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Processo 1
Aula 7
Transformações Realizadas no Universo do Trabalho nos Marcos da Reestruturação Produtiva
Considerado como uma forma de trabalhar e viver bem americana, o fordismo, na segunda metade do século XX, já havia se espalhado pelas diversas regiões do globo, mesmo sofrendo adequações nas várias partes do mundo em que se instalava.
Segundo nos conta Druck, em seu livro Terceirização: (des)fordizando a fábrica, é nos EUA, local onde este padrão havia sido gestado, que os primeiros sinais da crise dessa forma de regulação começam a se manifestar. Segundo ela, a queda de produtividade no trabalho que vai se verificar é o principal indicador da crise.
Tal fato, para a economia norte-americana, tinha como consequência uma crescente perda de competitividade junto ao mercado internacional. E isso representava uma forte ameaça à hegemonia dos EUA, pois essa perda de competitividade poderia significar uma perda de seus mercados para outros países produtores, como o Japão, que nesse período já dava sinais de um crescimento econômico vigoroso, sustentado em altos índices de produtividade do trabalho.
As causas para a queda da produtividade do trabalho estavam relacionadas a uma série de fatores. Segundo Druck, no âmbito do processo do trabalho, verificava-se um amplo movimento de resistência, expresso nos índices de absenteísmo, de turn over, nos defeitos de fabricação e na diminuição do ritmo de produção. A ação dos sindicatos mostrava a sua força ao exigir a continuação da incorporação dos ganhos de produtividade aos salários.
As práticas sindicais e as manifestações nos locais de trabalho recusavam continuar contribuindo com a gestão taylorista-fordista, que impunha um trabalho por parcelas, repetitivo, fragmentado, rotinizado, e havia desqualificado e mesmo destruído o saber daqueles trabalhadores de ofício, que tinham um determinado controle e autonomia no seu trabalho. Tratava-se, na realidade, de uma resistência, cujo conteúdo político era manifestado num certo esgotamento dessa forma de controle do capital sobre o trabalho (DRUCK, 1999, p. 68).
A autora nos diz que as manifestações não se limitariam aos locais de trabalho e logo se generalizariam para outros setores da sociedade.
Os jovens e estudantes, por exemplo, iriam questionar firmemente o modo americano de viver, bem como as formas de uso social de seu saber, de suas qualificações, etc.
“Há uma onda de protestos que não se limita à sociedade americana, mas que ali toma a forma de movimento de ‘indisciplina social’”, diz ela. Nesse sentido, o ano de 1968 foi marcante tendo em vista o fato de o mundo inteiro ter sido sacudido por greves, manifestações de rua, ocupações de fábrica, etc. (DRUCK, 1999, p. 69).
Eventos como o maio francês, a primavera de Praga, ou a luta contra a guerra do Vietnã indicavam uma recusa aos padrões dominantes de organização econômica, social e política. “Era uma luta contra formas institucionalizadas de poder e, centralmente, contra o autoritarismo presente nessas instituições, bem como as formas de controle social predominantes” (DRUCK, 1999, p. 69).
A situação vai se agravar ainda mais nos anos 70. Segundo Druck, a expansão do mercado de eurodólar e a perda da referência única do dólar nas transações internacionais iriam indicar uma nova regulação do sistema financeiro internacional. O excedente de petrodólares iria aumentar a instabilidade dos mercados financeiros mundiais.
Novas regiões competitivas são criadas nos países do Terceiro Mundo – no Sudeste Asiático e na América Latina – sobretudo através das multinacionais.
Esta crise, portanto, que vai se manifestar entre os anos 1967 e 1974, na opinião de alguns especialistas, seria uma crise de rentabilidade, diferente da crise de 1929, que teria sido de superprodução. “Esta crise de rentabilidade vem com desaceleração da produtividade, ao mesmo tempo que os salários continuam com aumentos reais (resultado das lutas sindicais)”. A reação então era aumentar as margens de lucro, que se refletiam nos preços de venda, gerando uma inflação nos custos. Segundo Druck:
“[...] mesmo que esta elevação de preços redundasse em elevação de salários, em vários momentos não aconteceu na mesma proporção (principalmente nos anos 70), resultando em perda de poder aquisitivo, diminuindo a demanda e, consequentemente, determinando situações recessivas (DRUCK, 1999, p. 70).
O que estava sendo posto em xeque era todo o “compromisso fordista”. A queda da taxa de lucro baixava e, por consequência, se diminuía o investimento que, cada vez mais, criava menos empregos – acréscimo de capital fixo em substituição ao trabalho humano. A diminuição dos aumentos de salário real para compensar as quedas das taxas de lucros implicava uma diminuição do consumo, de modo que toda essa situação provocava um aumento do desemprego.
Contudo, a “rede de segurança” típica do fordismo – auxílio-
-desemprego, programas de auxílio social – foi o que impediu um desmoronamento da demanda interna nos países centrais – diferença em relação aos anos 30. Essas transferências sociais, no entanto, pesavam significativamente sobre as taxas de lucro, haja vista o fato de seu financiamento ser realizado via impostos e cotizações, e isso implicava numa diminuição do lucro dos investimentos. De maneira que o que foi posto em xeque foi a própria legitimidade do Estado -providência e das transferências sociais, ou resumindo, todo o “compromisso fordista”.
Druck nos diz que nos desdobramentos da crise vão se colocando possibilidades de saída. A chamada terceira Revolução Industrial, as mudanças nas políticas de organização e gestão do trabalho, bem como as mudanças no perfil dos mercados dos produtos vão se constituindo como alternativas para o enfrentamento da crise.
A mudança na forma da concorrência intercapitalista com a qualidade e a diversificação dos produtos assumindo papel determinante vai fixar as novas bases de competitividade. “Estas mudanças tendem a questionar os sistemas rígidos de produção tipicamente fordista, procurando substituí-los por esquemas mais flexíveis de produção” (DRUCK, 1999, p. 71).
A autora afirma que, pelo fato das manifestações que haviam ocorrido no final dos anos 60 não terem sido capazes de impor uma alternativa, o capital, aproveitando o enfraquecimento do movimento dos trabalhadores, impôs sua saída ao iniciar a implementação de um processo de reestruturação produtiva. Este se apoiava justamente na crescente adoção da base tecnológica microeletrônica, nas novas políticas de gestão e organização do trabalho baseadas na “cultura da qualidade” e numa estratégia de cooptar e neutralizar as formas de organização e resistência dos trabalhadores. De acordo com Druck, são políticas que, por um lado, “incluem” uma elite no novo padrão que está sendo gestado e, por outro, “excluem” – através do desemprego e das formas precárias de contratação e subcontratação – grandes parcelas de trabalhadores assalariados (DRUCK, 1999, p. 72).
Especialização flexível
O termo “flexível” vai surgir em contraposição à rigidez do período fordista anterior. Se antes tínhamos a produção em série, produtos padronizados e os produtores reunindo esforços para controlar as variações do mercado em relação aos produtos padronizados, o regime da especialização flexível vai na direção oposta.
A diversificação da produção e a sua realização observando as variações do mercado, sem mais visar o seu controle, vão ser a marca dessa nova forma de gerir a produção engendrada no bojo da crise dos anos 70. Segundo Sennett (2005), de forma sintética, a especialização flexível vai tentar pôr, de forma cada vez mais rápida, produtos mais variados no mercado – em contraste com o período anterior.
Segundo esse autor, a especialização flexível é a “antítese do sistema de produção incorporado no fordismo”, diz ele. “E – continua – de uma forma muito específica; na fabricação de carros e caminhões hoje, a velha linha de montagem quilométrica observada
por Daniel Bell foi substituída por ilhas de produção especializada” (SENNETT, 2005, p. 59).
Analisando as proposições dos autores Piore e Sabel, Graça nos diz que motivados pelo fato de que, diferente dos EUA, países como França, Itália e Alemanha Ocidental apresentavam índices de crescimento econômico, esses autores se lançaram na tarefa de verificar a razão desse contraste – isto é, uma economia em crise (no caso, a americana), enquanto outras cresciam e conquistavam novos mercados.
Analisando as regiões da chamada Terceira Itália, os autores verificaram que havia ocorrido um surto de crescimento industrial baseado num processo de descentralização da produção, com o aparecimento de uma rede de pequenas empresas. Os pesquisadores constataram que o tamanho médio das empresas varia, mas em cada uma destas oficinas há uma especialização muito grande, “com mão-de-obra qualificada e ágeis para atender a mudanças na demanda” (DRUCK, 1999, p. 74).
Ainda segundo a pesquisa, embora essas empresas produzam em grande parte para as grandes corporações, elas gozam de significativa autonomia (muitas delas seriam cooperativas). Muitas dessas empresas teriam sido formadas por operários qualificados e ex-militantes sindicais demitidos em greves passadas. Portanto, é a partir desse estudo que Piore e Sabel apresentam “o novo paradigma da especialização flexível” (DRUCK, 1999, p. 75).
A alternativa à produção em série (em crise) estaria na descentralização da produção, mudança que seria fundamental para o redirecionamento do crescimento. Segundo os autores, nessa alternativa “a pequena produção ocupa um papel central, como revitalizadora e como forma de romper com a rigidez típica do modelo anterior”. A flexibilização – afirma Druck– seria o elemento-chave, ou crucial, para responder às constantes variações de demanda e à diversidade do mercado.
Dessa forma, então, a autora explica o modelo apresentado pelos autores:
“[...] o modelo defendido pelos autores seria constituído por uma estratégia industrial em que as pequenas e médias empresas ocupam um papel central na reestruturação. [...] estas empresas utilizam uma tecnologia avançada, mas combinada com um trabalho de tipo artesanal que exige uma mão-de-obra qualificada e muito treinada. No âmbito da organização do trabalho, realizam a integração entre concepção e execução, estabelecendo tarefas multiespecializadas.
Ao mesmo tempo, as relações hierárquicas na empresa devem ser mudadas, superando a sua rigidez e transformando-a numa organização mais informal, que aproxime os vários níveis e cargos (DRUCK, 1999, p. 75).
	
Outro questionamento do autor – segundo nos narra Druck – diz respeito à ideia de mão de obra multiespecializada e estável. Vejamos:
Outras pesquisas já demonstraram que existe muita diferenciação nos níveis de qualificação dos trabalhadores, até mesmo na Terceira Itália, onde o setor artesanal apresenta uma ampla variedade de trabalhos e de trabalhadores, mesmo no que se refere às condições de trabalho e de salários (DRUCK, 1999, p. 76).
E continua: O trabalho ocasional, por exemplo, é frequentemente utilizado, em geral realizado por mulheres, com menor nível de qualificação e mal pago. Há também as indústrias de fundo de quintal, onde impera o trabalho irregular, sem contratos formais, e que são, muitas vezes, até clandestinas (SCHMITZ, 1989, p. 164 apud DRUCK, 1999, p. 76).
Piore e Sabel havia assinalado para uma capacidade inovadora muito grande na rede de empresas, numa combinação de trabalho artesanal e inovação tecnológica. Segundo eles, esse processo de industrialização havia proporcionado uma diminuição no desemprego, assim como uma melhora no padrão de vida na região. A atuação dos governos locais teria sido fundamental, por meio de investimentos em infraestrutura e em políticas sociais de saúde, segurança e regulamentação dos salários (DRUCK, 1999, p. 74). Os autores completam ainda que no plano institucional, ao invés da centralização e regulamentação típicas do sistema keynesiano (de caráter nacional e multinacional), a instituição da descentralização por intermédio dos poderes locais poderia gerar um efeito mais efetivo, ao agirem estes com o intuito de fundir competição e cooperação.
Sobre a questão da “inovação permanente” e o seu lugar central nas investigações de Piore e Sabel, Schmitz contesta e diz – amparado em uma pesquisa realizada sobre a produção de redes no Nordeste brasileiro – que nos países menos desenvolvidos essa questão é diferente. Neles, o excedente de mão de obra tem um papel mais decisivo, e acaba empurrando para o plano secundário a questão da inovação. Segundo o autor, em países como o Brasil, embora invistam em inovação tecnológica, indústrias como a de confecção e malharia localizadas em Petrópolis (RJ) e Juiz de Fora (MG) utilizam o recurso da subcontratação de trabalhadores sem registro, com má remuneração e submetidos a péssimas condições de trabalho.
Essa situação era possibilitada pela operação de microempresas, de propriedade de trabalhadores assalariados mais qualificados que, para estabelecerem seu próprio negócio, e na falta de capital para investir em maquinaria, recorriam às formas precárias de subcontratação e até mesmo ao trabalho familiar sem remuneração e sem especialização, como estratégia de sobrevivência no mercado (DRUCK, 1999, p. 78).
A diferença desse papel do excedente de mão de obra com relação aos países desenvolvidos, segundo ele, estaria no fato de que nestes existe o atenuante do seguro-desemprego – uma das políticas centrais do Estado de bem-estar.
Veja abaixo a matéria sobre greve dos trabalhadores da Prest Perfuração, empresa prestadora de serviços (terceirizada) à Petrobras.
Trabalhadores da Prest Perfuração em greve por tempo indeterminado
23/11/2007
“Desde a noite da última quarta-feira, 21, os trabalhadores da Prest Perfuração em Carmópolis decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. Cansados de serem enrolados pela direção da empresa, os companheiros agora estão decididos a só voltarem ao trabalho após o atendimento de todas as reivindicações.
Na lista de reivindicações consta reajuste real de salário de 7,42%, adicional noturno sobre o salário base, pagamento dos feriados a 100%, cesta básica, pagamento de hora-extra, lavagem do EPI (administrativo), dentre outras. A proposta de reajuste de 5,5% oferecida pela empresa já foi rejeitada.
A PREST perfuração desenvolve atividades de exploração e produção de petróleo em sondas de produção. Com a greve, 9 sondas, todas da Petrobrás, mas operadas pela PREST, estão paradas. A direção do Sindipetro AL/SE alerta a Petrobrás sobre a responsabilidade das mesmas, já que os trabalhadores não estão nelas.
A greve entra no segundo dia e a tendência do movimento é endurecer visto que, ao invés de negociar, a empresa optou por reagir pela via da truculência, cortando o alojamento, a alimentação e o transporte dos trabalhadores. Não vamos arredar o pé até que nossas reivindicações sejam plenamente atendidas.”
Fonte: (Adaptado) http://sindipetroalse.org.br/site/tercerizados/trabalhadores_da_prest_perfuracao_em_greve_por_tempo_indeterm.html.
Veja abaixo a matéria sobre greve dos trabalhadores da Georadar, empresa especializada na prestação de serviços onshore e offshore de levantamentos geofísicos, diagnósticos ambientais e geotécnicos para a indústria petrolífera e mineral.
Trabalhadores da Georadar denunciam irregularidades
06/12/2007
“A greve na Georadar continua. Hoje pela manhã o movimento ganhou novos adeptos com a chegada de trabalhadores que vieram da Bahia. A empresa tem feito de tudo para enfraquecer a parede, mas não tem tido sucesso nas tentativas. Ontem, em visita ao campo, os trabalhadores puderam observar cenas absurdas, como a de companheiros submetidos aos olhares dos vigias da Brava, como verdadeiros pistoleiros.
Segundo um companheiro de base, a greve atinge a todo programa de
Carmópolis. Mas, em Riachuelo, alguns trabalhadores, inclusive em situação irregular, continuam desenvolvendo atividades sísmicas.
O suposto representante da empresa continua desaparecido. O Sindipetro AL/SE exigiu que ele apresentasse uma procuração de preposto da Georadar, mas, até agora, o mesmo não retornou. Toda essa pressão dos trabalhadores, apesar da greve continuar, já fez a empresa promover mudanças. A empresa que fornece a alimentação, que antes era totalmente incompatível com a atividade desenvolvida, foi substituída. O regime de trabalho foi modificado para 30x15, apesar de mantida a proporção 2x1.
O movimento segue firme e o sentimento de crença na vitória é crescente. À luta, companheiros! Até a vitória!”
Fonte: SINDIPETRO - AL/SE. Disponível em: http://sindipetroalse.org.br/site/tercerizados/trabalhadores_da_georadar_denunciam_irregulari.html
Processo 1
Aula 7
A alternativa à produção em série (em crise) estaria na descentralização da produção, mudança que seria fundamental para o redirecionamento do crescimento. Segundo os autores, nessa alternativa ¿a pequena produção ocupa um papel central, como revitalizadora e como forma de romper com a rigidez típica do modelo anterior¿ Essa alternativa segue o modelo de produção:
Flexível
Engendrada pela crise dos anos 70, e seus principais efeitos, como a precarização das relações de trabalho ¿ via terceirização, trabalho ocasional ¿ informalidade e desemprego estamos falando sobre a:
Restruturação Produtiva
Dentre as opções abaixo relacionadas constitui uma das políticas centrais do Estado de Bem Estar Social:
O Seguro desemprego
Abaixo há algumas afirmativas: É a coalizão permanente para a luta de classe e, para outros, é o órgão destinado a solucionar o problema social.Uma associação constituída, em caráter permanente, por pessoas físicas ou jurídicas para estudo e defesa de seus interesses afins e prestação assistencial a todo o grupo, além de outras atividades complementares que o favoreçam".Estamos falando sobre:
Sindicatos
Eventos como o maio francês, a primavera de Praga, ou a luta contra a guerra do Vietnã indicavam:
Uma recusa aos padrões dominantes de organização econômica, social e política.
A alternativa à produção em série (em crise) estaria na descentralização da produção, mudança que seria fundamental para o redirecionamento do crescimento. Segundo os autores, nessa alternativa ¿a pequena produção ocupa um papel central, como revitalizadora e como forma de romper com a rigidez típica do modelo anterior¿ Essa alternativa segue o modelo de produção:
 Flexível

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