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Seminário
Aula 10
A sociedade civil organizada: o terceiro setor em cena
A relação entre o Estado e a Sociedade caracteriza o desenvolvimento moderno da humanidade. A partir desta relação o status e o papel social do indivíduo mudam de súdito e passivo para cidadão e agente histórico. Ao longo desse processo evolutivo, o indivíduo foi considerado apenas como devedor de obediência às ordens do Estado, em seguida passou a ser credor de direitos e finalmente assume também uma responsabilidade social. 
Para compreendermos melhor como esse processo ocorreu, iremos dividi-lo em algumas fases ou perspectivas políticas. Vejamos algumas delas!
Transição Moderna
Com o fim da sociedade medieval, por volta do século XV, tem-se início a chamada transição moderna, que compreende os séculos XVI, XVII e XVIII. Durante esse período, grandes transformações ocorreram na estrutura social. 
Podemos citar, como exemplo, a formação do Estado moderno, que passa a apresentar um sistema político centralizado com origem na democracia. No plano social, a mudança mais significativa foi a do status de súdito do indivíduo (aquele que deve obediência absoluta ao rei) para o status de cidadão (aquele que é titular de direitos e deveres). 
Na esfera econômica, a industrialização introduziu o trabalho assalariado. Por fim, no plano ideológico, o teocentrismo (crença na vontade de Deus como explicação para o mundo) cede lugar ao antropocentrismo (o reconhecimento de que o homem é responsável pelo mundo em que vive).
Teorias Clássicas da Política Moderna
Teoria Absolutista: consiste na centralização total do poder no Estado único, com ênfase na figura do monarca. Nesta teoria existe grande confusão entre o interesse público da sociedade e o interesse privado do governante. Não há separação ou divisão efetiva do poder. Não há exercício democrático por parte do povo, apesar do poder se originar do povo e não mais de Deus (origem democrática do poder político X exercício democrático do poder político). Principal teórico: Thomas Hobbes.
Teoria Liberal: baseada na ideia de limitação do poder e funções do Estado diante de direitos inerentes aos indivíduos. Apesar de haver centralização do poder no aparelho estatal, este não atua de forma absoluta, pois estabelece efetiva divisão do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário). Caracteriza-se pela origem e pelo exercício democrático do poder político moderno, expresso na democracia representativa (indireta). Nesta, o povo é a fonte de legitimidade do poder político e o exerce indiretamente, por meio de seus representantes eleitos. Principal teórico: John Locke.
Teoria Social: a razão de ser do Estado é a promoção do bem comum. Todos os membros da sociedade devem participar diretamente das decisões políticas importantes. Para isso, o aparelhamento do Estado deve viabilizar a realização da vontade geral. Caracteriza-se pela democracia participativa (direta) em que o povo é fonte do poder político e o exerce diretamente. Isso pode ocorrer por meio de consultas prévias ou posteriores à população para implementação de alguma política estatal, como nos casos dos plebiscitos ou referendos, respectivamente. Principal teórico: Jean-Jacques Rousseau.
Variações e Apropriações Práticas das Teorias Políticas Modernas
O Estado Absolutista
A relação Estado e sociedade começa a se constituir modernamente com a formação do Estado Absolutista. Neste primeiro modelo, ocorre a centralização do poder político no aparelho estatal com fundamento na origem democrática do poder. 
Entretanto, permanecem os privilégios feudais dos nobres e a vontade do monarca se confunde com a vontade do próprio Estado, como ilustra a frase do rei Luís XIV: “L´État c´est moi” (O Estado sou eu). A ideia de democracia ainda é muito distorcida e o povo é tratado como devedor de obediência ao rei (status de súdito). A Revolução Francesa marca o fim do absolutismo e a ascensão da burguesia ao poder.
O Estado Liberal Burguês
O Estado burguês expressa a apropriação da clássica teoria liberal pela burguesia emergente, por meio da adequação dos princípios teóricos liberais aos objetivos políticos e econômicos burgueses. 
Os princípios liberais de liberdade, igualdade e limitação do Estado elevam o indivíduo ao status de cidadão, titular de direitos e deveres perante o Estado. Contudo, esses princípios também foram utilizados para criarem as condições perfeitas de desenvolvimento do capitalismo, sem que houvesse espaço para o debate sobre a questão social.
O lema liberal “Laissez-faire! Laissez-Passer!” ou “Deixe fazer! Deixe Passar!” traduziu bem o papel que cabia ao Estado neste modelo político, em que vigorava a crença na autorregulamentação do mercado sobre relações econômicas.
Essa política liberal burguesa conduziu a intensa exploração do capital sobre o trabalho, uma vez que o Estado mínimo não intervia nessa relação. Assim, eram ínfimas as legislações trabalhistas ou econômicas que viessem a restringir a livre negociação no mercado. No entanto, o liberalismo extremo conduziu a uma das maiores crises do capitalismo, com a “Quebra da Bolsa de Nova York em 1929”.
O Estado Socialista Soviético
A Revolução Russa, em 1917, conduziu a formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, cuja principal inspiração foi a teoria político-econômica marxista. Assim, o Estado Socialista apropriou-se dos meios de produção com o objetivo de redistribuir a riqueza socialmente produzida. 
Entretanto, o fim da propriedade privada produtiva andou junto com o fim da liberdade individual e não conduziu à riqueza social prometida. Assim, os conflitos entre os líderes revolucionários e as contradições internas do Estado soviético conduziram à derrocada do sistema no final do século XX.  
O Estado do Bem-estar Social
O Estado do bem-estar social, ou “Welfare State”, como também ficou conhecido, surgiu após a Segunda Guerra Mundial e constituiu uma resposta necessária à crise do capitalismo liberal e ao avanço do comunismo soviético no século XX. Basicamente, é um modelo assistencial de Estado, em que prevalece o princípio do Bem-estar Social na promoção de padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda, seguridade social etc. 
Podemos dizer que esse modelo amplia o alcance da cidadania moderna, antes restrita à dimensão liberal burguesa de direitos civis e políticos para a dimensão social e trabalhista.
Além disso, o Estado do bem-estar social busca equacionar as demandas sociais com os interesses econômicos, uma vez que a estrutura privada dos meios de produção é mantida, mas uma redistribuição de renda ou compensação de renda é praticada pelo Estado mediante cobrança de impostos. Assim, os cidadãos se tornam credores do Estado e a questão social passa a estar na pauta política moderna.
A partir de então, os cidadãos possuem direitos sociais que devem ser assegurados pelo Estado através da prestação dos serviços públicos. Entretanto, atualmente, a globalização neoliberal tem conduzido à crise e ao desmonte do aparelhamento social dos Estados nacionais.
O Estado Neoliberal
O neoliberalismo corresponde a um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do Estado na economia e a diminuição de serviços públicos, que devem ser prestados privadamente. 
Trata-se de uma reformulação dos princípios do liberalismo clássico burguês. O seu principal teórico foi o economista inglês Milton Friedman, na década de 1970. Vejamos algumas das características do neoliberalismo:
Estado Mínimo - mínima participação estatal nos rumos da economia e pouca intervenção do governo no mercado de trabalho do país;
b) política de privatização de empresas estatais,livre circulação de capitais internacionais e ênfase na globalização;
c) abertura da economia para a entrada de multinacionais;
d) adoção de medidas contra protecionismo econômico;
e) diminuição do
tamanho do Estado e dos serviços públicos;
f) posição contrária aos impostos e tributos excessivos;
g) a base da economia e serviços deve ser formada por empresas privadas.
Muitas críticas são feitas ao modelo neoliberal devido aos seus impactos sociais. A principal delas é o desmonte do Estado de bem-estar social com a precarização dos serviços públicos e a intensa liberdade econômica. 
Entende-se que o neoliberalismo tem sido o principal responsável pelo desemprego, pela dependência do capital externo, pela precarização das condições de trabalho e dos serviços públicos como educação e saúde em favor do crescimento da atividade econômica privada.
A Nova Relação Estado-Sociedade:  Terceiro Setor
O sentido de uma nova cidadania e democracia participativa tem conduzido à caracterização de um novo perfil do sujeito social, que se percebe não só como titular de direitos e deveres individuais ou coletivos, mas principalmente como responsável socialmente pelo mundo em que vive. Ao mesmo tempo, o Estado contemporâneo tem se revelado insuficiente para atender todas as demandas pós-modernas. 
Esse quadro tem piorado com o desmonte do sistema do Bem-estar social pelo neoliberalismo. Assim, cresce uma nova consciência social em que, ao lado do Estado e do mercado, as ações coletivas assumem um papel efetivo na construção de uma sociedade mais justa e solidária. Essa participação ativa da sociedade civil organizada na implementação e parceria com políticas públicas sociais tem sido chamada de Terceiro Setor.
O que é Terceiro Setor?
Inicialmente, podemos dizer que o Terceiro Setor corresponde à atuação da sociedade civil organizada em políticas sociais de prestação de serviços públicos não exclusivos do Estado e sem fins lucrativos. 
Enquanto o Primeiro Setor corresponde à atuação do Estado no trato das questões sociais e o Segundo Setor diz respeito às atividades individuais como o mercado, o Terceiro Setor se refere às organizações sociais não governamentais e sem fins econômicos. Isso quer dizer que os seus objetivos são de outra natureza, como social, cultural e ambiental. Assim, o Terceiro Setor assume, em parte, a responsabilidade social pela promoção do bem comum. 
O Terceiro Setor pode ser identificado nas atividades realizadas pela iniciativa privada com vistas à realização do interesse público por meio de associações e fundações. Segundo o Código Civil brasileiro essas organizações sociais se enquadram na categoria de Pessoas Jurídicas de Direito Privado (art. 44 do CC), por isso não se confunde com a Administração Pública Direta ou Indireta, embora possam receber fomento estatal.
Cabe ressaltar que, diferentemente das associações que podem especificar outros objetivos em seus atos constitutivos, as fundações só podem ser constituídas para realização do bem comum, conforme determina o Parágrafo Único do art. 62 do Código Civil.
Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, em sua obra Manual de Direito Administrativo. Passe o mouse sobre os botões abaixo e conheça mais.
Administração Pública e Direita
Administração Pública e Indireta
Classificações das Organizações do Terceiro Setor
É importante ratificar que as organizações sociais que atuam no Terceiro Setor não fazem parte da Administração Pública Direta ou Indireta. Elas se constituem como Pessoas Jurídicas de Direito Privado, sem fins econômicos, que desempenham atividade de interesse público.
 
Até as promulgações das leis 9.637/98 e 9.790/99, o ordenamento jurídico brasileiro não fazia uma classificação ou regulação específica dessas organizações, apenas se referia às associações e fundações como suas possíveis formas jurídicas. 
Desse modo, ocorreu ampla utilização do termo ONG (Organização Não Governamental sem fins econômicos que atuam no interesse público de modo privado). Esse termo passou a ter um caráter sociológico, político e cultural, mas não propriamente jurídico.
Com o advento da legislação especial, outras terminologias apareceram como forma de classificar e regular essas iniciativas privadas que atuam neste setor, como:
• Organização Social (OS);
• Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). 
 
Ainda podemos mencionar algumas titulações que podem ser atribuídas a essas organizações mediante o preenchimento de requisitos legais específicos, como a de:
 
• Utilidade Pública Municipal (UPM); 
• Utilidade Pública Estadual (UPE); 
• Utilidade Pública Federal (UPF); 
• Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas).
Vale dizer que o termo instituto ou instituição social também pode ser referência ao Terceiro Setor, mas normalmente se refere a uma associação ou fundação que trata de atividade de ensino e pesquisa.
A Regulamentação Legal do Terceiro Setor: Lei n. 9.637/98, Lei n. 9.790/99 e Lei n. 12.101/09.
Atualmente, as atividades relacionadas ao Terceiro Setor tem sido reguladas com legislações específicas. Podemos destacar, entre elas, a Lei n. 9.637/98, a Lei n. 9.790/99 e a Lei n.12.101/09,  conhecidas como Leis do Terceiro Setor, elas são frutos dos debates públicos entre o governo e a sociedade civil organizada. Essas leis consagraram a importância das ONGs na configuração da sociedade contemporânea. 
A partir destas leis, as ONGs assumem o caráter de OS ou Oscips. Assim, essas entidades privadas que atuam em áreas típicas do setor público, mas não exclusivas do Estado, podem receber financiamento público ou privado para a realização de seus objetivos institucionais relacionados ao bem comum.
Classificações das Organizações do Terceiro Setor
No Brasil a ampla difusão de ONGs, bem como a falta ou insuficiente regulamentação e fiscalização delas, provocaram certos desvirtuamentos de seus objetivos sociais, justificando severas críticas da própria sociedade civil. Na década de 1990, ocorreram muitos escândalos sobre desvios de verbas públicas e privadas envolvendo essas organizações.
Atualmente, esse quadro perverso tem sido amenizado com a regulamentação e fiscalização, como visto acima nas referidas Leis n. 9.637/9, n. 9.790/99 e n. 12.101/09, que criaram formas procedimentais e fiscalizatórias de atuação dessas entidades. 
Em especial, a Lei n. 12.101/09, que trata da Filantropia no Brasil, prevê um controle mais rígido sobre as entidades certificadas por parte dos Ministérios da Saúde, da Educação e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que poderão exigir documentos, além de exercerem auditorias e diligências sobre as entidades certificadas.
A fiscalização também poderá ser feita por outros órgãos da Administração Pública que poderão representar as entidades suspeitas de desvios de finalidade ao Ministério de Estado correspondente à sua atividade. 
Por exemplo, os órgãos gestores municipais e estaduais do SUS (Sistema Único de Saúde) e do Suas (Sistema Único de Assistência Social), os gestores da Educação municipal, distrital e estadual, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, os Conselhos de Assistência Social e de Saúde e o Tribunal de Contas da União.
Mérito do Terceiro Setor
Enfim, o Terceiro Setor tem o mérito de se constituir como mais uma forma de ação coletiva da sociedade civil organizada a favor da construção de um mundo mais justo e solidário. A partir da parceria com o Poder Público ou com o mercado privado, as organizações não governamentais assumem importante papel na defesa e promoção de direitos individuais, coletivos e difusos. 
Embora as práticas ilícitas possam permanecer ocorrendo, isso não invalida a importância do Terceiro Setor para a construção da sociedade verdadeiramente democrática. Tanto o Poder Público quanto a população têm estado mais atento aos possíveis desvirtuamentos e parecem acreditar na validade e necessidade do Terceiro Setor como forma de compartilhar a responsabilidade social na pós-modernidade.
Assim, em consonância com os princípios constitucionais da República Federativa do
Brasil e com os Direitos Humanos, o Terceiro Setor contribui para a promoção de uma cidadania mais participativa.
Seminário
Aula 10
A relação entre o Estado e a Sociedade caracteriza o desenvolvimento moderno da humanidade. A partir desta relação o status e o papel social do indivíduo mudam de súdito e passivo para cidadão e agente histórico. Ao longo desse processo evolutivo, o indivíduo foi considerado apenas como devedor de obediência às ordens do Estado, em seguida passou a ser credor de direitos e finalmente assume também uma responsabilidade social. Essa assunção de responsabilidade vai caracterizar:
o chamado Terceiro Setor
O sentido de uma nova cidadania e democracia participativa tem conduzido à caracterização de um novo perfil do sujeito social, que se percebe não só como titular de direitos e deveres individuais ou coletivos, mas principalmente como responsável socialmente pelo mundo em que vive. Ao mesmo tempo, o Estado contemporâneo tem se revelado insuficiente para atender todas as demandas pós-modernas. Sobre o conceito de Terceiro Setor, é correto afirmar que:
corresponde à atuação da sociedade civil organizada em políticas sociais
Com o fim da sociedade medieval, por volta do século XV, tem-se início a chamada transição moderna, que compreende os séculos XVI, XVII e XVIII. Durante esse período, grandes transformações ocorreram na estrutura social. Podemos citar, como exemplo:
no plano ideológico, o teocentrismo (a vontade de Deus como responsável pelo mundo) cede lugar ao antropocentrismo (a Razão como explicação para o mundo).
Sobre o Terceiro Setor considere as afirmativas: 
Baseia-se no sentido de uma nova cidadania e democracia; 
Expressa a caracterização de um novo perfil do sujeito social. 
Estado contemporâneo tem se revelado insuficiente para atender todas as demandas pós-modernas. 
Estão corretas as alternativas:
Todas
O sentido de uma nova cidadania e democracia participativa tem conduzido à caracterização de um novo perfil do sujeito social, que se percebe não só como titular de direitos e deveres individuais ou coletivos, mas principalmente como responsável socialmente pelo mundo em que vive. Ao mesmo tempo, o Estado contemporâneo tem se revelado insuficiente para atender todas as demandas pós-modernas. Assim, cresce uma nova consciência social em que, ao lado do Estado e do mercado, as ações coletivas assumem um papel efetivo na construção de uma sociedade mais justa e solidária. Essa participação ativa da sociedade civil organizada na implementação e parceria com políticas públicas sociais tem sido chamada de:
terceiro Setor.
Três teorias políticas se configuraram na construção do mundo moderno entre os séculos XVI e XVIII e caracterizaram os Estados Modernos do período. Está correta a associação da teoria com seu teórico a afirmativa:
Teoria Social de Jean- Jaques-Rousseau

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