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EJA
Aula 10 
Conceitos freireanos na Educação Popular: autonomia, conscientização e libertação.
O que define a educação popular, segundo Paulo Freire, não é a idade dos educandos, mas a opção política assumida com um necessário e contínuo processo de reflexão que leve a uma prática política entendida e assumida na prática educativa.
Assim a educação popular é consequência de um posicionamento frente à questão dos objetivos da educação. Portanto, tem tudo a ver com a opção política do educador.
A forma de praticar a educação pode ser considerada como um modelo ou paradigma político educativo, teórico e metodológico que emergiu na América Latina com extraordinária intensidade nos anos 60 a partir do trabalho de Paulo Freire.
Embora suas experiências de trabalho estivessem ligadas à superação do analfabetismo e à alfabetização, Paulo Freire não foi "um inventor de métodos milagrosos" como alguns querem estereotipá-lo, simplificando e reduzindo seu pensamento.
Recordemos que sua experiência profissional começa em Recife com populações adultas, no entanto, se ele tivesse começado sua prática em uma creche suas reflexões e sua teorização de educação continuaria sendo popular, pois sua opção política de servir ao povo como educador já havia sido assumida.
Suas reflexões tiveram como foco a questão da produção do conhecimento, e estão relacionadas a questões antropológicas e de teoria do conhecimento, portanto sua grande contribuição é filosófica e pedagógica.
Utilizando os recursos metodológicos existentes e combinando-os com sua forma de pensar ele criou respostas adaptadas às situações concretas da realidade em que tinha que trabalhar se reinventando constantemente como educador.
Dessa forma, seu pensamento contribui para o desenvolvimento da prática educativa de qualquer educador, seja do ensino formal primário, secundário ou universitário bem como na formação de mão de obra ou militando nos movimentos populares, já que Paulo Freire construiu um autêntico sistema de pensar o fenômeno educativo.
Nesse sistema de pensar o fenômeno educativo, Freire parte afirmando algumas questões fundamentais, a saber:
Em relação ao conhecimento que já trazem os educandos e que não podem ser esquecidos no ato de aprender, o autor reconhece que o adulto do meio popular é portador de conhecimento e não um copo vazio a ser preenchido pelo educador. Para ele o conhecimento do sujeito das classes populares é importante e não pode ser ignorado pelo educador.
Todo conhecimento forma-se na relação com a realidade e vai sendo construído na relação das pessoas entre si e com o mundo. Esta relação é uma relação transformadora que modifica o mundo. Ao transformar o mundo, homens e mulheres são também transformados por ele.
Por exemplo: um pedreiro que conclui a construção de uma casa não é mais o mesmo daquele que iniciou essa construção. 
Ele terá adquirido novas experiências, novas informações. Irá ampliar seus conhecimentos porque ao realizar cada ato necessário à construção estará pensando sobre as possíveis alternativas, ou as melhores formas de realizar seu trabalho. 
Ou seja, estará refletindo a sua prática, estará analisando, estabelecendo relações, elaborando sínteses. Quer dizer, estará produzindo conhecimento.
Conhece-se o desconhecido a partir do já conhecido. Para atingir novos conhecimentos é necessário o referencial do conhecimento velho. Quanto maior referencial conhecido, maior facilidade tem o educador para trabalhar o desconhecido.
O educador popular precisa tomar como base do seu trabalho o universo de conhecimento que o adulto popular já domina. Eis a importância de fazer uma leitura significativa deste universo conhecido. Este conhecimento servirá de referencial para o estabelecimento de relações que permitirão aos adultos conhecer melhor o que já sabe e conhecer aquilo que ainda não sabe.
O adulto conhece melhor a sua própria realidade, onde estabelece a quase totalidade das suas relações. Por isto, o educador de adultos precisa iniciar sua tarefa de professor a partir daquilo que os educandos mais conhecem: sua própria realidade que além de familiar é política, é regional, é sentimental  etc.
Realidade que precisa ser conhecida pelo educador para estabelecer uma ponte entre o conhecimento dos educandos e o dele próprio. 
Essa realidade será a mediação no diálogo de ambos para conhecer o mundo. A leitura do mundo possibilitará não só o confronto dos conhecimentos diferentes que eles possuem dessa mesma realidade, mas permitirá também a troca de saberes entre educador e educando.
Pensarmos em educação nos endereça necessariamente para a reflexão sobre o inacabamento ou inconclusão humana. O homem, como afirmava Freire, sabendo-se inacabado, procura permanentemente a si mesmo, busca ser mais. Esse saber, essa percepção, esse ter ciência do nosso inacabamento nos remete à questão da consciência.
A categoria "consciência" se estuda no âmbito da psicologia. Ela surge no processo da interação social e pressupõe o funcionamento da linguagem. Deve ser considerada como um movimento interno específico gerado pelo movimento da atividade humana.
No caso da consciência individual, não se trata apenas de conhecimento nem de um sistema de conhecimento ou de conceitos adquiridos, trata-se de um movimento interno que reflete o movimento da vida real do próprio sujeito, o qual ela (a consciência) media. Será nesse movimento que o conhecimento encontra sua relevância com respeito ao mundo objetivo, bem como a sua eficácia.
A atitude de comunicar-se, comportamento específico do ser humano próprio da interação social, acontece por meio do diálogo tendo como instrumento a linguagem:
Essa relação entre as pessoas, esse "entre-dois" é o lugar e o suporte daquilo que se passa entre humanos, onde o homem volta-se para o outro, o aceita como parceiro e comunica-se com ele como um Tu. Eis a relação dialógica onde o objetivo é conhecer, aprender, captar algo que está em relação.
Nessa atitude de abertura, não há submissão às ideias do outro, mas sim, tolerância e compreensão que perpassa o respeito às limitações mútuas. Nisso existe um árduo trabalho diante das diferenças onde se instaura uma dimensão de comprometimento com a sorte e o destino do homem.
Diferentemente dos meros contatos, aproximações e reações comuns que definem o social, que pode ser visto como esse "estar um ao lado do outro", será na relação dialógica enquanto responsabilidade, decisão, liberdade, presença face a face que se define o inter-humano ou esse "estar junto com o outro".
A capacidade humana de transcender, de captar a realidade, de torná-la objeto de conhecimento é o cerne do fato educativo.
A educação, como postulava Freire, existe porque o homem é um ser inacabado em constante busca.
Cabe à educação, como ato de conhecimento, estimular as opções para que o ser humano se afirme como homem enfrentando os desafios que a realidade coloca, buscando soluções e transformando-a com seu trabalho, criando seu próprio mundo.
É imprescindível afastar constantemente o estigma da domesticação humana realizada através dos processos de "adaptação à sociedade". 
Domesticar é negar a educação, afirmou o educador quando apontou as suas reflexões sobre a concepção ingênua da pedagogia.
Uma coisa é o educador buscar compromisso com o processo histórico das massas populares pela democratização fundamental e outra, bem diferente, é existir tal compromisso no educador. 
Eis o diferencial entre ingenuidade e criticidade.
O professor ingênuo efetua depósitos de conhecimento.
Educa para arquivar conhecimento tornando o homem uma peça.
Como peça, o homem perde sua capacidade criativa, restando-lhe a mediocridade.
A relação entre o professor- bancário e o aluno-peça é autoritária. Com efeito, este professor não educa, ele domestica, buscando controlar as vidas e ações dos alunos para que aceitem - de forma passiva - o mundo tal qual se apresenta,
impedindo-os de exercer sua capacidade criativa e transformadora sobre ele.
Método de Estudo
Advogando por uma educação que forme cidadãos plenos, Freire vê a educação como "processo de conhecimento, formação política, manifestação ética" (...) "uma educação que não sendo fazedora de tudo é um fator fundamental na reinvenção do mundo". Plenitude no sentido de libertação, de compromisso consigo mesmo e com o social.
Para tanto precisa ser uma prática como movimento, como luta, fundada na reflexão, mediada pela problematização. Na relação dialógica entre educador-educando essa educação vai se configurando como um ato de saber, como um ato de conhecer, como um método de transformar a realidade que se busca conhecer.
Na medida em que nossa prática educativa, como professores de Educação de Jovens e Adultos, possibilite a leitura crítica do mundo, estaremos acolhendo não somente as contribuições conceituais da Educação Popular, mas também as contribuições metodológicas que a caracterizam.
Situar a EJA na Educação Popular implica na compreensão crítica do que ocorre na cotidianidade do meio popular, o que nos endereça para nossa competência como educadores em promover a assunção dos educandos como sujeitos de busca que precisam fazer análise de sua "realidade concreta", superando o saber anterior de pura experiência feito, por um saber mais crítico, menos ingênuo.
Superar o senso comum a partir do próprio educando significa para os educadores populares iniciar os processos educativos a partir de sonhos, frustrações, dúvidas, medos e desejos da própria experiência existencial que envolve o educando (FREIRE, 1992).
A Educação Popular facilita a compreensão científica que grupos e movimentos podem e devem ter acerca de suas experiências. Sua tarefa fundamental é inserir os grupos populares no movimento de superação do saber do senso comum pelo conhecimento mais crítico da realidade.
Para tanto, se faz necessário um método de explicitação dos fenômenos culturais, desse mundo de significados e códigos simbólicos construídos socialmente pelos grupos e compartilhados pelos seus integrantes.
Esforços se apontam para um movimento de superação do senso comum e implicam em outra compreensão da história. Implicam entender e viver a história como tempo de possibilidade.
Cultura popular se refere não apenas às manifestações festivas e às tradições orais e religiosas do povo, mas ao conjunto de suas criações, às maneiras como se organiza e se expressa, aos significados e valores que atribui ao que faz e aos diferentes modos de trabalhar, aos jeitos de falar, aos tipos de música que cria, às misturas que faz na religião, na culinária, na brincadeira.
Cultura popular que, respeitada pelo educador crítico, se transforma no ponto de partida de sua ação pedagógica em que, com palavras e temas pertencentes à experiência existencial dos educandos venha a facilitar a compreensão científica que grupos e movimentos podem e devem ter acerca de suas experiências
O movimento de ir além do "penso que é" ou "acho que é" se converte na tarefa fundamental da Educação Popular que tem nos processos sociais seu âmbito de reflexão.
Partir da realidade imediata (aparente) dos educandos...
...realizar abstrações (reflexões, teoria) visando à realidade concreta (pensada, compreendida), significa um percurso - um método epistemológico...
...cujo caráter materialista e histórico se desprende da compreensão da "totalidade concreta" pelo movimento dialético do pensamento dos fenômenos e dos problemas em estudo.
Colocar, assim, a teoria no âmbito da prática cotidiana a partir de um processo dialético de prática – teoria – prática ou reflexão.
EJA
Aula 10
Para Paulo Freire "estar junto com o outro" é o princípio da:
Educação Dialógica.
Uma escola de Educação de Jovens e Adultos, os professores do primeiro nível, ou seja, o da alfabetização ou letramento inicia o processo educativo usando o referencial teórico-metodológico de Paulo Freire. Considerando essa situação hipotética, é correto afirmar que o grupo de professores trabalha com uma perspectiva de alfabetização ou letramento que considera essenciais determinadas características.
Essas características NÃO incluem:
A reprodução do ensino regular de maneira facilitadora para o jovem ou adulto, com a essencial incidência da ação do educador.
Nas últimas décadas a Educação de Jovens e Adultos avançou no campo teórico e metodológico e não podemos deixar de reconhecer a importância da trajetória dos movimentos populares nesse processo principalmente aqueles ligados às demandas da alfabetização de adultos, que ao longo do seu processo de luta e mobilização incorporaram temas e questões para essa modalidade. Nesse ínterim, alguns conceitos do pensamento do educador Paulo Freire se tornaram referência para o debate curricular da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, no que se referia aos procedimentos metodológicos.
 Analise o texto e depois assinale o item que melhor corresponde aos conceitos de Paulo Freire:
Conscientização, libertação e autonomia.
Paulo Freire trouxe para a educação brasileira alguns conceitos que se tornaram referência para o Brasil e para outros países. Dentre eles podemos citar:
a. Leitura de mundo
b. Conscientização
c. Feedback
d. Libertação
e. Autonomia
Estão corretos apenas os itens:
a,b,d,e
Cabe a nós, professores, fazermos com que o aluno se mostre por inteiro, não só nos seus conhecimentos cognitivos, mas que compartilhe seus saberes e vivências diárias mantendo uma relação de respeito, a partir das diferenças, dos problemas e dos conhecimentos próprios. Nesse contexto, Paulo Freire nos afirma que ensinar:
exige respeito aos saberes dos educandos e à possibilidade de associar as disciplinas estudadas as suas realidades concretas.

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