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1º Aula Banquete

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�UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL 
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID – 2013.1
Bolsista: Robertina Teixeira da Rocha
AULA
		
PROJETO FILOSOFIA EM CENA
 O BANQUETE
Fruto da iniciativa dos bolsistas do Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto de Filosofia, da Universidade Federal de Alagoas o objetivo do Filosofia em Cena é enfrentar o desafio de trabalhar textos filosóficos com os alunos do ensino médio visto serem eles (os textos) a única forma de compreender verdadeiramente o sistema filosófico do filósofo estudado (MARTINS) e, através do trabalho desenvolvido com os alunos construir com os mesmos uma peça teatral tendo por base o texto trabalhado em sala de aula. 
O texto escolhido para ser trabalhado em sala de aula com a turma do segundo ano foi retirado do livro O Banquete de Platão, já que este trata sobre o amor, tema muito discutido pelos adolescentes, porém sem o rigor conceitual oferecido pelo conteúdo filosófico. A quantidade da carga horária da disciplina Filosofia não possibilita que o livro seja trabalhado em sua totalidade com os alunos, por isso foram selecionados trechos de dois, dos sete, discursos proferidos: o discurso de Aristófanes (primeira aula) e o discurso de Sócrates. Além de aproximar os alunos do conteúdo filosófico e apresenta-los a visão platônica do amor (segunda aula) pretendemos ajuda-los a desenvolver as habilidades características da Filosofia, ou seja, a problematização (assumindo assim uma postura filosófica), a conceituação (para definir o que se fala) e a argumentação (que ajuda a perceber se aquilo que se fala é verdadeiro) (RODRIGO, 2009) por meio da leitura dos textos e escrita das atividades.
A peça de teatro terá por base os conceitos aprendidos através do texto filosófico, porém será construída levando em consideração as vivências dos alunos e as ideias que eles nos proporem após a leitura do texto.
CRONOGRAMA SETEMBRO
	1º Semana
	Quinta (05/09/2013)
Leitura do Discurso de Aristófanes e entrega da primeira atividade
	
	2º Semana
	Terça (10/09/2013) 
Entrega da primeira atividade
	Quinta (12/09/2013)
Entrega das atividades corrigidas
Leitura do Discurso de Sócrates 
Entrega da segunda atividade
	3º Semana
	Terça (17/09/2013)
Entrega da Segunda atividade
	Quinta (19/09/2013)
Distribuição do Roteiro da Peça
Definição dos Papéis
Leitura da peça
	4º Semana
	
	Quinta (26/09/2013)
Ensaio
Referência:
MARTINS, José Antônio. “O texto filosófico: uma necessidade”. In: KUIAVA, Evaldo Antônio; SANGALLI, Idalgo José; CARBONARA, Vanderlei. Filosofia, formação docente e cidadania. Ijuí: Ed. Unijuí, 2008. p. 271 -289. (Coleção Filosofia e Ensino). 
RODRIGO, Lidia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o ensino de filosofia. Campinas/SP: Autores Associados, 2009. (Coleção Formação de Professores). 
PLANEJAMENTO DE UMA AULA DE FILOSOFIA 
PARA O ENSINO MÉDIO
TEMA DA AULA: O mito grego sobre a origem do amor
I – RECURSO NÃO-FILOSÓFICO: 
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	Música: Alma Gêmea
Fábio Jr.
Por você eu tenho feito
E faço tudo que puder
Prá que a vida seja
Mais alegre
Do que era antes...
Tem algumas coisas
Que acontece
Que é você
Quem tem que resolver
Acho graça quando
Às vezes louca
Você perde a pose
E diz: "foi sem querer"...
Quantas vezes
No seu canto em silêncio
Você busca o meu olhar
E me fala sem palavras
Que me ama, tudo bem
Tá tudo certo
De repente você põe
A mão por dentro
E arranca o mal pela raiz
Você sabe como me fazer feliz...
Carne e Unha
Alma Gêmea
Bate coração
As metades, da laranja
Dois amantes, dois irmãos
Duas forças, que se atraem
Sonho lindo de viver
Estou morrendo, de vontade
De você!...(2x)
Quantas vezes no seu canto
Em silêncio você busca
O meu olhar
E me fala sem palavras
Que me ama, tudo bem
Tá tudo certo
De repente você põe
A mão por dentro
E arranca o mal pela raiz
Você sabe como me fazer feliz...
Carne e Unha
Alma Gêmea, bate coração
As metades, da laranja
Dois amantes, dois irmãos
Duas forças, que se atraem
Sonho lindo, de viver
Tô morrendo, de vontade
De você!...(2x)
Bate coração!
As metades, da laranja
Dois amantes, dois irmãos
Duas forças, que se atraem
Sonho lindo, de viver
Tô morrendo, de vontade
De você!...
Fonte: http://letras.mus.br/fabio-jr/45819/ Acesso em Setembro de 2013.
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Video
 Catalendas: A origem do amor (11 min e 45 segundos)
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=UuU_qUKaZ8I 
Acesso em Setembro de 2013
Catalendas
Programa infantil que utiliza o criativo universo do teatro de bonecos e trabalha o mágico mundo das narrativas populares brasileiras. Apresentado por Dona Preguiça e o Preguinho, o Catalendas educa, diverte e prova que a nossa cultura está repleta de aventuras e personagens capazes de fascinar crianças e adultos.  Produzido pela TV Cultura em parceria com a Companhia In Bust de teatro com bonecos, os episódios são exibidos às quintas às 13h15  e pela TV Brasil aos  domingos às 15h30.
Fonte: http://www.portalcultura.com.br/node/26 
Acesso em Setembro de 2013.
II – TEXTO(S) DIDÁTICO(S) e/ou COMPLEMENTAR(ES):
	TEXTO 1:
Os tipos de amor
Maria Lúcia de Arruda Aranha
Maria Helena Pires Martins
c) Eros
Eros se refere às relações que costumamos chamar de amorosas propriamente ditas.
Diferentemente das outras expressões de amor já citadas, a paixão amorosa está associada à exclusividade e à reciprocidade. Por isso, ao contrário da tradição, que caracteriza o ser humano como racional, poderíamos vê-lo também como “ser desejante”, tal é a força que impulsiona a busca do prazer como e da alegria de conquistar o amado. Esse desejo, porém, não visa apenas a alcançar o outro como objeto. Mais do que isso, busca o reconhecimento do amado, quer capturar sua consciência, porque o apaixonado deseja o desejo do outro. 
É de tal ordem a força desse impulso que foi necessário o controle dos instintos agressivos e sexuais, para que a civilização pudesse existir. O mundo humano organizou-se com a instauração da lei e, consequentemente, com a interdição, pois as proibições estabelecem as regras que tornam possível a vida em comum,
No entanto, a sexualidade humana não é simplesmente biológica, não resulta exclusivamente do funcionamento glandular nem se submete a mera imposição de regras sociais. Embora a atividade sexual seja comum aos animais os humanos a vivenciam como erotismo, como busca psicológica, independentemente do fim natural dado pela reprodução. A sexualidade humana é portanto a expressão do ser que deseja, escolhe, ama, que se comunica com o mundo e com o outro, numa linguagem tanto mais humana quanto mais se exprime de maneira pessoal e única. [...]
4. Platão: Eros e Filosofia 
[...]
No diálogo O banquete, Platão relata um encontro em que os convivas discursavam sobre o amor. Aristófanes, o melhor comediógrafo da época, conta o mito sobre a origem do amor. No início, os seres humanos eram duplos e esféricos, e os sexos eram três, um deles constituído por duas metades masculinas, outro por duas metades femininas e o terceiro, andrógino, metade masculino, metade feminino. Por terem ousado desafiar os deuses, Zeus cortou-os em dois para enfraquecê-los. A partir dessa separação, cada metade buscou restaurar a unidade primitiva, de onde surgiu o amor recíproco. E como os seres iniciais não eram apenas bissexuais, foi valorizado o amor entre seres do mesmo sexo, sobretudo o masculino, como expressão possível desse encontro amoroso.”
 
Referência: ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 2009. p. 83-84.
TEXTO 2:
Vocabulário
 Andrógino: (andro- + -gino) adj.1. [Biologia]  Hermafrodita.2. Que apresenta características sexuais ambíguas.adj. s. m.3. Que ou quem não tem características marcadamente femininas nem marcadamente masculinas, ou tem características consideradas do sexo oposto.
 Arrogância: 1. Sobranceria menosprezadora.2. Altivez que deixa ver o pouco caso que se faz doadversário.3. Insolência.
 Dorso: 1. Parte posterior do busto do homem. = COSTAS
 Inércia: 1. Falta de movimento ou de atividade. 2. Preguiça, indolência. 3. [Física]Propriedade dos corpos que não podem, de per si, alterar o seu repouso ou o seu movimento 4. [Física]  Resistência de um corpo ao movimento ou ao repouso.
 Intemperança: Falta de temperança; imoderação habitual (no comer, no beber, etc.)
 Laboriosa: 1. Amigo de trabalhar.2. Diligente.3. Agenciador.4. Difícil, trabalhoso.
 Presunção: 3. Afectação, vaidade.4. Sentimento ou opinião de grande valorização que alguém tem em relação a si próprio.
 Saciedade: 1. Repleção de alimento que leva até ao enjoo. 2. Fastio; aborrecimento.
 Sorvas: 9. Destruir.
 Vigor: Força; energia; robustez; valor; vigência.
 Vicissitudes: 1. Mudança ou diversidade de coisas que sesucedem.2. Alternativa, variação. 3. Revés. 4. Eventualidade, acaso.
 
Fonte: http://www.priberam.pt/ 
Acesso em Setembro de 2013
III – TRECHO DE TEXTO FILOSÓFICO:
	
“O Banquete
Platão
[O discurso de Aristófanes: a origem do Amor]
Mas é preciso primeiro aprenderdes a natureza humana e as suas vicissitudes. Com efeito, nossa natureza outrora não era a mesma que a de agora, mas diferente. Em primeiro lugar, três eram os gêneros da humanidade, não dois como agora, o masculino e o feminino, mas também havia a mais um terceiro, comum a estes dois, do qual resta agora um nome, desaparecida a coisa; andrógino era então um gênero distinto, tanto na forma como no nome comum aos dois, ao masculino e ao feminino, enquanto agora nada mais é que um nome posto em desonra. Depois, inteiriça era a forma de cada homem, com o dorso redondo, os flancos em círculo; quatro mãos ele tinha, e as pernas o mesmo tanto das mãos, dois rostos sobre um pescoço torneado, semelhantes em tudo; mas a cabeça sobre os dois rostos opostos um ao outro era uma só, e quatro orelhas, dois sexos, e tudo o mais como os desses exemplos se poderia supor. E quanto ao seu andar, era também ereto como agora, em qualquer das duas direções que quisesse; mas quando se lançavam a uma rápida corrida, como os que cambalhotando virando as pernas para cima fazem uma roda, do mesmo modo, apoiando-se nos seus oito membros de então, rapidamente eles se locomoviam em círculo. Eis por que eram três os gêneros, e tal a sua constituição, porque o masculino de início era descendente do sol, e o feminino da terra, e o que tinha de ambos era da lua, pois também a lua tem de ambos; e eram assim circulares, tanto eles próprios como a sua locomoção, por terem semelhantes genitores. Em por consequinte de uma força e de um vigor terríveis, e uma grane presunção eles tinham; mas voltaram-se contra os deuses, e o que diz Homero de Efialtes e de Otes é a eles que se refere, a tentativa de fazer uma escalada ao céu, para investir contra os deuses. Zeus então e os demais deuses puseram-se a deliberar sobre o que devia fazer com eles, e embaraçavam-se; não podiam nem mata-los e, após fulmina-los como aos gigantes, fazer desaparecer-lhes a raça- pois as honras e os templos que lhes vinham dos homens desapareceriam- nem permitir-lhes que continuassem na impiedade. Depois de laboriosa reflexão, diz Zeus: “Acho que tenho um meio de fazer com que os homens possam existir, mas parem com a intemperança, tornados mais fracos. Agora com efeito, continuou, eu os cortarei a cada um em dois, e ao mesmo tempo eles serão mais fracos e também mais úteis para nós, pelo fato de se terem tornado mais numerosos; e andarão eretos, sobre duas pernas. Se ainda pensarem em arrogância e não quiserem acomodar-se, de novo, disse ele, eu os cortarei em dois, e assim sobre uma só perna eles andarão, saltitando.” Logo que o disse pôs-se a cortar os homens em dois, como os que cortam as sorvas para a conserva, ou como os que cortam ovos com cabelo; a cada um que cortava mandava Apolo voltar-lhe o rosto e a banda do pescoço para o lado do corte, a fim de que, contemplando a própria mutilação, fosse mais moderado o homem, e quanto mais ao mais ele também mandava curar. Apolo torcia-lhes o rosto, e repuxando a pele de todos os lados para o que agora se chama ventre, como as bolsas que se entrouxam, ele fazia uma só abertura e ligava-a firmemente no meio do ventre, que é o que se chama umbigo. As outras pregas, numerosas, ele pôs a polir, e a articular os peitos. [...] (...)
[As qualidades e a importância do Amor]
Desde que a nossa natureza se mutilou em duas, ansiava cada uma por sua própria metade e a ela se unia, e envolvendo-se com as mãos e enlaçando-se um ao outro, no ardor de se confundirem, morriam de fome e de inércia em geração, por nada quererem fazer longe um do outro. E sempre que morria uma das metades e a outra ficava procurava outra e com ela se enlaçava, quer se encontrasse com a metade do todo que era mulher- o que agora chamamos de mulher- quer com a de um homem; e assim iam-se destruindo. Tomado de compaixão Zeus consegue outro expediente, e lhes muda o sexo para a frente-pois até então eles tinham o sexo para fora, e geravam e reproduziam não um no outro, mas na terra, como as cigarras; pondo assim o sexo na frente deles fez com que através dele se processasse a geração um no outro, o macho na fêmea, pelo seguinte, para que no enlace, se fosse um homem a encontrar uma mulher, que ao mesmo tempo gerassem e se fosse construindo a raça, mas se fosse um homem com um homem, que pelo menos houvesse saciedade em se convívio e pudessem repousar, voltar ao trabalho e ocupar-se do resto da vida. É então de há tanto tempo que o amor de um pelo outro está implantando nos homens, restaurador da nossa antiga natureza, em sua tentativa de fazer um só de dois e de curar a natureza humana. [...] 
Quando então se encontra com aquele mesmo que já é sua própria metade, tanto o amante do jovem quanto qualquer outro, então extraordinárias são as emoções que sentem, de amizade, intimidade e amor, a ponto de não quererem por assim dizer separar-se um do outro nem por um pequeno momento. E os que continuam um com o outro pela vida afora são estes, os quais nem saberiam dizer o que querem que lhes venha da parte um ao outro. A ninguém pareceria que se trata de união sexual, e que é porventura em vista disso que um gosta da companhia do outro assim com tanto interesse; ao contrário, que uma coisa quer a alma de cada um, é evidente, a qual coisa não pode dizer, mas adivinha o que quer e o indica por enigmas. [...]
O motivo disso é que nossa antiga natureza era assim e nós erámos um todo; é portanto ao desejo e procura do todo que se dá o nome de amor. [...]
É de temer então, se não formos moderados para com os deuses, que de novo sejamos fendidos em dois e perambulemos tais e quais os que nas estrelas estão talhados de perfil, serrados na linha do nariz, como os ossos que se fende. Pois bem, em vista dessas eventualidades todo homem deve a todos e à piedade para com os deuses, afim de que evitemos uma e alcancemos outra, na medida em que o Amor nos dirige e comanda. 
Que ninguém em sua ação se lhe oponha- e opõe todo aquele que aos deuses se torna odioso- pois amigos do deus e com ele reconciliados descobriremos e conseguiremos o nosso próprio amado, o que agora poucos fazem. [...]
Mas eu no entanto estou dizendo a respeito de todos, homens e mulheres, que é assim que nossa raça se tornaria feliz, se plenamente realizássemos o amor, e o seu próprio amado cada um encontrasse, tornando à sua primitiva natureza. E que se isso é o melhor, é forçoso que dos casos atuais o que mais se lhe avizinha é o melhor, e é este o conseguir um bem-amado de natureza conforme ao seu gosto; e se disso fôssemos glorificar o deus responsável, merecidamente glorificaríamos o Amor, que agora nos é de máxima utilidade, levando-nos ao que nos é familiar, e que para o futuro nos dá as maiores esperanças, se formos impiedosos para com os deuses, de restabelecer-nos em nossa primitiva natureza e, depois de nos curar, fazer-nos bem-aventuradose felizes.”
Referência: PLATÃO. Diálogos (O Banquete, Fédon, Sofista, Político). São Paulo: Nova Cultural, 1991. (Coleção os Pensadores) Tradução de José Cavalcante de Souza. p. 23-26.
IV – ATIVIDADE AVALIATIVA: 
	
Faça um breve resumo do texto lido em sala de aula, use como roteiro:
Segundo Aristófanes (e o vídeo exibido em sala de aula), qual a origem do amor?
Qual a função do amor e o que devemos fazer para que consigamos que ele cumpra para nós sua função?
Quais as características do amor?
Relacione a música ouvida em sala de aula e o texto lido: eles falam de amores diferentes ou iguais? Por quê?
Você concorda com o exposto por Aristófanes sobre o amor? Já conheceu, ou conhece alguém que tenha encontrado sua outra metade?
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