Buscar

proc aula 9

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Processo I
Aula 9
Breve história da organização capitalista do trabalho no Brasil (taylorismo, fordismo) e legislação trabalhista
Num trabalho em que se propõe discutir a gênese e a difusão do Taylorismo no Brasil, Nilton Vargas se interpela sobre a pertinência de se discutir o referido tema diante de estudos que afirmam ser a questão do aumento da produtividade e da intensificação do trabalho. É uma questão não central entre o empresariado brasileiro, bem como um despreparo deste último em propor mudanças técnicas que se afinassem com um capitalismo eficiente, dada a sua tradição patrimonialista.
Argumentos mais antigos, como o fato de sermos um país tropical com uma mão de obra indolente, ou a ausência de um projeto burguês autêntico desde o nosso primeiro surto de industrialização nos anos vinte até então (referência ao ano em que o texto fora escrito), tentavam justificar o nosso atraso.
No entanto, alguns fatos como o grau de competitividade que algumas empresas nacionais vão alcançar em relação às empresas estrangeiras dentro e fora de nosso território vão, conforme argumenta Vargas, lançar dúvidas sobre a veracidade dos argumentos supramencionados.
Explicando o sentido da utilização do termo Taylorismo, Vargas afirma que tanto ele como o fordismo estavam empenhados na criação de um novo tipo de trabalhador, que se submetesse às exigências da disciplina fabril necessária ao aumento da intensidade do ritmo de trabalho. Segundo o autor:
“ambos propunham a criação de um corpo técnico para programar o trabalho. E também a negociação de salários mais altos, já que a pura coerção não era eficaz, como fazem questão de ressaltar em suas obras, embora essa negociação fosse individual, negando originalmente a intermediação do sindicato ou do Estado” (VARGAS, 1985, p. 157).
Citando Gramsci e um texto que se tornara clássico – Americanismo e fordismo –, Vargas lembra que o fordismo não se limitava à disciplina no interior da fábrica; ele fazia parte de um movimento que tinha em vista a “adequação da força de trabalho às novas exigências da produção”, diz ele. Para o estudo do caso brasileiro, o autor propõe que o seu entendimento na história da nossa industrialização seja contextualizado; no entanto, defende que se faz necessário entender o seu surgimento nos EUA. De acordo com Vargas, a crise política e econômica que o capitalismo atravessara no final do século XIX e a Revolução de Outubro exigiam do capital uma resposta não apenas no âmbito da gestão da força de trabalho e a nível de modo de acumulação, “mas também a nível de hegemonia sobre a sociedade”. “O Taylorismo e, posteriormente, o Fordismo foram algumas das respostas que o capitalismo americano ofereceu às sociedades industrializadas”.
Ambiente de trabalho
A questão do saber no projeto e na produção de mercadorias assume uma nova dimensão. Seria desnecessário citar o grande número de invenções que foram realizadas a partir das descobertas científicas, principalmente nos setores químico e elétrico.
Contudo, se na Revolução Industrial essa tecnologia surgia apoiada no conhecimento técnico da classe operária, nesse novo momento ela se libertava dessa limitação, “incorporando novo tipo de transformação da natureza, com alto conteúdo de conhecimento científico”. De acordo com Vargas, no entanto, enquanto a ciência se pautava pela ampla divulgação, a tecnologia se portava de maneira diversa: “o seu conhecimento era orientado para a produção de mercadorias e para o monopólio do saber industrial” (VARGAS, 1985, p. 158).
A tecnologia passou a articular conhecimento científico com conhecimento produtivo, isto é, “a articular as leis da natureza com as leis do capital”. Esse movimento iria se esbarrar no conhecimento técnico que possuía a classe operária. “Se os engenheiros haviam transformado a natureza, sob as determinações do capital, por que não proceder da mesma forma com os trabalhadores?”, indaga. De acordo com Vargas, tratava-se de reequacionar o “fator humano” de suporte dessa nova tecnologia.
Criar normas de trabalho e coordenar o conhecimento técnico do trabalhador, para que o projeto de engenharia fosse completo, integrando materiais, máquinas e homens da forma mais econômica possível. O Taylorismo está, assim, organicamente articulado com a evolução da tecnologia em nosso século (VARGAS, 1985, p. 158).
Vargas sustenta que uma das especificidades do Taylorismo no âmbito do desenvolvimento histórico do capitalismo foi a criação da ‘gerência científica’, essa camada intermediária de “experts”, responsável por mediar a relação capital/trabalho. “Em outros termos, fica com a responsabilidade de selecionar e treinar os operários e planejar suas atividades segundo as exigências do novo método racionalizado”, diz o autor.
O ideário Taylorista propagava a eliminação da luta de classes tendo em vista o fato de fornecer aos trabalhadores maiores salários, bem como, com o barateamento da produção, novas oportunidades de consumo. A gerência, na gestão da produção, procurava estabelecer objetivamente os tempos de produção, os métodos de trabalho e os salários.
[...] o estudo de tempos, movimentos e métodos com a finalidade de estabelecer “tempo padrão” e o melhor método (“the best way”); o pagamento do salário por produção (por peça), negociando com o trabalhador um salário maior, desde que este aceite o “método racionalizado”; a programação da tarefa de cada operário isoladamente; o projeto das estações e dos meios de trabalho; e as técnicas de seleção e treinamento. Estes mecanismos, segundo Taylor, permitiriam tirar a iniciativa do operário na escolha do melhor método e, por outro lado, escolher, dentre os trabalhadores existentes, aqueles que melhor se adaptariam ao “trabalho racionalizado” (VARGAS, 1985, p. 160).
Segundo Vargas, a técnica do estudo de tempos e movimentos é que vai permitir que a gerência instaure, por meio da coerção, normas padronizadas de tempo, movimentos e métodos com o intuito de garantir a intensificação do trabalho. “Esse é o objetivo econômico da ‘gerência científica’ e não, como supõe sua ideologia, desapropriar o operário de seu conhecimento”, diz ele, “pois deste modo estaríamos restringindo esse conhecimento à simples repetição de gestos, desprovidos de qualquer conteúdo intelectual” (VARGAS, 1985, p. 161).
O Taylorismo no Brasil
No Brasil, o Taylorismo teve sua difusão iniciada nos anos 30 por intermédio de empresários paulistas. Teve grande impacto no meio empresarial, intelectual e, posteriormente, sobre a máquina burocrática do Estado.
No entanto, com exceção de algumas poucas empresas, principalmente na área têxtil e em empresas ferroviárias, as técnicas de controle de tempos e movimentos não penetraram nas fábricas brasileiras com o mesmo impulso que havia adentrado nas americanas.
Segundo Vargas, a fase inicial do Taylorismo no Brasil se direcionou para a difusão de seus princípios no sentido de interferir na socialização da força de trabalho assalariada e na formação ideológica da tecnocracia industrial – engenheiros, psicólogos, assistentes sociais, etc. Uma outra especificidade apontada pelo autor é que, enquanto Taylor e Ford propunham abertamente como elemento principal de sua proposta o aumento salarial em razão do aumento da produtividade e da intensificação do trabalho, aqui no Brasil os empresários não vão fazer menção a esse aspecto do Taylorismo.
O nosso processo de industrialização vem se processando, principalmente nos últimos vinte anos, sem os trabalhadores participarem dos resultados econômicos de nosso desenvolvimento econômico – pelo contrário, os seus salários vêm sendo reduzidos (VARGAS, 1985, p. 163).
Os anos 20, que antecedem os primeiros esforços de se introduzir o Taylorismo no Brasil, são marcados pela discussão em torno da legislação de férias e do trabalho do menor com vistas a regular o mercado de trabalho. Segundo Vargas, a burguesia nascente já iria demonstrar uma certa preocupação em relação
a estas leis: “de um lado, procurará demonstrar a ameaça que as leis do trabalho exerceriam sobre a realização da acumulação” (Viana, 1978, cap. 3 apud VARGAS, 1985, p. 163).
Segundo o autor, o ideário fordista já se encontrava presente entre os brasileiros desde quando já se tem presente uma recusa à intermediação do Estado na regulação do mercado de trabalho e com a perspectiva de “educar” o trabalhador com a “internalização das normas de disciplina da produção industrial”.
Com a Revolução de Trinta, e após a crise de 1929, os empresários brasileiros criaram o IDORT – Instituto de Organização Racional do Trabalho. Este instituto foi fundado em junho de 1931 e é inspirado na “Taylor Society”. Formado por lideranças empresariais do estado de São Paulo, a entidade vai se dedicar à difusão do Taylorismo em nosso meio. Um dos seus fundadores escreve:
“Foi em princípio de 1930 que me tornei sócio do Instituto de Genebra, que então centralizava o movimento pela Racionalização do Trabalho no mundo. Vivamente impressionado pelas suas publicações, surgiu-me a ideia de aplicar, em minhas atividades de diretor de uma fábrica de tecidos, os valiosos ensinamentos ali encontrados abundantemente [...] Nesse momento, pareceu-me que seria egoísmo restringir os conhecimentos, que ia adquirindo, apenas às minhas atividades particulares” (VARGAS, 1985, p. 165).
O IDORT havia se estruturado em duas divisões: uma organizacional e outra que desenvolvia os aspectos ligados à seleção e formação profissional, e higiene e segurança do trabalho.
As empresas ferroviárias, devido a sua importância no começo de nossa industrialização, foram as primeiras a serem objeto da aplicação dos princípios Tayloristas – o IDORT irá estruturar o Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP).
Segundo Vargas, essa orientação dos industriais para o ensino industrial se explicava em função do fato de haver escassez de operários qualificados na indústria de ponta.
"Esses postos eram normalmente ocupados por estrangeiros, e a liderança dos capitalistas nacionais estava preocupada com a criação de uma força de trabalho nacional”, diz o autor.
Segundo ele, essa preocupação já existia desde o início do governo da Revolução. A “Lei dos 2/3”, de 1931, que determinava que pelo menos 2/3 dos empregados de uma empresa tinham que ser brasileiros, bem como um decreto-lei que limitava a entrada de estrangeiros em nosso território, ilustravam bem essa preocupação.
De acordo com Vargas, a migração interna garantiria o suprimento da mão de obra para a indústria.
Lindolf Collor sobre o decreto da imigração teria dito:
“E essa gente vinha para o Brasil porque não sabia para onde ir. Quando as coisas não lhes corriam bem em outros lugares, lembravam-se de que existia no globo um país despoliciado que era, sob muitos aspectos, o paraíso dos vagabundos. Para aqui se encaminhavam, aumentando as dificuldades da vida nos centros urbanos e infectando o trabalhador brasileiro de ideias subversivas que não podem pregar livremente em nenhum país civilizado” (VARGAS, 1985, p. 167).
Não obstante essa visão em relação aos estrangeiros, o cumprimento desta lei foi bastante adiado em função da dificuldade de substituir os trabalhadores imigrantes em funções de maior qualificação. “Daí o interesse empresarial em atuar na formação da classe operária de acordo com a disciplina e a moral Taylorista”. Com o golpe de 1937, o governo do “Estado Novo” se inspira nas duas experiências levadas a cabo pelo IDORT – organização e seleção formação profissional. A primeira levou à criação do Departamento Administrativo do Serviço Público – o DASP –, responsável pela organização administrativa das repartições federais e pela formação técnica de administradores públicos. É da iniciativa do DASP que vai ser criada em 1944 a Fundação Getúlio Vargas.
Dois anos antes, com iniciativa do IDORT, é criado também para o ensino industrial, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – o SENAI (nos moldes do CFESP); mais tarde, baseado na experiência de um industrial que conseguira neutralizar os movimentos grevistas, foi criado o Serviço Nacional da Indústria – o SESI. O SENAI e o SESI foram vinculados à federação dos sindicatos patronais de cada estado.
“O sucesso do seu método foi orientado segundo a ótica do ‘revisionismo taylorista’ e resultava numa assistência social fornecida aos trabalhadores com fundos de sua própria empresa” (VARGAS, 1985, p. 167).
Após o golpe de 1937, o IDORT perdeu o apoio dos órgãos públicos. A sua estratégia agora será promover “jornadas” sobre temas ligados à ideologia da racionalização (contra o desperdício, prevenção de acidentes, alimentação, transportes, habitação, educação, etc.). Na “jornada” da educação, por exemplo, realizada em 1945, percebe-se um claro objetivo de difundir no ensino um comportamento ‘racional’.
“No ensino primário será necessário e suficiente orientar o espírito da criança para o fato de que qualquer trabalho concreto, ou mesmo uma ação singela, pode ser executado de diversas maneiras, umas mais simples, outras mais complicadas, e que entre essas formas de proceder deve ser procurada aquela que permita realizar o objetivo com menor esforço” (VARGAS, 1985, p. 168-169).
O resultado prático dos esforços do IDORT em “socializar” a Organização Racional do Trabalho – tentando moldar a sociedade segundo os ditames da produção industrial – vai ser, para Vargas, o desempenho de um importante papel na formação técnico-formal da força de trabalho e do meio acadêmico, e na conformação do aparelho burocrático do Estado. 
Nos primórdios da nossa industrialização, os industriais nacionais lidavam com o problema da socialização do conhecimento técnico e da disciplina fabril da seguinte forma: ou praticavam uma estratégia do tipo “paternalista” (ou patrimonialista) em que interferiam privadamente na formação e reprodução do trabalhador e de sua família (como nas vilas operárias), ou faziam uso da via da coerção física e policial para submeter os trabalhadores às regras da produção. O Taylorismo, portanto, vai atuar na constituição e formação de um tipo especial de mão de obra, sendo que para tal feito terá que recorrer ao consenso, e não apenas à coerção, para alcançar o propósito de submeter os operários à disciplina fabril e aos ritmos do novo padrão industrial.
“O sucesso do seu método foi orientado segundo a ótica do ‘revisionismo taylorista’ e resultava numa assistência social fornecida aos trabalhadores com fundos de sua própria empresa” (VARGAS, 1985, p. 167).
“[...] reinterpretando a difusão do Taylorismo em nosso país, julgamos que esse movimento teve um de seus polos orientado para a mudança da “mentalidade do povo brasileiro”, para que assumisse uma nova temporalidade de acordo com os requisitos da produção moderna. E esta sempre foi uma condição necessária para que as técnicas Tayloristas tivessem eficiência na sua difusão” (VARGAS, 1985, p. 173).
Processo I
Aula 9
O período conhecido como ¿Período do crescimento  virtuoso da economia capitalista¿ foi de:
Dos anos 40 a 70
Para Mota, 2009  como se dá a transformação da mais valia em lucro:
Através da venda das mercadorias produzidas pelo capitalismo
Segundo Ana Elizabete Mota no texto "Crise contemporânea e as transformações na produção capitalista" as crises são frutos do desequilíbrio entre dois elementos importantes da economia. 
Produção e consumo
A crise econômica é um acontecimento que afeta todos os segmentos da sociedade, desde os trabalhadores até os detentores do capital (capitalista). Todavia apresentam-se impactos diferenciados para os trabalhadores e os capitalistas. Assinale a opção abaixo que possua a forma como a crise se apresenta para o trabalhador e para o capitalista.
submissão intensificada, poder ameaçado
A reestruturação produtiva, engendrada pela crise dos anos 70, e seus principais efeitos abaixo relacionados, EXCETO:
Aumento emprego.
O ideário _________ propagava a eliminação da luta de classes tendo em vista o fato de fornecer aos trabalhadores maiores salários, bem como, com o barateamento da produção, novas oportunidades de consumo.
Taylorismo.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes