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EJA
Aula 7
Sujeitos da EJA: mundo do trabalho e escola
Você sabe o que é trabalho?
Falar de trabalho nos dias de hoje é entrar em um tema de extrema centralidade.
Através dele, agimos sobre a natureza, transformando-a, tentando dominá-la e, como fruto destas ações, cria-se e produz-se um sem-fim de situações ecológicas, sociais e econômicas.
Na atualidade, o trabalho tem sido associado, e por vezes confundido, com emprego, com serviço, com desemprego e até com capital, o que o torna um tema ainda mais central e polissêmico. Fonseca faz uma ressalva importante:
“O que esquecemos muitas vezes é que o trabalho, nas suas formas hoje consideradas, tem uma história e que nossa história atual está intimamente relacionada ao trabalho. Podemos, inclusive, afirmar que só há história por causa do trabalho, a despeito do atual processo de desemprego e de teorias sobre o ‘fim do trabalho’”.
Fonseca, Fábio Cesar. O trabalho é histórico e a história é história por causa do trabalho. Disponível em http://www.fundeg.br/revista/fabio1.htm
Esta relação indissociável estabelecida entre o trabalho e a história nos remete à reflexão sobre a função sócio-histórica do trabalho. Tal função/relação nos remete à ontologia do trabalho, como afirma o mesmo autor:
“Afirmar que o trabalho está na base da história é afirmar que é o trabalho (historicamente determinado) que funda a história. O trabalho tem então uma dimensão ontológica, ou seja, ele está enraizado na existência dos homens, de tal maneira que sem ele nem homens e nem história existiriam”.
Pela sua importância histórica, existe entendimento, quase geral, que o trabalho é o que nos diferencia dos outros seres vivos. Em texto clássico, Engels afirma:
“O trabalho é a fonte de toda riqueza, afirmam os economistas. Assim é, com efeito, ao lado da natureza, encarregada de fornecer os materiais que ele converte em riqueza. O trabalho, porém, é muitíssimo mais do que isso. É a condição básica e fundamental de toda a vida humana. E em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem.”
ENGELS, Friederich. O Papel do Trabalho na Transformação do Macaco em Homem. 1. ed. Neue Zeit, 1896.
Transformação
Criação
Recriação
Ou seja, o trabalho é uma ação humana que, envolvendo força física e capacidade intelectual, pode transformar a natureza e a sociedade. A partir da modernidade, quando da formação da sociedade burguesa, o trabalho passa a ser visto como meio de desenvolvimento e enriquecimento do indivíduo. Esta nova visão vai servir para a burguesia incentivar a individualidade e a possibilidade de explorar o trabalho como mercadoria e como produtor de mercadoria.
Foi percebendo a possibilidade de gerar riquezas que, ao longo da história, algumas pessoas aprisionaram e subjugaram outras, apoderando-se de sua força de trabalho. Assim, tivemos pessoas trabalhando em condições escravas, servis e, mais recentemente, assalariadas.
No sistema capitalista de produção, o trabalho é uma das medidas na hora de montar o preço final do produto, uma vez que o empresário, além de recuperar o que investiu (nos recursos e meios de produção) quer lucro. Desta forma, o trabalho, além de transformar e criar produtos, passa a gerar capital, dinheiro e lucro.
O trabalho/mercadoria passa a ser administrado e exercido, especialmente com o taylorismo, como uma ação alienada e dualizada (ao separar planejamento e ação) do trabalhador. Nas palavras de Revelli:
“O taylorismo, como filosofia produtiva, assumia como pressuposto a ideia de uma "resistência" operária estrutural ao emprego de trabalho. Partia da existência de um "segundo mundo" na fábrica, diferente e separado da ordem da empresa, governado pelo seu próprio código de honra e por leis específicas não escritas, e determinado a escamotear a própria força de trabalho, a retardar as operações, a, sobretudo, "ocultar” sua potência produtiva real à hierarquia da fábrica. Para (...) restituir ao patrão o conhecimento do processo produtivo, acabando com o monopólio do conhecimento sobre os ofícios possuído pelos trabalhadores, a fábrica taylorista era uma estrutura produtiva feroz, despótica, agressiva, porque era "dualista". Porque se baseava na ideia de uma separação e de uma contraposição estrutural entre os principais sujeitos produtivos.”
Os controladores dos processos produtivos passam à impressão de que o trabalho é uma ação que qualquer pessoa treinada pode executar e, por isso, pode ser mal remunerado.
Na medida em que os processos produtivos vão se alterando, com sistemas, automação, informática e robótica, verificam-se atualmente, ao mesmo tempo, o aumento na produção e a diminuição do número de pessoas empregando suas forças de trabalho nesta produção.
Tratar da relação entre trabalho e educação nos convida a um exercício de avivar detalhes que envolvem cada um destes conceitos. Na sociedade baseada na lógica da acumulação, na qual vivemos, os processos de trabalho e educação se desenvolvem na perspectiva da dualidade, que acontece tanto no interior do mundo do trabalho, quanto dentro dos processos educacionais.
A literatura sobre as relações entre trabalho e educação é vasta e a função educativa do trabalho pode ser detectada na própria terminologia do local de trabalho:
Mestre: profissional experiente que domina as técnicas do ofício
Aprendiz: aquele que aprende no exercício com o mestre
A oposição entre CAPITAL e TRABALHO
Entretanto, é o que está na raiz do sistema e será a relação determinante dos processos de acumulação que o capitalismo vai processar para sobreviver. Partindo das manufaturas modernas até as plantas de produção contemporâneas, o sistema capitalista reproduz dualidade. Essa lógica, da apartação capital-trabalho, tem sido mantida, pelo princípio da alienação. Alienação esta que proporciona o controle pelo capitalista do processo produtivo.
Ao alienar o trabalhador dos meios de produção, o capitalista processa não só a dualidade básica sistêmica, como também, e por isso, passa a controlar todo o processo econômico da produção ao consumo. Ainda dentro desta dinâmica, acontece outra alienação: a divisão social do trabalho no processo de produção.
Objetivando aumentar seu controle sobre o trabalhador e sobre o processo produtivo, o capitalista vai impor uma divisão social no local da produção.
O sistema fordista/taylorista
Ao implantar a linha de produção e reduzir a participação do trabalhador a procedimentos repetitivos e mecânicos, processa a separação entre o sujeito e o saber, entre o pensar e o fazer.
Além disso, aquele modelo produtivo, ao fracionar o processo de produção, consubstanciou a divisão entre:
trabalho manual (especializado e repetitivo)
trabalho intelectual (o saber pensante)
Esta divisão colocou mais uma divisão (ou dualidade): de um lado o trabalho intelectual (executado por poucos) e do outro, o trabalho manual especializado, mas desqualificado (executado pela maioria).
Para dar conta desta novidade, a escola cumpriu papel capital na formação de novos trabalhadores (especializados nas funções manuais ou para as funções pensantes intelectuais). 
A escola ensinou de acordo com as necessidades fordismo/taylorismo:
“a fragmentação, a separação entre trabalho instrumental e intelectual, a organização em linha e o foco na ocupação (...) expressou-se por meio da oferta de escolas que se diferenciavam segundo a classe social que se propunham a formar: trabalhadores ou burgueses. KUENZER
KUENZER, Acácia Zeneida. Da dualidade assumida à dualidade negada: o discurso da flexibilização justifica a inclusão excludente. Educ. Soc.,  Campinas,  v. 28,  n. 100, Oct.  2007.  
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo  
Acesso em: 21  feb.  2009.
Fica claro, a partir da citação, que ao instruir o trabalhador para a produção, a prioridade é o sistema, não o sujeito trabalhador.
A educação forma para o sistema e não para a redenção do ser humano.
Dessa maneira, a sociedade e a escola formam atualmente:
este – onilateral – deve ser formado nas totalidades do intelecto e da tecnologia.
Homem ‘onilateral’
Aquele que, controlando e integrando, na totalidade, saberes e procedimentos técnico-tecnológicos da concepção e da produção, pode atuar de forma ativa na sociedade. Deve ser formado nas totalidades do intelecto e da tecnologia
Homem ‘unilateral’
Aquele que vai aprender parcialmente procedimentos tecnológicos e, passivamente, atende aos interesses do capital.Está alijado (desde a manufatura e reforçado pela educação fragmentada) dos saberes.
Historicamente voltada para setores marginalizados da sociedade, a modalidade EJA tem recebido nos últimos anos uma visibilidade considerável. E ao mapear algumas questões ligadas à formação de jovens e adultos trabalhadores, devemos refletir a sua função dentro do sistema escolar e o seu papel na sociedade.
Nesse sentindo, podemos indagar:
É possível uma atuação docente na EJA na direção da onilateralidade?
Dando uma resposta rápida e simplificada, é possível dizer que, sendo a Educação de Jovens e Adultos enquadrada como modalidade no sistema oficial de educação, ela não pode ser vista como possibilidade diferente daquela ligada à unilateralidade e ao lugar que a escola tem em nossa sociedade.  Porém, quando nos aproximamos do cotidiano da EJA, podemos ver mais do que sistemas e subordinações políticas e legais.
É possível perceber pessoas jovens e adultas numa dinâmica de mudanças.
Saiba mais
Quem ingressa na EJA, docente ou discente, sabe que estará entrando numa situação escolar diferenciada.
Os discentes sabem que precisam se superar, pois seus tempos e suas necessidades estão em outro patamar (patamar este envolvido com a sobrevivência deles próprios e, muitas vezes, de seus familiares).
O outro lado da moeda é formado pelos docentes que sabem que, ao lidar com um público não infantil, precisarão de metodologia(s) e prática(s) diferenciada(s).
Se de um lado o trabalho aparece como a realidade (e necessidade) da maioria dos discentes, do outro lado o desafio docente é o de aprender (fazendo e estudando) práticas e metodologias na práxis/trabalho cotidiano.
O que se coloca então, na formação do sujeito onilateral?
 
E qual o desafio que se coloca?
O desafio que se coloca, para toda a sociedade e em particular para os educadores de jovens e adultos, é pensarmos possibilidades de uma educação integrada, que possa romper e superar a dualidade socioeducacional, e que, para isso mesmo, seja uma prática educacional cidadã, que forme sujeitos ativos, críticos e autônomos.
Aula 7
Seminário
Qual o desafio que se coloca para toda a sociedade e em particular para os educadores de jovens e adultos?
É pensarmos possibilidades de uma educação integrada, que possa romper e superar a dualidade socioeducacional.
As características do Sistema Capitalista são, EXCETO:
O Capitalismo tem como base a socialização dos meios de produção
A ação humana que, envolvendo força física e capacidade intelectual, que pode transformar a natureza e a sociedade. A partir da modernidade, quando da formação da sociedade burguesa, o trabalho passa a ser visto como meio de desenvolvimento e enriquecimento do indivíduo. Esta nova visão vai servir para a burguesia incentivar a individualidade e a possibilidade de explorar o trabalho como mercadoria e como produtor de mercadoria chama-se:
Trabalho
O sistema Fordista/Taylorista ao implantar a linha de produção e reduzir a participação do trabalhador a procedimentos repetitivos e mecânicos, processa a separação entre o sujeito e o saber, entre o pensar e o fazer. Objetivando aumentar seu controle sobre o trabalhador e sobre o processo produtivo, o capitalista vai impor uma divisão social no local da produção. Esse modelo produtivo, ao fracionar o processo de produção, consubstanciou a divisão entre:
Trabalho manual e trabalho intelectual
Na sociedade baseada na lógica da acumulação e se considerarmos as contradições do sistema capitalista, bem como o impacto destas contradições sobre o modelo de sociedade em que vivemos hoje. Qual o papel que a escola tem desempenhado neste contexto.
De formar mão de obra, ensinando de acordo com as necessidades do mercado.
Na atualidade, o trabalho tem sido associado, e por vezes confundido, com emprego, com serviço, com desemprego e até com capital, mas percebemos que diferente de emprego, o trabalho possui uma dimensão ontológica, que se confunde com a própria existência humana. Assim, dentre as afirmativas abaixo, marque a opção que caracteriza, de forma correta, o trabalho, em sua dimensão ontológica:
O trabalho se caracteriza por sua força criativa e humanizadora, que transforma simultaneamente o homem e a natureza.

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