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evolução histórica da democracia

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DEMOCRACIA 
 
 Enquanto formulação teórica a democracia surgiu na Grécia, onde, todavia, 
inúmeras eram as restrições à participação popular. Na cidade de Tebas, houve 
uma lei que chegou a excluir das funções públicas quem não tivesse cessado, dez 
anos antes, qualquer atividade comercial. 
 Foi, todavia, a partir do final do século XVIII, quando a ascensão política da 
burguesia através da Revolução Francesa extirpou o absolutismo monárquico, que 
se afirmaram os princípios democráticos em todo o hemisfério ocidental, enquanto 
extensão dos direitos naturais da pessoa humana. 
 E através de três grandes movimentos político-sociais se transpõem do 
plano teórico para o prático os princípios que iriam conduzir ao Estado 
Democrático: o primeiro desses movimentos foi o que muitos denominam de 
Revolução Inglesa, fortemente influenciada por LOCKE e que teve sua expressão 
mais significativa no Bill of Rights, de 1689; o segundo foi a Revolução Americana, 
cujos princípios foram expressos na Declaração de Independência das treze 
colônias americanas, em 1776; e o terceiro foi a Revolução Francesa, que teve 
sobre a demais a virtude de dar universalidade aos seus princípios, os quais foram 
expressos na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, sendo 
evidente nesta a influência de Rosseau 
O conceito de democracia abrange diversos sentidos e depende da época 
analisada e do contexto político social. Tem-se uma concepção diferente de 
democracia na evolução do Estado de Direito ao Estado Democrático de Direito. 
Nada mais delicado, portanto que conceituar democracia. 
São Princípios Fundamentais do Estado Democrático: 
a) A supremacia da vontade popular – referente à problemática da 
participação popular no governo; 
b) A preservação da liberdade – exige respeito dos entes estatais para 
com as liberdades públicas, ou direitos dos cidadãos; 
c) A igualdade de direitos – proibição de discriminações de qualquer 
natureza em relação ao gozo e a fruição de direitos. 
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Trata-se portanto, de um regime político com valor histórico inesgotável, 
meio e instrumento na realização de outros valores essenciais para a convivência 
humana. Democracia envolve, por definição, participação popular. Um estado 
poderá adjetivar-se de democrático, se dependente em maior ou menor grau, das 
participações do povo nas decisões políticas. 
A soberania popular segundo a qual o povo é a única fonte do poder, 
manifestação e expressão efetiva da vontade popular é um dos princípios básicos 
da democracia. 
A democracia real ou substancial depende da regulamentação jurídica de seus 
valores. Nesse sentido a constituição é o fundamento de validade de todo o 
ordenamento jurídico para albergar os valores democráticos. 
Conclui-se que a efetividade dos valores democráticos implica conhecer o 
entrelaçamento entre direito e política. Constitui manifestação participativa do 
povo porque persegue um fim político – influência nas decisões do Estado, que 
deve cumprir os fins políticos em beneficio da coletividade, o que compreende 
conteúdo político indissociável de aspectos jurídicos. 
No estado social de direito a democracia se constitucionaliza e 
implementam os direitos culturais e sócio-econômicos em suas formas 
degenerados (nazista, fascista e stalinista) denominados regimes autocráticos ou 
autoritários. 
No Estado Democrático de Direito a democracia busca a real concretização dos 
direitos fundamentais e a efetivação da cidadania. 
Norberto Bobbio salienta que "A democracia não é tanto uma sociedade de 
livres e iguais (porque tal sociedade e apenas um ideal limite), mas uma 
sociedade regulada de tal modo que os indivíduos que a compõem são mais livres 
e iguais do que em qualquer outra forma de convivência". 
Uma sociedade de livres e iguais é apenas um estado hipotético, apenas 
imaginado, na realidade uma sociedade histórica pode ser constituída de homens 
livres, mas não iguais, nas respectivas esferas da liberdade, assim como de iguais 
enquanto não são livres, ou mais sucintamente, pode ser constituída de desiguais 
na liberdade e iguais na escravidão. 
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Liberdade e igualdade são os valores fundamentais da democracia. A maior 
ou menor democraticidade de um regime se mede pela maior ou menor liberdade 
que desfrutam os cidadãos e pela maior ou menor igualdade existente entre eles. 
 Mas para a democracia, o abandono das instituições públicas onde 
os cidadãos são iguais é mais funesto que a má distribuição de rendas. O principio 
da igualdade está mais bem servido não pela garantia da distribuição de rendas 
igualitária, mas pela fixação de limites ao imperialismo de mercado que transforma 
os bens sociais em mercadorias. O dinheiro passa a ter domínio em outras esferas 
que não a econômica. A igualdade civil e social sugere uma aproximação daquilo 
que seria a igualdade econômica. Resistir ao poder do mercado globalizado 
requer a articulação da sociedade, requer filiação social e cultural. O eixo central 
da democracia é a idéia de soberania popular, a ordem política produzida pela 
ação humana. 
O fato de que liberdade e igualdade sejam metas desejáveis em geral e 
simultaneamente são significa que os indivíduos não desejem também metas 
diametralmente opostas. Os homens desejam mais ser livres do que escravos, 
mas também preferem mandar a obedecer. O homem ama a igualdade, mas ama 
também a hierarquia quando está situado em seus graus mais elevados. Mas 
apesar de sua desejabilidade geral, liberdade e igualdade não são valores 
absolutos. Não há principio abstrato que não admita exceções em sua aplicação. 
A diferença entre regra e exceção está no fato de que a exceção deve ser 
justificada. Onde a regra é a igualdade, deve ser justificado o tratamento desigual. 
Mas o ponto de partida pode também ser oposto, como na escola ou num quartel, 
onde a regra é a disciplina e a liberdade é exceção. Decidir o que é mais normal, 
se a liberdade ou a disciplina, a igualdade ou a hierarquia, não é algo que se 
possa fazer de uma vez por todas. Liberdade e igualdade são mais normais do 
que disciplina e hierarquia somente em sentido normativo, no universo do dever 
ser. 
A democracia está em toda parte. Todas as constituições e leis políticas, 
todas as filosofias e todos os programas de governo aderem à democracia. Todos 
os estadistas e políticos louvam a democracia; todos os revolucionários pretendem 
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realizá-la. Contudo a democracia não existe me parte alguma. Por detrás das 
constituições e das leis, ou mesmo nas constituições e nas leis, a realidade se 
entremostra: em parte alguma o povo se governa. Sempre o povo é governado. 
O apego à democracia, porém não é uma superstição, a que os homens se 
apegam fugindo da realidade, um simples mito. Esse apego resulta de uma 
intuição profunda, a intuição de que a democracia corresponde à força insopitável 
que move a Evolução. A exigência de igualdade, ou seja, o direito, para cada 
homem, de participar, segundo suas qualidades e forças, do esforço comum de 
promover, um pelo outro, o futuro do indivíduo e da espécie. 
Assim, pois a Evolução traz em si as exigências de liberdade e igualdade, 
inerentes à democracia. Por isso, a democracia impõe a organização da 
sociedade em duas bases essenciais e absolutas igualdade e liberdade. 
Só existe democracia quando há espaço político que proteja os direitos dos 
cidadãos contra o Estado. Quando a distancia que separa Estado da vidaprivada 
é reconhecida e garantida por lei e instituições. Quando o Estado e a sociedade 
civil se ligam pela representatividade dos dirigentes. 
A democracia tem três dimensões: respeito aos direitos fundamentais, 
cidadania e representatividade. 
Temos três tipos de democracia, a primeira tem o centro nos direitos 
fundamentais (Inglaterra), a segunda na cidadania e na constituição (EUA) e a 
terceira é representativa contra a oligarquia (França). A democracia se define não 
pela separação dos poderes, mas pela natureza dos elementos entre a sociedade 
civil, sociedade política e Estado, onde os atores sociais orientam os 
representantes no Estado. A interdependência constitui a democracia. Outro 
aspecto essencial é o pluralismo uma vez que a sociedade civil é plural. A 
pluralidade dos atores não se separa da autonomia. A vida política é dominada 
pela pluralidade de grupos sociais e não pela unidade do Estado. 
Representação, cidadania e direitos não bastam para a democracia. Os 
direitos fundamentais dão garantias legais e há intervenção do Estado para 
proteger os mais fracos. A democracia moderna requer o Estado. Cada vez mais a 
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ação democrática baseia-se na associação que protege a população contra o 
poder e permite que ela tenha o controle sobre a própria existência. 
 A limitação do poder pelos direitos fundamentais tem como principal 
adversário totalitarismo, onde o Estado define os direitos e os regimes autoritários 
onde eles existem e são desrespeitados. Para Touraine o efetivo exercício da 
democracia se deu com a superação do corte existente entre o social e o político 
após o sufrágio universal em 1848, na França; e quando as instituições políticas 
se ligam às demandas sociais contra os interesses dominantes. A democracia 
deve ao movimento operário suas bases sólidas. 
 A ruptura com o Iluminismo também ajudou a criar uma sociedade mais 
aberta, com pluralismo de valores. A democracia com bases sociais pressupõe 
uma correspondência entre demanda social e ou categorias sociais e partidos 
políticos. Onde as classes e conflitos eram palpáveis, como a Inglaterra, a 
democracia foi estável, o regime social-democrata fortaleceu a democracia entre o 
partido operário e partido burguês. Já nos locais onde o Estado foi o agente 
modernizador e manteve a hierarquia social e econômica a democracia é fraca, 
como na América Latina. 
 No mundo globalizado, onde as comunidades encontram-se esfaceladas, a 
nova sociedade não vem do contrato, mas da modernização. Para que haja 
representatividade, as categorias sociais devem ser capazes de se organizarem 
autonomamente no plano social, por fora da vida política. Sindicatos, partido 
trabalhista ou socialista formam os elos da vida social e política. Já as 
associações, os grupos, a imprensa funcionam de modo indireto, orientam a 
escolha política, formam partidos, etc. A crise de representação política é 
responsável pelo enfraquecimento da participação. A sociedade apresenta-se 
multifacetada e não mais restrita ao interesse de empregados e empregadores. 
 Numa sociedade de consumo e comunicação de massas, com mobilidade 
social, migração, diferentes costumes, ambientalismo e uma série de demandas 
transclassistas, os partidos independem das relações de forças sociais. Os 
partidos que representam classes passam a ter o caráter de estuário de lutas 
sociais e representar projetos de vida coletiva. O partido detinha o monopólio do 
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sentido da ação coletiva, a expressão da consciência em si da classe, quando a 
polarização se agudizava entre proletários e burgueses. 
Na transmutação das demandas para a reivindicação da liberdade, da 
defesa do meio ambiente, contra a comercialização da vida, o ator torna-se 
responsável pela constituição de um sentido para a ação. O partido que incorpora 
a consciência de uma classe não permite a democracia, define o sentido da ação 
deixando os atores como meros receptores deste sentido, a ação social fica 
subordinada a intervenção política. 
 A violência é o oposto da democracia e do movimento social, ela os 
destrói, mas inscreve-se na relação social porque poder político detém o arbítrio. 
Na verdade quem detém o arbítrio é o Estado. A violência é um fenômeno que 
está à margem do político, ou melhor, circunda o sistema político. 
Numa época de novas liberdades e demandas a democracia só se 
defenderá se aumentar à capacidade de reduzir injustiças e violência porque ela 
não é socialmente neutra. O papel da democracia é opor um principio de 
igualdade às desigualdades sociais, pois a ordem política é diferente da ordem 
social. O sistema político coloca-se entre o Estado e a sociedade civil, se inclina 
para o primeiro há autoritarismo, se para o segundo há democracia com o perigo 
de se desligar do Estado. 
 Não há democracia sem pluralismo e eleições negados pelos regimes 
autoritários com a justificativa que o povo é imaturo ou de que há ameaças 
internacionais, a democracia não se separa das instituições da representatividade 
de interesses sociais. Os laços que existem entre atores sociais e agentes 
políticos estariam afrouxados por dois motivos, de um lado as demandas sociais 
apresentam-se confusas e desagregadas, de outro o governo está dominado por 
questões internas. Para que a democracia se desenvolva é necessário que haja 
ligação entre atores sociais e agentes políticos, que a representatividade social 
dos governados seja garantida e esteja associada à limitação dos poderes e a 
consciência da cidadania. A realização plena da democracia nunca se dará como 
vitória de um campo social ou político, ou de uma classe. Ou o conjunto da 
sociedade é democrático ou não há a vitória. A democracia, entendida como a 
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busca da liberdade, está apoiada na responsabilidade dos cidadãos. Da 
responsabilidade sobre os atos políticos nasce a representatividade ou livre 
escolha. Os cidadãos devem reconhecer seus interesses nos atos do governo ou 
este será estranho à sociedade e artificial. 
Só há cidadania à medida que há consciência de filiação. Ela se refere ao 
Estado nacional. O papel da filiação é propiciar direitos e garantias, respeito às 
diferenças. Ela protege o indivíduo da dominação. Nos EUA e na Inglaterra a 
filiação à comunidade nacional está associada à criação das instituições livres e 
ao espírito democrático. O espírito democrático encontra ar rarefeito nos países 
que não construíram uma unidade nacional e naqueles onde a identificação com 
coletividades particulares é mais forte que com o nacional. Novamente o particular 
assume o caráter de privado e a comunidade se confunde com a antítese da 
nação. As minorias devem ser reconhecidas numa sociedade democrática desde 
que aceitam a maioria e não se deixem absorver pela afirmação e defesa da 
identidade. Esse tratamento dispensado à minoria carece de espírito democrático, 
impor um comportamento, circunscrever seu limite de ação é diferente de 
submeter direitos específicos aos universais. Como sobreviveria uma minoria que 
não lutasse pela defesa da identidade? Provavelmente se diluiria, se 
descaracterizaria. Mas o que fazer quando há choque entre os direitos 
fundamentais e os direitos costumeiros da minoria? O que tem prioridade: ser 
membro da minoria ou ser cidadão? A sociedade deve garantir o direito universal 
do cidadão, acrescido dos direitos específicos da minoria. Por exemplo, se um 
ritual de mutilação faz parte do costume de uma comunidade e o indivíduo se 
recusa a submeter-se a ele, quem tem mais direitoa comunidade ou o indivíduo 
respaldado no direito do cidadão? Na sociedade democrática o indivíduo 
manifesta seu desejo e decide, mas tem garantido a possibilidade de vir a mutila-
se desde que seja responsável por si mesmo. 
Ocorre que as comunidades nem sempre se pautam pela atitude 
democrática ou atuam a partir do desejo do membro que muitas vezes sequer 
atingiu a responsabilidade civil. Como garantir a democracia neste contexto? 
Touraine faz a crítica do multiculturalismo radical, o discurso politically correct. 
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 Porque ele destrói a filiação a sociedade política e a nação. Não existe a 
chance de se filiar a uma comunidade e a uma nação? O interesse da comunidade 
seria tão maior que eliminaria compromissos com a nação? Que dizer do 
contingente negro que foi para o Vietnã, ou de inúmeros grupos étnicos 
comprometidos com a nação nas múltiplas esferas em que operam? A cidadania 
territorial é muito mais democrática e condizente com as necessidades 
contemporâneas. Poderíamos concluir que a cidadania territorial é mais 
democrática que a consangüínea, e talvez o seja por romper elos tradicionais, mas 
na prática também este tipo de cidadania gera hierarquização dos de cidadãos 
conforme a comunidade a que pertencem. As diferenças são mais econômicas e 
sociais de que políticas, mas o acesso ao sistema político está tão fechado quanto 
nas sociedades mais tradicionais para os integrantes cidadania de segunda 
classe. 
É o caso dos EUA e países novos no geral. A democracia seria 
incompatível com a rejeição da maioria, assim como a contracultura e a sociedade 
alternativa que recusam a sociedade, não seriam democráticas. O 
multiculturalismo rejeita as formas de cidadania porque a democracia, apesar de 
se apoiar no conflito social, é incompatível com a crítica radical. A diversidade 
limitada pelo direito da maioria seria diferente da crítica radical. A 
representatividade exige que as demandas sociais pretendam ser representáveis, 
aceitas as regras políticas e decisões da maioria. Há demandas que superam o 
limite do sistema político ou por não serem negociáveis, ou queiram acabar com a 
ordem institucional. 
A questão palestina ilustra bem esta questão ou a dificuldade de conviver numa 
sociedade multiétnica, se de um lado Israel terá de conviver com a idéia que só 
superará o conflito quando oferecer o mesmo tipo de cidadania a toda população, 
judeus e não judeus, abandonando os princípios teocráticos que fundam a 
cidadania; de outro lado, as facções palestinas radicais terão que apresentar uma 
demanda negociável ao nível do sistema político, também de aceitação da criação 
de uma sociedade multiétnica. O radicalismo que sugere a expulsão dos judeus 
não é negociável em termos políticos. 
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Um movimento social deve ter preceitos gerais e apelar para interesses 
particulares, operários, ecológicos etc. Movimento social e democracia são 
indissociáveis, só existe movimento social se a ação tem objetivos sociais. 
Movimento social é particular, mas não é privado. O movimento social não se 
confunde com a luta de classes, ele liberta um ator social, mas não cria a 
sociedade ideal. Neste cenário das novas exigências políticas, vêem-se dois tipos 
de riscos para a democracia: a redução da sociedade política e da sociedade civil 
a um Estado de mercado onde haja abdicação da cidadania em nome do consumo 
de massas, e o Estado se resuma a socorrer os excluídos e garantir a segurança. 
E, em segundo lugar a sociedade poderia fecha-se sobre si mesma, transformar-
se em comunidade, criando um Estado comunitário cujo modelo poderia ser o Irã. 
Em ambos os casos, a democracia desaparece. Restaria somente o refúgio das 
associações voluntárias humanistas, de direitos de minorias e oprimidos, para 
sobrevivência da ação democrática. Também nos regimes autoritários essas 
associações e algumas vezes o judiciário permitiu a continuidade de alguma forma 
de democracia em momentos sombrios. 
Nos regimes totalitários, nem isto foi possível. A democracia atual não 
apresenta imagem nítida de si mesma, foi reduzida a abertura de mercados ou 
tolerância cultural. Sem que se formule e construa o multiculturalismo, sem que 
haja ampla participação na recomposição do mundo, polarizado entre interesses 
do mercado global e das identidades fechadas, a democracia perecerá. Tudo que 
associa diferença à comunicação, discussão, compreensão e respeito pelo outro 
contribui para construir uma cultura democrática. O que ameaça a democracia são 
os valores, normas e práticas comuns, o diferencialismo e individualismos 
extremos. Não contribui para a democratização da sociedade e degrada o 
movimento social em lobbies. 
Democracia não pode ser só defensiva. Entre o diferencialismo comunitário 
e o liberalismo político indiferente, desigualdade e exclusão, a cultura democrática 
é o meio de recompor o mundo, encoraja a integração das culturas. A democracia 
funciona quando homens e mulheres fazem coisas para si mesmos, com ajuda de 
redes de interação e sem depender do Estado. Comunidades autônomas e não 
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indivíduos são as unidades básicas da sociedade democrática. É o declínio 
dessas comunidades, mais que tudo, que coloca em questão o futuro da 
democracia. 
 No século XIX, aqueles que se preocupavam com a democracia 
acreditavam que ela se baseava na ampla distribuição da propriedade. Riqueza e 
pobreza em excesso seriam fatais para a democracia. Temiam que as massas e a 
classe trabalhadora, degradada, servil e indignada, carecessem de qualidades 
mentais e caracteres essenciais à cidadania democrática. Os hábitos 
democráticos como a autoconfiança, responsabilidade e iniciativa seriam 
adquiridos na atividade administrativa e gerencial. E não na subserviência em que 
a classe trabalhadora estava colocada. As minorias estariam fora desta visão de 
democracia. O efeito que a ausência de vida política teve sobre as minorias foi o 
de torná-las descrentes da visão de mundo dominante, na qual a democracia 
aparece como um valor universal. 
Na sua reformulação, a democracia pode vir a esbarrar na visão dominada, 
forjada pelas minorias, como alternativa aos valores dominantes. Talvez a 
intolerância, a mesma que o Ocidente teve para com os estrangeiros e as classes 
desprivilegiadas, apresente-se como um obstáculo à democracia. Presas a uma 
ideologia própria que não discute com o adversário, mas os dispensa como 
egocêntricos, racistas, sexistas e homofóbicos, as minorias podem recusar a 
democracia como valor universal priorizando outras modalidades de ação política, 
inclusive o terror. 
Devemos reconhecer o direito das minorias não pelo que conquistaram, 
mas pelo que sofreram no passado. Mas foi a partir de suas conquistas que as 
minorias saem do anonimato e do espaço privado para penetrar na cena política 
tendo oportunidade de fazer representar a si e seus interesses. 
 
Podemos destacar os direitos que realizam a soberania popular, que são: 
a) Direito de votar e ser votado; 
b) Plebiscito; 
c) Referendo; 
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d) Iniciativa popular. 
A Constituição Brasileira proclama o sufrágio universal e o voto direto e 
secreto com igual valor para todos. 
José Cretella Júnior escreve que o "direito de sufrágio é uma das espécies 
dos Direitos Políticos", significando o direito de escolher representantes por meio 
do voto: "Sufrágio é a manifestação da vontade do povo, para a escolha de 
dirigentes, mediante voto", sendo diretoquando os votantes escolhem os nomes 
de seus candidatos, ocorrendo em um só grau e indireto quando se processa em 
dois graus: "o primeiro pelo qual os eleitores escolhem os colégios; o segundo em 
que os colégios, que representam a vontade popular, escolhem a pessoa ou as 
pessoas, para determinados cargos". 
Consagra a nossa Constituição, além do sufrágio direto, também o sufrágio 
universal, sendo este, o sistema onde o eleito não é submetido a nenhum tipo de 
restrição, em razão da fortuna, de educação, da instrução, da classe social, dos 
títulos de qualquer natureza. 
O voto é ainda secreto, só tendo conhecimento da declaração da vontade 
de um eleitor determinado, aquele mesmo eleitor. 
Determina ainda a Constituição de 1988 a igualdade de votos, ou o sufrágio igual, 
significando que “todos os homens têm o mesmo valor no processo eleitoral de 
votar”. Cada cidadão tem o mesmo peso político, nenhum dispõe de mais votos do 
que o outro. (...) A antítese do sufrágio igual é o sufrágio desigual, conferindo-se a 
superioridade de determinados votantes, pessoas qualificadas a quem se confere 
maior número de votos. (...) O voto igual e único reflete o princípio democrático, 
porém o voto reforçado espelha princípios elitistas, oligárquicos e aristocráticos, 
de prevalência de classes e grupos sociais. 
O voto, de acordo com o artigo 14, § 1, I, é obrigatório para maiores de dezoito 
anos e facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores 
de dezesseis e menores de dezoito anos. 
Para o exercício do direito de ser votado exige a Constituição a 
nacionalidade brasileira; o pleno exercício dos direitos políticos; o alistamento 
eleitoral; o domicílio eleitoral na circunscrição; a filiação partidária e a idade 
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mínima de 35 anos para o cargo de Presidente, Vice-Presidente e Senador; 30 
anos para Governador e Vice-Governador; 21 aos para Deputado Federal, 
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz; e 18 anos para 
Vereador. 
Proíbe a Constituição o exercício do direito de ser votado para os 
inalistáveis (os estrangeiros e os conscritos durante o período militar obrigatório); 
os analfabetos; os Chefes dos Poderes Executivos da União, do Estado e do 
Município para o mesmo cargo, no período subseqüente; do cônjuge e dos 
parentes consangüíneos ou afins, até segundo grau, ou por adoção, dos Chefes 
dos Executivos da União, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios; e 
finalmente proíbe a eleição dos chefes dos executivos dos entes federados, se 
estes não renunciarem aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 
 
Referendo 
Conforme Pinto Ferreira, o referendo é um "mecanismo de defesa, 
mediante o qual o povo ou o eleitorado pode aprovar ou vetar, enfim, contrapondo-
se a uma medida determinada pelos seus representantes". 
O autor classifica o referendo como: 
a) Referendo constitucional (aprovação de uma Constituição); 
b) Referendo legislativo (aprovação de leis ordinárias); 
c) Referendo compulsório (se aplica compulsoriamente à ratificação de 
novas Constituições e emendas constitucionais); 
d) Referendo facultativo (empregado a critério da legislação em matérias 
controvertidas). 
Diferencia Pinto Ferreira o Referendo do Plebiscito, afirmando ser o 
referendo o "processo de submissão ao eleitorado de uma medida legislativa", 
enquanto que o plebiscito significa a aprovação ou desaprovação de ato do 
Executivo pelo povo. 
Segundo José Cretella Júnior, “o referendum é medida a posteriori, sendo o 
instituto de direito constitucional, de direito interno, pelo qual as coletividades se 
pronunciam sobre decisão legislativa, desde que o pronunciamento reúna 
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determinado número de assinaturas, fixado em lei”. Desse modo associa-se o 
povo ao processo legislativo, complementando a tarefa do legislador. 
O que diferencia o referendo do plebiscito é a maior complexidade do primeiro, 
onde é colocado à apreciação popular do texto de uma lei, ou Constituição, 
enquanto que no plebiscito temos uma questão polêmica de interesse nacional 
onde a complexidade da questão submetida à apreciação popular é menor, sendo, 
por exemplo, sim ou não ao Parlamentarismo, ou a escolha entre Presidencialismo 
e Parlamentarismo. 
Acrescente-se ainda que no Plebiscito a consulta popular se realiza antes da 
elaboração da norma enquanto que o referendo tem caráter ratificador de uma Lei 
ou Constituição já elaborada. 
A Constituição Brasileira prevê o referendo no artigo 14, inciso II, como meio de 
exercício da soberania popular com a participação direta do povo nas decisões 
soberanas do Estado. 
 
Plebiscito 
José Cretella Júnior observa que: "Em nossos dias, plebiscito é a consulta 
ao povo para que este, mediante pronunciamento, manifeste livremente sua 
opinião sobre assunto de interesse relevante. (...) Se o assunto é de interesse 
local, a população da região, ou da cidade, não o povo, em geral, é consultada". 
Pinto Ferreira observa que, "geralmente costuma distinguir-se na atualidade 
entre plebiscito e referendo ou referendum. O plebiscito significa a aprovação ou 
desaprovação de um ato do Executivo pelo povo. O referendo é o processo de 
submissão ao eleitorado de uma medida legislativa". 
Podemos acrescentar ainda, que o plebiscito na nossa Constituição deve 
ser entendido como forma de manifestação preliminar sobre questões relevantes, 
como a escolha entre Monarquia e República, e Parlamentarismo e 
Presidencialismo no artigo 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. 
A modificação do texto constitucional brasileiro e as normas relativas à nova forma 
e sistema de governo, dependem da aprovação popular anterior. 
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Prevê ainda a Constituição Brasileira, além do artigo 14, inciso I, que 
estabelece o referendo como forma de exercício da soberania popular, o plebiscito 
de aprovação da população interessada para a fusão, subdivisão ou 
desmembramento de Estado, e ainda para a criação, incorporação, fusão e 
desmembramento de municípios. (artigo 18 §§ 3º e 4º). 
Ainda com relação ao plebiscito é bom lembrar as palavras de Pinto 
Ferreira que alerta para o uso do plebiscito para legitimar regimes autoritários: 
Como exemplo de incitação ao autoritarismo citam-se os plebiscitos da era 
napoleônica, que foram realizadas por três vezes: em 1.800, buscando apoio 
público para a ratificação de uma nova Constituição; em 1802, a fim de conferir a 
Napoleão o título de Cônsul Vitalício; em 1804 para o efeito de confirmar Napoleão 
no título de Imperador dos franceses. Mencione-se os plebiscitos de Hitler, no 
início do seu governo, que lhe eram favoráveis, aniquilando a democracia e 
endeusando o nazismo. 
A República plebiscitária francesa de 1962 a 1969, período marcado desde 
seu início até o seu fim por dois referendos e no meio deste período por uma 
eleição presidencial de dezembro de 1965. É este período marcado por uma 
massacrante preponderância da Instituição presidencial: o chefe de Estado toma 
as decisões em nome do governo impondo-se ao Parlamento que deixa de ter 
valor. Quanto ao povo, este está ao lado do Presidente nesta República 
plebiscitária e é o único órgão que conta, sendo em parte cúmplice e em parte 
enganado, até o repentino despertar de maio de 1968. 
Neste sentido se torna fundamental que se coloquem limites e controles 
sobre o exercício do plebiscito e do referendo, como aqueles presentes nos textos 
constitucionais espanhol e português. 
 
Iniciativa PopularÉ a iniciativa popular uma das formas do exercício da soberania popular: É 
uma instituição democrática que pode exercer uma parte do eleitorado (no seu 
conjunto) e que consiste em iniciar o procedimento de produção de uma lei em 
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sentido formal ou ainda a reforma da mesma (incluídas neste segundo caso as leis 
constitucionais, formais ou materiais). 
Pinto Ferreira define a iniciativa popular como "um processo eleitoral pelo 
qual determinado percentual do eleitorado pode propor a iniciativa de mudanças 
constitucionais ou legislativas mediante a assinatura de petições formais que 
sejam autorizadas pelo Poder Legislativo ou por todo o eleitorado". 
A iniciativa popular nos termos do artigo 61, II, § 2º da Constituição 
Brasileira de 1988 através da apresentação à Câmara dos Deputados de projeto 
de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído 
pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos 
eleitores de cada um deles. A pluralidade de direitos que examinamos 
anteriormente demonstra as diversas circunstâncias em que se colocam o homem 
e a mulher, como destinatários da ordem jurídica interna. A natureza desses 
direitos constitucionais, a eficiência dos mesmos, seus efeitos, limitações e 
proteção devem ser permanentemente revistos, para que possam atender às 
necessidades de uma democracia social real e concreta, que não se esgota no 
direito formalizado, isto é, escrito e codificado. Seu aperfeiçoamento depende da 
prática constitucional e de uma jurisprudência adequada. O direito constitucional 
não é apenas um direito da organização estatal, mas é um direito da liberdade, 
como disciplinador da ação política e econômica. 
No constitucionalismo brasileiro de 1988, pela primeira vez, ocorreu a 
menção direta da prevalência dos Direitos Humanos (art. 4º, II), como princípio da 
República Federativa do Brasil, no que se refere às relações internacionais. Essa 
orientação completa-se no art. 7º, do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias, que consagra a propugnação pela formação de um tribunal 
internacional dos Direitos Humanos. 
 
Legalidade e Legitimidade 
Não é possível entender a questão democrática sem entrar no campo da 
legalidade e legitimidade das condições essenciais do poder do Estado. Nos 
sistemas políticos, a legalidade exprime, basicamente, a observância das leis, 
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uma vez que o poder estatal deverá atuar, sempre, em conformidade com as 
regras jurídicas vigentes. 
O poder legal representa o poder em harmonia com os princípios jurídicos 
que servem de esteio à ordem estatal. Nasceu o princípio da legalidade, ao 
estabelecer-se, na sociedade humana, regras permanentes e válidas, obras da 
razão, que pudessem abrigar indivíduos de conduta arbitrária e imprevisível dos 
governantes. Mas, foi no século XVIII que se desenvolveram as teses do 
contratualismo social e aprofundou-se, na França, a justificação do princípio da 
legalidade. Sua explicitação política fez-se por via revolucionária, quando a 
legalidade se converteu em matéria constitucional. Assim, com a Revolução 
Francesa e sua respectiva Declaration, expressa na Constituição Francesa de 
1791: “Não há em França autoridade superior à da lei; o rei não reina senão em 
virtude dela e é unicamente em virtude dela que poderá ele exigir obediência”. 
Logo após a Revolução Francesa, na Alemanha, sob a designação de 
Grundrecht, articulou-se o sistema de relações entre indivíduos e Estado, 
enquanto fundamento da ordem jurídico-político. No conceito de legitimidade 
entram as crenças de determinada época que presidem a manifestação do 
sentimento e da obediência. A legitimidade será, sempre, o poder contido na 
constituição, de acordo com os valores e princípios da ideologia dominante, no 
caso a democracia, garantindo o poder do povo, legal e legítimo, como sujeito 
atuante, e a legitimidade do Estado. 
Legalidade e legitimidade não podem identificar-se senão quando a 
legalidade seja a garantia do livre desenvolvimento da personalidade humana. 
Nesse sentido, cabe a observação de "Norberto Bobbio, segundo o qual 
legalidade e legitimidade são atributos do poder, mas qualidades diferentes do 
poder: a legitimidade é a qualidade do título do poder e a legalidade a qualidade 
de seu exercício". Concluindo, o princípio da legalidade de um Estado 
Democrático de Direito advém da ordem jurídica de um poder legítimo, como 
proclama a Constituição da República em seu artigo 1º. 
 
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Direito Social e Sociedade Democrática 
 O individualismo unilateral não satisfaz às exigências da democracia, 
embasada na participação direta dos indivíduos e dos grupos sociais, na 
construção de um modelo de sociedade. É necessário combinar as dimensões e 
os aspectos políticos e sócio-econômicos da democracia, mediante reforma 
institucional profunda que garanta a participação ativa por meio dos Conselhos 
Nacionais de Economia e das instituições da democracia industrial. 
Não se deveria personificar, exclusivamente, Estado, pois, jogaria toda sua 
força nas distintas organizações da sociedade civil e em uma série de instituições 
de participação, em direção da economia, sendo que o Estado não é o único 
intérprete do interesse geral. Daí a crítica de Hegel, reprovando o estabelecimento 
dos fundamentos políticos e jurídicos do Estado autoritário, por haver separado a 
sociedade política da sociedade civil, criando-se um rompimento insolúvel, o que 
impede a intervenção ativa de todos os indivíduos e grupos sociais na construção 
da sociedade democrática. Nesse sentido, é necessária uma "revolução" nas 
declarações dos direitos, como instrumentos constitucionais da nova sociedade, 
para a realização dos valores superiores: igualdade, liberdade e fraternidade no 
domínio econômico, reconhecendo-se a ordenação da economia geral da 
atividade empresarial, o direito do trabalhador e a participação no processo de 
produção. 
 A Declaração dos Direitos garantiria as posições individuais e dos grupos 
sociais, em todos os âmbitos da vida social. Essa declaração introduziria reformas 
constitucionais, relacionadas com os princípios de uma democracia participativa, 
no pluralismo jurídico. A teoria da democracia deliberativa fomenta a sociedade 
civil não como alternativa na intervenção do Estado, mas como garantia da 
liberdade de participação de todos os cidadãos na vida democrática, na qual os 
valores superiores e as idéias jurídicas, como base constitutiva da sociedade 
democrática, permitiriam a participação ativa dos indivíduos e dos grupos 
organizados no processo democrático. 
 
 
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Princípio Democrático e a Idéia do Direito Social 
O princípio democrático e o Direito social representam expressão da 
democracia. O direito social organiza a essência da democracia e sua soberania é 
a democracia, que permite a integração da sociedade como comunidade política 
organizada. 
As transformações da sociedade moderna e o espírito democrático 
determinam que o poder público não pode se limitar a reconhecer a autonomia 
jurídica do indivíduo. Há de estabelecer condições para assegurar a 
independência social e a participação na sociedade. Esse reformismo político 
configura o Direito do Estado Democrático como verdadeiro Direito Social de 
integração e caracteriza-o como associação de colaboração com o Direito, 
autêntico Direito Social. Isso porque o Direito Social é paradigma do Estado 
Democrático,que adotará associação de colaboração - sujeito de direito social 
organizado -, separando-se de toda a idéia de associação e denominação. No 
Estado Democrático, o Estado, como poder público, como pessoa jurídica de 
organização da comunidade política, não tem por função absorver ou neutralizar 
as instituições e os indivíduos que fazem parte da sociedade organizada. Por 
outro lado, o modelo de Estado Democrático existe como interação entre o poder 
institucional e a comunidade política, que se sobrepõe à própria estrutura social 
organizada. Por outro lado, a democracia não tem que estar, necessariamente, 
centralizada no sistema institucional do Estado. Pode desenvolver-se em todos os 
âmbitos da vida social 
 
 Estado Democrático 
O Estado Democrático não é um todo formal, técnico, no qual se dispõe um 
conjunto de regras relativas à escolha dos dirigentes políticos. A democracia é 
dinâmica e está em constante aperfeiçoamento. O Estado Democrático tem como 
fundamento o princípio da soberania popular, que impõe a participação efetiva e 
operante do povo na coisa pública; participação que não se exaure na simples 
formação das instituições representativas, que constituem estágio da evolução do 
Estado Democrático e não seu completo desenvolvimento. 
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 Conforme Dallari há três pontos fundamentais que precisam ser 
observados, como exigência para o Estado Democrático: A supremacia da 
vontade popular que consiste na participação popular no governo, tanto no tocante 
à representatividade, quanto à extensão do direito de sufrágio e aos sistemas 
eleitorais e partidários. A preservação da liberdade, assim entendida o de poder 
fazer tudo desde que não incomodasse o próximo, além de poder de dispor de sua 
pessoa e de seus bens sem qualquer interferência do Estado. A igualdade de 
direitos, sem distinções no gozo de direitos, sobretudo por motivos econômicos ou 
de discriminação entre as classes sociais. 
 
CONCLUSÃO 
 
O princípio democrático é um processo de continuidade transpessoal, não 
se vinculando a determinadas pessoas, porquanto a democracia é um processo 
dinâmico inerente a uma sociedade aberta e ativa, oferecendo aos cidadãos a 
possibilidade de desenvolvimento integral, liberdade de participação crítica no 
processo político, condições de igualdade econômica, política e social. 
São institutos do Estado Democrático a democracia direta, semidireta e 
representativa. 
O Estado Democrático de Direito tem como objetivo primacial superar as 
desigualdades sociais e regionais e instaurar um regime democrático que realize a 
justiça social. O Estado Democrático de Direito estrutura-se nos princípios 
constitucionalista e democrático, sistema de direitos fundamentais, princípios da 
justiça social, igualdade, divisão dos poderes e independência do juiz, legalidade, 
e segurança jurídica. O Estado Democrático de Direito é, constitucionalmente, 
caracterizado como forma de racionalização da estrutura estatal e constitucional. 
São princípios concretizados do Estado Democrático de Direito. 
 O Estado democrático de direito, no qual se organiza autonomamente a 
sociedade, distribui, igualitariamente, o poder e o racionaliza por meio de leis. Não 
é uma estrutura acabada, mas revisável, cuja finalidade consiste em melhor 
interpretar o sistema de direitos para institucionalizá-lo, mais adequadamente. 
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 A participação do cidadão no Estado democrático de direito implica 
condição de membro de comunidade política, baseada no sufrágio universal, 
princípio basilar da democracia, e na concretização da cidadania plena e coletiva, 
sob o primado da lei. 
 Não é possível entender a questão democrática sem entrar no campo da 
legalidade e legitimidade. Após a Revolução Francesa, com a Declaratión 
expressa na Constituição Francesa, em 1791, e, logo depois, a Alemanha, sob a 
designação de Grumdrecht, articulou o sistema de relações entre indivíduos e 
Estado, como fundamento da ordem jurídica, por meio da legalidade e 
legitimidade, garantindo o poder do povo via democracia. Conclui-se que os 
valores democráticos se entrelaçam entre política e direito. Implica em 
manifestação participativa do povo porque persegue um fim político, influência nas 
decisões do Estado, que deve cumprir os fins políticos em benefício da 
coletividade; o que compreende conteúdo político, indissociável de aspectos 
jurídicos. 
O direito não tem um único poder jurídico, mas uma série de poderes 
sociais com faculdade normativa criadora. O Direito Social autônomo surge dos 
fenômenos coletivos de grupo e não de simples fenômenos de agregação social. 
Possuem consciência para construir uma coletividade, que busca a coesão interna 
e se articula frente ao fenômeno social, gerando, face aos diversos sistemas de 
Direito que coexistem entre si, o fenômeno da globalização, vinculado a 
transnacionalização do Direito. 
A democracia autêntica realiza-se por meio do Direito Social, pois, constitui 
o marco idôneo que consegue o equilíbrio entre a sociedade e o Estado. Expressa 
a soberania do direito social porque todos os cidadãos, na sociedade democrática, 
participam dos grupos organizados no processo democrático. 
O fundamento filosófico da Democracia está nos valores liberdade e 
igualdade, síntese dos direitos fundamentais decorrentes, para o homem, de sua 
própria natureza como pessoa e advém do Estado de Direito, que se estrutura na 
legalidade e no controle judiciário. Assim, o Estado de Direito é o Estado de 
Justiça porque só é direito àquilo que é justo. É Estado de Justiça porque o próprio 
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Estado é submetido ao controle judicial, que significa fiscalização e controle do 
governo, em sua missão de aplicar a lei como controle judicial da legalidade. 
A democracia é dinâmica e está em constante aperfeiçoamento. Assim, o 
Estado Democrático de Direito tem como fundamento o princípio da soberania 
popular, que impõe a participação efetiva e operante do povo na coisa pública. 
Não se exaure na simples formação das instituições representativas, que 
constituem estágio da evolução do Estado Democrático. 
Seu objetivo é superar as desigualdades sociais e regionais e instaurar um 
regime democrático que realize a justiça social com adarga nos princípios: 
constitucionalista, democrático, sistema de direitos fundamentais, justiça social, 
igualdade, divisão dos poderes e da independência do juiz, legalidade e 
segurança jurídica. O Estado Democrático de Direito não é uma estrutura 
acabada, mas revisável, cujo objetivo consiste em melhor interpretar o sistema de 
direitos para institucionazá-lo mais adequadamente. A participação dos cidadãos 
no Estado Democrático de Direito, como membros da coletividade política, 
baseada no sufrágio universal, princípio basilar da democracia, concretiza a 
cidadania plena e coletiva, sob o primado da lei. 
 
Bibliografia 
 
Platão. A República. Trad. C. A. Nunes. Belém: EDUFPA - 2000. 
 
Moisés, José Álvaro. Os Brasileiros e a democracia: bases sócio-políticas da 
legitimidade democrática. São Paulo: Ática ,1995. 
 
Bobbio, Norberto. Igualdade e Liberdade. Ediouro. 
 
Bobbio, Norberto. O Futuro da Democracia. São Paulo: Editora Paz e terra, 
2002. 
 
Pinto Ferreira. Comentários a Constituição Brasileira. Vol.l São Paulo: Saraiva, 
1994. 
 
Cretella, Jose Junior. Comentários a Constituição de 1988. São Paulo: Forense, 
2000. 
 
 
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Sites Consultados 
 
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www.usp.br 
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