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SÉRIE MEIO AMBIENTE COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações SÉRIE MEIO AMBIENTE COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317- 9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2012. SENAI – Departamento Nacional © 2012. SENAI – Departamento Regional da Bahia A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me- cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe da Área de Meio Ambiente em parceria com o Núcleo de Educação à Distância do SENAI Bahia, com a coordenação do SENAI Departa- mento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional da Bahia Área de Meio Ambiente - AMA Núcleo de Educação à Distância - NEAD FICHA CATALOGRÁFICA S491c Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Comunicação oral e escrita Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da Bahia. – Brasília : SENAI/DN, 2012. 98 p. : il. (Série Meio Ambiente) ISBN 0000000000000 1. Comunicação Oral e Escritaa. 2. Meio Ambiente. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. II. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional da Bahia III. Título IV. Série. CDU: 811.134.3(81) Lista de ilustrações Figura 1 - História da comunicação ...........................................................................................................................15 Figura 2 - Esquema da comunicação ........................................................................................................................16 Figura 3 - Elementos da comunicação .....................................................................................................................16 Figura 4 - Uso de gírias ..................................................................................................................................................18 Figura 5 - Comunicação .................................................................................................................................................19 Figura 6 - A utilização da língua ..................................................................................................................................22 Figura 7 - Uso da linguagem formal ..........................................................................................................................23 Figura 8 - Uso coloquial da língua..............................................................................................................................24 Figura 9 - Níveis da língua - culta e coloquial ........................................................................................................25 Figura 10 - Internautas na escola ...............................................................................................................................27 Figura 11 - Estudantes realizando a interpretação de textos ...........................................................................35 Figura 12 - Síntese sobre a coerência .......................................................................................................................36 Figura 13 - Coesão que integra as peças da língua..............................................................................................38 Figura 14 - Cena interpretativa ...................................................................................................................................42 Figura 15 - Elaboração de texto ..................................................................................................................................48 Figura 16 - Estrutura de um texto dissertativo ......................................................................................................49 Figura 17 - Diversidade e possibilidades descritivas ...........................................................................................54 Figura 18 - Debate de ideias ........................................................................................................................................61 Figura 19 - Alimento transgênico ...............................................................................................................................62 Figura 20 - Tipos de argumentos ................................................................................................................................67 Figura 21 - Modelo de portaria ...................................................................................................................................74 Figura 22 - Pesquisa bibliográfica ..............................................................................................................................83 Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................11 2 Teoria da conspiração ..................................................................................................................................................15 2.1 Tipos de comunicação ...............................................................................................................................21 2.2 Níveis da fala .................................................................................................................................................21 2.2.1 Fala .................................................................................................................................................21 2.2.2 Língua ...........................................................................................................................................21 2.2.3 O nível culto ou formal............................................................................................................22 2.2.4 O nível coloquial ou informal ..............................................................................................23 2.2.5 O conceito de “erro” em língua e suas contradições .....................................................25 2.2.6 Gírias ..............................................................................................................................................26 2.3 Como falar em público ..............................................................................................................................28 2.3.1 Preparação ...................................................................................................................................29 2.3.2 Planejamento ............................................................................................................................29 2.3.3 Ensaio ............................................................................................................................................30 2.3.4 Apresentação detrabalhos ...................................................................................................30 3 Técnica de intelecção de texto ..................................................................................................................................33 3.1 Análise textual ..............................................................................................................................................34 3.1.1 Coerência textual ......................................................................................................................36 3.1.2 Coesão textual ...........................................................................................................................37 3.2 Análise temática ..........................................................................................................................................40 3.2.1 Pistas não verbais ......................................................................................................................40 3.3 Análise interpretativa ................................................................................................................................41 4 Parágrafo ...........................................................................................................................................................................45 4.1 Estrutura interna e tipos de parágrafos ...............................................................................................46 4.1.1 Parágrafo narrativo ...................................................................................................................46 4.1.2 Parágrafo descritivo .................................................................................................................46 4.1.3 Parágrafo padrão ou dissertativo ........................................................................................47 4.2 Unidade interna ...........................................................................................................................................48 4.2.1 Introdução ...................................................................................................................................48 4.2.2 Desenvolvimento ......................................................................................................................49 4.2.3 Conclusão ....................................................................................................................................49 5 Descrição ..........................................................................................................................................................................53 5.1 Conceituação ................................................................................................................................................54 5.1.1 Características de uma descrição ........................................................................................55 5.1.2 Dicas para uma boa descrição ..............................................................................................55 5.1.3 Formas de apresentação da descrição .............................................................................56 5.2 Descrição de objeto, processo e ambiente .......................................................................................58 5.2.1 Descrição de objeto .................................................................................................................58 5.2.2 Descrição do processo ............................................................................................................58 5.2.3 Descrição do ambiente ...........................................................................................................59 6 Dissertação .......................................................................................................................................................................61 6.1 Estrutura dos textos dissertativo-argumentativos ..........................................................................64 6.1.1 Introdução ..................................................................................................................................64 6.1.2 Desenvolvimento .....................................................................................................................64 6.1.3 Conclusão ...................................................................................................................................65 6.2 Argumentação ..............................................................................................................................................66 6.2.1 Tipos de argumentos ...............................................................................................................67 7 Redação técnica .............................................................................................................................................................73 7.1 Documentos oficiais ...................................................................................................................................74 7.2 Relatório técnico ..........................................................................................................................................75 7.2.1 Estrutura .......................................................................................................................................75 7.2.2 Tipos de relatório ......................................................................................................................78 8 Pesquisa Bibliográfica ..................................................................................................................................................83 8.1 Tipos de pesquisa ........................................................................................................................................86 8.1.1 Pesquisa pura, básica ou teórica ........................................................................................86 8.1.2 Pesquisa aplicada .....................................................................................................................86 8.1.3 Pesquisa exploratória .............................................................................................................87 8.1.4 Pesquisa descritiva ..................................................................................................................87 8.1.5 Pesquisa explicativa ou experimental ...............................................................................87 Referências Minicurrículo da Autora Índice Introdução 1 Prezado aluno, É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - (SENAI) promove mais um Curso Técnico na Área Ambiental. Este curso tem como objetivo desen- volver a sua competência técnica para coordenar, no âmbito de sua atuação, os processos de implantação, monitoramento e avaliação de projetos, sistemas de gestão e controle ambien- tal, considerando os aspectos técnicos, econômicos e legais, com vistas ao desenvolvimento sustentável. A Unidade Curricular Comunicação Oral e Escrita compõe o módulo básico comum aos Cur- sos de Habilitação Profissional da área de Meio Ambiente oferecidos pelo SENAI. Ao longo desse curso você será estimulado a desenvolver a capacidade de coordenar tecni- camente a implantação e manutenção do sistema de gestão ambiental, bem como participar da implementação de projetos ambientais. Esperamos que você compreenda como sua atua- ção profissional é importante para a transformação de realidades, especificamente no que se refere a um mundo mais consciente dos aspectos relativos à sustentabilidade, tema esse a ser tratado durante sua formação. Ao final decada Unidade Curricular você terá subsídios para atuação técnica e científica qualificada, o que se dará em função dos conhecimentos apresentados para formá-lo Técnico na área ambiental. Isso o tornará um profissional diferenciado no mercado de trabalho! Durante o estudo deste livro, abordaremos tópicos que lhe permitirão desenvolver as seguintes capacidades: FUNDAMENTOS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS: a) Identificar termos técnicos em inglês; b) Interpretar a legislação ambiental e normas técnicas; c) Interpretar manuais técnicos de equipamentos; d) Interpretar plano de manutenção, calibração e manuais de operações; e) Reconhecer ferramentas de informática; f) Reconhecer termos técnicos; COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA12 g) Redigir textos técnicos. CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS: a) Possuir uma visão global e coordenada de todas as fases do desenvolvimento dos processos, considerando os aspectos técnicos, organizativos, econômicos e humanos; b) Respeitar e fazer respeitar os procedimentos técnicos e a legislação especí- fica; c) Prever racionalmente os recursos materiais, considerando os aspectos téc- nicos e econômicos; d) Demonstrar interesse de autodesenvolvimento frente às mudanças tecno- lógicas, organizativas, profissionais e socioculturais do mundo do trabalho e que incidem nas suas atividades profissionais; e) Analisar opções e tomar decisão na resolução de problemas que afetam ati- vidades sob sua responsabilidade ou que lhe são delegadas; f) Coordenar e/ou atuar em equipes de trabalho, identificando potencialida- des, capacitando seus integrantes, aplicando ferramentas de gestão e qualidade, demonstrando postura crítica e ética; g) Mediar situações de conflito, analisando as variáveis envolvidas e suas pos- síveis causas, buscando o consenso na resolução dos impasses ocorridos; h) Ter consciência quanto à legislação trabalhista vigente, bem como quanto a seus direitos e deveres como cidadão. Este livro está dividido em oito capítulos. O capítulo 1 apresenta o objetivo e as capacidades propostas para esta disciplina. A partir do capítulo 2, você conhecerá a Teoria da Comunicação, entenderá os níveis da fala, aprenderá como falar em público e desenvolverá habilidades para apresentação de trabalhos, conceitos importantes para o início de sua formação. Em seguida, estudaremos a Técnica de Intelecção de Texto, principais definições, que compreendem a análise tex- tual, temática e interpretativa. No Capítulo 4, aprofundaremos os elementos do Parágrafo, aspectos que vão desde a Estrutura interna e tipos de parágrafos à Unidade Interna. No capítulo 5, abordaremos conhecimentos relevantes da Des- crição, sua conceituação e a descrição de objeto, processo, ambiente. No capítulo 6, aprofundaremos os aspectos da Dissertação: estrutura e argumentação que é de fundamental importância para sua formação como Técnico na área ambien- tal. Já no capítulo 7, aprenderemos como produzir Redações técnicas, além de conhecer como é construído um relatório técnico, instrumento que será de grande relevância para sua atuação como profissional. E por fim, no capítulo 8, você entenderá como realizar pesquisas bibliográficas. Todos estes elementos da Comunicação Oral e Escrita são fundamentais para seu processo de formação 1 INTRODUÇÃO 13 e aprendizagem. Construiremos um conhecimento que o habilitará a se desen- volver tanto como pessoa, mas, sobretudo, como profissional especializado na área de meio ambiente. Esperamos que você obtenha êxito na construção do seu conhecimento e da sua formação! Não esqueça que você é o principal responsável por: a) Sua formação; b) Estabelecer e cumprir um cronograma de estudo realista; c) Separar um tempo para descansar; d) Não deixar as dúvidas para depois; e) Consultar seu professor/tutor sempre que tiver dúvida. Sucesso e bons estudos! Teoria da Comunicação 2 O homem, desde os mais remotos tempos, tem criado meios para se comunicar. A princí- pio, apropriou-se de signos1, sinais, gestos, desenhos, pinturas rupestres, letras e, por fim, da expressão oral e escrita na realização no processo da comunicação. Observe a figura a seguir: Figura 1 - História da comunicação Fonte: SENAI, 2012. A Figura 1 apresenta o desenvolvimento da comunicação ao longo das gerações e como ela faz parte da vida em sociedade. Compreendermos, nesse contexto, que a comunicação é central para a interação social. Quando é objetiva e clara, possibilita ao homem o seu desenvolvimento pessoal e profissional, pois lhe proporciona uma posição de destaque. No contexto profissional, será um instrumento de fundamental importância e deve ser alvo do seu processo de aprendizagem. Assim, toda comunicação tem por objetivo a transmissão de uma mensagem e se constitui por certo número de elementos conforme verificaremos no esquema a seguir (VANOYE, 2007, p. 1): COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA16 Figura 2 - Esquema da comunicação Fonte: VANOYE, 2007. A figura acima apresenta o esquema da comunicação e os elementos necessá- rios para que esta ocorra. Observe que, nas situações de comunicação, se alguns dos elementos não estiverem presentes, segundo a Teoria da Comunicação, podemos concluir que a comunicação não se estabelece com eficácia, provo- cando ruídos na comunicação, muito comum, quando, por exemplo, alguém se utiliza de gírias e o interlocutor não as domina. Diante disso, observa-se que, em contextos comunicativos, deve-se adequar a linguagem ao interlocutor. Agora vamos conhecer as especificidades dos elementos da comunicação. Perceba que cada um dos elementos destacados, na Figura 3, apresentada abaixo, faz-se presente no esquema de comunicação (Figura 2). Dessa forma, observe e analise o papel de cada um dos elementos da comunicação apresentados na figura a seguir: Figura 3 - Elementos da comunicação Fonte: SENAI, 2012. Observe que, conforme a Figura 3, em toda comunicação estabelecida entre duas ou mais pessoas, há um conjunto de elementos funcionando para que haja interação, fluência e clareza na transmissão de ideias. 1 SIGNOS Signos = significado + significante. Significado: conceito. Significante: forma gráfica + som. 2 TEORIA DA COMUNICAÇÃO 17 FIQUE ALERTA Assim como no âmbito profissional obtemos melhores resultados quando construímos e ou produzimos de forma cooperativa, contando com o apoio de uma equipe, na comunicação, o conjunto dos elementos é imprescindível para que a mensagem possa ser transmitida e entendida pelo receptor. Imagine que você esteja concorrendo a uma vaga de trabalho no exterior. Você já teve seu currículo aprovado e também passou na prova técnica, mas falta a prova oral e você precisa convencer a banca examinadora. O que fazer para obter a melhor preparação possível? Inicialmente, é preciso que tente descobrir tudo que for possível sobre seus ouvintes, ou seja, os receptores de sua mensagem. Qual a nacionalidade, faixa etária, formação profissional, qual instituição estão representando, objetivos em lhe contratar, etc. Todas essas informações são muito importantes. Precisa ainda descobrir qual idioma usar na apresentação, pois é de extrema importância que seus ouvintes partilhem do mesmo código, ou seja, falem a mesma língua que você. Porém, vale ressaltar que o código não abrange apenas a língua. A postura e os gestos também variam de cultura para cultura, por isso devem ser levados em conta na sua apresentação. Cruzar as pernas, mostrando a sola do sapato, diante de islâmicos, por exemplo, é considerado ofensivo. Não se pode esquecer que o vestuário também faz parte do código que usamos para nos comunicar. A escolha da roupa influencia no tipo de pessoa que você quer passar aos avaliadores: Sério, descontraído, estudioso ou ambicioso? Como sua apresentação seráoral, então, o canal de comunicação será o pró- prio ar que conduzirá sua voz pelo ambiente, portanto, o cuidado com a altura e entonação é importante. O referente é tudo aquilo que você vai dizer: seus planos, objetivos, vida aca- dêmica, habilidades e etc. Tudo que você diz sobre o referente é o que constitui a sua mensagem. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA18 Observe a charge abaixo: Figura 4 - Uso de gírias Fonte: SENAI, 2012. Perceba, a partir da Figura 4, que, em contextos de entrevista, deve-se ficar atento ao uso do português padrão, pois o seu entrevistador estará atento aos seus vícios de fala. Finalmente, você, o emissor. O que esse emprego representa para a sua vida? Que julgamento você faz sobre os avaliadores e a situação? Como você pode per- ceber, estamos falando do emissor, último elemento da comunicação, mas não menos importante. Quando, de alguma forma, eliminamos um dos elementos da comunicação, a exemplo do canal de comunicação, ocorrerá o fenômeno chamado ruído2. Por exemplo: em uma apostila utilizada para um determinado curso, a impressão pode estar fraca, ilegível, com rasuras ou erros de digitação, ou ainda, em uma ligação telefônica em que o sinal esteja fraco e o barulho do ambiente externo abafe a voz dos interlocutores, certamente teremos um ruído na comunicação. Observe que todos os seis elementos que compõem a comunicação podem ser afetados pelo ruído. A efetividade na comunicação se dá a partir da clareza em saber qual é a men- sagem, para quem ela se destina, que tipo de canal será usado, qual é o contexto em que a mensagem será dada e qual o código a ser usado na comunicação. Para 2 RUÍDO Ruído é tudo aquilo que interfere na comunicação e impede que seus elementos interajam com fluência. 2 TEORIA DA COMUNICAÇÃO 19 garantir essa efetividade, é preciso compreender e colocar em prática esse pro- cesso. Veja a caracterização da comunicação no contexto da figura a seguir: Figura 5 - Comunicação Fonte: SENAI, 2012. Observe na ilustração acima (Figura 5), que a comunicação, de fato, ocorre quando a mensagem chega ao seu receptor sem ruídos. Por isso, devemos ter muito cuidado para que, durante o processo da comunicação, a mensagem seja emitida de maneira clara, sem interferências e que realize a função de comunicar. Para evidenciar situações de ruídos na comunicação, analise o casos e relatos a seguir. CASOS E RELATOS Um caso de “ruído” na comunicação: Informativo sobre os resíduos gerados no ambiente escolar Em uma atividade escolar, foi solicitada aos estudantes a elaboração de um texto para sensibilização ambiental de toda comunidade esco- lar sobre os problemas causados pela geração de resíduos no ambiente escolar. O grupo de estudantes com dificuldade na comunicação escrita ficou responsável por escrever o texto da campanha que foi apresentado da seguinte forma: “A falta de gerenciamento dos resíduos do lixo é um fator importante que contribui para a perturbação dos ecossistemas, no ambiente escolar. Para isso é preciso sensibilizar os seres humanos, no COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA20 sentido de aumentar o consumo, principalmente de papel, não reutilizar e ou reciclar os resíduos gerados. O principal meio de modificar tal situação é repensar as atitudes que degradam o meio ambiente. Por esse motivo a Educação Ambiental é um instrumento dispensável para modificar tais atitudes e comportamentos que comprometem a qualidade de vida e do meio ambiente”. Observe que, neste texto, os erros de digitação e de grafia descaracterizaram a mensagem, causando, assim, um ruído na comunica- ção. Felizmente a professora de Comunicação Oral e Escrita corrigiu o texto, antes que a publicação fosse impressa para divulgação. Observe como o texto ficou após a revisão da professora: A falta de gerenciamento dos resíduos sólidos3 constitui um dos principais fatores que contribuem para a perturbação dos ecossistemas, inclusive o ambiente escolar. Para amenizar a problemática dos resíduos sólidos, é preciso sensibilizar os seres humanos, no sentido de redução do consumo, principalmente de papel, reutilizar e ou reciclar os resíduos gerados. O prin- cipal meio de modificar tal situação é repensar as atitudes que degradam o meio ambiente. Por esse motivo, a Educação Ambiental é um instrumento indispensável para transformar tais atitudes e comportamentos que com- prometem a qualidade de vida e do meio ambiente. Fonte: SENAI, 2012. Observe que este ruído, na escrita do texto, poderia causar um efeito comple- tamente diferente na comunicação que se desejava realizar. Fique atento, pois, no seu dia a dia, você poderá vivenciar momentos como esse e, por isso, precisa estar ciente das normas da Língua Portuguesa, inclusive, o Novo Acordo Ortográ- fico, para uma boa comunicação escrita e oral. VOCÊ SABIA? Que o ser humano se diferencia das demais espécies animais, porque desenvolveu a capacidade de expressar suas ideias e, para expressá-las, criou a linguagem? O grande desafio do ser humano é ser efetivo em sua co- municação. SAIBA MAIS Para saber mais sobre o processo de comunicação, leia: CE- NARO, Katia Flores; LAMÔNICA, Dionísia Aparecida Cusin; BEVILACQUA, Maria Cecília. O processo de comunicação. São José dos Campos, SP: Pulso, 2007. 3 SÓLIDOS Resíduos sólidos são partes geradas após a produção, utilização, ou transformação de bens de consumo que podem ser reutilizado e ou reciclado. 4 ENUNCIAÇÃO Enunciação; ação, maneira de enunciar, declaração, etc. 5 PARENTELA Conjunto de parentes. 2 TEORIA DA COMUNICAÇÃO 21 2.1 TIPOS DE COMUNICAÇÃO A comunicação está dividida em tipos: a comunicação verbal e não-ver- bal. Veremos a seguir cada uma delas. a) Verbal é a comunicação que é feita através da palavra. Pode ainda ser divi- dida em oral: conversas, palestras, etc., ou escrita através de cartas, folhetos, jornais e etc; b) Não-verbal é toda manifestação de comportamento não expressa por palavras, como por exemplo, os gestos, posturas, vestimentas, expressões corporais, imagens, fotografias, out door, etc. É importante salientar que os gestos e os comportamentos variam de uma cultura para outra e de época para época. A comunicação verbal é voluntária, enquanto que a comunicação não-verbal pode ser involuntária, podendo confirmar a mensagem verbal ou comunicar outras mensagens. No processo de comunicação, tanto os elementos verbais, quanto os não-ver- bais são importantes para torna-la eficiente. 2.2 NÍVEIS DA FALA 2.2.1 FALA A fala é o modo como a língua é utilizada, ela é o principal recurso da comunicação e está mais presente que a escrita em nossas vidas, pois nos acom- panha desde que nascemos. É ainda um ato individual de escolha das palavras para a enunciação4 do que se deseja. Muitos fatores influenciam na maneira como determinado indivíduo fala, a exemplo, da idade, do sexo, do grau de esco- laridade, do local onde trabalha, do cargo que ocupa, do local onde estuda, do local onde mora, da profissão, do caráter, ou seja, do jeito de ser, dos hábitos, da maneira como foi criado em seu contexto familiar com os pais e sua parentela5, além das amizades de modo geral. Vejamos, a seguir, a caracterização da língua. 2.2.2 LÍNGUA A língua é um código linguístico usado por uma sociedade e, portanto, trata-se de uma convenção entre um grupo. Então, dizemos que a língua é social. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA22 A língua é dinâmica e está sempre se modificando, pois algumas palavras são inseridas, outras entram em desuso e, outras ainda, mudam de significado, con- forme sua utilização. Existem basicamente dois níveis da língua, ou seja, duas línguas funcionais; a língua culta ou formal e a língua coloquial ou informal. Analise os aspectos da língua na figura abaixo.Figura 6 - A utilização da língua Fonte: SENAI, 2012. Observe, na Figura 6, a utilização da língua como instrumento no processo de comunicação. Nesse contexto, aprofundaremos os níveis funcionais da língua a seguir. 2.2.3 O NÍVEL CULTO OU FORMAL O nível culto ou formal é o que assegura a universalidade da língua den- tro de determinado país que a utiliza, mesmo reconhecendo que essa língua culta pode e sofre variações especialmente no falar. Nesse sentido, compreen- demos que o nível culto é a forma linguística aplicada ao contexto formal, como em uma entrevista para emprego, no meio acadêmico, ou seja, é a forma utilizada por pessoas que têm acesso ao estudo da língua e que é usada pelos veículos de comunicação em massa (rádios e TV, jornais, revistas, etc.) e em ambientes profissionais, por isso é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas, garan- tindo aos estudantes acesso a melhores oportunidades no ensino, nas interações sociais e no mercado de trabalho. Observe, a seguir, o nível coloquial da língua e analise as diferenças entre o nível culto e o nível coloquial. Observe o texto abaixo e perceba o uso da modalidade formal da língua por- tuguesa. 6 CALÃO Calão linguagem considerada grosseira ou rude. 2 TEORIA DA COMUNICAÇÃO 23 Figura 7 - Uso da linguagem formal Fonte: SENAI, 2012. Observe, na Figura 7, que o autor do texto destaca uma série de palavras pouco usuais por alguns falantes do português, como “prerrogativas” e “statu quo”, que significam, respectivamente, “direitos” e “posição social”. 2.2.4 O NÍVEL COLOQUIAL OU INFORMAL O nível coloquial ou informal da língua é o mais espontâneo e criativo, por isso mais expressivo e dinâmico, característico do contexto popular. Não depende de regras e inclui gírias e o calão6. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA24 Figura 8 - Uso coloquial da língua Fonte: SENAI, 2012. Observe, na tirinha (Figura 8), a diferença entre o uso informal da língua por parte do personagem; e o uso formal por parte da professora. Vale observar também que a comunicação não se tornou eficiente, porque a professora do per- sonagem não sinalizou, de imediato, a ele que estava adequando a fala dele à norma padrão do português. Os níveis da fala compreendem o modo como o falante se manifesta nas diver- sas situações vividas. Devemos dar voz a todos os que desejarem se expressar. Não há língua portuguesa certa ou errada (abordaremos esse assunto em seguida); existem variações de prestígio, ou seja, a noção historicamente conhecida, a de norma (regra, padrão) como modalidade de dizer bonito, elegante. O segredo está em saber adequar o ato verbal7 às situações de uso, ou seja, o cotidiano; compreender e utilizar a variedade mais adequada naquele momento com determinadas pessoas. Veja a representação dos níveis da língua na figura abaixo: 7 ATO VERBAL Utilização de palavras na forma escrita ou na forma oral, ou seja, feito com sinais verbais. 8 TRANSGRESSÕES O mesmo que ultrapassar os limites da norma culta. 2 TEORIA DA COMUNICAÇÃO 25 Figura 9 - Níveis da língua - culta e coloquial Fonte: SENAI, 2012. Na Figura 9, é possível observar a relação entre a língua culta e a língua colo- quial, num cenário comum da vida cotidiana. Perceba que uma interfere na compreensão da outra e essas relações ocorrem com frequência no dia a dia, vale ressaltar o cuidado que se deve ter ao aplicar cada forma da língua em seus con- textos específicos. Assim, a seguir, vamos conceituar o que conhecemos como “erro” na língua portuguesa. 2.2.5 O CONCEITO DE “ERRO” EM LÍNGUA E SUAS CONTRADIÇÕES Inicialmente, não podemos julgar a fala das pessoas como “erradas” pelo simples fato de elas falarem diferente, de morarem em regiões onde há pouca escolarização, essa variação apresenta-se também com o regionalismo, a partir de sotaques característicos de cada região. A variação que ocorre de região para região se mostra claramente na pronúncia das palavras, nas construções sintá- ticas, no significado de algumas expressões e no léxico. Em nosso país (Brasil), a pronúncia é claramente identificada pelos falantes. Você é baiano (oxente!), pau- lista (meu!), gaucho (barbaridade, tchê!)? O que se pode observar, nesse caso, são as suas características que, preconcei- tuosamente, são chamadas de “erro”, quando na verdade o falante usa linguagem perfeitamente compreensível aos nossos ouvidos. As pessoas das diversas regiões sabem tanto falar que as estruturas complexas da língua são corretamente utiliza- das e compreendidas. O que seria estranho, no entanto, e valeria classificar como errado, seria o uso da linguagem de forma invertida. As transgressões8 da norma COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA26 culta não podem ser consideradas erros. Tal fenômeno é observado por parte de estrangeiros quando começam a usar a nossa língua portuguesa e não dominam a sequência das construções, cometendo algumas infrações linguísticas. Observe o exemplo a seguir: “menino os bola jogar”. Tal construção seria considerada por alguns gramáticos como agramatical, sendo a sequência adequada ao nível culto do português, utilizado por qualquer falante nativo, “os meninos jogam bola”. Perceba também que talvez os falantes pouco ou não escolarizados pudessem não marcar a concordância, como “os menino jogam bola” ou “os meninos joga bola”. Todos os falantes de uma língua, inclusive aqueles que dominam a variedade padrão, ou seja, a linguagem formal ou culta, em algum momento, utiliza a lin- guagem informal, assim, também usam registros informais – situações que não exigem muito rigor, como nas conversas entre amigos ou colegas de trabalho. Nessas situações, às vezes empregam construções que seriam consideradas “erradas” em contextos mais formais. Consideramos assim, que não há erros, mas variedades linguísticas. Essas variações são representadas de acordo com as condições culturais, sociais, históricas e/ou regionais em que é utilizada. Pode- mos exemplificar esta situação com o uso do pronome oblíquo que praticamente desapareceu na oralidade. Observe a seguinte construção muito comum atual- mente: “vou deixar ela em casa”. No entanto, utilizando a linguagem formal ou culta diríamos “vou deixá-la em casa”. Observe que a comunicação aconteceu, mesmo com utilização diferenciada dos níveis da língua. Ainda sobre o uso dos pronomes, o poeta Oswald de Andrade, em 1925, já sinalizava que os falantes do português no Brasil não seguiam as mesmas regras da gramática. Observe abaixo: Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro (ANDRADE, 1925) Vejamos, a seguir, os aspectos das gírias no contexto social. 9 IBAMA O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. 2 TEORIA DA COMUNICAÇÃO 27 2.2.6 GÍRIAS As gírias são palavras ou expressões da comunicação informal, contidas nas variações de caráter social ou cultural, admitida apenas na língua falada e servem para marcar a identidade de um determinado grupo social, como por exemplo, fãs de rap, funk, surfistas, grafiteiros, blogueiros, etc. Quando restrita a uma pro- fissão, a gíria é chamada de jargão. Gírias curiosas: a) dos funkeiros – alemão: turma rival, que está do lado oposto; cão: mentira, calote; bonde : grupo de funkeiros; b) dos surfistas – aê forma de saudação; back side; manobra em que o surfista fica de costas para a onda; flat: mar sem ondas, prancha lisa;. c) dos internautas – vc naum pd me adtr o asunt; kd vc? Vamos q tc na net; e aí orkuteiro;ñ vi vc no face, nem nu blog. A gíria pode ser criativa e expressiva e é usada por todos, porém deve ser adequada ao momento certo por estar caracterizada pela linguagem informal. Observe a tirinha sobre esse aspecto da linguagem, abaixo apresentada: Figura 10 - Internautas na escola Fonte: GVT, 2011. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA28 Na análise da Figura 10, algo muito comum está sendo retratado, a comunica- ção virtual muito utilizada em nossos dias, trazendo reflexos negativos no contexto escolar. É importante diferenciar a linguagem e sua aplicação nos contextos da vida pessoal, acadêmica e profissional. Veremos como aplicar a linguagem espe- cífica em situações do nosso contexto social, acadêmico e profissional, a partir do enunciado a seguir, que tratará dos cuidados que se deve ter ao falar em público. 2.3 COMO FALAR EM PÚBLICO É muito comum ouvirmos comentários como “detesto falar em público”, o que é compreensível, pois falar em público significa se expor a um julgamento ou uma crítica. A sensação de que iremos falar algo errado e em esperar que, em seguida, venham as críticas, ocorre sempre que nos deparamos com essa necessidade. É comum e natural o sentimento de fragilidade diante do julgamento alheio, mas vencer a vergonha e desenvolver a confiança são passos importantes para falar bem em público. É importante que saibamos que a habilidade de falar bem em público é necessária a todos os indivíduos sem exceção. Podemos citar como exemplos do cotidiano das pessoas: a) O estudante que vai apresentar seu trabalho de conclusão precisa conven- cer a banca examinadora; b) Um técnico na área ambiental mais experiente é convidado a treinar novos colegas; c) Um engenheiro que precisa apresentar um novo projeto a sua empresa. Segundo Polito (2008), para se sair bem em qualquer carreira que tenha abra- çado, é essencial que saiba falar bem. Trata-se de uma habilidade tão importante que o indivíduo que não consegue falar bem pode não valorizar tudo o que aprendeu estudando e trabalhando. Assim, faz-se necessário o conhecimento de algumas técnicas da arte de falar bem em público, são elas: a) A preparação; b) O planejamento; c) O ensaio; d) A apresentação de trabalhos. Vejamos, a seguir, cada técnica acima mencionada com maiores detalhes. 10 SISTEMATIZAÇÃO Quadro ou esquema lógico dos principais tópicos e a relação entre eles. 2 TEORIA DA COMUNICAÇÃO 29 2.3.1 PREPARAÇÃO A preparação é a etapa mais importante para a apresentação oral. É preciso domínio sobre o assunto a ser abordado. Pesquise e se informe. Quando se vai falar sobre algo da sua área, torna-se mais fácil, o que não garante sucesso na exposição, pois é preciso estar atualizado. Observe que sempre existem pontos que são deixados de lado no dia a dia, mas que poderão ser importantes na ora- tória. A sistematização9 é muito importante para facilitar a exposição. Tendo feito a sistematização, é só decidir como irá abordar o tema. É importante chamar a atenção para o fato de que as informações que serão passadas deverão levar em consideração os seis elementos da comunicação (emissor, mensagem, recep- tor, código, canal de comunicação, referente), sendo que maior ênfase deve ser dada aos receptores. A sua abordagem precisa estar voltada para os objetivos que devem ser alcançados por aqueles que assistem à apresentação. Vejamos, a seguir, como elaborar um bom planejamento para sua apresentação. 2.3.2 PLANEJAMENTO É durante o planejamento que efetivamente será definido o tempo necessá- rio e o material de apoio (PowerPoint ou outros programas utilizados para esse fim, vídeos ou material impresso) que serão utilizados para apresentação. Esse material poderá tornar sua apresentação mais clara e agradável, entretanto é necessário ter cuidado para que sua fala não seja muito longa a ponto de cansar o público ou substituir a fala. Pensando nos imprevistos técnicos que podem ocorrer, como por exemplo, no caso de faltar energia, ou o software a ser usado não ser compatível com os equipamentos da empresa, ou até mesmo, o material impresso não ficar pronto a tempo da apresentação, o orador deve está preparado para estes imprevistos e esses fatores não podem impossibilitar a apresentação. No caso de apresentação por slides, também pode ser feita a impressão em miniatura para ser distribuída ao público. A apresentação por slides é um excelente recurso, porém devemos ter o cui- dado de usá-lo apenas como roteiro. Vejamos, a seguir, as funções de uma apresentação de slides em PowerPoint ou em outros programas específicos para apresentações: a) Resumir o que será dito, portanto os textos da sua exposição serão curtos e em tópicos; b) Apresentar dados difíceis de expor oralmente como gráficos, tabelas, esta- tísticas etc., e em seguida explicar a relação entre os dados e o conteúdo; COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA30 c) Ilustrar o conteúdo com imagens pertinentes. Agora, é importante, antes de qualquer apresentação, realizar o ensaio, que veremos a seguir. 2.3.3 ENSAIO Agora que você já sabe os cuidados que deve ter ao preparar os slides, faça um ensaio, principalmente se não está acostumado a fazer apresentações em público. O ensaio irá permitir que você cronometre a sua fala ao tempo disponí- vel, marque o ritmo a ser utilizado (rápido ou devagar), e elimine os marcadores de fala como: tá, né, viu etc. Observe também a sua postura física, deixe os braços livres, não é indicado colocar as mãos nos bolsos e nas costas, nem pé na parede ou usar chiclete. Vejamos os encaminhamentos para sua apresentação de traba- lhos, sejam eles acadêmicos ou profissionais. 2.3.4 APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS Finalmente, é chegada a hora da apresentação de trabalhos. Cumpridas todas as etapas anteriores, o indivíduo certamente terá sucesso e agradará ao público. Para a apresentação, Polito (2008) sugere algumas dicas importantes: a) Voz – “Sua voz não precisa ser bonita, mas deve ter personalidade, para que passe credibilidade. Use um volume aportado ao ambiente, para que todos possam ouví-lo sem dificuldade. Imprima um ritmo agradável, alternando a velocidade da fala e o volume da voz”; b) Expressão corporal e facial – “Ao falar em pé ou sentado, tenha uma pos- tura correta, elegante, sem afetação”. Gesticule na medida certa, sem excesso e sem falta de gestos. O semblante deve ser expressivo, para complementar a mensagem e demonstrar coerência com o sentido das palavras; c) Ordem lógica – “Ordene a apresentação com introdução, preparação, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, conquiste a plateia, na pre- paração explique o que vai apresentar, no desenvolvimento transmita a mensagem e, na conclusão, peça a reflexão ou a ação dos ouvintes.”; d) Simpatia – “E seja simpático. Se você se apresentar com simpatia, sua ima- gem será positiva para os ouvintes. Às vezes, as pessoas até se esquecem da mensagem, mas nunca se esquecem da simpatia do orador.” 2 TEORIA DA COMUNICAÇÃO 31 Agora que você já aprendeu algumas dicas da arte de falar em público, cer- tamente ao fazê-lo, será de forma segura, o que garantirá o sucesso pessoal e profissional. Também é importante destacar que o nível de linguagem utilizado na apresentação deve ser selecionado a partir do público para o qual falará, uma vez que ele precisará entender a mensagem transmitida. RECAPITULANDO Neste capítulo, abordamos a teoria da comunicação, como está funciona e os elementos necessários para que esta ocorra. Você também pode per- ceber que o homem desenvolveu a linguagem escrita, e isso o diferenciou das demais espécies. Abordamos a importância dos elementos da comunicação (emissor, men- sagem, receptor, código, canal de comunicação, referente), pois sem estes pode haver ruídos na comunicação. Observamos os níveis da fala, quecompreende o modo como o falante se manifesta nas diferentes situa- ções, ou seja, com linguagem culta ou formal e a informal. Entendemos que, na língua portuguesa falada, não existe certo e errado, o que existem são variedades linguísticas, que representam variações de acordo as condi- ções culturais, sociais, históricas e regionais nas situações em que a língua é utilizada. Por isso, é tão importante a adequação de uso da língua nas situações específicas do cotidiano, sejam elas situações do seu contexto social e profissional. Compreendemos as etapas de como falar em público, a partir da preparação, do planejamento, do ensaio até o momento da apresentação dos trabalhos, o que certamente contribuirá com o seu pro- cesso de aprendizagem e com sua atuação como profissional Técnico na área ambiental. No próximo capítulo, abordaremos as técnicas de intelec- ção de texto, momento em que discutiremos sobre leitura, compreensão e interpretação de textos. Técnica de Intelecção de Texto 3 Compreensão (ou intelecção) e interpretação de texto consistem em analisar o que real- mente está escrito, ou seja, coletar dados do texto. Podemos dizer que a interpretação de texto está presente em todos os momentos do nosso dia a dia, afinal os textos e contextos se apresentam nas mais diferentes formas de comuni- cação. No ambiente escolar, temos livros, revistas, apostilas; nas ruas as propagandas em outdoor, em busdoor, panfletos; no ambiente de trabalho, os relatórios, memorandos, atas dentre outros. As técnicas de intelecção de texto fundamentam-se em: análise textual que está rela- cionada à estrutura do texto e análise temática que diz respeito ao assunto, ao tema, às ideias expressas no texto. Assim, entendemos que o texto não é um amontoado de palavras soltas, e sim um tecido de ideias coerentes. Nesse contexto, utilizamos como ferramenta o resumo que é um dos melho- res exercícios para o desenvolvimento da capacidade de entender o que se lê, reproduzindo as ideias principais do que lemos em algumas linhas, com as nossas palavras. FIQUE ALERTA Cabe a você reconhecer que tanto a escrita quanto a lei- tura são atividades que pressupõem a interação, o envol- vimento. Neste momento, deverá ser criterioso com o que ouve e com o que escreve, avaliando argumentos e ideias suas e de outrem, tornando-se um leitor crítico que não se deixa manipular. Ler e ouvir bem são fundamentais para escrever e falar bem. No dia a dia, estamos sempre trocan- do informações com o outro. Como você poderá produzir bem um relatório técnico se não souber articular as infor- mações de forma correta. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA34 1 INFERIR Concluir, deduzir algo a partir de algum texto. Para elaborar o resumo, podemos seguir passos que facilitam esse desenvol- vimento. Veja a seguir: a) Uma primeira leitura do texto, para entrar em contato com as ideias, para ter a primeira noção do conjunto; b) Em seguida, uma segunda leitura, anotando numa folha avulsa, as infor- mações mais significativos e as ideias principais do texto; c) A partir do que anotamos, fazemos, então, o resumo. É importante tentar ser o mais fiel possível ao pensamento do texto. Resumo não é comentário. Quando comentamos, damos nossa opinião sobre as ideias lidas, o que pen- samos sobre elas, se concordamos, ou não, explicando o motivo. Já resumir é interpretar e condensar, ou seja, reproduzir o conteúdo do texto de modo sintético, em poucas palavras. Um resumo deve ter no máximo ¼ ou 1/5 do texto original, sendo escrito de preferência com a nossa própria linguagem; d) Depois de fazer o resumo, por fim, dar um título ao texto. O título deve ser uma espécie de síntese interpretativa que pode ser feita, a partir do conjunto das ideias apresentadas no texto ou das que forem as mais significativas. Exigi-se, para compreensão de um texto, habilidade, interação (envolvimento) e trabalho. A compreensão do texto ocorre de forma colaborativa, ou seja, se dá por meio da interação entre emissor texto e receptor. Assim, é possível inferir1 e produzir conhecimentos e não somente realizar a leitura. A seguir, compreende- remos como realizar a análise textual. 3.1 ANÁLISE TEXTUAL A análise textual consiste em o leitor perceber a diversidade de situações de uso da língua, própria das sociedades mais complexas, a partir da leitura crite- riosa, verificando o que há de mais importante dentro do texto; classificando os textos de acordo com as intenções, funções (manter contato, informar, emocio- nar, convencer etc.). Observe a figura a seguir: 3 TÉCNICA DE INTELECÇÃO DE TEXTO 35 Figura 11 - Estudantes realizando a interpretação de textos Fonte: DREAMSTIME, 2012. A partir da análise da Figura 11, na qual estudantes realizam a interpretação de textos, observa-se que a leitura e a interpretação exigem atenção e critérios específicos para compreensão. Você sabe como fazer uma leitura criteriosa? Veja algumas dicas abaixo: a) Fazer uma leitura prévia, buscando uma visão global do assunto; b) Fazer uma segunda leitura, identificando palavras desconhecidas; c) Perceber as sutilezas, aquilo que não está explícito no texto (ler nas entreli- nhas); d) Identificar a ideia central de cada parágrafo; e) Saber, em cada situação comunicativa, o que o autor deseja e pretende. Seguindo essas dicas ao analisar um texto, os benefícios serão muitos, pois saber interpretar textos é não se deixar levar com tudo que lê, é ter mais segu- rança nas interações sociais e melhores oportunidades no trabalho, na educação e, sem dúvida, compreender os contextos políticos e econômicos e, assim, ser mais participativo no exercício da cidadania. É importante lembrar a importância de desenvolver a habilidade de interpre- tar em comunicação oral como, por exemplo, palestras e seminários; entrevistas e conversas; dentre outros. Afinal, a interpretação não é feita apenas na comunica- ção escrita. No caso da comunicação oral, a vantagem desse tipo de interpretação se deve ao fato de que é possível retificar e/ou reformular o que se quer dizer ou transmitir em tempo real, ou seja, no exato momento em que os fatos estão acon- tecendo. Observe, em seguida, o estudo sobre a coerência textual. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA36 3.1.1 COERÊNCIA TEXTUAL A coerência textual é o instrumento que o autor usará para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele. Faz com que o texto seja compreensível aos olhos do leitor. Observe na figura abaixo: Figura 12 - Síntese sobre a coerência Fonte: SENAI, 2012. Veja, na Figura 12, que a coerência refere-se tanto ao modo como empregamos a língua, quando falamos ou escrevemos, quanto à necessidade de considerar as pessoas a quem nos dirigimos, lembrando-nos de que precisamos adequar nos- sas comunicações a essas pessoas. VOCÊ SABIA? Que a coerência é também resultante da adequação do que se diz ao contexto extraverbal2, ou seja, àquilo o que o texto faz referência, que precisa ser conhecido pelo receptor. Os fatores de coerência são vinculados à utilização das regras da língua e o conhecimento do mundo compartilhado por emissor e receptor. É preciso utilizar as palavras com coerência, não podemos falar, nem escrever o que quisermos da forma como quisermos, sem levar em consideração as pes- soas a quem estamos nos dirigindo. FIQUE ALERTA No ambiente profissional, um descuido na comunicação pode provocar vários problemas nas relações interpesso- ais. Por isso, utilize a comunicação oral e escrita adequada- mente para as relações no ambiente de trabalho, ou seja, com a coerência que a língua portuguesa requer! 2 EXTRAVERBAL o que não é dito com palavras, mas utiliza outros códigos não-linguísticos. 3 TÉCNICA DE INTELECÇÃO DE TEXTO 37 Vejamos a seguir os aspectos relevantesda coerência: Exemplo: Os resíduos sólidos orgânicos de origem domiciliar pode se tornar uma peri- gosa fonte de contaminação e poluição do solo, quando não são tratados e destinados adequadamente. A compostagem representa uma alternativa sim- ples para transformar esses resíduos. Durante a leitura das duas frases, é possível identificar se há relação de sentido entre elas? Você pode pensar que sim, porque tratam de resíduos, mas da forma apresen- tada não existe ligação entre as ideias que elas expressam, por isso não há sentido. Concluímos que esse texto NÃO pode ser, portanto, considerado coerente. Observe agora: Os resíduos sólidos orgânicos de origem domiciliar podem se tornar uma perigosa fonte de contaminação e poluição do solo quando não são tratados e destinados adequadamente. A compostagem representa uma alternativa sim- ples para transformação desses resíduos orgânicos em adubo, o que pode ser utilizado para enriquecimento do solo na jardinagem, ou em atividades agrícolas. A última frase dá sentido às anteriores, estabelecendo relações: agora sabemos que essas são as utilidades dos sólidos orgânicos transformados. Estabeleceu-se a coerência. Vejamos os elementos da coesão textual, em seguida 3.1.2 COESÃO TEXTUAL Ao lado da coerência, a coesão corresponde ao emprego de determinados elementos da língua que garantem a textualidade, ou seja, é responsável pela boa formação de um texto, tornando-o compreensível. Se pensarmos na língua como um todo formado de peças, a coesão será o elemento responsável pelo encaixe dessas peças. A Figura 13, a seguir, expressa essa construção da coesão textual, verifique: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA38 Figura 13 - Coesão que integra as peças da língua Fonte: SENAI, 2012. Podemos apreender, a partir da análise da figura, que a coesão integra as parte do texto, relaciona, liga e completa o sentido do texto, a partir de elementos gra- maticais. Os elementos de coesão dizem respeito, especificamente, aos mecanismos gramaticais da língua que são responsáveis pela ligação de segmentos do texto (palavras, expressões, frases), estabelecendo-lhes nexos3 específicos. Quando não estabelecemos coesão entre as partes de um texto, acabamos por prejudicar a sua coerência, ou seja, seu todo. Analise o caso e relato a seguir. CASOS E RELATOS Uso adequado do Conectivo: Avaliação dos Impactos das Emissões de Gases em Culturas de Cana-de-açúcar Um estudo desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Quei- roz (ESALQ), avaliou o impacto ambiental a partir do preparo do solo para o plantio de cana-de-açúcar. Segundo a agroecóloga, Adriana Silva-Olaya, metade da área total de cana é colhida mecanicamente, o que evita emis- sões a partir da queima da biomassa vegetal e favorece o incremento no estoque de carbono do solo. O estudo, “Emissões de dióxido de carbono após diferentes sistemas de preparo do solo na cultura da cana-de-açúcar”, revelou que o cultivo do solo com tecnologia de aração e permite maior mineralização do carbono orgânico no solo e incrementa as emissões de CO2. Ela informou que esse estudo se propôs a quantificar as emissões de CO2 derivadas de três sistemas de preparo do solo, utilizados durante a reforma dos canaviais no estado de São Paulo, assim como avaliar a influ- 3 NEXOS Nexos, conectivos ou articuladores. No estudo da coesão, são os articuladores que estabelecem uma relação de sentido entre as ideias. 3 TÉCNICA DE INTELECÇÃO DE TEXTO 39 ência da palha nesses processos de emissão”. Para o monitoramento das emissões foi utilizada uma câmera que coleta e analisa o fluxo de CO2. Ela disse ainda que “a seleção de práticas de manejo sustentáveis permitem aumentar o sequestro de carbono, melhorar a qualidade do solo e ajuda a minimizar a emissão de CO2 dos solos agrícolas, contribuindo para a redução do valor da pegada de carbono do etanol (footprint), aumentando consequentemente o benefício ambiental da substituição do combustível fóssil com este biocombustível”, concluiu a pesquisadora. *Com informações da Esalq. Fonte: JORDAN, 2011. A partir da análise do caso, podemos identificar que o uso do pronome ela (elemento de coesão) que aparece duas vezes não foi utilizado corretamente comprometendo assim a clareza, o entendimento do texto. Talvez a melhor estra- tégia de coesão para retomar o nome da agroecóloga, Adriana Silva-Olaya, fosse através de termos como a pesquisadora ou a autora do estudo, e não através do uso de pronomes. Relendo o texto, você irá perceber que, nas duas ocorrências, o emprego do pronome não é satisfatório, pois o referente que seria a agroecóloga está dis- tante no texto, havendo outros referentes femininos, o que não ajuda ao leitor na compreensão do texto. Pelo contrário atrapalha, deixando o sentido do texto comprometido. Não há clareza na informação. Sendo assim, vale ressaltar como é importante o uso adequado do conectivo para a coesão do texto. No seu contexto profissional, não será diferente, os textos, relatórios e documentos que serão produzidos por você devem apresentar-se de maneira clara e coerente, respeitando as regras aqui mencionadas. SAIBA MAIS Para ampliar seus conhecimentos, uma boa sugestão é a lei- tura dos seguintes livros: KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerên- cia textual. 17. ed. São Paulo: Contexto, 2007. FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2007. Vejamos, a partir daqui, a análise temática. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA40 3.2 ANÁLISE TEMÁTICA Na comunicação escrita, o leitor conta com o uso das palavras (linguagem verbal), para entender o que se passava na cabeça do autor do texto ou livro, enquanto que, a comunicação oral (linguagem não verbal) nos permite comple- mentar o sentido da linguagem verbal, através da entonação da voz, dos gestos, da postura. Kleiman (2002) criou a seguinte metáfora que representa a interação entre autor e leitor: o autor deixa pistas, vestígios, que o leitor, como um bom detetive, recolhe posteriormente para entender o que se passou. Tomando como base essa metáfora, seguiremos pistas importantes sobre o texto que nos levarão ao seu entendimento. 3.2.1 PISTAS NÃO VERBAIS a) Onde ele está escrito? Revistas, outdoor, rótulo etc. Extraia o máximo de informações que puder; b) Qual aspecto se quis dar ao texto? Sério ou descontraído? Observe imagens e outros elementos gráficos que nos dão preciosas informações sobre o con- teúdo do texto; c) Autoria – a autoria nos dá inúmeras pistas – ela informa se o autor é humo- rístico, crítico, sarcástico etc; d) Data e lugar também trazem muitas informações, possibilitando deduções sobre o texto. Agora que você tem todas essa informações anotadas como um bom detetive, vejamos os elementos verbais. a) Macroestrutura – a que gênero pertence o texto – carta, reportagem, rela- tório etc; b) Microestrutura – mecanismos da língua, cujo elenco é quase infinito e que o efetivo domínio se dá pela prática. Exemplo: o radical, as desinências modo- -temporais, a vogal temática dentre outros. Neste momento, chamamos a atenção que essa prática acontece a partir do exercício da leitura constante. Assim, observe que a análise temática, busca a compreensão da mensagem global veiculada na unidade, no texto. Procura ouvir o autor, apreender sem intervir no conteúdo da mensagem, ou seja, saber do que fala o texto. Ela serve de base para a síntese de um texto. 4 PROBLEMATIZAÇÃO Problematização: ato ou efeito de problematizar (tornar problemático, pôr em dúvida, pôr em questão; dar forma de problema – do grego próblema, -atos, «questão proposta» +-izar). 3 TÉCNICA DE INTELECÇÃO DE TEXTO 41 SAIBA MAIS Lendo: leia CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar; CLETO, Ciley.Interpretação de textos: construindo competências e habilidades em leitura. São Paulo: Atual, 2009. E conheça questões de vestibular para testar a inter- pretação. Após a análise temática, conheceremos os elementos que compõem a análise interpretativa. 3.3 ANÁLISE INTERPRETATIVA A análise interpretativa é uma etapa em que o estudante-leitor toma uma posição própria a respeito das ideias encontradas, ele (o estudante-leitor) dialoga com o autor, fazendo uma associação das ideias expostas no texto com outras ideias semelhantes. Há, neste momento, a formulação de um juízo crítico. O estudante-leitor critica as ideias defendidas no texto e essa prática exige maturidade intelectual. Segundo Severino (2007, p.59): Interpretar é tomar uma posição própria a respeito das ideias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autor a um diálogo, é explorar toda a fe- cundidade das ideias expostas, é cotejá-las com outras, enfim, é dialogar com o autor. Nesse contexto, para que a análise de um texto seja completa, é preciso identi- ficar a problematização4 do texto. Essa atividade científica consiste em levantar os problemas para discussão pessoal e em grupo, exigindo debate e reflexão, além de analisar as questões implícitas e explícitas no texto. VOCÊ SABIA? Que quando falamos em interpretação de textos não estamos nos referindo apenas a textos escritos? Na ver- dade, texto é todo conjunto de signos (linguísticos ou não) com significado completo. Para aprofundarmos o que foi dito, temos o exemplo da Figura 14. Vejamos que para compreender o que há nesta figura e do que ela fala, é necessário anali- sar, perguntar, identificar a temática do texto e buscar nas entrelinhas. Portanto, a imagem pode ser analisada dentro das perspectivas de análise crítica e proble- matização. Observe: COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA42 Figura 14 - Cena interpretativa Fonte: SENAI, 2012. Essa tarefa da interpretação da figura ficará por sua conta. Agora vejamos a revisão dos conteúdos discutidos nesse capítulo. 3 TÉCNICA DE INTELECÇÃO DE TEXTO 43 RECAPITULANDO Neste capítulo, compreendemos a importância da utilização da Técnica de intelecção de textos, para a compreensão da leitura e o desenvolvimento da escrita, nos âmbitos profissional e pessoal. Entendemos que resumir é interpretar e condensar. E que a utilização do resumo como um dos melho- res exercícios para o desenvolvimento da capacidade de entender o que se lê reproduzindo as ideias principais é fundamental no processo de interpretação. Compreender um texto exige habilidade, interação (envol- vimento) e trabalho. Realizamos a análise textual, identificando coerência (é o instrumento que o autor usará para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele) e coesão (que corresponde ao emprego de determinados elementos da língua que garantem a textuali- dade). Aprendemos como realizar a análise temática, a partir das pistas e elementos verbais. E ao final do conteúdo deste capítulo, entendemos a importância de realizar a análise interpretativa em que o estudante-leitor toma uma posição própria a respeito das ideias encontradas, ele dialoga com o autor, fazendo uma associação das ideias expostas no texto com outras ideias semelhantes e desenvolve, assim, uma visão mais crítica da realidade. Assuntos esses que são de grande relevância para a sua forma- ção como ser humano e profissional Técnico na área ambiental. Parágrafo 4 O parágrafo é a unidade autossuficiente de um discurso na escrita, que lida com um ponto de vista ou ideia particular. Garcia (1985, p. 203) conceitua o parágrafo como “uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve ou se explana determinada ideia central a que geralmente se agregam outras secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela”. Um parágrafo consiste tipicamente de uma ideia, pensamento ou ponto principal que o unifica, acompanhado por detalhes como: clareza, objetividade, coerência, sequência lógica que o complementam. Os parágrafos caracterizam-se por serem narrativos, descritivos ou dis- sertativos (ou parágrafo padrão), pois acompanham o tipo de texto que está sendo produzido. É importante caracterizar dois elementos do parágrafo: o parágrafo padrão e o tópico frasal. Denominamos parágrafo padrão o tipo de parágrafo que reproduz a estrutura do texto dissertativo, isto é, além de conter uma ideia básica, expõe essa ideia de forma completa atra- vés de três momentos básicos: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Estudando a organização do parágrafo padrão, estaremos, portanto, estudando em miniatura a estrutura do texto como um todo. Retomaremos esse conceito ao tratarmos da unidade interna do pará- grafo. O tópico frasal é a frase ou frases introdutórias do parágrafo, nas quais delimitamos o assunto e expressamos – ou pelo menos insinuamos – nosso objetivo ou posição pessoal em relação a ele. Serve como ponto de referência para a construção do desenvolvimento e da conclusão, uma vez que ambos devem responder às expectativas levantadas pelo tópico frasal. FIQUE ALERTA Não se devem usar parágrafos demasiadamente longos, pois dificultam a transmissão de uma ideia de forma clara e objetiva. Os parágrafos longos podem confundir ou dis- persar a atenção do leitor. Veremos, nos próximos itens, a estrutura e os tipos de parágrafos. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA46 4.1 ESTRUTURA INTERNA E TIPOS DE PARÁGRAFOS Como vimos, o parágrafo é um texto em miniatura, este pode ser narrativo, descritivo ou dissertativo, pois acompanha o tipo de texto que se está elaborando. Vejamos a análise detalhada da estrutura interna em cada tipo de parágrafo, a partir do parágrafo narrativo. 4.1.1 PARÁGRAFO NARRATIVO O parágrafo narrativo deve transmitir fielmente a intenção da narração. Ele relata os fatos, apresenta conflito, usa verbo de ligação, tem como matéria o fato. Nele são frequentes o diálogo direto e indireto. Observe no exemplo a seguir: Uma lata de cerveja vazia virou bola. Fui chutando, chutando. Ora do lado direito, ora do lado esquerdo da rua. Cansei. Dei um chutão: tibum. Caiu dentro do igarapé. O pontilhão estava torto e quebrado. Fiquei olhando lá embaixo. Um fiozinho de água corria entre um montão de lixo. Não vi nenhum peixinho. Só vi a luta da pequena água querendo romper passagem. Batia em saco plástico, em latas grandes e pequenas e outras coisas, sei lá o que era, só sei que era muita coisa. [...] Fonte: MEIRA, 2004. 4.1.2 PARÁGRAFO DESCRITIVO Encontramos, no parágrafo descritivo, relato de pessoas, ambientes, objetos e sentimentos. Neste parágrafo, apresentam-se as características predominantes do que se descreve, é constante o uso de metáforas, comparações e outras figu- ras de linguagem, o que resulta em uma imagem física ou psicológica. Vejamos o exemplo a seguir: Além do horizonte Jota Quest [...] Além do horizonte deve ter Algum lugar bonito Pra viver em paz Onde eu possa encontrar A natureza 4 PARÁGRAFO 47 Alegria e felicidade Com certeza... Lá nesse lugar O amanhecer é lindo Com flores festejando Mais um dia que vem vindo [...] Fonte: ROBERTO CARLOS; ERASMO CARLOS, 1975. 4.1.3 PARÁGRAFO PADRÃO OU DISSERTATIVO Denominamos parágrafo padrão ou dissertativo o tipo de parágrafo que aborda um tema, defende uma ideia, reproduz a estrutura do texto dissertativo, com predominância da linguagem denotativa, onde geralmente não aparece o emissor, pois o que importa é o assunto em questão e não quem fala dele. Analise um exemplo de parágrafo dissertativo a seguir: A disposição e a acumulação de resíduos orgânicos em lixões ou aterros sani- tários sem o devido tratamento favorecema ação de organismos anaeróbicos. Consequente- mente, surgem a geração de chorume e gases indesejáveis. Alguns desses gases exalam odores fétidos, outros fazem parte do grupo de gases do efeito estufa, contribuindo com o aquecimento global e as mudanças climáticas. Fonte: SILVA, 2010. VOCÊ SABIA? Que organizar um parágrafo por causa e consequência significa encadear as ideias de tal modo que as conse- quências de um fato sejam tomadas como causas de outros fatos. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA48 4.2 UNIDADE INTERNA Os parágrafos são unidades menores que, ao se estruturarem, originam o texto. Sua extensão é variada, dependendo muito do assunto a ser desenvolvido. Normalmente os parágrafos costumam ser assim distribuídos: introdução, desen- volvimento e, mais raramente, conclusão que chamamos de unidade interna do parágrafo. Cabe lembrar que não há um modo rígido para a construção de um parágrafo. Tudo depende da natureza do assunto, do tipo de composição e, principalmente, das preferências de quem escreve. Portanto, o parágrafo, na prática, não possui regras inflexíveis de aplicação. Mas não há dúvida de que a maioria é assim estruturado, pois é o método mais adequado para assegurar a unidade e coerência do parágrafo. Figura 15 - Elaboração de texto. Fonte: DREAMSTIME, 2012. A Figura 15 caracteriza o processo de elaboração do texto, nele, os parágrafos devem ser elaborados com início, meio e fim, trazendo os elementos já discutidos nesse conteúdo. Veremos essa estrutura detalhada a seguir. 4.2.1 INTRODUÇÃO Também denominada de tópico frasal. Compõe-se de um ou dois períodos curtos que concentram a ideia núcleo – ideia principal – do parágrafo. Tal ideia é ampliada e explorada no desenvolvimento. 4 PARÁGRAFO 49 4.2.2 DESENVOLVIMENTO Formado pelos períodos – tópico frasal, argumentação e ainda uma conclu- são. O desenvolvimento desdobra a ideia principal do parágrafo, na perspectiva de uma análise mais aprofundada do assunto mencionado na introdução. 4.2.3 CONCLUSÃO Retoma-se a ideia central do parágrafo, analisando-se os diversos aspectos apresentados no desenvolvimento e completando o sentido do parágrafo, assim concluindo o contexto. SAIBA MAIS Para complementar seus conhecimentos, leia PAULINO, Gra- ça. Tipos de texto, modos de leitura. Belo Horizonte: For- mato, 2001. Nas dissertações, os parágrafos são estruturados a partir de uma ideia que nor- malmente é apresentada em sua introdução, desenvolvida e reforçada por uma conclusão. A divisão de um texto em parágrafos tem a particularidade de facili- tar, ao escritor, a estruturação do texto, e a de possibilitar, ao leitor, uma melhor compreensão. Geralmente, ficam entre quatro ou cinco parágrafos (um para a introdução, dois ou três para o desenvolvimento e um para a conclusão). Observe na figura a seguir, a estrutura de um texto dissertativo. DESENVOLVIMENTO CONCLUSÃOINTRODUÇÃO 1º PARÁGRAFO 2º, 3º E 4º PARÁGRAFOS ÚLTIMO PARÁGRAFO TEXTO Figura 16 - Estrutura de um texto dissertativo. Fonte: FURTADO; PEREIRA, 2010. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA50 CASOS E RELATOS Elaborando Parágrafos na sala de aula Após concluir o assunto sobre parágrafos, a professora solicitou da turma a produção de um texto com o tema relacionado ao meio ambiente. Pedro, de imediato, iniciou seu texto: Diante de diversos problemas ambientais gerados pela sociedade contem- porânea, surgiram em várias partes do mundo debates sobre o uso racional da água: um caminho possível. Aparentemente infinita, a água doce do mundo existe em quantidade menor do que, em geral, as pessoas pensam. Ao se falar em água, imediatamente as pessoas se lembram de que 70% da superfície terrestre é composta de água, assim como nosso corpo. Entre- tanto, não se lembram de que boa parte desta água é imprópria para o consumo humano [...]. Fonte: SENAI, 2012. Observe que, ao produzir seu texto, Paulo teve o cuidado de levar em conside- ração o contexto, as intenções comunicativas, as estruturas, a clareza, a coesão e a objetividade. Estes elementos são importantes, pois Paulo sabia que seu texto poderia ser lido não só pela professora, daí a relevância de sua preocupação com os itens apresentados, pois o texto é construído a partir dos significados atribuí- dos pelo autor e pelo leitor. A atenção e o cuidado que Paulo teve são inerentes à produção de texto. E na sua vida profissional, dentro de uma empresa ou indús- tria, os textos de sua autoria, sejam análise, sejam comunicados, convites ou relatórios, devem se comportar de maneira semelhante, considerando todos os elementos já mencionados até aqui, para garantir a clareza e eficácia das informa- ções, compreensíveis para todos que acessarão essas informações. 4 PARÁGRAFO 51 RECAPITULANDO Estudamos, neste capítulo, que o parágrafo é formado por uma única ideia e formado por vários períodos que apresentam um ponto de vista. Com- preendemos ainda que o parágrafo é um texto em miniatura e que pode ter caráter narrativo, descrito ou dissertativo (padrão). O parágrafo tem introdução, desenvolvimento e conclusão, mantendo unidade, coerência, concisão e clareza e podem ser curtos ou longos. Agora que já sabemos sobre a estrutura de um parágrafo. Aprofundaremos no próximo capítulo desse livro a Descrição. Todos esses conteúdos fazem parte do seu processo formativo em Comunicação Oral e Escrita, que, com certeza, desenvolverão suas habilidades no campo da comunicação como profissional Técnico na área ambiental. Descrição 5 O objetivo da descrição é criar um retrato vivo, preciso e sugestivo do tema, que pode ser uma pessoa, um animal, uma paisagem, um ambiente, um objeto e, também, entidades abstratas, como uma ideia, uma emoção, um processo, um conceito. Na construção de texto descritivo, é necessário levantar todos os dados que se considera relevante ao tema, porque é a partir das informações contidas nas descrições que o leitor pode visualizar o que está sendo dito no texto. Esse tipo de texto há o uso constante das adjetiva- ções, metáforas, tempos verbais durativos (representam ação contínua ou periódica), verbos de estado e formas nominais. Veremos como é realizada a conceituação no processo descritivo. COMUNICAÇÃO ORAL E ESCRITA54 1 NEUTRALIDADE ABSOLUTA O mesmo que imparcialidade total. 5.1 CONCEITUAÇÃO Descrever é uma atividade na qual se utilizam os sentidos (visão, audição, paladar, tato e olfato) para captar a realidade e traduzi-la num tecido verbal (texto verbal), ou seja, a verdade que nos cerca pode ser apreendida pelos sentidos e depois interpretada através de imagens linguísticas. Conforme o contexto, a descrição pode ser mais objetiva ou mais subjetiva, embora a neutralidade absoluta1, assim como no caso da narração – aliás, assim como em qualquer tipo de comunicação - seja impossível. Para comprovar isso, basta pensar em um exemplo simples: se você quisesse vender uma casa, iria des- crevê-la no anúncio com isenção total, ou seja, imparcialmente. Observe a figura a seguir: Figura 17 - Diversidade e possibilidades descritivas. Fonte: DREAMSTIME, 2012.. VOCÊ SABIA? Que, ao observar a Figura 17, vários dos nossos sentidos são estimulados pela profusão de cores, aromas e textu- ras que dela surge? Com certeza, há palavras específicas para descrever cada uma dessas sensações. A partir da Figura 17, é possível escrever um texto que descreva com deta- lhes a diversidade de frutas apresentadas, sua disposição, as cores, tipos e etc. Exemplos claros, das muitas possibilidades textuais que levarão o leitor a imagi- nar diversos contextos. A seguir, aprofundaremos as características específicas de uma descrição. 5 DESCRIÇÃO 55 5.1.1 CARACTERÍSTICAS DE UMA DESCRIÇÃO a) Utilização de verbos de ligação que servem
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