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processo aula 10

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Processo I
Aula 10
As propostas de revisão no âmbito do Direito do Trabalho
O advento da sociedade burguesa deu margem às condições sociais e históricas para o surgimento do Direito ao Trabalho.
A exacerbação da liberdade de contratar, conforme afirma Mauro de Azevedo, é o que vai estar na base da legislação protetora do trabalho. “De fato, o ambiente de insatisfação donde brotou o germe da resistência trabalhista foi a grande indústria”, diz o autor.
De acordo com Azevedo, o Direito do Trabalho foi surgindo na medida em que o trabalho de menores e mulheres foi se tornando um insuportável problema.
Como resposta para enfrentar tais “práticas abusivas que vitimavam menores e mulheres, submetidos a extenuantes jornadas de trabalho, em condições bastante precárias”, conforme irá escrever Américo Rodriguez (apud AZEVEDO, 2004, p. 248), ele se constitui com o escopo de garantir uma proteção mínima, “para equilibrar o poder patronal embalado pelo exercício desregrado da exploração do indivíduo-trabalhador”.
A fim de conseguir impor limites às prerrogativas de livre contratação de mão de obra, o Direito ao Trabalho teve de expressar abalos à razão individualista. Diz Azevedo:
“Somente assim, superado o dogma do individualismo, os primeiros registros de leis destinadas a coibir abusos escandalosos à saúde e à dignidade dos obreiros converteram-se numa vertente consistente e sistemática que passou a ser conhecida como Direito ao Trabalho.” (AZEVEDO, 2004, p. 248).
Para o efetivo implemento dessa normatização, houve papel importante não só a admissão de uma intervenção protetiva do Estado, como também o reconhecimento continuado da legitimidade da organização sindical.
Essa afirmação do Direito ao Trabalho, portanto, revela a aceitação histórica de uma base filosófica, fundada numa dogmática específica. Esta, por conseguinte, impôs um recuo aos valores do liberalismo, enquanto razão “justificadora das relações jurídicas e sociais”. (AZEVEDO, 2004).
De acordo com Mauro de Azevedo, não seria outra a conclusão que chega Tarso Genro num estudo publicado em 1999, antes de se tornar ministro da Justiça do governo do ex-presidente Lula. Genro é hoje governador do Estado do Rio Grande do Sul.
“o Direito do Trabalho fora a resposta normativa do Estado para uma consciência social que configurava não mais a ‘questão social’ como um problema de natureza moral, mas passava a tratá-la a partir de uma perspectiva de ‘justiça social’. Ele expressava, portanto, a hegemonia ideológica de uma razão já não mais meramente individualista, mas que passava a aceitar, não só a intervenção do Estado moderno em relações originalmente ‘privadas’ (como a compra da força de trabalho), mas também abria perspectivas para que uma cidadania ‘agrupada’ (dos trabalhadores) fizesse valer sua força política”. ( AZEVEDO, 2004, p. 249).
Segundo Azevedo, a construção dogmática do Direito do Trabalho passa por uma revisão do princípio da igualdade.
“Trata-se de uma visão de igualdade material – diz ele –, e não exclusivamente formal”.
Estaria aqui, então, o cerne da legislação que protege o trabalho. Todavia, esta visão – ao longo de sua existência – fora bastante questionada pelos que buscavam defender a primazia do direito de propriedade e da liberdade para contratar.
A globalização, na visão do autor, proporcionou o resgate dessa visão, até então tida como ultrapassada e conservadora. Diz ele:
“Agora, o liberalismo aparece renovado e pronto para lançar a sua ofensiva contra o Direito do Trabalho que considera incômodo e subversivo”. (AZEVEDO, 2004).
No âmbito da globalização, a redefinição do papel do Direito do Trabalho projetada pela vertente neoliberal descarta as suas premissas filosóficas originais.
Ela perpassa pela abdicação do seu conteúdo autônomo em prol de uma pretensão organizadora do mercado de trabalho.
Tal concepção modificadora da essência do direito do trabalho é apresentada da seguinte forma por Robortella:
“O Direito do Trabalho tem a função de organizar e disciplinar a economia, podendo ser concebido como verdadeiro instrumento da política econômica. Deixou de ser apenas um direito da proteção do mais fraco para ser um direito de organização da produção. Em lugar de apenas direito de proteção do trabalhador e redistribuição da riqueza, converteu-se em direito da produção, com especial ênfase na regulação do mercado de trabalho. (...) A revisão dogmática do Direito do Trabalho é hoje uma realidade concreta. O protecionismo deixou de ser uma preocupação maior, para não dizer exclusiva. (...) Cabe-lhe agora importante papel na gestão econômica e social, contribuindo para a governabilidade nas modernas democracias.” ( AZEVEDO, 2004, p. 249-250).
Seria, na visão de Giglio (apud AZEVEDO, 2004), uma contestação que considera a legislação trabalhista protetora como um entrave ao desenvolvimento econômico.
Essa inversão de perspectiva – diz Azevedo – permite falar numa contraposição entre o velho e tradicional Direito do Trabalho de um lado e o que se pretende afirmar como um novo Direito do Trabalho de outro.
Na visão de Arturo Hoyos ( AZEVEDO, 2004), esse confronto seria natural, típico de um processo evolutivo, no qual “o clima de ideias voltadas à conquista da justiça social representaria uma primeira etapa”, enquanto a fase atual, causadora da superação da anterior, seria marcada pela “adaptação às exigências do mercado e à competitividade internacional no contexto da globalização”.
Indo em outra direção, Tarso Genro (apud AZEVEDO, 2004) adota uma posição crítica ao considerar dramático para o Direito do Trabalho o resultado de tal revolução conservadora.
O velho Direito do Trabalho, para ele, impunha limites humanizadores para a exploração desenfreada, “como autêntico parteiro do Estado do bem-estar social”. Já o novo Direito do Trabalho “viabiliza a informalização, a precarização, o trabalho intermitente e a exclusão social, diluindo o potencial originário do Direito do Trabalho, para dar livre trânsito aos movimentos do capital”.
Uma postura intermediária é apresentada por Lyon-Caen (  AZEVEDO, 2004) que sustenta, a partir da alegação de que o excesso de encargos é que causa o desemprego, que o Direito do Trabalho teria se voltado para a agregação de uma nova finalidade: assegurar a gestão ótima do pessoal em atendimento ao interesse do capital.
O autor afirma que este novo postulado deve funcionar em conjunto com a proposição original de consagração de direitos e garantias ao trabalhador, sem que haja prevalecimento de uma finalidade sobre a outra.
O preceito fulcral dessa nova concepção consiste na tortuosa suposição de que, ao aliviar os custos da empresa, o Direito do Trabalho, indiretamente, estará assegurando a manutenção dos empregos e, portanto, protegendo o trabalhador. (AZEVEDO, 2004, p. 251).
Valdés (apud AZEVEDO, 2004) – outro autor – assevera concordar com esse ponto de vista, dizendo que não se deveria mais atribuir proteção ao trabalhador, visto que a debilidade agora não seria dele, mas sim da empresa, dado o acirramento da competitividade.
Azevedo nos diz que os aspectos fundamentais do ideário reformista do Direito do Trabalho se encontram no individualismo econômico e na concepção autônoma de livre mercado. Esses institutos gozam de regulação própria, baseados em leis econômicas. Caberia ao Direito, portanto, a simples tarefa de “legisformizá-los”.
De acordo com o autor, a dogmática trabalhista revisada segundo a inspiração neoliberal quer convencer que a ideia de organizar as relações de trabalho com base na justiça se constitui num elemento utópico, “um propósito vão e inatingível e, por isso mesmo, alheio à realidade e destinado ao fracasso”.
O Direito do Trabalho – prossegue – deveria, portanto, “despedir-se dessa missão, abraçando outra mais adequada aos novos tempos e mais realista: organizar juridicamente o trabalho na ótica do mercado que desafia os trabalhadores
à mesma maneira que fustiga os empresários à competição”. (AZEVEDO, 2004, p. 253-54).
Ainda segundo ele, oferece aos vitoriosos uma (sempre provisória) inclusão condicionada, enquanto aos derrotados impinge o amargor da exclusão social.
Esse superpoder da economia que Azevedo chama de “determinismo econômico” diminui de modo arbitrário o espectro de intervenção do Direito e se assenta no que ele chama de uma falácia, isto é, no fato de que o direito em nada deve influenciar a dinâmica social, “devendo a ela se conformar pacificamente”.
Ao contrário disso, o elemento jurídico pode sim promover mudanças sociais, embora em consonância com interesses definidos, segundo afirma Eros Grau (ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal): “o direito é produzido pela estrutura econômica, mas também interagindo em relação a ela, nela produz alterações. A economia condiciona o Direito, mas o Direito condiciona a economia”. ( AZEVEDO, 2004, p. 254).
Azevedo defende que embora o modo de produção condicione os rumos do direito, esse caminhar é complexo e permite a interação dos vários agentes do processo econômico – inclusive dos explorados “que se debatem contra poderes opressores, passíveis de limitação pela instância jurídica”. (AZEVEDO, 2004).
Direito ao Trabalho e Direito do Trabalho – uma dicotomia?
Um dos argumentos mais recorrentes levantados pela vertente que visa reformar o Direito do Trabalho diz que as garantias de valorização do vínculo empregatício devem ceder o lugar a modalidades de contratos menos rígidas, “dotadas de menor padrão protetivo que sejam capazes de estimular a empregabilidade”.
Segundo essa linha de raciocínio, o Direito do Trabalho estaria cada vez mais superado “pela necessidade de impulsionar o combate ao desemprego por meio da promoção do Direito do Trabalho (sic)”. (AZEVEDO, 2004, p. 255).
O Direito do Trabalho visa garantir ao indivíduo o acesso ao exercício de sua correspondente atividade laboral. Sua dimensão concreta, segundo Azevedo, seria a obtenção e a conservação do emprego, em sentido estrito ou numa dimensão mais ampliada, do trabalho remunerado.
De acordo com o art. 23, n. 01, da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, “toda pessoa tem direito ao trabalho”. Antes, portanto, de assegurar qualidade das condições de emprego (visto que consta na continuidade do artigo).
Em outras palavras, o direito de acesso ao trabalho viria, no documento da ONU, antes do direito a condições dignas de trabalho.
“O dispositivo contém mandamento de índole eminentemente prestacional, dirigido aos dinamizadores da atividade econômica, diretos (empregadores) ou indiretos (Estado promotor das condições de empregabilidade)”. (AZEVEDO, 2004, p. 255).
Dito isso, não se pode concluir que o incremento do direito ao trabalho possa estar vinculado à frustração de outro direito humano de mesmo status. “O Direito do Trabalho justo e favorável ao trabalhador não admite, assim, ser esvaziado, mesmo ao pretexto de assegurar o Direito do Trabalho” (AZEVEDO, 2004). Azevedo cita várias constituições europeias contemporâneas – França, Espanha, Portugal – nas quais o Direito do Trabalho tem o seu lugar consagrado.
Aqui no Brasil, o trabalho foi incluído no rol dos direitos sociais (Art. 6º).
Contudo, defende o autor, de modo nenhum a constitucionalização do Direito do Trabalho pode representar abalo ou “muito menos a eliminação do patrimônio jurídico que assegura a organização do trabalho em condições socialmente dignas”.
Nesses mesmos textos constitucionais, foram preservados e até melhorados “os elementos de garantia da plena aplicação do Direito do Trabalho”. (Art. 7º, CF-1988).
A ideologia neoliberal ao apropriar-se do argumento jurídico em defesa do direito ao trabalho passou a atribuir a ele a responsabilidade pelo estímulo à empregabilidade. Segundo esse ponto de vista, as normas protetivas trabalhistas seriam um dispensável empecilho aos custos da produção – diz Azevedo –, que teriam sido afetados pela alta competitividade, resultando na queda do número de admissões de empregados, pelo menos pelos meios formais.
Segundo Lyon-Caen (apud AZEVEDO, 2004), o novo discurso em favor do direito ao trabalho parte do pressuposto de que uma suposta proteção excessiva ao trabalhador funcionaria como causa da desocupação.
“Disso deriva a expectativa de que os trabalhadores e os seus sindicatos deveriam abrir mão de alguns de seus direitos históricos para não se acumpliciarem do crescimento do número de desempregados”. (AZEVEDO, 2004, p. 258).
Daí se estrutura uma severa reprovação lançada em direção à rigidez na aplicação do Direito do Trabalho que teria o efeito de impedir a empregabilidade, ao passo que regulações maleáveis permitiriam o ajustamento do conteúdo do Direito do Trabalho a patamares suportáveis pela economia (AZEVEDO, 2004, p. 258).
Um outro autor que é crítico da excessiva regulamentação trabalhista é José Pastore (apud AZEVEDO, 2004). Para ele, os dispositivos legais no âmbito trabalhista seriam fatores relevantes na geração de empregos - o que dá a entender que “quanto mais regulamentação protetiva, menos empregos disponíveis haveria”.
Cássio Mesquita Barros (apud AZEVEDO, 2004) partindo do seu entendimento de que a consideração rígida do Direito do Trabalho impede grande parte da criação de novos empregos, propõe - talvez como forma de driblar - novos modelos de ocupação como forma de impulsionar a criação de novas vagas - trabalho de duração limitada, trabalho a tempo parcial e outros.
Seguindo a linha desses questionamentos, Javillier, outro autor, indaga sobre a legitimidade de forçar a aplicação do Direito do Trabalho quando disso possa resultar a desaparição da empresa.
Sucede que a prévia negociação, conforme Lyon-Caen, sofre uma alteração de sentido. Segundo ele, não mais se negocia sobre a promoção de melhores condições de trabalho, mas sim sobre a manutenção dos empregos. (AZEVEDO, 2004, p. 259-60).
E continua: “As medidas tomadas nesse caminho buscam a tutela do empreendimento econômico, em detrimento dos empregados, com o pretexto de oferecer mecanismo de combate ao desemprego”.
Segundo Azevedo, trata-se de traçar um novo perfil ao qual se amolda o Direito do Trabalho, de acordo com essa perspectiva de prioridade da gestão econômica e social, no lugar da função elementar de proteger o trabalhador.
Assim, o Direito do Trabalho, na verdade, passa a abdicar de sua personalidade própria, de sua nota distintiva, facultando até uma frequente substituição de sua denominação original pela expressão regulamentação do mercado de trabalho. (AZEVEDO, 2004, p. 260).
De acordo com Azevedo, a finalidade dessa tendência consiste em permitir o funcionamento livre do mercado de trabalho, sem a interferência de princípios de proteção laboral. A proposta é sustentar a submissão do Direito do Trabalho à lei da oferta e da demanda por meio da qual se determinariam salários e condições de trabalho.
Enxergamos em tal abordagem a promoção de uma falsa dicotomia entre direito do trabalho e direito ao trabalho, estimulada por uma pauta ideológica de receitas neoliberais que não encontra arrimo constitucional. (AZEVEDO, 2004, p. 261).
Azevedo afirma – para concluir – que está inclinado a concordar com Plá Rodriguez para quem a desocupação é um fenômeno de origem econômica e causalidade complexa, que vai além do Direito do Trabalho. Baseado nesse entendimento, ele afirma parecer precipitado perseguir “a solução de um drama social tão intrincado em alterações que transfiguram o Direito do Trabalho”. Para ele, nessa senda, o Direito do Trabalho sucumbirá sem resolver o problema em questão.
Processo I
Aula 10
De acordo com Azevedo, o Direito do _________ foi surgindo na medida em que o trabalho de menores e mulheres foi se tornando um insuportável problema. 
Trabalho.
Entre os anos de 1954 e 1960 uma característica marcou o desenvolvimento
brasileiro que foi o (a):
  Desenvolvimento rápido da industrialização tardia
Cessari Battisti um famoso terrorista Italiano foi recebido no Brasil através do Instituto do:
Asilo Político
¿o Estudo de tempos, movimentos e métodos com a finalidade de estabelecer ¿tempo padrão¿¿ essa afirmativa caracteriza o método:
Método racionalizado
Segundo Azevedo 2004,  o ___________ fora a resposta normativa do Estado para uma consciência social que configurava não mais a questãosocial¿comoumprob≤madenaturezamoral,maspassavaatratá-laapartirdeumaperspectivadejustiça social¿. 
Direito do Trabalho.
Segundo Azevedo (2004), o Direito do Trabalho estaria cada vez mais superado ¿pela necessidade de impulsionar o combate ao _________ por meio da promoção do Direito do Trabalho. 
Desemprego

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