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INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 1 Aula 03 1 Direitos e deveres fundamentais: garantias constitucionais individuais. Garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos I. DIFERENÇA ENTRE DIREITOS, GARANTIAS E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ----- 3 II. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA ------------------------------------------------------------------------- 5 III. HABEAS CORPUS (HC) ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 6 IV. HABEAS DATA (HD) ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 V. MANDADO DE SEGURANÇA (MS) ----------------------------------------------------------------------------------- 20 VI. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (MSC)------------------------------------------------------------- 32 VII. MANDADO DE INJUNÇÃO (MI) -------------------------------------------------------------------------------------- 36 VIII. AÇÃO POPULAR (AP) ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 47 EXERCÍCIOS ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 54 IX. QUESTÕES DA AULA --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 77 X. GABARITO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 90 XI. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ---------------------------------------------------------------------------------------- 91 Olá futuros Técnicos do Seguro Social! Prontos para o SEU salário de R$ 4.400,87? Estão estudando como eu ensinei na aula inaugural? E os resultados? Tenho certeza de que estão melhorando! E também estou certo de que eles serão cada vez melhores! Na aula de hoje, estudaremos a seguinte parte do seu edital:1 Direitos e deveres fundamentais: garantias constitucionais individuais. Garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos. Como sempre, faremos muitos exercícios para que você treine muito e tenha uma visão de todos os ângulos da matéria: serão 37 questões comentadas! Começaremos com a parte teórica e os exercícios virão na medida em que a matéria for explicada. Ao responder as questões, leia todos os comentários, pois foram feitas várias observações além da mera resolução da questão. Na aula de hoje, teremos APENAS 51 páginas de conteúdo (teoria). O restante das páginas é dividido entre exercícios comentados, MUITOS INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 2 esquemas e uma lista com as questões da aula. Dessa forma, apesar de o número de páginas ser elevado, a leitura do material é bastante rápida e agradável! Você notará que alguns esquemas e respostas foram exaustivamente repetidos nos comentários das questões. Isso não é por acaso! Sugiro que você os revise várias vezes, para internalizar o conhecimento. Caso tenham alguma dúvida, mandem-na para o fórum. Vamos então à nossa aula! INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 3 I. DIFERENÇA ENTRE DIREITOS, GARANTIAS E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS Caro aluno, nós já estudamos vários direitos até aqui: os direitos individuais e coletivos, os sociais, os políticos, os de nacionalidade etc. Pois bem, os direitos são justamente esses bens e vantagens prescritos na Constituição. Mas o que acontece se alguém tem o direito, mas por algum motivo não consegue exercê-lo? Para isso servem as garantias: elas são os instrumentos que asseguram o exercício dos direitos. OBSERVAÇÃO: Muitas vezes, as bancas, os autores e os professores utilizam essas expressões (direitos e garantias) como sinônimas. Até porque essa linha, às vezes, é bem tênue.Assim, muito dificilmente, as bancas vão considerar incorreta uma questão somente por conta dessa divergência (chamar direito de garantia e vice-versa). Já os remédios são espécies de garantias e podem ser divididos em remédios administrativos e remédios judiciais. Os remédios administrativossão instrumentos assegurados à pessoa para que ela consiga exercer seus direitos sem precisar recorrer ao Poder Judiciário. Assim, o dono do direito consegue exercê-lo utilizando-se simplesmenteda via administrativa.Dois remédios administrativos previstos na Constituição são: o direito de petição e o direito de certidão. Somente para relembrar: Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; Já os remédios judiciais são os instrumentos que possibilitam que alguém exerça seu direito, mas deve-se recorrer ao Poder Judiciário. Assim, eles são ações específicas para que alguém alcance ou exerça algum direito que possui e que está sendo violado. Os remédios judiciais previstos na CF são os seguintes: x Habeas Corpus (HC), INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 4 x Habeas Data (HD), x Mandado de Segurança (MS), x Mandado de Segurança Coletivo (MSC), x Ação Popular (AP) e o x Mandado de Injunção (MI). Vamos estudar agora cada um deles. Mas somente para que fique mais claro, quando falamos de esfera judicial e esfera administrativa, é bastante interessante que você entenda perfeitamente o que isso significa: INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 5 II. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA Quando falamos em esfera administrativa, estamos falando em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ou seja, os órgãos públicos em geral, como a Receita Federal, INSS, CGU, DETRAN, Ministérios etc. Já quando falamos em esfera judicial, estamos nos referindo especificamente ao Poder Judiciário exercendo sua função típica. Duas considerações: 1- Um Tribunal, se estiver exercendo a atividade típica do Poder Judiciário, ou seja, provendo a prestação jurisdicional, será considerado esfera judicial. No entanto, se o mesmo Tribunal estiver exercendo atividade tipicamente administrativa (ex. realizando uma licitação), será considerado esfera administrativa. 2- Para facilitar a divisão dos trabalhos, o Poder Judiciário (enquanto função típica) é dividido em duas grandes áreas: civil e penal. Tanto a esfera civil quanto a penal são parte do Poder Judiciário (na esfera judicial). Guarde essas informações, pois serão importantes para daqui a pouco. Esquematizando: x Diferenças entre Direitos, Garantias e Remédios Constitucionais o Direitos: bens e vantagens prescritos na CF o Garantias: Instrumentos que asseguram o exercício dos direitos. o Remédios: Espécie de garantia • Remédios • Administrativos - Direito de certidão - Direito de petição • Judiciais - Habeas Corpus (HC) - Habeas Data (HD) - Mandado de Segurança (MS) - Mandado de Segurança Coletivo (MSC) - Ação Popular (AP) - Mandado de Injunção (MI) o Esfera - Judicial - Civil - Penal - Administrativa INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 7 Na ação do habeas corpus, como o direito protegido é um direito altamente sensível, existem exceções a algumas regras adotadas pelo Poder Judiciário. Observe: a) Uma regra em direito é que “o Poder Judiciário não pode dar o que a pessoa não pede” (vinculação ao pedido).Observe o art. 2º do Código de Processo Civil:“Nenhum juiz prestaráa tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais.” Assim, se alguém tem direito a 10, mas, ao entrar no judiciário, só pede 2, essa pessoa só poderá ganhar 2 (aquilo que pediu). No entanto, no habeas corpus, o juiz pode agir de ofício (por conta própria) econceder o HCmesmo sem ninguém ter pedido. b) Outra regra em direito é que as partes devem ser sempre representadas por advogado, pois este é o único que tem a capacidade postulatória (capacidade de agir em juízo). No entanto, para amplificar a proteção à liberdade,no HC, não se precisa de advogado. c) Mais uma importante regra em direito é que devem ser cumpridas várias formalidades processuais e instrumentais. Como exemplo, observe o art. 282 do Código de Processo Civil (não precisa saber esse artigo para a sua prova de Direito Constitucional, ok? É só para exemplificar): Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. No habeas corpus, não existe qualquer formalidade processual ou instrumental. Pode-se entrar com a petição inicial escrita em um “papel de pão”, que ela deverá ser analisada pelo Poder Judiciário. No entanto, o pedido deve ser escrito em língua portuguesa. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 8 2. PACIENTE O paciente é a pessoa em favor de quem se entra com o habeas corpus. Como paciente, só se admite que sejam pessoas físicas(pessoas de carne e osso). Assim, não cabe o HC para proteger pessoa jurídica, pois o direito de liberdade não se aplica a elas. x Exemplificando: pessoa jurídica “Coca-Cola”. o Quem tem direito à liberdade é o “diretor” da empresa (pessoa física) e não a “Coca-Cola” (pessoa jurídica). o Quem pode ir e vir é um “funcionário” da fábrica (pessoa física) e não a “Coca-Cola” (pessoa jurídica). Entenderam porque o direito de liberdade/ir e vir não se aplica às pessoas jurídicas? Cabe ressaltar que as pessoas jurídicas podem cometer crimes (ambientais, por exemplo), mas não podem ser apenadas com o cerceio da liberdade (HC 92.921/BA). 3. IMPETRADO O impetrado é o legitimado passivo da ação, ou seja, contra quem se entra com a ação. O legitimado passivo pode ser autoridade pública que cometa ilegalidade ou abuso de poder ou o particular que cometa ilegalidade. Assim, observe que o HC pode ser impetrado contra PARTICULAR para cessar uma coação ilegal! Exemplo 1: retenção ilegal de paciente em hospital particular em que se encontra internado até que seja paga a conta. Cabe o HC, pois a retenção é ilegal e lesa o direito de ir e vir. Exemplo 2: retenção, pelo empregador, de trabalhador em imóvel rural para pagamento de eventuais dívidas. Também cabe o HC, pois a retenção é ilegal e lesa o direito de ir e vir. Não confundir o HC impetrado contra particular com Mandado de Segurança contra particular no exercício de função pública(a ser estudado mais à frente). INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 10 4. OUTRAS CARACTERÍSTICAS DO HABEAS CORPUS O habeas corpus pode ser usado para proteger a liberdade de alguém antes ou depois desse direito ser indevidamente violado. Assim, se alguém já teve sua liberdade indevidamente restrita, o HC se chama repressivo ou liberatório. Por outro lado, quando alguém está prestes a ter sua liberdade indevidamente violada, o HC será chamado de preventivo ou salvo conduto.Além disso, é cabível desistência do HC. Para garantir uma maior proteção a esse direito sensível, o HC é sempre gratuito e é cabível contra ato omissivo ou comissivo. Um ato omissivo é uma omissão, um nãofazer, um ato negativo. Já o ato comissivo é um agir, um fazer, um ato positivo. x Exemplo de ato comissivo: uma ordem de prisão ilegal expedida por um juiz;x Exemplo de ato omissivo: um juiz que deveria mandar soltar alguém e não ofaz, mantendo alguém preso ilegalmente. Outra informação importante é que o habeas corpus é cabível contra ofensa direta ou indiretaao direito de liberdade (lembre-se: a ideia é que esse direito seja protegido da forma mais ampla possível). x Ofensa direta: quando um ato atenta diretamente contra a liberdade de alguém. Ex: uma ordem de prisão irregular. x Ofensa indireta: quando um ato não restringe diretamente a liberdade, mas pode levar, futuramente, à violação indevida. Ex: um inquérito policial ou uma ação penal que possuem algum vício. Eles não atingem diretamente a liberdade, mas se forem levadas adiante com o vício podem, futuramente, atingi-la de forma indevida. Dessa forma, cabe HCpara trancar ação penal ou inquérito policial; não se depor em CPI;impugnar quebra de sigilo telefônico e de dados ou quebra de sigilo bancário, desde que se esteja em âmbito criminal e se possa reflexamente culminar na restrição da liberdade. Por outro lado, se a quebra do sigilo bancário estiver em âmbito administrativo, não cabe HC uma vez que esse procedimento não poderá atingir a liberdade de alguém. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 12 como se o juiz falasse assim: “vá exercendo o direito enquanto eu julgo melhor a ação”. Importante ressaltar que a concessão da liminar não significa que a pessoa já ganhou a ação. O julgamento pode ser contrário ou a favor de quem ganhou a liminar. Importante ressaltar também que, para que seja concedida a cautelar, em qualquer ação do judiciário, são necessários dois requisitos: x Periculum in mora ou perigo na demora: para que seja concedida a liminar, é fundamental que haja o perigo na demora, em outras palavras, se o judiciário não decidir agora, não adianta mais (o direito terá perecido). x Fumus boni juris ou fumaça do bom direito: para que seja concedida a cautelar, é necessário também que a pessoa “pareça estar certa”. Assim, não é necessário que a causa seja julgada nos mínimos detalhes, mas é preciso que, o ganhador da liminar aparentemente tenha razão. Explicado o que é uma cautelar, você deve saber que é possível a concessão de liminar na ação do habeas corpus, desde que estejam presentes os dois requisitos: periculum in mora e o fumus boni juris. 6. HIPÓTESES ONDE NÃO CABE HABEAS CORPUS Muitas questões de prova podem ser resolvidas com duas simples regrinhas e que já não são mais novidade para nós: 1- Somente cabe HC para proteger o direito de liberdade e, se não há violação ao direito de liberdade, não caberá o habeas corpus. 2- Somente cabe HC se a restrição de liberdade for irregular. Se a prisão ou o procedimento forem legais, obviamente não caberá HC. Assim, com essas duas regrinhas, você será capaz de resolver praticamente todas as questões de prova sobre o cabimento ou não de habeas corpus. O esquema abaixo traz as questões mais comuns de prova: INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 16 IV.HABEAS DATA (HD) Meus futuros Técnicos do Seguro Social, a Constituição dispõe em seu art. 5º, LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. O Habeas data foi adotado pela Constituição de 1988, principalmente,para solucionar um problema bastante comum na época da ditadura militar: as pessoas não tinham acesso às informações que os bancos de dados públicos possuíam sobre elas e, quando tinham o acesso, muitas vezes não conseguiam retificar a informação, caso ela estivesse errada. O HD é um remédio eminentemente democrático e veio para que o indivíduo pudesse ter conhecimento e/ou consertar as informações que o poder público possui sobre ele. Combinando a letra da Constituição com a lei sobre o habeas data (lei nº 9.507/97), o HD se presta para: 1- ACESSAR informações relativas à pessoa do impetrante constante de banco de dados públicoou de caráter público. Assim, a primeira função do habeas data é que o indivíduo tenha acesso às informações que um banco de dados possui sobre ele. O referido banco de dados pode ser público, ou seja, do governo, ou ter caráter público. Assim, cabe habeas data para que se tenha acesso a um banco de dados particular, mas que possui caráter público (Ex: SPC/SERASA). Por outro lado, se o banco de dados for privado e não possuir caráter público, não caberá HD para que se tenha acesso a ele. 2- RETIFICAR dados quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 17 Caso a pessoa tenha acesso ao banco de dados, mas não consiga corrigir as informações que porventura estejam equivocadas, também caberá o habeas data. 3- COMPLEMENTAR anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável (art. 7º, III da Lei no 9.507/97). 1. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O HABEAS DATA Assim como o habeas corpus, o habeas data também é gratuito. Além disso, o HD terá sempre natureza individual e civil(enquanto o HC é penal), ou seja, não cabe HD coletivo. Devemos ter em mente que o habeas data ainda é diferente dos direitos de certidão e de petição. Dessa feita, ele não serve para se obter uma declaração ou mesmo para pedir algum direito, como é o direito de certidão e petição. O HD se presta para acessar, retificar ou complementar informações relativas à pessoa do impetrante, que estejam em um banco de dados públicos ou de caráter público. Precisa-se de advogado para se entrar com a referida ação eo Estado pode negar as informações por razões de segurança da sociedade e do Estado. Além disso, o HDnão pode ser usado com o simples intuito de se ter acesso a autos de processos administrativos e o impetrante não precisa demonstrar interesse nenhum ou para que as informações servirão. 2. LEGITIMIDADE ATIVA Pode entrar com o habeas data qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira que pretenda acessar, retificar ou complementar informações relativas à sua pessoa constantes de banco de dados público ou de caráter público. Em regra, esta ação é personalíssima, ou seja, somente pode entrar com o HD no Poder Judiciário o titular do direito (o dono do direito). No entanto, excepcionalmente, o cônjuge e os herdeiros do falecido podem impetrá-lo quando se pretende acessar, retificar ou complementar informações relativas a pessoas já falecidas. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 18 Ao contrário do Habeas Corpus, para se impetrar um Habeas Data, é necessário um advogado. 3. LEGITIMIDADE PASSIVA O legitimado passivo do habeas data (contra quem se entra com a ação) é a pessoa jurídica de direito público ou privado que controla o banco de dados. 4. NECESSIDADE DE RECUSA NA VIA ADMINISTRATIVA O princípio do livre acesso ao Judiciário garante que, em regra, não é necessário que se entre na via administrativa para que se possa entrar no Poder Judiciário. Dessa forma, a regra é que, independentemente do pedido administrativo, pode-se entrar direto no Judiciário para a defesa de direitos. No entanto, o habeas data é uma exceção a essa regra: é necessário que, antes de se entrar com HD, haja a recusa na via administrativa. Isso ocorre porque não existe a menor lógica em se provocar o Poder Judiciário antes mesmo de se ter a negativa na via administrativa (antes de haver a violação ao direito). Esquematizando: HABEAS DATA (HD) x Art. 50 LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. x HD serve para: I – ACESSAR informações relativas à pessoa do impetrante constante de banco de dados público ou de caráter público o O banco de dados tem que ter CARÁTER PÚBLICO (SPC/SERASA)– se for para uso próprio da empresa e não transmitida para terceiros NÃO CABE HD INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 20 V. MANDADO DE SEGURANÇA (MS) Meu caro aluno e futuro Técnico do Seguro Social, a Constituição dispõe em seu art. 5º,LXIX:“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;” Para melhor entendermos o MS, devemos seguir quatro passos: PASSO 1: O mandado de segurança se presta aproteger o direito líquido e certo (é aquele direito demonstrado de plano, de pronto). Além disso, como regra no direito, dentro do processo pode-se produzir provas, tais como realização de perícias, audiências, ouvir testemunhas, acareações e etc. O nome que se dá a essa produção de provas no decorrer do processo é dilação probatória. No entanto, no mandado de segurança o rito é um pouco diferente: não existe a dilação probatória. Isso quer dizer que, via de regra, não se produz provas no processo do mandado de segurança e, por isso, as provas devem ser levadas aos autos no momento da impetração do MS (as provas devem ser préconstituídas). Outraobservação importante é que o direito tem que ser líquido e certo em relação à matéria de fato. Já a matéria de direito, por mais complexa que seja, pode ser analisada em mandado de segurança. Assim, a expressão "direito líquido e certo" pressupõe a incidência da regra jurídica sobre fatos incontroversos e a complexidade da questão jurídica envolvida não pode constituir empecilho à admissão do MS. Exemplo: imagine só que um juiz receba uma causa bastante complicada, que envolve a aplicação de várias leis, várias normas e vários princípios. Ou seja, a causa é juridicamente muito complexa. Nesse caso, caso o direito seja líquido e certo, o juiz deve sim julgar o Mandado de Segurança e não pode alegar que a complexidade jurídica impede o julgamento do MS. PASSO 2: o direito (que é líquido e certo) não pode ser amparado por habeas corpus ou habeas data. Dessa forma, caso se queira entrar com uma ação para proteger o direito de liberdade de alguém, não caberá o MS, INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 21 pois o remédio correto é o habeas corpus. Igualmente, caso se deseje ter acesso, retificar ou complementar informações relativas à pessoa do impetrante em bancos de dados públicos ou de caráter público também não caberá o mandado de segurança, pois o remédio correto é o habeas data. Assim, diz-se que o mandado de segurança é residual ou subsidiário. PASSO 3: O coatordeve ser autoridade pública ou particular no exercício de atribuições do poder público. Dessa feita, não cabe MS contra atosde particulares (salvo se estiverem exercendo atividadepública). PASSO 4: o poder público ou o particular no exercício de atividade pública devem ter cometido ilegalidade ou abuso de poder. Obviamente, se os atos dos referidos agentes estiverem de acordo com o ordenamento jurídico, não caberá o mandado de segurança. Cabe ainda o MS contra ato comissivo (uma ação / um ato positivo) ou omissivo(uma não ação / um ato negativo) e contra atos vinculados ou discricionários. 1. INFORMAÇÕES GERAIS Assim como o habeas corpus, cabe mandado de segurança contra LESÃO a um direito liquido e certo ou contra uma AMEAÇA de lesão. Assim, o MS poderá ser repressivo ou preventivo. A natureza do mandado de segurança será sempre civil, independente de qual seja o ato impugnado (civil, penal ou administrativo). Assim, caso seja impugnado um ato administrativo, a natureza do MS será civil. Caso seja contestado um ato judicial civil, a natureza do MS também será civil e caso seja impugnado um ato judicial penal, a natureza do MS também será civil (siga a regra). Além dissoésempre necessário oadvogado, o mandado de segurança admite desistência,não é gratuito, e a parte vencida não é condenada a pagar honorários advocatícios (STF súmula 512). O MS possui ainda um prazo decadencial de 120 dias da ciência da lesão ou ameaça para que seja impetrado. Decorrido este tempo, a ação não mais poderá ser proposta, devendo o autor buscar seu direito por outros meios. Esquematizando: INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 22 MANDADO DE SEGURANÇA (MS) x LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; x MS serve para: 1. Proteger direito líquido e certo (demonstrado de plano) Não precisa dilação probatória As provas devem ser pré-constituídas – levadas aos autos no momento da impetração O direito tem que ser líquido e certo sobre matéria de FATOx A matéria de direito, por mais complexa que seja, pode ser analisada em MS 2. O direito (líquido e certo)não pode ser amparado por HC ou HD MS é residual – subsidiário 3. Quando o responsável (coator) for - Autoridade pública - Particular no exercício de atribuições do poder público Não cabe MS contra particularsalvo se estiver exercendo atividadepública 4. E que cometa ilegalidade ou abuso de poder Cabe MS contra ato - Comissivo ou omissivo - Vinculado ou discricionário¾ Informações Gerais x MS pode ser - Repressivo - Preventivox Natureza - Civil qualquer que seja o ato impugnado (civil, penal, adm...) - Residual / Subsidiário – o que não for de HC ou de HD.x Não é gratuitox Precisa de advogadox Cabe desistênciax A parte vencida não é condenada a pagar honorários advocatícios (STF súmula 512) x Prazo - 120d da ciênciada lesão ou ameaça - Decadencial INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 23 2. LEGITIMADO ATIVO O legitimado ativo (quem pode entrar com a ação) do mandado de segurança é o detentor do direito líquido e certo. De tal modo, estão englobados os seguintes: pessoas físicas e jurídicas, órgãos públicos despersonalizados com capacidade processual (como as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e chefias do Executivo), universalidades de bens e direitos que não possuem personalidade, mas possuem capacidade processual (espólio, massa falida, condomínio), agentes políticos, Ministério Público e órgãos públicos de grau superior na defesa de suas atribuições. 3. LEGITIMADO PASSIVO O legitimado passivo do mandado de segurança (contra quem se entra com o MS) é a autoridade coatora, ou seja, quem praticou o ato ilegal. Melhor falando, não é o executor do ato em sentido estrito, mas sim quem detém o poder para corrigi-lo. Caso tenha havido delegação para a execução de algum ato, o sujeito passivo será sempre a autoridade DELEGADA e nunca o delegante (quem delegou). De igual modo, o foro também será o da autoridade delegada. Por exemplo: caso o Presidente da República tenha delegado algum ato para um Ministro de Estado e este o execute cometendo ilegalidade ou abuso de poder, será cabível mandado de segurança contra o Ministro de Estado e não contra o Presidente da República, bem como o foro de julgamento será o do Ministro de Estado e não o do Presidente da República. 4. OBJETO DO MANDADO DE SEGURANÇA Agora que já estudamos o que é, para que serve, como funciona e quais são os legitimados do mandado de segurança, vamos estudar o seu objeto, ou seja, contra o que cabe e contra o que não cabe o mandado de segurança. x Decisão judicial Antes de adentrarmos nesse assunto, devemos saber quais são os efeitos dos recursos nas decisões judiciais. O recurso de uma decisão judicial tem efeito suspensivo quando a sua interposição implicar a suspensão ou paralisação da execução da sentença, até que o recurso interposto seja julgado. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 25 Por exemplo: "matar alguém é crime". Estamos aqui olhando diretamente para o texto da lei. Ninguém matou ninguém ainda. Não é preciso que alguém mate outra pessoa para que o ato seja considerado crime, ou seja: NÃO É PRECISO CASO CONCRETO. No entanto, quando alguém matar alguém (quando o sair do mundo das ideias e for para o mundo real), isso será considerado um crime e o caso concreto vai se encaixar no texto da lei. Já a lei de efeitos concretos é uma lei que possui destinatário certo e determinado. Ela é considerada por muitos autores um ato administrativo. Veja alguns exemplos de leis de efeitos concretos: - Ex: lei 12.391 art. 10 - Inscrevam-se no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, os nomes dos heróis da "Revolta dos Búzios" João de Deus do Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manuel Faustino Santos Lira e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga. - Ex: leis de tombamento; lei que institui uma autarquia ou autoriza a criação de empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação pública. Como vimos, o mandado de segurança serve para proteger um direito subjetivo. Se analisamos uma lei em tese, não existe um caso concreto não havendo, portanto, um direito subjetivo a ser protegido. É por isso que não cabe MS contra lei em tese e cabe MS contra lei de efeitos concretos. x Pagamento a servidor: Cabe mandado de segurança, mas somente para as parcelas após a sua impetração. Dessa forma, as parcelas anteriores devem ser pedidas pela ação própria (ação de cobrança), uma vez que o mandado de segurança não substitui a ação de cobrança. x Atos interna corporis:Para efeitos de prova, considere os atos interna corporis como sendo os atos internos das Casas Legislativas, como os Regimentos Internos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 26 Assim, não cabe MS contra atos interna corporis, sob pena de violação à separação dos poderes. Essa é uma exceção ao princípio da inafastabilidade da jurisdição. Mas atenção:se o ato ferir, ao mesmo tempo, a Constituição Federal, caberá intervenção do Judiciário. x Atos de gestão comercial praticados pelos administradores de Empresas públicas, Sociedades de Economia Mista e Concessionárias de serviços públicos: Não cabe MS uma vez que esses atos, apesar de terem sido praticados por agentes públicos, são atos de caráter eminentemente privado. x Ato disciplinar: não cabe MS,salvose feito por autoridade incompetente ou com vício no processo. Esquematizando: - Detentor do direito líquido e certo - Pessoas físicas e jurídicas - Órgãospúblicos despersonalizados com capacidade processual (Mesas CD e SF, chefias do Executivo)x Legitimado ativo - Universalidades de bens e direitos (espólio, massa falida, do MS condomínio) • Não possuem personalidade, mas possuem capacidade processual - Agentes políticos - MP - Órgãos públicos de grau superior na defesa de suas atribuições x Legitimidade passiva: autoridade coatora (quem praticou o ato) o Não é o executor (strictu sensu) e sim quem tem o poder para corrigir o ato o O sujeito passivo será sempre a autoridade DELEGADA e nunca o delegante Súmula 510 STF O foro será o da autoridade DELEGADA INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 29 5. MINISTÉRIO PÚBLICO E O MANDADO DE SEGURANÇA Nas ações do mandado de segurança, o Ministério Público deve sempre ser intimado. Além disso, ele deve agir como ofiscal da lei (e não defendendo a autoridade coatora), participando efetivamente e manifestando sua opinião nos autos. 6. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA Assim como no habeas corpus, é cabível a liminar em mandado de segurança, desde que haja os requisitos: fumus boni juris e o periculum in mora. Além disso, o juiz pode deferir caução, fiança ou depósito para a concessão da liminar. Essa exigência serve para ressarcir o poder público se o MS for julgado improcedente e houver danos ao patrimônio público. 7. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO PARA SENTENÇAS CONCESSIVAS DE SEGURANÇA Meus caros Técnicos do Seguro Social, em regra, as ações são julgadas em primeira instância pelo Poder Judiciário nos juízos singulares. Isso significa que, normalmente, quando se entra com uma ação no Judiciário, essa ação será julgada por um juiz monocrático (que julga sozinho). Depois de ser julgada pelo juiz singular, caso alguma das partes recorra, a ação será julgada em segunda instânciapelo Tribunal, que é um órgão composto por mais de um julgador (órgão colegiado). Dessa forma, garante- se que a sentença proferida pelo juiz singular esteja correta, livre de vícios, pois a causa estará sendo reanalisada por um grupo de pessoas (e é mais fácil que uma pessoa sozinha erre do que um grupo de pessoas o faça). Aessa possibilidade de se ter a sentença revista por um Tribunal colegiado para garantir que a mesma esteja livre de vícios, dá-se o nome de DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. Pois bem. Acompanhe agora o raciocínio: 1) O mandado de segurança é impetrado sempre contra a autoridade pública (ou contra o particular no exercício de atribuições do poder público). INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 30 2) Quando o autor ganha a ação (consequentemente, o Estado perde), a sentença é chamada de concessiva de segurança. 3) Quando o autor perde a ação (consequentemente o Estado ganha), a sentença é chamada de denegatória de segurança. Como o MS é impetrado contra autoridade pública, a Constituição prevê um mecanismo de proteção ao Estado. Esse mecanismo tem como objetivo garantir que as sentenças proferidas contra o Estado estejam livres de vícios/erros.Assim, caso a sentença do MS sejaconcessiva de segurança(onde o autor ganha e o Estado perde), haverá o duplo grau de jurisdição obrigatório, ou seja, obrigatoriamente, a sentença proferida pelo juiz singular deve ser reanalisada por um Tribunal (colegiado). Isso ocorrerá ainda que o órgão público vencido não apele ou perca o prazo do recurso. Perceberam? Com esse mecanismo, garante-se que todas as decisões em MS onde o Estado perde devem ser reanalisadas pelo Tribunal de segunda instância para garantir que essas sentenças estejam livres de vícios. No entanto, existe uma exceção: caso a sentença tenha sido proferida por TRIBUNAL em sua competência ORIGINÁRIA, o duplo grau de jurisdição não será obrigatório. Você consegue imaginar por quê? Ora, se a sentença foi proferida por um Tribunal, isso significa que ela já foi proferida por um órgão colegiado, onde existe mais de uma pessoa julgando e isso já dá a segurança que o Estado precisa: que a sentença esteja correta. O duplo grau de jurisdição obrigatório não serve para que o Estado fique “enrolando” o cidadão que ganhou a ação,mas sim para garantir a correção das sentenças onde o Estado perdeu. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 32 VI.MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (MSC) O mandado de segurança coletivo está previsto na Constituição no art. 5º, LXX: “o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;” O mandado de segurança coletivo funciona como o mandado de segurança “normal” e as únicas diferenças são o objeto e a legitimação ativa. 1. OBJETO DO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO O art. 21 da Lei 12.016/2009 estabelece que o mandado de segurança coletivo tem como objeto os interesses coletivos, assim entendidos, os transindividuais (que ultrapassam a pessoa do indivíduo), de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica. Além desses, também podem ser objeto do MSC os interesses individuais homogêneos, assim entendidos, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. 2. LEGITIMAÇÃO ATIVA DO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO Podem propor o mandado de segurança coletivo: 1- Partido político com representação no Congresso Nacional. Para o cumprimento desse requisito, basta que o Partido Político possua um parlamentar em qualquer das Casas do Congresso Nacional: Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Assim, este legitimado ativo pode propor o mandado de segurança coletivo na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 33 Para provas de concursos, mais uma informação importante: é vedado mandado de segurança de partido político com vistas a impugnar (contestar) direito individual disponível. Ex: imposto (RE 196.184). 2- Organização sindical, entidade de classe ou associaçãolegalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano. Esses três legitimados podem propor o mandado de segurança coletivo em defesa de seus membros ou associados e deve sempre haver pertinência temática entre o objeto do MSC e os objetivos institucionais. Além disso, a ASSOCIAÇÃO (e somente esta), para que possa impetrar o mandado de segurança coletivo, deve estar legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano.Consequentemente, o sindicato e a entidade de classe não precisam estar em funcionamento há pelo menos um ano (RE 198.919). Outra observação pertinente é que estes legitimados podem atuar na defesa de PARTE dos membros ou associados (STF Súmula 630). Assim, caso haja um interesse que seja apenas de parte dos associados (somente dosTécnicos do Seguro Socialaposentados, por exemplo), esses três legitimados podem propor o mandado de segurança coletivo, sem problemas. Outra observação:como dito, as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 ano e em defesa de seus membros e associados podem impetrar o mandado de segurança coletivo. Nesse caso (e somente nesse), a associação será substituta processual,não precisando de autorizaçãodos associados, bastando uma autorização genérica no estatuto. Esquematizando: INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 36 VII. MANDADO DE INJUNÇÃO (MI) 1. CONCEITO O mandado de injunção está expressamente previsto pela Constituição Federal no art. 5º, LXXI“conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. Injunção significa imposição, exigência ou ordem. Assim, o mandado de injunção serve para suprir/remediar/preencher a falta de norma regulamentadora (infraconstitucional) que torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania (NaSoCi). Lembre-se de que as normas constitucionais, apesar de terem a mesma hierarquia, possuem efeitos diferentes.Assim, de acordo com os seus efeitos, as normas da Constituição podem ser classificadas em normas de eficácia plena, contida e limitada. Vamos revisar: as normas de eficácia plena são as que produzem todos os efeitos assim que a Constituição é promulgada. As normas de eficácia contida são as que produzem todos os seus efeitos assim a Constituição entra em vigor, mas podem ter seus efeitos restringidos por lei posterior. Por último, estão as normas de eficácia limitada, que não produzem efeitos completos com a simples promulgação da Constituição, e necessitam de norma infraconstitucional para que isso ocorra. Pois bem, no caso das normas constitucionais de eficácia limitada, caso não seja editada essa norma infraconstitucional que a regulamente, a norma da Constituição não produzirá seus efeitos completos e as pessoas, apesar de terem o direito previsto pela Constituição, não conseguirão exercê-lo porque não existe a norma infraconstitucional (que está abaixo da Constituição) que deveria regulamentá-la. Entendeu? As pessoas têm o direito previsto na Constituição, mas não conseguem exercê-lo porque não existe a norma infraconstitucional para regulamentar esse direito. Nesse caso, será cabível o mandado de injunção. Exemplo: está previsto no art. 5º da Constituição: “VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 37 militares de internação coletiva”.As pessoas, apesar de terem o direito de assistência religiosa, não conseguem exercê-lo enquanto a lei não for elaborada. Assim, caso a lei não tivesse sido editada pelo Poder Legislativo, caberia o mandado de injunção para que o interessado pudesse exercer o direito. Uma observação bastante importante é quecabe o mandado de injunção para que seja elaborada qualquer norma regulamentadora e não apenas a lei em sentido estrito. Assim, será cabível o mandado de injunção para que sejam elaboradas leis, portarias, resoluções etc, não importando quem deve elaborá-las. Esquematizando: MANDADO DE INJUNÇÃO (MI) x LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; x MI serve para: x Suprir / remediar / preencher a falta denorma regulamentadora (infraconstitucional) que torne inviável o exercício - Dos direitose liberdades constitucionais - Das prerrogativas inerentes à - Nacionalidade - Soberania - Cidadania o Exs: art. 50, VI, VII e VIII, caso não houvesse a lei regulamentadora o Serve para elaborar qualquer norma (lei, portaria, resolução etc) o Não importa quem deve elaborar a norma INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 38 2. CABIMENTO DO MANDADO DE INJUNÇÃO Somente é cabível o mandado de injunção para que sejam exercidos direitos constitucionais. Assim, se um direito está previsto na lei e necessitar ser regulamentado, não será cabível o mandado de injunção. Outra observação importante é que somente é cabível o MI na falta de normas de eficácia limitada e que sejam OBRIGATÓRIAS, não sendo cabível essa ação quando a legislação for facultativa ou quando o direito for autoaplicável (que já pode ser exercido de pronto). Além disso, somente é cabível o MI para direitos razoavelmente delineados, somente quando há o dever de legislarenão se legisla em prazo razoável. Uma observação sobre esse último requisito: elaborar uma lei é bastante complicado. Deve-se realizar um estudo detalhado dos impactos da lei, seu alcance, seus efeitos etc. Além disso, o procedimento para essa elaboração é bastante trabalhoso. Assim, somente será cabível o mandado de injunção quando o Legislativo deixar esgotar o “prazo razoável” e não elaborar a norma (não há uma definição exata de qual é esse prazo razoável). Esquematizando: o Cabe Mandado - Direitos CONSTITUCIONAIS (NÃO CABE para direitos previstos de Injunção para apenas por lei) - Direitos razoavelmente delineados - Para a edição de qualquer norma regulamentadora(portaria, decretos etc) e não apenas lei formal - Quando há o dever de legislar (Ex. art 50,XIII) - Quando não se legisla em prazo razoável - Para normas de eficácia LIMITADA - Programáticas e que sejam obrigatórias - Organizativas 3. LEGITIMIDADE ATIVA Pode entrar com o mandado de injunção qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos pela falta de norma regulamentadora. Assim, qualquer um que tenha um direito constitucional e que não esteja conseguindo exercê-lo pela ausência de norma regulamentadora pode entrar com o MI. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 39 Um ponto bastante polêmico na doutrina é sobre a possibilidade de pessoas estatais impetrarem o mandado de injunção. Exemplo: caso um município tenha um direito previsto na Constituição, mas não consiga exercê-lo porque a União não editou alguma regulamentação, esse município poderá entrar com mandado de injunção para exercer seu direito? Apesar de posicionamentos doutrinários divergentes, para a prova, leve a informação de que pessoas estatais podem impetrar o mandado de injunção (MI 725 e inf. 466/STF). 4. LEGITIMIDADE PASSIVA O legitimado passivo do mandado de injunção (contra quem se entra com a ação) será sempre o Estado, pois somente ele pode elaborar leis e atos regulamentares. Assim, não cabe MI contra particulares, uma vez que eles não elaboram leis. Se o mandado de injunção for contra a falta de lei de iniciativa privativa, este deverá ser impetrado contra quem detém a iniciativa e não contra quem deveria elaborá-la. Acompanhe o raciocínio: 1. O processo legislativo é o procedimento de fabricação de uma lei. É o passoapasso que deve ser seguido para que uma lei seja corretamente elaborada. 2. Esse processo de formação/produção de uma lei se inicia com uma fase chamada de fase de iniciativa. 3. Normalmente, mais de uma pessoa pode propor leis sobre o mesmo tema. Assim, existem várias pessoas que podem iniciar o processo legislativo de uma determinada lei. 4. No entanto, existem algumas leis onde somente uma pessoa pode iniciar seu procedimento de fabricação. Dessa forma, só existe um legitimado para iniciar aquela lei. Quando isso ocorre,ela é chamada de lei de iniciativa privativa ou reservada. Exemplo: somente o Presidente da República pode iniciar o procedimento de formação de uma lei que disponha sobre criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública. Assim, INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncosowww.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 40 mesmo que o Congresso Nacional queira editar uma lei sobre esse tema, ele só pode fazê-lo caso o Presidente da República inicie a lei. Pronto! Chegamos onde eu queria: imagine agora que alguém tenha um direito previsto na Constituição, mas não consiga exercer esse direito por falta de norma regulamentadora infraconstitucional. Em regra, caberá o MI contra quem deveria editar essa norma (Congresso Nacional, por exemplo). No entanto, se a norma for de iniciativa privativa, o MI deve ser impetrado contra quem detém a iniciativa privativa. Ex: o mandado de injunção será impetrado contra o Presidente da República e não contra o Congresso Nacional.Isso ocorre porque não foi o Congresso Nacional que ficou inerte e sim o Presidente da República, que deveria ter iniciado a elaboração da norma e não o fez. 5. OBSERVAÇÕES GERAIS O mandado de injunção não é gratuito e, para impetrá-lo, é necessário advogado. Além disso, o MI é auto-aplicável, sendo adotado, no que couber, o procedimento/rito do mandado de segurança. Esquematizando: x Legitimidade Ativa - Qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos pela falta de norma regulamentadora - Pessoas estatais (MI 725 + informativo 466/STF) – há divergências. Ex: Mun pode entrar com MI contra a União x Legitimidade Passiva - Sempre o ESTADO - Nunca o particular (pois não elabora leis) - Só o ente estatal é responsável por elaborar as leis - Se for contra falta de Lei de iniciativa privativa – MI contra quem detém a iniciativa (Ex: iniciativa privativa do PR – MI contra o PR(art. 61 §10)x OBS - Não é gratuito - Precisa de advogado - O MI é auto-aplicável, sendo adotado, no que couber, o rito do MS LEI Nº 8.038 Art. 24 Parágrafo único - No mandado de injunção e no habeas data, serão observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança, enquanto não editada legislação específica. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 41 6. EFEITOS DO MANDADO DE INJUNÇÃO Os efeitos do mandado de injunção ainda são bastante discutidos pela doutrina e pela jurisprudência, além disso, o STF mudou recentemente de posição acerca de seus efeitos. Vamos estudar as possíveis teorias sobre os efeitos do mandado de injunção: x Efeito não concretista:o Judiciário apenas declara a mora (impontualidade no cumprimento de uma obrigação) do poder omisso. Se for adotada essa teoria, o autor “ganha, mas não leva”, uma vez que o Poder Judiciário se limita a declarar que o legislador está em mora e não proporciona ao dono do direito os meios para o seu exercício. Esse ERA o posicionamento adotado pelo STF até 2007. Dessa data em diante, o Supremo adotou a teoria concretista, estudada adiante. x Efeito concretista:o Poder Judiciário, além de declarar a mora do poder omisso, torna o direito exercitável, ou seja, concretiza o direito.No entanto, existem diferentes maneiras de se concretizar o direito subjetivo: pode-se concretizá-lo somente para as partes do processo (inter partes) ou para todos, independente de terem ou não participado do processo (erga omnes). Baseada nessas diferenças, a teoria dos efeitos concretistas ainda se divide em duas: o Efeito concretista coletivo/geral: a decisão proferida vale erga omnes (para todos) até que legislação futura regule a matéria. Nesse caso, estende-se para todos os efeitos da decisão que, em regra, valem somente entre as partes. o Efeito concretista individual:a decisão proferida vale inter partes,ou seja, somente entre as partes do processo. Por sua vez, a teoria concretista individual pode ser dividida ainda em direta e intermediária. Direta:o Judiciário provê o direito imediatamente. Intermediária:o Judiciário dá um prazo para o legislador agir. Caso este permaneça inerte, aí sim o direito é concretizado pelo Poder Judiciário. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 43 7. MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO Assim como o mandado de segurança, também é cabível o Mandado de Injunção Coletivo, sendo que seus legitimados são os mesmos do Mandado de Segurança Coletivo. 8. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DO MANDADO DE INJUNÇÃO Em regra, a competência de julgamento do mandado de injunção se dá em função da autoridade coatora. Assim como no mandado de segurança, por se tratar de simples “decoreba”, passarei apenas o esquema para vocês, sem maiores comentários. Importante:as competências para julgamento de MI não são muito cobradas em prova, sendo mais importantes, as competências para julgamento do Habeas Corpus e do Mandado de Segurança. Essas sim caem com maior frequência. Esquematizando: INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 44 x MI coletivo: Cabe o Legitimidade ativa: Os mesmos do - Partido político com representação no CN MS coletivo - Organização sindical - Entidade de classe - Associação - Legalmente constituída - Em funcionamento há pelo menos 1 ano - Em defesa de seus membros ou associados x Competência do MI: em função da autoridade coatora - Originária - quandoa elaboração - Presidente da República da norma - Congresso Nacional regulamentadora for - Câmara dos Deputados o STF (102, I, q) atribuição do - Senado Federal - Mesas CD/SF/CN - TCU - Tribunais Superiores - STF - Em recurso ordinário - o MI decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão o STJ (105, I, h) - quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, salvo competência do STF, justiça Militar, Eleitoral, Trabalho e Federal. o TSE (121, §40, V) o Estadual (125, §10) – As Constituições Estaduais organizarão INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 45 9. DIFERENÇAS DO MANDADO DE INJUNÇÃO PARA A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO. Meu caro Técnico do Seguro Social, quando o poder público deve editar uma lei ou ato normativo e não o faz, ocorre um prejuízo tremendo para toda a população (ou, pelo menos, para um número bastante significativo de pessoas). Assim, com afinalidade de combater as omissões normativas, a Constituição trouxe duas ações:o mandado de injunção e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO). Apesar de ambas combaterem a inércia do legislador, são ações bastante diferentes. Enquanto o mandado de injunção pode ser proposto por qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos por falta de norma regulamentadora, a ADO somente pode ser proposta pelos legitimados da ação direta de inconstitucionalidade, quais sejam: o Presidente da República;a Mesa do Senado Federal; a Mesa da Câmara dos Deputados;a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;o Governador de Estado ou do Distrito Federal; o Procurador-Geral da República;o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partido político com representação no Congresso Nacional; confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Uma outra diferença importante entre essas duas ações é que o mandado de injunção se destina à solução de um caso concreto e possui interesse jurídico específico, enquanto a ADO faz controle de constitucionalidade pela via abstrata e não tem caso concreto ou interesse jurídico específico. Além disso, cabe liminar na ADO enquanto não cabe a cautelar no MI. Outra grande diferença entre as ações é em relação à competência para julgamento. A ADO somente é julgada pelo STF (ou pelo TJ Estadual, caso o parâmetro seja a Constituição Estadual), enquanto o mandado de injunçãopode ser julgado por uma série de órgãos do judiciário, conforme visto anteriormente. Esquematizando: INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 46 Mandado de Injunção Adin por Omissão Legitimado: qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos por falta de norma regulamentadora Legitimado: os mesmos da Adin Solução para caso concreto / ControleCONCRETO Via abstrata / ControleABSTRATO Tem caso concreto e interesse jurídico específico Não tem caso concreto ou interesse jurídico específico Não cabe liminar Cabe liminar Efeitos: Dá o direito constitucional, ainda não regulamentado, no caso concreto Efeitos: Declara a mora do órgão competente e exige a elaboração da norma regulamentadora da Constituição Competência: STF (CF, art.102, I, “q” e II, “a”), STJ (CF, art.105, I, “h”), TSE (CF, 121, § 4º, V) e TJ( art.125, § 1º) Competência: STF INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 47 VIII. AÇÃO POPULAR (AP) 1. CONCEITO A ação popular está prevista na Constituição no art. 5º, LXXIII “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. Dessa forma, a ação popular tem como objetivo a proteção ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. A AP é usada para anular ato ou contrato administrativo lesivo àqueles bens protegidos. Uma observação importante é que o ato ou contrato não precisa ser ilegal, bastando ser lesivo. Assim, um ato perfeitamente dentro dos limites da lei, mas que seja lesivo ao patrimônio público, pode ser contestado por meio da ação popular. Ademais, a ação popular não pode atacar decisão judicial. Para tal, devem ser usadas as vias próprias, tais como os recursos, ação rescisória, revisão criminal etc. Esta ação é um meio para que o povo exerça seu poder, fiscalizando os atos públicos. Por isso, diz-se que ela é um meio de se exercer a soberania popular. Além disso,possui natureza civil e pode ser usada para impugnar (contestar) um ato que já violou o patrimônio público ou que ainda não o violou, mas está prestes a fazê-lo. No primeiro caso, a ação popular será chamada de repressiva e, no segundo, será chamada de preventiva. CarosTécnicos do Seguro Social, percebam que mover uma ação no Poder Judiciário é uma coisa bastante trabalhosa e dispendiosa. Existem vários custos, como: custas judiciais, advogado, perícias, gastos para se produzir as provas, sem contar os custos emocionais. Além disso, em regra, quem perde deve pagar o ônus da sucumbência, ou seja, o custo por ter perdido a ação. Dessa forma, quem perde a ação, geralmente paga caro por isso. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 48 Pergunta: qual é o incentivo para que alguém entre com uma ação popular para proteger o patrimônio “dos outros” (público)? E ainda mais se tiver que pagar caso perca a ação?!?! Se fosse assim, ninguém entraria com uma ação popular! Dessa forma, para incentivar que o cidadão realmente exerça seu poder de fiscalização dos atos do Estado, a Constituição “deu uma colher de chá” e estabeleceu que o cidadão, caso entre com a ação popular e perca, não pagará as custas e nem o ônus da sucumbência, salvo comprovada má- fé. Esquematizando: AÇÃO POPULAR x LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; x Objeto o Anular ato/contrato/outros (ADMINISTRATIVO) lesivo ao patrimônio público ou entidade de que o Estado participe, à moralidade, ao meio ambiente... O ato não precisa ser ilegal, basta ser lesivo o Não pode atacar decisão judicial – devem ser atacadas por via própria (recursos, ação rescisória...)x Considerações Gerais o É meio de exercer a soberania popular o Ação Popular pode ser - Preventiva - Repressiva o Natureza: Civil o Custas: Para o autor - Isento de custas judiciais e ônus da sucumbência - Salvo má-fé comprovada INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 49 2. LEGITIMIDADE ATIVA Quem possui a legitimidade ativa (capacidade de entrar com a ação) para propor ação popular é o cidadão, definido pela Constituição como o possuidor de capacidade eleitoral ativa. Assim, não podem propor a ação popular o apátrida, estrangeiro, conscrito ou Pessoa Jurídica, pois esses não possuem direitos políticos, não possuindo, portanto, a capacidade eleitoral ativa (capacidade de votar). Nem mesmo o Ministério Público pode propor uma ação popular, sendo exclusiva do cidadão. Vale observar que a pessoa do promotor de justiça, enquanto cidadão, pode propô-la,mas, nesse caso, ele estará atuando como um cidadão comum e não enquanto membro do Ministério Público. Por último, e tendo em vista que a AP visa proteger o patrimônio público, caso o autor da ação desista, o Ministério Público pode assumi-la se entender que os pressupostos da ação permanecem. Assim,o MP não pode entrar com a ação popular,mas pode assumi-la, caso o autor desista. 3. LEGITIMIDADE PASSIVA O legitimado passivo da ação popular poderá ser o agente que praticou o ato, a entidade lesada ou os beneficiários dos atos ou contratos lesivos, enfim, todos aqueles que foram responsáveis pelo dano ou que obtiveram algum benefício com a lesão ao patrimônio público. Assim, perceba que cabe AP contra particular. Aqui temos um fato curioso: não necessariamente o autor do ato lesivo causou o dano de maneira intencional. É perfeitamente possível que um ato administrativo seja praticado sem que a Administração perceba que está lesando o patrimônio público, o meio ambiente etc. Por exemplo: a Administração pública autoriza a construção de uma área residencial em um local onde haja nascentes de rios, mas este fato não era conhecido pela mesma. Em casos como este, quando a Administração percebe que o ato realmente era lesivo, a pessoa jurídica de direito público pode, ao invés de contestar o autor, atuar ao lado deste, para proteger o interesse público. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 51 Continuando: na ação popular, ocorre o oposto do mandado de segurança:quando o Estado ganha, ocorrerá o reexame necessário. Vou repetir: haverá o reexame necessário quando a ação popular for julgada improcedente. Mas Roberto, não faz sentido! Se o Estado ganha a ação, por que deve haver o reexame necessário? Resposta: para garantir que o ato realmente não era lesivo ao patrimônio público! Estão vendo? A lógica é sempre a mesma: proteção do patrimônio público, mas na ação popular ele será mais protegido se a ação for reapreciada: para garantir que o ato realmente não era lesivo. 5. JULGAMENTO DA AÇÃO POPULAR Em regra, quando o Poder Judiciário prolata (expede) uma sentença, a mesma questão não pode ser novamente apreciada em juízo. Isso ocorre para garantir a segurança jurídica. Assim, evitam-se conflitos eternos no Judiciário em ações que não acabam nunca. A ação popular também segue essa regra: a princípio, se a improcedência ou procedência da AP foram amplamente fundamentadas,faz-se coisa julgada erga omnes(para todos) e não se pode entrar com nova ação para contestar o mesmo ato. No entanto, na ação popular,foi previsto um mecanismo que foge um pouco a essa regra, sempre com o mesmo objetivo: proteção do patrimônio público: Imagine que um ato realmente seja lesivo, mas o cidadão autor da ação não conseguiu juntar provas suficientes para demonstrar isso e ele acaba perdendo a ação. Caso o autor (ou outra pessoa) consiga, futuramente, reunir mais provas, ele pode entrar novamente com uma ação popular contra o mesmo ato. Assim,se a improcedência se der por FALTA DE PROVAS: a sentença da AP não faz coisa julgada material e pode-se entrar com nova ação CONTRA O MESMO ATO (desde que se tenha mais provas). INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 52 6. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE EM AÇÃO POPULAR Existe um tipo de controle de constitucionalidade chamado de controle difuso. Este tipo de controle pode ser realizado por qualquer juiz ou Tribunal e em qualquer ação que corra no Poder Judiciário. Assim, em regra, o controle difuso possui efeitos somente entre as partes do processo (efeitos inter partes), não atingindo pessoas que não sejam parte da relação processual. Continuando: a ação popular pode ter efeitos contra todos (erga omnes), assim, muito se discutiu se é possível ou não o controle de constitucionalidade em sede de ação popular. Alguns argumentavam que não seria possível o controle de constitucionalidade nessa ação porque ela tem efeitos erga omnes, assim, os efeitos do controle seriam experimentados por pessoas estranhas à relação processual. No entanto, o STF decidiu que é possível o controle de constitucionalidade em sede de ação popular, desde que seja o CONTROLE DIFUSO/INCIDENTAL/CONCRETO,não sendo possível o controle ABSTRATO de constitucionalidade em sede de ação popular (a AP não pode ser usada como sucedâneo/substituto da Adin). Obs: a expressão “em sede” significa “no curso de”, “durante o procedimento”. Assim, “em sede de ação popular” é o mesmo que “no curso de uma ação popular”. 7. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DE AÇÃO POPULAR Normalmente, o foro competente para julgar a AP é definido de acordo com a origem do ato ou omissão impugnados. Exemplo: se o ato impugnado for da União, o foro competente será o juiz federal de primeira instância. Ademais, em regra, as ações populares são julgadas pelo juiz de primeira instância e o foro especial por prerrogativa de função não alcança as ações populares. Assim, por exemplo,uma ação popular contra o Presidente da República não será julgada pelo STF. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 54 EXERCÍCIOS 1. (FCC - 2012 - TCE-AM - Analista de Controle Externo) Ato de autoridade que viole a liberdade de locomoção pode ser impugnado judicialmente pela via do mandado de segurança. Pessoal, pensou em direito de locomoção, não tenham dúvidas: estamos diante de um caso de habeas corpus! Gabarito: Errado. 2. (FCC - 2012 - INSS - Técnico do Seguro Social) A garantia individual adequada para alguém que sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, é: a) o mandado de segurança. b) o habeas data. c) a ação civil pública. d) o habeas corpus. e) o mandado de injunção. Item A – ERRADO. O mandado de segurança serve para proteger direito líquido e certo não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data. Item B – ERRADO. O Habeas Data serve para acessar, retificar ou complementar informações em banco de dados público ou de caráter público. Item C – ERRADO. A ação civil pública é promovida pelo Ministério Público e se presta a proteger o patrimônio público e social, o meio ambiente e outros interesses difusos e coletivos. Item D – CERTO. O remédio usado para proteger lesão ou ameaça ao direito de locomoção/liberdade/ir e vir é o Habeas Corpus. Item E – Errado. O Mandado de Injunção será concedido sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Gabarito: D. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 55 3. (FCC - 2012 - TCE-AM - Analista de Controle Externo) O habeas data pode ser impetrado para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. É isso mesmo! As informações requeridas devem ser relacionadas ao próprio impetrante e o banco que contém essas informações deve ser de caráter público. Gabarito: Certo. 4. (FCC - 2012 - TRE-CE - Técnico Judiciário) Américo tentou obter conhecimento das informações armazenadas a seu respeito no banco de dados da Câmara dos Deputados, o que lhe foi negado. No caso, segundo a Constituição Federal, para conhecer das informações, Américo deverá a) impetrar habeas-data. b) impetrar mandado de segurança. c) propor ação popular. d) propor ação originária no Supremo Tribunal Federal. e) propor ação ordinária no Supremo Tribunal Federal. Para acessar, retificar ou complementar informações sobre a pessoa do impetrante em bancos de dados públicos, como o da Câmara dos Deputados, o remédio correto será o habeas data. Lembre-se de que o mandado de segurança serve para proteger direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data. Já a ação popular será proposta para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Gabarito: A. 5. (FCC - 2012 - TRT - 20ª REGIÃO (SE) - Juiz do Trabalho) Uma entidade não governamental que atua na defesa dos direitos necessários ao exercício da cidadania impetrou habeas data contra diversos Deputados Federais, perante o Supremo Tribunal Federal, objetivando que se determinasse a cada um dos impetrados a divulgação de lista contendo o nome e o cargo ou função pública exercidos por quaisquer parentes seus até o terceiro grau. A Impetrante INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 56 sustentou que os Impetrados estariam sendo omissos ao não exigirem uns dos outros a divulgação desses dados. Nesse caso, o habeas data a) é o instrumento adequado para a tutela pretendida, assim como o STF é o Tribunal competente para conhecer do pedido. b) é o instrumento adequado para a tutela pretendida, embora o STF não tenha competência para conhecer do pedido. c) não é o instrumento adequado para a tutela pretendida, sendo essa hipótese de cabimento de mandado de injunção, para o qual a entidade em questão estaria legitimada, diante da existência de pertinência temática com seu objetivo institucional. d) não é o instrumento adequado para a tutela pretendida, uma vez que, tanto os dados a que permite acesso ou retificação, como o manejo do instrumento são personalíssimos, não se prestando à obtenção de informações relativas a terceiros. e) não é o instrumento adequado para a tutela pretendida, estando, contudo, legitimada a entidade para a propositura de ação popular, em defesa da moralidade administrativa. A informação que a entidade queria obter era a respeito de si mesma ou sobre servidores da administração pública? Isso diferencia o remédio constitucional a ser usado. Se fossem informações a respeito da própria ONG, o remédio seria o habeas data (pessoas jurídicas também possuem esse direito). Entretanto, a ONG solicita informações a respeito de terceiros, situaçãoonde não cabe o HD. Gabarito: D. 6. (FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - Técnico Judiciário) São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data. O HC e o HD são gratuitos. No entanto, o Habeas Corpus não precisa de advogado enquanto o Habeas Data precisa. Fique esperto! Gabarito: Certo. 7. (FCC - 2012 - TRF - 5ª REGIÃO - Analista Judiciário) Um cidadão requer vista de processo administrativo relativo a um contrato de aquisição de materiais de escritório por uma autarquia federal, a fim de obter informações e documentos para instruir representação perante os órgãos de controle externo a que se sujeita a entidade. O dirigente da entidade recusa o pedido de vista. Nesta INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 57 hipótese, a fim de ver sua pretensão reconhecida, o cidadão está legitimado para a propositura de a) habeas data, de competência do juiz federal. b) mandado de segurança, de competência do juiz federal. c) mandado de segurança, de competência originária do Tribunal Regional Federal. d) habeas data, de competência originária do Tribunal Regional Federal. e) mandado de segurança, de competência originária do Superior Tribunal de Justiça. É muito comum a confusão de alguns direitos de petição e certidão com o direito de obtenção de informações pessoais. Para a obtenção de informações pessoais, a via a ser utilizada é o habeas data. Caso diverso é a obtenção de informações de caráter público, garantida a qualquer pessoa, como instrumento da transparência da administração pública. Isso é um direito líquido e certo. Como a autarquia em questão é federal, a situação deve ser levada a um Juiz Federal, via mandado de segurança. Gabarito: B. 8. (FCC - 2012 - TRT - 4ª REGIÃO (RS) - Juiz do Trabalho) Tendo sido noticiado pela imprensa que haviam sido formuladas denúncias contra si perante a Corregedoria-Geral da União, as quais afirma serem inverídicas, um indivíduo formula pedido junto ao órgão para obter, por meio de certidão, a identificação dos autores das referidas denúncias, a fim de que a certidão em questão possa ser utilizada, na defesa de direitos, como meio de prova em processo judicial. O pedido para obtenção da certidão é indeferido. Em tal situação, a fim de ver sua pretensão acolhida perante o órgão correicional, poderá o indivíduo valer- se judicialmente da impetração de a) mandado de injunção. b) ação popular. c) habeas corpus. d) habeas data. e) mandado de segurança. O remédio constitucional que tutela o direito de certidão é o mandado de segurança, pois a negativa do órgão em questão é uma ilegalidade ou abuso de poder não amparada por habeas corpus ou habeas data. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 58 Gabarito: E. 9. (FCC - 2012 - TRT - 6ª Região (PE) - Técnico Judiciário) A prática de ato por autoridade pública que ofenda direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas-data, dá ensejo à utilização de medida judicial prevista no capítulo de direitos e garantias individuais da Constituição Federal, qual seja a) ação popular. b) ação civil pública. c) mandado de injunção. d) medida cautelar. e) mandado de segurança. A questão praticamente trouxe a definição constitucional do mandado de segurança! Vejamos o art. 5º, LXIX: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”. Gabarito: E. 10.(FCC - 2012 - TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário) Considere: I. O Partido Político A, regularmente constituído, não possui representação no Congresso Nacional. II. O Sindicato B, legalmente constituído, está em funcionamento há dois anos. III. A Associação C, legalmente constituída, está em funcionamento há um ano e quinze dias. IV. A Associação D, legalmente constituída, está em funcionamento há dez meses. De acordo com a Constituição Federal brasileira, possuem legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo APENAS os entes indicados em a) II e III. b) I, II e III. c) II, III e IV. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 59 d) III e IV. e) I e II. Vamos analisar a situação de cada entidade trazida pela questão: Item I – ERRADO. Para ser legitimado ativo em mandado de segurança coletivo, o partido deve ser representado no Congresso Nacional. Para isso acontecer, basta haver um Deputado Federal ou Senador do partido no exercício de seu mandato. Item II – CERTO. O sindicato, tendo sido constituído legalmente, é legitimado ativo em MSC desde o momento da sua constituição. Nem precisava da informação de quanto tempo de funcionamento ele possui. Item III – CERTO. Em situação diversa do item acima se encontram as associações, que, segundo o art. 5º, LXX, “b”, precisam estar em funcionamento há mais de um ano para poder impetrar MSC em nome dos seus associados. Item IV – ERRADO. Conforme trouxe acima, a associação tem menos de um ano de funcionamento. Ainda faltam dois meses para a aquisição de legitimação para propor o MSC. Gabarito: A. 11.(FCC - 2012 - TRE-PR - Analista Judiciário) Considere os seguintes dispositivos da Lei Federal no 12.016, de 7 de agosto de 2009, que disciplina o mandado de segurança individual e coletivo: Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Considerada a disciplina constitucional da matéria, tem-se que o disposto no artigo: a) 21 é incompatível com a Constituição da República, ao exigir que o mandado de segurança coletivo tenha por objeto a defesa de direito líquido e certo, o que somente se aplica ao mandado de segurança individual. INSS Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 60 b) 21 é incompatível com a Constituição da República, pois promove uma restrição no rol de legitimados para a propositura do mandado de segurança coletivo, ao exigir das associações tempo mínimo de constituição e funcionamento, além de pertinência temática. c) 23 é incompatível com a Constituição da República, na medida em que impede a impetração de mandado de segurança em caráter preventivo, assim como é inconstitucional a exigência do artigo 21 de o partido político ter representação no Congresso Nacional para estar legitimado à propositura de mandado de segurança coletivo. d) 23 é incompatível com a garantia constitucional do mandado de segurança, que não pode se sujeitar a prazo decadencial. e) 21 é compatível com a Constituição da República, no que se refere à exigência de tempo mínimo de constituição e funcionamento de associações para a propositura de mandado de segurança coletivo, assim como é constitucional a fixação de prazo de decadência para impetração de mandado de segurança, pelo artigo 23. Item A – ERRADO. O Mandado de Segurança Coletivo serve para proteger o direito
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