Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Carlos Eduardo Sáenz1 1 Membro do Grupo de Cirurgia da Mão do Hospital Universitário Cajuru da PUC-PR, Curitiba, Paraná, Brasil LESÃO DE GALEAZZI DEFINIÇÃO Lesão de Galeazzi é denominada à fratura do rádio associada a luxação da articulação da rádio ulnar distal. É uma fratura instável. Equivalentes da lesão de Galeazzi podem ocorrer: » Nas crianças, fratura da diáfise radial associada ao deslocamento epifisário da ulna distal, sem lesão da articulação rádio ulnar distal. » Nos adultos, fratura da diáfise do rádio associada à fratura da ulna associada a lesão da rádio ulnar distal. ETIOLOGIA Decorrente de um trauma em alta energia (acidente automobilistico ou queda de altura) com hiperextensão do punho em pronação. DIAGNÓSTICO Clinica e radiologicamente há um desvio angular do rádio com encurtamento radial e proeminencia dorsal da cabeça da ulna. 2 Nem todas as fraturas diafisárias do rádio resultam em lesão da articulação rádio ulnar distal, mas um quarto delas têm alguma lesão associada. A lesão da articulação rádio ulnar distal é definida pela variante ulnar positiva de mais de 5mm nas radiografias iniciais. Outros sinais sugestivos são: » Fratura a menos de 7,5cm da superfície articular medial do rádio » Fratura associada da base da estilóide ulnar » Alargamento do espaço da articulação rádio ulnar distal na incidência em AP » Luxação da ulna na incidência em Perfil CLASSIFICAÇÃO Utilizando a Classificação das fraturas da AO, elas são: » 22-A2.3 » 22-B2.3 » 22-C2.1(quando há lesão da rádio ulnar distal) Fig.1 - Fratura de Galleazi Fig.2 - Fratura diafisária do rádio Isolated radial shaft fractures are more common than Galeazzi fractures (David Ring, MD, Richard Rhim, MD, Creg Carpenter, MD, Jesse Jupiter, MD) J Hand Surg 2006;31A:17-21 Fig.3 - Fratura de Galeazzi AO Surgery Reference - AO Foundation 3 Com relação ao traço de fratura do rádio: Maculé Beneyto » Tipo I: fratura do rádio a menos de 10cm da estilóide radial. É o pior tipo. Recomenda fixar a articulação rádio ulnar distal em supinação completa » Tipo II: fratura do rádio entre 10-15cm da estilóide radial.Tipo III: fratura do rádio a mais de15cm da estilóide radial. Rettig e Rasking » Tipo I: fratura do rádio a menos de 7,5cm da superfície articular medial do rádio, e o tipo mais instável. » Tipo II: fratura do rádio a mais de 7,5cm da superfície articular medial do rádio. Korompilias et al: classificação baseada em parâmetros anatômicos » Tipo I: fratura do terço distal do rádio (desde o ponto em que a diáfise começa a se estreitar até o alargamento da metáfise). A lesão da articulação rádio ulnar distal ocorre em mais de 50% das fraturas deste tipo. » Tipo II: fratura do terço médio do rádio (desde o inicio do arco radial ao ponto em que a diáfise começa a se estreitar). » Tipo III: fratura do terço proximal do rádio desde a tuberosidade radial até o inicio do arco radial). Fig.4 - Classificação seguindo os parâmetros anatômicos Distal radioulnar joint instability (Galeazzi type injury) af- ter internal fixation in relation to the radius fracture pattern (Anastasios V Korompilias, MD, Marios G Lykissas, MD, Ioannis P Kostas-Agnantis, MD, Alexandros E Beris, MD, Panayotis N Soucacos, MD) J Hand Surg 2011;36A:847- 852. 4 É muito claro que quanto mais distal é o traço de fratura do rádio, maior é a probabilidade de lesão da rádio ulnar distal e maior a instabilidade. Com relação à luxação da rádio ulnar distal: Brukner » Luxação simples: sem tecido interposto na articulação rádio ulnar luxada » Luxação complexa: tecido interposto que bloqueia a redução (o mais comum é o tendão do EUC, mas também o EP5º e o ECdedos) TRATAMENTO Realizar a redução aberta e fixação rígida do rádio utilizando o acesso de Henry com fixação da fratura do rádio com uma placa volar DCP 3,5 e 3 parafusos (6 corticais) proximais e distais ao foco de fratura. Depois testar a estabilidade da articulação rádio ulnar distal: » Se for estável, imobilizar em posição neutra ou ligeira supinação por 2 a 4 semanas. » Se houver fratura da base da estilóide ulnar, fixar com banda de tensão » Se houver instabilidade significativa, reparo ligamentar e/ou fixação da articulação rádio- ulnar com FKs em posição neutra ou supinada se for muito instável. PROGNÓSTICO Avaliação de Mikic dos resultados clínicos do tratamento da fratura-luxação de Galeazzi: » Excelente: consolidação óssea, alinhamento perfeito, sem perda do comprimento, sem subluxação da RUD, sem limitação da função do cotovelo e punho e sem limitação da prono-supinação. » Regular: um ou mais: retardo de consolidação, malalinhamento e encurtamento mínimos, subluxação da cabeça da ulna, cicatriz excessiva, limitação da prono-supinação acima de 45º e algum grau de restrição da mobilidade do cotovelo e punho. Satisfação subjetiva do resultado. » Ruim: dor, deformidade do antebraço, 5 pseudoartrose, encurtamento ou angulação do rádio notável, luxação da RUD, eliminação da prono-supinação de mais de 45º e restrição excessiva do cotovelo e punho. As complicações mais comuns estão relacionadas à falta de reconhecimento ou não tratamento da lesão da articulação rádio ulnar distal e são dor crônica, fraqueza e diminuição da prono-supinação associadas. 6 BIBLIOGRAFIA 1. A historical report on Ricardo Galeazzi and the management of Galeazzi fractures (Sandeep J Sebastin, MCh, Kevin C Chung, MD) J Hand Surg 2010;35A:1870-1877 2. Acute dislocations of the distal radioulnar joint and distal ulnar fractures (Brian T Carlsen, MD, David G Denninson, MD, Steven L Moran, MD) Hand Clin 26(2010) 503-516 3. Distal radioulnar joint instability (Galeazzi type injury) after internal fixation in relation to the radius fracture pattern (Anastasios V Korompilias, MD, Marios G Lykissas, MD, Ioannis P Kostas- Agnantis, MD, Alexandros E Beris, MD, Panayotis N Soucacos, MD) J Hand Surg 2011;36A:847-852 4. Galeazzi fracture-dislocation: a new treatment-oriented classification (Michael E Rettig, MD, Keith B Raskin, MD) J Hand Surg 2001;26A:228-235 5. Inmobilization in supination versus neutral following surgical treatment of Galeazzi fracture- dislocations in adults: case series (Min Jung Park, MD, MMSc, Nick Pappas, MD, David R Steinberg, MD, David J Bozentka, MD) J Hand Surg 2012;37A:528-531 6. Isolated radial shaft fractures are more common than Galeazzi fractures (David Ring, MD, Richard Rhim, MD, Creg Carpenter, MD, Jesse Jupiter, MD) J Hand Surg 2006;31A:17-21 7. Long-term outcome of isolated diaphyseal radius fractures with and without dislocation of the distal radioulnar joint (Dennis C van Duijvenbode, MD, MSc, Thierry G Guitton, PhD, Ernest L Raaymakers, MD, PhD, Peter Kloen, MD, PhD, David Ring, MD, PhD) J Hand Surg 2012;37A:523-527 8. Management and treatment of elbow and forearm injuries (Jorge L Falcon-Chevere, MD, Dana Mathews, MD, José G Cabanas, MD, Eduardo Labat, MD) Emerg Med Clin N Am 28(2010) 765-787
Compartilhar