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Resenha Introdução Piketty

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Resenha, 
Capítulo Introdutório
Livro: Thomas Piketty: O capital do Século XXI – Editora Intrínseca, 2014.
A análise da distribuição de riqueza é uma questão difícil e, deve ser analisada de forma organizada e, deve também, sobretudo ser um tema global, face as iniquidades ainda presentes. É o que sugere Piketty, em O capital do século XXI. Desse jeito, ele desmascara as concepções ideológicas sobre o tema, uma vez que maior parte das pesquisas foi realizada por especulações meramente teóricas e não sustentadas nos fatos.
Marx no século XXI sugeriu que o processo de acumulação do capital privado conduz inevitavelmente, uma concentração de riqueza em poucas mãos. As desigualdades começam a surgir quando a taxa de remuneração do capital (lucro) é superior ao crescimento da produção e da renda, como ocorreu no século XIX. A cultura de modo geral deste séc, deixou bem claro os padrões de vida associados diretamente à fortuna, o que traz à luz a estrutura de desigualdades. As pessoas que discernem, consegue deliberar o justo do injusto, o que tem poder e o subordinado. Deste modo, haverá um ponto de vista intrínseco, da questão da distribuição da riqueza o que consequentemente gera conflitos de natureza política. 
A questão da distribuição era central no berço da economia clássica na França e no Reino Unido por volta do século XIX. O advento da revolução industrial veio acompanhado de um êxodo rural, o que gerou um crescimento geográfico. A partir disto, Malthus (1798) ressaltou que a superpopulação era a maior ameaça, face ao problema de distribuição de riqueza, o que gerou a estagnação dos salários e, isso foi temido pelas classes europeias nos anos 1790, sem contar que defendia também o fim de benefícios assistências, pois fomentariam ainda mais o surgimento dos pobres e reproduziria o caos. A discussão da distribuição de riqueza não deve dissociar-se da política, ela não consegue escapar aos preconceitos e interesses da classe que dominava na época. 
Diante destas transformações ocorridas no século XIX, Ricardo e Marx defendiam a ideia de que apenas um grupo social deteria uma parte crescente da produção e da renda. Ricardo, apesar de não ter dados estatísticos, não foi impedido de buscar o conhecimento do capitalismo na sua época e tinha poucos preconceitos políticos. Foi influenciado pelo modelo de Malthus e, conseguiu ainda mais rebuscar o modelo deste de população: a terra fica cada vez mais escassa dada ao crescimento da população e da produção. Portanto, o preço da terra deveria subir continuamente. 
A partir disso eis o ponto chave: se o preço da terra (bem escasso) aumentasse (lei da oferta e demanda) o preço dela deveria subir, mas também os preços dos aluguéis pagos aos proprietários. Os donos da terra receberiam uma parte cada vez mais da renda nacional; e o restante da população uma parte cada vez menor, o que destruía o equilíbrio social, portanto, Ricardo previa a saída mais racional de um imposto crescente sobre a renda territorial. 
O principio de escassez é muito importante para a compreensão da distribuição mundial de riqueza do século XXI. A teoria da renda da terra, presumia o crescimento do preço da terra. Ricardo preconiza que os preços podem alcançar valores altíssimos ao longo de várias décadas. Isto é o suficiente para desestabilizar a sociedade inteira.O sistema de preços é fundamental para controlar as ações de vários indivíduos, seu problema é não conhecer os limites. Ademais, o mecanismo de oferta e demanda é capaz de equilibrar este processo. Esta interação não impede que ocorra uma divergência significativa e duradoura na distribuição de riqueza – eis a mensagem principal da fundamentação da escassez de Ricardo. 
Marx difere de Ricardo e Malthus, a cerca das teorias de população. Ele se preocupou com a miséria do proletariado graças a Revolução Industrial. Embora com o aumento da população dado ao êxodo rural, os proletariados se amontoaram em cortiços: uma nova miséria urbana foi criada. Não só por conta de tal êxodo, mas a exploração do proletariado, com longas horas de trabalho e salários baixos.
Embora com o crescimento econômico no Reino Unido e na França, os salários se estagnaram na agricultura, dado crescimento da população no século XVII, Foi preciso esperar até o último terço do séc. XIX, para observar um aumento significativo do poder de compra dos salários. Disto, trouxe certa repulsão a aristocracia e impulsionou a revolução Francesa. 
Contudo, posteriormente, Não houve, uma redução no nível de desigualdade, muito pelo contrário, a concentração de riqueza ficou ainda muito mais acentuada dada a Revolução Industrial.
Graças a esse contexto, surgiram os movimentos comunistas e socialistas, que questionavam para quê valia o desenvolvimento industrial alcançado, em detrimento das massas? Marx em, O Manifesto Comunista, problematizou essas consequências de longo prazo, que vieram com a revolução da indústria. A burguesia enfraqueceria seu próprio terreno, fomentaria sua própria queda e por fim o proletariado venceria.
Marx, empenhado em não só abordar as misérias do capitalismo, mas suas contradições, amparadas em um estudo cientifico dos processos econômicos procurando soluções para a problemática, procurou também se distanciar das concepções dos burgueses (liberais) e dos socialistas utópicos. Ele não deixou de partir do modelo Ricardiano de determinação do preço do capital e do principio de escassez, para deixar melhor sua análise. Num contexto em que o capital (industrial – máquinas, equipamentos...) e não apenas a terra, teria uma acumulação infinita.
Assim, chamou de principio de acumulação infinita – tendência inflexível do capital de se acumular e só se concentrar numa parcela relativamente pequena da população, ilimitadamente. Marx se empenhou em não ignorar essa realidade de desigualdade gerada, sobretudo pelo capitalismo em sua essência massacrante.
Marx observou que os salários se estagnaram e, em contrapartida o lucro só aumentava. A participação do capital no produto só crescia. Com a queda da taxa de lucro, aumentava indefinidamente o crescimento do capital no produto e, isso faria com que os operários se unissem.
Piketty, também dialoga com Kuznets – ele publicou um estudo empírico da desigualdade em 1953. Em linhas gerais, a redução da desigualdade estaria diretamente associada a competição e o progresso técnico e uma boa relação entre as classes. Posteriormente, Solow aponta a tendência a convergência. Por fim, os países reduzem e aumentam as desigualdades entre os anos, é preciso sobretudo desmascarar as razões dos empecilhos que permeiam a análise da distribuição de riqueza de forma correta.
REFERÊNCIAS:
PIKETTY, Thomas. O Capital do Século XXI, Editora Intrínseca 2014, pág. 11 a 45.

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