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Introdução ao estudo do direito I tp 2

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 
Faculdade Mineira de Direito – Curs de Direito
Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito I
TP 2 – Data 10/09/2015
1. Expor a concepção teorica pela qual Tercio Sampaio reconstitui a evolução do Direito desde as sociedaeds antigas até a idade média.
 Na tradição cultural do Ocidente, há um elemento importante que permitirá visualizar o problema de um dos modos como o direito pode ser enfrentado. Referimos à concepção da língua em seu relacionamento com a realidade. Notamos, sobretudo entre os juristas, uma concepção correspondente à chamada teoria essencialista. Trata¬-se da crença de que a língua é um instrumento que designa a realidade, em que os conceitos linguísticos refletem uma presumida essência das coisas, sendo as palavras veículos desses conceitos. Essa concepção sustenta, em geral, que deve haver, em princípio, uma só definição válida para uma palavra, obtida por meio de processos intelectuais, como, por exemplo, a abstração das diferenças e determinação do núcleo. Entretanto esse realismo verbal sofre muitas objeções devido aos diversos usos, tornando impossível não falar da "essência" designada. Os autores jurídicos, em sua maioria, têm uma visão conservadora da teoria da língua, sustentando, em geral, no que se refere aos objetos jurídicos, a possibilidade de definições reais, isto é, a ideia de que a definição de um termo deve refletir, por palavras, a coisa referida. Por isso, embora não neguem o caráter vago do termo direito, que ora designa o objeto de estudo, ora é o nome da ciência, ora o conjunto de normas, ou das instituições direito objetivo, ora é direito no sentido dito subjetivo, todos eles não se furtam à tentativa de descobrir o que é "o direito em geral".
Em oposição, há a concepção convencionalista, em que língua é vista como um sistema de signos, cuja relação com a realidade é estabelecida arbitrariamente pelos homens. Dado esse arbítrio, o que deve ser levado em conta é o uso (social ou técnico) dos conceitos, que podem variar de comunidade para comunidade. Desse modo, a caracterização de um conceito desloca¬-se da pretensão de se buscar a natureza ou essência de alguma coisa para a investigação sobre os critérios vigentes no uso comum para usar uma palavra . Se nos atemos ao uso, toda e qualquer definição é nominal (e não real), isto é, definir um conceito não é a mesma coisa que descrever uma realidade, pois a descrição da realidade depende de como definimos o conceito e não o contrário. Ou seja, a descrição da realidade varia conforme os usos conceituais. Na verdade, "essência" é apenas, ela própria, uma palavra que ganha sentido num contexto linguístico: depende de seu uso. Para os convencionalistas só há um dado irrecusável: os homens comunicam-se, quer queiram quer não (é impossível não se comunicar, pois não se comunicar é comunicar que não se comunica). Se a definição de uma palavra se reporta a um uso comum, tradicional e constante, falamos de uma definição lexical. Essa definição será verdadeira se corresponde àquele uso. Definições lexicais admitem, pois, os valores verdadeiro/falso. Nem sempre, porém, uma palavra se presta à definição desse tipo. Ou porque o uso comum é muito impreciso, ou porque é imprestável, por exemplo, para uma investigação mais técnica. Nesses casos, podemos definir de forma estipulativa, isto é, propomos um uso novo para o vocábulo, fixando-lhe arbitrariamente o conceito. Devendo¬se lembrar que o que é uso novo hoje pode tomar-se amanhã uso comum.
Quando essa estipulação, em vez de inovar totalmente, escolhe um dos usos comuns, aperfeiçoando-o, então falamos em redefinição. As estipulações e as redefinições não podem ser julgadas pelo critério da verdade, mas por sua funcionalidade, o que depende, obviamente, dos objetivos de quem define.
Uma posição convencionalista exige ademais que se considerem os diferentes ângulos de uma análise linguística para compreender a que se refere, ressaltando assim a gramática, semântica e a pragmática.
Assim como as concepções da língua, o Direito mudou ao longo da história de conceito e forma de ação. A sociedade contemporânea é compreendida a partir da constatação de que o homo faber degrada o mundo por não valorizar as coisas em si, mas como meios, instrumentos para sua ação transformadora. Definir o homem é um começo importante, pois na atualidade o direito Na sociedade  dominada  pela concepção do homo faber, a  troca de  produtos transforma se  na principal atividade política. Nela os homens começam a ser  julgados não como pessoas, como seres que  agem, que falam, que  julgam, mas como produtores e segundo a utilidade de seus produtos.
Segundo o autor “devemos observar  que  o  labor, ao contrário do  trabalho, não tem produtividade,  ou seja, o trabalho pode ser  visto por seus resultados e seus produtos, que permanecem. O labor não produz propriamente  alguma coisa, no sentido de que os bens de consumo são bens que estão para o  homem à medida que são consumidos pelo homem, isto é, que são readquiridos pelo corpo que  os produz.  Não obstante  isso, o labor tem uma forma  de  produtividade  que  não está  em produtos, mas na  própria força humana  que  produz. Essa  força humana não se  esgota  com a  produção dos meios de  sobrevivência e  subsistência,  e  é  capaz  de  ter  um excedente, que  já  não é  necessário à  reprodução de  cada  um e  constitui o que  o labor produz.”
Com o advento da  sociedade  do animal  laboraras, ocorre radical reestruturação do direito, pois sua congruência interna deixa de  assentar se sobre a natureza, sobre o costume, sobre a razão, sobre a moral e  passa reconhecidamente a basear se na uniformidade da própria vida social, da  vida  social moderna,  com sua  imensa  capacidade  para  a  indiferença. Indiferença quanto ao que valia e passa a valer, isto é, aceita se tranquilamente  qualquer mudança. Indiferença quanto à incompatibilidade de conteúdos, isto  é, aceita se tranquilamente a inconsistência e convive se com ela. Indiferença  quanto às divergências de  opinião, isto é,  aceita se  uma falsa  ideia  de  tolerância, como a maior de todas as virtudes. Este é afinal o mundo jurídico  do homem que labora, para o qual o direito é apenas e tão somente um bem de  consumo.
O reconhecimento dessa situação não deve significar que  estamos sucumbindo à fatalidade  e  que as coisas são como são, não importa o  que se faça. Se o direito se  tornou  hoje um objeto de  consumo, aliás como  ocorre também com a  ciência  e  a  arte, isto não faz dele (como não faz da ciência e da arte) um objeto de permanente alienação humana. As sociedades estão em  transformação e a complexidade do mundo está  exigindo novas formas de  manifestação do fenômeno jurídico.
2. Explicar o sentido de Direito como ordenação racional 	
 A partir do Renascimento o direito natural racional substitui o fundamento ético e bíblico pela noção naturalista que serve para compreender o homem civilizado, eliminando o pensamento prudencial e dando lugar a ideia de mudar a natureza para melhor se adequar ao homem, e não a o contrário, em que devemos nos esforçar para vivermos sem mudar o mundo ao nosso redor. Por conseguinte, estabelece o pensamento sistemático, construído a partir de premissas , como uma técnica racional de convivência, um pensamento jurídico que organiza racionalmente e com certa imparcialidade a complexidade que esse novo mundo social exige. Podemos entender, assim, que o jurista moderno, possui os propósitos de proporcional a vida mais agradável. Após o renascimento ocorre um processo de descentralização do direito, que passa a ser visto como uma reconstrução, pela razão, das regras de convivência. Aparece então o direito como regulamentador supracional capaz de operar em todas as circunstancias
3. Explicar em que consiste o fenômeno da positivação do Direito. 
A positivação do Direito se deu
apartir do seculo XIX, quando o pensamento sistematico legado pelo jusnaturalismo deu lugar gradativamente aos pensamentos ligados ao direito positivo. 
À medida queo direito foi se tornando escrito – que ocorreu pelo rápido crescimento da quantidade de leis emandas do poder constituído, quer pela redação oficial e decretação da maior parte das regras costumeiras – favoreceu para importantes trasnformações na concepção de direito e seu conhecimento.
Essas transformações resultaram em duas novas condicionantes, uma de natureza política, e outra de natureza técnico – jurídica. A primeira baseou-se na noção de soberania nacional e na divisão dos tres poderes, que iria garantir de certa forma uma progressiva separação entre política e direito, regulando a legitimidade da influencia da politica na administração, que se torna aceitavel no legislativo, parcialmente no executivo e fortemente neutralizada no judiciario, no qual foi importante no aparecimento da Ciência do Direito. Já na segunda, a lei assume um caráter previlegiado como fonte do direito e da concepção do direito como sistema de normas postas.
Em todos os tempos o direito foi percebido como algo estavel, fosse o fundamento dessa estabilidade à tradição, como para os romanos, a relação divina na Idade Média ou reazão na Era Moderna. Mas com o passar do tempo a mutabilidade do direito passa a ser usual: a ideia de que todo direito muda torna-se a regra, e que algum direito nao muda a exceção. Essa mutabilidade teve importantes consquencias, sendo a primeira resposta na escola historica, na Alemanha, que propoe a divisao do direito em dogmatica juridica, filosofia do direito e historia do direito, sendo assim, esse fonomeno nao ocorre na historia, mas é historico na essencia. Já Savinig acreditava que o direito surgia da convicção intima e comum do povo, e nao seria a lei a norma racionalmente formulada e positivada pelo legislador. Essa institucionalizaçao de mutabilidade do direito na cultura de entao correspondera ao fenomeno chamado Positivação do Direito.
4. Explicar em que consiste a concepção do direito como fenômeno decisório e, simultaneamente, tecnológico. 
O Direito como fenômeno decisório é concebido na antiguidade. Na Grécia a esfera pública era representada pela polis onde a atividade característica era a
ação desenvolvida pelo politikon zoon, ou o homem político, o homem que age. A ação, por ser uma prática instável, necessitava da criação de leis que regulamentassem o comportamento. Surge assim o trabalho do legislador, trabalho esse que, diferentemente do labor e da ação, tinha como objetivo um produto ou bem de uso de caráter duradouro para guiar o jurista na coerência e precisão do direito orientado para uma ordem finalista que protege a todos indistintamente.
Ainda nesse pensamento de produção de bens, o pensamento foi menosprezado, dando lugar a tecnicização do saber e fazendo com que o saber jurídico assumisse formas que podemos denominar de saber tecnológico. Na era moderna, o significado, das coisas que antes era dado pela ação, pelo pensar, pela política, pelo agir, passa a se instrumentalizar e ser dado por uma relação pragmática de meios e fins, o direto se torna também um produto, se torna um objeto. Com a contemporaneidade,o direito passa a ser visto com a perspectiva de um bem de consumo, sob ótica do labor em que tudo passa a ser previsto pela norma. Assim, o direito se garante como produto de consumo com uma gama enorme de aplicabilidades. Nesse contexto o homem é movido puramente pela necessidade de sobrevivência e tudo que não faz parte dela se torna absolutamente descartável. Na lógica dessa sociedade de consumo o que não serve ao processo vital não tem sentido, a rapidez de superação das coisas gera uma valorização da técnica, tornando a Ciência Jurídica um verdadeiro saber tecnológico e o Direito mero instrumento de controle, de planejamento.

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