ajuizamento dentro do prazo, eu perco o prazo, possibilitando segurança, não pode mais depois. 
- Há na lei exceções onde não há interferência do tempo no direito. Matéria que envolve ordem pública não tem prazo para propositura de ação, portanto não se fala de prescrição nem decadência (direito de personalidade, pedir anulação) 
- Os dois decorrem do tempo. 
 
 
CRITÉRIOS 
 
Prescrição - o tempo interfere na capacidade defensiva de um direito (mas não atinge o próprio direito) 
Exemplo: relação de débito/crédito. José emprestou dinheiro para Maria e Maria não pagou dentro do prazo. José deveria ter ajuizado uma ação de cobrança em determinado período de tempo, mas não o fez. Quando precisou, quis ajuizar a ação, mas não pode: perdeu o direito de cobrança (não o de receber)
 
Decadência - o tempo atinge o direito e por via oblíqua, o direito de defesa 
 
 
Prescrição - surgimento e violação do direito surgem em momentos diferentes. Emprestei em 2013, deveria ter pago em 2014 
 
Decadência - o direito surge no mesmo momento da violação. 
Exemplo: o direito da Maria de anular seu casamento com base na coação surge no próprio casamento. 
 
 
Prescrição - caráter patrimonial 
 
Decadência - caráter pessoal 
 
 
Prescrição - todas as hipóteses são previstas em lei 
 
Decadência - as hipóteses são previstas na lei e na vontade (decadência convencional)  
 
 
RENÚNCIA 
 
PRESCRIÇÃO - cabe renúncia (tenho direito a não pagar, mas pago) 
DECADÊNCIA - só cabe renúncia se a origem for convencional (vontade) 
 
*se a prescrição beneficia o incapaz, o juiz pode decretar prescrição de ofício. 
 
 
TIPO DE AÇÃO PROPOSTA 
 
*outro modo de distanciar prescrição e decadência 
 
Declaratória: declaração de paternidade (tempo não interfere). Não estão sujeitas a decadência e nem prescrição. Ação meramente declaratória não tem prazo. 
 
 
Declaratória constitutiva: desconstituição de casamento (tempo interfere decadência). As ações constitutivas, correspondentes aos direitos potestativos, possuem prazos decadenciais;
*direitos potestativos: o agente pode influir na esfera de interesses de terceiro, independentemente da vontade deste, p. ex., para anular um negócio jurídico.
A decadência está relacionada aos direitos que são objetos de ações constitutivas.
 
 
Declaratória condenatória: quero que me pague (prescrição). As ações condenatórias, correspondentes às pretensões, possuem prazos prescricionais. 
*pretensão: direitos sujeitos a uma obrigação.
 
 
PRESCRIÇÃO: causas que impedem, suspendem e interrompem a fluência do prazo 
 
DECADÊNCIA: não ocorre 
 
         Impedimento - obstáculo à fluência. O prazo não se inicia. 
         Suspensão - já está em curso. Ocorre uma situação prevista em lei que o suspende por um tempo e depois volta à contagem. 
        Interrupção - se o prazo será interrompido, está em curso. Se rompe, não voltará. Despreza-se o que passou e começa a contar de novo. 
Prescrição
É indicativo de que estamos diante de prazo prescricional quando o tempo interfere na capacidade de defesa do direito, em relação ao direito não interfere, direito continua existindo. 
 
Conclui-se que a prescrição afeta diretamente a pretensão de exigir a satisfação da obrigação e por via de consequência a ação, pois o lapso temporal, definido em lei não tem eficácia extintiva do direito, tendo em vista que o devedor pode pagar dívida prescrita, que passa a ser tida como obrigação natural.
 
O tempo que transcorre impede a pessoa de exigir seu direito, mas isso não tira seu direito de ter as coisas, ele só não pode cobrar, porque o prazo prescreveu. Mas a pessoa pode pagar a dívida, então o direito ainda existe. 
 
Momentos diferentes em relação à violação do direito e o surgimento do direito, indicativo de que estamos diante de um prazo prescricional. (Emprestou direito em 1917 que deveria ser devolvido em 1919 ele só pode propor ação em 1919) 
 
Prazo prescricional quando o direito for de caráter patrimonial.
 
Hipóteses de prescrição são todas previstas em lei. 
 
Renúncia: forma de extinção de direito, manifestação da falta de interesse. Quando se trata de prescrição, cabe renúncia (pessoa pode renunciar à prescrição) 
 
Prescrição é interferência do tempo no direito. Pessoa tem direito a não pagar, porque prescreveu, mas mesmo assim ela resolve pagar a dívida, então está renunciando seu direito de não pagar. 
 
Declaratória condenatória existe interferência do tempo na prescrição. (Pessoa quer ser paga e faz uma declaratória condenatória, quer que a pessoa seja condenada a pagar)
 
 
 
Prazo prescricional: pode impedir, pode suspender, pode interromper 
 
Causa que impede - obstáculo afluência do prazo, o prazo prescricional não terá início, porque existe um impedimento para que ele aconteça. Essas causas de impedimento estão na lei. 
 
Causa que suspende - prazo já está em curso, sobrevêm uma situação prevista na lei que suspende o prazo. Desaparecida hipótese de suspensão, volta, assim, continua contando o prazo. (Prazo de 2 anos, passados 8 meses o prazo suspendeu, se houver desaparecimento da causa suspensiva, considero o tempo que já passou e verifico o quanto falta, portanto, falta um ano e quatro meses) 
 
Causa de interrupção - se o prazo vai ser interrompido, significa que ele já está em curso, sobrevêm causa interruptiva, rompendo com o prazo. Na interrupção desprezamos período já transcorrido

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