Buscar

Por um Renascimento Moçambicano- SILVIO ALMIRANTE

Prévia do material em texto

Sílvio Almirante 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por um Renascimento Moçambicano 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Pedagógica 
Nampula 
2013 
ii 
 
Sílvio Almirante 
 
 
 
 
 
 
 
Por um Renascimento Moçambicano 
 
 
 
 
Trabalho de investigação, a ser apresentado 
nas Jornadas Científicas, 2º Ano do Curso de 
Licenciatura em Ensino de Filosofia com 
Habilitações em História, Supervisionado 
pelo: 
dr. Jacó Braz 
 
 
 
 
Universidade Pedagógica 
Nampula 
2013 
iii 
 
Índice 
Lista de Abreviaturas ................................................................................................................ iv 
Declaração de Honra ................................................................................................................. v 
Dedicatória................................................................................................................................ vi 
Agradecimento......................................................................................................................... vii 
Resumo ................................................................................................................................... viii 
Introdução .................................................................................................................................. 8 
1. O Renascimento Africano ................................................................................................... 10 
1.1. A Problemática do Renascimento Africano ..................................................................... 10 
1.2. Apoio ao Renascimento Africano..................................................................................... 12 
1.3. Pioneiros da Emancipação Africana ................................................................................. 14 
1.3.1. Mondlane na luta pela Libertação e Emancipação da África ........................................ 14 
1.3.2. Nelson Mandela ............................................................................................................. 15 
1.3.3. Booker Washington e Du Bois ...................................................................................... 16 
1.3.4. Martin Luther King ........................................................................................................ 17 
1.4. Moçambique Deve Renascer ............................................................................................ 18 
Conclusão ................................................................................................................................ 21 
Bibliografia .............................................................................................................................. 22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
Lista de Abreviaturas 
FMI- Fundo Monetário Internacional 
FRELIMO- Frente de Libertação de Moçambique 
RENAMO- Resistência Nacional Moçambicana 
ONU- Organização das Nações Unidas 
UA- União Africana 
UNESCO- Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância 
UP- Universidade Pedagógica 
SADC - Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
v 
 
Declaração de honra 
 
Declaro que este trabalho é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu 
Supervisor, o seu conteúdo é original e todas fontes consultadas estão devidamente 
mencionadas no texto e na bibliografia final. 
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para a 
obtenção de qualquer grau académico. 
 
Nampula, aos 09 de Setembro de 2013 
_______________________________________ 
(Sílvio Almirante) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
 
Dedicatória 
 
 
 
 
 
 
 
À minha mãe, ao meu tio Basílio, ao meu irmão Eduardo, à minha filha Eclésia e à minha 
noiva Esmeralda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vii 
 
Agradecimento 
 
Vai um enorme agradecimento ao meu tio Basílio da Silva, ele que me apoia nos meus 
estudos. Expresso um agradecimento imenso à minha mãe Margarida da Silva e, todos aqueles 
que directa ou indirectamente estão criando esforços com vista a formar-me. 
Ao meu Supervisor, dr. Jacó Braz que acompanha todo meu processo de formação, além deste 
trabalho, bem como nas aulas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii 
 
Resumo 
 
África pode ser o continente do futuro. Para isso deve recusar os modelos de desenvolvimento 
Ocidental, promover a economia popular, reconhecer a sua riqueza étnica e apostar na cultura 
e na política. A semente do Renascimento Africano, em particular Moçambicano é a gente que 
conserva dentro de si as convicções do passado e vive os desafios de cada dia através da sua 
identidade e união. 
 
Os elementos-chave do Renascimento Africano são: o desenvolvimento económico do 
continente; a afirmação de sistemas políticos democráticos; a ruptura dos laços de 
dependência económica neocolonialista; a mobilização dos africanos para que se tornem 
obreiros da sua história e o rápido desenvolvimento de uma economia centrada nas pessoas. 
As boas intenções do meu lado, ao proclamar o renascimento moçambicano podem ser postas 
em questão. Contudo, é interessante notar que é a primeira vez que uso esta expressão, 
dizendo: Enxergamos um novo Moçambique que será democrático, pacífico, próspero, 
defensor dos direitos humanos e moçambicanos em particular. O renascimento moçambicano 
começou. 
 
Não podemos pensar num renascimento confinado a um crescimento económico na linha da 
globalização, seguindo técnicas e sistemas importados, por líderes que seguem os conselhos 
das Embaixadas Ocidentais. O futuro da África ou é construído pelos africanos ou não 
existirá. Em torno do Renascimento Moçambicano, Moçambique precisa de renascer para 
alcançar a unidade nacional, a solidariedade e a paz. No entanto, o que se deve prestar muita 
atenção neste conteúdo, são os modos como faremos renascer o país, quem devem ser os 
pioneiros neste contexto. É nesta perspectiva que se deve olhar a preocupação fundamental de 
resolver os conflitos internos e desafios sociais em prol do bem-estar da sociedade 
moçambicana. 
 
Palavras-chave: Renascimento Africano, Renascimento Moçambicano, Unidade Nacional, 
Paz, Solidariedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Introdução 
O Renascimento Africano surge no próprio continente africano, por protagonistas bastante 
diversificados: líderes políticos, homens de negócio, intelectuais e a sociedade civil.O termo 
foram cunhados pelo ex-presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, com o fim de solucionar 
os muitos problemas que assolam a África em busca da unidade. 
Este trabalho tem como objectivos: 
 
� Gerais: dar a conhecer como surge a problemática do renascimento africano; quais 
foram os pioneiros da emancipação africana e os objectivos preconizados por eles. 
� Específicos: mostrar a emergência que o país tem de renascer quanto mais cedo 
possível como forma de salvaguardar o Estado moçambicano bem como a vida dos 
cidadãos. Outrossim, mostrar que o renascimento do país é possível mediante uma 
tomada de consciência dos partidospolíticos. 
 
A génese da problemática do Renascimento Africano emerge na tentativa de dar respostas há 
algumas questões, tais como: Como libertar a própria África dos colonizadores? Como libertar 
a África do Apartheid? Como enquadrar o continente na inserção do discurso a nível 
internacional? Actualmente, será que África está unida? Estas e outras perguntas fizeram o 
aparecimento da problemática do renascimento africano. 
 
Dentro deste tema, aborda-se o dever de Moçambique renascer como forma de evitar a 
exclusão dos indivíduos na participação activa no alcance dos objectivos preconizados pelo 
Estado. Ora, os trágicos acontecimentos de Muxungue são um panorama de guerra fria. 
Portanto, a verdade, a justiça e o amor são os três ecos com os quais caminha a paz. Todavia, 
paz sem justiça, sem verdade ou sem amor, poderá significar simplesmente ausência de 
guerra, porém nunca será uma verdadeira paz. 
 
Para tornar mais compreensível este conteúdo, o método empregue para a realização do 
trabalho, consistiu em consultas bibliográficas e pequenas entrevistas com alguns Estudantes, 
cujo esforço foi coadjuvado por mim. A estrutura do trabalho obedecerá a seguinte ordem, 
introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliografia respectivamente. 
 
10 
 
1. O Renascimento Africano 
 
Renascimento é fazer reviver, fazer renascer. Renascimento será voltar as origens, nascimento 
de outra civilização, de outra cultura. Este renascimento vai representar um grandioso 
fenómeno de reviver, mas de forma espiritual. Renascimento seria a síntese do novo espírito 
com os antigos procedimentos do homem. 
 
Em Setembro de 1999 ocorreu em Joanesburgo a Conferência sobre o Renascimento Africano 
que acabou por produzir a obra African Renaissance de Mbeki.O Renascimento Africano é 
um conceito popularizado pelo ex-presidente da África do SulThabo Mbeki onde o povo 
africano e as nações são chamadas para solucionar os muitos problemas que assolam a África. 
Ela alcançou seu auge no final da década de 1990 mas continua sendo uma peça chave da 
agenda intelectual pós Apartheid. 
Assumindo o risco de incorrer em superficialidade, Renascimento Africano tem a mesma 
natureza que desenvolvimento africano, embora Renascimento guarde aspectos culturais, 
históricos e políticos singulares que não serão objecto desse texto. Para evitar dúvidas que 
surgem em explicações de conceitos políticos e salvaguardar a essência do termo, é 
perfeitamente possível afirmar que o substrato do Renascimento Africano é a conquista de 
melhor qualidade de vida aos africanos, a partir de projectos e planeamentos próprios, sem 
tutela. Uma Nova África está em pauta, no Continente e entre os movimentos sociais negros 
em toda diáspora (países que receberam africanos através do tráfico transatlântico e forte 
imigração em razão dos conflitos armados e da fome). 
1.1A Problemática do Renascimento Africano 
A problemática do renascimento África surge em como enquadrar o continente africano na 
inserção do discurso a nível internacional? Como libertar a própria África do apartheid? Qual 
é a identidade do africano? Como fazer parar os conflitos entre os africanos? Como aproveitar 
a riqueza africana? Entre outras pergunta referidas no prefácio deste trabalho. 
Segundo Cheik Anta Diop, "a problemática do Renascimento Africano é estruturado a partir 
de uma identidade cultural existente em que o seu sucesso depende da unidade política entre 
os Estados africanos" (ANTA DIOP apud NGOENHA: 1992: 87). 
11 
 
Como afirma Cheik Anta Diop (1959: 74), "há convicção das forças internas consequentes e 
uma crescente solidariedade internacional, além de elementos objectivos que sustentam a tese 
que atribui ao século XXI o século do Renascimento Africano, seguem": 
• Avanço da democracia. Está em curso um processo de alternância de poder com 
ascensão de forças democráticas, em razão do envelhecimento dos governantes golpistas, 
arbitrários e com interesses ligados aos impérios. Depuseram violentamente governos 
revolucionários que ascenderam ao poder com apoio popular, são co-responsáveis pela 
maioria dos conflitos que assolaram a África nos últimos trinta anos. Novos tempos e novos 
ares se avizinham na vida política africana. 
 
• Instituição da União Africana (UA) com a tarefa de constituir os Estados Unidos da 
África, de modo que o projecto preconiza que os cinquenta países diluirão em apenas um, uma 
nação forte. Esse processo está em estágio crescente de amadurecimento. Os africanos darão 
passos decisivos em 2010 na direcção desse desafio. Formalizarão inicialmente entre os 
países subsaarianos, a chamada África 0egra, visto que o enraizamento da cultura e 
interesses árabes no norte impede imediata unificação(CABRAL, 1976: 43). 
 
• "A Presença de líderes africanos comprometidos com o Renascimento Africano na 
direcção de todas as instituições multilaterais (O0U, U0ESCO, U0ICEF), de modo que o 
fortalecimento do multilateralismo joga água no moinho do Renascimento Africano, pois 
nesses espaços as lideranças buscam influenciar todas as resoluções importantes para as 
nações" (NKRUMAH, 1977: 87). 
 
• Forte presença do Estado no planeamento, fomento e execução do desenvolvimento. 
Trata-se de uma medida para blindar o acúmulo de experiências liberalizantes protagonizadas 
por interesses estrangeiros, além de não ceder o destino africano a exploração colonial 
imposta pelas transnacionais. 
 
• Formação de um corpo técnico qualificado. Em quinze anos se formará 
aproximadamente trinta milhões de africanos espalhados nas melhores universidades do 
planeta, concentrados maioritariamente em cursos tecnológicos. Há estimativa de um mínimo 
de 80% de repatriação. Essa experiência corresponde a uma necessidade orgânica da África e 
foi inspirada na experiência chinesa e indiana na formação de seus quadros. 
12 
 
 
• Exploração dos recursos naturais e agregação de valores para comercializar. É sabido 
que dos quarenta e oito minerais considerados estratégicos para o mundo industrializado, 
trinta e oito estão concentrado na África (petróleo, diamante, urânio, cobre, cobalto, etc.). Os 
africanos estão dispostos a aplicar todo conhecimento que tiveram acesso para transformar sua 
riqueza em melhores condições de vida para população, por isso é possível que questões que 
assegura exclusividade de uso e comércio de conhecimento seja relativizada por eles. 
 
1.2 Apoio ao Renascimento Africano 
 
Para o efectivo Renascimento Africano urge recuperar o património intelectual africano 
deixado e sua contribuição no desenvolvimento da história e da economia do mundo. Um 
povo não se desenvolve quando sua auto-estima está comprometida, por isso é importante 
enfrentar o desafio de superar o modo de pensar dominante, ou seja, descolonizar o 
pensamento dos povos dominados, relativizar ou romper com o eurocentrismo e valorizar as 
construções genuinamente africanas. 
 
Na fase de solidariedade devemos considerar que, além dos elementos objectivos que 
sustentarão o Renascimento Africano, há outros níveis de necessidades que exigirão 
solidariedade e cooperação das nações e povos: "A África será próspera e livre se a sociedade 
civil se fortalecer, criar mecanismos e instituições que promovam a participação popular nos 
rumos dos países, abolirem definitivamente por meios próprios" (Idem: 98). 
 
Devemos nos associar ao Renascimento Africano, somos beneficiários do bem mais precioso 
subtraído das terras africanas. Temos identidade comum e o tema se constitui em uma causa 
anti-imperialista. A África livre, próspera e altiva contradiz profundamente os interesses 
imperialistas. 
O Renascimento Africano trabalhacom a história, a cultura e a 
consciência como três elementos definidores do africano e inclui em sua 
pauta novo alcance: compromete-se com a posição da mulher nas 
sociedades africanas, releva a economia mundial e a globalização como 
assuntos de interesse e levanta a questão do distanciamento entre Estado e 
sociedade ao debater o envolvimento dos movimentos sociais com suas 
lideranças. Mbeki faz referência directa à identidade africana ao colocar 
como objectivos da Conferência, e por extensão do Renascimento, o 
convencimento de que o africano compartilha um mesmo destino (MBEKI, 
1999: 46). 
 
13 
 
 
Na opinião de Bernard Magubane1, escritor e professor de antropologia na África do Sul e nos 
Estados Unidos, o Renascimento Africano evoca a esperança de transformação do continente, 
em que este deve tratar de suas questões e problemas reais, com a finalidade de não cair no 
idealismo e no utilitarismo ao apropriar-se do Renascimento como ferramenta para 
enriquecimento individual de líderes não comprometidos com a causa africana. 
 
Sendo assim, ela deve tratar da violência, corrupção, dos resquícios coloniais e imperiais além 
de alterar a sua posição de exclusão e inferioridade no cenário internacional. Assumindo o 
pessimismo em sua análise, Magubane defende que a colonização europeia foi solucionada, 
mas não superada pelos africanos. O imperialismo continua no sentido de que os 
investimentos estrangeiros são totalmente revertidos ao exterior expropriando a África de suas 
riquezas. 
 
“A cultura africana e sua identidade também estão comprometidas segundo o autor uma vez 
que, assim como a história, a cultura tem sua base material nas forças produtivas e nos 
modos de produção. Enquanto a África ser dependente dos países imperialistas, seja somente 
no aspecto económico, o Renascimento Africano é um mito” (NKRUMAH: 1977: 91). 
Prah2 relembra que o renascimento africano não corresponde a um fenómeno novo, mas um 
movimento impulsionado por todas as gerações africanas. 
 
São, portanto, 3 as fases em que o sentimento de ressurgimento africano foi 
aclamado: na primeira, até a Primeira Guerra Mundial, tratava-se a 
unidade africana um ideal a ser conquistado com a ajuda e patrocínio 
ocidental; a segunda fase, já no século XX, consistiu pelo Pan-Africanismo 
e o contexto da colonização; a terceira fase, inaugurada pelo 
Renascimento Africano, se dá em momento em que o continente africano 
está marcado pela violência e guerras constantes, cuja dimensão não se viu 
anteriormente na história africana (PRAH apud MBEK, 1999: 54). 
 
 
A ideia doRenascimento Africano é a libertação da África do Sul do regime do apartheide a 
política exterior sul-africana depois de 1994. Em certa perspectiva, o Renascimento Africano 
incorpora valores centrais da luta anti-apartheid e da nova África do Sul que se 
transformaram em orientações da política exterior sul-africana e que a África do Sul exporta 
como receita para o resto da África. Mbeki "declarou repetidamente que a contribuição sul-
africana para o renascimento do continente africano seria a transformação, da própria 
 
1MAGUBANE apud MBEKI, (1999: 76) 
2KWESI PRAH, director do Centro de Estudos Avançados para Sociedade Africana localizada na África do Sul. 
14 
 
África do Sul, em um “democratic, no racial, no sexist, prosperous and peaceful African 
country" (MBEK apud BARREL, 2000: 33). 
 
O Renascimento Africano como doutrina da política exterior sul-africana não somente recorre 
à transição pacífica para a democracia na África do Sul como modelo para o continente, mas 
também transmite uma mensagem radical da libertação da África. 
 
1.3. Pioneiros da Emancipação Africana 
1.3.1.Mondlane na luta pela Libertação e Emancipação da África 
 
Eduardo Chivambo Modlane nasceu na aldeia de Cambane distrito de Manjacaze, província 
de Gaza. Morre assassinado em Dar-es-Salam (Tanzânia) no dia 3 de Fevereiro de 1969, com 
um livro armadilhado que nunca foi identificado os autores de crime. 
Modlane é oriundo de uma família de chefes tradicionais em Moçambique, ele faz pensar um 
nacionalismo veiculado pelos partidos adstritos ao poder das classes dominantes locas das 
colónias inglesas, a semelhança doslíderes do Congresso popular de norte de Nigéria. 
Enquanto intelectual representa a expressão da reacção por parte das elites intelectuais como 
Nkrumah, Kenyata, Yenrere, também fenómeno do mundo anglo-saxónico. A FRELIMO 
constitui como um caso único de nacionalismo no contexto das colónias portuguesas, visto 
que na sua origem ela nada tem do mundo latino. 
Assim é importante ter em conta se quisermos perceber a natureza e sentido das guerras 
dentro e fora dela que culminaram com a morte de Eduardo Mondlane. É nesta perspectiva 
que queremos chamar a atençãopara o facto de ganância, as ambições pessoas, os preconceitos 
étnicos, raciais e demais vícios de que enferma a raça humana por terem tido, para além das 
ideologias crenças e tradições intelectuais. Estes são critérios insuficientes para explicar o 
caso humano, toda via os homens agiram guiados apenas pelas essas ideias. 
Segundo Modlane apud Imalk (1998: 68) “a exploração económica e a privação dos direitos 
cívicos era definida em função da raça e da cor da pele ”. O marxismo tentou pôr de lado a 
questão da raça e contraindo assim a causa africana, que é uma causa de todos efeitos, 
balizados com as características raciais. Antes de a independência ser branco ou preto era algo 
muito relevante, pelo que a correcção desse erro, passa, necessariamente por equacionar e não 
por ignorar o problema. 
15 
 
Com ascensão de uma liderança mística e branca dentro da FRELIMO, a questão da raça 
tornou-se incomoda e devia ser combatida, assim como a questão da formação de uma elite 
africana facilmente na vista como uma ameaça para este grupo de indivíduos que a anos de 
colonização haviam criado condições favoráveis para que o seu estatuto nunca viesse posto 
em causa, assim os mestiços brancos na sua maior parte tinham uma instrução do nível 
secundário e frequentavam nas melhores escolas, universidade do país e do estrangeiro. Ao 
passo que os combatentes negros ocupavam os piores lugares da sociedade ideia essa que 
influenciou a incapacidade e inferioridade na mente dos africanos, que acabaria por tornar o 
colonialismo e neocolonialismo algo natural e uma questão de sobrevivência da raça negra. 
Com isto, não estamos a defender todos os que defendesse a necessidade da questão das elites 
locas fossem movidos por um ideal de serviço e fraternidade, mas apenas a reconhecer que 
uma luta de libertação que não passa-se por uma educação e preparação da população negra 
em vista a estabelecer o equilíbrio entre os povos. 
Nesta perspectiva remete-nos duas esferas distintas de Mondlane:uma a que tem a ver com o 
seu lado fraco e credível; e outra para a sua vocação filosófica.Mondlane é criticável no 
sentido de que o seu objectivo é centrado na libertação de Moçambique que não se copio de 
aceitar e incorporar apoios e contribuições que se vieram a se revelar contra producentes."Ao 
nível filosófico Mondlane defende o pragmatismo que é uma filosofia da tolerância e tão 
tolerante que acaba por tornar túneisos limites entre o aceitável e o inaceitável, tal como a 
sociologia e psicologia que tanto justificam os marginame criminosos, inadaptados 
socialmente que no limite se torna incapazes de reconhecer a necessidade de a sociedade de 
os responsáveis sociais uní-los e responsablizá-los pelos seus actos" (MONDLANE apud 
IMALK, 1998: 84). 
1.3.2. )elson Mandela 
 
Na sua obra intitulada "0ovo Caminho para a Liberdade" fez menção auma resposta política 
que não era um apelo judicial mas uma composição política. Mandela contempla a verdade 
primeira que permite ao homem afirmar aquilo que e certo no meio de todas tribulações. 
Segundo Mandela apud Imalque “certamente era preciso que as coisas se passassem assim, e 
eu creio que tudo esta certo: cumpri o meu dever para com o meu povo e para com a África 
do sulpelo mundo inteiro contra o direito do regime de apartheid condenado universalmente 
mas que para todos os efeitos visava um fim nobre, a conservação dum povo e duma nação 
minoritária, ameaçada pela maioria”. 
16 
 
Mandela apela mais a confiança no diálogo feito com fé na capacidade de o homem atingir a 
verdade com serenidade e esperança no futuro, confiança esta que permite o homem a rejeitar 
a tirania da opinião, do politicamente correcto, para usar uma linguagem dos nossos dias.Esta 
éexpressão de uma alma profundamente optimista, dum homem que chega ao fim da sua 
carreira com a consciência de dever cumprido que tanto falta, hoje em dia. Da defesa de 
Mandela uma frase pode também as para tais especulações. 
Mandela fez uma reminiscência, em épocas primitivas e mais universal conforme foi 
testemunhadoa justiça e verdade sem fanatismo nem prepotência. 
1.3.3. Booker Washington e Du Bois 
 Estes dois pensadores significam para nós dois modos diversos de pensar e encarar a mesma 
realidade. Em Booker Washington temos o exemplo duma resignação corajosa dos negros 
americanos, e de auto-submissão desses negros pelo trabalho manual. 
Em Du Bois, ao invés, temos a reacçãoanti-resignação ou anti-submissão, uma predisposição 
ao confronto julgado necessário entre o submissor e o submisso, o dominador e o dominado, 
em vista a harmonização das relações bilaterais. 
“A emancipação pode significar um progresso fantasmagórico, um autênticoretrocesso, do 
ponto de vista político dos direitos da cidadania, seja nas relações internas e externas”. (DU 
BOIS apud IMALK, 1998: 79). 
Nós podemos concordar com Booker Washington na sua proposta de sermos um só, nas 
coisas essenciais ao progresso com, porém as certas questões vão sempre permanecer. A 
modalidade de sermos um som é de sermos globalizados. O padrão de cooperação que nos 
poderá favorecer um progresso efectivo é um modelo de submissão que provou a indefinidade 
e concretização dos sonhos dos negros americanos, por outro lado, o quanto de forma de seres 
humanos (pois, perpetua os complexos de superioridade, nos e noutros). 
Assim podemos dizer que haverá uma possibilidade material de virmos a ser um só, nas 
questões inerentes ao progresso comum. Nesta perspectiva somos levados a concordar com 
Du Bois, em oposição a Booker Washington com seus conselhos de submissão ao feiticeiro 
dominador. Em primeiro lugar, porque nós somos os sujeitos de necessidades e de nós deve 
partir a iniciativa de delinear um modelo de libertação e progresso que nos satisfaça na nossa 
condição de Africanos; em segundo lugar, porque Du Bois apela para a nossa virilidade ou 
macheza. 
17 
 
0a sua óptica, nós só poderemos gozar com legitimidade do direito a 
liberdade e ao progresso efectivo como 0ação, a partir dom momento que 
assumimos a responsabilidade de reivindicar-nos sem medo, e como 
verdadeiros homens, a nossa dignidade usurpador longos séculos da nossa 
história negra, desde o passado ate o presente. É preciso descobrirmos a 
nós mesmos, primeiro como indivíduos detentores de tradições e cultura 
própria e, depois como um povo (0ação) rico em diversidades e que aspira 
a uma civilização mais elevada a um progresso conjunto(DU BOIS apud 
IMALK, 1998: 86). 
 
Enfim, Booker Washington aconselha-nos para que estejamos abertos totalmente aos outros 
inclusive aos outros depredadores, ele autorizaria o sacrifício das nossas vidas em troca de um 
pedaço de pão. Du Bois leva-nos a recusar veementemente o estatuto de inferioridade e de 
servilismo, apelando à nossa virilidade e aos nossos dotes intelectuais ao mais alto nível, 
exigindo o reconhecimento do mesmo direito à dignidade e uma relação dialogal mais 
equilibrada entre nós e outros. 
1.3.2 Martin Luther King 
 
Apesar da constituição de 1976 afirmarque todos “homens são iguais” os EUA antes da guerra 
de sucessão já era o maior país esclavagista das Américas, pois os homens não eram 
considerados cidadãos de direito. Somente com o fim da guerra e que a população negra foi 
considerada cidadão, nessa altura não havia leis anti-discriminatórias, facto que prescitou que 
a lei fica só no papel, pois a realidade os negros eram marginalizados, lixados e enforcados. 
Estes factos levaram ao surgimento da necessidade dos negros se organizarem contra essa 
violência. A partir de 1954 criou-se uma força política do movimento negro norte-americano. 
Organizasses como Black Power e os Panteras Negras da década de 60, os sucessores das 
ideias socialistas de Marcom X, representava um novo nível de mobilização contra o racismo 
e das ideias da não-violência encabeçadas por Martin Luther King. Esse movimento procurou 
apresentar a mobilização dos negros pelos seus direitos civis. 
Ao seguimento do movimento Martin Luther King foi mais incumbido de se tornar uma 
espécie “messias” puro de todos os negros norte-americanos, sendo um instrumento usado 
pelo imperialismo para conter o crescente levante do movimento pelos direitos civis, isto é, 
um movimento verdadeiramenterevolucionário assim, a tomada de consciência dos negros 
pela sua responsabilidadepelas suas liberdadesdemocráticasadquiriu um carácter cada vez 
mais revolucionário. Foi neste contexto que no dia 22 de Agosto de 1963 acontecia na capital 
norte americana a maior manifestação política que o movimento negro realizou sob 
Washington pelo trabalho e liberdade. O líder da marcha foi Martin Luther King. 
18 
 
Portanto, a marcha foi o culminar da mobilização dos negros norte-americanos contra a 
exploração e descriminação racial, um golpe fulminante contra o governo, no ano 
seguinteaprovou a lei contra a segregação racial. A partir dessa análise, pode-se concluir 
que desde a marcha sob a liderança por Martin Luther King em 1963 abriram-se várias 
perspectivas rumo à igualdade do gozo de direitos humanos e, sobre tudo, civis entre negros 
brancos na América e no mundo (KING apud IMALK, 1998: 89). 
A cimeira da União Africana realizada a 25 de Maio, em Adis-Abeba na Etiópia por ocasião 
dos 50 anos da sua fundação, cujos lemas foram: Pan-Africanismo e Renascimento Africano. 
Segundo Armando Emílio Guebuza3, "caracterizava a África de hoje como um continente 
Unido, para tal os países africanos devem fortalecer essa união. A África tem propostas de 
realizar e continuar a trabalhar para esse desafio. Guebuza, acrescentou ainda ao afirmar 
que a África tem consciência de que existe focos de paz, embora haja pobreza e muitas outras 
dificuldades, mas não há outro continente conhecido unido além de África desde os 50 anos 
atrás". 
É nesta perspectiva que Ngoenha (um filósofo moçambicano),"afirma que a preocupação 
fundamental actual, no contexto africano deve ser a de resolver os problemas e desafios 
políticos sociais, económicos que se colocam para África. 0o fundo 0goenha, luta nas suas 
reflexões em torno do meio ambiente, na discussão geral na busca de caminhos para a África 
a intervir na política, na ciência, na economia e na cultura mundial" (NGOENHA, 1994: 66). 
 
1.4. Moçambique deve Renascer 
 
Depois da assinatura do Acordo Geral da Paz em Roma, no dia 4 de Outubro de 1992, 
Moçambique ainda não colhe os frutos deste acordo. Conforme Sousa e Augusto apud 
Chambisse, et al. (2003:171) "afirmavam que a paz se devia estabelecer entre todos os 
moçambicanos". Paratal, Moçambique precisa de renascer para alcançar a unidade nacional, a 
solidariedade, a paz, assim como o esforço que os moçambicanos devem fazer para o país se 
tornar na verdade um Estado democrático, unido, em fim, sem o nepotismo. 
Para Moçambique renascer, é preciso inserir todo o cidadão nacional como sujeito no cenário 
global, o governo a partir das particularidades de recursos geoestratégicos de cada província 
pudessem unir os interesses nacionais na construção de um Moçambique melhor, ou seja, num 
 
3Armando E. Guebuza- Estadista moçambicano e ex-presidente da SADC. 
19 
 
Moçambique onde cada província participasse na decisão do destino do Estado moçambicano. 
Pois, o que se tem verificado segundo alguns cidadãos entrevistados, afirmam que 
Moçambique é somente Maputo. 
Para o efectivo renascimento moçambicano, importa salientar a existência de solidariedade e 
cooperação das províncias e dos indivíduos. A abolição definitiva de uso de forças para a 
resolução dos conflitos internos (exemplo claros e concreto, são os acontecimentos últimos 
ocorridos no mês de Abril em Muxungue, província de Sofala perpetrados pelos homens da 
RENAMO), pois faz mal a população inocente. Todos os tratados que serão feitos devem ser 
pelos interesses da colectividade e não pelo bem individual. 
Devemos associar-nos ao renascimento moçambicano, pois somos beneficiários do bem mais 
precioso a paz. É necessário renascer mentalmente com o fim último da unidade nacional, 
diálogo, justiça, enfim, gentes de paz. 
Com o processo de alternância de poder prestes a ocorrer, quero referir-me das eleições 
autárquicas de 20 de Novembro de 2013 e das gerais em 2014 com ascensão de novos 
indivíduos independentemente dos seus partidos, devem preconizar os interesses ligados ao 
bem Estado, assim como à sociedade em geral. Para tal, esses cidadãos devem renascer 
mentalmente para uma boa governação, não olhando o que outro fazia em plena liderança, 
mas sim, mostrando criatividade. 
Moçambique, não recusa o desenvolvimento. Mas deseja uma coisa diferente do crescimento 
de uma cultura, de uma modernidade alienante que constrói os valores fundamentais e direitos 
da tradição moçambicana. O Renascimento moçambicano representa um grandioso 
fenómenode regeneração e de reforma espiritual, onde neste contexto vem significar uma 
revivescência às origens, renascer aos princípios autênticos a um novo espírito vivificador. 
 
O renascimento moçambicano virá de nós mesmo e não dos políticos, não será um dom caído 
do céu, mas uma conquista que vem debaixo. Tanto mais se a política continuar a ser vivida 
como instrumento de conquista do poderem prol do bem comum. Num contexto de ausência 
de regras éticas e de visão política no sentido mais amplo e nobre do termo, só quem tiver a 
coragem das suas ideias e das suas acções, quem souber traduzir a utopia da sobrevivência em 
projecto de vida poderá criar as condições que possibilitem um autêntico renascer 
moçambicano. 
20 
 
O renascimento moçambicano, estou certo disso há-de acontecer. O seu parto não será fácil e 
não será nos luxuosos palácios do poder. Acontecerá mais provavelmente nas miseráveis 
publicações de obras desta natureza entre outras formas, mas, estou certo, há-de acontecer. 
Com a greve dos médicos que se verificou no dia 20 de Maio 2013 e, tendo feito três semanas 
após o seu inicio, são exemplos claros que provam o dever de Moçambiquerenascer o mais 
rápido possível. Ora, se hoje temos como acontecimentos claros perpetrados pela RENAMO, 
e ainda verificamos a greve dos médicos. Portanto, se a politica nacional do país não alterar, 
causas possíveis nesta bela pátria poderá existir um grupo de rebeldes e consequentemente um 
golpe de Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
Conclusão 
 
O Renascimento Africano, é compreendido pelos seus protagonistas como resposta 
genuinamente africana são os desafios da globalização, à crescente marginalização económica 
do continente e ao afro-pessimismo, visão fundamentalmente negativa sobre o potencial tanto 
da inserção internacional do continente quanto da capacidade interna de reformar e 
modernizar as sociedades africanas. 
 
Como verificado em diversos autores que contribuíram para a Conferência sobre o 
Renascimento Africano, se tem como consenso que em primeiro lugar os africanos precisam 
fortalecer a identidade africana e se redefinirem como africanos para a possibilidade de 
unidade entre nós. 
O Renascimento Moçambicano representa um grandioso fenómeno de regeneração e de 
reforma espiritual, onde neste contexto vem significar uma revivescência às origens, renascer 
aos princípios autênticos a um novo espírito vivificador. No Renascimento Moçambicano 
devem ser buscadas as raízes do mundo moderno, ou melhor, o epílogo da Renascença é 
marcado pela própria revolução mental. 
 
Assim, fica claramente definidas as bases do renascimento, segundo as quais o Renascimento 
Africano é estruturado a partir de uma identidade cultural existente em que o seu sucesso 
depende da unidade política entre os Estados africanos, não só, mas também, o continente 
deve renascer para garantir a solidariedade dos povos africanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Bibliografia 
 
CABRAL, Amílcar, “A Arma da Teoria”, vol.1; Lisboa: Unidade e Luta, Seara Nova, 1976. 
ANTA DIOP, Cheik. L'unité culturelle de l'Afrique. Paris: EdiçãoPresence Africaine, 1959. 
BARREL, H. Africa Watch back to the future: Renaissance and South African domestic 
policy,African Security Review, 2000. 
CHAMBISSE, et al. A Emergência do Filosofar, 11a e 12a classe, Maputo, Moçambique: S̸ed. 
2003. 
IMALK. Pioneiros da Emancipação Africana no Mundo. S/ed; S/local; Dondza Editora, 
1998. 
MBEKI, Thabo. African Renaissance: The 0ew Struggle. South Africa:Tafelberg Publishers 
Ltd,1999. 
NGOENHA, Severino Elias. Filosofia Africana: Das Independências às Liberdades. Maputo: 
Paulinas, 1993. 
___________. O Retorno do Bom Selvagem. Porto, Ed. Salesianas, 1994. 
NKRUMAH, Kame. África deve Unir-se. Lisboa: Ulmeio, 1977.

Outros materiais