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direito processual penal I

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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
 
Fases Históricas do Conceito de Justiça: Na antiguidade a justiça era 
executada sempre em razão dos interesses do Estado. 
Na Idade Média este espírito foi mantido, observando-se, porém, o interesse 
não do Estado, mas do Senhor feudal local. 
Na Idade Moderna, quando há o interesse do Estado envolvido na lide, estes 
prevalecem, caso contrário a justiça poderá ser feita. 
Na Idade Contemporânea a democracia prevalece e o Estado vence a lide 
quando tem razão e perde quando não a tem. 
Atualmente, considera-se que justiça é um conceito aplicado pelo Estado, 
exclusivamente pelo Estado, observando-se as normas consideradas 
fundamentais por àquelas sociedades. 
A história se apresenta com um complexo de ordenamento normativo que se 
integram, se contrapõem e se sucedem. 
 
Fato Jurídico e Ato Jurídico: Por este conceito de Bobbir, entendemos que o 
fato jurídico é o “gerador” e ato jurídico é a “conseqüência” e eles escrevem a 
história de uma sociedade. 
As normas sociais que restringem a ação dos indivíduos ficam restritas no 
âmbito da moral, mas é impossível a precisão de todas as restrições que 
devem ser impostas, assim como as normas morais freqüentemente 
desobedecidas acabam sendo transformadas em leis. 
Segundo Carnelutti, interesse é a satisfação de uma necessidade ou a 
necessidade de buscar o bem desejado. 
 
Sistemas Processuais: O processo penal brasileiro adota o princípio 
acusatório, mas possui uma fase preliminar extrajudicial, que é o inquérito 
policial. 
 
Princípios Reguladores do Processo Penal: Os princípios abaixo, quando 
inobservados, acarretam nulidade processual. 
Da Verdade Real: O juiz criminal tem a obrigação de determinar diligências 
para julgar a real verdade dos fatos. O magistrado não está limitado pelo 
princípio da inércia. 
Da Imparcialidade do Juiz: Sendo a prestação jurisdicional uma obrigação do 
Estado, não se pode admitir que o órgão prestador desta função haja de forma 
parcial. 
Da Igualdade das Partes: As partes, réu e vítima, devem ser tratadas em pé 
de igualdade, os direitos de um não podem sobrepor aos direitos do outro. 
Do Livre Convencimento do Juiz: O juiz não está acorrentado às provas que 
forem apresentadas. Poderá, analizando-ás, desprezá-las em sua sentença, 
desde que justifique o motivo. 
Do Contraditório: Todo réu tem direito de contradizer as acusações que lhe 
foram imputadas. Art. 5º, 55 da CF. 
Da Inocência Presumida: Todos são inocentes perante a lei até sentença 
condenatória transitada em julgado. 
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Da Iniciativa das Partes: A prestação jurisdicional é obrigação do Estado, mas 
à parte interessada deve provocar o poder judiciário requerendo esta 
prestação. 
Dos Limites da Lide: O juiz deve manter a sua decisão dentro dos limites em 
que a lide foi proposta. 
Da Identidade Física do Juiz: O juiz tem que ter liberdade e autonomia para 
exercer as sua funções. Por isso o cargo é vitalício, não sujeito a reduções 
salariais e a pessoa do juiz e intransferível e inamovível do seu posto. Por este 
princípio, se uma das partes sentir-se lesada pelo magistrado, não poderá 
pleitear a sua transferência. 
Do Devido Processo Legal: Ninguém será privado da liberdade sem ser 
processado — Art. 5º, 54 da CF. 
Da Inadmissibilidade de Provas Obtidas Ilegalmente: As provas não podem 
ser obtidas de forma ilegal. Ex.: escuta telefônica, violação de correspondência, 
flagrante provocado — Art. 5º, 56 da CF. 
Duplo Grau de Jurisdição: Toda sentença ou ato do juiz é passível de recurso 
e se equivocado receberá reforma. 
 
Função do Processo na Sociedade: Na origem do litígio sempre teremos 
uma disputa em algum direito ou bem juridicamente protegido (honra, vida, 
propriedade, etc). 
O Direito ao regulamentar os interesses não visa proteger apenas os desejos 
do indivíduo “A” ou “B”, mas garantir a proteção dos bens coletivos que 
sobrepõem aos bens individuais e dos bens públicos que superam os coletivos. 
Esses interesses às vezes conflitantes são denominados interesses 
convergentes. 
 
Classificação dos Interesses: Classifica-se os interesses da seguinte forma. 
Individuais: Quando dizem respeito a uma só pessoa — Ex.: vida, liberdade, 
propriedade, etc. 
Coletivos: Quando representam a soma de vários interesses individuais. 
Públicos: Quando superam a coletividade, isto é, quando o beneficiário 
daquele bem é pessoa indefinível e abrange toda a sociedade. Ex.: meio 
ambiente; serviço de saúde. 
Esses interesses convergentes muitas vezes se contradizem, se sobrepõem, 
se interferem e se influenciam. Diante de determinado fato da vida, interesses 
podem ser atingidos, levando alguém a se sentir lesado. 
Surge da lesão a lide nascida naquele conflito de interesses. Para solucionar o 
conflito a vítima busca a proteção jurisdicional do Estado. Esta proteção é 
comumente designada como AÇÃO. Processo é o conjunto de normas pelas 
quais as partes dirigem-se ou são solicitadas pelo poder judiciário. 
Quando vários interesses estão em jogo o Estado deve valorizá-los, se 
possível, todos os interesses devem ser resguardados, mas, sendo 
conflitantes, os mais valorados deverão se impor sobre os demais. — Ex.: 
liberdade religiosa, transfusão, direito à vida, etc. 
 
Solução do Conflito: Diante do conflito o Direito deve assumir três posturas 
sucessivas para análise do caso. 
Realidade Jurídica: Observar se existe infração a lei, isto é, determinar se a 
conduta do agente é típica; 
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Valoração da Vítima: Verifica-se pela teoria da vitimologia se a vítima 
contribuiu de alguma forma para a situação resultante; 
Conduta do Agente: Verifica-se, apesar de praticar o ato ilícito, se há alguma 
excludente de antijuridicidade que o beneficie. 
Esta análise é fundamental, pois definirá: 
a) Se cabe punição ao agente; 
b) Qual será esta punição. 
Cumprindo este papel, o Estado buscará: 
1) Restabelecer a ordem jurídica; 
2) Reafirmar os valores do direito para aquela sociedade, garantindo-lhes 
segurança; 
3) Demonstrar que a soberania do Estado não está ameaçada. 
A aplicação do Direito ou falta desta aplicação trará conseqüências, refletindo 
sobre a economia, a religião, a sociologia, a filosofia, etc. 
Tal fato é decorrente do valor que o Direito atribui a pessoa humana, que deve 
ser motivo maior da proteção oferecida pela lei. Desse modo, é fundamental 
que a sociedade antes de exigir a punição exemplar, esteja revestida de 
princípios de respeito e solidariedade. 
 
Espécies de Prazos: Classificação das espécies de prazos: 
Comuns: Os prazos são aqueles que afetam ambas as partes. Ex.: Apelação 
— 5 dias. (Recurso cabível contra sentença terminativa). 
Particulares: Só cabe para uma das partes. Ex.: Defesa prévia que é a 
elaborada previamente pelo advogado de defesa. 
Próprios: São aqueles cuja perda acarreta prejuízo processual 
(conseqüência). Trata-se de decisões interlocutórias (tomadas durante o 
andamento do processo). Ex.: Preclusão. 
Impróprios: É aquele cuja perda não acarreta conseqüências processuais, 
mas apenas punição disciplinar. 
Legais: São aqueles definidos em lei. 
Judiciais: São aqueles definidos pelo juiz, porém, somente quando a lei não 
determinar. 
 
Contagem de Prazos: Salvo os casos expressos em lei, os prazos correm a 
partir da: 
a) Ciência nos autos posterior a audiência; 
b) Juntada de precatória quando da intimação da sentença. 
 
Fixação dos prazos: A fixação dos prazos se dá. 
Em Anos: Utiliza-se o calendário. Ex.: Prazo de um ano termina na mesma 
data do ano seguinte; 
Em Meses:Utiliza-se o calendário. Ex. Prazo de um mês termina no mesmo 
dia do mês seguinte. 
Em Dias: Exclui-se o primeiro dia e acrescenta o último. 
Em Horas e Minutos: Conta-se minuto a minuto. 
Intimação Pessoal: Exclui-se a primeira hora. 
Pela Imprensa: Exclui-se o primeiro dia ou da publicação. 
 
Dia Não Útil: Quando o primeiro dia ou o último ocorrer em dia não útil, utiliza-
se o primeiro dia útil posterior. Dia não útil é aquele em que não há expediente 
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forense. Dias não úteis ou férias forenses no meio do prazo, não o 
interrompem. 
 
Suspensão da Contagem de Prazos: Somente pode ocorrer por: 
a) Impedimento do juiz; 
b) Por força maior; 
c) Por obstáculo judicial oposto pela parte contrária (embargos de terceiros) — 
Art. 798, § 4º. 
 
Fluência dos Prazos: Uma vez iniciada a sua contagem não são 
interrompidos até a sua conclusão. 
 
Inquérito Policial: Inquérito Policial é um procedimento administrativo prévio 
para apurar infrações penais e fundamentar denúncia ou queixa. 
a) Queixa é notícia crime feita pela vítima; 
b) Denúncia é a notícia crime fornecida pelo Ministério Público. 
O Inquérito Policial tem caráter investigatório e inquisitivo, não sujeito ao 
contraditório, podendo revestir-se de sigilo, se necessário ao interesse público, 
mas o sigilo não atinge o advogado que pode manusear o Inquérito a qualquer 
tempo. 
Em caso excepcionalíssimo, já há jurisprudência suspendendo por breve 
período o acesso do advogado ao preso, mas não do advogado ao inquérito. 
O Inquérito, portanto, não é indispensável para a propositura da ação penal, 
pois a denúncia ou queixa poderá basear-se em qualquer outra peça de 
investigação — Art. 12 do CPP. 
 
Representação: O Ministério Público não exige o Inquérito, quando na 
denúncia houver todos os elementos suficientes para a propositura da ação 
penal — Art. 46, § 1º. As provas apuradas pelo Inquérito terão o valor que o 
juiz atribuir (princípio do livre convencimento do juiz). 
A prova testemunhal e a confissão apurada no Inquérito deverão ser renovadas 
no processo. As demais provas colhidas, como: exames, laudos, avaliações, 
perícias, etc., não precisam reprodução em juízo. 
 
Confissão: A confissão em Inquérito terá validade apenas e apenas se 
concordantes com as demais provas do processo. 
 
Defensoria Pública: A defensoria Pública costuma ter um prazo em dobro em 
relação ao Ministério Público para formar a sua tese. Existe vasta 
jurisprudência negando este prazo em dobro, por ferir o princípio da igualdade 
entre as partes. 
 
Processo Envolvendo Tóxicos: Corre em sigilo absoluto, sua quebra é crime. 
Para o advogado pode haver pelo interesse público. Se a prova colhida no 
Inquérito for comprovadamente contraditada em juízo e derrubada, não 
havendo outras provas, o próprio Ministério Público requer de imediato a 
absolvição do réu. 
 
Regras de Competência: A competência refere-se à demarcação da área de 
atuação de cada juiz, sendo pelo lugar da infração, pelo domicílio ou residência 
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do réu, pela natureza da infração, pela distribuição, pela conexão ou 
continência, pela prevenção e pela prerrogativa de função. 
Conexão: Várias pessoas em mais de uma infração; 
Continência: Duas ou mais pessoas respondendo pelo mesmo crime, 
domiciliados em jurisdição diferentes. 
 
Jurisdição: A jurisdição atua como uma manifestação do Estado e tem duas 
características principais: 
a) É um poder do Estado que vai solucionar a lide; 
b) É a função que visa estabelecer a ordem jurídica posta em dúvida pela 
pretensão existida. 
 
Atuação da Jurisdição: A jurisdição atua por meio de juízes e tribunais, cada 
um deles com a sua área de jurisdição definida, conforme as normas do Poder 
Judiciário. Essa definição pode usar o critério da matéria da lide (trabalho, 
penal, civil, etc.), ou o critério geográfico. 
 
Princípios que Afetam a Jurisdição: São os seguintes. 
Inércia: Uma área jurisdicional não pode ser ampliada ou restringida para 
abranger ou não determinada lide; 
Indeclinalidade: Um juiz não pode declinar da sua obrigação de conhecer 
determinado processo; 
Inevitabilidade: Ninguém pode evitar a ação do Poder Judiciário; 
Indelegabilidade: O Poder Judiciário, no âmbito penal, não pode delegar a 
terceiros a sua obrigação de postação jurisdicional; 
Substitutividade: O Estado substitui, pelo seu poder, a ação das partes para 
resolver a lide; 
Definitividade: A decisão que transita em julgada é definitiva, porém, um fato 
novo pode modificar a definitividade pelo princípio da verdade real. 
 
Ação Penal: O direito de ação é subjetivo e público, e aquele que tem a 
legitimidade de pleitear, o faz em busca da prestação jurisdicional do Estado. 
Desde os tempos em que o Estado eliminou a justiça privada, tornou-se 
responsável pela sua aplicação. Conforme ensinamento dos penalistas abaixo, 
a ação penal tem por propósito. 
Dinamarco: O direito de ação visa estimular o Estado a apresentação da 
prestação jurisdicional; 
Chiovenda: O direito de ação é a aplicação do poder do Estado para punir a 
infração; 
Carnelutti: O direito de ação é a função do Estado para restabelecer a ordem. 
 
Pretensão do Autor: O autor da ação penal pretende, antes de tudo, punir o 
infrator. É um direito subjetivo, pois, apenas o sujeito da ação pode impetrá-la. 
E é público, porque todos têm este direito. 
 
Pretensão do Réu: No que concerne ao réu, o direito de ação traduz-se em 
seu direito a ampla defesa, que é o direito de ser punido somente após uma 
decisão definitiva do representante do Estado. Vejamos o ensinamento dos 
doutrinadores abaixo. 
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Moacir Amaral do Santos: No seu exercício de defesa o réu tentará 
convencer o juiz da sua inocência. 
Alfredo Buzaid: O exercício de defesa do réu está baseado na desmontagem 
das provas que contra ele são apresentadas. 
 
Aspectos do Direito de Ação: O direito de ação possui dois aspectos, um 
processual e outro constitucional. 
Constitucional: O direito constitucional é genérico, isto é, é a garantia da 
proteção do Estado a todos os cidadãos; 
Processual: O direito processual está vinculado a uma pretensão, a um fato 
concreto e sujeito a certas condições, que sãos as condições da ação. 
O direito de ação é sempre processual com garantias constitucionais para 
ambas as partes. Os termos causa, demanda e processo, são utilizados muitas 
vezes indevidamente como sinônimos. 
 
Condições da Ação: As condições da ação são: legitimidade, interesse em 
agir e possibilidade jurídica do pedido. 
 
Tipos de Ação: A ação penal é classificada: 
 
Quanto a Natureza: As sentenças pretendidas podem ser: 
Declaratórias: Podem ser positivas ou negativas. Nessas, o pedido pretende 
eliminar uma incerteza, definir uma situação jurídica. Ex.: Hábeas corpus 
pretendendo declaração de extinção de punibilidade. 
Condenatórias: O pedido pretende a aplicação da sanção. 
Constitutivas: São os resultados de um pedido que pretende alterar 
determinadas situações jurídicas. Ex.: Revisão criminal para desfazer sentença 
condenatória. 
No processo civil existem ações de conhecimento, cautelares e de execução. 
No âmbito penal, porém, existe apenas a ação de conhecimento. A execução 
penal não é ação, mas apenas a aplicação da pena já definida no processo de 
conhecimento. 
Existem algumas medidas cautelares penais, como a prisão preventiva, mas 
que não são ações em separado, apenas questões incidentais no processo 
de conhecimento. 
 
Quanto ao Procedimento: As ações podem ser: 
Comum: São presididaspor um juiz singular ou passam pelo Tribunal do Júri 
ou seguem o rito sumário nos tribunais especiais criminais. 
Especiais: Baseiam-se em leis extravagantes, combinadas ou não com o 
Código Penal. 
 
Quanto a Legitimidade: Quanto à legitimidade do autor as ações podem ser: 
a) Privada Exclusiva; 
b) Subsidiária; 
c) Personalíssima; 
d) Pública Incondicionada. Exercida pelo Ministério Público; 
e) Condicionada a representação do ofendido; 
f) Requisição do Ministro da Justiça. 
 
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Tipos de Ação Penal: São os seguintes tipos. 
 
Ação Penal Privada: As ações privadas são aquelas que se processam a 
partir de uma queixa, podem ser: 
a) Privada Exclusiva: Exercida por queixa, pelo ofendido ou seu representante 
legal, ou por sucessor relacionado no art. 100, § 4º do CP; 
b) Privada Subsidiária: Exercida por queixa, pelo ofendido, no caso de o 
Ministério Público não oferecer denúncia no prazo legal — Art. 29 do CPP; 
c) Privada Personalíssima: Só pode ser exercida pelo próprio interessado, 
mediante queixa, e não por algum dos sucessores, como, por exemplo, no 
crime de adultério. 
 
Ação Penal Popular: A Constituição Federal não previu esta possibilidade, 
porém, doutrinariamente, existe duas hipóteses. 
a) Qualquer cidadão brasileiro pode oferecer denúncia perante a Câmara 
Federal de Deputados, ou o Senado Federal por crime de responsabilidade 
cometido por agente político; 
b) No processo por crime falimentar em que o Ministério Público pediu 
arquivamento, qualquer credor prejudicado pode apresentar denúncia na vara 
competente. 
 
Ação Penal Pública: As ações públicas são aquelas que se processam a partir 
de uma denúncia, podem ser: 
 
Ação Penal Pública: A ação penal pública é cabível nos caso em que lei 
prevê, ou nos casos em que a lei proíbe a ação privada; 
Pública Incondicionada: Exercida pelo Ministério Público; 
Pública Condicionada: Exercida pelo Ministério Público, mas só mediante 
representação do ofendido, ou requisição do Ministro da Justiça. 
 
Características das Ações Penais Públicas: Essas ações apresentam quatro 
características. 
Necessidade: Havendo prova o MP tem que, necessariamente, oferecer a 
denúncia. O juízo sobre este volume necessário de prova cabe ao MP; 
Indisponibilidade: O Ministério Público não pode abrir mão de existir da ação 
e nem sobre ela transigir (fazer acordo); 
Oficialidade: Somente o órgão público e oficial, que é o juiz, pode conhecer a 
ação; 
Divisibilidade: A ação penal pública pode ser desmembrada em vários 
processos no interesse da justiça. 
 
Benefício da Progressão de Pena: Havendo reincidência ou crime repetitivo, 
o réu não terá o benefício da progressão de penas. 
 
Insanidade Mental do Acusado: Quando houver dúvida sobre a integridade 
mental do acusado, o juiz ordenará de ofício ou a requerimento do Ministério 
Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou 
cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. 
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Pode o exame ser feito no inquérito ou no processo, mas sempre por ordem do 
juiz competente. No processo, será este suspenso, com a nomeação de 
curador. 
O incidente corre em autos apartados. O exame deve ser específico, com 
avaliação do estado mental do examinado no momento do crime. A prescrição 
continua a correr durante a suspensão. Após o laudo médico, a solução pode 
orientar-se por uma das seguintes hipóteses: 
a) Não havia insanidade: O processo prossegue sem o curador; 
b) Havia insanidade: O processo prossegue com o curador; 
c) A insanidade é posterior ao crime: O processo fica suspenso até o 
restabelecimento, podendo o acusado ser internado em manicômio judiciário; 
d) A insanidade surgiu na execução: O condenado será internado em 
manicômio judiciário (art. 108 da LEP), podendo a pena ser substituída por 
medida de segurança (art. 183 da LEP); 
e) Insanidade verificada no inquérito: Deve ser oferecida a denúncia e o laudo 
e as medidas cabíveis serão avaliados no processo. 
 
Ações Penais — Rito Especial: Os juizados especiais criminais, criados a 
partir da lei 9099/95, procuraram abreviar o procedimento punitivo para: 
a) Delitos de menor potencial ofensivo com penas de até dois anos; 
b) Contravenções penais — todas; 
c) Porte ilegal de armas; 
d) Homicídio culposo em decorrência de acidente de trânsito. 
 
Suspensão do Processo: Os juizados especiais criminais para esses delitos 
contemplam o agente com a possibilidade da suspensão condicional do 
processo. Desde que este agente seja: 
a) Réu primário; 
b) Possuir bons antecedentes; 
c) Ter endereço fixo e residência definida; 
d) Reparação monetária do dano; 
e) Anuência por parte do réu. 
 
Condições da Suspensão: São as seguintes as condições. 
a) O benefício da suspensão só pode ser requerido uma única vez; 
b) Suspensão pelo processo pelo prazo de dois anos; 
c) Se o réu não envolver em nenhuma nova ocorrência, opera-se o 
trancamento em definitivo da ação penal; 
d) Se incorrer em nova falta, o réu será julgado pelo novo delito e também pelo 
anterior. 
 
Contravenção e Crime: Na contravenção há sempre o perigo de dano e no 
crime ocorreu o dano concretamente à pessoa, ao patrimônio, a honra, a 
imagem, etc. 
 
Ação Civil Decorrente de Condenação Penal: A ação civil é possível quando 
uma infração penal, resultante de condenação, transitada em julgado, torna 
possível a reparação do dano. 
 
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Nulidades — Art. 563: Opera-se uma nulidade sempre que um ato é praticado 
em descumprimento da forma prescrita em lei (nullité pás sans grief — não há 
nulidade sem dano). Existem três tipos de nulidades: 
Nulidades Absolutas: São as que infringem norma de interesse público; 
Nulidades Relativas: São as que infringem normas cogentes de interesse da 
parte.; 
Anulabilidades: São as que ferem normas dispositivas de interesse das 
partes. 
 
Normas Cogentes: São aquelas que determinam obrigatoriedade de 
procedimento. 
 
Normas Dispositivas: São aquelas que indicam procedimentos possíveis. 
 
Princípios que Regulam as Nulidades: Observa-se os seguintes princípios. 
a) Tipicidade das formas: O código prevê normas de procedimentos típicos 
para cada caso; 
b) Instrumentalidade das formas: Algumas formalidades não são sacramentais 
e visam fornecer instrumento para o bom funcionamento do processo, e não 
“atravancá-lo”, de modo que a formalidade pode ser abrandada para o bom 
funcionamento do processo; 
c) Permanência e eficácia dos atos processuais: Mesmo os atos nulos têm 
eficiência até a decretação daquela nulidade. 
d) Restrição processual à anulação dos atos: Um ato só pode ser anulado se 
alguém o requerer; este requerimento só é possível a quem sofre algum tipo de 
dano pela nulidade. 
 
Processo em Geral — Art. 1º: Para efeito do disposto no presente código, 
deve se considerar: 
Crime: Conjunto de pressupostos que dependem à aplicação ao agente de 
uma pena ou de uma medida de segurança. 
Autoridade judiciária: O juiz, o juiz de instrução e o Ministério Público, cada 
um na sua esfera de atribuições praticando os atos processuais da sua 
competência. 
Órgão de polícia criminal: São todos as entidades e agentes policiais a quem 
caiba levar os atos ordenados pela autoridade judiciária ou pelo CPP. 
Autoridade de polícia criminal: São os diretores, oficiais, inspetores e 
subinspetores de polícia e todos os funcionários a quem a lei atribui esta 
qualificação. 
Suspeitos: É toda pessoa relativamente a qual existam indícios de que 
cometeu, está preste a cometer, participouo está para participar de qualquer 
tipo de crime. 
Alteração substancial dos fatos: Aquela que tiver por efeito a imputação de 
um crime a um sujeito diverso do sujeito indiciado ou sendo o mesmo sujeito, 
crime diverso do que pensava inicialmente praticado. 
Relatório social: Informação sobre características familiares, sociais e 
profissionais do agente e da vitima, elaborado por investigadores ou 
assistentes sociais contratados pelo Estado com o objetivo claramente de 
identificar os envolvidos e apresentar ao juiz uma clara personalidade dos 
mesmos. 
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Informações a respeito de perguntas processuais: São respostas a 
solicitações concretas sobre testemunhas que possam vir a colaborar no 
processo. 
 
Normas Constitucionais que Regem o Direito Processual Penal — Art. 5º, 
CF: São os requisitos elementares da constituição que não podem ser 
inobservados, pois se tratam dos direitos individuais de cada pessoa. Esses 
direitos estão assegurados nos incisos XXXV até o LXXVII, conforme segue: 
- A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito; 
- A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa 
julgada; 
- Não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
- É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
- A plenitude de defesa; 
- O sigilo das votações; 
- A soberania dos veredictos; 
- A competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
- Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal; 
- A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
- A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais; 
- A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à 
pena de reclusão, nos termos da lei; 
- A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo 
e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os 
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
- Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis 
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
- Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de 
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, 
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido. 
 
Aplicação da Penas: A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre 
outras, as seguintes: 
- Privação ou restrição da liberdade; 
- Perda de bens; 
- Multa; 
- Prestação social alternativa; 
- Suspensão ou interdição de direitos. 
 
Tipo de Penas: São os seguintes os tipos de penas: 
- de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
- de caráter perpétuo; 
- de trabalhos forçados; 
- de banimento; 
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- cruéis; 
- A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a 
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
- É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
- As presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer 
com seus filhos durante o período de amamentação; 
- Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime 
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
- Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de 
opinião; 
- Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente; 
- Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal; 
- Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes; 
- São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
- Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória; 
- O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo 
nas hipóteses previstas em lei; 
- Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for 
intentada no prazo legal; 
- A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa 
da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
- Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
- A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada; 
- O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
- O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por 
seu interrogatório policial; 
- A prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
- Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a 
liberdade provisória, com ou sem fiança; 
- Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo 
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do 
depositário infiel; 
- Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar 
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder; 
- Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, 
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa 
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 
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Mandado de Segurança Coletivo: O mandado de segurança coletivo pode 
ser impetrado por: 
a) Partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente 
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos 
interesses de seus membros ou associados; 
c) Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma 
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades 
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania. 
 
Habeas Data: Conceder-se-á habeas data: 
a) Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do 
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público; 
b) Para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo 
sigiloso, judicial ou administrativo; 
c) Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a 
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado 
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio 
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas 
judiciais e do ônus da sucumbência; 
d) O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos; 
e) O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar 
preso além do tempo fixado na sentença. 
 
Gratuidade dos Serviços: São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na 
forma da lei: 
a) O registro civil de nascimento; 
b) A certidão de óbito; 
c) São gratuitas asações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, 
os atos necessários ao exercício da cidadania. 
 
Normas Definidoras: As normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata e os direitos e garantias expressos na 
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela 
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do 
Brasil seja parte. 
 
Normas Constitucionais Influenciadoras do Processo Penal: Os incisos 42 
a 44 trazem novidades ao agravar a pena de certas modalidades delituosas, 
como, por exemplo: a prática de racismo; tortura, tráfico de entorpecentes e 
terrorismo. As inovações trazidas pela Constituição de 1988, são: 
a) A imprescritibilidade; 
b) Inafiançabilidade; 
c) Impossibilidade de graça ou anistia. 
 
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Processo Legal: O inciso 61 prescreve que ninguém será preso sem o devido 
processo legal, a não ser em flagrante delito ou por ordem judicial justificada. 
A única exceção a esta regra permanece sendo a infração disciplinar militar. 
Além de a Constituição proteger a liberdade e ressalvar a prisão em flagrante e 
a prisão legítima, traz em seu artigo 301 do CPP “qualquer do povo poderá e 
os agentes policiais deverão prender quem seja encontrado em flagrante 
delito”. 
Algumas pessoas em razão da função que exercem, têm tratamento especial, 
mesmo diante do flagrante, tais como: membros da magistratura, do Ministério 
Público e do Parlamento. 
 
Direito do Preso: No inciso 62 há determinação de que dada a prisão, esta 
deverá ser imediatamente comunicada ao juiz competente e a família do preso 
ou a quem ele indicar. 
 
Prisão Provisória: É a prisão durante o processo, toda prisão que não decorre 
de uma sentença de condenação transitada em julgado. 
A prisão provisória, seja ela em flagrante delito, privativa, temporária, 
decorrente de decisão de pronúncia ou em conseqüência de sentença penal 
condenatória recorrível, constitui um recurso elementar com que conta o 
Estado e ao qual recorre, quando necessário, para, genericamente, evitar 
ofensa a ordem pública, garantir a instrução criminal e assegurar a efetiva 
aplicação da norma penal. Deste modo, de fato, conclui-se que é um mal 
necessário. 
 
Prisão Processual: A prisão provisória, também chamada processual, em 
sentido amplo, é cautelar e inclui a prisão em flagrante (arts. 301 a 310, CPP), 
a prisão preventiva (arts. 311 a 316, CPP), a prisão temporária (Lei nº 
7.960/89), a prisão resultante de pronúncia (arts. 282 e 408, § 1º, CPP) e a 
prisão resultante de sentença penal condenatória (art. 393, inc. I, CPP). 
 
Prisão Civil: Vale ressaltar, por oportuno, que a prisão civil é a decretada em 
casos de devedor de alimentos e de depositário infiel, únicas permitidas pela 
Constituição. A prisão administrativa, que após a Constituição de 1988 só pode 
ser decretada por autoridade judiciária, é prevista pelo Código de Processo 
Penal (art. 319, inc.I) e leis especiais. 
 
Prisão Disciplinar: Por fim, existe a prisão disciplinar permitida na própria 
Constituição para as transgressões militares e crimes propriamente militares 
(arts. 5º, inc. LXI e 142, § 2º), regulada essa prisão disciplinar pelo art. 18 do 
Decreto-lei nº 1.002/69. 
 
Prisão Preventiva: A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da 
ordem pública, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova de existência do crime e indícios 
suficientes da autoria — Art. 312 do CPP. 
 
Assistentes — Arts. 268 a 273: O ofendido pode habilitar-se como assistente 
do Ministério Público, através de advogado, para reforçar a acusação e 
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acautelar a reparação civil. Na falta do ofendido, podem habilitar-se o seu 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
A companheira do ofendido não pode ser assistente, mas ela participa de 
entidade familiar e faz jus à reparação de danos, tem legítimo interesse e 
direito à proteção do Estado. Por isso, não obstante opiniões contrárias, deve a 
companheira ser admitida como assistente, na falta do companheiro. 
O Ministério Público é ouvido sobre a admissão do assistente e o despacho 
que defere ou indefere é irrecorrível, restando, contudo, no caso de 
indeferimento, o caminho do mandado de segurança. 
 
Organização Judiciária: Inicialmente os membros são selecionados pelo 
recrutamento. 
a) Sistema de eleição: Sistema adotado no Brasil Império a partir da 
Constituição de 1824 e ainda vigente para juiz de paz. Este método é adotado 
em alguns estados do EUA. 
b) Sistema de escolha por órgão especializado: Iniciado na França e na Itália 
este é o sistema vigente no Brasil, onde um órgão superior organiza esta 
escolha a partir de provas de conhecimento em testes práticos. No Brasil é feito 
pelo Conselho Superior de Magistratura. 
c) Sistema de livre escolha pelo Poder Executivo: Vigente no Brasil para o 
preenchimento de vagas nos Tribunais Superiores. 
d) Sistema de livre escolha pelo Poder Judiciário: Neste sistema os juízes 
superiores indicavam os juízes da 1ª entrância. Vigorou no Brasil da 
Constituição de 1891 até 1930. 
e) Sistema constitucional: A partir do governo de Vargas foi adotado o sistema 
Constitucional misto e atualmente a escolha pelo Poder Judiciário limita-se a 
uma lista tríplice encaminhada ao Poder Executivo para preenchimento de 
vagas nos Tribunais Superiores. 
f) Sistema de nomeação pelo Poder Executivo por indicação do Poder 
Legislativo: Muito comum em países parlamentaristas, principalmente no norte 
da Europa, como, por exemplo: Noruega, Suécia, Dinamarca, etc. 
g) Sistema de nomeação pelo Executivo dependente de aprovação pelo 
Legislativo: 
h) Sistema de sorteios: Na justiça militar na 1ª instância o órgão colegiado que 
julgar é composto por oficiais superiores sorteados. 
 
Promoção de Juiz: Conforme prevê o artigo 93, I da CF, que dispõe sobre o 
ingresso na magistratura, cuja carreira se inicia como juiz substituto e a Lei 
Complementar 35/79, estabelece promoções no mínimo qüinqüenais para 1ª, 
2ª, 3ª entrância e entrância especial que em São Paulo corresponde à Capital. 
O juiz de direito da entrância especial poderá ser promovido para o Tribunal de 
Alçada e depois para o Tribunal de Justiça. 
 
Duplo Grau de Jurisdição: Existe sempre uma instância inferior e outra 
superior. Na 2ª pode-se recorrer das decisões da 1ª. Isto obriga os juizes de 1ª 
instância a se empenharem na formalização das suas decisões, sobre o risco 
de vê-las reformadas a todo o momento. 
 
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Composição: Nas instâncias inferiores o juízo é monocrático e nas superiores 
é colegiado. Os Tribunais são divididos em seções, turmas, câmaras e grupos 
de câmaras. 
 
Instauração do Inquérito Policial: O indiciado podia recusar-se a ser 
identificado, pois durante 12 anos o artigo 5º, LVIII da CF, proibiu que fosse. 
Contudo, com o advento da Lei 10054/00, permite-se nos casos, quando o 
indiciado ou acusado, pela prática de homicídio, crime contra o patrimônio com 
violência ou grave ameaça, crime de receptação qualificado, crimes contra a 
liberdade sexual ou crimes de falsificação de documentos públicos. 
 
Persecução Penal – (Perseguir o Crime): A Polícia Judiciária é aquela 
destinada a intervir quando os fatos que a Polícia de segurança pretendia 
prevenir, mas não conseguiu ou então aquela que a mesma sequer imaginava 
acontecer. 
 
Finalidade da Polícia Judiciária: É aquela exercida pelas autoridades 
policiais no território de suas respectivas jurisdições, tendo por finalidadea 
apuração das infrações penais e a autoria destas, conforme previsto no artigo 
144, § 4º da CF, 133 e 4º do CPP. 
 
Notitia Criminis: É a notícia do crime (Art. 5º, § 4º do CPP) levado ao 
conhecimento da autoridade policial de um fato aparentemente criminoso. Pode 
ser pelo encontro de um corpo delito, de um flagrante por comunicação de 
funcionário, pela publicação da imprensa, pela informação de qualquer do 
povo. 
 
Termo Circunstanciado: Infrações de menor potencial ofensivo, cujo 
procedimento dever ser remetido para o juizado especial criminal, conforme 
prevê a Lei 9099/95. 
 
Características do Processo: São as seguintes às características do 
inquérito: 
a) Inquisitivo: Não existe a figura do contraditório; 
b) Sigiloso: A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário a 
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade – Art. 20 do CPP; 
c) Escrito: Todas as peças do inquérito serão, num só processado, reduzidas a 
escrito ou datilografadas – Art. 9º do CPP. 
d) Indisponível: Nos casos de ação pública o Delegado tem que instaurar o 
inquérito policial – Art. 17 do CPP. 
 
Vícios do Inquérito: Não há de se falar em nulidade do inquérito. 
 
Competência do inquérito: Conforme previsto no artigo 4º do CPP a 
competência será por: 
a) Local: Divisão geográfica. Ex.: 1º Distrito, 2º distrito, etc. 
b) Matéria: Tipo de delito praticado. Ex.: roubo – Delegacia de roubos. 
c) Pessoa: Em razão do tipo da vítima ou infrator. Ex.: mulher – Delegacia da 
mulher; menor infrator – DPCA. 
 
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Modalidades de Flagrância: São os seguintes tipos de flagrantes: 
a) Flagrante Próprio: Ocorre no momento em que o agente é surpreendido 
cometendo o delito ou acabou de cometê-lo – Art. 302, I e II do CPP; 
b) Flagrante Impróprio: Ocorre quando o agente é perseguido logo após o 
evento crime pela autoridade, pelo ofendido ou qualquer pessoa em situação 
que faça presumir que o agente seja o autor do delito – Art. 302, III do CPP; 
c) Flagrante Presumido ou Fixo: Ocorre quando o agente é encontrado logo 
depois do crime, com o instrumento, armas, objetos ou papéis que façam 
presumir ser ele o autor da infração – Art. 302, IV do CPP. 
 
Atos Iniciais: O indiciamento é praticado pela autoridade policial quando os 
indícios de autoria de uma fato ligam determinado indivíduo a este fato, o qual 
será ouvido nas duas fases - Artigo 6º, V combinado com o artigo 186. 
 
Competência: A competência jurisdicional será determinada: 
a) Pelo lugar da Infração: Em regra a competência é fixada pelo lugar em que 
se consuma a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for 
praticado o último ato de execução (art. 70 do CPP); 
b) Pelo domicílio ou residência do réu: Quando não for conhecido o lugar da 
infração (art. 72 do CPP); 
c) Pela natureza da infração: A competência será fixada em razão da matéria, 
com atribuições específicas da Justiça Estadual, Federal, Eleitoral, Militar ou 
Trabalhista (art. 74 do CPP); 
d) Pela distribuição: Quando houver dois ou mais juízes na mesma comarca, 
dá-se a competência por distribuição, realizada geralmente por sorteio (art. 75 
do CPP); 
e) Pela conexão ou continência: Por conexão quando há dois ou mais delitos 
relacionados entre si no modo de execução (conexão material) ou nos meios 
de prova (conexão probatória) (art. 76 do CPP). Por continência quando duas 
ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração (art. 77 do CPP); 
f) Pela prevenção: Quando dois ou mais juízes igualmente competentes ou 
com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de 
algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao 
oferecimento da denúncia ou queixa (art. 83 do CPP); 
g) Pela prerrogativa da função: Esta prerrogativa abrange ocupantes de cargos 
públicos, que são processados de acordo com regras especiais, como, por 
exemplo, os Prefeitos, que, no crime, são julgados pelo Tribunal de Justiça (art. 
84 do CPP). 
 
Conflito de jurisdição: O conflito é a discrepância entre juízes, do primeiro 
grau ou superior, em questões de competência. Quer dizer que é um dos meios 
pelos quais se resolvem problemas ligados à competência. 
A solução desses conflitos é extremamente importante, uma vez que a 
competência pode levar a nulidade do processo (Art. 564, I do CPP), já que a 
competência do juiz é um dos pressupostos de validade do processo. 
Se o juiz for incompetente, a relação processual não é validade, exceto nos 
casos de competência. 
É preciso, portanto, garantir que a causa seja julgada por um juiz competente 
para tanto, é o próprio juiz no despacho de recebimento da denúncia que deve 
analisar se tem ou não competência para o julgamento daquela causa. 
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Mesmo quando o juiz não se manifeste, quando do recebimento da denúncia, 
nada impede que a qualquer tempo, o faça, remetendo os autos ao órgão que 
tiver competência para julgá-la. 
Ainda assim, se o juiz não se manifestar a esse respeito, qualquer das partes 
poderá levantar a questão, através da chamada “exceptio declinatoria fori”. 
Neste caso, se a incompetência for relativa, a argüição deve ser feita no prazo 
de defesa prévia, já se for absoluta, pode ser argüida a qualquer tempo e em 
qualquer instância. 
O artigo 113 do CPP diz que os problemas de competência se resolvem pela 
exceção de incompetência e também pelo conflito negativo ou positivo da 
jurisdição. 
Mas, conflito de competência e de jurisdição, embora tratados pela legislação 
como sendo equivalentes, são tratados pela doutrina de forma separada. Há, 
ainda, um terceiro tipo de conflito, que é o de distribuição. Portanto, existem 
três tipos de conflitos, a saber: 
 
Conflito de jurisdição: O conflito de jurisdição, propriamente dito, segundo a 
doutrina, ocorre quando duas ou mais autoridades judiciárias integrantes de 
justiças diversas se dizem competentes ou incompetentes para conhecer do 
mesmo crime, ou quando surgir controvérsia entre elas, sobre a unidade do 
juízo, junção ou separação dos processos. 
Isso ocorre, na prática, quando há divergências para o conhecimento de uma 
causa entre órgãos da justiça comum e especial, entre os órgãos de justiça 
especial diversa, entre os órgãos jurisdicionais comuns de estados membros 
diferentes. 
O conflito de jurisdição ocorre apenas entre unidades federadas (Estados, DF e 
Territórios) ou entre a União e qualquer dessas unidades federadas. 
Cada unidade da federação tem seus próprios poderes, e quando ocorre o 
conflito do judiciário de duas unidades federadas, é que realmente ocorre o 
conflito de jurisdição. 
A Constituição Federal de 1988 determinou, em seu artigo 105, I, “G”, que cabe 
ao STJ, julgar casos de conflito de jurisdição. 
 
Conflito de competência: O conflito de competência ocorre quando a dúvida 
surgir entre dois ou mais órgãos da mesma justiça (por exemplo: órgãos 
comuns da mesma unidade da federação). Assim, dentro de uma mesma 
jurisdição, só pode haver conflito de competência. 
 
Conflito de atribuições: O conflito de atribuições ocorre entre os órgãos de 
poderes diferentes (Legislativo, Executivo e Judiciário). A competência para 
resolução dos conflitos de atribuições passou a ser, pelo artigo 105, I, da CF, 
do STJ. Assim, ele ocorre entre autoridades administrativas ou entre elas e 
autoridades judiciárias. 
 
Tipos de Conflitos de Jurisdição ou Competência: O artigo 114 do CPP 
dispõe que haverá conflito de jurisdição ou competência: 
a) Quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes 
(neste caso se denomina conflito positivo) ou incompetentes (que denomina-se 
conflito negativo), para conhecero fato criminoso. 
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b) Quando surgir entre duas ou mais autoridades judiciárias controvérsia sobre 
a unidade juízo, junção ou separação de processos. 
 
Quem Pode Suscitar o Conflito: O artigo 115 do CPP determina que pode 
suscitar o conflito, a saber: 
a) A parte interessada, isto é, o autor ou o réu; 
b) O órgão do Ministério Público junto a qualquer dos juízes em dissídio; 
c) Qualquer dos juízes ou Tribunais em causa; 
d) Se o conflito for entre órgãos de Primeira Instância, qualquer um dos juízes 
em dissídio, poderá suscitá-lo; 
e) Se entre órgãos de Segunda Instância, cabe ao Tribunal através de seu 
Presidente, argüir o incidente. 
 
Formação da Argüição: A formação de argüição, se o conflito for suscitado 
pelo MP, ou pelo réu, será sempre a de argüir o conflito através do 
requerimento por petição, expondo com clareza a questão. 
A petição, sempre que possível, deverá ser instruída com translado de peças 
do processo, conforme prevê o artigo 116 do CPP (certidões, etc), já se o 
conflito for levantado por qualquer dos juízes em dissídio, de 1º grau ou 
superior, em se tratando de conflito negativo, poderá ser feito nos próprios 
autos, mas, em se tratando de conflito positivo, deverá ser feito sob a forma de 
representação, onde o argüente fará a exposição da questão, citando a 
doutrina e a jurisprudência e anexando os documentos que comprove a sua 
tese. 
 
Endereçamento da Petição: O requerimento será endereçado ao Presidente 
do Tribunal, a quem cabe decidir o conflito. Uma vez suscitado o conflito, em 
qualquer dos casos, os autos serão distribuídos ao órgão julgador. 
Após a designação do relator do processo, se o conflito for positivo, o feito 
deverá ser sobrestado (art. 116, 2º do CPP), mas se for negativo não há 
sobrestamento do feito. 
Caso o conflito não seja argüido nos próprios autos, em ambos os casos, 
negativo ou positivo, deverão ser pedidas informações às autoridades em 
conflito, conforme disposto no art. 116, § 3º do CPP. 
Se for o caso, após as informações, poderá ser ouvido o MP, quando então, se 
não houver mais nenhuma diligência a ser realizada, a matéria será decidida 
em 1ª sessão. 
Por ser o STF o órgão máximo do judiciário, não é possível entre ele e 
qualquer outro Tribunal, mas, se for levada a questão, caberá ao STF avocar a 
causa, como disposto no artigo 117 do CPP. 
 
Interpretação: Interpretar a lei significa buscar a vontade e o pensamento nela 
contidos. Tipos de interpretação: 
a) Autêntica: É feita pelo próprio legislador e pode ser: 
- Contextual: Ocorre quando na própria lei, o legislador já dá a sua 
interpretação, explicando-a. 
- Por Lei Posterior: É o tipo mais comum e ocorre quando outra lei posterior 
vem e dá a interpretação da anterior. 
b) Doutrinal: A doutrinal é aquela que ocorre quando os juristas, comentadores 
e doutrinadores interpretam a norma, dando-lhe sentido. 
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c) Judicial: A judicial é a interpretação da norma dada por juízes e tribunais ao 
aplicarem a lei ao caso concreto. 
d) Gramatical: É a que inspira no próprio significado das palavras da lei. 
e) Lógica: Quando se usam as regras gerais do raciocínio para compreender o 
espírito da lei e a vontade do legislador. 
f) Sistemática: Usada quando há dúvida sobre como se utilizar e a que aplicar a 
lei, não quando às suas palavras. Nesses casos, deve-se interpretá-las à luz de 
todo o direito. 
g) Histórica: Quando se estuda a evolução da lei e seus precedentes para 
compreender seu significado e a vontade do legislador. 
h) Extensiva: Quando se amplia o sentido do texto, para abranger hipóteses 
semelhantes. 
i) Restritiva: Quando se procura conter o texto, para que não alcance outras 
situações. 
j) Progressiva: Quando expressão ou expressões contidas na norma sofrem 
alterações como o passar dos tempos, procura-se adaptar o sentido ao 
contexto atual. 
k) Analógica: Quando há uma regra geral e os casos concretos, não 
detalhadamente previsto na lei, são ligados a essa regra mais geral. Ex.: 
conceito de residência e domicílio ou o art. 61 do CCP. A analógica é um 
princípio jurídico segundo o qual a lei estabelece para determinado fato, aplica-
se outro fato. Interpretação analógica é a lei mais geral, mais ampla, que 
pretende abarcar todos os fatos através de expressões mais amplas. 
 
Inquérito Policial: É com a notitia criminis (notícia do crime) que a autoridade 
policial dá início as investigações. Mas é pela instauração de ofício, por 
requisição da autoridade judiciária, Ministério Público ou do ofendido, que se 
inicia o inquérito policial. 
Quando não é instaurado de ofício pela própria autoridade policial, a requisição 
deve conter a narrativa do fato com todas as suas circunstâncias, individualizar 
o pretenso culpado ou dar-lhes os sinais característicos que tiver e as razões 
que levam a crer ter sido ele o autor do delito, nomear testemunhas com 
profissão e residência, sempre que possível. 
 
Crime de Menor Potencial Ofensivo: Tratando-se de crime de menor 
potencial ofensivo, que a competência for do Juizado Especial Criminal, não se 
instaurará o inquérito. A autoridade policial deverá apenas elaborar um “Termo 
Circunstanciado”, no qual deverá constar: a narração sucinta do fato e de suas 
circunstâncias, com a indicação do autor, do ofendido e das testemunhas: 
nome, endereço e qualificação das testemunhas, ordem de requisição de 
exames periciais, quando necessários, determinação de sua imediata remessa 
ao MP operante no JEC, com as informações colhidas, comunica-ás ao juiz, 
certificação da intimação do autuado e do ofendido, para comparecimento em 
juízo no dia e hora designados. Nos crimes de ação pública, a autoridade 
policial tem o dever (e não a faculdade) de instaurar o inquérito policial. 
Se a autoridade policial, por qualquer motivo (se já estiver extinta a 
punibilidade, se o requerimento não fornecer o mínimo indispensável para se 
proceder à investigação, se a autoridade a quem for dirigido o requerimento 
não for a competente, se o fato narrado for atípico ou se o requerente for 
incapaz), indeferir o pedido de instauração do IP. Contudo, cabe recurso ao 
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Secretário de Segurança Pública, através de petição fundamentada, mostrando 
a falta de razão da autoridade policial. 
O inquérito policial tem início, ainda, pelo auto de prisão em flagrante ou, 
também, pela delatio criminis, nos moldes do § 3º do art. 5º do CPP “qualquer 
pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que 
caiba ação pública, poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à 
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará 
instaurar inquérito”. Ou seja, através de comunicado de fato criminoso a policia 
pelo cidadão comum. 
Nos casos de crime de ação penal pública condicionada, o inquérito só terá 
início após a representação, ou, no caso de flagrante, mediante a respectiva 
autorização. Nos casos de ação penal pública condicionada à requisição do 
Ministro da Justiça (p.ex. crime cometido contra brasileiro por estrangeiro no 
exterior), o inquérito só terá início mediante a respectiva requisição do Ministro 
e nos casos de crime de ação penal priva, o inquérito só terá início após o 
requerimento de quem detiver o direito de ação privada. Esse ato não pode ser 
suprido pelo MP ou autoridade judiciária. 
 
Prazo Para a Instauração: O prazo para requerimento de instauração de 
inquérito em crimes de ação penal privada segue a lógica do art. 38 do CPP, 
ou seja, 6 (seis) meses. O requerimento para instauração de inquérito por 
crimede ação penal privada deverá obedecer os requisitos do § 1º do art. 5º do 
CPP. 
 
Prisão em Flagrante: Quando houver prisão em flagrante, a peça inaugural do 
IP será o próprio auto de prisão em flagrante. O auto é uma peça datilografa ou 
digitada, na presença da autoridade policial, em que se registra dia, local, hora, 
comparecimento do condutor, de testemunhas e do conduzido. Tratando-se de 
menor de 21 anos, deverá ser nomeado um curador. 
 
Conclusão do Inquérito: O art. 10 do CPP determina que o inquérito deverá 
ser concluído em 30 dias, quando o indiciado não estiver preso. Se estiver 
preso e a prisão tiver sido feita em flagrante, o inquérito deverá ser concluído 
em 10 dias, contados da data da prisão, igual prazo quando se referir à prisão 
preventiva. 
 
Justiça Federal: Na Justiça Federal, o prazo para conclusão do inquérito é de 
15 dias, podendo ser prorrogado por mais 15, a pedido da autoridade policial, 
desde que deferido pelo juiz competente. Em geral, dado o aumento da 
criminalidade, é comum que a autoridade policial peça a dilação do prazo ao 
MP, que, ao concedê-la, poderá, ainda, sugerir essa ou aquela providência no 
inquérito. 
 
Relatório: Após todas as diligências (vítima, indiciado e testemunhas ouvidas, 
provas juntadas, etc.), a autoridade policial deverá fazer um relatório (um 
resumo do processo, minucioso do que houver apurado), que não deverá 
conter quaisquer juízos de valor, e remeter os autos do inquérito, bem como 
todas as provas, ao juiz competente. 
 
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Arquivamento do Inquérito: A autoridade policial não poderá pedir o 
arquivamento do inquérito (art. 17 do CPP), pois cabe ao MP fazê-lo. Mas, a 
despeito do pedido de arquivamento, por não se tratar de decisão do mérito, a 
autoridade policial, diante de novas provas, poderá empreender novas 
investigações (art. 18 do CPP). 
 
Ação Penal: A ação pode ser dita Ação Penal sempre que versar sobre Direito 
Penal. A ação penal pode ser classificada em pública e privada, relativamente 
a quem a promove. 
O art. 100 do CP determina que a ação penal será sempre pública, salvo 
determinação expressa em contrário da lei. Portanto, a regra é que a ação 
penal é pública, poderá, entretanto, ser privada, nos casos prescritos por lei. 
A divisão em pública e privada explica-se porque o jus puniendi pertence ao 
Estado, detentor que é do poder de punir e titular da ação penal. Assim, 
quando é o MP quem promove a ação penal, diz-se que ela é pública. Porém, 
há casos em que o Estado, a despeito de seu interesse de reprimir os delitos, 
considera a tenuidade da lesão, o interesse da vítima em preservar sua 
intimidade, o dano que a publicidade do fato delituoso pode causar à vítima, 
por exemplo, e deixa a cargo da vítima ou de quem legalmente a representar, a 
escolha entre promover ou não a ação penal. Aí se diz que a ação penal é 
privada. 
A ação penal pode, ainda, ser subdividida em pública incondicionada e pública 
condicionada. 
Será pública incondicionada quando for promovida pelo MP sem a interferência 
de mais ninguém. Não importa, por exemplo, se a vítima quer ou não processar 
criminalmente o autor do delito, pois o MP ingressará com a ação da mesma 
forma e será pública condicionada nos casos em que a lei condicionar a 
propositura da ação a uma manifestação de vontade do ofendido 
(representação) ou do Ministro da Justiça (requisição). Por exemplo: crime de 
furo de coisa comum – Art. 156 do CP. 
 
Princípios da Ação Penal Pública Incondicionada: São cinco os princípios 
que regem a ação penal pública incondicionada, a saber: 
a) Oficialidade: Apenas ao Estado cabe punir o criminoso, pois é ele o detentor 
do direito de punir em abstrato que se concretiza quando da realização de um 
crime, surgindo à pretensão punitiva. Para concretizar sua pretensão punitiva o 
Estado deve propor a ação penal que lhe pertence. Mas o Estado não pode 
estar em juízo, assim, por meio dos órgãos oficiais (Ministério Público), que 
exercem o direito que pertence ao Estado. Por se tratar de órgão oficial, tem-se 
o princípio da oficialidade; 
b) Indisponibilidade: Como a ação penal pertence ao Estado (salvo as 
exceções) e não ao MP, este não poderá dispor, para desistir, transigir ou 
acordar, quer seja ela condicionada ou incondicionada (Ex.: art. 42 do CPP). 
Há casos, entretanto, em que há uma certa flexibilização desse princípio, como 
no caso de infrações com menor potencial ofensivo, como as contravenções 
apenadas com, no máximo um ano (juizado especial), ou, ainda, nos casos em 
que a prescrição for inafastável ou a peça acusatória ser imprestável, quando 
então o MP poderá desistir da ação; 
c) Legalidade ou Obrigatoriedade: É aquele que determina que o MP está 
obrigado a propor a ação penal, não podendo escolher ou julgar a conveniência 
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de propô-la ou não. Esse princípio também foi atenuado pelo instituto da 
transação, disposto no art. 76 da Lei 9099/95 (Juizados Especiais Criminais); 
d) Indivisibilidade: A ação penal pública é indivisível, abrangendo todos os que 
cometeram o crime. Isso se dá porque a propositura da ação penal é um dever, 
não uma opção e, em sendo assim, não cabe ao MP escolher contra quem 
deverá ser proposta, mas deverá promovê-la contra todos os que cometeram o 
delito; 
e) Intranscendência: É aquele que determina que a ação penal deverá ser 
proposta apenas contra aqueles a quem se imputa a prática do delito, contra 
ninguém mais. 
 
Ação Penal Pública Condicionada: A ação penal pública condicionada se diz 
pública porque é promovida pelo MP e condicionada porque é subordinada a 
uma condição (representação ou requisição do Ministro da Justiça). 
A representação deverá ser encaminhada pelo ofendido ou quem legalmente o 
represente ao juiz, á autoridade policial ou ao MP. 
Se o ofendido for incapaz e não tiver representante legal, o juiz de ofício ou o 
MP, por requerimento, fará designar um curador especial. 
Se o ofendido morrer ou for declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
O ofendido ou quem o representar poderá se retratar, impedindo o início da 
ação penal, desde que o faça antes do oferecimento da denúncia. 
Ainda que a representação seja feita apenas contra um, poderá o MP 
denunciar os demais partícipes do mesmo fato, em razão do princípio da 
indivisibilidade. 
O prazo para se fazer a representação, de acordo com o art. 38 do CPP, é de 6 
(seis) meses, contados da data em que o ofendido tomar conhecimento de 
quem foi o autor do crime, ou, no caso de crime de imprensa, da data do fato. 
 
Início da Ação Penal Pública - Incondicionada ou Condicionada): A ação 
penal pública se inicia com o oferecimento da denúncia, que é o ato processual 
pelo qual o representante do MP leva ao conhecimento do juiz, apoiado nas 
provas colhidas durante o inquérito policial, a notícia de uma infração penal, 
apontando quem a cometeu e requisitando que seja instaurado o respectivo 
processo contra o autor do crime. O ajuizamento da ação penal ocorre após o 
início da ação, quando o juiz manda, por despacho, citar o réu. 
 
Requisitos da Denúncia: Exposição do fato criminoso, qualificação do 
acusado, classificação do crime, rol de testemunhas. 
 
Prazo Para Oferecimento da Denúncia: Pelo art. 46 do CPP, o prazo será de 
5 dias se o indiciado estiver preso e 15 dias se estiver solto, ambos contados 
da data em que o MP receber os autos do inquérito policial. Há exceções, 
como no caso de crime eleitoral, (art. 357 do Cód. Eleitoral) e crime de 
imprensa em que o prazo é de 10 dias, etc. 
Se o MP não oferecer a denúncia nos prazos estipulados emlei, o preso 
poderá impetrar hábeas corpus, pedindo sua soltura, quando o juiz não o fizer 
por meio de expedição do respectivo alvará. 
Poderá, ainda, a própria vítima, por meio de queixa, suprir a falta do MP. De 
qualquer forma, o MP poderá, até que seja extinta a punibilidade, oferecer a 
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denúncia fora de prazo, mas arcará com as conseqüências de seu ato (perderá 
tantos dias de seus vencimentos quantos forem os de atraso, nos termos do 
art. 801 do CPP, poderá sofrer sansões disciplinares e, até, responder por 
crime de prevaricação). 
 
Arquivamento: O MP poderá pedir o arquivamento do inquérito policial, 
deixando, assim, de oferecer a denúncia, quando observar não estarem 
presentes os pressupostos gerais, como: autoria conhecida, fato típico e provas 
mais ou menos idôneas a respeito da relação de causalidade. O MP deverá 
fundamentar seu pedido de arquivamento e se o juiz dele discordar, 
determinará nova avaliação pelo Procurador Geral de Justiça, que confirmará 
ou não o pedido de arquivamento. 
O arquivamento do inquérito policial não faz coisa julgada, mas somente 
poderá ser desarquivado se existirem novas provas substancialmente 
inovadoras. 
 
Restituição das Coisas Apreendidas: As coisas apreendidas devem ser 
restituídas, se não interessarem mais ao processo, por ordem da autoridade 
policial ou do juiz. Havendo dúvida sobre o direito do reclamante, é o pedido 
autuado em separado, com decisão do juiz criminal ou com remessa das partes 
ao juízo cível, se não esclarecida a propriedade da coisa. Os instrumentos e o 
produto do crime, como definidos no artigo 91, II do CP, não são devolvidos, 
mas confiscados em favor da União. 
 
Medidas Assecuratórias: São medidas assecuratórias o arresto, o seqüestro 
e a especialização da hipoteca legal. 
 
Arresto: O arresto consiste na apreensão de quaisquer bens do indiciado ou 
acusado, para garantir o ressarcimento dos danos e, no caso de imóveis, para 
preparar a especialização da hipoteca legal, a ser requerida em 15 dias após o 
arresto (arts. 136-143). 
 
Seqüestro: O seqüestro consiste na apreensão de bens certos e 
determinados, para garantir o ressarcimento dos danos, ou no confisco, como 
no caso da perda, em favor da União, dos instrumentos e proventos do crime – 
art. 91, II do CP, podendo ser de bens indeterminados ou determinados. 
 
Especialização da Hipoteca: A especialização da hipoteca legal serve para 
definir o imóvel que irá garantir a indenização e para fixar o valor provisório 
desta – art. 134. 
 
Incidente de Falsidade: Trata-se da argüição da falsidade de um documento 
no curso do processo, sendo: 
a) Falsidade material: Refere-se ao suporte do documento, que foi formado 
com vício ou quando foi adulterado, independentemente da veracidade ou não 
do documento. A falsidade material é objeto do incidente de falsidade. 
b) Falsidade intelectual ou ideológica: Relativo ao conteúdo do documento; 
refere-se a fatos não acontecidos. É objeto de ação autônoma ou 
reconvencional. 
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Para o autor, pode ser exercida em qualquer tempo ou grau de jurisdição, seja 
em caráter incidental, seja através de ação autônoma e para o réu, nos autos, 
e após a citação, deve ser intentada no prazo de 10 (dez) dias. 
A argüição de falsidade suspende o processo. É possível cumular pedidos na 
ação incidental, como perdas e danos morais e materiais. 
 
Insanidade Mental do Acusado: Havendo dúvida sobre a sanidade mental do 
acusado, deve-se proceder ao exame médico-legal (arts. 149-154 do CPP). 
Pode o exame ser feito no inquérito ou no processo, mas sempre por ordem do 
juiz competente. No processo, será este suspenso, com nomeação de curador. 
O incidente corre em autos apartados e o exame deve ser específico, com a 
avaliação do estado mental do examinando no momento do crime. A prescrição 
continua a correr durante a suspensão. Após o laudo médico, a solução pode 
orientar-se por uma das seguintes hipóteses: 
a) Não havia insanidade: O processo prossegue sem o curador; 
b) Havia insanidade: O processo prossegue com o curador; 
c) A insanidade é posterior ao crime: O processo fica suspenso até o 
restabelecimento, podendo o acusado ser internado em manicômio judiciário; 
d) A insanidade só surgiu na execução: O condenado será internado em 
manicômio judiciário – Art. 108 da LEP, podendo a pena ser substituída por 
medida de segurança – Art. 183 da LEP; 
e) Insanidade verificada no inquérito: Deve ser oferecida denúncia, vez que o 
laudo e as medidas cabíveis serão avaliados no processo. 
 
Prova: Cabe às partes apresentar a prova do alegado. O juiz pode determinar 
provas de ofício, na busca da verdade real, mas de modo comedido, sem tomar 
o lugar da acusação ou da defesa – Arts. 155-157 do CPP. Os meios usuais de 
provas são as perícias, o interrogatório, a confissão, as testemunhas, os 
documentos, etc. 
 
Valoração das Provas: Na valoração das provas vigora o princípio da 
persuasão racional. O juiz julga conforme seu livre convencimento, vinculado, 
porém, à prova dos autos e à obrigação de fundamentar a sua convicção. 
 
Provas no Júri: No júri, contudo, o princípio é o do livre convencimento puro, 
ou da convicção íntima. O jurado não promete julgar de acordo com a lei ou de 
acordo com a prova, mas tão-somente de acordo com a sua consciência e os 
ditames da justiça e não precisa fundamentar o seu voto. 
 
Exame de Corpo Delito: Corpo de delito são as alterações materiais deixadas 
pela infração penal. Nos crimes que deixam vestígio, o exame pericial ou de 
corpo delito, é indispensável, sob pena de nulidade. No homicídio, por 
exemplo, impõe-se o exame necroscópico – Arts. 158-184 do CPP. 
 
Interrogatório do Acusado: A falta injustificada do interrogatório é causa de 
nulidade – Arts. 185-196 do CPP. Se o interrogatório do acusado não for 
realizado no momento próprio, em regra no início do processo, poderá ser feito 
em qualquer tempo, até a sentença. O interrogatório pode ser renovado, 
sempre que necessário. 
 
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Confissão: A confissão é o reconhecimento, pelo réu, da autoria dos fatos que 
lhe são imputados. Tem o mesmo valor, pelo menos em tese, que qualquer 
outra prova, devendo ser confrontada com os demais elementos dos autos – 
Arts. 197-200 do CPP. 
A confissão não supre o exame de corpo delito e o silencia do réu não implica 
confissão e, em princípio, não pode ser interpretado em prejuízo da defesa (Art. 
5º, LXIII, da CF). 
 
Retratação da Confissão: A confissão é retratável e divisível. Retratável 
porque pode o réu desdizer-se, cabendo ao juiz avaliar se a verdade está na 
confissão ou na retratação e divisível porque pode ser aceita ou repudiada em 
parte. 
 
Confissão Extrajudicial: A confissão extrajudicial feita no inquérito, mesmo 
que retratada depois em juízo, costuma permanecer válida, desde que em 
harmonia com os demais elementos da instrução. 
 
Tipos de Confissão: A confissão pode ser expressa ou tácita e judicial 
(perante o juiz) ou extrajudicial (no inquérito ou em declaração escrita), casos 
em que deve ser convalidada pelo juiz. Diz-se que a confissão é qualificada 
quando o réu a faz para fundamentar a alegação de legítima defesa ou outra 
excludente de crime ou de culpabilidade. 
 
Perguntas ao Ofendido: O ofendido não é testemunha, não é computado no 
rol de testemunhas e não presta o compromisso de dizer a verdade. Tem, 
porém, a obrigação de prestar declarações, podendo ser conduzido 
coercitivamente – Art. 201 do CPP. 
 
Testemunhas: A testemunha não pode recusar-se a depor. Não 
comparecendo,sem motivo justificado, pode sofrer condução coercitiva, multa, 
responsabilização por custas ou por crime de desobediência – Arts. 202-225 do 
CPP. Entretanto, determinadas pessoas podem recusar-se a depor, outras não 
prestam compromisso de dizer a verdade e outras, ainda, são proibidas de 
depor. 
 
Falso Testemunho: O falso testemunho sujeita a testemunha às penas do 
artigo 342 do CPP. Podem recusar-se a depor certos parentes do acusado, 
bem como o cônjuge, mesmo separado judicialmente (art. 206). 
 
Recusa em Dizer a Verdade: As pessoas que não prestam compromisso de 
dizer a verdade são o ofendido, os que podem recusar-se a depor, os doentes 
ou deficientes mentais e os menores de 14 anos. 
Tais pessoas, chamadas declarantes ou informantes, não prestam 
compromisso e não se incluem no rol de testemunhas. 
 
Proibidas de Depor: As pessoas proibidas de depor são as que, em razão de 
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, 
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar seu testemunho (art. 207). 
 
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Momento da Contradição da Testemunha: Antes de iniciado o depoimento, 
as partes poderão contraditar a testemunha, indicando circunstâncias que a 
torne suspeita de parcialidade, como, por exemplo, a amizade íntima ou a 
inimizade capital. Poderão também argüir defeito que a torne indigna de fé, 
como, por exemplo, uma testemunha já condenada anteriormente por falso 
testemunho. 
Portanto, são duas as hipóteses, a contradita (no caso de possível 
parcialidade) e a argüição de defeito (no caso de defeito pessoal). Mas, em 
qualquer caso, a testemunha só será dispensada do depoimento ou 
compromisso se for proibida de depor ou tiver direito de recusar-se a depor ou 
de não prestar compromisso. 
 
Reconhecimento de Pessoas e Coisas: Na fase policial costumam ser 
seguidas as etapas formais. Em juízo, porém, não se adotam em regra todos 
os trâmites, bastando que se aponte com segurança à pessoa ou coisa a ser 
reconhecida. 
A jurisprudência salienta a precariedade do reconhecimento por fotografia, que 
deve ser visto com reservas e só ser considerado em conjunto com outras 
provas – Arts. 226 a 228 do CPP. 
 
Acareação: A acareação destina-se ao esclarecimento de pontos divergentes 
em depoimentos e declarações – Arts. 229 a 230 do CPP. 
Geralmente a acareação produz poucos resultados e a tendência dos 
declarantes quase sempre é a da reafirmação pura e simples do que disseram 
anteriormente. 
 
Documentos: Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar 
documentos em qualquer fase do processo – Arts. 231 a 238 do CPP. 
Documento é qualquer objeto que contenha marca ou sinal, como superfícies 
escritas, papeis, cartas, fotografias, filmes, gravações sonoras, etc. 
As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não 
serão admitidas em juízo. O mesmo ocorre com as fitas magnéticas e a escuta 
telefônica. 
 
Indícios: Indícios são provas circunstanciais, ou elementos dos quais podem 
derivar certas suposições. Servem geralmente como começo de prova, mas 
podem servir também como meio regular de prova – Art. 239 do CPP. 
 
Busca e Apreensão: A busca pode ser domiciliar ou pessoal e deve ater-se 
aos requisitos legais, pois não se admitem provas obtidas por meios ilícitos – 
Arts. 240-250 do CPP. Não vale, portanto, a prova obtida em busca domiciliar 
feita sem ordem judicial, vez que só o juiz pode ordenar a diligência. 
Não é permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, 
salvo quando constituir elemento do corpo de delito. 
 
Impedimento e Suspeição do Juiz: Ao juiz incumbe a direção do processo. 
Os impedimentos do juiz constam dos Arts. 252-253 do CPP, como, por 
exemplo, ter o juiz interesse na causa. 
 
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Suspeição: A suspeição consta do art. 254, como, por exemplo, a amizade 
íntima do juiz com uma das partes, em regra, tem caráter subjetivo e gera 
nulidade relativa. 
 
Impedimento: O impedimento, em regra, tem caráter objetivo e gera nulidade 
absoluta. 
 
Alcance dos Impedimentos: Os impedimentos e suspeições aplicam-se 
também aos jurados, ao representante do Ministério Público, bem como aos 
peritos, intérpretes e funcionários da Justiça. 
 
Identificação do Acusado: O acusado deve ser identificado com nome e 
demais dados da pessoa – Arts. 259 a 267, porém, permite-se a propositura de 
ação penal apenas com a descrição das características físicas do indivíduo, 
sem seu nome e qualificação. A hipótese não é usual, nem recomendável, só 
devendo ser adotada em casos extremos. 
Se o acusado não comparecer ao interrogatório será considerado revel (art. 
366), mas o juiz poderá determinar a condução coercitiva, se necessário (art. 
260). 
 
Acusado Menor de Idade: Ao acusado menor dar-se-á curador, tanto na 
polícia (art. 15) como em juízo (art. 263). O curador pode ser advogado ou 
pessoa leiga idônea, mas “não é nulo o processo penal por falta de nomeação 
de curador ao réu menor que teve a assistência de defensor dativo“ (Súmula 
352 STF). 
 
Defensor do Acusado: O defensor pode ser constituído por procuração ou por 
indicação no interrogatório (art. 266). Se o acusado não tiver defensor, o juiz 
lhe nomeará um defensor dativo (art. 263). 
 
Assistentes: O ofendido pode habilitar-se como assistente do Ministério 
Público, através de advogado para reforçar a acusação e acautelar a reparação 
civil – Arts. 268 a 273. 
Na falta do ofendido, podem habilitar-se seu cônjuge, ascendente, descendente 
ou irmão (art. 268). 
O despacho que defere ou indefere a assistência é irrecorrível (art. 273), 
restando, contudo, no caso de indeferimento, o caminho do mandado de 
segurança ou da correição parcial. 
 
Funcionários da Justiça: As prescrições sobre suspeição dos juízes 
estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que lhes for 
aplicável – Art. 274. 
 
Perito: O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária e 
as partes não intervirão na nomeação do perito – Arts. 275 a 281 e o perito 
nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de 
multa, salvo escusa atendível. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem 
justa causa, provada imediatamente: 
a) Deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade; 
b) Não comparecer no dia e local designados para o exame; 
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c) Não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos 
estabelecidos. 
No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade 
poderá determinar a sua condução. 
 
Não Poderão Ser Peritos: Não podem ser peritos. 
a) Os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada no Art. 47 do 
Código Penal - reforma penal 1984; 
b) Os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente 
sobre o objeto da perícia; 
c) Os analfabetos e os menores de 21 (vinte e um) anos. 
 
Suspeição: É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto sobre 
suspeição dos juízes, conforme art. 254. Os intérpretes são, para todos os 
efeitos, equiparados aos peritos. 
 
Mandado de Prisão: À exceção do flagrante delito, a prisão não poderá 
efetuar-se senão em virtude de pronúncia ou nos casos determinados em lei, e 
mediante ordem escrita da autoridade competente – Arts. 282 a 300. 
A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas 
as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio e não será permitido o 
emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa

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