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ética aula 6

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Ética
Aula 6
O Debate em torno da Ética Profissional no Contexto da Nova República (1986 – 1990)
Na aula anterior, estudamos sobre os Códigos de Ética, o que trouxe elementos importantes para uma reflexão em torno do conservadorismo e de suas implicações sobre os fundamentos ético- filosóficos que constituíram-se como parâmetros orientadores para intervenção profissional até o Código de 1986.
Você percebeu que o teor de cada Código de Ética não pode ser explicado apenas pelo movimento interno da categoria, mas pela totalidade social em que estão inseridos e que os determinam?
Para uma melhor compreensão do debate em torno da ética profissional é preciso, portanto, situá-lo historicamente. O Código de 1947 atendeu às expectativas profissionais num determinado momento da profissão e da sociedade brasileira. Tal como foi elaborado, não se  adequaria à proposta atual da profissão. Você não acha?
O objetivo central desta aula é apreender as principais mudanças que ocorreram em torno da Ética profissional do Serviço Social a partir dos anos 80, tendo como premissa que a reformulação do Código de Ética de 1986, que resultou no Código de Ética Profissional de 1993, não pode ser considerada como algo isolado. Ou seja, deve ser compreendida desde as transformações sociais da década de 60 até a sua consolidação a partir da segunda metade dos anos 80, quando podemos observar a materialização da ruptura com o conservadorismo na profissão e a consolidação de um projeto profissional voltado para a classe trabalhadora. A história do Serviço Social, como destaca Iamamoto (2005:92):
“Não deve ser tomada apenas como reconstituição do passado, mas como elemento essencial para se compreender as determinantes e efeitos da prática profissional na sociedade brasileira atual, de modo a tornar possível o direcionamento dessa prática na perspectiva de reforço ao processo de construção da democracia e da cidadania dos trabalhadores, preservando e ampliando seus direitos sociais”.
O Código de Ética de 1986, juntamente com o currículo de 1982, permitiu uma reinterpretação das possibilidades de ruptura, apresentou-se como marcos de um mesmo projeto que pressupõem o compromisso  ético-político com as classes subalternas  e a explicitação da direção social da formação e da prática profissional. Este código aponta para a necessidade de uma nova ética profissional que reflita a vontade coletiva, superando uma visão acrítica, em que os valores são tidos como universais e acima dos interesses de classe.
A nova ética é então definida como resultado da inserção da categoria nas lutas da classe trabalhadora e, consequentemente, de uma nova visão da sociedade brasileira. A categoria, por meio de suas organizações, faz uma opção clara por uma prática profissional  vinculada ao interesse de classe (BARROCO, 2008:176).
Quais mudanças no cenário político do Brasil no contexto da Nova República (1986 -1990) contribuíram para um redimensionamento dos valores éticos do Serviço Social? Quais os novos enfoques e tendências são incorporados pelo Serviço Social neste período?
Estas questões servirão como fio condutor para a compreensão do  processo de revisão dos valores éticos que passam, a partir da década de 80, a informar a prática  do Serviço Social.
BRASIL NO CONTEXTO DA NOVA REPÚBLICA
• Retirada dos militares da cena política, como atores de frente; 
• Na segunda metade dos anos 80 – manifestação de sinais de falência do padrão do  Estado intervencionista;
• Lançamento das bases de minimização do Estado;
• Crise estrutural se expressa pela profunda e prolongada crise – econômico – político – social;
• Dívida externa crescente;
• Níveis inflacionários insuportáveis; 
• Crise econômica, marcada pela recessão profunda; 
• Esforço de democratização da sociedade, com forte expressão da dívida externa, ao mesmo tempo em que se dá todo um esforço de democratização da sociedade, com forte pressão pelo resgate da dívida social e pela participação popular na constituinte;
• Arrocho salarial, com a generalização da miséria atingindo grandes contingentes da população brasileira;
• Dívida social aprofunda-se em áreas essenciais como Saúde e Educação;
• Crise econômica é tratada pelos choques econômicos, com propostas de alteração da moeda nacional e congelamento dos preços e salários;
• A classe trabalhadora é sempre a mais atingida devido à crescente desvalorização dos salários em face do incremento desordenado do salário;
• Reorganização sociopolítica mundial – a queda do Muro de Berlim  e o fracasso do socialismo real; 
• Descrédito da população nos partidos políticos; 
• Empobrecimento da classe média;
• Processo de redemocratização política.
ANISTIA POLÍTICA
DIRETAS JÁ
A promulgação da nova constituinte em 1988 é um palco de uma intensa luta política na qual as classes sociais atuam organizadamente, ainda que em condições bastante desiguais, claramente desfavoráveis aos trabalhadores, proletários e excluídos (SILVA, 2007:46).
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 - A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
• O “Brasil Novo” – Fernando Collor foi o primeiro presidente eleito pelo povo na Nova República;
• Questão social marcada pelo processo de transição negociado do regime militar para um governo civil de caráter liberal.   
Sobre este período no cenário político brasileiro, Iamamoto (1987:40) afirma que:
Para enfrentar a complexidade da conjuntura, a estratégia do Estado é garantir a transição política sem radicalização. Para isso, procura atrair para o campo legal e institucional as lutas e reivindicações dos trabalhadores, tentando despojá-las de seu conteúdo de classe, buscando institucionalizar o conflito social.  
• Conjuntura marcada pela falência do padrão Estado intervencionista, da  defesa do Estado Mínimo;
 
• Agravamento das expressões das questões sociais e um cenário marcado, como já foi visto, pela efervescência social.
Sobre a inserção do Serviço Social neste cenário, Silva (2007:46) afirma que “apesar das marcas conservadoras da transição, é todavia possível vislumbrar que a transição política por que passa o país, com a superação do autoritarismo militar e a instauração de um regime democrático, ainda que precário, configura um espaço político – profissional diferenciado também para o Serviço Social.”
“Os anos 80 marcam a travessia para a maioridade intelectual e profissional dos assistentes sociais, para a sua cidadania acadêmico-política. Essa maturação foi decididamente condicionada pela inserção da categoria profissional nas lutas mais amplas pela conquista e aprofundamento da democratização da vida social: do estado e da sociedade no país, no horizonte da socialização da política e da economia” (IAMAMOTO, 2005:90).
 
 
Em 1992, a população indignada por sucessivos escândalos envolvendo o presidente num esquema de corrupção e tráfico de influências sai às ruas e protesta contra Collor, resultando na aprovação pelo Congresso Nacional do impeachment do presidente.
Os Caras Pintadas 
Estudantes e jovens que pintaram os rostos de verde e amarelo para protestar contra governo de Collor de Melo.
Com as mudanças introduzidas pela Constituição de 1988, principalmente nos avanços na área dos direitos o serviço Social, se viu diante da necessidade de uma nova reformulação de seu código de ética profissional.
Refletir sobre a reformulação do Código de Ética profissional implica numa apreensão do significado que o debate sobre ética e política assume na sociedade brasileira.     
Influência Teórico-Metodológica e Fundamentação Filosófica
Conquista da hegemonia da corrente filosófica marxista, sem desconsiderar a existência de outros projetos teórico-metodológicos (garantia do pluralismo);
Na área da prática profissional, verifica-se uma ruptura com o conservadorismo profissional e a incorporação
das perspectivas teóricas mais críticas;
Crítica e busca de ruptura com o “marxismo vulgar”;
O Serviço Social contrapôs-se à interpretação dualista e passou a  explicitar, como expôs Iamamoto (2005: 92):
O caráter contraditório da profissão e do papel profissional no âmbito das relações de classe e frente às políticas públicas  e empresariais contribuindo  para  uma politização das ações profissionais, não mais no marco do militantismo, como foi predominantemente  no movimento de reconceituação, mas no sentido de compreender  a profissão no âmbito das relações de poder de classe, e, em especial, com o poder do Estado (...) O Serviço Social passou da mera negação e denúncia do tradicionalismo profissional ao trato efetivo de seus dilemas e impasses, tanto no campo teóricos como na prática quotidiana.
• No Código de 1993 mantém-se a concepção de homem e sociedade do Código de 1986;
 
• Permanece a ruptura com o mito da neutralidade profissional;
 
• Projeto profissional destina-se à constituição de uma nova ordem social, com a superação da pobreza, das injustiças e desigualdades sociais;
• Compromisso com a defesa intransigente da liberdade, garantia de direitos, transformação social e democracia.
“A democracia torna-se elemento ético–político central à medida em que é o único padrão de organização política capaz de promover e assegurar a explicitação de valores como  liberdade e equidade” 
(BONNETI, 2005:163).
Você percebeu que a ênfase dada à democracia e liberdade como valores éticos centrais se relacionaram à uma nova cena política do Brasil?  Não podemos compreender o Código de 1993 isoladamente dos aspectos históricos, sociais e políticos que o determinaram. Você não acha?
É importante que você compreenda que o que está se denominando como redimensionamento do debate ético-profissional compreende as respostas dos profissionais do Serviço Social às implicações ético-políticas de sua intervenção profissional, a não neutralidade do profissional, mas o engajamento, o compromisso com a transformação social, com uma sociedade mais igualitária e justa.
De que forma este compromisso se materializa?
A coerência entre a dimensão profissional e a vida social no seu significado mais amplo é, pois, fundamental, para que os valores contenham maiores possibilidades de realização. É nesse sentido que o Código de Ética assume importância fundamental, pois ele pode ser o instrumento  legítimo para o estabelecimento de normas que busquem garantir (dentro de seus limites) o respaldo à prática profissional (PAIVA, 2005:172).    
Psicologia II
Aula 6
A conexão com a luta de setores progressistas da sociedade brasileira, prevista no código de ética de 1986, acontece articulada a que contexto:
Período da nova república e da constituinte
No âmbito da reflexão teórico-filosófica e da normatização ética, as conquistas teóricas do Serviço Social realizadas no processo de renovação profissional dos últimos 30 anos tiveram sua expressão pioneira:
no Código de Ética de 1993.
A Constituição Federal de 1988 introduziu conquistas inéditas no campo da proteção social. Dentre elas, destaca-se a criação de novas modalidades de exercício da democracia participativa no campo das políticas sociais ¿ os Conselhos de Políticas e de Direitos na área da assistência, saúde, infância e juventude, entre outras. A concepção que melhor retrata o potencial dessas novas modalidades na luta pela garantia de direitos é a que toma os Conselhos como instância/espaço de:
luta e confronto entre projetos societários antagônicos na disputa por hegemonia.
A Constituição de 1988, a contra-reforma do Estado e as mudanças do mundo do trabalho têm exigido do profissional de Serviço Social brasileiro novas competências e habilidades profissionais − dentre elas, a de exercer funções de gestão ou direção em organizações públicas ou privadas. Isso requer o domínio crítico das teorias organizacionais e das ferramentas gerenciais, bem como a clareza do significado da direção estratégica do projeto hegemônico no Serviço Social brasileiro. De acordo com o Código de Ética Profissional em vigor, o exercício profissional, neste campo e na perspectiva da defesa e do aprofundamento da democracia, deve buscar
a projeção de uma nova sociedade sem exploração e desigualdade de classe, gênero e etnia.
TRT - 1ª REGIÃO (RJ)-2011O código de ética do assistente social fundamenta-se, entre outros princípios,
em um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero.
Acerca da construção do atual código de ética do Serviço social , é correto afirmar I- No Código de 1993 mantém-se a concepção de homem e sociedade do Código de 1986 II- Permanece a ruptura com o mito da neutralidade profissional III- Resgata-se a teoria funcionalista.
Estão corretas I e II

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