Buscar

O METODO DE NEWTON

Prévia do material em texto

O ME´TODO DE NEWTON
O. P. Ferreira∗
20 de Marc¸o de 2012
Resumo
Nestas notas e´ apresentada uma ana´lise de convergeˆncia local para o me´todo de Newton baseada para
func¸o˜es reais. A ana´lise apresentada permite obter a melhor estimativa para o raio de convergeˆncia do
me´todo de Newton, assim como raio da maior bola onde se tem soluc¸a˜o u´nica.
1 Introduc¸a˜o
sec:int
O me´todo de Newton e sua variac¸o˜es sa˜o os mais eficientes me´todos conhecidos para resolver sistemas de
equac¸o˜es na˜o lineares, incluindo busca por mı´nimo local de func¸o˜es e muitas outras aplicac¸o˜es. Um das
mais importantes aplicac¸o˜es do me´todo de Newton e´ no desenvolvimento da teoria de algoritmos de tempo
polinomial em programac¸a˜o convexa, veja Nesterov and Nemirovskii [6]. Ale´m das suas aplicac¸o˜es pra´ticas,
o me´todo de Newton e´ tambe´m uma ferramenta teo´rica poderosa tendo um vasto domı´nio de aplicac¸o˜es em
matema´tica pura, veja Blum, Cucker, Shub and Smale [1], Krantz and Parks [3], Moser [4], Nash [5] and
Wayne [10]. Uma perspectiva histo´rica recente das aplicaco˜es do me´todo de Newton pode ser encontrada
em Polyak [7].
A convergeˆncia do me´todo de Newton pode falhar, ou mesmo deixar de gerar uma sequeˆncia infinita
quando um ponto singular da derivada e´ encontrado. Para assegurar convergeˆncia do me´todo para uma
soluc¸a˜o da equac¸a˜o na˜o-linear, algumas condic¸o˜es devem ser impostas a func¸a˜o que define esta equac¸a˜o.
Por exemplo, a ana´lise de convergeˆncia local cla´ssica do me´todo requer que o ponto inicial esteja suficiente
pro´ximo da soluc¸a˜o e que a derivada da func¸a˜o na˜o-linear, que define a equac¸a˜o, deve ser na˜o singular
na soluc¸a˜o. Ale´m disso, continuidade Lipschitz da derivada e´ assumida, veja por exemplo, Dennis and
Schnabel [2] and Traub and Wozniakowski [9]. O problema da ana´lise de convergeˆncia local e´ que a soluc¸a˜o
deve ser conhecida ou dada a priori. Por outro lado, ele tem a vantagem de dar o maior intevalo de
convergeˆncia com respeito a constante de Lipschitz, see Rall [8], Traub and Wozniakowski [9].
2 O Me´todo de Newton
lkant
A ide´ia ba´sica do me´todo de Newton, para encontrar um zero de uma func¸a˜o diferencia´vel na˜o-linear, e´
bastante simples. Ela consiste em aproximar o zero da func¸a˜o na˜o liner por zeros de aproximac¸o˜es lineares
sucessivas em uma vizinhanc¸a apropriada. Mais precisamente, queremos resolver a equac¸a˜o
F (x) = 0, x ∈ I,
∗IME/UFG, Campus II- Caixa Postal 131, CEP 74001-970 - Goiaˆnia, GO, Brazil (E-mail:orizon@mat.ufg.br).
1
onde I ⊂ R e´ um intervalo aberto e f : I → Rn e´ uma func¸a˜o continuamente diferencia´vel na˜o-linear.
Comec¸amos com um ponto inicial x0 ∈ I, e constru´ımos a aproximac¸a˜o linear de F neste ponto, isto e´,
f(x) ≈ f(x0) + f ′(x0)(x− x0).
Enta˜o ao inve´s de resolver a equac¸a˜o na˜o-linear F (x) = 0, resolvemos a equac¸a˜o linear
f(x0) + f
′(x0)(x− x0) = 0.
Se a derivada F ′(x0) for na˜o-singular a equac¸a˜o linear acima tem uma u´nica soluc¸a˜o, digamos
x1 = x0 − f(x0)/f ′(x0).
Note que x1 pode ou na˜o pertencer a I, ou ainda, f
′(x1) pode ser singular. Para assegurar que o procedimento
possa ser repetido, precisamos de hipo´teses adequadas sobre f e o ponto inicial x0. Suponhamos, por um
momento, que o processo possa ser repetido indefinidamente, isto e´, x1 ∈ I e f ′(x1) e´ na˜o-singular e assim
sucessivamente. Portanto, podemos definir uma sequ¨eˆncia {xk} contida em I dada por
xk+1 = xk − f(xk)/f ′(xk), k = 0, 1, . . . . (1) eq:DNM
ainda assim na˜o temos a garantia de convergeˆncia da sequeˆncia {xk} para um zero de f . Novamente,
necessitamos de hipo´teses adequadas sobre f e o ponto inicial x0 para garantir convergeˆncia (quadra´tica) da
sequ¨eˆncia para um zero de f .
r:con Observac¸a˜o 1. Suponhamos que I ⊂ R seja um conjuto aberto e f : I¯ → R e´ uma func¸a˜o diferencia´vel em
I e cont´ınua em I¯ o fecho de I. Se {xk} esta´ bem definida (xk ∈ I e f ′(xk) 6= 0 ∀ k), converge para algum
x∗ ∈ I¯ e {f ′(xk)} e´ limitada, enta˜o f(x∗) = 0. De fato, de (1) temos
f(xk) + f
′(xk)(xk+1 − xk) = 0.
Tomando limite nesta equac¸a˜o, segue-se que f(x∗) = 0, pois {xk} ⊂ I, limk→∞ xk = x∗ ∈ I¯, f e´ cont´ınua
em I¯ e {f ′(xk)} e´ limitada. Em particular, sempre que f ′ for cont´ınua enta˜o {f ′(xk)} e´ limitada.
2.1 Exemplos
ex:0 Exemplo 1. Seja f : R → R dada por f(x) = x1/3. Sabemos que x = 0 e´ a u´nica ra´ız de f , que f e´ uma
func¸a˜o continuamente diferencia´vel em R/{0} e cont´ınua em R. Note que f ′(x) = (1/3)x−2/3 6= 0 se x 6= 0
e que para x0 6= 0 a sequeˆncia de Newton {xk} e´ dada por
xk+1 = −2xk , k = 0, 1, 2, . . . ,
ou equivalentemente,
xk = (−2)k x0 , k = 0, 1, 2, . . . .
Portanto, para todo ponto inicial x0 6= 0 temos que a sequeˆncia de Newton {xk} esta´ bem definida e na˜o
converge. Note ainda que limx→0 |f ′(x)| = +∞.
2
ex:0 Exemplo 2. Seja f : R → R dada por f(x) = x2/3. Sabemos que x = 0 e´ a u´nica ra´ız de f , que f e´ uma
func¸a˜o continuamente diferencia´vel em R/{0} e cont´ınua em R. Note que f ′(x) = (2/3)x−1/3 6= 0 se x 6= 0
e que para x0 6= 0 a sequeˆncia de Newton {xk} e´ dada por
xk+1 = −xk/2 , k = 0, 1, 2, . . . ,
ou equivalentemente,
xk = (−1/2)k x0 , k = 0, 1, 2, . . . .
Portanto, para todo ponto inicial x0 6= 0 temos que a sequeˆncia de Newton {xk} esta´ bem definida e converge.
Note ainda que limx→0 |f ′(x)| = +∞. Assim, a condic¸a˜o de limitac¸a˜o da derivada pro´ximo da ra´ız na
Observac¸a˜o 1 e´ apenas suficiente.
ex:1 Exemplo 3. Seja f : R → R dada por f(x) = x3. Sabemos que x = 0 e´ a u´nica ra´ız de f . Note que
f ′(x) = 3x2 6= 0 se x 6= 0 e que para x0 6= 0 a sequeˆncia de Newton {xk} e´ dada por
xk+1 =
2
3
xk , k = 0, 1, 2, . . . ,
ou equivalentemente,
xk = (2/3)
k x0 , k = 0, 1, 2, . . . .
Portanto, temos que independente da escolha do ponto inicial, a sequ¨eˆncia de Newton para resolver f(x) = 0
esta´ bem definida e converge para a u´nico zero da func¸a˜o, x∗ = 0. Neste caso, a taxa de convergeˆncia da
sequeˆncia {xk} e´ linear, como veremos, isto e´ devido ao fato que f ′(x∗) = 0.
ex:0 Exemplo 4. Seja f : R → R dada por f(x) = x5/3 + x. Sabemos que x = 0 e´ a u´nica ra´ız de f , que f e´
uma func¸a˜o continuamente diferencia´vel . Note que f ′(x) = (5/3)x2/3 + 1 6= 0 e que para x0 6= 0 a sequeˆncia
de Newton {xk} e´ dada por
xk+1 =
2
5
x
5/3
k
(5/3)x
2/3
k + 1
, k = 0, 1, 2, . . . ,
o que implica,
xk+1 ≤ 2
5
x
5/3
k =
[
2
5
x
2/3
k
]
xk , k = 0, 1, 2, .
Portanto, para todo ponto inicial x0 6= 0 temos que a sequeˆncia de Newton {xk} esta´ bem definida e converge
para a u´nico zero da func¸a˜o, x∗ = 0. Neste caso, a taxa de convergeˆncia da sequeˆncia {xk} e´ super-linear,
como veremos, isto e´ devido ao fato que limx→0 |f ′′(x)| = +∞.
ex:exitenewton Exemplo 5. Considere a func¸a˜o f : R→ R dada por f(x) = x/√1 + x2. Note que x = 0 e´ a u´nica zero de
f e que
f ′(x) =
1
(1 + x2)3/2
6= 0, ∀ x ∈ R.
Para todo ponto inicial x0 6= 0 temos que a sequ¨eˆncia de Newton {xk} esta´ bem definida e vale
xk+1 = −x3k, k = 0, 1, 2, . . . .
ou equivalentemente,
xk = (−1)k x3k0 , k = 0, 1, 2, . . . .
Assim e´ fa´cil concluir que:
3
i) se |x0| = 1, enta˜o a sequeˆncia de Newton {xk} oscila entre os valores 1 e −1;
ii) se |x0| < 1, enta˜o a sequeˆncia de Newton {xk} converge para x∗ = 0 com taxa cu´bica;
iii) se |x0| > 1, enta˜o a sequeˆncia de Newton {xk} diverge, isto e´, limk→∞ |xk| =∞.
Isto mostra que a escolha do ponto inicial e´ importante para garantir a convergeˆncia da sequeˆncia de Newton.
Se o ponto inicial na˜o for escolhido adequadamente a sequeˆncia de Newton pode oscilar ou divergir.
Exemplo 6. Considere a func¸a˜o f : (0,+∞) → R dada por f(x) = 1 − 1/x. Note que x∗ = 1 e´ o u´nico
zero de f e que f ′(x) = 1/x2 6= 0 para todo x ∈ (0,+∞). A sequeˆncia de Newton {xk} para encontrar uma
ra´ı da equac¸a˜of(x) = 0 e´ formalmente dada por
xk+1 = xk(2− xk), k = 0, 1, 2, . . . .
Neste caso, podemos verificar que:
i) se x0 ≥ 2, enta˜o x1 6∈ (0,+∞). Assim, a sequeˆncia de Newton na˜o esta´ bem definida. Neste caso, a
boa definic¸a˜o falhar porque o me´todo de Newton gera um ponto fora do dominio da func¸a˜o.
ii) se 0 < x0 < 2, enta˜o a sequeˆncia esta´ bem definida e converge para x∗ = 1.
Portanto, temos que a boa definic¸a˜o da sequeˆncia de Newton {xk}, bem como sua convergeˆncia, esta condi-
cionada ao ponto inicial ser tomado em um intevalo adquado.
Exemplo 7. Considere a func¸a˜o f : R → R dada por f(x) = x(x − 1)(x + 1) = x3 − x. Note que os zeros
de f sa˜o 0, 1 e −1. Observe que f ′(x) = 3x2 − 1 e a sequ¨eˆncia de Newton para encontrar uma zero de f e´
dada formalmente por
xk+1 =
2x3k
3x2k − 1
, k = 0, 1, 2, . . . .
Assim, podemos verifivar facilmente que:
i) se |x0| = 1/
√
5, enta˜o a sequeˆncia de Newton oscila entre 1/
√
5 e −1/√5;
ii) se |x0| = 1/2 , enta˜o a sequeˆncia de Newton e´ finita (converge!). Portanto, a sequeˆncia de Newton e´
finita (converge!);
iii) Para x0 = −0, 46544 . . ., isto e´, um zero do polinoˆmio p(x) = 2
√
3x3 − 3x2 + 1, temos que
1√
3
=
2x30
3x20 − 1
.
Neste caso, o me´todo de Newton gera o ponto x1 = 1/
√
3. Assim, o me´todo de Newton gera um ponto
singular da derivada, neste caso, a sequeˆncia de Newton na˜o esta bem definida.
Portanto, tomando |x0| = 1/2 temos que a sequeˆncia de Newton converge em um u´nico passo!. Agora
tomando x0 como sendo a ra´ız real do polinoˆmio q(x) = 2
√
3x3 + 3x2 − 1, teremos x1 = −1/
√
3 que e´ um
ponto singular da derivada. Isto mostra que a sequeˆncia de Newton pode na˜o estar bem definida com essa
escolha de x0.
4
2.2 Teoremas de Convergeˆncia Local do Me´todo de Newton
lkant
Nesta sec¸a˜o vamos estudar algumas propriedades de convergeˆncias do me´todo de Newton. Vamos mostrar
primeiro que sob certas hipo´teses o me´todo de Newton converge quando o ponto inicial esta pro´ximo a
soluc¸a˜o e enta˜o, sob hipo´teses adicionais, vamos estimar a raio de convergeˆncia do me´todo.
2.2.1 Teorema de Convergeˆncia Ba´sico
Nesta sec¸a˜o vamos mostrar que sob certas hipo´teses, existe um intervalo que conte´m a soluc¸a˜o tal que
tomando o ponto inicial neste intervalo o me´todo de Newton converge.
th:nlocII Theorema 1. Seja I um intervalo aberto, f : I → R uma func¸a˜o continuamente diferencia´vel e x∗ ∈ I.
Suponhamos que a derivada f ′ seja cont´ınua em x∗, f(x∗) = 0 e f ′(x∗) 6= 0. Enta˜o, existe δ > 0 tal
que a sequeˆncia gerada pelo me´todo de Newton para resolver a equac¸a˜o f(x) = 0, com ponto inicial x0 ∈
(x∗ − δ, x∗ + δ) ⊂ I,
xk+1 = xk − (f(xk)− y)/f ′(xk), k = 0, 1, . . . , (2) eq:dnsII
esta´ bem definida, esta´ contida em (x∗ − δ, x∗ + δ), converge para x∗ e vale
lim
k→∞
|xk+1 − x∗|
|xk − x∗| = 0.
Para provar o teorema acima precisaremos de alguns resultados.
eq:banach Lema 2. Seja κ := sup{t > 0 : (x∗ − t, x∗ + t) ⊂ I}. Se f ′ e´ cont´ınua em x∗ e f ′(x∗) 6= 0 enta˜o existe
0 < δ¯ < κ tal que para x ∈ (x∗ − δ¯, x∗ + δ¯) tem-se que f ′(x) 6= 0 e
1
|f ′(x)| <
2
|f ′(x∗)| .
Demonstrac¸a˜o. Como f ′ e´ cont´ınua em x∗ e pela definic¸a˜o de continuidade, dado ε > 0 existe 0 < δ¯ < κ tal
que |x− x∗| < δ¯ implica em |f ′(x)− f ′(x∗)| < ε. Assim, considerando ε = |f ′(x∗)|/2 e usando propriedades
do mo´dulo, temos
||f ′(x)| − |f ′(x∗)|| ≤ |f ′(x)− f ′(x∗)| < |f
′(x∗)|
2
.
Apo´s algumas manipulac¸o˜es alge´bicas simples na desigualdade acima e´ fa´cil ver que
|f ′(x∗)|
2
< |f ′(x)|,
o que implica f ′(x) 6= 0. Como a desigualdade anterior e´ equivalente a desigualdade desejada, o lema esta
provado.
O Lema 2 garante que f ′ 6= 0 no intervalo (x∗ − δ¯, x∗ + δ¯) e assim obtemos a boa definic¸a˜o da func¸a˜o
iterac¸a˜o de nf Newton neste intervalo
nf : (x∗ − δ¯, x∗ + δ¯) → R
x 7→ x− f(x)/f ′(x). (3) NF0II
5
le:bd Lema 3. Seja nf como definido em (3). Enta˜o nf e´ deriva´vel em x∗ e n′f (x∗) = 0. Ale´m disso, dado
0 < β < 1, existe 0 < δ < δ¯ tal que
|nf (x)− nf (x∗)| < β|x− x∗|, ∀ x ∈ (x∗ − δ, x∗ + δ). (4) eq:bd
Como consequeˆncia,
nf ((x∗ − δ, x∗ + δ)) ⊂ (x∗ − δ, x∗ + δ).
Demonstrac¸a˜o. Seja 0 < δ¯ como no Lema 2. Enta˜o usando a hipo´tese f(x∗) = 0, a definic¸a˜o da func¸a˜o
iterac¸a˜o de Newton e nf (x∗) = x∗, e´ fa´cil ver que
nf (x)− nf (x∗)
x− x∗ =
1
f ′(x)
[
f ′(x)−
(
f(x)− f(x∗)
x− x∗
)]
, ∀ x ∈ (x∗ − δ¯, x∗ + δ¯), x 6= x∗.
Tomando limite na igualdade acima com x tendendo a x∗ e considerando que f ′ e´ cont´ınua em x∗ e f ′(x∗) 6= 0
conclu´ımos que
lim
x→x∗
nf (x)− nf (x∗)
x− x∗ = 0.
que e´ o resultado desejado da primeira parte do lema. Para demonstrar a inclusa˜o, primeiro fixe 0 < β < 1.
Assim, segue da igualdade acima que existe 0 < δ < δ¯ tal que
|nf (x)− nf (x∗)|
|x− x∗| < β, ∀ x ∈ R; |x− x∗| < δ,
o que e´ equivalentemente a (4). Agora, como nf (x∗) = x∗, 0 < β < 1, a desigualdade (4) implica que
|nf (x)− x∗| < δ para todo x ∈ R tal que |x− x∗| < δ, o que nos da´ a inclusa˜o desejada.
Prova do Teorema 1
Agora ja´ temos todos os resultados necessa´rios para demonstrar o Teorema 1. Primeiro note que a
sequeˆncia de Newton {xk} descrita em (2) pode, via a definic¸a˜o (3), ser escrita equivalentemente na forma
xk+1 = nf (xk), k = 0, 1, . . . . (5) eq:dnsII_1
Demonstrac¸a˜o. Seja 0 < β < 1 e δ > 0 como no Lema 3. Como nf (x∗) = x∗, segue do Lema 3 que
|nf (x)− x∗| < β|x− x∗|, ∀ x ∈ (x∗ − δ, x∗ + δ). (6) eq:bd1
Seja x0 ∈ (x∗ − δ, x∗ + δ). Segue imediatamente da inclusa˜o no Lema 3 que a sequeˆnia xk+1 = nf (xk) com
ponto inicial x0 esta´ bem definida e esta´ contida no intervalo (x∗ − δ, x∗ + δ). Para provar que a sequeˆncia
{xk} converge para x∗, vamos primeiro mostra por induc¸a˜o a seguinte desigualdade:
|xk − x∗| < βk|x0 − x∗|, k = 0, 1, . . . . (7) eq:csII
Vamos mostrar que a desigualdade e´ va´lida para k = 1. Usando a definic¸a˜o (3) temos x1 = nf (x0). Assim,
como nf (x∗) = x∗, segue do Lema 3 que
|x1 − x∗| < β|x0 − x∗|.
6
Agora suponhamos que (7) e´ va´lida. Usando a definic¸a˜o (3) temos xk+1 = nf (xk). Assim, como nf (x∗) = x∗
e xk ∈ (x∗ − δ, x∗ + δ), segue novamente do Lema 3 que
|xk+1 − x∗| < β|xk − x∗|,
e enta˜o, usando a hipo´tese de induc¸a˜o, a desigualdade acima se reduz a
|xk+1 − x∗| < βk+1|x0 − x∗|,
o que conclui a prova por induc¸a˜o. Portanto, como 0 < β < 1 tomando limite em (7) com k tendendo a
infinito, conclu´ımos que {xk} converge para x∗.
Para provar u´ltima igualdade, primeiro note que o Lema 3 nos fornece |n′f (x∗)| = 0. Como {xk} converge
para x∗ quando k tende ao infinito, conclu´ımos
lim
k→∞
|nf (xk)− nf (x∗)|
|xk − x∗| = 0,
que e´ equivalente a desigualdade desejada. A u´tlima afrimac¸a˜o do Teorema segue do Lema
2.2.2 Teorema de Convergeˆncia Sob a Condic¸a˜o Lipschitz
Nesta sec¸a˜o vamos mostrar que adicionando hipo´teses a derivada do func¸a˜o na˜o linear podemos estimar
o intervalo de conergeˆncia do me´todo de Newton. A otimalidade do intervalo de convergeˆncia do Me´todo
de Newton, contidos no pro´ximo teorema, foram formulados a partir dos artigos Rall [8] and Traub and
Wozniakowski [9].
th:nloc Theorema 4. Sejam I ⊂ R um intervalo aberto e f : I → R e x∗ ∈ I. Suponha que f e´ continuamente
diferencia´vel em I, f ′(x∗) na˜o-singular, f(x∗) = 0 e existe K > 0 tal que
|f ′(x∗)−1[f ′(x)− f ′(y)]| ≤ K|x− y|, ∀ x, y ∈ I. (8) eq:lip1
Sejam κ := sup{t > 0 : (x∗ − t, x∗ + t) ⊂ I} e r := min{κ, 2/(3K)}. Enta˜o, a sequeˆncia gerada pelo me´todo
de Newton para resolver f(x) = 0 com ponto inicial x0 ∈ (x∗ − r, x∗ + r),
xk+1 = xk − f(xk)/f ′(xk), k = 0, 1, . . . , (9) eq:dns
esta bem definida, esta contida em (x∗ − r, x∗ + r), converge para x∗ e vale
|x∗ − xk+1| ≤ K
2(1−K|x0 − x∗|) |xk − x∗|
2, k = 0, 1, . . .
Ale´m disso, o ponto x∗ e´ o u´nico zero de f no intervalo(x∗ − 2/K, x∗ + 2/K) e se 2/(3K) < κ enta˜o
(x∗ − 2/(3K), x∗ + 2/(3K)) e´ o maior intervalo de convergeˆncia poss´ıvel.
Observac¸a˜o 2. Como ‖x∗ − x0‖ < 2/(3K) a u´ltima equac¸a˜o no Theorem 4 implica que
|x∗ − xk+1| ≤ [3K/2]|xk − x∗|2, k = 0, 1, . . .
A partir desta equac¸a˜o podemos mostrar, por induc¸a˜o, que
|x∗ − xk| ≤ [2/(3K)] ([3K/2] |x0 − x∗|)2
k
, k = 0, 1, . . . .
Esta desigualdade implica, em particular, que para dobrar o nu´mero de d´ıgitos exatos basta aplicar uma
iterac¸a˜o de Newton.
7
Observac¸a˜o 3. Se a func¸a˜o f : Ω→ R satisfaz a cla´ssica condic¸a˜o de Lipschitz para a derivada
|f ′(x)− f ′(y)| ≤ L|x− y|, x, y ∈ I,
onde L > 0. Enta˜o ela tambe´m satisfaz (8) com K = L|f ′(x∗)−1|. Neste caso, o raio de convergeˆncia do
me´todo de Newton e´ r = 2/(3L|f ′(x∗)−1|). Note que, se f : Ω→ R e´ duas vezes deriva´vel enta˜o a condic¸a˜o
Lipschitz e´ equivalente a derivada segunda ser limitada. Assim, o Exemplo 4 mostra que e´ razoa´vel pedir que
f satisfac¸a a condic¸a˜o Lipschitz para se obter convergeˆncia quadra´tica.
Theorema 5. ( Teorema cla´ssico ) Sejam I ⊂ R um intervalo aberto e f : I → R e x∗ ∈ I. Suponha que fth:nloc2
e´ continuamente diferencia´vel em Ω, f ′(x∗) na˜o-singular, f(x∗) = 0 e existe L > 0 tal que
|f ′(x)− f ′(y)| ≤ L|x− y|, ∀ x, y ∈ I. (10) eq:lip2
Sejam
κ := sup{t > 0 : (x∗ − t, x∗ + t) ⊂ I}, r := min
{
κ,
2|f ′(x∗)|
3L
}
.
Enta˜o, a sequeˆncia {xk} gerada pelo me´todo de Newton para resolver a equac¸a˜o f(x) = 0, com ponto inicial
x0 ∈ (x∗ − r, x∗ + r),
xk+1 = xk − f(xk)/f ′(xk), k = 0, 1, . . . , (11) eq:dns
esta bem definida, esta contida em (x∗ − r, x∗ + r), converge para x∗ e vale
|x∗ − xk+1| ≤ L
2 (|f ′(x∗)| − L|x0 − x∗|) |xk − x∗|
2, k = 0, 1, . . . .
Para provar o teorema acima precisamos de alguns resultados preliminares. De agora em diante vamos
assumir que todas as hipo´teses do teorema sa˜o va´lidas.
wdns Lema 6. Seja x ∈ I. Se x ∈ (x∗ − 1/K, x∗ + 1/K), enta˜o f ′(x) 6= 0 e∣∣∣∣f(x∗)f ′(x)
∣∣∣∣ ≤ 11−K|x− x∗| .
Em particular, f ′(x) 6= 0 para todo x ∈ (x∗ − r, x∗ + r).
Demonstrac¸a˜o. Seja x ∈ Ω. Como |x− x∗| < 1/K temos de (8) que
|f ′(x)/f ′(x∗)− 1| = |f ′(x∗)−1[f ′(x)− f ′(x∗)]| ≤ K|x− x∗| < 1.
Enta˜o, a u´ltima desiqualdade implica que f ′(x∗)−1f ′(x) 6= 0, e assim f ′(x) 6= 0, e vale
|f ′(x)−1f ′(x∗)| ≤ 1
1− |f ′(x∗)−1f ′(x)− 1| ≤
1
1−K|x− x∗|
Como r ≤ 2/(3K) < 1/K a u´ltima afirmac¸a˜o do lema segue-se.
pr:taylor Lema 7. Se x ∈ (x∗ − κ, x∗ + κ), enta˜o vale
|f ′(x∗)−1(f(y)− [f(x) + f ′(x)(y − x)])| ≤ K
2
|x− y|2.
8
Demonstrac¸a˜o. Note que x∗ + (1− u)(x− x∗) ∈ (x∗ − κ, x∗ + κ), para 0 ≤ u ≤ 1. Como f e´ continuamente
diferencia´vel em I, temos
f ′(x∗)−1[f(y)− f(x)− f ′(x)(y − x)] ≤
∫ 1
0
f ′(x∗)−1 [f ′(x)− f ′(y + (1− u)(x− y))] ‖x− y‖ du.
E´ fa´cil concluir a partir da u´ltima equac¸a˜o e da hipo´tese (8) que
|f ′(x∗)−1(f(y)− [f(x) + f ′(x)(y − x)])| ≤
∫ 1
0
K|x− x∗|2 u du.
Calculando a integral obtemos o resultado desejado.
O Lemma 6 garante na˜o-singularidade de f ′ em (x∗ − r, x∗ + r) e assim boa definic¸a˜o da applicac¸a˜o
iterac¸a˜o de Newton nf nesta regia˜o
nf : (x∗ − r, x∗ + r) → R
x 7→ x− f(x)/f ′(x). (12) NF
Note que podemos aplicar uma iterac¸a˜o de Newton em qualquer x ∈ (x∗− r, x∗+ r) para obter nf (x) o qual
pode ou na˜o pertencer ao intervalo (x∗ − r, x∗ + r), ou ainda, pode na˜o pertencer ao domı´nio de f . Assim,
isto e´ suficiente apenas para garanir boa definic¸a˜o de apenas uma iterac¸a˜o. Para assegurar que a iterac¸a˜o de
Newton possa ser repetida indefinidamente, precisamos de mais alguns resultados adicionais.
le:cl Lema 8. Seja x ∈ I. Se x ∈ (x∗ − r, x∗ + r) enta˜o
|nf (x)− x∗| ≤ K
2(1−K|x− x∗|) |x− x∗|
2 < |x− x∗|.
Em particular, nf ((x∗ − r, x∗ + r)) ⊂ (x∗ − r, x∗ + r).
Demonstrac¸a˜o. Como r < 1/K, o Lema 6 implica que f ′(x) e´ na˜o-singular. Enta˜o, como f(x∗) = 0 algumas
manipulac¸o˜es implicam
x∗ − nf (x) = −f ′(x)−1 [f(x∗)− f(x)− f ′(x)(x∗ − x)] ,
Combinando a equac¸a˜o acima, Lema 6 e Lema 7 obtemos
|x∗ − nf (x)| ≤ | − f ′(x)−1f ′(x∗)| |f ′(x∗)−1[f(x∗)− f(x)− f ′(x)(x∗ − x)]| ≤ K|x− x∗|
2/2
1−K|x− x∗| .
que e´ a primeira desigualdade. Agora, como |x − x∗| < r ≤ 2/(3K) obtemos imediatamente a u´ltima
desigualdade. A u´tima afirmac¸a˜o e´ imediata da u´ltima desiguialdade.
l:uniq Lema 9. O ponto x∗ e´ o u´nico zero de f no intervalo (x∗ − 2/K, x∗ + 2/K).
Demonstrac¸a˜o. Suponhamos que f(y) = 0 e |y − x∗| < 2/K. Como f(x∗) = 0 e F (y) = 0 temos
y − x∗ = −
∫ 1
0
f ′(x∗)−1 [f ′(x∗ + u(y − x∗))− f ′(x∗)] (y − x∗)du.
9
Usando (8) com x = x∗ + u(y − x∗) e y = x∗ e´ fa´cil concluir da u´ltima igualdade que
|y − x∗| ≤
∫ 1
0
K|y − x∗|2u du = K
2
|y − x∗|2.
Se y 6= x∗, enta˜o obtemos da u´ltima desigualdade que 2/K ≤ |y − x∗| o que e´ absurdo. Portanto, y = x∗ e
assim x∗ e´ o u´nico zero de f no intervalo (x∗ − 2/K, x∗ + 2/K).
l:best Lema 10. Se 2/(3K) < κ, enta˜o r = 2/(3K) e´ o maior raio de convergeˆncia poss´ıvel.
Demonstrac¸a˜o. Suponhamos que 2/(3K) < κ. Defina a func¸a˜o h : (−κ, κ)→ R por
h(t) = −K
2
t2 − t, para t ∈ (−κ, 0], e h(t) = K
2
t2 − t, para t ∈ [0, κ). (13) eq:dh
Note que h(0) = 0, h′(t) = K|t| − 1 para t ∈ (−κ, κ). Enta˜o temos∣∣h′(0)−1 [h′(t)− h′(u)]∣∣ ≤ K| |t| − |u| | ≤ K|t− u|, t, u ∈ (−κ, κ).
Assim, f = h satisfaz todas as hipoo´teses do Theorem 4. Enta˜o como ρ < κ e´ suficiente mostrar que o
me´todo de Newton para resolver a equac¸a˜o h(t) = 0, com ponto inicial t0 = −2/(3K) na˜o converge. Pela
definic¸a˜o de h em (13) temos
t1 = −2/(3K)− h(−2/(3K))/h′(−2/(3K)) = 2/(3K).
Novamente, a definic¸a˜o de h em (13) implica
t2 = 2/(3K)− h(2/(3K))/h′(2/(3K)) = −2/(3K).
Portanto, o me´todo de Newton para resolver a equac¸a˜o h(t) = 0, com ponto inicial t0 = −2/(3K), produz a
sequeˆncia
t0 = −2/(3K), t1 = 2/(3K), t2 = −2/(3K), . . . ,
em particular ela na˜o converge e o lema esta provado.
Prova do Teorema 4
Primeiro note que a equac¸a˜o (11) junto com (12) implicam that a sequeˆncia {xk} satisfaz
xk+1 = nf (xk), k = 0, 1, . . . , (14) NFS
que e´ de fato uma definic¸a˜o equivalente para esta sequeˆncia.
Demonstrac¸a˜o. Como x0 ∈ (x∗ − r, x∗ + r). Usando (14), inclusa˜o nf ((x∗ − r, x∗ + r)) ⊂ (x∗ − r, x∗ + r) do
Lema 8 e o Lema 6, concluimos que {xk} esta bem definita e contida na bola (x∗ − r, x∗ + r).
Agora vamos provar a convergeˆncia de {xk}. Primeiro note que, como {xk} esta contida na bola (x∗ −
r, x∗ + r), temos de (14) e Lema 8 que
|xk+1 − x∗| = |nf (xk)− x∗| < |xk − x∗|.
Assim, a sequeˆncia {|xk − x∗|} e´ estritamente decrescente. Enta˜o, tambe´m pelo Lema 8 temos que
|xk+1 − x∗| = |nf (xk)− x∗| ≤ K
2(1−K|xk − x∗|) |xk − x∗|
2 <
K
2(1−K|x0 − x∗|) |xk − x∗|
2, k = 0, 1, . . . .
10
Por outro lado, como |x0 − x∗| < r ≤ 2/(3K) temos da desigualdade acima que
|xk+1 − x∗| ≤ K|x0 − x∗|
2(1−K|x0 − x∗|) |xk − x∗|,
K
2(1−K|x0 − x∗|) < 1, k = 0, 1, . . . .
e isto mostra que a sequeˆncia {‖xk − x∗‖} converge para zero, isto e´, que {xk} converge para x∗. A u´ltima
parte do teorema segue do Lema 9 e Lema 10.
Refereˆncias
BCSS97 [1] Blum, L., Cucker, F. Shub, M. and Smale, S. Complexity and real computation, Springer-Verlag, New
York, (1997).
DS96 [2] Dennis, J. E. Jr., Schnabel, R. B., Numerical Methods for Unconstrained Optimization and Nonlinear
Equations, SIAM Classics in Applied Mathematics, Philadelphia, 1996.
KP02 [3] Krantz, S. G., Parks ,H. R., The implicit function theorem : history, theory, and applications, Boston,
Birkha¨user, (2002).
M61 [4] Moser, J., A new techniques for the construction of solutions of nonlinear differential equations, Proc.
Nat. Acad. sci. USA, 47 (1961), pp. 1824-1831.
N56 [5] Nash, J., The embedding problem for Riemannian manifolds, Ann. of Math. 63, (1956), pp. 20–63.
NN-94 [6] Nesterov, Y. and Nemirovskii, A. Interior-Point Polynomial Algorithmsin Convex Programming, SIAM
Studies in Applied Mathematics, 13, Philadelphia, (1994).
P04 [7] Polyak, B. T., Newton’s method and its use in optimization. To appear in European Journal of Opera-
tional Research (2006), doi:10.1016/j.ejor.2005.06.076.
r74 [8] Rall, L. B., A note on the convergence of Newton’s Method, SIAM J. Numer. Anal. 11, 1 (19974), pp.
34–36.
TW79 [9] Traub, J. F. and H. Wozniakowski, ,Convergence and complexity of Newton iteration for operator equa-
tion, Journal of the Association Computing Machinery, 26, 2 (1979), pp. 250 - 258.
W96 [10] Wayne, C. E., An introduction to KAM theory. Dynamical systems and probabilistic methods in partial
differential equation, Lectures in Appl. Math., 31, Amer. Math. Soc., Providence, 1996.
11

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes