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História da EJA no Brasil

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*28/04/2011
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E EDUCAÇÃO POPULAR
PEDAGOGIA – TEREZA RENOU
AULA 2
Rio de Janeiro, agosto de 2011 
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Fundamentos da EJA e Educação Popular 
 
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Aula 2:Abordagem histórica da EJA no Brasil – Anos 40/50/60
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Hoje veremos o processo histórico de surgimento e fortalecimento da Educação de Adultos da segunda metade do século XX no país. Identificar os determinantes políticos e pedagógicos que delinearam a EJA no Brasil em dois períodos históricos específicos. 
1º momento: estudar as determinações internacionais em prol da educação de adultos dos anos de 1940 e as Campanhas de Educação desenvolvidas no Brasil nas décadas de 40 e 50. 
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2º momento: os anos de 1960, período marcado por iniciativas e ações educacionais no campo dos movimentos sociais de base. As experiências em alfabetização popular tinham como referencial político, filosófico e metodológico os princípios educativos do educador brasileiro Paulo Freire. 
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Aula 2:Abordagem histórica da EJA no Brasil – Anos 40/50/60
PERÍODO COLONIAL  religiosos católicos (jesuítas) já exerciam ação educativa missionária com adultos.
IMPÉRIO  A Constituição Brasileira de 1824 formalizou a garantia de uma “instrução primária para todos os cidadãos”.
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 Mesmo com a garantia na lei maior, pouco ou quase nada foi realizado nesse período. A escravidão, as relações de trabalho pautadas na exploração e a concepção liberal-burguesa de cidadania que privilegiava apenas as elites econômicas impediam ações mais efetivas no campo da EJA.
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Os anos de 1940 e 1950 podem ser delimitados como o momento específico onde a EJA começa a se considerada como uma necessidade societária significativa no cenário internacional e nacional. 
1. Cenário Internacional 
2. Cenário Nacional 
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O contexto econômico e político que o país atravessava naquele momento explicava a força que as campanhas de EJA passaram a ter: 
a formação de uma mão-de-obra mais qualificada para a então emergente indústria nacional;
com a redemocratização do país (fim do Estado Novo), havia a necessidade de ampliação das bases eleitorais dos partidos políticos (analfabetos não votavam);
o intenso êxodo rural acarretava a necessidade de integração dos migrantes aos centros urbanos.
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... Portanto, devemos considerar o início de uma política oficial de EJA, nesse período, como um fenômeno diretamente vinculado às necessidades daquele momento. 
Assim, teremos pela primeira vez em nossa legislação, o reconhecimento do dever do Estado e do direito do cidadão a educação. A Constituição de 1934 fixa um Plano Nacional de Educação e aponta como responsabilidade do Estado o ensino primário, inclusive aos adultos (artigo 150), estendendo para essa faixa etária o ensino presencial e gratuito. 
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1942  Fundo Nacional de Ensino Primário
prevendo o alargamento da rede de educação popular, incluindo o ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos. Cresce, assim, por parte dos dirigentes da nação a visão do analfabetismo das grandes massas de adultos como um problema nacional. 
Com o fim do Estado Novo, o país passa a educar os jovens e adultos da classe trabalhadora, tanto no que tange à alfabetização, através das campanhas nacionais de alfabetização e educação básica, quanto no que se refere à qualificação profissional, sendo, neste último caso, a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) o exemplo mais significativo. 
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1947  Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), criada pelo Ministério da Educação e Saúde, constitui-se na primeira política pública nacional oferecida a população brasileira não escolarizada. 
Em 1952, foi criada a Campanha Nacional de Educação Rural (CNER). Mesmo com essas iniciativas, a visão estigamtizadora de nossos governantes para a população não escolarizada se mantinha. 
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Tais Campanhas tinham um caráter profilático, onde o analfabetismo era considerado uma “doença” e o analfabeto era visto como incapaz e despreparado para o Brasil moderno que estava sendo gestado pelas nossas elites. 
A primeira Campanha durou até 1963 e teve seu período áureo entre 1947 e 1953. A partir de 1954, iniciou-se seu declínio, até que, em julho de 1958, foi realizado, no Rio de Janeiro, o 2º Congresso Nacional de Adultos, que ficou marcado pelo discurso recorrente de segmentos oficiais sobre o fracasso da campanha.
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Organizações da sociedade civil reclamavam da concepção dos educadores e gestores de tais campanhas, que consideravam o adulto analfabeto como incapaz; criticavam, ainda, o seu caráter eleitoreiro, já que alfabetização em massa era a possibilidade real de uma formação para o jogo eleitoral do período e para o aumento do número de eleitores. 
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 Abordagem histórica da EJA no Brasil: os anos de 1960
O início dos anos de 1960 marca a emergência de novas idéias pedagógicas e a instauração de um paradigma educativo para a área. Esse processo de materializa quando uma série de iniciativas oficiais e não oficiais ganham projeção no cenário nacional da educação de adultos. 
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No Nordeste brasileiro, nesse período, tais iniciativas, ancoradas pelos escritos de Paulo Freire, passam a relacionar a questão do analfabetismo à situação de miséria a que estava submetida grande parte da população brasileira. Por esse paradigma, educar é acima de tudo um ato político. 
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O 2º Congresso Nacional de Educação de Adultos, realizado no Rio de Janeiro, ainda, em 1958, se torna o epicentro para o país desse debate e dessa nova concepção para a educação de adultos. A delegação de Pernambuco, da qual fazia parte Paulo Freire, defende, em seu relatório, que o problema do analfabetismo no Nordeste era um problema social, não um problema educacional. 
Na visão desses educadores, era a miséria da população que gerava o analfabetismo: ou se enfrentava a miséria da população ou não se conseguira enfrentar o analfabetismo de forma verdadeira e eficiente. 
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Temos como destaque, ainda, no cenário dos movimentos sociais em prol da educação de adultos as seguintes iniciativas no período:
 Os Centros Populares de Cultura (CPC), levados a cabo pela União Nacional dos Estudantes (UNE); 
 O Movimento de Cultura Popular (MCP) no Recife/PE com o apoio do governo de Miguel Arraes; 
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 A Campanha “De Pé no Chão também se Aprende a Ler”, da Secretaria de Educação de Natal/RN, entre 1961 e 1964; 
 E o Movimento de Educação de Base (MEB), desenvolvido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de 1961 a 1966.
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Essas experiências reuniam uma concepção de adultos que se comprometia a incorporações em suas propostas politico-pedagógicas das características socioculturais das classes populares. 
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Segundo Fávero (2004), esses movimentos significaram um salto qualitativo em relação às Campanhas das décadas de 40 e 50, representando um marco por terem inaugurado novas alternativas político-didático-pedagógicas
para a educação das classes populares. 
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Um dos movimentos sociais desse tipo de maior relevância foi O Movimento de Cultura Popular (MCP). Os MCP instituíram os círculos de cultura, que eram grupos populares que se reuniam com educadores nos Centros de Cultura. Foi num desses círculos, que teria surgido o paradigma que mais tarde influenciaria inúmeros projetos educativos desse período. 
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Considera-se que é no interior desse movimento que nasce o chamado “método de alfabetização” de Paulo Freire. Uma vez que os temas tratados nos círculos vinham de uma consulta aos grupos que estabeleciam quais seriam discutidos, cabendo aos educadores tratar a temática proposta pelo grupo. Estava posta a premissa do referencial freireano para a educação de adultos: o diálogo como princípio de uma educação voltada para a libertação. 
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Desse modo, à medida que a tradicional relevância do exercício do direito de todo cidadão de ter acesso aos conhecimentos universais uniu-se à ação conscientizadora e organizativa de grupos e atores sociais, a educação de adultos passou a ser reconhecida também como um poderoso instrumento de ação política. 
A principal característica dos movimentos da alfabetização de Jovens e Adultos era a influência do referencial freireano. 
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Para ele, a educação é o instrumento de análise crítica da realidade (leitura do mundo) e como ferramenta para transformação de estruturas sociais injustas. 
Muitas atividades de educação de adultos, desenvolvidas na época, não pretendiam mais se prestar a simples formação de um eleitorado acrítico.
Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.
Paulo Freire Educação na cidade, 1991
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No bojo da intensificação do debate político sobre os problemas nacionais e busca de rumos para a sociedade, as chamadas reformas de base (reforma agrária, urbana, eleitoral, bancária, educacional etc.) ganham caráter central. 
Nesse contexto é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases – Lei 4024/61, que reconhece a educação como direito de todos e ampliam-se assim as políticas públicas para a educação de jovens e adultos, destacando-se nesse momento, os exames de madureza, que possibilitavam a certificação para jovens e adultos não escolarizados. 
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Porém, com o Golpe Civil-Militar, todas as iniciativas governamentais e não-governamentais foram suspensas e muitos dos militantes do campo da educação de jovens e adultos foram presos ou exilados.
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